by Mimi
betada por Carolis


Mais um sucesso?
E o McFLY embarca em mais uma área. Os quatro garotos estrelarão um filme sobre o início da carreira de uma banda pop que atinge o sucesso no primeiro single. De acordo com os produtores a trama não é auto-biográfica, mas o porta-voz da banda não negou que haverá muitas referências reais na história. O filme ainda não tem título definido, os meninos se afastarão dos palcos por quase um ano, mas prometeram voltar com o lançamento de um novo álbum juntamente com sua estréia. As gravações devem ter início dentro de dez dias em Liverpool. Boa escolha, não?


acordou e se virou na cama sob as duas cobertas que a protegiam de frio intenso de novembro, encarou um sem camisa que arrumava as roupas dentro da sua mala com brutalidade. Ela esperava acordar e perceber que nada daquilo havia acontecido, mas estava nítido que não voltaria atrás. Impacientemente ele dobrava um casaco que insistia desdobrar-se, podia ver as marcas nas costas dele da última noite feliz que eles compartilharam. Como ela queria que as coisas fossem diferentes, e ela pudesse chamá-lo, simplesmente, a deitar mais uma vez, ali, com ela.

'!' gritou quando chegou em casa. 'Querida, está ai?' Ele disse enquanto tirava os sapatos, não permitia que se entrasse em casa com eles.
'Estou no quarto!' Ela respondeu ansiosa.
'Não estava sentido minha falta?' franziu a sobrancelha enquanto subia a escada, a namorada sempre o esperava a porta com um abraço apertado e centenas de beijos. 'Preferiu ficar ai?'
'É, estou lendo...' Ela mentiu.
'Ah' Ele disse desanimado e seguiu pelo corredor.
Ele abriu a porta e encontrou a namorada vestindo uma camisola minúscula ajoelhada na cama segurando uma garrafa de champagne.
'Feliz Aniversário de namoro!' Ela pulou e envolveu os braços no pescoço dele.
'Se soubesse dessa recepção teria vindo mais rápido...' Ele disse malicioso.
'Se você lembrasse que hoje, além do fim da sua turnê, fazemos dois anos de namoro...'
'É claro que eu lembrei...' Ele ergueu a sobrancelha desafiador. 'Sei...' Ela disse tirando o casaco dele.
'É verdade.' Ele disse convicto.
'Não importa...' Ela sussurrou. 'Eu estava morta de saudade,' Ela deu um selinho nele. 'sei que já é bem tarde, e você está cansado, eu pedi o jantar, está lá na cozinha,' Ela deu mais um beijo, envolvendo-se nos braços dele. 'mas se você não estiver assim, com muita fome...' Ela continuou sussurrando, em seu ouvido. 'bem que podíamos matar a saudade antes, você não acha?' Ela sorriu sugestivamente.
'Sim' falou fracamente concordando com a cabeça e olhou de cima a baixo. Aquele era o único motivo que fazia valer a pena passar um mês inteiro longe dela. 'A única coisa que eu quero está aqui nesse quarto!'
'Ah' Ela riu animadamente e abraçou o garoto com as pernas, que começou a beijá-la intensamente.. 'Você precisa abrir o Champagne.'
'Estou ocupado.' Ele disse caminhando com ela até a cama enquanto beijava seu pescoço.

olhou pro outro lado do quarto e viu a camisola no canto, seus lábios vacilaram e ela sabia que se não fechasse os olhos choraria. Não podia acabar assim.
brigava com um par de tênis que não ficava quieto na mochila, ele não tinha culpa, fora ela que não aceitara mudar de cidade com ele. Como ela conseguia ser tão teimosa? Com toda a competência que tinha encontraria um emprego em qualquer jornal de Liverpool.

'Isso não vem ao caso, !' gritou durante o almoço. 'Eu estou na minha melhor fase no The Times, consegui o cargo de editora de um dos cadernos mais lidos, eu não vou abrir mão de tudo isso por...'
'Mim' a conclui sério. 'Eu não sou mais importante do que nada disso, não é mesmo?' ', você está sendo injusto.' disse com a voz falha, tinha certeza que seu nariz começava a ficar vermelho. 'A distância não precisa nos separar. Nós estamos acostumados às suas turnês, às suas viagens. Liverpool não é assim tão longe. Posso ver você alguns finais de semana, outros você vem...' 'Não, , há muita coisa mais interessante pra você fazer aqui, como editora-do-caderno-mais-lido-do-the-times' Ele fez uma voz arrogante.
'Você está sendo muito, muito injusto' estava incrédula.
'Eu estou sendo injusto? Eu quero levá-la pra uma cidade que você sempre adorou, pra morar comigo, e eu que estou sendo injusto?' Ele apontou para o próprio peito. 'Nós só precisamos viver lá por um ano, enquanto acontece as gravações do filme. Você, mais do que ninguém, sabe a importância disso pra mim e pra minha carreira.' Ele cravou os olhos nela.
Sempre que via aqueles olhos, perdia o controle, as palavras, a respiração, ficava absolutamente submetida a vontade de . Mas não daquela vez. Ela não viu nada disso daquela vez. Aquele olhar só mostrava que o amor dele estava condicionado aos seus caprichos. Ela não cederia.
'Então está bem, , se você prefere viver sem mim a um namoro a distância, que seja feita sua vontade, porque daqui, eu não vou sair.' segurou o choro, levantou-se da mesa, e foi embora.

