Escrita Por: Marii | Betada Por: Talii | Revisada Por: Thai Barcella



Capítulo 1


Era época de férias de Julho e eu não podia perder essa oportunidade. Veio-me à cabeça uma ótima idéia para eu conseguir dinheiro com minhas idéias, já que nenhuma loja quis me ter como funcionária.
- Por que não tentar? Você é boa nisso, null. - Minha amiga null incentivou. - Chega hoje no horário da aula do Fred e vê se ele topa!
E foi o que eu fiz. Às duas e meia da tarde, lá estava eu, de chinelo, bermuda e biquíni, sentada na areia de umas das praias mais belas daqui do Rio, Copacabana. Vi Fred e algumas alunas em seu encalço, cada uma com uma prancha. Ele me viu e abriu um sorriso de orelha a orelha.
- O que te trás aqui, null? Depois daquela confusão com o Henry, você sumiu! - Às vezes o Fred consegue ser tão desagradável. Ele sabe muito bem que eu sumi exatamente para não ficarem falando sobre isso. Henry era um dos professores da escolinha de surf que eu fazia. Quando ele começou a dar aulas eu já era aluna há algum tempo. Ele era tão lindo, com aqueles fios longos loiros batendo no ombro e os olhos... Ah, que olhos verdes! Eu acabei me deixando levar por isso e acabamos tendo um caso. Ele sempre quis manter em segredo, por ser professor e maior de idade (ao contrário de mim), mas eu estava apaixonada. Um dia nos viram juntos e ligaram tudo: as trocas de olhares, eu sempre cair no mar com ele, a gente sempre ficar até depois da aula juntos. Como isso não era permitido, o Henry rodou. Mas ele não deixou barato, falou que eu o seduzi, que eu corria atrás dele. Ah, fala sério! Um homem já feito ficar fazendo intriguinha para eu me ferrar só porque ele perdeu emprego dele? Caiu no meu conceito, fiquei com muito ódio dele, mas passou, é passado.
- É, Frederico, sumi e você sabe o porquê.
- Não precisa me chamar de Frederico, null. Mas me diga, que vento soprou para te trazer aqui?
- Eu queria te pedir um favor, Fredzinho da minha vida.
- Eu sabia! Você reaparecer aqui do nada tem algum motivo! – Eu ri. Fred me conhecia muito bem. Além de um ótimo instrutor de surf de apenas vinte e três anos, ele era um ótimo amigo. Afinal, foi ele que ouviu, por semanas, minhas lamentações sobre Henry.
- Tchau, Fred, até amanhã! – algumas das alunas passavam por ele, se despedindo.
- Eu queria saber se vocês não estavam precisando de uma mãozinha aqui na escolinha. – Ele estranhou. Eu sempre fui muito preguiçosa em relação a trabalho. Mas dessa vez era necessário.
- Você? Trabalhar? Quem é você e o que fez com null null? – eu ri.
- É que eu e null queremos ir para Londres aí...
- Aí você quer trabalhar aqui para poder juntar uma grana, acertei?
- Como sempre, né, Fred! – Era sempre assim, ele sempre concluía as minhas frases, por mais estranhas que fossem. Às vezes eu achava que, assim como Voldemort com Harry Potter, ele podia penetrar na minha mente. Sério, é assustador! – E então... Será que dá? - Por mim você pode tudo, né?! Mas a gente tem que falar com o Carlinhos, ele que manda em tudo, você sabe. Mas vai ser fácil, você sempre foi a pupila dele. – Eu sorri de forma sincera.
Carlinhos era um coroa de uns cinquenta anos, ele era o dono daquilo tudo, da escolinha e de todas as filiais. E não posso negar, ele sempre gostou muito de mim. Como ele não estava lá aquele dia, Fred prometeu falar com ele por mim. Mas já que eu estava lá e fazia bastante tempo que não surfava, resolvi ajudá-lo na próxima aula que daria.
