- Alô! - parecia aflita.
- Oi! - parecia bêbado.
- , você está... Bem? - gostava muito de . Na verdade, ela tinha uma paixão secreta pelo seu amigo de infância.
- Estou, , estou bem, sim. - dizia, esbarrando nos móveis ao seu lado, bêbado.
- Não, , você não está legal. Você está... Bêbado, eu te conheço, eu sei que está.
- , eu já disse que não estou! Que saco... - Desligou o telefone na cara de .
, melhor amiga de , veio do Brasil quando ainda era criança, e logo que entrou na escola conheceu , um típico garoto inglês e primeiro amigo de . Primeiro porque ninguém ia com a cara de , principalmente as meninas, porque além de ser bonita desde criança, era estrangeira, e para as pequenas crianças inglesas, aquilo era estranho! Outro motivo: . Sim, ! Sempre fora o mais bonitinho, mais cobiçado, invejado pelos outros garotos, porque, desde pequeno, era muito paquerado pelas meninas, e por só manter “verdadeira” amizade com no colégio, causava raiva nas meninas, mas ela não estava nem aí, não devia nada para ninguém mesmo.
Cresceram juntos, sempre unidos... sabia mais da vida de do que ela mesma, e sabia dos gostos e vontades de só com um olhar do garoto. Sabia quando ele estava bêbado, ou passando mal, apenas ao ouvir a voz do menino. Sabia que ia quase todas as noites para as baladas inglesas, e não deixava ir. Primeiro pelos garotos darem em cima dela e, segundo, porque ele não teria “liberdade” para fazer o que quisesse.
- Droga! - bufou. - Não sei porque ainda me preocupo com ele. - Bateu em sua própria testa. – Ah, é! Lembrei! Seria por que a idiota ama seu melhor amigo? - Dizia ironicamente para si mesma.
Toda vez era a mesma coisa, chegava em casa todo sujo, com manchas de beijo pela camisa, cheirando a perfume de mulher, misturado com bebida alcoólica... E adivinha quem sempre ia lá cuidar dele, como se fosse um bebê... De vinte anos, claro! Isso mesmo! .
O menino se jogou no sofá, ligou a televisão e como só o que prestava naquele horário, era desenho, deixou passando. Pegou o resto da bebida que estava aberta em cima do móvel, ao lado do sofá, desde a noite anterior. Tomou um pouco, fez uma cara desagradável, chamou pelo nome de umas duas vezes e pegou no sono.
Todo sábado de manhã, ia à casa de para conversarem, saírem, assistirem filmes... Isso tudo, depois que
estava em sã consciência, claro! tomou seu café rápido, e voou para a casa do menino. Como era a única que tinha a cópia da chave da casa de , entrou sem bater, com os passos silenciosos, chegou perto do menino, viu que o cheiro não era nem um pouco agradável. Olhou o estado em que se encontrava... Sorriu leve ao perceber o que passava na televisão. nunca foi fã de desenhos, mas a obrigava assistir com ele... Pensou: “Como ele ainda é uma criança!”. Olhou a situação da casa, horrorizou-se, catou as latas de bebidas pelo chão e deu uma geral na casa dele. Ainda faltava “arrumar” . Agachou onde ele estava, passando a mão pelo rosto do garoto, o fazendo sorrir pelo canto da boca, abrir os olhos com certa dificuldade, devido à claridade que vinha das janelas abertas, e sorrir mais ainda ao ver . Sussurrou seu nome, mas foi puxado pela garota até o banheiro. Jogou-o debaixo do chuveiro e abriu a água gelada, para ver se ele acordava. começou a tremer, saindo rapidamente debaixo daquela água e xingando de todos os nomes possíveis.
- Ah, é? Obrigada, . Eu venho aqui, em um sábado de manhã, deixo sua casa apresentável, quero te ajudar e é assim que eu sou recebida? Pois então... - Pegou suas coisas em cima da mesa. - Me desculpe se eu te incomodo tanto assim! - Bateu a porta e correu, segurando as lágrimas. Não conseguindo mais agüentá-las, deixou-as desabar pelo seu rosto gelado.
- ! ! - tentou correr atrás da menina. Sim, do jeito que estava. Molhado, bagunçado, sujo... Viu que não iria alcançar ela. Voltou até seu carro, e saiu à procura de .