fechou a mala, vestiu uma camiseta, um casaco da Hurley que havia dado e disse antes de sair do quarto:
'Eu peço para o Fletch deixar minha chave quando ele mandar alguém pegar o resto das minhas coisas.' Não olhou pra ela, só pegou uma mala que já estava ao lado da porta.
apertou os olhos assim que ouviu a porta bater. Não vou chorar. Não vou chorar. Não vou chorar. Não chorou. Pôs os pés pra fora da cama e levou um choque ao tocá-los no piso frio.

'Você não chorou?' Lisa olhou espantada.
'Não' respondeu displicente.
'Nem um pouquinho?' Meg duvidou.
'Não' Ela levou a caneca de cappuccino aos lábios.
'Está certa.' olhou com orgulho.
'Não ouve a ...' Lisa abanou o ar.
'Ei!' exclamou ofendida.
'É sério, você nunca vai aprovar chorar por garotos.' Meg explicou.
'Se a chorasse, obviamente, eu apoiaria, e até plantaria bananeira se isso a fizesse rir.' Elle defendeu. 'MAS, se ela não chorou, melhor. Eu nunca tive nada contra o , ele sempre fez a feliz. Mas ele não pode obrigá-la a abrir mão do jornal.' Ela piscou pra .
'É, ela tem razão...' Lisa refletiu.
'É. E nem falo porque morreria de saudade...' Meg acrescentou.
'Vamos passar o Natal em Paris?' pediu com cara de criança. Queria mudar de assunto.
'Ah, eu trabalho dia 24' Meg entortou a boca.
'Ano novo?' sorriu esperançosa.
'Eu trabalho dia 31' Elle levantou a mão.
'Pfff... Maldito The Times' cruzou os braços.
'Ah, eu quero ir pra Paris! O nunca quis ir por causa das fãs.' fez bico.
'Vamos entre o Natal e o Ano novo!' Meg disse com o dedo no ar.
'É! A gente comemora os dois! Por cinco dias!' Lisa bateu palma.
'Fechado!'

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O festival de bandas do Outono começa essa sexta na Wembley Arena, e quem vai abrir o evento é a banda pop mais comentada do momento: McFLY. Os garotos, que encerraram as gravações de seu filme virão a Londres especialmente pra isso. 'É muito importante esse incentivo à música, ficamos honrados com o convite' declarou Tom Fletcher, guitarrista e vocalista da banda. Danny Jones diz ter gostado do trabalho no filme, para Dougie 'voltar a fazer um show em Londres depois de um ano afastado dos palcos será um grande barato'. Quando perguntado sobre o que mais gostava nas gravações, o baterista Harry Judd disse que é maravilhoso passar tanto tempo na cidade dos Beatles.
Leia as entrevistas individuais na página 6.
O festival começa às oito da noite de sexta, 12 de novembro, e vai até as onze da noite de domingo, os ingressos antecipados podem ser encontrados no nosso site.

