About the distance
Por Monise Monteiro

Betada por Juu




- Eu não acredito que tu vai fazer isso! , imagina, ele pode ser um pedófilo! – falava, quer dizer, gritava no telefone, fazendo meus ouvidos doerem com sua voz esganiçada.
- Mas , ele com certeza não vai fazer nada contra mim, mesmo ele talvez sendo um pedófilo. – eu tentava convencer minha melhor amiga que o garoto apenas cinco anos mais velho que eu, que eu nunca vi na vida e que conheceria no dia seguinte era um garoto normal e boa gente. Mas a verdade é que eu estava com medo sim.
- Ai meeeu, eu queria muito ir contigo, só que tu sabe, eu tenho dança, dude.
- Tudo bem, , eu sei me virar. Ta, tchau, mongol. – disse rapidamente e desliguei o telefone, pois minha mãe gritava da cozinha que o jantar estava pronto.

Eu sou uma garota normal, eu acho. Gosto de coisas que as outras pessoas às vezes não gostam e por maioria das vezes nem conhecem por causa da cabeça fútil que praticamente todos da minha cidade têm. Infelizmente. Estudo numa escola que tem muitas pattys, não gosto muito de lá, mas me divirto bastante com meus colegas infantis e imaturos, ta, exagero, porque eu tenho amigos muito legais. Eu sou considerada sensível demais e, conseqüentemente, me apaixono muito rápido. E esse garoto que eu e minha melhor amiga conversávamos talvez pudesse mudar minha vida e minha maneira de pensar.

Com sempre, fiquei horas na frente do computador naquela segunda-feira, combinei com , o garoto, os últimos detalhes para o dia seguinte. Nos encontraríamos na frente de um prédio próximo a minha casa, depois iríamos andar pelo centro da minha pacata cidade do interior da Inglaterra. Como era outono, ele pensou em parar pra tomar um café em algum barzinho, idéia completamente aceitável.

Desliguei aquele “papa-tempo”, peguei meu mp4 e deitei na minha cama, começando a ouvir minhas músicas preferidas. Não sei porque, mas “Hey There Delilah” era a minha favorita. Mexia comigo. Pouco tempo depois, adormeci e sonhei com , nem imagino como ele seja, mas era lindo no meu sonho.

- , acooorda! Você está atrasada pra aula! – minha mãe amava me acordar aos berros. Eu simplesmente odeio acordar cedo.
- Uh? – eu não raciocínio quando acordo.
- Levanta, rápido! – ela dizia ao abrir as janelas do meu quarto e fazendo com que raios de sol entrassem e machucassem meus olhos. Estava um dia bonito, mas iria chover, fato.
- Ta, mãe, to indo. Você vai me levar pra escola ou eu vou ter que ir à pé? – eu dizia mais acordada, indo para o banheiro.
- Eu te levo, mas anda logo porque desse jeito eu também vou me atrasar pro trabalho. – Minha mãe estava de mau humor, nessas horas eu queria que minha irmã estivesse aqui pra alegrar a casa. Morava apenas eu e minha mãe, minha irmã morava em outro país e meu pai tinha outra família.

Arrumei-me rapidamente e corri pra baixo, onde minha mãe me esperava já na porta, com um sanduíche na mão que com certeza era pra mim.
Fomos para meu colégio sem dizer nada. Quando cheguei lá as portas já estavam fechadas, já havia batido há trinta minutos.

- Que saco. – sussurrei. Eu teria que esperar até o próximo período para entrar na sala, então fiquei sentada no murinho de pedra que era próximo da minha sala.

Bateu para o segundo período e corri pra minha sala, na troca de períodos as pessoas sempre aproveitam para conversar, eu não fazia diferente.

- Hey! – disse ao me aproximar de , e , minhas melhores amigas. As que eu sempre ando e conto tudo.
- Oi, atrasadinha – disse rindo.
- E aí, gatinha, é hoje, hein? – disse de maneira cafajeste seguida de uma piscada.
- É hoje o quê? – perguntou curiosa, eu tinha esquecido totalmente de contar pra ela.
- A vai conhecer um garoto que ela começou a falar pela internet e ele é bem mais velho que ela. Ui que a garota é safada! – disse arrancando risos de todas.
- Safada? A é pervertida, isso sim! – Gritava com seu jeito escandaloso de sempre e com isso os olhares de toda a sala se voltaram pra mim.
- Cala a boca! – gritei no ouvido dela.

