I'll Love You Always And Forever
Por Mariana Lorandi

entrou na sala de espera, mas não queria se sentar, estava preocupado demais para isso. Ficou andando de um lado para o outro, sem se importar com os olhares das outras pessoas que se encontravam no mesmo recinto. Ainda era cedo, mas ele precisava de alguma notícia. Precisava saber que ela estava bem.


Dois anos atrás...
– Ei, garçonete! – acenou para a moça que seguia pelo caminho contrário da mesa onde eles estavam.
já estava trabalhando há quase seis horas e não agüentava mais. Aqueles quatro rapazes já haviam dado algumas indiretas a ela, e ela odeia clientes assim. Abriu um sorriso falso, deu meia-volta e foi até a mesa deles.
– O que deseja? – ela disse simpaticamente.
– Me vê mais dois milk-shakes, um sanduíche de peru e o seu telefone. – disse escancaradamente.
– Uau, essa é original. – disse sarcasticamente, enquanto anotava o pedido em seu bloco de notas. – Ok, voltarei em alguns minutos com seu pedido.
– Ei, por que você está me rejeitando se nem me conhece?
– Por que você está me querendo se nem me conhece?
– Não responda uma pergunta com uma pergunta. – sorriu.
– Talvez porque o seu jeito de me cantar seja um dos piores que eu já vi.
– Ai, essa doeu até em mim. – comentou , que estava sentado ao lado de .
foi até atrás da bancada com ar de vitoriosa e começou a preparar os milk-shakes. Durante o resto do dia, não perturbou mais . Não sabia porque, mas, no fundo, ela não queria que ele tivesse parado. Os rapazes pediram a conta e foi até o caixa somar os preços dos pedidos.
– Eu vi aquele gatinho dando em cima de você. – disse , chegando perto da amiga, com uma bandeja vazia na mão.
– É, mais um idiota que eu tenho que agüentar, como qualquer outro dia.
– Se os idiotas que dessem em cima de você fossem bonitos desse jeito...
– Se ele soubesse me cativar do jeito certo, eu até dava meu telefone, mas você ouviu a cantada que ele deu?
– Não importa! Você está na seca há muito tempo. Já faz mais de cinco meses que o Jake te deixou, pelo amor de Deus! Está na hora de voltar à ativa!
não sabia se ouvia e se arrependia por ter sido grossa com ele anteriormente ou se continuava a tratá-lo dessa forma. Ele realmente era bonito...
A garota deixou a conta em cima da mesa dos rapazes sem dizer uma palavra e foi para o outro lado da lanchonete. sorriu ao ver o telefone de em um pequeno pedaço de papel.

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Apenas quarenta minutos haviam se passado, mas para parecia ter sido uma eternidade. Olhava para a porta da sala constantemente, esperando alguma notícia chegar, mas nada acontecia. Pegou uma Coca-Cola naquelas máquinas de refrigerante e ficou encarando a lata sem abri-la. Não tinha nem forças para se alimentar.


Um ano e meio atrás...
– E se ela não gostar de mim? – perguntou preocupada, enquanto eles seguiam pela estrada.
– Ela vai gostar de você! – riu.
– Como você pode ter tanta certeza assim?
– Porque ela é minha mãe, e eu a conheço.
– Não sei, não. Quero dizer, não é à toa que nos filmes as sogras não gostam das namoradas dos filhos!
– Mas nós não estamos em um filme.
– Mas filmes refletem a vida real.
– Não se preocupe, ela vai gostar de você.
adorava ver nervosa desse jeito. Ele adorava o fato de que ela se preocupava com coisas desse tipo, como quando ele a apresentou para , e no começo do namoro – ela já havia visto os rapazes na lanchonete quando pediu o telefone dela, mas não havia os conhecido oficialmente.
bateu na porta e segurou a mão de , que estava um pouco inquieta e respirando forte. Ele sorriu e beijou-a na bochecha.
– Relaxe. – ele disse, no pé da orelha dela.
Uma mulher, que aparentava estar pelos seus quase cinqüenta anos, abriu a porta com um sorriso no rosto.
– , meu querido! – Ela deu um beijo estralado no rosto do rapaz e abraçou-o fortemente. – Que saudades!
– Mãe, – ele começou, quando ela finalmente o soltou – essa é a minha namorada, . , essa é a minha mãe, .
– Oi! – estendeu a mão para cumprimentá-la, sem saber exatamente como agir.
apenas sorriu, fazendo sentir como se ela tivesse a reprovado, quando, de repente, a mulher puxou-a em um abraço tão apertado quanto dera no próprio filho.
– Bem-vinda a família! – a mãe exclamou.
Para a surpresa de , ela se deu muito bem com a mãe de . Não esperava que fosse ser assim, já que tem uma certa dificuldade em se entrosar com pessoas que não conhece. Durante o jantar, olhou para que, por sua vez, articulou com a boca o que pode entender como um “não te falei?”, fazendo-a concordar com a cabeça e um sorriso no rosto.

