Já era tarde da noite e null ainda se revirava na cama, de um lado para o outro. Não via a hora de o dia amanhecer para que pudesse enfim retornar ao colégio.
Não, ela não era cdf, nem nada do tipo. Acontece que a garota simplesmente amava ir ao colégio para ver os amigos, conversar e, é claro, estudar de vez em quando.
null era aquela menina que toda garota gostaria de ser e todo menino gostaria de ter, mas nem por isso era esnobe. Muito pelo contrário: era muito sociável, e conversava com todos que lhe dirigiam a palavra.
Claro que por ser popular, muita gente sentia inveja, mas nem isso afetava a senhorita null.
Não, ela não era dessas que se deixam abalar por qualquer coisa, pessoa ou comentário. Era muito segura de si. Mesmo com tantas fofocas, boatos e mentiras, ela não se sentia mal, e dava até risada.
Houve um dia em que foi ao banheiro, e viu um rabisco na porta, o qual dizia: “A null é uma galinha sem vergonha”.
Qualquer outra garota teria ido à diretoria reclamar e tentar descobrir o autor de tal façanha. Não a null. Essa teve um ataque de riso, e contou às amigas o que tinha lido com total tranqüilidade. As amigas, chocadas com a reação da garota, perguntaram se não havia ficado chateada, e receberam uma resposta simples e racional:
- Claro que não fiquei chateada, não está vendo que eu estou morrendo de rir? Olha, eu sei que não sou galinha, pra que me importar com essas invejosas? Sai pra lá né? Só rindo mesmo...
Essa era null: Confiante, e segura de si.
Esse era o motivo de tanta inveja, nada a abalava e todos sabiam disso.
Nas férias, havia sentido muita falta de sua rotina escolar. E agora estava prestes a voltar para seu ultimo ano no colegial, o que a deixava ao mesmo tempo aliviada por enfim acabar os estudos, e triste, pois sabia que depois que acabasse, perderia contato com muitas pessoas das quais gostava muito.
Mas agora nem queria pensar nisso. Estava decidida a se preocupar só no fim do ano. Agora queria só aproveitar ao máximo, e era esse o motivo de tanta ansiedade.
Voltar ao colégio com seus melhores amigos, e aproveitar cada segundo do lado deles.
Sentia falta de trocar bilhetes com null durante as aulas, de rir das besteiras de null, de null a mandando estudar, e de todo o resto que só suas amigas sabiam fazer.
Com esses pensamentos, null adormeceu...
Capítulo 2
...mas logo acordou com o alarme do despertador.
Sentia como se tivesse dormido apenas 10 minutos, mas não importava, levantou da cama de um salto, e foi correndo para o banho.
Em 20 minutos estava pronta. E linda!
Não era preciso muito, era linda por natureza. Maquiagem? Só um lápis básico e um batom discreto durante o dia. A roupa não importava, qualquer peça caía muito bem em seu corpo. E era assim, básica e estonteante que retornaria ao colégio: uma calça jeans justa, e uma baby look cor-de-rosa.
Foi correndo para a cozinha e deu um beijo estalado na bochecha de sua empregada, Fran. A relação das duas ia muito além de patrão-empregado. Ela era como uma mãe para a garota, já que sua mãe havia morrido há muito tempo, e morava com seu pai.
A mulher se espantou em ver a menina acordada tão cedo.
- Nossa que aconteceu? Caiu da cama? – Perguntou.
- Hahaha muito engraçado, sua engraçadinha - Respondeu a garota, rindo. – É que eu estou ansiosa pra ir pro colégio, e quero chegar cedo.
- Ah, sim, entendi. Bom, seu café da manhã já está pronto, é só comer e você já pode ir.
- Aaaah é por isso que eu te amo Franzinha linda – Disse null, enquanto a mulher ria.
- Sei, sei. Come logo pra poder ir...
Chegando ao colégio, avistou suas amigas, mas elas não estavam sozinhas.
- Oi meninas! – Disse a garota alegremente, enquanto todas se abraçavam.
- null você não conhece meu irmão né? – Perguntou null, apontando para um dos meninos que as acompanhava.
- Não, não conheço. Prazer, meu nome é null, mas pode me chamar de null!
- Prazer! Eu sou o null. Já ouvi falar muito de você viu...
- Espero que nada de ruim né? – Riu a garota.
- Não, não magina. Esses são os meus amigos - Disse ele apontando para os outros três garotos que ali estavam.
Um deles havia chamado a atenção da garota antes mesmo de ela chegar perto do pessoal. Era bonito, muito bonito. Bem o tipo de menino que gostava.
- Oi! Prazer meninos...
- Eu sou o null!
- Eu sou o null!
- Prazer meninos! “Eles são simpáticos”, pensou a garota, “mas o bonitinho ainda não se apresentou...”.
- Ahn... E você é...?
-null.
- Prazer! – Disse null, sorridente, mas o garoto não parecia estar muito feliz.
-Ah nem liga, ele acordou de cara virada hoje. – Disse null.
- Aah, entendi. Mas me diz, vocês são novos aqui né?
-Aham! O nullzinho aqui foi transferido pra tomar conta da null, e a gente resolveu vir com ele. – Dessa vez quem falou foi null.
- Own que lindo... Hahaha... E vocês tão em que ano?
- Terceiro.
- Ah que pena que vão ficar só um ano aqui, a escola é muito boa.
- É, deu pra reparar. Você estuda aqui faz tempo?
- Aham, desde o primário.
- É a gente estuda aqui já faz bastante tempo. –null se intrometeu na conversa. – Conheço a null aqui desde o jardim de infância né amor?
- É, eu não consegui me livrar da peste – Disse null rindo, recebendo uma língua de null.
- Ah, como vocês se amam – brincou null.
- Galera, a gente vai acabar chegando atrasados na sala, vamos logo? – null, a mais certinha da turma, os lembrou de que estavam lá para estudar, então seguiram para as salas.
Para felicidade de todos, descobriram que estudariam na mesma sala. O único que não parecia muito feliz era null, que permanecia de cara fechada.
- O que ele tem hein? – null perguntou pro null.
- Ah, ele terminou com a namorada quando mudou de colégio, e ainda está um pouco mal, sabe como é né?
- Mas então porque ele mudou? Digo, ele mudou porque quis não foi?
- É, mas ele não terminou com ela porque iria mudar de colégio, ele mudou de colégio porque terminou com ela. E como nós quatro nunca nos separamos viemos todos juntos. Olha, ele só precisa de um tempo, logo ele está bem e você vai desejar que ele volte a ficar quieto assim...
- Hum...
Por incrível que pareça, todos permaneceram quietos durante a aula. Claro que os olhares da professora ajudaram, mas isso nunca havia impedido as meninas de conversar antes.
Depois da aula, decidiram que iriam ao shopping todos juntos.
- Ao shopping? – null resmungava. – Dude, porque a gente não vai pra uma sorveteria ou outra coisa do tipo?
- Porque as meninas querem ir ao shopping, dude. Seja mais cavalheiro. – Disse null dando um pedala em null.
- Ai, dude!
- Ah null, para de ser chato e mostra pras meninas que você sabe ser legal vai! – Disse null.
- Ta, ta, a gente vai pro shopping...
- Isso mesmo, bom menino.
Já estavam olhando vitrines por um bom tempo, quando os meninos decidiram ir a alguma sorveteria satisfazer o desejo de null.
- Ai, eu amo esse lugar. – disse null.
- Ah, é? E porque hein null? Veio aqui com alguém especial foi? – Perguntou null, já sabendo da resposta, só para provocar a amiga.
- Não é nada disso, ta? Eu gosto do sorvete daqui.
Todos riram da amiga que estava parecendo um pimentão de tão vermelha. “Esse garoto está estranho... Ele não abriu a boca nenhuma vez desde cedo... Ele devia gostar muito da namorada...”, pensou null.
E ela não estava de todo errada...
null não era de gostar muito de alguém, ficava com várias e não se prendia a ninguém. Achou que tinha encontrado a menina certa, e pensou que já era hora de ficar mais sério. Mas em uma das festas do colégio, viu a namorada nos braços de outro, e sem saber o que fazer, nada fez. Ficou parado, olhando a cena que o havia petrificado.
Quando sua (na época) namorada percebeu que o garoto estava ali, vendo tudo, ficou desesperada, claro, tentando pedir desculpas. Mas não adiantou.
- Você é uma vadia. – Disse ele olhando muito sério pra garota. – Não sei como pude pensar o contrário. Seja feliz com esse bêbado. E você – Continuou, dessa vez dirigindo-se ao rapaz que há pouco se encontrava aos beijos com a menina – Boa sorte. Ela não vale nada.
Dizendo isso, retirou-se da festa e permaneceu assim, quieto até o dia em que se passa a nossa história.
null não havia reparado que ainda estava observando o menino, mas os outros sim, e foi suficiente para que virasse motivo de provocação.
- null, está acordada? – Perguntou null, rindo da garota que estava completamente longe.
- Ahn? – respondeu a garota, sem tirar os olhos de null, ainda absorta em seus pensamentos.
Todos começaram a rir, fazendo com que a garota percebesse e ficasse sem graça.