- Merda! Merda! Merda! - dizia para si, chorando e batendo a cabeça na parede. - Como eu sou idiota, burra, inútil... Por que eu ainda me preocupo com ele? Por quê? Por que, ? Por quê? - Mais alguns soluços. - Quer saber? Eu é que não vou ficar aqui chorando pelo , não vou mesmo! - saiu de casa, à procura de um lugar que a deixasse calma e inspirada em coisas boas. Correu para a praia. Sim, aquela praia especial. Aquela que ela sempre ia quando não estava por perto para ajudá-la ou dar conselhos. Sentou na areia, e, olhando o mar, lembrou de todos os momentos que passou ao lado de . Os felizes, os tristes, como aquele, o primeiro dia dela naquela escola estranha e como foi rejeitada por todos os coleguinhas, mas nem ligou para aquele preconceito bobo e, logo de cara, se deu super bem com a garota. Riu sozinha dos momentos bizarros que passaram nos pubs, na escola, nos parques, no cinema, ou seja, em todos os lugares imagináveis. A primeira vez que ele a levou na London Eye, de olhos vendados, e só desvendou os olhos dela quando estavam no topo da roda gigante. Aquilo, para , foi a coisa mais especial que fizeram para ela. Coisas inesquecíveis, e...
- Oi. - Uma voz baixa falava com ela. virou-se rapidamente, sabia que era , mas queria ter aquela certeza olhando nos olhos dele e saber o porquê dele estar ali, falando com ela, depois de toda aquela grosseria. - Posso me sentar aqui? - apenas balançou a cabeça, afirmando. - Olha, ... - foi interrompido.
- Olha, ... - respirou fundo. - Toda vez é a mesma coisa. Eu sempre tento te ajudar e você sempre “agradece” dessa forma. - fez aspas com os dedos na hora de dizer ‘agradece’.
- ... - tentou falar.
- ... - abaixou a cabeça e encarou a areia. - Acho melhor a gente se separar um pouco. - Sentiu uma lágrima querer cair, mas segurou. Não queria demonstrar que estava ofendida com . - Sei lá... Nós somos amigos desde criança e eu agradeço todos os dias a Deus por isso, mas... - Parou, o encarou, e voltou a olhar para a areia. - Eu acho que a gente tem que ficar um pouco longe um do outro.
- . Desculpa. - A única coisa que conseguia falar naquele momento. Não estava acreditando, ou não estava querendo acreditar nas palavras de . Ele precisava dela. Todos os dias. Todos os momentos. Estava começando a sentir coisas por ela que não conseguia decifrar o que seria, mas era um sentimento de querer ficar junto, a cada instante, a cada minuto...
- Desculpar, eu desculpo, como sempre faço, , mas... Eu não vou voltar atrás em relação a minha atitude. Acho que será melhor para nós dois. Eu vou sofrer. Não sei se você vai, mas eu vou! Mas... É preciso, . É preciso. - levantou cabisbaixa, tirou a areia de sua calça e foi andando em direção a rua...
- ... Eu vou sentir sua falta. - disse e abaixou a cabeça, sentindo uma lágrima rolar pelo seu rosto. Sim, ele precisava dela, agora mais do que nunca, tinha essa certeza.
sorriu. Voltou. Deu um beijo na bochecha de e foi embora.
sentou na areia e chorou, chorou tudo o que tinha para chorar, parecia uma criança. Mas ele precisava chorar, desabafar. Tinha perdido a menina mais importante da vida dele... Mais importante.
2 meses depois
- Oi. - passava pelo corredor da escola.
- Oi. - passou por ela.
Sim. Era assim agora. Oi pra lá, oi pra cá. Não passava disso. não ia à casa de desde aquele dia e ele, o mesmo.
TRIIIIIM. TRIIM. [N/A: SEM CRIATIVIDADE NENHUMA PRA FAZER UM TELEFONE :)]
- Alô. - parecia cansado. Claro! Havia corrido e esbarrado em quase todos os móveis para atender ao telefone.
- Oi gatinho. - Jennyfer. Uma das muitas ficantes de . Uma das muitas mulheres que ligavam para lá o dia todo.