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olhou em seu relógio e apenas vinte minutos haviam se passado. Precisava se distrair com alguma coisa, precisava esquecer isso por um momento. Pegou uma revista que estava no sofá em que estava sentado, mas a mistura de cansaço e impaciência impedia que ele conseguisse ler uma palavra. Jogou a cabeça para trás e fechou os olhos, tentando relaxar.

Um ano atrás...
esperava impacientemente por no aeroporto, parada em pé, na frente do portão. Fazia dois meses que eles não se viam, desde que a banda saiu de turnê. também estava lá, esperando por , quem namorava já há cinco meses, graças a , que juntou os dois.
abriu um sorriso largo quando viu seu homem chegando. Saiu correndo e pulou nele, envolvendo suas pernas no corpo no rapaz e dando um beijo apaixonado. Algumas pessoas olhavam torto para os dois, mas eles não se importavam, a saudades que sentiam era maior do que a vergonha.
– Feliz aniversário de um ano de namoro! – ela disse, ainda abraçada a ele.
– Feliz aniversário de um ano de namoro! – ele repetiu, rindo.
abriu a porta de seu apartamento e colocou sua mala no chão, enquanto pendurava seu casaco e seu cachecol ao lado da porta. fez o mesmo, limpando a neve que havia caído em seus ombros.
– Eu senti sua falta. – Ele pegou a garota pela cintura, que envolvia seus braços no pescoço do rapaz.
– Eu senti sua falta também.
beijou-a suavemente, acariciando as costas de . O beijo ficou mais intenso, conforme os corpos dos dois se aproximavam. Ela tirou o cinto de e abriu o botão da calça dele – que não demorou muito para cair, já que era um pouco larga demais –, enquanto ele passou a mão por dentro da blusa dela e tirou-a do corpo da garota. Os dois já estavam a caminho do quarto quando jogou sua camiseta no chão do corredor e desabotoou seus jeans. Ele beijou o pescoço dela, fazendo-a estremecer, e tirou seu sutiã. Ela sentia falta do toque, dos beijos, do amor de seu namorado enquanto ele estava fora, mas percebia como valia a pena esperar quando ele voltava.

abriu os olhos e sorriu ao perceber onde estava. Virou para o lado e se deparou com o outro lado da cama vazio. Colocou os pés no chão, vestiu a calcinha e uma camiseta de e foi até a cozinha. O rapaz estava lá, fazendo panquecas e cantando animadamente.
– Bom dia! – ela disse, abrindo a geladeira e pegando a caixa de suco de laranja.
– Bom dia! – ele respondeu no mesmo tom, desligando o fogão.
colocou o suco em cima da mesa e sentiu duas mãos envolverem sua barriga. Ela fechou os olhos ao sentir a boca de encostar em sua orelha.
– , – ele disse, virando-a de frente para ele – eu vou te amar sempre e para sempre.
– Sempre e para sempre? – ela riu. – Não é a mesma coisa?
– Eu quero dar ênfase. – sorriu. – Porque eu quero que você saiba que não existe ninguém mais importante do que você.
– Eu também vou te amar... sempre e para sempre.