-Ta tudo bem null? Você está um pouco vermelha... – Disse null, rindo.
- Hahahaha muito engraçado...
Passaram o dia rindo muito, até null já estava mais alegre.
Já estava ficando tarde e resolveram ir cada um para suas casas, já que teriam de ir ao colégio no dia seguinte.
Capítulo 3
No dia seguinte, tudo ocorreu normalmente. Todos foram para o colégio, assistiram às aulas, bilhetes para cá e para lá, e muitas risadas. Mas a (falta de) atitude de null ainda perturbava null.
Decidiu que conversaria com ele após as aulas, e assim o fez.
- Ahn, null?
O garoto virou, e ao ver que era null quem o chamava, respondeu:
- Oi, null.
- Tá tudo bem?
- Tá normal. Por quê?
- Sabe, eu não pude deixar de reparar que você anda meio perturbado com alguma coisa...
- Ah... Não é nada não... É só impressão...
- null, pode falar. Eu sei que não nos conhecemos há muito tempo, mas vamos conviver pelo resto do ano juntos, né? Não tem sentido você esconder as coisas...
- null, eu até concordo, mas não estou escondendo nada não... – Disse o garoto, tentando forçar um sorriso. Não conhecia null há muito tempo, mas tinha gostado dela e não queria que a mesma pensasse que ele era um garoto bobo que não superava o fim de um relacionamento. Não queria que sua primeira impressão com a garota fosse assim.
- Honey, qual é. Tu não me engana. Não te conheço há muito tempo, mas não é preciso ser um expert pra saber que não tá tudo bem.
- É sério, olha...
Mas ela o interrompeu:
- Olha você... – Disse, olhando nos olhos dele – Vamos conviver bastante esse ano e provavelmente nos tornaremos amigos. E sabe, eu não gosto de amigo meu com essa carinha que você está não. E eu faço de tudo pra deixar meus amigos felizes. Então está decidido. Tem planos pra hoje?
- Acho que não – Disse o garoto confuso, sem saber o que responder.
- Agora tem! Você vai pra minha casa e a gente vai ver filmes a tarde toda. Meu pai tem uma coleção de filmes em casa, a gente assiste e come pipoca, que tal?
- Olha, é serio você não precisa fazer isso. – Ele estava um pouco constrangido, afinal, mal se conheciam e ela estava tão preocupada com ele...
- E quem disse que eu estou fazendo isso por obrigação? Estou fazendo isso porque eu quero. Eu amo assistir filmes, e qualquer desculpa pra comer alguma besteira é válida né? – Ela disse rindo, recebendo um olhar um tanto quanto incrédulo do outro.
- Você? Come besteiras? Deve passar o resto do dia na academia né?
- Hahaha academia? Deus me livre null... Odeio academia... E além do mais, com esse corpo até parece que eu vou pra academia...
- ‘Cê tá brincando com a minha cara né?
- Não null, tá doidinho é? – Ela não estava entendendo os olhares incrédulos de null, mesmo sendo muito inteligente, ela era meio lerdinha pra essas coisas de menino.
- Ah fala serio. Tu é mó gosto... – De repente ele reparou o que estava dizendo e se calou, na esperança de que a garota não percebesse o que ele estava prestes a dizer, mas é caro que ela havia percebido, e ambos ficaram mais vermelhos que um pimentão.
- Ahn... É... Bom... – Disse ela desconversando -, você vai pra casa hoje. Fechado?
- Tem certeza que não vou atrapalhar nada?
- Se eu estou convidando, bobão, é claro que não.
- Então tá... Eu vou. Mas eu vou passar na minha casa antes ok? Eu preciso trocar de roupa.
- Ok Sr. null. Então eu te espero lá em casa, mas não demora tá?
- Pode deixar.
Capítulo 4
null foi pra casa, trocou rapidamente de roupa e foi para a casa de null.
Chegou à casa da garota e tocou a campainha, e foi Fran quem atendeu.
- null, certo?
- Sim, sou eu.
- A null está te esperando lá no quarto dela, é no final do corredor à direita.
- Obrigado.
Dirigiu-se ao local que a mulher havia dito, e encontrou uma porta semi-aberta com uma visão incrível: viu null dançando ao som de Britney Spears, com um short minúsculo e uma regatinha justa. “Cara, como ela é hot” pensou.
Estava praticamente babando quando a garota notou sua presença e se dirigiu à porta, fazendo o garoto entrar.
- Oi null! Tá ai faz muito tempo?
- Não, infelizmente não, só te peguei na parte do ultimo refrão mesmo. Hahaha.
- Ah é né engraçadinho... Haha, da próxima vez avisa que chegou tá?
- Okay, okay... – Ele riu. – Mas então... Tu é a escrava de quem?
- Hein?
- Você tava ai dançando e cantando ‘I’m a slave for you’ não tava? Estou perguntando se a escrava já tem dono.
-Não, a vaga ainda está em aberto – Respondeu ela, dando uma piscadinha. – Mas então, que filme você quer ver?
- Sei lá, qualquer um...
Ele não estava muito interessado em ver filme naquele momento. Estava mais preocupado em não fazer besteira com a menina que aos olhos dele era perfeita.
- Ah, esse eu não tenho. Escolhe um vai, eu sou péssima pra essas coisas e se você não escolher eu vou escolher um que você vai acabar dizendo que é de velho.
- null sério, pode escolher qualquer filme que você goste, eu não sou exigente.
- Tá bom então. Ahn... – Ela foi até a estante onde se encontravam seus filmes preferidos e pegou um. – Já assistiu “De volta pro futuro”?
- Claro que já! Umas zilhões de vezes. É meu filme preferido!
- Jura? Achei que só eu assistisse isso... Então está decidido. É esse mesmo. – Disse ela com um sorriso. – Pode se deitar ai na cama que eu já volto. Vou pegar a pipoca, o chocolate e o refri.
Ela foi e ele ficou ali, sentado na cama de edredom cor-de-rosa, pensando em como ela era legal com ele. Mal se conheciam e ela o tratava como se fossem amigos há séculos.
Quando ela voltou, os dois deitaram na cama, e assistiram “De volta pro futuro” I, II, e III. Comeram muita pipoca, chocolate, e beberam muito refri. Quando acabou o terceiro filme, Já eram 10 da noite, e ele tinha que ir embora.
Despediram-se e ele já estava indo, mas voltou, olhou nos olhos da garota e perguntou:
- null, quer sair comigo um dia desses?
Ele nem acreditava que essas palavras tinham saído de sua boca. Passaram apenas um dia juntos, mas ela havia chamado a atenção do garoto desde o momento em que a viu pela primeira vez.
Ela também estava chocada com a proposta de null, afinal ela sabia que ele ainda não havia se recuperado do relacionamento. Mas não custava nada tentar, certo?
- Ah... Claro! É só marcar dia, horário e local que a gente sai sim. – Ela respondeu com um sorriso no rosto. – A gente combina certinho amanhã no colégio, pode ser?
- Pode sim. – Ele nem acreditava que ela havia dito sim. Pensou que levaria um ‘não’. Um ‘não’ educado, mas ainda assim um ‘não’. – Até amanha no colégio então.
E foi embora...
Capítulo 5
No dia seguinte null contou tudo o que havia acontecido no dia anterior para as meninas.
- Ele te convidou pra sair? – Perguntou null ainda sem acreditar.
- Aham... Vocês acham que eu fiz mal em aceitar, meninas?
- Eu acho que não. Você é uma garota... E ele é um garoto... – Respondeu null com um ar pensativo.
- Sério? Eu não tinha percebido... – Brincou null.
- Ah, você me entendeu. Não tem nada de mais.
- Eu concordo. – Disse null. – Além do mais, ele é bem hot null.
- null sua tarada!
- Ah vai dizer que você não acha? – A amiga perguntou, fazendo null corar.
- Isso não vem ao caso. – Ela desconversou. – A gente combinou de marcar direito hoje e eu não faço a mínima idéia do que a gen...
-Oi null! – Disse uma voz atrás dela.
Quando ela se virou se deparou com null, que estava lindo, como sempre.
-Oi! Tudo bem? – Disse ela, cumprimentando o garoto.
- Tudo e você?
- Tudo ótimo...
- Ahn... Você pode vir aqui comigo rapidinho?
- Aqui onde?
- Vem comigo, é rapidinho...
E então eles foram andando pelo pátio do colégio.
- Ahn... Você lembra que eu te chamei pra sair né? – Perguntou ele.
- Claro que lembro...
- Se arrependeu da resposta que me deu?
- Na verdade, eu tive mais certeza hoje de manhã. Acho que vai ser legal a gente sair, se conhecer melhor...
- Sério? – Ele nem acreditava nas palavras da garota. Pensou que ela tinha dito sim por não ter uma desculpa na hora, mas que inventaria alguma no dia seguinte. Estava muito feliz. Poderia sair pulando pelo colégio, mas decidiu por não fazê-lo, pois seria bem estranho.
- Claro... Como disse a null, você é um garoto e eu uma garota. Não temos nada a perder... O máximo que pode acontecer é que não dê certo, mas de qualquer forma poderemos ser amigos, certo?
