So long, go on and waste my time.
And don't, don't ever cross that line.
If you don't, then you won't,
You'll never know.
Tempe, Arizona.
Está chovendo. Ela percebe ao olhar pela janela. Chovendo muito, como um espetáculo sinistro de circo mambembe, com fortes e grossas gotas de chuva atingindo o chão do lado de fora e o som dos trovões soando como um rugido. O céu caía como uma tentativa desesperada de chorar de uma vez, até que tudo acabasse e o sol conseguisse voltar a brilhar.
Sozinha em seu apartamento, vê-se isolada. Não há muito que fazer, a não ser observar. Gosta da chuva, na verdade. Gosta do frio, gosta do céu escuro, gosta da sensação de passar horas a fio assistindo à cortina infinita cair até se transformar em um riacho que lava tudo o que vê pela frente. O barulho das gotas caindo é precisamente terapêutico e confortável. Mas não gosta quando a chuva toma suas únicas fontes de comunicação externa. Já se sentia sozinha o suficiente naquele lugar, longe da sua família. E, com aquele temporal, nada tinha sinal: telefone, internet e televisão. Será que o status da perfeita comodidade nunca seria alcançado? Porque, se chovia, a internet não funcionava. E, se não chovia... Bom, aí nada mais beirava à perfeição. Não queria, porém só poderia culpar o plano barato de TV-telefone-internet que arranjou pelos primeiros meses naquele lugar. Era o que conseguia pagar com o salário de bibliotecária de meio período no campus da universidade. Era claro que, se fosse o plano top, nada disso estaria acontecendo. Contudo, se fosse o plano top, teria que pedir ajuda para seus pais. E não queria mais ajuda além de todo o dinheiro que eles já depositavam no aluguel daquele lugar.
De qualquer forma, precisava resolver o quanto antes o problema da TV. Tinha tanta coisa para resolver... Tanta coisa para pensar... Acabou cansada de tentar fazer algo funcionar e buscou em uma estante lotada de DVDs algum que pudesse assistir até que o tédio e a preguiça passassem, ou a chuva acabasse. O que fosse mais rápido.
Aquele era um sábado solitário com cara de domingo, indiferente de todos os outros, desde que tinha se mudado para Tempe, onde ficava a sede principal da Universidade Estadual do Arizona. Naquela hora do dia, não tinha nada para fazer além de um trabalho para a faculdade e organizar alguns armários. Mas não tinha cabeça para aquilo naquela hora. Precisava de algumas horas de paz.
Escolhe “The Breakfast Club” que, apesar de não englobar chuva como tema, era uma boa escolha para acrescentar a nostalgia à lista de problemas do dia. Coloca no DVD e se joga no sofá, embaixo de um edredom macio e cheiroso. “A solidão é subestimada”, ela pensava. Estava perfeitamente bem assim. E nada daquilo tinha a ver com o tratamento de silêncio que vinha recebendo há alguns dias dele. A moça poderia viver sem ele antes. Então agora não seria um problema.
A situação entre eles tinham se tornado estranha, desde que a amizade iniciada há um período atrás da universidade estava se tornando levemente em flertes constantes – que podiam ser só coisa da sua cabeça. De uma hora para outra, as conversas raras via internet tinham se tornadas diárias e que se estendiam por horas. E o cara, dono de uma personalidade tão complexa e incompreensível até para os melhores amigos, estava se deixando ser visto por completo por ela, uma completa estranha.
Ele se chamava Scott. Scott Adams, e nem mesmo seu pai o aceitava por inteiro. Pelo menos era o comentário de sempre pelo campus. Emma não fazia ideia do que tinha visto nele, mas já nutria uma paixão irreversível pelo cara de 1,85 m, cabelos castanho-escuros e de olhos castanho-acobreados.
Tinham se conhecido em uma festa de calouros, no fim do verão passado, quando Emma tinha ingressado na Escola de Direito. Ela assistia aos trotes de longe – que aconteciam no gramado de uma irmandade – com duas novas amigas, quando notou que um dos veteranos que deveria estar banhando um garoto em tinta rosa estava a observando fixamente. Ela sorriu tímida. Nunca tinha visto olhos tão intensos e um sorriso tão enigmático quanto o dele, que em poucos segundos a fez se sentir desnuda. Tinha acabado de chegar ali. Não fazia ideia de como agir e quem ser. Esperançosa, esperou que ele fosse se aproximar, ou chamá-la para se aproximar, mas só voltou sua atenção para o menino, como se a garota não estivesse mais ali. Ela logo tratou de esquecer aquele momento e continuou rindo com as amigas.