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Meia hora e nenhuma notícia. não agüentava mais ficar lá, precisava saber o que estava acontecendo. Sentiu seu celular vibrar no bolso da calça.
– Alô? – ele atendeu.
– Sou eu, . – disse o rapaz, do outro lado da linha. – Nós ouvimos o que aconteceu. Como ela está?
– Não sei ainda, estou esperando há uma hora e meia e nada.
– E como você está?
– Eu estou... impaciente.
– Você quer que a gente vá aí?
– Não, não. Não precisa. Eu ligo quando souber de mais coisa.
– Ok. Fica firme, cara. Tchau.
– Tchau.


Seis meses atrás...
– Eu não estava dando em cima dele! – disse, ao entrar no apartamento de .
– Mas é claro que estava! – bateu a porta ao passar por ela.
– Por que eu iria dar em cima de um cara quando você estava ao meu lado?
– Não sei, você que me diga!
– , pára com isso! Eu estava simplesmente tendo uma conversa civilizada com o meu amigo!
– Desde quando aquilo é civilizado? Você estava praticamente se jogando em cima dele!
– Deixe de ser exagerado! Ok, vamos dizer que, hipoteticamente, eu estava dando em cima dele. Por que você está reclamando se eu tenho certeza de que faz o mesmo?
– O quê?!
– Você realmente acha que eu sou ingênua de achar que você não olha para outras garotas? Todo dia, há milhares de fãs correndo atrás de você, e pelo menos metade é muito mais gostosa do que eu! Então você realmente quer que eu acredite que você nem sequer joga um xavequinho nelas?
não respondeu. ficou esperando por uma resposta, quando, de repente, percebeu que estava beijando-a. Ela não estava entendendo a situação. Há dois segundos estavam discutindo e agora estavam entre beijos fortes e ofegantes. Não queria saber o que deu nele para fazer isso, só queria que ele continuasse. Os dois caíram no sofá, e ficou em cima da garota, entre as pernas dela. Ele parou de beijá-la e olhou fundo em seus olhos.
– Eu te amo.


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estava com o rosto apoiado nas mãos, tentando pensar em outra coisa. Queria se castigar pelas coisas que havia falado para ela da última vez em que se viram. Queria que a última expressão dela tivesse sido um sorriso e não uma cara fechada.


Três horas atrás...
– Oi, linda! – entrou no apartamento cambaleando e viu lavando a louça na cozinha.
– Você está bêbado. – não tirou os olhos do prato que molhava com a água da torneira.
– Só um pouquinho. – abraçou a garota por trás, que não reagiu. – Eu e os rapazes fomos comemorar o fim da turnê.
– E a nossa comemoração? – Ela desligou a torneira e se virou para ele, encarando-o seriamente.
– Bom... você não estava na turnê, mas eu posso comemorar com você também!
– Não, , você esqueceu que dia é hoje?
– Ahm... dia de passar a noite inteira na cama com a minha namorada? – Ele sorriu, tentando fazer graça.
– Não. Hoje é nosso aniversário de dois anos.
– Ah. – O sorriso de se desfez. – Ah, é mesmo. , me desculpa, eu me esqueci!
– É, , eu sei.
– Me desculpa mesmo. É que ontem nós estávamos combinando de sair para comemorar e eu completamente me esqueci de hoje. Você entende, não é?
– Entendo, sim. Quando há alguma coisa com a banda, nossos assuntos sempre ficam para depois.
– Não, não é assim! Eu só não me lembrei, não fale como se fosse algo que eu sempre faço!
– É algo que você sempre faz, sim! Às vezes a gente passa dois dias sem se falar porque você fica o dia inteiro ensaiando e quando volta para casa eu já estou dormindo! Eu tenho que mexer no meu horário todo para te ver, porque se dependesse de você, nós ficaríamos uma semana sem se falar!
– O que você quer que eu faça? Desista do meu sonho? Você acha que depois de ter conquistado tudo isso eu jogaria tudo para os altos por você?
ficou imóvel. Não podia acreditar que ele havia acabado de dizer isso. Aquelas palavras entraram pelo ouvido da garota, fazendo-a sentir como um nada para ele.
– Vai se foder, .
pegou sua bolsa e bateu a porta ao sair do apartamento. não sabia se ia atrás ou se dava um tempo à garota. Toda vez que eles brigavam e ela ia embora, ele a seguia e tudo que conseguia era um tapa na cara ou um olhar frio. Mas dessa vez, até ele mesmo sabia que havia passado dos limites. Não queria que aquelas palavras tivessem saído daquele modo, afinal, ele nunca havia amado ninguém do jeito que amava .
Dez minutos se passaram e resolveu ir à procura da garota. Ela deveria ter ido à casa da , e como ela estava com carro e ele não, o tempo de diferença daria alguns minutos para refrescar a mente.
já havia andando uns bons quinze minutos quando viu um aglomerado de pessoas no meio da rua. Chegou mais perto para ver o que havia acontecido e percebeu que um carro havia capotado, poucos minutos atrás. Havia apenas uma pessoa no carro, e o rosto dela não era estranho a . Ele parou de andar ao perceber quem era, e ouviu uma pessoa mais a frente dele chamando uma ambulância.