- Certo. Então... Posso te pegar hoje, às oito?
- Pode sim. Mas onde a gente vai?
- Isso é uma surpresa. Você planejou ontem, eu planejo hoje.
- Ah null, mas preciso saber o que vestir né?
- Você pode ir de pijama que ainda vai ser a mais linda de todas as que estiverem presentes.
Ela corou.
- Ah null, estou falando serio...
- Tá... Eu vou te levar pra jantar, mas não falo aonde.
- Tá bom vai, já é um avanço.
O sinal de aviso da aula havia tocado e eles se olharam em silêncio por alguns instantes.
- Não esquece! Oito horas em ponto passo pra te pegar! – Disse ele, dando um beijo na bochecha de null, fazendo-a corar levemente.
Os dois foram para a aula, e tudo ocorreu normalmente, sem nenhum fato importante ou relevante. null trocou bilhetes nas aulas com as meninas, contando tudo, e quando o sinal de fim de aula tocou, ela foi correndo para casa. Precisava pensar no que vestiria, e todos os outros detalhes.
Era incrível, mas ela nem sabia por que estava tão ansiosa.
Afinal, era só um encontro, certo? Já havia tido encontros com vários outros garotos, mas nenhum havia mexido com ela em tão pouco tempo.
Mas nem estava querendo pensar nisso. Queria pensar apenas no que null estaria planejando...
E assim passou o dia: pensando na roupa e no que fariam...
Capítulo 6
As 20h00min a campainha da casa dos null tocou, e um rapaz muito bem vestido passou pela porta de entrada. Vestia calça e camisa sociais, e trazia um buquê de rosas vermelhas em sua mão.
Sentou-se no sofá e esperou por uns 10 min até que sua mente fosse incrivelmente perturbada por uma visão atordoante: null entrava na sala, e estava estonteante. Vestia um vestido preto e simples, mas que caía em seu corpo como uma luva, e acentuava as melhores partes de seu corpo.
- Uau! – Exclamou o garoto.
-Uau pra você também. – Ela respondeu, rindo. – Você não me disse onde nós iríamos jantar então eu escolhi uma roupa mais formal... Exagerei?
- Não, você está na medida perfeita. Vamos indo?
- Vamos...
Foram até o carro, ele abriu a porta do carro para que ela entrasse. Ele era um perfeito cavalheiro, e ela se impressionava cada vez mais.
Ficaram em silencio até chegarem ao restaurante. Era um dos melhores de Londres, e ela sabia disso.
Mas estava vazio...
- Nós iríamos jantar aqui? – Ela perguntou olhando para o restaurante, que estava de luzes apagadas.
- Nós vamos jantar aqui.
- Mas... Eu acho que está fechado... Esse restaurante é super disputado e está vazio numa noite de sexta-feira... Estranho não é?
Ele desceu do carro e abriu a porta para que ela pudesse sair. Ela não estava entendendo nada, achava que null estava louco, que não havia percebido que o local não parecia estar aberto.
O garoto por sua vez, pegou na mão da menina, e a guiou até a porta do estabelecimento. Bateu na porta três vezes, e ficou ali, parado.
- Okay null, isso já está ficando meio 007... Você pode me explicar o que é que está acon...
Antes que ela terminasse de falar, alguém abriu a porta, deixando revelar um salão completamente vazio, com exceção de uma mesa para dois rodeada de pétalas de rosas, um garçom, e uma banda orquestrada a alguns metros de distancia da mesa.
Ela não acreditava no que via.
- Gostou? – Ele perguntou apreensivo.
- Ahn... Mas... Digo, como...?
- Eu tenho meus contatos. – Ele disse, dando uma piscadinha para a garota que ainda estava abismada com o que via.
- E que contatos hein!
- Me diz null! Você gostou?
- Se eu gostei? Isso está perfeito! Já começou bem null!
- Era essa a intenção. – Disse ele com uma outra piscada de olho.
Sentaram-se na mesa, leram os cardápios e fizeram seus pedidos. Olharam-se por alguns minutos em silêncio, à exceção da leve musica da banda que tocava atrás deles.
- Puxa null... Isso está muito lindo!
- Que bom que você gostou. Eu precisava retribuir de alguma forma... Você foi tão gentil comigo ontem...
- Eu não fiz aquilo esperando nada em troca sabe...
- Eu sei null! Mas eu queria retribuir de alguma forma. Aliás, ainda estou te devendo, pois de alguma forma eu sinto que isso é mais pra mim do que pra você...
- Como assim?
- Eu estou amando o tempo que estamos passando juntos, e pra mim isso é um presente. No meu ponto de vista, quem está ganhando alguma coisa sou eu, por estar em tua companhia.
null se perdeu nos olhos do menino enquanto ele dizia essas palavras... Ele era perfeito. Era lindo, cavalheiro, tinha bom gosto, e alem de tudo a olhava como se ela fosse a garota mais linda do mundo.
Sim, muita gente desejava null, mas era diferente... Não era como aqueles olhares dos meninos idiotas do colégio, que só olhavam e pensando besteiras. Era um olhar terno, carinhoso... Que a fazia sentir como se estivesse de alguma forma protegida... Era uma sensação muito boa.
- Já te disseram que você é muito fofo?
- Ah, me falam isso todo dia... – Brincou ele, com ar de convencido.
- Hahaha espertinho. – Ela respondeu rindo, e mostrou a língua, com um ar de brincalhona.
- Sabia que quem mostra a língua pede beijo? – Ele disse olhando diretamente nos olhos da garota.
- Ah é? Não sabia... – Respondeu ela, mostrando a língua novamente.
- Isso já é provocação hein? Eu não me responsabilizo pelos meus atos...
Ela repetiu o ato, e ele não se segurou.
Precisava beijá-la, precisava tê-la nos braços. E assim o fez. Debruçou-se sobre a mesa, e a beijou, ao mesmo tempo terna e profundamente.
Foi um beijo carinhoso, mas com intensidade. Estavam nas nuvens...
Parara o beijo e se olharam por alguns instantes, até que o garçom chegou e os serviu.
Comeram em silencio, mas flertando com olhares...
Terminaram o jantar e ele a levou até a porta de casa.
- Hoje foi muito bom null. Muito obrigada. – Disse null, sorrindo.
- Quem se divertiu fui eu. Eu é que tenho a agradecer.
- Então foi bom pros dois, o que é muito bom…
- Isso significa um segundo encontro?
Ela não respondeu, mas se inclinou e o beijou de leve na boca.
- Isso significa um sim? – Ele perguntou.
Ela concordou com a cabeça, e selou seus lábios mais uma vez nos dele.
- Boa noite.
- Boa noite.
E assim terminaram a tão maravilhosa noite.
Capítulo 7
É claro que null não esperaria até o dia seguinte para contar tudo para as garotas né? Não, demoraria demais…
Afinal, para que servem todas essas tecnologias de comunicação instantânea senão para contar todos os acontecimentos com um garoto super hot, lindo e cavalheiro para as suas amigas?
Foi direto para o telefone e discou o numero de
null:
- null, entra no MSN agora?
- Mas… pra que? Fala aqui ué!
- Não, eu quero as meninas junto… Entra lá vai, por favor… E pede pras meninas entrarem também…
- Ah, aquelas duas já devem está lá… Estou entrando... Beijos…
- Beijo.
E assim as quatro se encontraram em uma janela de conversa.
null diz:
Ai garotas vcs não sabem o que aconteceu hj!
null diz:
Se vc falasse ia ser mais fácil do que adivinhar né, null?
null diz:
Aii que stress null, eu estou tentando fazer suspense >.<
null diz:
Dá pra conta logo que eu estou curiosa? Como foi o encontro com o bofe null?
null diz:
É conta logo! Como foi?
E assim ela contou tudo o que aconteceu…
null diz:
Ca-ra-ca! Porque eu não arrumo um desses pra mim?
null diz:
Ai que romântico! Esse é do tipo pra casar né? null casa com ele? *-*
null diz:
Hauhauhauha calma né null?
null diz:
Tá eu calmo... x] mas e ai, teve pegação? :p
null diz:
Meninaaa! Eu sou uma moça direita tah? (A) hsauihauihsa
null diz:
Ah, tá! E eu sou o bozo ¬¬
null diz:
Huasihuihsauihassa tá tá... a gentee... se beijou =] mas num foi pegação :p
null diz:
Uhuul! Olha a null pegadora xD
null diz:
Ah ele foi muito fofo null =]… Tomara que vcs dêem certo ^^
null diz:
Eu tb né? Eu não sei explicar… Mas com ele foi diferente dos outros meninos sabe? Ele é diferente…
null diz:
Mais bonito?
null diz:
Mais hot?
null diz:
Mais romântico?
null diz:
Mais cavalheiro?
null diz:
Mais… ta, eu fiquei sem adjetivos aqui ú.ú
null diz:
Hhauhsuahsuhsa aah, não é isso gente… ele faz com que eu me sinta mais… ah eu não sei explicar. Só sei que é mto bom e que eu não quero que fique por um encontro só. =]
null diz:
Mas agora eu vou dormir que eu estou cansada. Amo vocês!
null diz:
Ah eh, que lindo. Ela acorda a gnt e vai dormir. (Y)
null diz:
null fica quieta, vc já tava aqui ¬¬°
null diz:
E dai? Eu ia dormir tá?
null diz:
Tá, tá ¬¬ Boa noite null. Bons sonhos com o príncipe encantado ;)
null diz:
Boa noite null.
null diz:
Amo você, boa noite.
null diz:
Bjuh ejuh meninas…
E foi dormir… Mas sem vontade de sonhar. Já tinha vivido um sonho lindo, do qual não queria mais acordar…
Capítulo 8
- Bom dia, Fran!