Mais tarde, naquela noite, estava sentada na bancada da cozinha da casa, conversando com dois colegas de classe, quando o rapaz adentrou o recinto. Os olhos, que de tão flamejantes pareciam estar desesperados por atenção, se fixaram nela mais uma vez e Emma sentiu um friozinho na barriga quando o cara se encaminhou em sua direção. Era óbvio desde então que estava atraída por ele. Ele era alto, bonito e parecia que todos ali o conheciam. Estava com a camiseta preta respingada de tinta, porém conseguia tornar até aquilo normal, sexy. As garotas o observavam andar, mas nem mesmo ousavam se aproximar. Scott era intocável. Nem mesmo parecia um ser humano.
Emma se preparou para a apresentação, porém ele apenas lhe lançou um olhar de reconhecimento mudo e começou a conversar com um dos garotos que antes falava com ela. Sua voz não era grossa nem fina. Tinha o tom que você gostaria de ouvir no meio da noite ou no início da manhã. Scott parecia estar sempre na medida certa. A menina não pôde deixar de ficar decepcionada e ainda assim ficou o encarando, sem nem perceber o quanto parecia idiota ao fazer aquilo.
Acabou que alguns minutos depois foram apresentados.
“Scott, essa é a minha amiga Emma. Ela é caloura. Emma, esse é o Scott. Ele está no terceiro ano de Medicina. Por isso você não vai vê-lo muito por aí.”
“Muito prazer, Emma. Sinto muito se eu não sair muitas vezes da minha cova durante o ano”, o menino brincou, mas não estava sorrindo.
“Não o culpo. A minha também vai ser bem habitada”. Ele ergueu as sobrancelhas e ela se sentiu estúpida. “Eu vou começar Direito”, riu e o rapaz lhe lançou um sorriso curioso. Desde então, o silêncio não ousava aparecer entre eles.
Ele não era intocável. Só não era atingível.
Scott estudava para ser neurocirurgião e Emma queria ser promotora. Eram ambas as profissões pesadas, carregadas de estudo e de falta de tempo. Demoraram alguns meses para estabelecerem contato. Encontraram-se em algumas festas, porém Scott sempre desaparecia antes de Emma se aproximar. Ela sempre concluía que alguma garota tinha se aproximado antes. Mas ninguém sabia ao certo.
Scott era filho único e órfão de mãe. Foi criado pelo pai desde os dez anos e, assim que completou dezoito, saiu de casa. Seu pai estava velho. Era rígido, aposentado e solitário, contudo tinha juntado todo o dinheiro possível apenas para ver o filho se tornar médico. Por mais que esse ato fosse algo considerado de carinho, Scott e o pai não se davam muito bem. Scott não se dava bem com quase ninguém. Era um ser humano estranho. Mentia. Era de lua. Inconstante e cheio de inverdades. Tinha mudanças de humor. Ora era um perfeito cavalheiro, transformando o concreto em nuvens quando ela passava, ora era grosso e fechado. Nunca tinha aviso prévio. Contradizia-se e falava o que queria. Aquilo magoava, mas Emma tentava entender, sempre culpando a carga do curso de Medicina e a responsabilidade da administração do Clube dos Veteranos que agora caía sobre os ombros largos e definidos dele.
Apesar de ter encontrado vários amigos em comum com o tempo, Emma nunca admitiu que se sentia atraída por Scott. Tinha medo de ele saber e aquilo não seria legal. Queria conhecê-lo melhor. Queria que o menino a visse da mesma forma que ela o via. Queria que perdoasse os defeitos dela para abraçar as qualidades. Queria que desaprendesse a viver sem a garota.
E, com o tempo, foi o que ela fez. Ele não. Meses depois do dia em que se conheceram, as conversas se tornaram frequentes e ambos começaram a ir a mais festas só para se verem. Scott sempre saía acompanhado – nunca era por Emma. Arriscaram estudos na biblioteca, cafés no meio da tarde e em outro dia, uma sessão tardia no cinema da universidade e café da manhã como jantar em seguida. Scott era maravilhoso quando queria ser. Nunca era intencional, porque ele não era do tipo que tinha intenção de ser legal. Só tinha seu lado charmoso, irresistível, atraindo garotas para sua teia como uma aranha atrai insetos. Mas, quando tudo parecia se encaixar nos trilhos, o trem se desencaminhava e se afastava por dias, às vezes semanas. Emma nunca desistia.
Tiveram romances à parte. Emma beijou alguns caras em algumas festas. Nenhum ligou de volta e o que ligou ela fez questão de não atender. Scott sempre tinha companhia. Certa vez, passou semanas em um relacionamento com Hanna, a loira de Economia. Foram as semanas mais silenciosas que Emma obteve. Terminaram porque Scott não tinha paciência para ligar de volta.