- Oi. - O sorriso de murchou. Sempre tinha esperanças de que um dia ligaria para ele de novo e ficaria por horas no telefone conversando coisas pervertidas, como sempre faziam há dois meses atrás.
- Lembra de mim, lindinho? - Jennyfer e sua voz manhosa.
- Claro! É a Michelly... - disse com certa incerteza. - Não é?
- Não, . – Jenny [N/A: VAMOS ABREVIAR O NOME DA PIRI] aumentou o tom de voz. - É a Jenny. SUA Jenny. - Deu ênfase à palavra SUA.
tentava lembrar quem era, e, depois de um tempo calado, disse:
- AAAAH. Jenny, claro.
- Então... Eu liguei para saber se a gente podia marcar algo para hoje...?
- Er, Jenny... - não queria ser grosseiro. Mas não sentia vontade de nada naquele dia. - Hoje eu estou muito cansado, então desculpa, mas... Nem vai rolar.
- Ah... Ok! Outro dia pode ser? - Menina insistente.
- Er... Pode, pode! - queria desligar o telefone o mais rápido possível.
- Ok, então. Beijo, MEU gatinho. - Deu ênfase mais uma vez na palavra MEU. [N/A: ESSA MENINA GOSTA DE DAR .. ÊNFASE, CLARO!]
se jogou no sofá. Não sentia vontade de nada há muito tempo. Para ser mais exato... Há dois meses. Antes, ele se gabava, aceitava sair com mais de uma garota numa noite só. Pegava todas. Mas, de dois meses para cá, alguma coisa tinha mudado. estava mexendo com ele de uma forma diferente. Sim, estava. Aquilo já era certeza!
- It's not ok! - Disse.
estava no recreio. Conversando com suas amigas. a viu. “Como ela estava linda”, foi o que ele pensou. Resolveu ir falar com ela. Não agüentava mais aquele clima pesado entre eles.
- . – Disse, envergonhado.
parou de rir e conversar com as meninas, olhou para ele, o encarou por alguns instantes. “Como estava lindo”, incrível como pensavam as mesmas coisas. Respondeu com um sorriso no rosto:
- Olá, .
- Er, . - não sabia o que falar para ela. Não poderia dizer que estava gostando dela. Não assim, logo de cara. No mínimo, ela iria rir da cara dele. Não sabendo ele que ela sentia borboletas no estômago toda vez que o via.
- Fala, . - Ainda não tinha sumido o sorriso do rosto dela.
- Er... É que... - a encarou. Ficou hipnotizado por aquele sorriso. Como era doce e meigo, mas nunca tinha reparado.
- É que... ? - estava ficando curiosa. O que ele queria com ela, afinal?
- É que... Eu... Eu te... - Respirou fundo. - Eu te liguei ontem, mas ninguém atendeu. - Fechou os olhos com força. “Covarde, covarde, covarde”, pensava.
- Ah... É? - O sorriso de murchou. Ainda tinha esperanças de que a amasse de verdade. Não sabia ela, que ele também gostava dela. Daquele jeito. - É que... Que eu... Não estava em casa.
- Ah sim... Então ok, né?
- É.
- Tchau, então. A gente se fala qualquer dia desses. - estava suando frio. Calafrios e coisas clichês que todo apaixonado sente.
- É. A gente se fala qualquer dia desses. - sorriu amarelo, vendo sumir pelo corredor da escola.
- Burro! Burro! Burro! - andava de um lado para o outro de sua casa. Precisava falar para o que sentia, ela precisava saber, mesmo que não olhasse mais na cara dele, ele precisava desabafar com ela, contar tudo o que sentia, mas era covarde demais para isso. - O que eu faço? Eu preciso falar com ela. Preciso contar para ela. Isso já está me sufocando por dentro. - Falava para si mesmo. Subiu correndo para seu quarto, pegou papel e caneta, mas não saía de seus pensamentos. A imagem dela vinha na cabeça dele toda hora... Não conseguia escrever, não conseguia compor. Deitou na sua cama, encarou o teto por alguns minutos e tomou a decisão que mudaria sua vida, e a de . Resolveu tomar coragem... Até que enfim!
Saiu de casa correndo, passou em uma Floricultura, e foi a caminho do apartamento onde morava.
