Traição

por Lígia
Eram mais de 10 da noite e sua mulher ainda não tinha chegado em casa... As horas passavam e null não conseguia pregar os olhos... Onde null devia ter se metido àquela hora? Resolveu pegar o telefone.

- Hey, null?
- Oi, null! Como vai, baby?!
- Ótimo, só estou preocupado com a null. Por acaso ela não esta aí não? – null já roia os dedos de tão nervoso que estava.
- Não, não está, amor! – null ouviu a maçaneta da porta girar e viu um null com uma maleta na mão e um rosto super cansado – Ah, então amanhã a gente se fala, ta? O null chegou em casa e vou preparar uma coisa. Beijos, amiga, até mais!

null riu daquilo e pôs o telefone no gancho. Por um momento esqueceu de sua mulher e lembrou de sua amante. null, melhor amiga de sua mulher. Mulher de seu melhor amigo.
Mas null sabia que null e null não eram os únicos cornos em toda a história. Só estava esperando o momento certo para dar o bote!

- Oi, amor! – null chegou em casa e jogou sua bolsa em cima do sofá. Correu para os braços do marido com um cara de cínica!
- Oi, null, por onde andou, fiquei preocupado! – null sabia ser falso quando quisesse.
- Ah, fui dar uma volta no shopping – ela sorriu e lhe deu um selinho.
- E não trouxe nada? – ele arqueou uma sobrancelha e riu por dentro.
- Trouxe sim! – ela sorriu e abriu sua enorme bolsa que mais parecia uma sacola – Uma gravata para meu marido!
“Merda, ela realmente estava no shopping. A gravata é da loja que eu mais gosto de comprar”
- Hum, que ótimo, amor! Também tenho uma surpresa pra você!
“Amor, eu quero te contar uma coisa. Eu te traio com a sua melhor amiga tem mais de um ano”

Mas não foi isso que aconteceu. null apareceu com uma sacola da Tiffanny’s, joalheria preferida de sua mulher... E, diga-se de passagem, de sua amante também. null pegou a sacola e abriu.

- Mais um brinco de ouro branco, null?
- Achei que você iria gostar. Se não quiser, me dá que eu devolvo – claro que não devolveria, daria para null.
- Ta ficando maluco? – ela sorriu e tirou os brincos da orelha, presente da mesma loja, dado pela mesma pessoa, no dia anterior, e colocou o mais novo presente – Essas argolas estão lindas, mas daqui a pouco a gente não tem mais dinheiro, querido, você vive lá dentro da Tiffanny’s!
- Vale a pena falir pela mulher da minha vida!
- Own! - null se aproximou dele e o beijou. Só havia uma única coisa passando pela sua cabeça naquele momento. “Falso!”
“Mal sabe as duas que, o que uma não gosta, vai parar na orelha da outra!”
- Vou dormir, ta bom? To super cansada. Amanhã tenho um dia longo pela frente.
- Vai lá, amor! Eu te amo, viu?
- Também te amo, minha vida!

- Já deu de mentiras, né, null? – null estava deitada em sua cama pensando em tudo. Quando se deu conta, aquilo já havia saído de sua boca.
- O que você disse, amor? – null saiu do banheiro com uma escova de dentes na mão e encarou a mulher deitada na cama coberta.
- Não, nada não – ela sorriu de lado e se virou. “null e sua boca grande!” A garota queria se matar naquele instante.
- Não! – null cuspiu um pouco da água que estava em sua boca na pia e voltou – Ouvi você falar alguma coisa de mentira.
- Já falei, null! Não foi nada!
- Se não foi nada! – null fechou a porta do banheiro, abriu o armário e pegou uma pasta de papel, jogou na cama, ela caiu aberta – Como você me explica isso?

null olhou a pasta e pode ver fotos suas tiradas de longe, mas nitidamente. Havia também fotos sua de beijos e mãos dadas com null.

- Você anda me espionando, null?! – ela gritou e se levantou o encarando. - Eu não! Mas um detetive particular com certeza!
- Não acredito que eu me casei com um cara que não confia em mim, a ponto de jogar um detetive particular nas minhas costas.
- Não acredito que eu me casei com uma mulher que tem coragem de me trair com o meu melhor amigo! – agora null gritava na mesma altura.
- Deixa de ser cínico! – ela gargalhou – Eu sei que você também me trai com a null.

Por um instante null parou. Pensou e respondeu.

- Você não tem como provar! Ou tem?
- Não! – null abaixou a cabeça – Não tenho.
- Durma sozinha nessa cama! To indo pra sala – null pegou seu travesseiro e um cobertor e saiu, deixando null lá com uma cara de não sei o que e simplesmente passada!
- COMO ELE DESCOBRIU? – ela gritou e só pode ouvir null gargalhando da sala.

null e null dormiram perfeitamente bem. Dormiram abraçados, com juras de amor um no ouvido do outro. null amava null, mas sendo quem ela era, não ia deixar as coisas tão simples.