O tempo passou e as ligações no meio da noite tiveram um aumento. Agora Emma sabia os medos dele e ele sabia que ela nem sempre era perfeita como queria que achassem. A garota não era nem um pouco perfeita. Poucos sabiam, mas ela tinha disfunção em diferenciar a imaginação da vida real e por isso achava tão difícil manter alguém como Scott por perto. Scott sabia, Scott entendia. Emma era imaginativa, perturbada, aprisionada em ilusões que a impediam de atestar qualquer realidade. Mas, ainda assim, entre eles nenhum assunto era tabu. E mesmo a preferência de sexo era descrita com tranquilidade. Emma sabia até mesmo das experiências do garoto Adams. Poderia até anotar todos os defeitos dele em uma lista e comparar com as qualidades, porém já tinha tudo na cabeça. Por mais que a primeira lista fosse muito maior que a segunda, a menina não se importava. Já estava afundada na cegueira do amor. Era um caminho sem volta.
As pessoas nunca notavam a aproximação deles. Não porque ambos eram discretos, mas porque eram improváveis. Quem ligaria Emma, a garota da cova de Direito, a Scott, o veterano gato de Medicina? Alguns consideravam Scott figurinha repetida. As garotas até que gostariam de tê-lo, porém tinham medo dele. Era complexo demais, sério demais, fodido demais. Focavam-se em outros caras, os mais chamativos, mais interessantes. Até que Emma não ligava. Gostava de tê-lo para ela. Uma pena que não era recíproco.
Contudo, Scott era um trem sem rumo. E, quando o trem estava prestes a chegar à estação final, ele parou no meio do caminho e não deu mais nenhum sinal de vida, deixando todos os passageiros confusos e sem perspectiva alguma. Cansada de esperar, ela apenas deixou de lado tudo o que tinha construído e passou a amargurar, sozinha, o tempo perdido. Scott nunca seria seu. Precisava se conformar. Precisava embarcar em outra estação.
Já fazia alguns dias que o silêncio era frio e cortante e a falta de comunicação lhe fazia acreditar que ou ele tinha encontrado alguém melhor, ou tinha percebido a merda que havia feito com aquela garota. Tinha o visto alguns dias seguidos frequentando bares com um grupo de amigos. Não a convidava e não atendia telefonemas. Compreensível, apesar de dolorido. Ela pensava nele todos os dias.
O relógio marcava 16h20min e o filme passava da metade, quando a campainha tocou e a despertou de uma divagação. A chuva tinha se tornado mais grossa, os trovões faziam o chão tremer e raios iluminavam o céu. A menina se apressou até a porta, agradecendo por estar dentro de casa segura.
O olho mágico estava embaçado e não teve opção a não ser abrir sem saber quem era.
– Graças a Deus você está em casa – a voz disse, quando a primeira fresta foi aberta. – Emma Perkins, você é minha salvadora.
Emma arregalou os olhos quando viu que, parado no seu tapete de entrada, Scott se encontrava encharcado dos pés à cabeça. Ele sorria para ela com seu melhor sorriso de cafajeste e gotas de chuva escorriam do cabelo grudado na testa até o queixo, de onde pendiam e caíam em seguida.
– Scott? – a garota gaguejou, sentindo-se envergonhada por estar pensando nele apenas alguns segundos atrás. – O que você... Que porra você está fazendo aqui?! – falou de uma vez, sem esconder a surpresa e a confusão.
Scott morava do outro lado da cidade, dentro do campus da universidade. Não fazia sentido o cara estar ali. Por que logo na porta dela? A menina nem sabia que ele sabia onde ela morava.
– Eu estava passando por aqui. Estava indo na casa do Jared. Ele mora aqui perto. Mas a chuva despencou de vez e eu sabia que você morava aqui – falou e sua voz, nem grossa nem fina, tremia de frio. – Eu não tinha onde me esconder.
Emma estava com raiva. O rapaz não sabia, mas a garota estava. Ela gostaria de ter batido a porta na cara dele e o feito ir embora.
– Vamos lá, garota Perkins. Deixe-me entrar antes que eu congele aqui fora – ele pediu.
– Meu Deus, Scott. Entre – a moça acabou falando. O menino pisou e o “splash” do peso do pé contra a sola da bota encharcada a fez estremecer. – Tire os sapatos e as meias e me siga – ela falou e, pela cara que Scott fez, concluiu que o menino notou que não estava feliz com ele. O cara fez o ordenado e a seguiu para dentro do apartamento, aproveitando para analisar tudo.
Era estranho para Scott estar ali. Conhecia Emma há tempo suficiente e sabia tão pouco sobre ela. Nunca imaginaria que a casa dela seria tão curiosa. Tinha estantes abarrotadas de livros, móveis antigos e tapetes velhos com manchas de café. O cheiro dela estava impregnado no ar e, ainda assim, o lugar tinha uma aparência de limpeza. Nunca imaginaria que a garota vestia moletons em dias de chuva e nem que vivia sozinha. Scott não pensava nas pessoas com detalhes e, por mais que essa pessoa fosse Emma, era difícil para ele chegar a qualquer conclusão sobre ela, além do que via em dias normais.