- Bom dia minha querida. Dormiu bem?
- Aham!
- Nossa, nossa, mas que sorriso hein? A noite deve ter sido ótima!
- Pra falar a verdade, foi perfeita!
null era só alegria. Até seu pai estranhou...
- Oi minha filha.
- Oi paizinho!
- Qual o motivo de tanta felicidade?
- Nada não paizinho... – Ela respondeu, desconversando.
- Hahaha, tá bom minha filha, tá bom. Eu não vou perguntar de novo porque deve ser coisa de menina, certo?
- Hahaha, é paizinho...
- Eu estou indo trabalhar, quer que te leve pro colégio? Podemos por o papo em dia.
- Ai pai, quem é que diz ‘por o papo em dia’ hein? Hahaha vamos. Assim eu vejo se te atualizo um pouco. – Disse null, tirando sarro de seu pai.
Foram conversando sobre diversos assuntos, como colégio, musica, entre outros.
Quando chegou no colégio, já estava atrasada, e foi correndo para a sala de aula. Suas amigas estavam lá, e haviam guardado um lugar para ela, mas elas não estavam com uma cara muito boa.
Alem disso, percebeu que null não estava na sala...
- Oi garotas, tudo bem? – Perguntou ela.
- Oi null... – Responderam elas.
- Gente o que aconteceu?
Elas se entreolharam, como se decidissem com os olhares se contavam, ou não.
- Fala!
- A ex do null está ai. Pronto, falei. – Disse null.
- Precisava falar assim null? – null brigou com a amiga.
- Ah, ela ia saber de qualquer jeito não ia?
- Sim, mas a gente podia ter preparado ela melhor.
- Ah nada a ver, não ia mudar nada.
- Para de ser insensível null!
null e null continuavam discutindo, mas null parecia estar em outro lugar.
A ex do null? No colégio? Como assim?
Será que eles voltariam? Será que ele estaria com ela agora?
- null? – Perguntou null, que havia se mantido calada até este momento, tirando a amiga do transe.
- Oi?
- Tá tudo bem?
- Ahn... tá! Tá tudo bem... – Disse ela, forçando um sorriso.
- Tem certeza?
- Claro que tenho null... Ahn... Quando vocês dizem que ela está aqui, querem dizer o que?
- Se você está perguntando se ela só veio ver o null ou se ela vai estudar aqui, a gente não sabe. Tudo que a gente viu foi ela chegando, cumprimentando ele, e pedindo pra conversar.
- Hum... e os meninos?
- Ainda não chegaram.
- Nossa isso é que é estar atrasado.
- null, não tem problema nenhum ficar chateada... Você saiu com ele ontem e a ex dele já está aqui...
- Eu estou bem meninas! To falando sério. Agora vamos sentar que a professora entrou na sala...
E assim ela passou a aula toda pensando se null voltaria ou não com a ex, e se ela estudaria ou não no colégio.
Não queria pensar muito, para não se magoar sem motivo...
Afinal, quem disse que ele ainda gostava dela?
Capítulo 9
O dia passou e nem sinal de null. Os meninos haviam aparecido para a aula, mas foram embora assim que o sinal bateu.
null ainda não tinha a menor idéia do que aconteceria com ela e null agora... “Tomara que ele dê um fora nela... Ela não merece ele depois do que fez”, pensou.
Todavia, não foi bem essa a reação do garoto...
Flashback
- null? – Uma voz feminina chamou pelo garoto, que estava absorto na porta do colégio, pensando em rever null, depois de um longo fim de semana sem falar com a garota. “Hei... Eu conheço essa voz...”, pensou ele consigo. “Não... Não pode ser... ela não viria até aqui...”.
- null? – Insistiu a menina.
Ele se virou, e se deparou com...
- Carla? – Respondeu um null perplexo.
- Oi! – Ela respondeu com um enorme sorriso no rosto, e dando um beijo em cada bochecha do menino.
- Que é que você tá fazendo aqui?
- Nossa que recepção hein!
- Ah... Desculpa. Oi! – Disse ele forçando um sorriso. – Como você tá querida ex-namorada que me traiu e tá aqui na minha frente sem nem um pouco de vergonha na cara?
- Nossa, nossa, como estamos estressados, não? – Disse ela irônica.
- Ah Carla, vai fazer algo que te interessa em vez de me encher okay?
- Mas eu vim aqui porque senti saudades... E eu sei que você também sentiu. Vai dizer que não?
- Pouco humilde você, não?
- Poxa null, eu vim até aqui só pra te ver e você me trata assim? Eu já disse que me arrependi que mais você quer que eu faça?
- Ah, eu não sei ahn... Quero que você vá embora? – Dessa vez, ele resolveu usar as vantagens da ironia.
- Tá bom, eu vou embora. Mas antes eu vou falar tudo que tá entalado aqui.
Ele permaneceu quieto, e ela continuou.
- Eu errei sim. Mas me arrependi tá? Todos cometem erros, e eu cometi um terrível, eu sei. Não posso nem dizer que estava bêbada, porque seria outra mentira, e eu já estou cansada delas. Olha, você pode nunca me perdoar, e se você quer saber nem foi pelo teu perdão que eu vim aqui. Eu vim porque queria dizer que depois que você saiu eu pude perceber que... Que eu te amo null null. É eu sei. Meio tarde pra dizer isso, já que eu já estraguei tudo. Mas é o que dizem né, a gente só percebe o que tem depois que perde. Se eu pudesse voltar atrás eu voltava. Mas eu não posso. Tudo que eu posso fazer é torcer que um dia você resolva me perdoar, e que possamos ser amigos, pelo menos.
Quando terminou de falar, algumas lágrimas caiam de seus olhos.
null não sabia o que fazer. Sentiu seu coração bater mais forte quando ouviu a garota dizer que o amava.
Não sabia o que sentia de verdade. Depois do encontro com null pensava que havia esquecido Carla, mas depois do que acabara de ouvir, tudo era diferente, certo?
- Ahn... Eu não sei o que dizer. – Disse.
- Então não diz nada. – Carla respondeu se aproximando do menino e selando seus lábios no dele. – Você tem alguma aula importante hoje?
Ele fez que não com a cabeça.
- Então vem comigo? A gente pode ir pra minha casa conversar.
- Ahn... Tá. Pode ser.
Foram até a casa de Carla, mas fizeram tudo, menos conversar.
Parecia que haviam perdido muito tempo pra desperdiçar com conversas.
null não sabia nem o que pensar. Pensou se o que estava fazendo era errado, pois havia beijado null no encontro, mas pensando bem, eles não estavam junto oficialmente, certo?
E assim passou o dia: com Carla.
Capítulo 10
null estava em casa, deitada em sua cama, ao som de Beatles, quando Fran entrou no quarto:
- null telefone pra você.
- Quem é Franzinha?
- null.
- Ah! Brigada Fran – disse null, pegando o telefone. – Oi null!
- Oi null. Tem algum problema ligar ai na tua casa?
- Não, problema nenhum bobo.
- Ah, que bom. Ahn... null, eu preciso falar com você.
- Ué, você já tá falando espertinho. Hahaha.
- É, certo. Bom... Mas é que eu preferiria falar pessoalmente sabe...
- Claro... Não pode ser amanhã no colégio?
- Eu gostaria de conversar com você antes do colégio. É que eu quero falar com você antes que outra pessoa o faça.
- Nossa que medo. Hahaha. Ah null, se você quiser dar uma passada aqui em casa pode vir, meu pai ainda não voltou do trabalho.
- Tá bom. Em 15 min eu to ai okay?
- Okay. Beijo.
- Beijo.
null ficou pensando no que poderia ser tão urgente que não poderia esperar até o dia seguinte.
Ficou parada pensando por uns 5 min, quando se deu conta de que estava de pijama. “Oh my god! O null vai chegar daqui 10 min e eu de pijama! Preciso me trocar correndo!”, pensou.
E assim o fez. Não se arrumou muito, pois não tinha tempo. Colocou apenas uma calça jeans e uma regata justa, e prendeu seu cabelo em um longo rabo-de-cavalo.
Era incrível como ela ficava incrível com qualquer roupa.
Quando null chegou, Fran disse ao garoto que fosse direto ao quarto de null. Como já sabia o caminho, foi sem precisar de instruções.
Bateu na porta e foi atendido por uma garota sorridente:
- Oi null! Entra ai. “Cara, porque ela tem que ser tão linda? Assim fica tudo mais difícil”, pensou ele, sem perceber que ainda se encontrava na porta.