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se assustou ao ver o médico entrar na sala de espera. Ele se levantou do sofá em uma fração de segundo e deu alguns passos a frente.
– Como ela está? – ele perguntou.
– É melhor você se sentar.
O médico colocou de volta no sofá e puxou uma cadeira para perto dele.
– Nós tentamos parar a hemorragia, – ele começou – mas seu estômago já estava muito danificado, devido a perfuração. Nós não conseguimos salvá-la, eu sinto muito. Você gostaria de vê-la antes de desligarmos as máquinas?
apenas balançou a cabeça positivamente, encarando o nada.
O médico o levou até a sala onde ela estava, e se deparou com o corpo de deitado na maca. Ela estava frágil, pálida, sem vida. Ele acariciou a bochecha dela com uma mão e, com a outra, passou a mão em seus cabelos. Nada disso parecia real.


não havia falado uma palavra desde que morreu. Muito menos havia derramado uma lágrima por ela. Era como se por dentro ele estivesse gritando e sofrendo, mas seu corpo parecia estar em choque ainda, sem reação alguma. Ele nem sequer conseguia prestar atenção direito no que estava acontecendo ao seu redor. Sabia que estava em um funeral e sabia que o padre estava falando algo, mas era como se a notícia ainda não tivesse chegado a seu cérebro.
– Você gostaria de falar alguma coisa? – colocou a mão no ombro de .
O rapaz, por sua vez, apenas abaixou os olhos, encarando as próprias mãos, que seguravam uma rosa branca. Não sabia se iria adiantar dizer algo, afinal, ela não estava mais lá.
– Eu vou sentir falta dela. – ele finalmente disse.
Todos olharam para , prestando atenção em suas palavras, já que era algo que não ouviam há quase um dia. Ele demorou alguns minutos para finalmente voltar a dizer algo, mas todos esperaram pacientemente, já que sabiam como ele deveria estar sofrendo.
– Eu vou sentir falta do sorriso dela e como isso era o suficiente para me alegrar em um dia triste. Eu vou sentir falta de como ela gostava de pentear os meus cabelos e fazer os penteados mais malucos quando eu saia do banho. Eu vou sentir falta do fato de que ela se importava com as coisas mínimas, mas que para ela faziam a maior diferença. – fechou os olhos e sentiu duas lágrimas escorrerem pelo seu rosto. – Eu vou sentir falta do cheiro dos cabelos dela que ficavam nos travesseiros e do perfume de sabonete do seu pescoço. Eu acho que eu simplesmente... vou sentir falta de tudo que me fazia sentir uma pessoa melhor quando estava ao seu lado.
foi até o caixão, que já estava a sete palmos do chão, e o encarou por alguns segundos. Ele jogou a rosa no buraco e voltou a chorar.
– Eu vou te amar sempre e para sempre.

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