- To saindo pro trabalho, ta, amor? – null gritou ajeitando sua gravata nova.
- Vai ver a null? – null disse com um chocolate quente na mão e olhando a tv. Se sentiu vitoriosa ao ver a cara de espanto do marido.
- Não entendi – null recuou alguns passos – O que você disse?
- Amor – null sorriu – Pode me falar que não é de hoje que você me trai com a minha melhor amiga.
- null – null deu um sorriso amarelo – Amor, da onde você tirou isso? Quer dizer, você acha que eu teria coragem de fazer uma coisa dessas?
- Acho! – ela se levantou e ajeitou a gravata de null que estava completamente torta – Não acho! Tenho certeza! – ela mordeu de leve seu lábio inferior e entrou na cozinha – Agora sim ta bonito pra ver ela!
- Eu não to acreditando no que eu to ouvindo. Você... Você nem tem como provar.
- Claro que tenho – null foi até o quarto e pegou o celular de null – A propósito, você já ia esquecendo isso. Vai que ela liga e eu que atendo?
- Me dá isso!
- Não, eu vou te mostrar que eu tenho como provar! – null foi nas últimas chamadas de null – Como você prefere me dar jóias caríssimas a comprar um celular decente, o seu só grava as últimas dez chamadas recebidas e, olhe o que eu vejo aqui... null, null, null, null, null, null, null, null, null e por fim... null! – null já estava entrando em desespero – Por que de dez chamadas, oito são dela?
- Porque as outras duas são suas. – null disse sem pensar e logo pos a mão na boca.
- Imaginei – null deu um leve sorriso e pos o celular no bolso da camisa dele – Vai lá ver ela. Te espero pra janta?
- NÃO! Eu não saio daqui enquanto não resolver isso! – null gritou.
- Uau! Virou homem agora! – null gargalhou – Fazia tempo que eu não te via assim, sabia?
- Cala a boca! – null mexia atrás da tv.
- Eu fico toda feliz de saber que você realmente é homem, sabia? Não gastei £50.000,00 num casamento fajuto!
- Olha isso – null deu na mão dela uma pasta igual a que null jogou na cama de null.

null abriu a pasta e ficou olhando. Sorria ao ver aquilo.

- Detetive particular, amor? – null via as fotos – Que lindo, nunca imaginei que fosse tão lindo eu e o null nos beijando.
- REPETE O QUE VOCÊ DISSE! – null falou.
- Não sabia que era tão lindo ver eu e o null nos beijando.
- Então você assume que me trai com ele?
- Claro! – null sorriu e começou a ler o relatório do detetive – Claro que assumo. Além de tudo, vingança é um prato que se come frio!
- Como você é cínica! Não me conformo com isso!
- Claro, né, amor! Ou você prefere que eu fique te enrolando?
- Não, você ta certa. Falar a verdade sempre é melhor! O QUE EU TO FALANDO!?
- Que falar a verdade é sempre melhor e você concorda comigo!
- Eu to ficando maluco, só pode! Desde quando eu aceito que mulher minha me trai com meu melhor amigo?
- Desde quando eu aceitei que você me trai com a minha melhor amiga!
- Se troca! A gente vai resolver isso agora!
- Onde nós vamos? – null abriu um sorriso.
- Na casa do null!

Nisso a campanhia tocou. null havia posto um vestido comprido e null atendeu a porta.

- null? null?
- E aí, cara, beleza? – null tentou ser o mais simpático possível.
- Oi, null – null sorriu, mas disfarçou o sorriso ao ver o rosto de null sorrindo para ele.
- null, o null já sabe de tudo – null entrou com uma cara de piedade – Me desculpa, null. Desculpa por trair a tua confiança com o teu marido.
- Relaxa – null sorriu e abraçou a amiga que não entendeu nada – Disse já pro null e vou repetir. Vingança é um prato que se come frio. Olha, amiga, que ótimo marido você tem! Não desperdice, viu?
- null, você é um anjo, sabia? – null sorriu para ela.
- Own, amor – null mandou um beijo para ele e piscou.
- ESPERA TUDO! Eu to puto, o null ta puto, a null ta quase chorando e você null, ta sorrindo, tipo, ta tudo bem?
- Claro que ta, amor! – null sorriu para null.
- TA? – os três perguntaram juntos.
- Por mim ta. Eu vou continuar casada com o null, e vou continuar traindo o meu marido que eu REALMENTE amo com o melhor amigo dele!
- Não, null! Nem vem!
- null, aceita. Porque, se não, você não se esqueça que foram os meus pais que pagaram £50.000,00 no nosso casamento e eu faço você me devolver cada centavo por lógico, eu peço divórcio!
- Mas, eu... Tava pensando em me separar do null!
- E se o null não aceitar, ele fica sozinho. Aí, a null continua traindo o null com o null.
- Erm, null – null se aproximou – Tipo, acho que já deu, né? Vamos ficar com nosso casamento, cada um com seu companheiro e lógico, vamos continuar amigos!
- Se os dois aceitarem!
- ACEITO! – null mais que depressa abraçou null por trás e null sorriu, pegando null pela mão – Não quero me separar dessa jóia por nada nesse mundo.
- Jóia, null? – null arqueou uma sobrancelha e riu – Que coisa mais ridícula!
- Valeu a intenção, okay? – null sorriu e beijou a mulher.

null por sua vez, não ficou de fora, puxou a mulher pela mão e a beijou, ficando uma sessão melada ali.

Um mês mais tarde, os quatro foram convidados a uma festa.

- E aí, gatinha, ta sozinha? – null sussurrou no pé do ouvido de null.
- null, nós combinamos. O null e a null vão ficar chateados.
- Tem certeza? – null ficou de frente para ela e apontou para o lado – Você realmente tem certeza?

null olhou. null e null estavam se beijando. Ao se separarem, null piscou para o amigo e fez um sinal positivo. null devolveu o sinal e voltou para null.

- BANDO DE FILHOS DA **** - null disse entre risos e beijou null.

FIM

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