- Hey, pessoal, para quem está aqui há um tempo sabe que a null era aluna da escolinha e agora veio nos ajudar como instrutora. Como vocês são muitos, após o alongamento nós vamos dividir vocês em dois grupos. Um ficará comigo e outro com ela. – Fred disse enquanto uma roda era formada pelos alunos, que começavam a se alongar.

- A aula foi divertida, Fred disse que foi um bom começo e que, se o Carlinhos aceitar, eu já posso ajudar lá como instrutora.
- Que isso, hein, amiga! – null dizia, animada. Afinal, ela queria tanto quanto eu que eu conseguisse esse bico, por causa da viagem.
No correr do dia, eu e null ficamos na internet procurando algum emprego para ela, já que ela não tem equilíbrio algum para se manter em pé num salto, muito menos numa prancha, e descobrindo mais algumas coisas sobre hotéis, hospedagens e etc.
A semana seguiu tranqüila, eu fui ajudar o Fred na escolinha alguns dias em que o meu corpo não estava tão mole, grudando na cama, não me deixando levantar. Não é culpa minha, não é? Eu expliquei isso ao Fred, mas ele me deu um belo de um esporro. Ele já está se achando demais, ele não é o meu chefe, aliás, eu nem tenho chefe! O Carlinhos ainda não chegou e disse “você está contratada!”. Mas enquanto isso eu apareço lá para ajudar, para mostrar que eu estou realmente interessada e que eu sou muito (cof, cof!) esforçada!


null me acordou, numa terça-feira, às onze horas da manhã, para me dizer que havia conseguido um emprego como caixa numa loja de CDs. Cara, é isso que eu não entendo. Como a null, lesada do jeito que é, consegue ser caixa de uma loja e eu não consigo um mísero emprego de faxineira? Ok, é pelo bem da nossa viagem. Só espero que ela se dê bem nisso, porque fazer contas rápidas não é com ela. Pensando bem, acho que vou dar à ela uma calculadora que eu tenho aqui. Já que eu não uso, talvez seja útil pra ela.
Depois que null se acalmou da alegria incessante que contaminava seu corpo, liguei a televisão e a MTV anunciava uma banda inglesa que estava vindo ao Brasil. Legal, eu estava totalmente desatualizada do mundo musical. Pelo menos eu não era a única. null, que já tem a cara de retardada, ficou assistindo a VJ Luiza dar aquela notícia e ficou mais idiota ainda.
- Que foi, null?
- null, acorda! Olha como eles são bonitinhos.
- Ok, e você quer que eu faça o quê? Invada a televisão e traga eles aqui para casa? Diga-me qual você quer que eu vou lá e busco para você, amiga! - null parecia boiar no que eu dizia.
- null, você está pirando, cara!
- Oh, e por que será? Olha com quem eu convivo! null, a retardada mór. – Eu ri. Ela riu. Nós rimos. Vós ristes. Eles riram. Que tal treinar um pouco de português, hã? Ok, essa foi péssima, null. Influência da minha bela amiga, null. Vocês devem estar achando que eu sou uma péssima amiga, né? Mas não, isso tudo é amor. Nosso amor é um tanto... Er, diferente.
- Shh! Eu quero ouvir sobre esses carinhas que vêm ao Brasil. Imagina se eles tocam no Rio, hein?
- E o que tem se eles tocarem aqui? Você não vai dar uns pegas nele só porque ele vai estar aqui. Eles devem ter milhões de fãs. E, cara, como a gente não os conhece?
- Talvez porque nós estejamos mais preocupadas em viajar do que nas bandas atuais. - Primeira vez que eu concordo com ela.
- Vai valer a pena isso tudo! – Vi null afirmar com a cabeça, e um sorriso gigante surgiu em seu rosto.


Capítulo 2


Finalmente chegou o dia que eu esperava e que parecia nunca chegar. Eu nasci com a bunda virada para a Lua, só pode! No dia que eu decido chegar lá pelas nove horas da manhã na escolinha, o Carlinhos aparece. Eu o cumprimentei, ele me surpreendeu com um abraço apertado e disse que sentia minha falta por lá. Sentamos onde o sol não batia tão calorosamente e eu lhe contei o que queria e porque, já que o esquecido do Fred não falou sobre nada. Ele ficou bastante feliz com a minha própria vontade de trabalhar tão cedo e, melhor, trabalhar com ele.