- Ahn... null? – Chamou a menina, tirando-o do transe.
- Ah, é. Desculpa. Você... Você tá linda, como sempre né.
- Ah null para, assim você me deixa sem graça. – Disse null, rindo. - Entra ai vai.
Fez como a garota mandou, e se sentou na cama.
- E aí... O que de tão urgente você tem pra falar comigo null?
- Boom... Eu não vejo uma maneira fácil de dizer isso então eu vou direto ao assunto okay?
- Ai null você ta me assustando, fala logo!
- A Carla veio me procurar hoje no colégio.
- Quem é Carla? – Ela sabia a resposta, mas por algum motivo queria acreditar que Carla fosse uma menina qualquer.
- A minha ex. Que na verdade agora é atual.
- Hum... – null tentou disfarçar, mas não pôde deixar de parecer desapontada.
- Olha, nosso encontro foi perfeito, e eu realmente gostei de sair com você, mas...
- null você não me deve explicações.
- Devo sim. Eu te beijei null, e agora to com outra.
- Na verdade, eu sou a “outra” né? – Disse a garota, fazendo aspas com as mãos. – Olha null... Se vocês se gostam têm mais é que ficar juntos. E tudo que eu posso fazer é torcer por vocês.
- Jura que não tá chateada querendo me matar?
- Claro que não seu bobo. A gente pode ser amigos. Certo?
- Eu adoraria! Até porque você é muito especial, e não gostaria que você saísse da minha vida assim tão rápido.
- Ah, claro que não né? Nem eu quero que você saia da minha. E quando eu conheço essa sua namorada misteriosa hein?
- Amanhã mesmo! Ela se transferiu pro nosso colégio!
null parecia estar nas nuvens, enquanto null queria cavar um buraco e se enfiar dentro. “Se transferiu pro nosso colégio”? Como assim? Teria que ver a menina TODOS OS DIAS? Uma coisa é fingir compreensão. Outra é ter compreensão, todos os dias.
Pelo visto null percebeu que a noticia não havia sido muito bem recebida.
- Algum problema null?
- Ah, nah! Quer dizer, legal! – Respondeu ela, forçando um sorriso. – Então amanha você me apresenta ela.
- É! Bom, é melhor eu ir. Se cuida tá?
- Há, eu sempre me cuido gatinho.
- Sei. Hahaha. Boa noite null.
- Boa noite.
null foi embora, e tudo que null conseguia pensar era em como reagiria quando conhecesse Carla. Acabou por adormecer em sua cama, sem nem ao menos trocar de roupa.
Capítulo 11
null acordou com seu telefone tocando. Levantou de mal-humor e atendeu, com uma voz sonolenta:
- Alô...
- Por favor, a null está?
- Quem tá falando?
- É o null.
Ela simplesmente congelou. null? Ligando pra sua casa?
- Oi null, sou eu. Aconteceu alguma coisa?
- Aconteceu.
- Que foi? – Ela estava começando a ficar preocupada.
- Eu to com fome.
- Como é que é?
- Eu to com fome null! Hahaha.
- Você me acordou pra dizer que está com fome?
Tá. Tudo bem que o null é muito hot, lindo e etc e tal, mas null amava dormir.
Não como todos que dormem quando estão cansados ou por pura necessidade. Se deixassem, ela passava o dia todo dormindo.
Seus pais viviam reclamando, dizendo que ela deveria aproveitar mais a vida, em vez de passar o dia todo trancada no quarto dormindo.
E ser acordada (mesmo por null) era uma das coisas que mais odiava.
- Hahaha, não né. Eu te liguei porque eu to afim de passar na Starbucks antes de ir pro colégio e queria saber se você não quer ir comigo.
- Ah, Claro! Quero sim. Você passa aqui na minha casa pra gente ir junto?
- Passo. To ai em 20 min ta?
- Ok.
- E desculpa por te acordar, não sabia que você ainda tava dormindo.
- Nah, magina. Eu teria que acordar daqui a pouco pra ir pro colégio mesmo... Bom, eu vou me trocar, a gente se vê.
- Ok, vê se não demora.
Exatos 20 min depois a campainha de null tocou, e a garota, muito sorridente, abriu a porta.
- Vamos? – Perguntou null.
- Vamos.
Fizeram como combinaram no telefone: passaram na Starbucks, onde tomaram café da manhã, e seguiram para o colégio.
null não podia acreditar em como o garoto era fofo. Estavam rindo muito, e ela precisava admitir que ficou ainda mais encantada com o garoto.
Capítulo 12
- Hey, olha lá o null chegando com a null! – Comentou null com os amigos, que estavam reunidos no pátio do colégio. – Será que ta rolando alguma coisa?
- Nossa null, como você é maldoso! Não é só porque eles tão andando juntos que tem alguma coisa rolando. – Respondeu null.
- Ah, como você é ingênua null! – O garoto brincou.
- Eu não sou ingênua, você que é um galinha que não consegue entender que amizade entre um garoto e uma garota é completamente normal.
- Se eu sou galinha o seu irmão não fica por menos.
- Até parece, meu maninho não é galinha.
- Você estudou com ele por quantos anos?
- Nenhum ué, é a primeira vez. A mamãe sempre disse que só causaria brigas.
- Pois é, eu estudo com o seu irmão desde a 4ª série, o que significam 8 ano de convivência. Ele não leva as garotas pra bater papo, ele gasta o tempo fazendo outras coisas, das quais você não pode saber.
- Puff! Não vou nem respon... Oi null, oi null!
- Oi! – Responderam os dois, muito sorridentes.
Todos os outros os cumprimentaram, mas null percebeu que havia algo estranho. Além dela, haviam sete pessoas reunidas, como sempre. Porém, null não estava lá. Em seu lugar se encontrava uma menina não muito alta, magra (quase esquelética), ruiva (claramente de farmácia), de olhos escuros e com uma aparência completamente superficial.
Vestia uma micro-saia que quase não se enxergava, uma bata tomara-que-caia e uma bota de salto alto com cano longo, que chegava até o joelho. Não só parecia oferecida, como agia como uma. Não parava de se esfregar em null e o beijava constantemente.
null não se conteve e perguntou:
- Não vai me apresentar a amiga null?
O garoto, que parecia não ter vergonha de agarrar a outra ali mesmo, no meio do pátio do colégio, estava tão distraído que nem ouviu null o chamar.
Foi quando null deu um tapa em sua cabeça e disse
- Ow! A menina ta falando com você!
- Hein? Ah, desculpa . O que você falou?
- Eu perguntei se você não vai me apresentar sua amiga.
- Nossa é verdade! null, essa é a Carla. Carla, essa é a null.
- Oi null. – Disse a ruiva com um sorriso forçado.
- Oi Carla. – Respondeu null, com o mesmo sorriso. – Cadê a null gente?
- Ela ainda não chegou. – Disse null. – O que é muito estranho porque ela nunca chega atrasada.
- É verdade.
- Será que aconteceu alguma coisa? – Dessa vez quem perguntou foi null, que quando ouviu ‘null’ desgrudou de Carla quase que imediatamente, e estava com uma expressão visivelmente preocupada.
- Acho que ela deve ter dormido mais, só isso. Quando eu liguei pra ela ontem de noite ela tava bem cansada. – Respondeu null.
- Não é melhor dar uma ligada pra ela? – Insistiu o garoto.
- Porque é que você ta tão preocupado com essa garota hein null? – Carla parecia estar muito incomodada com a preocupação do namorado.
- Porque pode ter acontecido alguma coisa.
- E o que você tem a ver com isso?
- Eu sou amigo dela.
- E daí?
- Pára de ser insensível garota!
- Eu não to sendo insensível, é você que ta se preocupando demais com uma garota que você mal conhece!
- Realmente, eu não a conheço há muito tempo. Mas esse pouco tempo ela se preocupou comigo mais do que você, nos dois anos que a gente se conhece!
Os dois discutiam ali, no meio de todos. Os outros apenas os encaravam, sem saber o que fazer.
- Como você se atreve a dizer uma coisa dessas? Eu sou sua namorada, é claro que me preocupo com você!
- Beijando outro? Que boa maneira de se preocupar!
- Pelo amor de Deus, eu já pedi desculpas! Vê se supera isso!
- Olha aqui... – Ele ia continuar a falar, mas viu que null se aproximava e foi quase correndo falar com ela. – null você ta bem?
- Nossa que cara é essa null? Aconteceu alguma coisa? – Respondeu a garota.
- Eu é que pergunto! Que foi que aconteceu pra você chegar só agora?
- Nada ué! Eu tava com fome e pedi pra Fran fazer meu café, mas ela tava ocupada e pediu pra eu esperar. Ai eu decidi fazer panquecas, mas eu não sou muito boa na cozinha sabe – Ia dizendo rindo, - ai eu fiz uma bagunça imensa, e a Fran ficou uma fera. Então eu resolvi ajudar ela a limpar.
null, que ria imaginando a cena, abraçou null e disse em seu ouvido:
- Não me assusta assim de novo ta?
- Desculpa paixão, não imaginei que você ia ficar preocupado. – Respondeu null, arrepiada pelo sussurro em seu ouvido.
