DOM
Por Dani

- NÃÃÃÃÃÃÃÃO! – ouvia-se o grito de enquanto via uma mancha de sangue na água.
Gritos, montanha, floresta, árvore. Tudo se passava rapidamente na cabeça de .


levantou assustado, se dando conta de que havia dormido no sofá da sala. Levantou-se devagar, passou as mãos em seu rosto e foi em direção ao seu quarto. Tirou as calças, ficando apenas de boxer e camiseta. Já fazia algum tempo que esses sonhos vinham atormentando-o, mas não tinha coragem de contar para ninguém, com medo de acharem que ele estava enlouquecendo.


~_

- Mããe! – entrava correndo em sua casa para contar as novidades pra sua mãe. As duas se davam muito bem, apesar das briguinhas de mãe e filha que aconteciam de vez em quando. Cláudia tinha 40 anos, era médica e tinha uma vida social boa; amava seus filhos e fazia de tudo para que eles vivessem felizes. – O David pediu pra eu avisar que ele conseguiu a vaga no hospital e que ele vai começar no mês que vem! Não é demais? Agora temos três médicos na família! – contava, empolgada.
- Jura filha? Eu estava torcendo tanto pro seu irmão conseguir... Ah, que orgulho! – disse Claudia com os olhos brilhando – Seu pai vai ficar felicíssimo! Pena que o também não escolheu essa carreira... Seu pai já está ficando irritado porque ele montou essa banda. Na verdade, eu fico muito feliz dele achar uma coisa que realmente goste e espero que ele faça muito sucesso. Afinal, ele tem um grande talento para música! – Ela terminou com os olhos brilhando.
- Verdade mãe, o tem muito talento mesmo... Assim como o resto dos meninos! Eles ainda vão fazer muito sucesso...


- , eu ‘to indo com os meninos na praia, quer ir? – perguntou descendo as escadas.
- Vou incomodar?
- Se fosse, não estaria te chamando né? – ele respondeu, dando um beijo na testa da mãe e puxando consigo.
Os sentimentos entre e eram confusos. Eles eram irmãos, mas qualquer um que os visse sem saber disso acharia que ali havia algo mais. Mas, para eles, aquilo devia ser o natural de qualquer casal de irmãos.




- Dude, que gata – dizia abobalhado olhando as meninas que passavam de biquíni.
- Gostosa, né? – disse admirando a “paisagem”.
- , ela é aquela sua amiga não é? A , se eu não me engano – perguntou .
- É sim.
- , arranja ela pra mim, vai? – Pediu , com os olhos brilhando.
- Eu posso tentar , mas não prometo nada. Espera aí. – saiu e gritou o nome da amiga, que a avistou e foi correndo em sua direção. Elas se abraçaram. – Heeey, quanto tempoooo!
- Verdade, ! Desde que você mudou de casa, não me ligou mais, sua amiga desnaturada!
- Como assim eu não te liguei? Sempre que eu tentava te ligar, dava na caixa postal!
- Sabe o que é... – começou , corando um pouquinho. – Er, eu mudei de telefone, sabe...
- Sua fidunta, você também podia ter me ligado e passado o telefone novo! Ham! Mas vamos a um assunto mais interessante e mais urgente. Sabe aquele menino ali? – Ela apontou diretamente para . – Então... Ele te achou linda e quer te conhecer. Aceita?
- Aquele DEUS ali? Ai, céus! - colocava a mão no peito fingindo um enfarto, o que fez os meninos correrem até lá.
- Meu Deus! ‘Tá tudo bem? – chegou , preocupado.
- Er, tá, tá tudo ótimo – respondeu um pouco envergonhada.
- Então, como eu ia dizendo, esse é o , .
- Prazer...
O celular de começou a tocar e foi atender longe dos amigos. Era sua mãe, querendo que ela e voltassem pra casa imediatamente. E assim foi feito; eles deixaram os meninos com e voltaram para casa.