- Então quer dizer...
- Quer dizer que é lógico que você pode trabalhar aqui com a gente, null!
Cara, eu nunca fiquei tão feliz na minha vida, de verdade! Eu consegui um emprego na praia! Vou ganhar para surfar, nem acredito. Dei um super abraço no Carlinhos e saí saltitante para contar ao Fred e à null.
Com o passar dos dias eu fui pegando a manha e a paciência de ensinar aos alunos. Tudo bem que eu já tinha sido uma, mas, poxa, eu peguei as coisas rápido! Tinham uns que ficavam três aulas para conseguirem ficar em pé na prancha. Mas tudo bem, eu sou só uma empregada e tenho que ser paciente.
Num dia depois das minhas aulas, passei na lojinha que null estava trabalhando. E não é que ela estava se dando bem? Ela me apresentou ao Victor, um vendedor da loja. Que era bem bonitinho, por sinal. E fui saber mais tarde que eles já haviam trocado telefone. Como a minha amiguinha é rápida, não? Ficamos lá conversando, já que a loja estava com movimento fraco. Victor tinha uma banda não muito famosa, mas conseguira, por sorte, abrir o show de uma banda internacional que viria fazer uma mini-turnê pelo Brasil e passaria pelo Rio de Janeiro. Ele estava de tanto rolo com a null que deu um convite com passe para o camarim deles à ela. Mas como ela é uma maravilhosa amiga, disse que não iria sozinha. Ele se viu obrigado a me dar um também. Ah, vai! Vou ficar de vela por uma boa causa. null está encalhada há um tempo! Ok, ela não pode saber que eu falei isso aqui.
As aulas na escolinha continuavam legais, apesar da marmanjada que ficava de gracinha comigo no mar. Os alunos começavam a pegar jeito e eu não precisava ficar de olho neles o tempo todo. Por mais proveitosas que fossem, eu chegava em casa cansada. Até que eu, um dia, esquecida do jeito que sou, entrei em casa e vi uma null bastante agitada, andando para lá e para cá.
- null, você é maluca? – Ela estava gritando.
- Que foi, null? Por que essa agitação toda?
- Só talvez porque hoje seja o show que o Victor nos convidou. – Eu bati com a mão na testa.
- Outch, doeu! Eu esqueci. Me perdoa, null. Mas está cedo. Que horas começa o show dele?
- Cedo? null, são quatro horas da tarde! Ele disse para estarmos lá às seis. – ela disse, se acalmando.
- Ok, ok. Mantenha a calma. Eu como alguma coisa, me arrumo e vamos.
Tudo bem que faltavam duas horas, mas do jeito que a null é com atraso, eu teria que comer e me arrumar rápido. Mas para quê tanta pressa? A gente não precisa nem enfrentar fila! Ah, já sei o nome dessa pressa: Victor, o carinha da loja. Eu fui à cozinha, preparei um miojo e o devorei em cinco minutos, já que tinha uma retardada gritando no meu ouvido de trinta em trinta segundos ‘Anda, null, vamos nos atrasar! O Victor disse para a gente chegar o mais cedo possível!’. Porra, se eu não tivesse com tanta fome eu juro que teria tacado o miojo com aquela água fervendo na cara dela. Aí sim, ela não poderia ir nesse show e nem iria me encher o saco, me irritando com essa voz!
Em uma hora eu estava pronta. Simples, porém pronta e notavelmente aparentável. De calça jeans escura, uma blusa de um ombro só cinza e meu All Star branco, que já não estava tão branco assim.
- Pronto, sua mala! – Eu peguei a chave do carro e antes das seis estávamos esperando Victor na porta, para que nos levasse ao camarim, já que os seguranças estavam mais preocupados em conter as fãs malucas.

Em pouquíssimo tempo, Victor estava nos apresentando aos outros caras da banda. E até que eles eram bem simpáticos. E bonitinhos! Fiz amizade fácil com eles enquanto null e Victor se engoliam num canto do sofá.
