- Não, mamãe. Estou grandinha o suficiente para saber que Papai Noel não existe! – dizia a garotinha para a sua mãe.
- Querida, o Papai Noel existe sim. Você só precisa acreditar! – encorajava a mãe.
- Não, não e não! Eu já tenho 7 anos, não sou mais uma criancinha boba que acredita em tudo! – ela empinou o nariz.
A sua mãe riu. Até parece que com 7 anos ainda não se é mais criança.
- Mas faça a cartinha, filha. Pela mamãe. – a mãe dela sorriu e a levou até a mesa – Escreva para o Papai Noel o que você quer ganhar.
- Vou escrever só por que a senhora está me pedindo, porque eu não acredito em Papai Noel. – a menina sentou-se e, com uma expressão emburrada, pegou o lápis que estava posto ao lado do papel.
A mãe foi para seu quarto e a menina ficou sentada. Não sabia o que iria escrever. Na verdade, nem queria escrever pois achava que acreditar em Papai Noel era muito infantil. Bufou e começou:
Papai Noel,
Sei que não fui muito obediente durante o ano, mas o senhor tem que me entender... Na minha idade, os problemas vem a toda hora. Mamãe e papai enchendo o saco, esses garotinhos que não sabem o que querem da vida, todos apertando suas bochechas e te dizendo ‘Como ela é lindinha’ ou ‘Como você cresceu!’ isso complica a cabeça de qualquer um.
Bem, eu quero ganhar de Natal um ursinho de pelúcia, e quero que você peça para Papai do Céu trazer meu amiguinho de volta para a gente brincar, por uma noite pelo menos.
Obrigada Papai Noel,
E por favor, mesmo que não dê para me dar o ursinho, deixa eu brincar com o .
Beijos,
.
Ela leu e releu a carta várias vezes. Decidiu que estava bom. Mesmo não acreditando em Papai Noel, ela queria realmente que tudo virasse realidade. Principalmente que Papai do Céu deixasse seu amiguinho brincar com ela. Esse amiguinho de quem falou se chama . Eles se conheciam desde os 3 anos de idade e eram muito próximos, até que, a um ano atrás, sofreu um acidente de carro e acabou partindo dessa para melhor. A menina sofreu muito com tudo isso e teve que passar por várias sessões com uma psicóloga. Ela já estava mais conformada, mas sentia muita falta do amigo.
- Filha, terminou? – perguntou a mãe ao vê-la levantar da mesa.
- Terminei! – ela entregou a folha à mãe – Não lê, mãe, é pro Papai Noel!
- Ah sim, não vou ler, filhinha. Vou colocar no correio. – a mãe sorriu e saiu.
A menina rolou os olhos e foi para seu quarto.
deitou na cama e ficou encarando o teto por longos minutos. Já havia anoitecido, e várias estrelas brilhavam no céu. De repente, ela viu uma luz forte vir da sua janela. Cobriu os olhinhos com as mãos e, quando a luz diminuiu um pouco mais, ela pôde ver melhor. Era ! Ele estava lindo, e tinha uma roupa toda branca.
- ? – a menininha sorriu.
- , que saudades! – ele a abraçou.
- ... Por que você foi embora? Por que você me deixou? Por que você foi morar com o Papai do Céu? Você não gostava de morar com seus pais?
- Gostava . Mas eu tive que ir, quando Papai do Céu chama, não tem como a gente fugir...
- Por que ele quis que você fosse morar com ele?
- Porque depois do acidente que eu sofri, ele achou que eu não seria feliz aqui na Terra e me levou com ele...
- E como é a casa dele?
- É legal, é no céu. Tem vários anjinhos lá e todo dia chegam várias pessoas para morar com ele.
- E cabe todo mundo lá?
- Cabe. Lá é bem grandão e cabe todas as pessoas do mundo.
- Eu não vejo a hora dele me levar para eu poder ficar com você!
- , não diz isso. Morar lá é legal, mas você vai ficar longe de toda a sua família e eles vão ficar tristes.
- E por que seus pais deixaram o Papai do Céu te levar, então? – a menininha estava confusa.