Entraram na cozinha, tão limpa e branca que nem parecia estar na mesma casa que a sala. Em cima da pia, xícaras usadas estavam espalhadas ao lado de uma caixa de comida japonesa vazia, até que a lavanderia se mostrou. A menina apontou para o tanque e ele jogou as botas e as meias ali. Ainda tremia de frio e o aquecedor da casa parecia estar desligado.
Qual era o problema dela?
– Vou pôr na secadora, se quiser – ela sugeriu, apontando para as roupas. Ele concordou com a cabeça, ainda tremendo. – Ok – sua voz era indiferente. O rapaz nunca tinha a ouvido soar daquele jeito. – Por que saiu nessa chuva a pé? – perguntou, parecendo irritada com a ideia.
– Sabe, eu não sabia que ia chover quando saí – deu de ombros. A menina suspirou, conformando-se que aquilo não levaria a lugar algum.
– É melhor você tirar o resto também, se não quiser pegar uma gripe – a garota murmurou, sem olhar diretamente para ele.
– Achei que o médico fosse eu – o garoto brincou. Ela ergueu a sobrancelha para ele e esse espalmou as mãos na altura do peito. – Estava brincando – falou baixo. Tirou a mochila das costas que ainda pingava água e a jogou por cima das botas. Depois removeu a jaqueta de couro, que antes o protegia do frio e agora só pesava em cima de seu corpo, e repetiu o processo. Por mais grossa que a jaqueta fosse, a camiseta que vestia ainda estava ensopada, grudada ao seu corpo.
Emma tentou disfarçar, mas não poderia parar de encarar o quanto a camiseta preta moldava o corpo dele. Ainda estava chateada, porém não era de ferro. Ele era maravilhoso e impossível de não olhar. Scott fazia Medicina e, apesar de ficar bem de branco, preto era definitivamente sua cor.
Secou-o por alguns segundos até desviar o olhar de novo, mordendo o lábio inferior para se punir. Ele reparou naquilo. Nunca tinha reparado nela como estava reparando naquele dia. Os cabelos presos em um coque desfiado no alto da cabeça, o casaco de moletom largo caído sobre os shorts jeans curtos. O rosto limpo de maquiagem e uma ruguinha entre as sobrancelhas que apontavam os dizeres: Sim, estou brava com você. Scott estudava o cérebro humano, mas nunca fora bom em desvendá-lo de fora para dentro. Emma ainda era um mistério para ele. E como dizia Tolstoi: “A mulher é uma substância tal, que, por mais que a estudes, sempre encontrarás nela alguma coisa totalmente nova”. Essa era Emma.
– Hum... Essa também. – a garota apontou para a camiseta, soando despreocupada. Ele concordou e a puxou para cima, tornando seu abdômen visível. Assim que todas as roupas estavam empilhadas na pia e só o par de calças sobrou em seu corpo, Emma começou a torcer tudo e tentar se livrar do máximo de água possível. Por fim, suspirou e sem alternativa falou. – Melhor tirar a calça também. Está pingando e molhando tudo.
– Você bem que está gostando, né? – o garoto provocou com deboche, fazendo-a corar. Ela o fuzilou com o olhar e deu de ombros, querendo parecer desinteressada. O cara protestaria, mas não estava incomodado com a opção. Gostaria de ser observado da forma como sabia que a menina o observaria.
Arrancou os jeans e ficou apenas de boxers. Ela mordeu o lábio e tentou se manter frívola.
– Tudo bem se quiser tomar um banho, enquanto suas roupas secam – Emma disse.
– Estou bem assim – afirmou, sem se importar de estar seminu na cozinha dela.
Emma, agora em silêncio, arrumou tudo dentro da secadora e ligou, enquanto Scott ainda tremia de frio. Sem dizer uma palavra, começou a andar pela casa. Ligou a cafeteira e o aquecedor, ao mesmo tempo em que procurava algo para ele vestir. Desistiu. Puxou um cobertor do armário do quarto e jogou nele, quando o rapaz apareceu no corredor.
– Fique na sala. Vou para lá em um minuto – indicou. Ele concordou e saiu da vista.
Assim que ficou sozinha, ela se dirigiu para a cozinha e se encostou ao balcão, respirando fundo, enquanto o café ficava pronto.
Mergulhou em pensamentos. O que estava fazendo? O cara do qual ela mais estava a fim estava de cuecas no sofá dela e a menina bancava uma vadia malvada com ele. Com motivos, é claro! Mas talvez aquela fosse a última chance de investir antes de desistir de vez. Porém... Investir no quê? Não podia pensar que Scott fosse se apaixonar por ela e eles fossem se casar em cinco anos. Duvidava que algum dia o rapaz fosse se casar.
Certo. A garota não sabia o que pensar. Ele nem devia estar pensando naquilo. Ele nunca pensava nas mesmas coisas que ela.