'Você falou com ele?' Lisa desviou os olhos do jornal e encarou .
'Não, a Meg quem ligou. Mas terei que cobrir o festival.'
'Oh meu Deus.' Lisa levou mão a boca.
'Ah, , se pudéssemos, iríamos sozinhas...' Elle disse antes de se servir de mais sorvete.
'É mesmo... Mas, com o patrocínio do jornal nesse festival, eles querem o máximo da equipe lá.' Meg acrescentou pagando pelos petit gateau.
'Pera, deixa eu ver a página 6' Lisa fez sinal para elas se calarem. 'Escolha por Liverpool não envolve só carreira' A garota leu o título. 'Que que isso?' Ela perguntou pasma.
'Ele vai se mudar pra lá.' falou olhando para o os flocos no sorvete. 'Disse ter gostado da cidade, e ao fim das turnês, aquele será o lugar para onde voltará.'
'Será que ele arrumou alguém lá?' Meg pensou alto demais.
'Meg!' Lisa e Elle a repreenderam.
'Pode ser...' disse baixo.
'É isso que ele diz aqui?' Lisa estava impaciente e não queria esperar ler a matéria para saber.
'Não' revirou os olhos. 'Ele diz que em Londres não há mais ligações que o façam voltar. E que nada o faria mudar de idéia.'
'E que ensinaram a ele que as vontades próprias são superiores a QUALQUER coisa.' Elle se referiu a um trecho da entrevista.
'Que bobeira, nem quis mencionar a .' Lisa fez cara de desprezo. 'Mas continua lindo, né?' A amiga apontou a foto do jornal.
'Muito' lamentou. 'Mas, até que foi bom eu ter terminado, sabe...' As amigas a olharam com atenção. 'Eu fui pra Paris, troquei de laptop, me dediquei mais a mim e a vocês...'
'Colocou hidromassagem na sua banheira...' Elle riu.
'É verdade, só que você devia ter testado ela acompanhada com o Trey.' Meg repreendeu.
'Aquele seu amigo pervertido?' berrou.
'Shhh'
'Ele era doido, no primeiro dia que a gente se viu perguntou qual era a cor da minha calcinha!' sussurrou e fez Lisa engasgar de tanto rir.
'Vai dizer que em nenhum momento você sente falta daquilo?' Meg indagou.
'Meg!' exclamou ofendida.
'Ah, , um ano, cinco encontros, e nenhum deu em nada.' Elle argumentou.
'Eu fiquei com o Josh, e o Brad.'
'Só beijou...' Meg abanou o ar.
'Eu sou uma mulher independente, profissionalmente realizada, não sucumbirei por causa de algo tão primitivamente instintivo.'
'Agora traduz...' Lisa desviou o olhar do jornal para a amiga.
'Eu não vou morrer por ficar um tempinho sem transar.' Ela disse como se fosse óbvio. 'Eu emendei meu namoro com o Jack com o meu relacionamento com o . Estou dando um tempo pra mim, ok?'

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“Throw it away... Forget yesterday... We'll make the great escape” ouviu o celular tocar
.'Fala...'
'É Elle, você vai sair às seis?'
'Não, eu vou ficar mais e fechar algumas matérias...'
'Não vai querer sair depois, né?'
'Ah, não, quero estar descansada para o festival amanhã.'
'Tá bom, até amanhã.'
'Até...'