O sinal tocou e todos foram pra suas devidas classes. Aquele período passou rapidamente e assim passou o terceiro período também. O recreio foi normal com quase nada de diferente, a não ser pelo fato do ex-namorado da ter ficado com outra bem na frente dela, o que a deixou muito mal, afinal eles haviam terminado fazia uma semana. Assim, passamos o resto da aula consolando a menina, que estava chorando muito. Sorte nossa que era aula de religião e nós fomos olhar filme, então o professor nem reparou.

Mal percebi e já havia chegado o final da aula, então fomos para a porta de saída. Eu estava seguindo meu caminho habitual para minha van, quando me puxou e disse:
- Se cuida! E não apronta, safadinha! – e saiu rebolando. Como ela amava me tirar. Isso irrita.

Cheguei em casa e como sempre, almocei sozinha e na frente do computador. Vi que estava online no messenger e fui falar com ele sobre nosso encontro.

! acaba de iniciar a sessão.
! diz:
Oi, ! :D Tudo combinado então? ‘çç’
; diz:
Sim, sim !
! diz:
Pensando bem, é melhor a gente se encontrar na frente do Sesc, sabe onde é?
; diz:
Ah, acho que sei onde é. Ta bom, vou sair. Beijo, até daqui a pouco.
! diz:
Ta, beijo, até xuxu.

! Encerra a sessão.


Me arrumei, porém nem tirei o uniforme. Fui em direção ao Sesc, que ficava a não mais que cinco minutos da minha casa. Cheguei lá cantando “Bubble Wrap”. Não tinha ninguém lá na frente, então resolvi esperar.

Passou cinco minutos e nenhuma figura de um garoto que pudesse ser o foi avistada. Então cansei, voltei pra casa e resolvi ligar pra ele.

- O-oi? – Disse com a voz tremula, pois eu estava com vergonha, afinal, nunca tinha nem falado com ele.
- Oi? – Uma voz grossa e firme falou no outro lado da linha.
- Oi, , é a . Tu já ta chegando aí?
- Eu já to aqui...
- Ah ta, então vou sair de casa. Beijo. – disse demonstrando simpatia.
- Ok, beijo.

Dei uma última retocada na maquiagem e fui. Pensei ‘seja o que Deus quiser!’. Quando estava chegando perto do local combinado, vi um garoto do outro lado da rua escorado em um murinho verde de uma casa numa posição bem sexy, reparei que ele me acompanhava com o olhar e dei-me conta que era ELE. O , o meu . Então atravessei a rua já com o coração acelerado e sentindo borboletas no estômago, meus joelhos já não correspondiam aos meus comandos, mas segui em frente, quase sendo atropelada por um caminhão, mas segui em frente.
Cheguei ao outro lado da rua, eu já sabia que era ele, então demos oi, nada fora do normal.

- Você não ia vir com uma amiga? – Ele perguntou. Demorei a responder, pois fiquei admirando como ele era lindo, olhos vibrantes que chamavam atenção, cabelos e aquele sorriso me encantou de uma forma inexplicável, se vestia bem: calça jeans, camisa listrada, cinto de rebite e claro, all star, posso dizer que aquilo demonstrava que o estilo dele era parecido com o meu. Me encantei porque nunca havia visto um menino tão bonito e que eu me identificasse tanto. Já caíam algumas gotas de chuva, todo aquele momento me hipnotizou de tal maneira que mal prestei atenção no que ele havia perguntado. Alguns segundos depois respondi:
- Ela não pôde vir.
- Então não era de confiança – Ele disse e ri. Entendi pois havia uma longa história sobre nossos sonhos iguais, coisas que havíamos conversado no mesmo dia que começamos a nos falar.
Fomos caminhando, confesso que devagar, conversando, quer dizer não conversamos quase nada. Aquele silêncio, só o barulho dos carros que passavam nas ruas, até que esse silêncio foi quebrado por ele, numa tentativa de descontração, achei estranho.