Scott se afundou no sofá, tentando encontrar o motivo para o comportamento frio e vago de Emma. Fazia tempos que não a via e por isso não conseguia entender. Ela parecia diferente desde o último encontro. Parecia mais inteira, mais vivida, mais frágil, porém mais inquebrável. Algo tinha acontecido para a menina estar daquele jeito. Ele esteve ocupado com vários trabalhos nos últimos dias. Não sabia se existia algo que devia saber. Não tinha ligado para ela nem dado nenhum sinal de vida, agora se lembrava.
E se esse fosse o motivo? O silêncio da parte dele tinha a magoado? “Parabéns, Scott. Você é mestre nisso”, pensou com sarcasmo. Não que realmente se importasse. Emma era uma boa segunda opção para ele. Ela era a única que não via isso.
A moça entrou na sala com duas xícaras de café nas mãos, acabando com seu devaneio. Entregou a dele e se sentou ao seu lado. O filme ainda passava e só parando para prestar atenção que Scott percebeu que era The Breakfast Club.
"Quando você cresce, seu coração morre." – Por que você está assistindo a essa porcaria? – falou sem pensar, depois de tomar um belo gole de café. Era o seu café favorito porque ela sabia qual era o seu favorito.
– Não é uma porcaria para mim – a garota disse com os olhos fixos na tela, bebendo da própria xícara.
Ele respirou fundo. A garota não mudaria de postura. E, pelo visto, ela tinha razão. Scott era tão canalha que em alguns dias não conseguia nem mesmo se olhar no espelho de manhã, quando acordava. Pelo menos Emma sabia que não se crescia como mulher sem ao menos ter um homem canalha na vida.
– Emma, você pode olhar para mim e me dizer o que há com você? – o rapaz pediu, como se tivesse algum direito de fazê-lo.
Ela o fez, mas logo desistiu. Não valia a pena.
O menino então se sentou na mesa de centro de frente para a garota, encarando-a. Os olhos azuis dela pareciam gritar em busca de uma frase sincera. Uma que fosse. O cara decidiu dar o que ela pedia, por mais que pessoas fracas como ele não pudessem ser sinceras.
– Eu sinto muito – deixou escapar.
A menina o olhou nos olhos pela primeira vez. Pareceu confusa.
– Pelo quê? – nunca o tinha ouvido falar aquilo. Ela poderia ouvir os sinos tocando e os anjos cantando. Também poderia gravar aquilo e colocar para repetir durante a noite, quando tivesse problemas de insônia.
Scott não era do tipo que pedia desculpas. Era mais fácil inventar uma desculpa para não se desculpar. Porém, nunca, jamais, pedir desculpas. Era orgulhoso demais para isso.
– Por você ter tanto mau gosto para filmes – olhou-a sério e a garota soltou o ar, incrédula. – Estou brincando – o cara sorriu fraco. – Sinto muito por invadir sua casa todo encharcado e atrapalhar o seu dia – falou. – E também por ter excluído você nos últimos dias.
– Pensei que não se importava com nada – ela desviou o olhar, nervosa, para o café em suas mãos.
– Sinto muito por isso também – falou com sinceridade, desistindo do seu e o colocando na mesa de centro ao seu lado.
– Está querendo se redimir com a sociedade? – a menina falou sarcástica.
– Estou querendo me redimir com você – ele respondeu.
– Decidiu se adequar aos costumes dos monges nepaleses para só falar a verdade agora? – encarou-o de novo.
– Monges nepaleses não falam – o garoto murmurou. Ela rolou os olhos e se levantou por impulso. Precisava se lembrar de que nunca poderia levar Scott a sério. Se ele não a levava a sério, por que o levaria? Antes que saísse da área de alcance, o rapaz a puxou de volta e a fez se sentar de novo. – Eles não falam, mas eu estou falando. Foi mal se a magoei. Nunca percebo o que faço e isso não é certo – ela se manteve calada. – Tem alguma coisa que eu possa fazer para consertar isso?
– Talvez nascer de novo – a menina soltou.
– Emma – ele pediu.
– Scott, não é justo! Você sempre faz isso e eu sempre deixo de lado porque não quero perdê-lo. Mas não quero mais ser a idiota sempre disponível para você. Não percebe o que faz, mas também não faz nada para tentar perceber. Sempre me enxotando da sua vida, deixando lacunas ao invés de me contar o que acontece. Não sinto que sou sua amiga. Sinto que sou uma estranha que é usada para matar o tédio, quando você não tem mais nada para suprimir os espaços que tem na sua vida – ela falou de uma vez, cansada de guardar a mágoa que sentia.
– Nunca pensei em você dessa forma – ele sussurrou.
– É porque você só pensa em mim de uma forma. E isso nunca vai mudar! – exclamou e seu rosto franziu todo em uma careta triste e que quase partia o coração inquebrável de Scott. Uma careta que era acentuada pelas bochechas salpicadas de sardas e coradas, os lábios vermelhos entreabertos e os olhos azuis marejados. Ele tinha finalmente percebido. Emma era linda.