se espreguiçou na cadeira, pôs os pés sem sapato sobre a mesa e olhou para o grande relógio da redação: 10:15 p.m. Ela só via dois jornalistas do mezanino em que sua sala transparente ficava. Aquilo significava uma coisa: precisava ir embora. Verificou seus e-mails uma última vez e desligou seu computador, calçou os sapatos, pegou seu iBook sob a mesa e desceu. Os ascensoristas eram liberados depois das dez, o que a permitia encostar-se no elevador e despir-se da perfeição que cabia a ela como editora. Ela gostava do seu trabalho, e de tudo que ele trazia, lamentava que fosse ele quem a afastava de . O ex-namorado, às vezes, parecia incomodado com a independência dela.
'Táxi!' acenou ao chegar a calçada. Amaldiçoou Meg por ter dado carona a ela pela manhã, nenhum táxi parava pra ela. 'TÁXI!' Finalmente uma alma bondosa parou a sua frente. 'Obrigada.' Disse o endereço e se encostou a janela. As pessoas voltavam a usar os grossos casacos, fazia uma temperatura congelantemente agradável
à noite, e os parques tornaram-se coloridos pelas luzes de Natal antecipadas. Andar de táxi não era tão ruim, permitia que ela observasse a cidade. viu um carro igual ao de que parou em frente a uma casa, viu uma garota loira sair do carro, não a conhecia, mas o motorista, sim. Ela pôde ver a menina mandar um beijo a antes de entrar no prédio. Ela podia não ter levado ninguém para sua nova banheira, mas não tinha agido exatamente desse modo.
Chegou em casa aborrecida. Odiava o modo que alterava sua vida. Odiava o fato de permitir que ele a afetasse tanto. Largou suas coisas ao lado da porta, tirou os sapatos e deixou a banheira encher enquanto fazia uma caneca gigante de chocolate quente.
Entrou na água e pôde relaxar por um minuto, antes que lembrasse de tudo que a estava atormentando desde que vira no carro. Lembrou-se do rompimento, dos momentos junto do ex-namorado, do ano que passaram separados, de cada matéria que fez pensando que ele poderia ler em Liverpool, de cada música do McFly que se obrigou a não ouvir pra não pensar nele, de como queria que ele estivesse ali dentro com ela, ops, isso também. Fechou os olhos deitando a cabeça pra trás, respirando fundo. Quando soltasse o ar, todos os pensamentos sairiam de sua cabeça. Voltou a cabeça lentamente, aliviada, e abriu os olhos...
'!'
'Oi, ' Ela viu a figura dele rir timidamente sentado à beira da banheira..
'O que... O que está fazendo aqui?' Ela apertou os olhos, pensando que ele sumiria como a fumaça de uma ilusão, de um delírio. Um delírio bem estruturado, e em excelente forma, era verdade.
'Er... Eu estou em Londres pro festival, sabe, e vim aqui dar um oi.'
'Um oi? Como entrou?' Ela arqueou a sobrancelha.
'Eu ainda tenho a chave, o Fletch, esqueceu de trazer, e me devolveu.'
'Hm.'
'Desculpe, eu não quis incomodá-la'
Claro, é um hábito inglês fazer visitas no banheiro.
Ela esqueceu de abrir a boca pra dizer qualquer coisa, como se não pudesse ser notada, analisou de cima abaixo. Pôde perceber que ele usava uma calça que ela havia dado, que não conhecia sua camiseta, e que não havia uma única marca em seu pescoço. Ela só precisaria verificar suas costas.
'Se preferir eu vou embora...' Ele disse se levantando em direção a porta.
'NÃO' Ela gritou e se levantou antes de poder pensar no que dizia e no que fazia.
E antes de se dar conta de que costuma tomar banho nua.
E que ex-namorados não se vêem nus.
Se deu conta desse último fato quando reparou o olhar que lhe deu ao se virar por causa do grito. Ele focalizou cada parte de seu corpo, começando de baixo até alcançar seus olhos. Reparou que os lábios dele se curvaram pra cima nesse momento.
'Ai, Meu deus!' Ela se virou de costas como forma de se esconder. 'Ai, que vergonha' Ela apertou os olhos como se isso a escondesse do mundo.
'Calma, .' falou baixo e devagar com as mãos nos ombros da garota. 'Sou só eu, .' Ele falou mais perto de seu ouvido, fazendo com que ela se arrepiasse.
'... Não faz isso...' Ela inclinou a cabeça pro lado.
'Por que não?' Ele beijou seu ombro. 'Você quer...' Ele beijou seu pescoço. 'Eu também...' Ele subiu os lábios pelo pescoço dela.
'...' Ela suspirou antes de se virar pra frente e envolver o pescoço dele com os braços e fez o que queria desde que o vira. Beijou-o. Com paixão, desejo, raiva, saudade. 'Pára!' Ela se afastou. 'Quem era a garota que saiu do seu carro na oxford street?' Ela falou rápido.
'Minha irmã.' Ele levantou a sobrancelha.
'Sua irmã? Está louco? Eu conheço sua irmã!'
'Eu também, é que ela mudou o cabelo, deu uma emagrecida e...' Ele respondeu enquanto voltava a sua cabeça a imagem da garota, que parecia mesmo com a irmã dele.
'Ah. Desculpa.' Ela sorriu envergonhada.
'Tudo bem...' Ele colou a franja dela pra trás da orelha. 'Senti sua falta.'
'Eu também...' Ela voltou a unir os lábios aos dele, intensificando o beijo conforme levantava a camiseta dele. Sentia-se em desvantagem. facilitou sua vida, tirando toda a roupa e entrando na banheira junto com . 'Peraí.' Ela interrompeu o beijo ligando a hidromassagem.
As amigas tinham razão, o movimento da água, combinado ao toque de era incrível. Ou talvez fosse só o encontro com que proporcionava a sensação. Ela respirava ofegantemente, do mesmo modo que . explorava cada parte do corpo de como se fosse a primeira vez, e guiava pelos melhores caminhos tornando aquela experiência a melhor de sua vida.
Ficaram juntos na banheira por quase uma hora, abraçados, falando muito pouco, e sobre qualquer coisa , exceto seus sentimentos. Falaram sobre o festival, sobre bandas novas, sobre os últimos filmes que estrearam, sobre o fim de Harry Potter. Nada sobre o trabalho dela. Nada sobre o filme dele.
Só quando a água começou a ficar fria, eles saíram do banheiro.

'Pode vir, ! Já liguei o aquecedor!' chamou do quarto enquanto se enxugava no banheiro.
'Peraí' Ela colocou um roupão de qualquer jeito e abriu a porta o banheiro. Ela sentiu um calor imediato, só não soube dizer se era por causa do aquecedor, ou se era a visão de nu deitado em sua cama de bumbum pra cima. 'Está com calor?'
'Eu??' Ele mexeu um pouco o braço sob o travesseiro, mostrando que mantinha a forma de um ano antes.
'Claro que é você.' Ela se aproximou da cama devagar, evitando olhá-lo, pra própria segurança dele.
'Um pouco, seu aquecedor é muito bom, você não acha?'
'Acho.' Ela sentou na ponta da cama.
'Você não pode falar nada, seu roupão não é o que posso chamar de protetor.' Ele piscou maliciosamente. olhou pro que vestia, e viu que ele estava meio aberto. 'Você está com muito sono?' Ele sentou-se e puxou a faixa do roupão.
'Amanhã tenho muito trabalho, preciso estar descansada à noite e você tem um festival a abrir.' Ela fingiu muita racionalidade.
'Eu sabia que não estava...' Ele se aproximou dela fazendo-a deitar na cama. 'Se você falar 'não' eu deito ali do outro lado e nós dormimos.' Ele disse deslizando o indicador da bochecha dela até seu pescoço.
'Eu não sou maluca' Ela sorriu de lado e o puxou pra si.