- Ei, ei ei! Temos crianças aqui! – Eu gritei.
- Cadê? Não estou vendo. – null ficou procurando e todos nós rimos da cara dela.
- Eu sou uma criança, poxa! – Eu falei, cobrindo o rosto com as mãos.
O tempo passou rápido e quando vi, já estávamos atrás do palco, vendo o show da banda do Victor. Eles eram bons! Não sei porque ainda não faziam sucesso.
Perto do fim do show, null sentiu sede e pediu para que eu a acompanhasse até o camarim. Topei e acabamos não encontrando água alguma. Voltando, fizemos o mesmo caminho de ida. Chegamos ao corredor conhecido. Mas nem eu, nem a lesada da null, lembrávamos qual era o número da porta, já que não tinha o nome das bandas. Na dúvida, entramos na porta de número 04. E pode-se dizer que levamos um baita susto! null abriu a porta e fechou rapidamente.
- Não é aqui. – Ela sussurrou. Quando fomos dar meia volta, à procura da sala certa, a porta tornou a abrir.
- Hi? – O garoto que abriu a porta disse. Eu e null instantaneamente erguemos a sobrancelha. Bom, ele não é brasileiro, disso pode ter certeza. Mas era bem... Er, nada!
- Nothing! – Eu disse, virando de costas de novo. Mas fui surpreendida por ele puxando meu braço e dizendo algo como ‘entra’. O que eu fiz? Resistir àqueles olhos null? Jamais. Entrei, puxando null junto. Ela sussurrou um ‘e o Victor?’ e eu apenas sorri.
Sentamo-nos junto deles. Ah, havia mais quatro além dele. Eles se apresentaram. O que abriu a porta chamava-se nullnull, o que null ficou olhando era o null null, outro era o null alguma-coisa-que-eu-não-lembro, o null e o Ney, ou alguma coisa assim. Bom, eu pelo menos acho que é isso. Na verdade, só prestei atenção no null. Cara, como ele era bonito! Tinha um rosto tão fofo, um jeito... Ah, sei lá. E, pô, do nada, duas malucas abrem a porta do camarim deles e eles nos tratam super bem? Não, realmente eles não são de se jogar fora. Ok, ok. Controle-se, null.
Nós todos ficamos conversando e, cara! Que sotaque! Na hora eu percebi: ingleses. Meu Deus, e que ingleses! É destino, só pode ser. Para onde eu vou no fim do ano? Inglaterra. De onde eles são? Inglaterra. Tudo se liga. O papo correu bem e eu e null descobrimos que amamos Blink 182 e ficamos trocando figurinhas sobre a banda.
Bastante tempo depois (que pareceu ser pouquíssimo!), Ney que não era Ney, e sim Neil, voltou ao camarim dizendo que em pouco mais de dez minutos era a vez deles de subirem ao palco. Aí eu me liguei. Cara, a minha convivência com a null está realmente me afetando! Como eu não percebi isso? A tal banda inglesa que a MTV anunciou que viria ao Rio fazer um show estava na minha frente! Eram eles... Será que a null percebeu?
- Você é um gênio! Eu sabia que os conhecia de algum lugar. – Deus! null era uma lesma em pessoa.
- É, e agora?
- E agora a gente aproveita, ué. Você disse que nós não conseguiríamos conseguir conhecer eles! Viu? Morde a língua agora. – Ela disse, tentando abrir minha boca, para puxar minha língua para fora a fim de me fazer morder a tal.
- null! – Eu gritei. – Você me induziu ao mau caminho! Não está esquecendo nada?
- Não, acho que não. Ah, já sei! – Eu sorri, aliviada. – A água! Vou pedir ao null.
Puta que pariu! Desculpem-me o palavrão, mas é necessário. A cada dia eu me surpreendo mais com ela! Porra, ela veio aqui para ficar se comendo com quem? Quem, hã? Quem adivinhar eu dou um pirulito de coração. Ok, não dou. Estão achando que eu sou o quê? Nem é dia de São Cosme e Damião ainda! Mas é fácil de adivinhar: Victor. E num passe de mágica, ou num passe de ingleses gatos, ela esquece o cara. Na boa, ele deve estar muito puto e a procurando por todos os lados!