Era linda como uma atriz de cinema, nova no ramo. Linda como a garota que você vê escondida no fundo da livraria terminando mais um romance antigo pela oitava vez. Linda como uma flor desabrochando em meio inverno, linda como uma criança rindo despreocupada. Linda.
– Emma – ele a chamou.
– Deixe-me, Scott – ela pediu, levantando-se com força, após pausar o filme. O cara tentou puxá-la de volta, fazendo gotas de café voarem e molharem a blusa dela.
A menina bufou e se livrou dele, indo até a cozinha para jogar fora o resto do café que não tomaria. Ela tinha piorado tudo. Como sempre. Sempre piorava as coisas.
Ainda no sofá, o rapaz afundou o rosto entre as mãos. Emma gostava dele. Agora ele percebia isso – como sempre, demorara demais para perceber. Mas dessa vez era diferente, pois se encontrava, de repente, cativado.
Concluiu que Emma valia a pena. Para caras corretos. O menino não era correto, não era para ela, porém ainda assim precisava invadi-la e precisava senti-la de todas as formas possíveis. Precisava tê-la.
Estremeceu atordoado com a própria conclusão, porque tinha jurado a si mesmo e aos amigos que não se envolveria com a garota daquela forma. Partiria o coração dela como fazia com qualquer uma que aparecia em seu caminho. Contudo, parecia que Emma precisava acumular também essa sensação para entender que não se apaixonava por caras como Scott. Emma gostava de sofrer.
E como podia negar? Ela o buscava. Não podia negar. A moça o desejava.
Seguiu-a até a cozinha. A garota respirava com dificuldade, enquanto tentava limpar o casaco sujo. Estava nervosa na mesma medida de quando ele a encontrou chorando antes de uma prova de Direito Constitucional. Tremia e respirava feito um cachorrinho, tentando controlar as lufadas de ar que inspirava e expirava.
Parou atrás dela, incerto do que falar.
– Emma, olhe para mim – pediu. Ela o ignorou, esfregando o casaco com mais força ainda. – Emma, por favor – mais silêncio, até que a menina jogou o pano em cima do mármore e se virou para o garoto.
– Por favor, Scott. Não piore as coisas – pediu, encarando-o, e se arrependeu de ter o feito. Ele a fitou e o olhar que antes era de pena agora se tornava indecifrável de novo. Prendeu-a com facilidade e a fez esquecer o motivo pelo qual tanto tremia. Exatamente igual ao da noite em que eles se conheceram, o olhar estava ali.
Parecia um felino estudando sua presa, um canalha debochando de uma virgem, um conquistador prendendo sua vítima. Ele sabia fazer isso bem. A respiração se tornou descompassada de novo e Emma se perdeu no castanho-acobreado dos olhos dele. Uma cor escura, misteriosa, que gritava por uma atenção completa de quem os observava. Uma cor que combinava com o tom dos lábios dele, chamativos e provocantes. Uma cor que só o cara sabia usar bem.
– Eu sinto muito. Mais uma vez. Estive estudando muito nos últimos dias – ele murmurou, diminuindo a distância entre eles.
– Pare de sentir muito – ela expirou, sentindo a mentira ser expelida de novo.
– Eu não sei mais o que sentir – confessou. – Você está me confundindo como ninguém nunca me confundiu antes – a menina via a mentira que o rapaz profanava e que se camuflava tão bem em uma verdade, fazendo qualquer idiota acreditar.
– Achei que só fosse falar a verdade – repeliu-o.
– Estou tentando – o garoto se aproximou mais e só as camadas de roupa que ela usava os separavam agora. – Acho que gosto de você – sussurrou contra os lábios dela, com os olhos apertados. – Isso geralmente não acontece comigo, Perkins.
O menino estava sendo sincero ao dizer que nunca se interessava. Nunca se importava com alguém como se importava com ela. Nunca demonstrava. E estava ali, pela primeira vez, demonstrando que a menina ocupava os pensamentos dele mais do que ele gostaria. Não estava apaixonado, mas obviamente balançado. Precisava de Emma naquela noite.
– Não brinque comigo – a garota implorou. – Isso não é um tipo de brincadeira legal.
– Nem se eu quisesse eu poderia brincar dessa forma – ergueu os braços e prensou o corpo dela contra a pia com a cintura. Prendeu o rosto dela entre as mãos. Colou seus lábios nos dela e esperou que, entre lufadas, ela abrisse espaço para ele invadir sua boca com a língua.
– Scott – a moça chorou.
– Não vou desapontá-la, Perkins – o rapaz pediu e garota finalmente abriu passagem.
Emma sabia que ele podia estar mentindo. Sabia que Scott podia estar fazendo aquilo apenas para tê-la por algumas horas. Mas, para ser sincera, a menina não aguentava mais esperar alguma reciprocidade de sentimentos. Só queria sentir o gosto da boca dele e poder tomar o cheiro dele para si, grudando-o em sua pele. Então se deixou ser beijada.