- Porque eles não podem escolher. Papai do Céu é o dono do nosso destino e a gente não pode fazer nada, é ele quem decide tudo que acontece com a gente, e ele decidiu que eu tinha que ir pro céu ficar com ele.
- ... Eu... Eu nunca vou ter um amigo que nem você... – começou a chorar e o garoto a abraçou.
- Pára de chorar, . Você pediu para eu vir para cá para a gente brincar lembra? Não quero ver você chorando.
- Tá, tudo bem. – ela sorriu limpando as lágrimas.
- Ah! Você queria um ursinho de pelúcia, né? Aqui, Papai Noel mandou te entregar. – ele entregou um ursinho de pelúcia à ela. Era branco, com um grande coração na barriga e um laço vermelho na cabeça.
- Que lindo! – ela pegou o ursinho. – Espera, você falou com o Papai Noel? Ele existe?
- Claro! Como você acha que eu vim parar aqui? Ele leu sua a carta.
A menina estava boquiaberta. Papai Noel era o máximo! E agora, ela definitivamente acreditava nele.
- Quanto tempo você pode ficar aqui comigo?
- Não sei... Mas tenho pouco tempo aqui, logo terei que voltar. – ele disse meio cabisbaixo.
- Poxa, que chato... Eu não quero ficar sem você de novo aqui! Pede pro Papai do Céu me chamar para morar com ele?
- Não dá . Mas um dia, ele vai te chamar.
- E você vai me esperar, né? – ela sorriu.
- Vou! – o garoto sorriu de volta. Os dois se abraçaram e ficaram um bom tempo assim.
- ? – a menina desfez o abraço e sussurrou próxima a ele.
- Oi?
- Posso pedir uma coisa?
- Pode!
- Promete que não vai ficar triste comigo?
- Prometo!
- Tá... – as bochechas dela coraram – Me beija?
- Hã? – o menino arregalou os olhos.
- Me beija. – ela disse ficando cada vez mais envergonhada.
- Mas eu não sei beijar ...
- Nem eu. Por favor, eu quero dar o meu primeiro beijo em você. – as bochechas dela estavam super quentes.
- Tá. – ele disse corando também.
Eles aproximaram lentamente seus rostos, sentiram os narizes se tocarem e se encontraram em um selinho. Se afastaram e os dois ficaram morrendo de vergonha.
- Obrigada. – ela disse baixinho.
- Foi um prazer. – ele ficou envergonhado.
Ao ouvir isso, a menina olhou para ele de repente e lhe deu outro selinho. Ele sorriu fazendo-a sorrir também. Porém, a luz forte começou a vir da janela novamente.
- , eu tenho que ir... – ele disse triste.
- Não , por favor, fica aqui comigo. – ela começou a chorar.
- Não posso...
- Como faço para ver você de novo?
- Apenas acredite . Acredite em todos os seus sonhos, não importa se você acha careta ou antiquado, acredite sempre, porque tudo é possível! – ele disse e logo se camuflou na luz.
A menina gritou o nome dele mais vezes, mas logo a luz sumiu e ela sentiu sua cabeça doer.
- Filha? – a mãe dela sentou-se na beirada da cama – Você dormiu?
- Mãe! – ela acordou assustada – Droga, sabia que tinha que ser um sonho!
- O que, filha?
- Nada não... Vai indo que eu já vou para a sala.
- Ok, se arrume, os seus avós, seus tios e seus primos já estão na sala para a ceia de natal.
- Tá, mamãe.
A mãe saiu do quarto, e a menina sentou-se. Olhou em volta e concluiu que tudo não tinha passado de um sonho.
- É óbvio, Papai Noel não existe! – ela bufou. Foi até a janela do seu quarto, onde tinha uma pequena árvore de natal ao lado, e ficou olhando as estrelas. Viu uma estrela cadente, e logo em seguida, um flash vir da parte de baixo da árvore. Assustada, ela olhou e viu que tinha um embrulho ali embaixo.
- Estranho, os presentes estão na árvore da sala... – ela abaixou-se para pegar o embrulho.
Abriu-o e viu o mesmo ursinho do seu sonho. No fundo da caixa onde o ursinho veio, tinha um cartão. Ela o pegou e reconheceu a letra.