- null! Sua retardada! O Victor.
Foi incrível a cara que ela fez. Era meio que um misto de espanto e medo. Ela deu um pulo e saiu correndo, batendo a porta. Eu contei ‘1, 2, 3’. Ela voltou e os meninos riram.
- null, vamos comigo! – Eu olhei para eles como se dissesse ‘Não falei?’ e saí com ela. Mandei um beijo para todos e lembrei-me. Não sabíamos onde era a porcaria do camarim da banda do Victor.
- Ei, meninos! – Eles voltaram à atenção para mim. – Vocês sabem onde é o camarim da banda de abertura? – Eles negaram com a cabeça e Neil me informou onde era. Chegamos lá e Victor estava preocupado, tentando ligar para null, que esquecera o celular (que estava no vibracall) na bolsa, que estava no camarim. Enfim... Ele estava bem puto, como imaginei. Mas nada que um charme da minha amiga não resolvesse. Ela é rápida, cara! Como ela consegue praticamente dois em um dia e eu estou aqui? Chupando dedo... Ou babando pelo null. Se fosse você, duvido que também não estaria pensando nele!
null continuou se pegando com Victor no mesmo sofá e eu pude ouvir um barulho estrondoso do lado de fora.


Capítulo 3


- É o McFLY! – Math, parceiro de banda de Victor disse, me puxando. – Vamos. Não vai ver o show? - HÁ. Era o show da banda de null, então era esse o nome. McFLY, McFLY... Eu fiquei repetindo na minha cabeça até ser acordada por Math, que estalava os dedos na minha frente. - Terra chamando, null! Vai ou não?
O que você escolheria? Ficar vendo sua amiga se pegando com um carinha no sofá ou ir para trás do palco assistir a banda de quatro, mas principalmente de tal inglês lindo, maravilhoso e famoso? Bom, eu escolhi a segunda opção. Agarrei a mão de Math e fui com eles. O show havia acabado de começar. Ficamos do lado direito do palco, perto de null. Ele me viu ali e sorriu. Eu e os outros caras ficamos lá, curtindo o show, pulando, gritando. Eles sabiam todas as músicas do McFLY e o público cantava junto! Era lindo, juro! Os McFLY’s estavam super animados, pulando e cantando junto aos fãs.
O show acabou e achei perfeito! Eles são ótimos, tem uma presença de palco foda! Voltamos ao camarim e null não estava junto a Victor.
- Cadê a peste?
- Entrou no banheiro há uns cinco minutos e até agora não saiu.
- Ai meu Deus! Ela é maluca, não pode deixar ela solta assim. – Eu abri a porta e vi null sentada no chão. – Que foi, idiota?
- Não sei, estava com saudade. – Levantou e me deu um abraço. Juro! Ela é pirada! Agora entendem? E olha que eu aturo isso há uns dez anos! Pergunta-me como eu agüento? Ela não era tão mongol assim, foi piorando com o tempo.
A maluquice da minha querida amiga passou e ficamos todos comentando dos shows que haviam rolado naquela noite. Eu contei que havíamos nos perdido e acabamos conhecendo os caras do McFLY, eles piraram! Ficaram falando o quanto nós éramos sortudas e tudo mais. Ok, nisso eu tenho que admitir que também concordo. É uma puta sorte nós escolhermos a porta do McFLY em meio há várias portas na nossa frente. E outra, ainda ser bem recepcionada por eles! Trataram-nos como se nos conhecessem há anos, conversamos sobre tudo. Eles nos contaram das histórias engraçadas das turnês e tal. Cara, chega! Eu estava perdida em pensamentos, com cara de maluca igual à null, pensando em tudo que passamos no camarim do McFLY, mas ninguém reparou. Eu não queria acordar daquele transe que estava tendo, mas fui interrompida.
- Er. Oi! – Uma cabecinha apareceu abrindo a porta. Eu acordei e olhei. Não, pára! Não poderia ser!