O beijo tinha gosto de café e estava salgado por causa das lágrimas dela. Não era o tipo de beijo que se vê nos filmes, ensaiado e perfeitamente encaixado, para que quem assiste fique se derretendo. Era o tipo de beijo que faltava ar e faltava espaço. Faltava boca e faltavam ângulos. Um beijo desesperado, em que ela buscava matar o tempo que esperou e ele buscava matar a necessidade que se instalou. A garota enroscou os braços em volta do pescoço dele e o cara desceu as mãos para a cintura dela, apertando-a com força. Os lábios de ambos, antes rosados, agora estavam vermelhos. O ar pesado ia e vinha com o perfume doce misturado com o aroma de café e junto o silêncio se estabeleceu. Emma acreditava que ia desfalecer. Scott não sabia o que sentia. Sentia-se oco.
Ele a sentou na bancada e se encaixou entre as pernas dela. Não sabiam aonde aquilo ia chegar. Nenhum dos dois se importava.
Emma permitiu que o rapaz puxasse o moletom dela para cima, jogando-o longe e a deixando só de shorts e uma blusinha de cor azul-claro. Prendeu os lábios dele entre os dentes e abraçou sua cintura com as pernas.
Sem enxergar o caminho, o menino se arrastou para a sala com ela pendurada, até que caíram sobre o sofá. Respiravam rápido, deixando o fôlego se esvair. Emma nunca tinha sentido tanto desejo. Nunca tinha desejado tanto Scott na vida quanto naquele dia, porque, naquele dia, ele a desejava de volta.
– Saiba que eu não quis magoá-la. É que me esqueço do mundo quando estudo Anatomia I – murmurou contra a pele dela.
– Então eu suponho que você sabe tudo de Anatomia a esse ponto? – ela ignorou o pedido de desculpas. Ele concordou. – Você deve ter aprendido muito sobre o corpo humano durante suas idas aos bares do campus... – a menina falou, sem conseguir se aguentar.
O garoto suspendeu seu corpo sobre o dela, encarando-a de novo nos olhos. Pareceu analisar o que a menina tinha falado para poder dar uma de suas respostas.
– Está dizendo que estou mentindo? – perguntou rispidamente. Ela rolou os olhos, sem querer aprofundar o assunto. – Sim, eu saí porque meus amigos insistiram. Mas isso não anula a veracidade da minha constatação. Se quiser, pergunte ao meu grupo de estudos – disse ofendido.
– Scott, eu não me importo. Não me importo mesmo porque não é da minha conta – ela tentou amenizar, fazendo carinho em seu cabelo, ainda molhado de chuva. Sabia que ele não estava ofendido de verdade. Estava certa, pois o menino só soltou o ar e nada falou.
Voltaram a se beijar. Ele a puxou para perto, cobrindo seu corpo de beijos, torturando-a na base dos arrepios.
– Sei tudo de Anatomia que quiser saber – deu de ombros, querendo provocá-la.
Emma não respondeu. Deixou seus lábios serem tomados por um sorriso tímido, porém explícito. Pervertido. Deixou que Scott entendesse por si só e foi o que o cara fez ao usar e abusar de sua esperteza. Livrou-se da blusa e depois puxou os shorts da garota para baixo. Ela se sentiu vulnerável e envergonhada pela calcinha rosa não combinar com o sutiã branco, como uma adolescente. Scott não se importava. Não ligava para detalhes. Só queria fazê-la se sentir uma mulher como há muito tempo ela não se sentia.
Conseguiu.
Scott, com toda sua invencibilidade, trazia um lado corajoso nas mulheres. Elas desejavam, mesmo que em vão, que fossem possíveis de ganharem seu coração. Não era o companheiro ideal, mas um parceiro perfeito.
Passaram a hora seguinte disputando tempo entre o sofá e o chão coberto por um tapete felpudo. Emma descobriu em pouco tempo porque a loira de Economia nunca mais tinha arranjado outro namorado. Scott era insubstituível. Ela não se lembrou de quando foi que caiu no sono, exausta e maravilhada, e não soube ao certo se nos braços dele, ao lado dele, ou aos pés dele. Porém, em certo momento, inevitavelmente se entregou aos braços de Morfeu.
-
Quando acordou, sua cabeça rodava e doía. A sala estava escura, mergulhada na penumbra. Chuviscava fraco do lado de fora e o céu se postava negro como um lobo, ausente de estrelas. Estava enrolada na manta e usava seu casaco de moletom, sem seus shorts jeans. Sua cabeça doía e ela sentia um gosto amargo de café na boca. Na televisão, passavam os créditos de The Breakfast Club, como se o filme não tivesse sido pausado horas atrás. Sentou-se no sofá e aos poucos se recordou de que Scott estivera ali.
Não se lembrava do que tinha acontecido, mas tinha uma vaga memória que aos poucos se recobrou.
Ele estava encharcado quando apareceu. Estava chovendo forte.
Eles discutiram.
