poderia se considerar a garota mais sortuda do mundo, desde pequena, é vizinha de , sempre foram muito amigos. Quando menores e ingênuos, às vezes se beijavam atrás da moita, que fica em frente a casa dele, eram meros selinhos, mais para a idade deles já era uma grande coisa! Com o passar do tempo, formou uma banda, , a qual viu nascer, ajudava na composição de algumas músicas e era super amiga de todos da banda. Talvez um pouco mais do que isso para seu vizinho. Continuavam se pegando atrás da moita, só que agora, de um jeito um pouco diferente...
Bom, o que vou contar aconteceu num sábado, a menina acordara cedo pra ajudar a mãe a limpar a casa, devido a algumas dificuldades econômicas, tiveram que despedir a empregada, desde então, sábado era dia de faxina. Depois de ter limpado os banheiros, arrumado seu quarto e passado pano na sala, ainda teve que levar para um passeio no parque. Chegando em casa, a garota estava exausta! Nem se preocupou em tomar banho ou trocar de roupa, se enfiou no meio das cobertas de sua cama que havia acabado de arrumar e dormiu, como se nunca tivesse feito isso antes, só se lembrava de uma voz doce e familiar lhe falando:
— Filha, eu e seu pai vamos à festa da empresa dele, voltaremos tarde está bem?
Ela respondeu qualquer coisa e voltou a dormir.

Depois de algumas horas, foi acordada com fortes rajadas de vento batendo em sua janela, não… o barulho estava longe demais para ser em seu quarto… vinha da sala! “É só o vento batendo na porta” pensava a menina sem abrir o olho, pois suas pálpebras estavam pesadas demais pra isso. O barulho foi ficando mais intenso, a ponto de parecer socos na porta… Ou eram socos? começou a latir desesperadamente no jardim, era como se ele estivesse vendo algo anormal… O som ensurdecedor dos socos, agora vinha seguido de gritos. Gritos que a menina não conseguia identificar. A janela do seu quarto se abriu escancaradamente, o barulho cessou.
Um frio lhe correu a espinha, fazendo-a se arrepiar por inteira. Agora havia juntado toda sua coragem, tentava abrir os olhos para poder ir até a sala, mas a tentativa foi em vão, talvez o medo junto com o sono tornasse isso impossível.
Decidiu então ir lá com os olhos fechados mesmo, quem sabe no caminho não consiguiria abri-los… Se apoiou no seu criado mudo e foi tateando os móveis com as mãos e o chão com os pés, até chegar no topo da escada. Sentou no primeiro degrau, com os pés no segundo, e assim foi descendo, rastejando. No fim da escada, seus olhos começavam aceitar a idéia de que teriam de abrir, já conseguia enxergar bem embaçado por uma frestinha que suas pálpebras decidiram deixar. Com a adrenalina a mil, nem se lembrou de acender a luz, já estava bem próxima da porta quando os barulhos voltaram, agora conseguia identificar que gritavam seu nome. Sem pensar abriu a porta, e alguns seres bizarros invadiram sua sala, seus olhos já haviam aberto por completo, mais ela ainda via tudo embaçado, não sabia o que fazer, não sabia o que pensar, entrou em pânico quando uma criatura corpulenta, um pouco mais alta que ela, com um buraco negro no lugar do olho esquerdo, uma fenda no meio da testa, por onde dava a impressão de poder ver o seu cérebro, veio em sua direção com alguma coisa cintilando na mão! Sim, o ser estava com uma faca na mão, e a direcionava ao pescoço de .

A garota não tinha forças nem para gritar, muito menos para tentar se defender. “É meu fim” ela pensava, a faca estava cada vez mais perto, porém não foi parar em seu pescoço, e sim em seu ombro, junto com uma mão quente e carinhosa, a outra mão da criatura levantava sua suposta pele, levando junto sua ‘boca’, mas para surpresa da menina, por trás desta pele tinha uma bem mais macia, e outra boca bem mais atraente. O rosto do monstro veio se aproximando do dela bem devagar, até os lábios se encontrarem. O beijo parecia familiar a . A luz foi acesa e o ser se distanciou dela, aos poucos sua visão foi entrando em foco. Agora reconhecia os outros ‘monstros’, com as máscaras na mão e rindo compulsivamente lá estavam , , , e um último monstrinho que ainda estava com metade da máscara, que ela já imaginava quem seria.

Rindo da própria idiotice, ela terminou de tirar a máscara do , e deixou que ele explicasse, ainda rindo:
— Desculpa pelo susto , mas hoje é Halloween, e como seu convite para a festa da escola está comigo, achei que deveria passar aqui pra te entregar.

Falando isso, o garoto entregou um pedaço de papelão em forma de faca, coberto com papel espelho, onde estavam escritas algumas coisas. A menina tinha esquecido totalmente o baile anual de Halloween de sua escola. Foi até seu quarto e se trocou rapidamente, então voltou a sala, segurou a mão de e foram para a festa.
“Este com certeza será o Dia das Bruxas mais inesquecível de toda minha vida!” pensava e ria a menina.


FIM

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