- Hey! O que faz aqui? – Eu fui até a porta e abri, dando a entender que eles entrassem.
- Ah, não sei. Lá estava meio... Entediante, sabe? Aí perguntei ao Neil onde era o camarim que vocês estavam. – null disse meio encabulado, coçando a cabeça.
- Sei, sei. Então, não tive tempo de parabenizar pelo grande show. Parabéns, null! – Eu dei um abraço nele. OPA! Eu dei um quê? Como assim? Eu o conheço a menos de um dia. null, null! Sossega esse facho. Eu percebi a merda que tinha feito e saí dos braços de null, mesmo sendo o que eu menos queria naquele momento. Olhei para os meus pés e sussurrei alguma coisa como ‘foi mal’. Ele riu e me abraçou. OPA, DE NOVO! O que ele acha que está fazendo? Quem ele acha que é para me abraçar desse jeito? Ele é só um... Um inglês, lindo, com um belo par de olhos null e com um abraço aconchegante! Enquanto ele me apertava, me sufocando (tá, o abraço dele foi bem apertado!), eu apenas curtia o momento. Ei, qual o problema? Não é todo dia que um rock star vai atrás de você e te dá um abraço desses. Ele me largou e agradeceu. O apresentei aos amigos de Victor e ao próprio.
Entre conversas, risadas e troca de olhares... Não, não. Não houve troca de olhares. Ok, houve! Eu tenho que admitir que não conseguia parar de olhar para ele. Meus olhos pareciam ter um ímã junto aos dele. Enfim, nesse tempo, em um breve momento em que a atenção não estava voltada para qualquer um de nós dois, null chegou bem perto.
- Que tal um tour pelo backstage? – Por que ele faz isso? Ele sabe que é lindo e fica provocando meninas indefesas como eu. Quando ele disse isso ao pé do meu ouvido, senti os pêlinhos da minha nuca se arrepiarem. Olhei para ele, que estava mais perto do que nunca e fiz o mesmo joguinho.
- Por que não? – Vi os pêlos da nuca dele se arrepiarem também e sorri. Virei-me para os outros, levantando. – Hey! Vou dar uma volta com o null, ok? null, não me esqueça ou eu mato você! – Ela assentiu com a cabeça.

- E então, gostou mesmo do show? – Ele perguntou, sorrindo. E que sorriso!
- Amei, null, de verdade! Muito bom mesmo. Eu tenho que admitir... Eu não conhecia vocês! Vocês são super famosos aqui, mas como eu estou preocupada com a minha viagem e o meu novo emprego, não ando tendo tempo pra ficar em casa assistindo a MTV.
- Eu sei como é isso! Sempre temos alguma coisa: apresentação na televisão, entrevista para revistas, rádios... Chego em casa querendo cair na cama. Quase não vejo minha família por causa disso. – ele abaixou a cabeça, meio tristonho.
- Idem! Meus familiares moram em Florianópolis, no sul. Os vejo pouquíssimas vezes, só quando junta a família toda. Agora vai ser pior por causa da minha viagem.
- A propósito, vai pra onde? – Ele disse, sentando-se em uma escadinha por trás do palco, eu o acompanhei.
- Vou viver o meu sonho, junto com a null. Morar na Inglaterra! – Os olhos de null esbugalharam. AHÁ. Quer dizer que ele ficou surpreso de saber que eu vou morar no mesmo país que ele? Muito bom.
- Sério, null? Quer dizer que depois desses dias aqui no Rio, vamos poder nos ver mais vezes? Er... Isso se você quiser, é claro. – Ele percebeu que havia se precipitado, falando que queria me ver por lá.
- É lógico, null. Mas eu só vou no final do ano, até lá vou trabalhando para conseguir grana. E vocês? Ficam aqui por quanto tempo?
- Ah, não sei direito. Mas como aqui foi o último show é capaz de a gente ficar aqui por, pelo menos, uma semana. – EU JURO QUE NESSE MOMENTO MEUS OLHOS BRILHARAM E O MEU SORRISO FOI INVOLUNTÁRIO!