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'Você está me zoando?' Elle não acreditava.
'É verdade.'
'E quando você acordou lá, ele, simplesmente, não estava?' Meg franziu a sobrancelha.
'Não. Nenhum recado, nenhum bilhete, nada. Mas eu não me importo, estou bem sem ele.'
'Agora, né? Depois de tudo. Depois dessa noite. Se não, por que teria aproveitado?' Lisa se manifestou depois de permanecer em silêncio durante a história.
'É mesmo, Lisa. Eu ainda não sou tão independente.' admitiu a contragosto.

A consciência de a torturava. Não sou tão independente. Não sou tão independente. Não sou tão independente.
Não conseguia concentrar-se em absolutamente nada. Variava entre um absoluto arrependimento ao deleite com as lembranças com . E sentia raiva dessa indecisão, dessa inconstância, e de tudo isso impedi-la de ter um dia normal.
', veio do diretor geral, sobre o festival' Sally entrou em sua sala com um papel.
Havia informações sobre as bandas, sobe os horários do show, o número de espectadores esperados, e as tarefas de cada seção do jornal, e os jornalistas pré-determinados. Isso incluía nos jornalistas requisitados para a coletiva pós-show com o McFly. The Times possuía lugar reservado. sorriu sarcasticamente para o aviso. Ela tornara-se aquilo que sempre abominou: uma mulher que permite que sua vida pessoal interfira a profissional.
'Sally, se alguém perguntar, não volto mais hoje, eu vou acertar algumas coisas e ir direto pro festival, entregue os passes pra Meg, ok?'
'Sim, senhora.'
acenou para algumas pessoas antes de entrar no elevador. Precisava de roupas novas. E de um café. Bem forte. Precisava manter-se acordada. Entrou na primeira Starbuks do caminho e fez seu pedido.
'Você não tinha muito trabalho a fazer hoje?' Ouviu uma voz atrás de si. estava de gorro e óculos escuros, que só não ficaram muito estranhos porque, apesar do frio, estava um sol bem brilhante.
'Hm.' respondeu com um resmungo.
'O que houve?' Ele se sentou ao lado dela.
'Nada.'
'Nada?'
'Você tentou falar comigo essa manhã?' Ela perguntou objetivamente. 'Pessoalmente, telefone, e-mail... sei lá.'
'Não, não tentei.' Ele falou como se fosse óbvio.
'Hm.' Ela resmungou novamente. Impacientemente.
'Sabe... Depois de tudo o que aconteceu, acho que não podemos continuar assim.'
'Assim?' não entendeu.
'É... Eu acho que você deveria reconsiderar, acho que ficou claro que você precisa mudar de idéia e ir morar em Liverpool comigo.' Ele disse sério.
Precisa? Que diabos ele queria dizer com aquele tom de voz?
'Como que é, ?'
'Você sabe...'
'Seu café.' O atendente colocou um copo sobre o balcão. entregou uma nota a ele e se levantou.
'Você é desprezível.' Ela disse com nojo.
Saiu de lá descontrolada, pegou o carro e foi direto pra casa, se esquecendo completamente das roupas novas. Jogou os sapatos num canto, e foi direto pra cama se deitar. Dormir a faria esquecer tudo, nem que por algumas horas. Só não contava que o cheiro do continuasse ali, que houvesse fios do cabelo dele no travesseiro, e que isso não a permitisse pegar no sono. Levantou-se, pegou um travesseiro no guarda-roupa, uma manta e foi pra sala, aninhou-se no sofá e dormiu antes que conseguisse chorar.