_~

- Viagem, mãe? Mas assim, do nada? – perguntou David, franzindo a testa.
- É. Eu e seu pai decidimos que é melhor assim, porque não vamos poder ficar em casa nesses dias, temos que fazer outra viagem por negócios do hospital e não poderemos levar vocês.
- E pra onde nós vamos? – perguntou . - Para um acampamento.
- Ótimo, era só o que me faltava, um monte de pernilongos me picando!
- Não quero discussão. Vocês vão amanhã de manhã – terminou Claudia.


Ao anoitecer, todos foram para os seus quartos, arrumaram suas malas e adormeceram.


-~

- Vamos, depressa! – Claudia os apressava para subirem para o ônibus que os levariam até o acampamento.
Todos a bordo, partiram. A viagem foi cansativa e desgastante, de modo que eles ficaram bastante satisfeitos por sair do ônibus e esticarem as pernas.
Foram aos alojamentos, arrumaram suas coisas e foram ao encontro dos monitores que os levariam para a trilha.


-~

- Ai, droga, ‘tá cheio de pernilongo aqui... Cadê meu repelente? – procurava seu repelente dentro da bolsa com David a seu lado.
andava mais atrás, olhando tudo à sua volta.
- , vem logo, você vai acabar se perdendo! – ouviu David falando e apenas concordou com cabeça.
Ouviu um barulho esquisito no meio das árvores, e tamanha a curiosidade de saber o que era, se embrenhou na mata e acabou se perdendo.


-~

- David, cadê o ? – perguntou, olhando para todos os lados à procura do garoto.
- Caralho, eu falei pra ele andar mais rápido... Teimoso! Vamos procurá-lo, antes que ele se perca de vez!
e David saíram de fininho para os monitores não verem e se embrenharam na mata. Apesar de eles gritarem o mais alto possível o nome de , eles não ouviam nada além de bichos rastejando entre as folhas caídas no chão. Embrenhavam-se cada vez mais na mata, e acabaram se perdendo também, por mais cuidado que tivessem tido. Depois de algum tempo, prestando mais atenção, ouviram chamando por eles.
- ! – foi correndo ao seu encontro e deu um forte abraço nele. – Você não devia ter saído de perto da gente!
- Você tem o que na cabeça, garoto? – perguntou David, espumando de raiva.
- Cérebro, se você não sabe, sabichão! – retrucou .
David resolveu não continuar a discussão.
- Ah, e agora, como vamos fazer para achar o caminho de volta? – perguntou , preocupada.
- Não sei... – respondeu David. – Vamos dormir por aqui mesmo e amanhã nós decidimos o que fazer... , vai até ali e pega aqueles gravetos. Vou tentar fazer fogo.
- Eu conheço essa árvore... – murmurou para si mesmo.