- Eu vim ver a .
- Autorizado? - Disse o porteiro.
- Er... Estou sim. - Mentira. Ele queria que fosse surpresa. já estava nervoso, impaciente, queria subir lá, falar tudo o que sente e ter só para ele. Só dele!
- Ok. Décimo primeiro andar. - O porteiro não duvidou de , pois já havia visto o garoto lá várias vezes.
- Eu sei! - correu para o elevador. Cada segundo que o elevador demorava a chegar era mais agonizante.
Entrou nele, e lá ficou ensaiando as palavras que iria dizer, mas não saía nada de interessante, nada que fizesse chorar de alegria, emoção, ou sei lá o quê. Saiu do elevador, e foi seguindo em direção a porta da casa dela. Sentia suas pernas amolecerem e a respiração ficar falha. Ajeitava o boné na cabeça. Não sabia se tirava o boné, ou o colocava pra trás. Olhou mais uma vez pras flores e pro cartão que tinha nas mãos. Parou em frente à porta dela. Respirou fundo, e tocou a campainha.
- Já vai! - ouviu lá de dentro. Sim, era a voz dela. abriu a porta sem nem olhar quem era. Ficou surpresa ao ver que era ele. - ? - Sorriu amarelo. - O que faz aqui?
Sim, aquela era a hora.
- , eu preciso falar com você.
- Então, fale.
Respirou fundo.
- Olha, eu sei que eu te magoei muito. Sabe, eu não te dava valor. Você sempre comigo, sempre querendo me ajudar, e eu sempre te ofendendo, gritando, ou sei lá... Eu não agüentava aquilo! Você parecia uma mãe, sabe? E... Eu vim morar sozinho, justamente para eu não ter uma mãe falando o que eu devo ou não fazer, mas... Quando você saiu da minha vida, eu percebi que... Sem você, eu não sou nada. E eu queria muito te ter ao meu lado de novo. E... Eu queria que você soubesse isso, porque eu não agüentava mais esconder isso de você. Eu precisava falar. E, olha, eu estou preparado para tudo. Para levar um chute na bunda, ou sair daqui a vassouradas, mas agora eu vejo que o mundo dá voltas e que minha vida sem você, já não tem sentido nenhum... Eu te amo demais!
- .
- Sim?
- Eu também te amo. - Os olhos de estavam embaçando.
- Eu sei que você não vai me querer de volta e... Como é que é?
- É isso mesmo que você ouviu. Eu te amo, e sempre te amei. Só nunca falei para você, nem para ninguém. Sofria calada... Com medo de que a nossa amizade fosse mudar se eu falasse isso para você. - chorava.
- Quer dizer que...
- Sim! Eu te perdôo.
- , você não sabe o quanto me faz feliz falando isso para mim. E, er... Isso é para você. - Entregou a ela as flores, e o cartão.
- ! São lindas. - pegava as rosas vermelhas na mão. Pegou o cartão. Leu em voz alta: ‘... E agora eu que sempre me achei um cara esperto, quando vejo você por perto, perco a fala e sinto calafrios, e não paro de questionar... Sobre as voltas que a vida dá e como tudo mudou de uns tempos pra cá...’ - soluçava de tanto chorar. também. Não sabia viver sem aquela garota.
- ...
- ... Não fala nada. - Beijou-a. Um beijo de saudade, e, mais do que tudo... Amor. Um beijo intenso, mas carinhoso, meigo, romântico... Como era possível um beijo assim? Só eles sabiam se beijar assim. Romperam o beijo. Olharam-se. Riram. abaixou a cabeça e cantou baixo. - Sobre as voltas que a vida dá... E como tudo mudou... - continuou.
- E sempre vai mudar! - Mais um beijo... Único deles. Só deles!
Fim!
Nota da Autora: Primeira fic, não chinguem minha mãe, obrigado!
Agradecimentos báááásicos: McFLY: Claro. Eles tem que ser os primeiros sempre :) rs. Forfun: Pela música mais linda deles. Iúry: Por ter me emprestado o CD do Forfun que eu dei de presente a ele. Ao meu computador: Por não ter pego vírus no momento em que eu estava fazendo a minha fic, porque senão eu teria que formatar tudo, OBG pc (lll).