Ela praticamente se declarou para ele.
Eles fizeram sexo.
Em flashes, as memórias vieram. De uma vez, Emma arregalou os olhos, desesperada com a verdade revelada.
Olhou ao redor, em busca do rapaz que poderia estar por ali. Vasculhou a sala com os olhos. Correu até o banheiro e por fim checou os quartos. Nada. Estava tudo tão vazio quanto no fim da tarde, tudo intocado. Correu até a secadora de roupas e soltou o ar abafado, quando viu que estava vazia. Nada. Nenhum sinal de uso e não havia uma gota d’água sequer no chão. Muito menos um par de sapatos dentro do tanque. Nada parecia mostrar que Scott estivera ali.
Não sabia o que pensar. Estava louca? Os flashes que tivera eram fruto da sua imaginação? O que tudo aquilo significava? Sem opções, caminhou até o interfone na parede e em alguns segundos perguntou ao porteiro daquele turno se ele tinha visto alguém entrar e sair do seu apartamento naquela tarde. Alguém tinha que ter visto se Scott estivera ali.
– Não vi ninguém saindo daí, senhorita Perkins – o homem respondeu. Ela agradeceu e desligou na mesma hora.
Desesperada, Emma escorregou pela parede do corredor e apoiou a cabeça nos joelhos, começando a tremer. Tentou não soluçar, mas estava se esforçando em engolir o choro. Tudo o que tinha feito e conseguido sido apenas ilusão? Talvez um sonho? A menina poderia concluir isso. Era a única opção plausível. Estava louca, alucinada.
Porém, as memórias eram tão reais, tão intensas, que não poderiam ter sido uma peça pregada pelo coração junto à sua subconsciência.
Ela sentia que ele estivera ali.
Como quando uma mãe sente que algo ruim acontece com o filho. Ou quando se tem o pressentimento de que algo bom vai acontecer. A garota sentia a presença dele, o cheiro dele grudado em sua pele. Como algo tão forte podia não ter acontecido?
Afundada em lágrimas e com uma confusão gritante em sua cabeça, soube que quem estava brincando não devia ser sua mente, e sim ele. Ela não era louca. Scott era.
Scott facilmente faria algo do tipo.
Scott era bom em pregar peças.
Scott era bom em mentir.
Scott era bom em enganar.
Scott era e sempre seria Scott Adams.
E ela sempre seria Emma Perkins – a garota estúpida que sempre acreditava que o cara era a pessoa certa. Naquele momento, ela não sabia de mais nada. Só sabia que tinha, tinha que ser real. E precisava achar uma forma de descobrir.
Ou ela nunca saberia.
Fim
Nota da autora: (OLHE EU AQUI DE NOVO! Já estou ficando velha nisso, hein? Ó, um beijo para quem está lendo outra obra-prima minha. Você merece um cookie!
Bom, primeiro de tudo, queria pedir desculpas a quem queria a fic interativa, mas simplesmente não acho justo substituir o Scott, porque ele é um ser humano insubstituível. Segundo: Se você não gostou do Scott, por favor, retire-se desse site. Terceiro: estou brincando. Volte! Eu amo você mesmo assim! Olhe, particularmente, sou apaixonada pelo Scott. Sou suspeita para falar, mas que mulher não gosta de um canalha na vida? Putz, são os piores e os que conseguem a gente mais fácil! E ele não é do tipo canalha conquistador. É do tipo canalha-não-quero-você e mesmo assim elas o querem. Porque, gente, só com aqueles olhos e aquela jaqueta de couro eu já desmonto. Não sei vocês, porém vou passar o resto da vida procurando um Scott da vida para quebrar meu coração. E a Emma? A Emma é um amor, não é? Coitadinha. Nem posso falar mal dela, porque eu seria igual ela e iria enlouquecer tanto quanto a garota, se o mesmo acontecesse comigo. Acordar e puf. Tudo gone. É difícil!
Mas, enfim, voltemos ao final: o que vocês acham que aconteceu? Segundo Chiara, a princesa do meu castelo, "O Scott tem uma necessidade patológica de enganar", e por isso ficamos sem saber se foi ele quem a enganou ou se ela estava louca. Afinal, Emma não é 100% normal (pensem o que quiserem disso). MAS não falarei mais nada. Vou deixar vocês sofrendo para sempre com essa dúvida, igual Machado (<3) fez com Capitu e Bentinho.
Por fim, quero agradecer à Jú por acompanhar o desenvolvimento do final da história (vá entender) e opinar em tudo o que eu pedia, além de amar o Scott junto comigo. (I)sabela, por ser meu anjo, linda, poderosa, com a positividade dela, e Bianca por motivos de: AMIGA, VOCÊ NÃO É PIZZA, MAS É MASSA! Obrigada a todos que leram e, como de praxe: LEIAM MINHAS OUTRAS FANFICS! BEIJO NA BUNDA. ATÉ MAIS!