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'I tried to read between the lines... I tried to look in your eyes... I want a simple explanation; what Im feeling inside...'
ouvia algum música no fundo, bem no fundo do túnel. Ela só não sabia onde era o fundo do túnel e onde ele iria dar.
' I gotta find a way out... Maybe theres a way out'
O túnel se abriu em outros quatro e centenas de travesseiros começaram a cair do teto, todos cheirando a .
'AH!' acordou assustada e viu seu celular tocar e vibrar sobre a mesinha de centro.
'ALÔ!'
', você está dormindo?' Elle falou do outro lado.
'Como estaria se estou falando com você' Ela olhou ao redor tentando lembrar porque estava na sala.
'Você já está pronta?'
'Pronta? Pra quê?'
'Pro festival, sua doida! Já são quase seis horas!!!!' Ela berrou
'Ai, meu deus!' levou a mão a cabeça. 'Eu estou de pijama, estava dormindo!'
'Rá! Eu sabia. Sempre tenho razão!'
'Elle! Eu estou completamente encrencada e você me vem com sempre-tenho-razão?'
'Abre a porta pra mim.'
'Que?'
Ding-Dong
abriu a porta entediada.
'Lastimável...' Elle balançou a cabeça. 'Vamos, minha filha, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima. Você não pode deixá-lo afetá-la assim!' Elle tentou encorajá-la.
'Quem disse que eu tô assim por causa do ?'
'Você acabou de falar...' Elle sorriu sabichona, trancou a porta e foi pro quarto de . 'Minha nossa! Ele veio aqui de novo?' Elle reparou os travesseiros e cobertas jogadas pelo chão.'
'Não.' sentou na cama. 'Só o cheiro dele que grudou aqui e não me deixou dormir.' Ela ia deitando na cama, mas se levantou rapidinho ao senti-lo novamente.
'Você dorme hoje lá em casa, e amanhã manda a empregada desinfetar tudo.' Elle deu uma piscadinha e voltou pra atividade em que se empenhava: encontrar uma roupa decente para .
'Eu não vou chegar a teeeeempo' enfiou a cabeça entre as pernas.
'Calma, amiga, a Lisa e a Meg estão segurando as pontas, toma lá uma ducha que eu vou encontrar algo bom. Eu não me conformo que você não tivesse separado nada. Essa roupa está separada há uma semana.' Ela apontou para o próprio corpo.

só se lembrou de sair do chuveiro com Elle esmurrando a porta.
'NÓS NÃO TEMOS A VIDA INTEIRA! SAIA JÁ DAÍ!'
'Eu perdi a noção do tempo, desculpe.' saiu do banheiro envergonhada. 'Então, o que vou vestir?'
'Isto aqui!' Elle apontou para a poltrona a beira da janela, onde ela havia esticado um vestido e uma calça, e aos pés havia uma bota de cano e salto alto.
'Você está MALUCA?' arregalou os olhos, e deu uma espiada no céu cinzento do lado de fora.
'Bricadeirinha... Só pra descontrair...' Elle deu uma risadinha de criança. 'Mas nada de se encapotar toda...' Ela colocou as mãos na cintura, e tirou um cabide de dentro do armário, com uma das blusas mais bonitas que tinha,e estranhamente, a que ela menos usava. 'Ponha essa calça aqui, aquela bota baixa, e e seu casaco roxo. Vai ficar aquecida e confortável para o show...'
'Animador...'
'Vamos lá, , apesar de tudo, ainda é um show do McFly!' Elle sorriu exageradamente. fez careta. 'E você não estará sozinha, eu, Lisa e Meg estaremos com você!'

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'Estou preocupada, acho que ela não vem...' Lisa olhava para os lados.
'Sem chances, ela não é doida de dar uma mancada dessa.' Meg abanou o ar e olhava ao redor também. Estavam na área vip, destinada àqueles que tinham muito a gastar, e para os jornalistas não perderem nenhum detalhe que seria relatado nos jornais da manhã seguinte.
'A já está aí?' Sally falou pelo comunicador de Meg. 'O chefe está furioso atrás dela. Eles vão entrar em dez minutos e...'
'Cheguei, Sally!' veio correndo a tempo de falar com a secretária. 'Pode dizer pro Mr. Robs que estou de olhos e ouvidos bem atentos!' Ela terminou e deu uma piscadela às amigas.
Pouco depois de recuperar o fôlego, as luzes da Arena se apagaram, só brilhavam câmeras, celulares, e uma luz no palco, contornado pelo logotipo do McFly. Ouviu-se a introdução de We are the young, e iluminou-se. Em seguida, todas as luzes do palco se acenderam para o início da música. Inconscientemente, foi a primeira coisa que procurou no palco. Ele não apresentava o ânimo que costumava apresentar em seus shows, mas isso, certamente, seria por causa do longo tempo distante dos palcos.
A segunda música foi 'Sorry's not good enough', durante sua execução, encarava incomodamente. Em seguida, eles falaram sobre o Festival, sobre a qualidade das bandas que se apresentariam, sobre o filme que gravaram, e que as próximas duas músicas seriam covers que eles adoravam. Ao fim delas, eles se despediram, e foi convocada por Sally a se dirigir a sala de imprensa.
estava bem acostumada com todo aquele agito, em uma dessas coletivas de imprensa, conheceu , enquanto a maior parte dos jornalistas questionava sobre suas ex-namoradas, e que pubs ele passaria a freqüentar, perguntava qual música do último CD tinha levado mais tempo para ser composta. Depois disso, uma entrevista por telefone, outra num restaurante, uma semana depois eles namoravam.