Quando voltavam para onde o grupo estava, null viu que Carla não se encontrava lá, mas nem havia pensado em perguntar quando null disse:
- A Carla foi pra sala e disse que depois quer falar com você.
- Ah, ela é da nossa sala? Eu ainda não a conheci. – Disse null, na verdade torcendo para que a resposta fosse negativa.
- Não, ela é do 2° ano.
- Ah, que pena.
Claro que não foi uma pena. Chegou no colégio mais tarde para não ter que ficar muito tempo com a garota, e pretendia ir embora o mais cedo possível, com o mesmo propósito.
E assim o fez.
Capítulo 13
Todos estavam estranhando a atitude de null, que mal falara com ninguém no colégio. Ela era conhecida por sua alegria, espontaneidade, e naquele dia apenas assistiu às aulas, fez suas anotações, e nem sequer respondeu os bilhetes das meninas. Para ser mais justa, ela respondeu dizendo que estava ocupada e não podia conversar.
Apesar de perceberem que algo estava errado, preferiram não se intrometer, até porque null não era muito aberta, e não gostava muito de falar sobre seus problemas.
Todavia, os garotos e garotas não estranhavam apenas a atitude dela, mas a de null e null também, já que não paravam de conversar, rir e trocar olhares por nem um minuto sequer.
Depois da aula, quando null havia acabado de ir embora, estavam decidindo o que fazer no resto do dia.
Acabaram por ir a sorveteria, onde conversaram, brincaram, riram e... se beijaram!
Não apenas null e Carla (esses realmente não se desgrudavam), como também null e null e null e null!
Como? Quando? Vamos voltar nossa historia um pouquinho pra você entender...
Flashback:
Todos estavam muito felizes e rindo muito, quando null percebeu os olhares trocados por null e null, e resolveu zoar os amigos:
- O que vocês tão esperando?
- Pra que? – null perguntou confusa.
- Pra se beijar, duh. – null respondeu como se fosse obvio.
Enquanto a garota ficou vermelha, null respondeu:
- A mesma coisa que você e a null.
- Hahaha, se ferrou! – null se pronunciou, rindo da cara de surpreso que o amigo fez.
- Cala a boca null! Então você ta esperando pelo mesmo motivo que eu to esperando?
- Isso mesmo.
- Mas é um bebezão mesmo, não consegue nem tomar atitude sozinho.
As garotas assistiam àquela cena caladas, sem saber o que falar. Estavam morrendo de vergonha.
null então passou sua mão pelo pescoço de null, que se arrepiou com seu toque. Foi se aproximando do rosto dela, e quando chegou perto o bastante para sentir a respiração da garota, selou seus lábios no dela, que logo abriu sua boca para intensificar o ato.
Todos os presentes olhavam boquiabertos, já que o garoto havia agido com tanta rapidez.
- Sua vez garotão. – Provocou null, se dirigindo a null, que também não perdeu tempo e se envolveu em um profundo beijo com null.
Passaram o dia todo assim, conversando nos intervalos dos beijos.
Com exceção de null e null, que estavam muito ocupados brincando com os guardanapos.
Quando os últimos dois olharam para os amigos, que estavam ‘se engolindo’, como disse a própria null, decidiram interromper pra ir pra casa.
- Arrumem um quarto! – Brincou null.
Todos se separaram. Os meninos com caras de satisfeitos, e as meninas com um misto de satisfação e vergonha. Com exceção é claro, de Carla, que disse em alto e bom som:
- Ate que é uma boa idéia! Ta a fim de ir lá pra casa amor? – Ela perguntou com uma cara bem maliciosa.
- Ah, eu não sei não Carla.
- Vamos amor, qual é, já faz um tempinho que a gente não..
- Ta, ta, eu vou. – null a interrompeu antes que a garota completasse a frase, e se levantando para se despedir dos amigos.
- Falô dude, a gente se fala depois. – Disse null.
Os outros decidiram encerrar o dia por ali, e foram cada um para sua casa.
Você deve estar pensando ‘nossa, mas que rápido tudo isso!’. Pois é. É como acontece no século 21...
End Flashback
Capítulo 14
Quando chegou em casa, null foi direto para o quarto ligar para null e contar o que havia acontecido. Mas quando ligou, Fran disse que a garota estava dormindo, e pediu que null ligasse mais tarde. “A null ta agindo muito estranho”, ela pensou consigo; “Eu acho que vou até lá, assim ela não tem como fugir de mim e vai ter que me explicar o que ta acontecendo”.
Como moravam muito perto uma da outra, a menos de 3 quarteirões de distância, logo estava na porta da casa da amiga tocando a campainha.
Como sempre, Fran atendeu à porta, e disse quase que sussurrando para null:
- Ela ta no quarto dela, mas não está dormindo. Fala com ela e vê se descobre o que essa menina tem!
A garota piscou e logo foi em direção ao quarto da amiga.
Quando chegou na porta, que estava aberta, viu a amiga sentada em sua escrivaninha, escrevendo. Bateu na porrta e percebeu que null havia levado um susto.
- null! – Disse espantada. – Ahn... O que você ta fazendo aqui?
- Oi null, eu to bem, como você ta? – Respondeu null, com um nítido sarcasmo em sua voz. – Espero não ter te acordado.
- Ah amiga, me desculpa, mas eu não tava afim de conversar e eu sabia que você ia me fazer mil perguntas.
- Que bom que você me conhece, porque assim e u não preciso nem falar que não saio daqui até você me falar tudo.
- Falar o que? Não tem nada pra falar.
- Desembucha null!
A mesma ficou quieta por alguns instantes, sem saber o que dizer. Realmente queria se abrir com sua amiga, mas não sabia o que dizer, não sabia exatamente o que estava sentindo. Nunca havia se sentido assim, até conhecer null.
- Você quer saber o que ta acontecendo comigo? Bom, ta ai uma resposta que eu também to procurando! Eu não sei o que ta acontecendo comigo null! Eu to confusa, eu to sem vontade de fazer nada, eu passo o dia todo pensando num garoto que eu mal conheço e que ainda por cima tem namorada! – Enquanto falava, lágrimas escorriam por seu rosto delicado. –Então se você descobrir o que acontece comigo me avisa, porque eu também to louca pra saber!
null ouvia tudo calada e séria, mas logo abriu um sorriso, o que fez null dizer:
- Ah, esqueci de dizer que minha amiga ainda ri da minha cara!
- Bom... Na verdade eu não to rindo da tua cara. null, é bem obvio o que acontece com você.
- E é bem obvio que não pra mim!
- Amiga você ta apaixonada.
- Eu... O que? – Essa era a resposta que null estava tentando não encontrar. –Ah null, se liga!
- Ta sim! Ta apaixonada pelo hottie do null!
- Eu to né? – Agora as duas se encontravam rindo, e se jogaram na cama. – OMG! O que eu faço null?
- Luta pelo garoto ué!
- Ah, você fala como se fosse muito fácil!
- E não é? Você é linda, tudo que todo garoto quer! E o null não é exceção.
- Exceto pelo fato de que ele...
- ...Tem namorada, sim, eu sei né? Mas olha, pelo jeito que ele tava com ela hoje, eu posso até me arriscar a dizer que ele nem gosta dela.
- Se ele não gosta dela, porque voltou com ela?
- Não sei, também não sou vidente né?
- Hahaha, é né... Hei você disse hoje? O que aconteceu hoje?
- Putz, eu não te contei ainda! Quem manda você ir embora cedo, perdeu tudo!
- Perdi o que guria, fala logo!
E assim null contou tudo o que aconteceu nesse dia, e passaram o tempo todo rindo, fofocando, e conversando sobre tudo.
null decidiu dormir lá, já que perderam a noção do tempo e havia ficado tarde. Afinal, a garota tinha muitas roupas na casa de null, devido a tantas noitadas improvisadas. No dia seguinte iriam juntas ao colégio, e null definitivamente ia lutar pela atenção de null. Nenhuma ruiva peituda a deixaria mal, não mesmo!
Capítulo 15
O dia seguinte no colégio foi normal: chegaram juntas, cumprimentaram todos e assistiram às aulas.
null tratou null normalmente, como sempre o havia tratado. Surpreendia-se com a capacidade que o garoto tinha de alegrá-la com apenas um sorriso. “E que sorriso!”, pensava ela.
Todos estranhavam o jeito que null tratava Carla, afinal, sempre fora muito apaixonado por ela e agora estava tratando-a como uma garota qualquer.
- ... Aí eu disse que não tinha nada a ver porque aquele vestido não era nada moderno...
- Carla, pelo amor de Deus, dá pra não falar das tuas futilidades por um dia? Só um dia, é tudo que eu peço!
As meninas se entreolharam, e os meninos olhavam de null pra Carla, todos sem saber o que fazer ou dizer.
Carla, por outro lado, respondeu:
- Você não pode falar assim comigo!
- Ah, não? E desde quando eu preciso de permissão pra saber como devo falar com você? – Ele disse, levantando a voz.
- null, pára! Tá todo mundo olhando! A gente conversa depois.