Já fazia uns 20 minutos que David tentava fazer fogo, mais nem faísca saía.
- Desisto, não consigo fazer isso!
- Mais já desistiu? Não era você que falava que eu desistia de tudo fácil demais? – provocou .
- Vê se faz melhor então! – replicou David, levantando-se.
- Dá pra parar, os dois? Eu não agüento mais ver vocês brigando! – se levantou também, irritada.
David virou-se de costas e sentou-se, sendo seguido por .
, por sua vez, foi pra frente, parando de frente para o fogo. Estava sentindo tanta, mais tanta raiva, que saiu uma luz vermelha de seus olhos, o que fez esquentar os gravetos e rapidamente pegar fogo.
- Você que fez isso ? – perguntou ao virar-se para .
- Acho... Acho que sim... – estava surpreso consigo mesmo.
- Ah, agora vai falar que sai fogo dos seus olhos! Poupe-me, – disse David em tom de deboche. – Você só inventa essas coisas pra chamar a atenção. Foi a mesma coisa que você fez daquela vez que pôs fogo na casa!
- Mas é verdade David! Naquela vez que mamãe me deixou de castigo e saiu com vocês para o paintball, eu senti tanto ódio, mas tanto ódio, que na hora que vi, já estava tudo em chamas.
- Mas não foi isso que o policial disse, pelo que me lembro – retrucou David.
apenas abaixou a cabeça, concordando. Sabia que não havia posto fogo na casa de propósito, mas quem acreditaria?
“Bom, a acreditou. Mesmo eu não podendo provar nada, ela foi a única que ficou do meu lado, me dando força. Eu queria tanto encontrar alguém assim... Se ela não fosse minha irmã, com certeza eu faria de tudo para ficar com ela. Que espécie de idiota não faria? Eu fico tão orgulhoso de ter uma irmã como ela...”
Todos adormeceram rapidamente. E , mais uma vez, sonhava com esses malditos pesadelos que o perturbavam já há algum tempo. Abriu os olhos e enxergou um ser desconhecido.
- Bom dia – disse o tal homem. apenas o encarou, desconfiado, e perguntou:
- Quem é você?
- Me chamo Ezequiel – disse o homem calmamente. – Sou aquele que tudo vê. E acredite meu rapaz, o seu destino é certo, não tem como fugir. Siga esta trilha, e vire à direita. Não se desvie desse caminho!
olhou para a pequena trilha, e logo depois virou-se para encarar o homem, mas estava sozinho, o cara misteriosamente havia desaparecido. Enquanto arrumava sua bolsa, acordou.
- Aonde você vai?
não disse nada, apenas saiu andando.
pegou sua bolsa e acordou David, que levantou rapidamente pegando sua bolsa e saindo correndo atrás de .
não dava importância aos chamados de e David, estava muito intrigado com o que o homem dissera.
Como Ezequiel havia dito, o fez, seguiu a trilha e virou à direita, deparando-se com uma cachoeira.
ficou paralisado. Era ela. A cachoeira com que havia sonhado.
- Olha, David. O achou a trilha de volta pro acampamento – dizia contente olhando o trilha depois da cachoeira.
- Verdade – disse David analisando. – Mas pra chegarmos ate lá precisamos pular – terminou olhando de um para o outro.


--~

- Era só o que me faltava, três filhinhos de papai perdido na mata! – disse o monitor para o guarda florestal.
- Vamos ter que sobrevoar a área para ver se os encontramos.
Naquele momento, Claudia chegava de helicóptero. Estava muito aflita.
- Onde estão meus filhos? – perguntou, tentando se manter calma.
- Calma senhora, está tudo sobre controle.
- Claro, tudo sobre controle, COM MEUS FILHOS PERDIDOS NO MEIO DE UMA FLORESTA ENORME DESSAS! – terminou, morrendo de raiva.
- Senhora, vamos fazer o possível para achar seus filhos, vamos sobrevoar a área para achá-los...
- Nem que vocês tenham que fazer o IMPOSSÍVEL para encontrá-los! Do contrário, eu processo esse lugar!
O guarda apenas concordou com a cabeça, em silêncio.


-~

- Não, eu não vou pular. Se eu pular, vou morrer – disse , entrando em pânico.
- Verdade, David... É um pouco alto demais, você não acha?
- Se não pularmos, vamos ficar aqui pra sempre. É isso que vocês querem? – ele agia com impaciência. - Se vocês não pulam, eu pulo. – Dizendo isso, ele pulou.
e se entreolharam, e voltaram a atenção para o final da cachoeira.
- , o David não sobe. AI MEU DEUS, O DAVID NÃO ESTÁ SUBINDO!
Uma enorme mancha de sangue começava a aparecer na superfície da água. então pulou, e pulou em seguida.


logo subiu à superfície, com David em seus braços e foi nadando em sua direção. Os dois juntos tiraram David da água e o levaram para perto de uma rocha. Estava com um corte na cabeça, e sangrava muito.
- , ele ‘tá sem pulsação! – disse , começando a chorar desesperadamente. A menina foi em direção à outra rocha e sentou-se.
“Não, Não, Não... Não pode ser! Era ele, e não eu!”, pensava .


NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!

ouviu um grito MUITO alto vindo de , que ecoou por todo o local. Olhou rapidamente para onde eles estavam. Havia uma luz azul em volta de e David. E assim que a luz se apagou, caiu deitado na rocha, com David em seus braços.
começou a chorar mais ainda.
Após alguns minutos, David acordou. Logo depois se levantou, completamente tonto. levantou e olhou-os sem entender.
Sentaram um ao lado do outro, sem saber o que havia acontecido.
- ... Você é um paranormal – disse - O que?! – perguntou, sem entender.
- Foi isso mesmo que você ouviu – continuou . – Eu vi como você trouxe o David de volta.
- , isso é loucura – disse David – Eu sou médico. Você quer mesmo que eu acredite nisso?
- David, eu sei o que vi – ela continuou, olhando-o de um jeito de dar medo. – O te trouxe de volta.
- Era pra eu ter morrido – disse . – Todos aqueles sonhos que eu tinha... Eram para me avisar o que ia acontecer.
- Mas, ... Ainda tem uma coisa que não consigo entender – falou – Como... Você conseguiu trazer o David de volta? – terminou curiosa.
- Sinceramente , eu não sei. Só sei que... Eu senti amor. Amor como eu nunca tinha sentido antes. Amor de irmão.
David estava quieto. Não havia outra explicação pra ele ter voltado da morte.
Sim, era um paranormal. Amor de irmão. Essas palavras não saiam de sua cabeça.
-, preciso te contar um segredo... – disse David, decidido. – Você não é nosso irmão.
ficou imóvel, por um instante. Estava perplexo. Aquilo, de alguma forma, mudava tudo. Mas, por alguma razão, ele não se sentia triste.
Pensou em seus pais. Eles continuariam sendo seus pais, apesar disso, como sempre foram, não iam? Aquele amor de irmão que ele sentira... Eles deixariam de ser seus irmãos, só porque não tinham o mesmo sangue? Mas pensou em . Talvez fosse melhor assim.
- Mas, pra mim – continuou David, interrompendo seus pensamentos. – Você vai sempre ser meu irmão.
O helicóptero sobrevoava aquela área, e felizmente eles os avistaram.




-... posso falar com você? – perguntou , receoso.
- Claro! seguiu para um lado mais afastado.
- ... eu não consigo mais segurar. Eu gosto muito de você. De verdade. Acho que mais do que deveria... E agora que descobrimos que não somos irmão, eu achei que...
- ... – estava paralisada, com os olhos marejados.
Sem dizer mais nada, ela aproximou-se e simplesmente beijou-o, com toda a vontade do mundo.





Fim









N/A: Ok. Essa fic é meio... Completamente estranha. Maaas, como eu assisti o seriado “Dom” da Globo, e amei, eu tinha que escrever uma fic assim. Bom, vamos aos agradecimentos:


À Gábi. Por ficar escutando minha idéia e ser a primeira a ler esse treco que chamo de fic... Brigada, beterraba.


[Nota da Gábi: HEY! Beterraba é seu nariz, sua folgada. Cadê os agradecimentos por eu ter revisado a fic todinha e te ajudado corrigindo as coisas? xP
Brincadeira, xuxu, não precisa agradecer nada não. Adorei a fic, de verdade! :***]


À Thaty, por não fazer nada mesmo. Mas eu quero deixar um agradecimento pra ela ;x


À Dani, por ela me agüentar no msn falando das fics. Brigada, xu.


À Pati, por ter scriptado. Muuito obrigada! ^^


A todas as meninas que me ajudaram, além de você, que vai comentar agora =D


Se você leu pelo menos uma parte da fic, não deixe d comentar, por favor. Eu ficarei muito contente por receber uma opinião sua ^^



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