Antes de chegar ao local indicado, alguém segurou seu braço.
'Ai!' Ela se espantou ao virar-se pra ver quem a impedia de seguir.
'Desculpe, ...'
', o que faz aqui?'
Ele franziu a sobrancelha.
'Digo...' Ela abanou a cabeça. 'Aqui. No meio do caminho, olha que uma fã alucinada passa por aqui e te ataca...' riu da própria piada.
'Shhh... Não fala isso... O me pediu pra entrega-lhe isto aqui.' Ele estendeu um papel dobrado.
'Ah, , eu não quero...' Ela empurrou a mãe do garoto. 'Estou cheia do seu amigo...' revirou os olhos. 'Escuta, desculpa por não ter feito a entrevista, tá... Eu... er... não me sentia confortável...' Ela se referiu a última matéria do The Times.
'Tudo bem...'
'Tenho certeza que a Meg deu conta...' Ela deu uma piscadinha.
'Ah, não tenha dúvida.' Ele divagou por um instante. sempre teve uma queda pela amiga de . '... O faz besteiras, mas ele gosta de você, do jeito dele...'
'Do jeito dele?' arqueou a sobrancelha. 'Jeito bem estranho...'
'É sério... Hoje quando te viu, ele não estava totalmente dono de si... Ele não se conformava de perdê-la, e tinha bebido duas ou três cervejas...' a encarava suplicante. 'Ou mais...'
'Eu me apaixonei pelo integrante errado. Devia ter escolhido você, certamente, me magoaria menos...'
'Se você não sente mais nada por ele, pega isso, lê e joga no primeiro lixo que vir.'
'É claro que eu ainda gosto dele, ' disse alterada. 'Eu não me incomodaria tanto, se não fosse assim.' Sua voz falhou por um instante. 'Mas eu gosto mais de mim mesma.' Ela ia seguir pelo corredor quando a segurou de novo.
'Pega isso.' Ele esticou o papel novamente.
'...'
'Pela paixão que você não dedicou a mim...' Ele piscou brincalhão.
'Tá bom.'
'Seja boazinha na entrevista, ok?'
'Tá.' Ela disse desanimada.
abriu o papel intrigada: Se estiver confusa, bata à porta 3 a sua direita.
Confusa? Não havia descrição melhor. Não havia golpe mais baixo também.
Parou em frente a porta 3. Sabia que a coletiva não começaria sem ele, e que, se não entrasse, passaria muito tempo pensando o que teria acontecido.
Sem bater, testou a maçaneta. Aberta. Para seu alívio, se encontrava devidamente vestido, dois dos botões de sua camisa estavam abertos e ele secava o cabelo com uma toalha de rosto.
'?' Ele falou baixo num misto de surpresa e alegria.
'Hey, .'
'Er...' Ele foi até seu casaco, e pegou um embrulho. 'Eu comprei em Liverpool... Abre depois, tá...'
'Obrigada' Ela sorriu envergonhada.
'Erm... eu precisava falar com você. Estou deixando Londres hoje, e...' Ele gesticulava nervoso enquanto o olhava atentamente. 'Eu sei que errei, sei que fui imaturo, sei que fiz várias besteiras... mas...' Ele a encarou buscando o melhor meio de dizer o que queria, de fazê-la compreender seus sentimentos.
'Mas?'
'Mas, se fosse diferente, se eu ficasse, você me daria uma nova chance?' Ele a fitou ansioso.
'...' não sabia o que dizer.
'! Onde você está?' Ela ouviu a voz de Sally no comunicador.
'Estou quase na sala.' Ela respondeu.
'Em cinco minuto eles estarão lá!' Ela falou meio desesperada.
'Calma, posso garantir que não começarão a entrevista antes que eu chegue lá.'
'Ok' Sally desligou esgotada.
'Desculpa, sabe como é, né... show do McFly... Eles estavam em filmagens, e voltaram só agora... Esse filme mudou a vida dos quatro, há muitas perguntas a fazer, toda a imprensa está em furor...' foi um pouco irônica. Ela não poderia se permitir sofrer mais uma vez.
'Isso é um não, não é mesmo?'Ele desviou o olhar para as paredes com fotos de várias celebridades que passaram por la.
', você está no foco de toda essa gente, por menos que queira, é influenciado por isso, pra você, sempre haverá a certeza de fonte inesgotável de atenção, bebidas, festas, mulheres... Eu gosto de não fazer parte disso. Eu sou, simplesmente, . As pessoas que me conhecem, é simplesmente por uma assinatura de reportagem, pelas iniciais numa crítica...'
', esse lance da fama não é assim. Eu não ligo pra isso, muito menos valorizo mais do que valorizo você... '
'. Eu não quero por meu coração em suas mão mais uma vez, para que você o destrua, assim que ele não lhe parecer mais necessário. Eu não suportaria mais tudo isso, de novo.'
'É... você decidiu, mesmo... Eu... só quero que saiba... que eu, antes de tudo, sou só um cara, que está na frente de uma garota, pedindo que ela o ame.'
O estômago de se encolheu. Ela olhou por um momento atrás de , onde havia uma das poucas fotos de divulgação do filme que já havia sido liberada à Imprensa, autografada pelos quatro e recém pendurada na parede.
Ele se aproximou dela, beijou-lhe o rosto e entrou no banheiro do camarim. fechou as mãos por um instante e saiu de lá.
'!' Meg estava em frente a porta.
'Que susto!' levou a mão ao peito.
' Tá todo mundo...' Meg falava rápido puxando .
'Eu sei. Estava falando com o .'
'Quê?'
'Ele me deu isso' Ela mostrou o presente, e abriu. Era um anel, e dentro havia escrito: “Here, there and everywhere”
'Ai, meu Deus.' Meg coçou a nuca.
'Ele pediu outra chance.'
'E você?'
'Disse a verdade: que não queria me magoar de novo.'
'Isso foi um não?' Meg perguntou curiosa. só assentiu com a cabeça, recebendo um abraço da amiga.