- Eu não tenho nada pra conversar, Carla. Tô cansado de você só falando de coisas fúteis e inúteis; vai ler um jornal, uma revista que não seja de fofoca e cresce na vida!
- Eu não tô te entendendo, null. Por que tudo isso agora? Eu sempre fui assim e foi assim que te conquistei! - Enquanto ela falava, seus olhos se enchiam de lágrimas, e logo a primeira rolou por seu rosto.
- Pois é. Você é assim, e sempre vai ser. Eu te conheci assim e me apaixonei assim, mas eu mudei. E acho que de certa forma, eu também achei que você fosse mudar. Mas não vai, né?
Agora ele já falava mais calmo e estava chocado quando chegou a uma conclusão:
- Eu acho que a gente não tem mais nada a ver, Carla.
- Amor, não diz isso! Eu amo você! Eu me mudei pra esse colégio pra ficar perto de você, pra reparar o meu erro! – Ela já chorava desesperadamente, e todos a olhavam com certa piedade no olhar.
- Eu não duvido que você me ame, Carla, não mesmo! Mas... Eu não te amo mais.
- Como é que é?
- Desculpe, eu... Eu tentei! Mas eu acho que gosto de outra pessoa agora.
Nesse momento, todos olharam diretamente para null, como que esperando uma resposta, uma resposta que não veio.
- Me desculpe, eu acho melhor eu ir embora, eu não tô bem. Depois a gente conversa melhor.
Dito isso, saiu andando, deixando todos completamente abismados com o que tinha acabado de acontecer.
null não conseguia pensar em nada. null apaixonado por outra garota... Seria ela? “Não viaja, null”, ela disse a si mesma.
O dia terminou de uma maneira bem diferente, mas com bastante esperança.
Capítulo 16
null foi para casa pensando no que fazer, agora que tinha terminado com Carla e declarado que amava outra garota, na frente de muitos olhares curiosos. Incluindo o da garota amada.
“Será que ela sabe que eu estava falando dela? Será que eu estraguei tudo falando as coisas desse jeito? Será que ela vai me perdoar por ter feito tudo que eu fiz?” Essas perguntas não paravam de passar pela cabeça do garoto, que estava a mil.
Chegou em sua casa e foi direto pro quarto, ignorando as perguntas de sua mãe, que queria saber como tinha sido o dia no colégio e se não iria almoçar. Típicas perguntas de uma mãe preocupada.
Mas ele não estava com cabeça para nada no momento. Sabia que tinha errado ao beijar null e voltar com Carla logo em seguida; sabia que tinha perdido uma garota incrível. Mas estava disposto a fazer de tudo para reconquistá-la.
Deitado em sua cama, olhava para todos os cantos do quarto, procurando uma inspiração.
Foi quando viu seu violão e teve uma idéia brilhante.
Pegou-o e começou a compor. Escrevia num papel tudo que sentiu desde o dia em que conheceu null : quando ele não falava quase nada, quando ela o ajudou a superar suas decepções... Ela era tudo que ele precisava, e ele não podia deixar que escapasse.
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- Gente, o que foi aquilo com o null hoje? – Perguntou null, andando de mãos dadas com null .
- Boa pergunta, nunca pensei que veria o null terminando com a Carla. – Respondeu null, que, por sua vez, andava de mãos dadas com null .
- Mas pelo jeito ele estava bem decidido! – null afirmou, enquanto entravam na sorveteria.
- Claro, ele deu mó corte na garota! Eu quase fiquei com dó. – Disse null .
- Quase, null? – null perguntou.
- Quase. Ela ainda é uma ruiva peituda e fútil.
Todos riram desse comentário e, depois que pegaram seus sorvetes, sentaram-se na mesa. null, por sua vez, havia pegado apenas um refrigerante e permanecido quieta o percurso todo, como se estivesse em seu próprio mundo. Só concordava com a cabeça quando lhe dirigiam a palavra e continuava em silencio.
- E a tal garota, hein? De quem será que o null tava falando? – Foi a vez de perguntar.
- Ah, como se vocês não soubessem! É bem óbvio de quem o null tava falando. – null respondeu e os meninos concordaram. As meninas os olharam com muita curiosidade, e perguntou de quem eles estavam falando. null então, resolveu responder logo.
- Dude, é obvio que o null tava falando da null !
null, que tomava seu refrigerante, engasgou ao ouvir tal comentário.
- Como é que é? – Ela perguntou.
- Ah null, nem se faz de desentendida que todo mundo sabe que vocês se gostam. – null disse.
- Eu... Eu não tô entendendo nada.
- null, você não precisa fingir. Aqui todo mundo é teu amigo. – null disse, como que encorajando a amiga a desabafar.
- Mas... Tá tão óbvio assim que eu gosto dele, gente?
- MUITO! – Todos disseram e começaram a rir, inclusive null.
- Ai, meu Deus... Mas gente, não pode ser de mim que ele falou, senão ele nem teria voltado com a Carla quando a gente ficou!
- Ah null, ele tem direito de se confundir! E acho que agora ele caiu na real. – null falou.
- Uau null, como você tá profundo hoje! – Brincou null .
- Falando nisso... Eu preciso conversar com você, .
- Hein? – Perguntou .
- Vamos lá fora comigo?
- Er... Vamos.
Enquanto os dois saíam da sorveteria, todos conversavam e davam risada. null estava bem melhor: seria este o momento em que ficaria tudo bem, e ela finalmente ficaria com quem a faz feliz?
Desde que se conheceram, os garotos montaram uma banda, chamada McFly. Ensaiavam sempre que possível e tocavam para as meninas, mas nunca haviam feito nenhum show. Por influência das meninas, eles resolveram gravar algumas músicas e fazer um profile no MySpace, pra divulgar a banda.
Assim, quando menos esperavam, tinham um show marcado em uma casa de shows local.
Era um sábado, dia do tão esperado show.
Enquanto os meninos passariam o dia todo ensaiando, as meninas iriam às compras para comprar presentes para os novos artistas e, é claro, roupas novas para a ocasião.
O dia passou rápido e as garotas se arrumavam na casa de null.
null usava uma regata roxa com uma calça jeans e um all star também roxo e com detalhes em preto; seus cabelos compridos e cacheados agora se encontravam lisos e ainda mais longos, divididos ao meio e apenas a franja de lado. null estava toda de preto, uma camiseta estampada com o logotipo dos Beatles (que lhe caía perfeitamente); usava seu all star preto de cano longo sobre sua calça jeans skinny. null não fugia do padrão “camiseta, jeans e all star”, mas estava mais maquiada que as outras.
null era bem eclética e gostava de todos os tipos de música, mas acreditava mais na individualidade, e não concordava em vestir preto e all star só porque ia a um show de rock, a não ser que se sentisse a vontade. Claro que bom senso não lhe faltava e não iria ao show com seu melhor vestido de gala e um super salto fino, mas sempre gostava de se arrumar mais do que as outras e, por isso, acabava se destacando mais que as amigas em determinados lugares. Por todos esses motivos, ela era também a que mais demorava pra se arrumar, o que já estava deixando as garotas impacientes.
- Vamos null, você ta ai há uma hora! – Gritava null. – Assim a gente não vai conseguir pegar um lugar decente!
- null, para de me apressar! A gente não tem que chegar cedo porque a gente vai no camarote esqueceu? – Respondeu null.
- Ta, mas faltam 20 minutos pro show e desse jeito a gente vai perder o começo! – falou.
Cansada de ouvir as meninas, null decidiu que era melhor elas irem na frente, para que pudesse se arrumar em paz. Afinal, nada legal o fato de elas terem usado seu espelho por tanto tempo deixando que ela se arrumasse por último e ainda apressando-a.
Demorou mais uma meia hora para acabar de se arrumar, e quando olhou no relógio percebeu que estava realmente atrasada...
Na casa de shows, os meninos já estavam tocando e a platéia estava realmente curtindo. Para o McFly, essa era uma oportunidade incrível e eles mal podiam acreditar no que estava acontecendo. O local não era enorme, mas também não era pequeno, e estava LOTADO! A divulgação pela internet teve uma repercussão muito maior do que pensavam. Eles tinham consciência de que a banda já não era desconhecida, devido as mensagens que recebiam no MySpace, mas nunca imaginaram que tanta gente conhecia e cantava suas músicas!
Parecia um sonho. Menos para null, pois null ainda não tinha chegado e ele estava contando com sua presença. Havia preparado uma surpresa. Já não importava mais. Ela não viria.
- Não da pra cortar caminho por algum lugar não? – Perguntou null ao taxista.
- Desculpe senhora, mas esse é o único caminho possível.
- Ta muito longe ainda?
- Não muito. Em um dia normal demoraríamos mais uns 10 minutos de carro, pois não há muitos faróis e aqui os carros andam rápido, mas com esse trânsito...
null e as amigas estavam aproveitando tanto o show que nem repararam a ausência de null.
- Valeu galera! – Agradeceu null. – O show foi ótimo, vocês foram incríveis!
- É, muito obrigado, vocês foram foda! – Concordou null.
Todos aplaudiram e gritaram o nome dos meninos. Eles realmente estavam crescendo como artistas.