- Eu odeio esse silêncio constrangedor. – Ele disse
- Eu também. – Eu disse extremamente envergonhada.
- Ta então é melhor agente começar a falar alguma coisa, senão eu vou cantar. – Eu apenas ri e ele começou a cantar uma música muito estranha da qual a letra era incompreensível. Continuamos nossa caminhada e até que conversamos um pouco, ele disse umas três ou quatro vezes: “Você é nova demais, cara.” Com essas palavras eu me sentia a criatura mais criança da face da terra, mas não me pronunciei quanto a isso.
- Só me tira uma dúvida. – Ele disse. Estranhei, mas fiz sinal com a cabeça afirmando de que o responderia. – É de ou de ? – Eu ri, pois não era nenhum dos dois.
- Nenhum dos dois. É – Respondi rindo.
- Ah ta, eu vou dar ao meu violão o nome de , todos os meus instrumentos tem nome. O nome da minha bateria é Sofia. – Resmunguei um “hm” simpático e continuamos nosso caminho, que não era bem um caminho, pelo menos não até aquele momento.
- Vamos ter de passar no departamento de trânsito da cidade porque reprovei no exame e tenho que pegar a reprova. – Ele disse e então descobri aonde nós estávamos indo afinal.
- Ok. – respondi.


Chegando lá, sentamos nas cadeiras desconfortáveis de espera, tivemos que ficar ali aguardando por pelo menos uns vinte minutos, enquanto isso batíamos nossos all stars um no outro e eu estava movimentando meus braços freneticamente, mexia no cabelo, apoiava a mão no queixo, sim, com certeza eu demonstrava nervosismo. Ele de vez em quando apertava minha bochecha o que me deixava corada e eu só conseguia abrir um sorriso, nem ao menos uma palavra saía da minha boca. Depois dos tais vinte minutos, ele foi atendido, esperei um pouco sentada, sozinha, observando de longe quão bonito ele era. Saímos pela rua, agora estávamos um pouco mais descontraídos e conversávamos mais do que antes. Até que ele levanta os braços e do nada pára.

- Tenho uma coisa muito importante pra te falar.
- Ai meu Deus, fala. – disse com medo do que poderia ouvir.
- Ai cara, tu é muito inocente e tipo, eu me drogo, eu bebo, eu sou uma pessoa horrível e faço coisas horríveis, eu não sou uma pessoa legal de se conviver... Me desculpa, sério mesmo.
Fiquei sem palavras e fiz que tudo bem com a cabeça. Mas não estava tudo bem, eu estava pasma. Andamos em silêncio até a esquina de duas principais ruas de minha cidade, ele chegou perto de mim e as gotas da chuva caiam sobre sua face fazendo com que a sua pele ficasse ainda mais pálida. Então ele sussurrou no meu ouvido:

- Amanhã eu vou pra China, me desculpa, eu não podia te falar porque eu sei que eu ia te magoar...
- Ta bom... – disse e as lágrimas já se misturavam com as gotas da chuva.

Ele me abraçou, e na minha opinião, foi o melhor abraço que eu já ganhei em toda a minha vida. O mais sincero. Nos conhecíamos há pouco tempo, mas o que eu sentia por ele era incomum. Ele me deu um beijo na bochecha e em seguida olhou pra mim com aqueles lindos olhos e disse “espera”, me beijando. Não nos importamos que toda a cidade visse, pois estávamos numa esquina, mas aquele momento era único, era uma despedida, era o primeiro, mas também era o último. Eu não sei explicar o que eu senti, mas foi a melhor sensação que pude sentir. Ele partiu o beijo, apertou minha bochecha e os dois foram para caminhos opostos. Nenhum olhou pra trás. Nunca mais o veria, e talvez depois de um tempo nem pensasse mais nele, mas tudo que eu mais queria depois disso, não importa. Tudo aquilo que ele me disse, eu só queria vê-lo novamente. Nem que fosse pela segunda vez, a última.


Fim

Aaai, minha primeira fic. :D baseada em fatos beeem reais, que aconteceram comigo, só que o garoto era mais algumas coisas que eu não citei pra não ficar chato. :) acho que vai ter segunda parte, porque pelo menos na fic essa história tem que ter um final feliz... ;_; MUUUITO obrigado a Lina, ela me ajudou muito na fic. Te amo, amiga. E obrigado a todos que me apoiaram (?) pra fazer a fic da história daquele dia estranho da minha vida. :D Comentem por favor, eu sei que ela não ficou perfeita, mas eu ia gostar muito de ter vários comentários sobre ela. *-* Beeeijo, (L)
Mô.

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