Aquela coletiva possuía um clima diferente, pela primeira vez estava nervosa. Meg ficou em um canto, onde filmaria tudo, para intensificar a reportagem. tomou seu lugar na segunda fileira, ligou seu Palm Pilot e observou atentamente o comportamento dos que a rodeavam, os outros jornalistas, os assistentes da banda que ela já conhecia, e viu Fletch entrando, seguido pelos quatro rapazes, vinha por último, e sentou na ponta oposta a que se encontrava. Estava distraído, mexendo com a caneta em cima da mesa, ou com a tampinha da garrafinha d'água.
Como representante do The Times, um dos principais patrocinadores do jornal, tinha vantagens, certamente, quando erguesse a mão, suas perguntas seriam atendidas. Podia, assim, dar-se ao luxo de ouvir as perguntas que vários jornalistas fizessem antes, para selecionar alguma questão bem conveniente.
', você fica mais quanto tempo em Londres?' Um jornalista perguntou, tirando-o de seu transe.
'Hm... Eu volto a Liverpool amanhã cedo.'
Essa resposta fez com que vários outros repórteres levantassem a mão.
', a decisão de mudança pra lá está relacionada ao rompimento de seu namoro, ocorrido anteriormente ao início das gravações?'
'Não. Eu gostei muito de ficar na cidade, só isso.' Ele respondeu incomodado.
'E quais são, como você disse a um jornal, “as ligações que o prendiam aqui, que não existem mais”?' Um outro jornalista perguntou.
'Eu não quero mais responder sobre minha vida pessoal.'
, enfim levantou a mão. olhou como se esperasse que ela se dirigisse a ele.
', você não acha que a mudança de alteraria a rotina da banda?' Ela perguntou com um sorriso desafiador, indecifrável para .
'Talvez, mas, nós conseguiremos nos adaptar. Não há nada que possamos fazer. Só uma pessoa o faria mudar de idéia.' sorriu sugestivamente.
'E se...' Ela ergueu a mão de novo, nunca concediam mais de uma pergunta por jornalista, mas fez sinal para que permitissem. 'E se essa pessoa, se desse conta, de que isso seria o melhor a ser feito, e pedisse. Você o aconselharia a ficar?'
'Eu nem precisaria me dar ao trabalho.' olhou pra .
'Obrigada.' Ela disse olhando .
cochichou algo a Fletch que pediu que um dos jornalistas repetisse sua pergunta.
', quanto tempo ficará em Londres?' O jornalista repetiu.
'Indefinidamente.' Ele disse olhando para .
Sua declaração alvoroçou todos da sala, e viu suas amigas fazendo sinal positivo por sua atitude.
Ela podia deixá-lo partir, podia ignorar suas ligações, podia evitar tudo aquilo que o trouxesse a sua mente, podia agir da melhor forma que mantivesse o sofrimento longe de si, que mantivesse seu coração seguro longe de . Mas nenhuma segurança traria mais alegria a ela do que o prazer de amá-lo.

Fim

Fic dedicada a minha "ídola" e amiga, Ali. Começou "ídola", depois amiga, agora, ainda mais amiga do que "ídola". Fic de aniversário um mês atrasado e de boa viagem. Adoro você.
E Obrigada a Lucy, Mayazinha e a própria Ali, que emprestaram suas personalidades a Lisa, Meg e Elle; à Carolis, que betou e montou a foto do título; e aos roteiristas de Um Lugar Chamado Notting Hill que me ajudaram com o fim.
"Here, There and Everywhere" é uma música dos Beatles. =D
Ofensas, críticas, elogios, conselhos, entre em contato: camilinha10@hotmail.com

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