- Não esperávamos tudo isso e só temos a agradecer. Isso é um sonho e estamos compartilhando essa realização com vocês! – Completou null. – Até a próxima galera, valeu!
E então saíram do palco e foram para o camarim, seguidos pelas garotas, que estavam com passes livres. Lá, comemoraram juntos o que prometia ser o começo de uma grande carreira musical.
Quando null se levantou para ir ao banheiro, null se viu sem ninguém para agarrar. Foi quando reparou em null.
Ele se encontrava sentado em um dos sofás, com o olhar fixo em suas mãos. Essas por sua vez, estavam cruzadas e apoiadas em seus joelhos. Seu olhar estava fixo, porém perdido. Emanavam uma enorme tristeza, um desapontamento. Se null não conhecesse null, podia jurar que o amigo estava prestes a chorar. Mas ele nunca chorava. Não na frente dos amigos.
null era daquelas pessoas que sofrem sozinhas, que não compartilham os sentimentos. Não por não confiar nos amigos, mas por estimá-los demais.
“Como assim?”, você pode perguntar. Acontece que ele pensava que ao dividir seus sentimentos e angústias, dividia também a tristeza, e não suportava ver as pessoas que amava com tristeza no olhar. Muito menos por sua culpa.
Após observar null por um tempo, null resolveu falar com ele.
- null, ta tu... – Mas foi interrompido por uma garota que acabara de entrar no camarim.
Estava com um vestido curto cor-de-rosa, e com uma bota de salto plataforma. Seu longo cabelo estava preso em um rabo-de-cavalo com apenas uma mecha solta que caia em seus olhos discretamente. Seu pescoço estava envolto por um colar delicado com um grande pingente de coração. Sua maquiagem estava leve, mas o suficiente para esconder qualquer falha que ali pudesse ter e realçar qualquer qualidade. Estava linda, como sempre.
- Eu... Tentei... Me... Desculpem! – Ofegou null, tentando recuperar o fôlego.
- null, o que aconteceu com você? – Perguntou null, preocupado com o estado da amiga.
- Eu... Vim... Correndo... E...
- Calma null, respira. – null a fez sentar e lhe deu um copo d’água.
Quando ela conseguiu se acalmar, explicou o porquê de seu atraso e disse que sentia muito, mas que não contava com o trânsito. Contou que quando o taxista havia lhe dito que não estavam muito longe, mas que o trânsito o fariam demorar muito, decidiu sair do táxi e começou a correr, até chegar onde estavam.
- Ah meninos, eu sinto tanto! – Disse null, com os olhos cheios de lágrimas. Estava morrendo de vergonha e decepção de si mesma. Não acreditava que havia perdido o show mais importante da carreira dos amigos.
- Tudo bem null, a gente desculpa. Não é nada tão grave assim. – Disse null.
- Nada importante mesmo, não é? – Provocou null.
-Claro que era importante! – Respondeu null.
- Não o suficiente pra fazer você chegar a tempo.
- null, eu...
- Ah dá um tempo null! – Ele levantou a voz. – Você fica agindo como se fosse a garota mais correta do mundo, como se fizesse tudo da melhor forma, dá um tempo!
Lágrimas que já estavam acumuladas nos olhos de null agora já não permaneciam quietas e rolavam por seu delicado rosto.
- Do que você ta falando null?
- Do que eu to falando? Não seja cínica garota! Você perdeu o show por quê? Porque estava ocupada demais para colocar a melhor roupa! Claro, a dondoca não pode sair de casa sem sua super produção! Tem que dar o show e fazer todos olharem pra ela!
- Dude, você ta pegando pesado. – Interferiu null.
- É null, pára! A null não merece ficar ouvindo essas coisas de você. – Disse null, defendendo a amiga.
- Não. – Disse null, enxugando as lágrimas. – Ele ta certo. Me desculpem meninos, de novo. – Dizendo isso, se levantou e saiu.
Foi andando sem direção até perder as forças e se render ao choro. Sentou ali mesmo, no meio do palco. O show já havia acabado há algum tempo e por isso não havia ninguém na platéia, e as poucas luzes que se encontravam acesas, aos poucos iam sendo apagadas.
- Seu retardado, você viu como ela ficou? – Gritou null.
-É dude, ela ficou péssima. – Concordou null.
null estava completamente envergonhado. Havia se deixado levar pela emoção e havia exagerado. Não pensava nenhuma daquelas coisas de null, claro que não! Sob seu ponto de vista (n/a: POV *-*) ela era perfeita.
- Quem vai começar a me xingar e me falar tudo que eu mereço ouvir agora? – Perguntou.
- Ninguém né cara. – Disse null. – A gente sabe que você ficou chateado porque não conseguiu colocar seu plano em prática.
- Plano? – Perguntou null, pela primeira vez se manifestando. Não gostava de se meter nas discussões, mas sua curiosidade era maior. – Que plano?
- Ah... Eu...
- Fala logo null!
- Ah, esquece, já era mesmo, o show já acabou.
- Na verdade null, eu acho que a gente pode dar um jeitinho... – Disse null.
null estava ainda sentada no palco. Já não soluçava mais, mas ainda não conseguia conter as lágrimas.
Quando a última luz se apagou e ela se levantou para finalmente ir embora, ouviu uma voz. Uma linda e suave voz. Olhou a sua volta e não viu ninguém. Parou então para tentar reconhecer a voz, e reparou que era uma voz conhecida... E que cantava.
I watched your face a million times.
It showes the invitation that I can't refuse.
Win or loose.
Head in noose.
Trapped each day.
I looked for possibilities to change course of destiny.
Not one thing I tried, fill me up inside.
So now I say..
I will always be with you.
Close by hand,day by day.
I'll be always beside you.
Till the morning comes, till the morning comes our way.
(Eu observei seu rosto um milhão de vezes.
Ele mostra o convite que não posso recusar
Vencer ou perder
Cabeça na armadilha
Aprisionado cada dia.
Procurei possibilidades de mudar o curso do destino
Nem uma das coisas que eu tentei me preencheram
Então agora eu digo
Eu sempre estarei com você
Perto pelas mãos, dia após dia
Eu sempre estarei do seu lado
Até a manhã chegar, até a manhã vir ao nosso caminho.)
Quando a música parou, uma luz se acendeu, e null pôde ver...
- null?
Não havia surpresa em sua voz. Reconheceu a voz do garoto em apenas alguns segundos.
Ele se aproximou de null e com um certo desespero em sua voz começou a lhe pedir desculpas.
- Me perdoa null, eu fui um estúpido!
- Não null, você realmente tava certo, eu não devia...
- Deixa eu falar. – Pediu ele, colocando seus dedos nos lábios da garota. – Eu gritei com você porque eu tava chateado, triste e decepcionado. Eu tava contando com a sua presença no show pra te fazer uma surpresa. Eu queria tocar essa musica pra você, essa que eu acabei de cantar e que compus especialmente pra hoje, pra você. Claro que agora não teve o efeito que teria em um show, com todas as pessoas, e os caras tocando também, e a iluminação...
- Com certeza a sua surpresa não teve o mesmo efeito que teria com tudo aquilo que você acabou de falar. – Interrompeu null, dessa vez com seus dedos nos lábios dele. – Foi muito melhor!
null foi então surpreendido por um beijo apaixonado de null. Suas mãos percorriam as costas do garoto, enquanto as dele traziam seu corpo mais pra perto. Foi, sem dúvidas, o beijo mais apaixonado que teriam em toda a vida.
Não é preciso dizer que eles ficaram juntos depois desse episódio. Tiveram problemas, mas os superaram juntos. Foram para a faculdade, juntos. Ficaram um tempo separados, mas logo perceberam que pertenciam um ao outro. Foi quando ele a pediu em casamento.
Os céticos hão de duvidar e dizer que é impossível um casal bobo e apaixonado de adolescentes acabar se casando. Mas sou a prova viva de que não só é possível, como realmente aconteceu,
Meu pai, null, e minha mãe, null, sempre me contaram sua história, e eu decidi que era hora de compartilhá-la com todos vocês, já que hoje nos reunimos aqui para comemorar 20 anos de casados, e esse é meu discurso.
Perdoem-me se tomei um tempo muito grande, mas não encontrei forma melhor de explicar o amor dos dois.
Pai, mãe, vocês me mostraram o que é amor de verdade, e eu só tenho a agradecer. Eu amo vocês, e como vocês sempre dizem um para o outro: “Sempre juntos. Always with you.”
Comentários da autora...
Bom, em primeiro lugar mil desculpas pela super demora, mas eu fiquei sem pc por um bom tempo e nao dava pra att. Ai eu voltei, e tive uma megaa crise de criatividade, mas fiz meu maior esforço pra terminar a história de uma forma legal. Se eu consegui depende da opinião de vocês x) Queria agradecer a todo mundo que leu, de verdade. Eu agradeceria uma por uma como eu sempre fiz, mas não lembro onde parei da ultima vez =/ Então se vc já comentou aqui, pense que teu nome tá aqui na n/a, e que eu to te agradecendo mto :D é isso. Bjo ejo pra todo mundo :D