- Que bom! Vão poder aproveitar bastante o Rio de Janeiro, as praias!
- Sim! Só falta uma guia para nos mostrar os pontos turísticos... – Ele estava olhando para os meus lábios, eu não estava sonhando! Ele estava realmente olhando e eu queimando de vergonha.
- Ah, aqui o que menos falta é guia turístico, null! – Desentendida, eu? Nem um pouco.
- Você, quer dizer, se quiser, poderia ser a minha guia. Quero dizer, nossa guia. Minha e dos caras! – null null confuso e sem jeito com a minha companhia? Seja firme e não o agarre aqui.
- Claro, a gente pode ir ao pão de Açúcar, Cristo Redentor...
- Cristo Redentor não é uma das sete Maravilhas do Mundo? – Eu afirmei, sorrindo. – UOU! Quero muito ir lá!
- Podemos ir lá, mas antes... Copacabana! – Ele me olhou atônito. – Praia, null! Mar, areia, sol...
- Oh, sim! Claro! Mas com o que você trabalha, null?
- Eu trabalho em Copacabana mesmo. Surf, sabe? Eu sou instrutora de surf numa escolinha. – Era a vez de null de abrir um sorriso feito propaganda de pasta de dente.
- Você surfa? Que demais! É difícil? – Legal, começou o questionário.
- Não, null, não é difícil. Você gosta? – E assim iniciou-se um ótimo papo sobre surf. null era um zero à esquerda em relação à isso. Porém, nada que Tia null não possa ensinar, certo? Cara, esses pensamentos vulgares não saem da minha cabeça! Expliquei muita coisa ao null, mas ele parecia só se importar com o movimento dos meus lábios. Ele se auto-convidou para ter aulas comigo e mais ninguém (palavras dele!) de surf nesse tempo que vão ficar aqui. E você acha que eu fiz o que? Recusei, óbvio! MENTIRA! Te peguei, viu? Quem não gostaria de ser praticamente obrigada a dizer sim a null null? Eu fiquei nas nuvens, assumo.
Para dar uma de estraga-prazeres, null null (é, descobri o sobrenome dele!) apareceu dizendo que eles já estavam indo. null me acompanhou de volta ao camarim, despediu-se de todos e pediu o meu celular. Não o número, mas o aparelho! Ficou confusa? Eu também, mas entreguei em suas mãos com certo receio. Ele discou alguns números e seu celular começou a tocar. null finalizou a ligação e me devolveu o aparelho.
- Pronto, agora já tenho seu número! – disse com aquele sorriso lindo. Abraçou-me e beijou-me na testa. – Ligo quando precisar de seus serviços! – Eu o olhei de cara feia. Serviços? Ele está achando que eu sou o quê? Mais uma dessas tantas vadias no mundo? Sinto-lhe informar,caro null null, o senhor está muito enganado. - Isso pegou mal. – Ele disse, confuso. Oh jura? Idiota.
- Muito! – Eu falei, tentando parecer brava. Mas, cara, com aquele conjunto de traços perfeitos que formam o resto de null era quase, pra não dizer totalmente, impossível!
- Então ligo quando estiver livre para te ver! Hm... Ligo quando estiver preparado para surfar! – Eu sorri.
- Não esqueça o tour pelo Rio de Janeiro.
- Impossível esquecer, vou contar os segundos! – Assim ele me deu um beijo, dessa vez na boca. MENTIRA! Peguei você de novo, espertinha! Dessa vez foi no cantinho esquerdo da boca (na trave!) e saiu sorrindo.
Jesus do céu! Paizinho querido, por que me destes um homem assim? Desse jeito eu não resisto. Ok, eu sei que ele está fazendo para provocar, mas ele realmente consegue, bicho!

Capítulo 4


Depois daquele dia, eu contava os minutos, esperando que null me ligasse. Mas eu sou uma babaca! Eu sabia que ele não ia ligar, me iludi à toa. null, acorda! Ele é um famoso que pode ter a mulher que quiser. Por que ele escolheria logo você? Não mesmo.
null já estava a par da situação e pedia para que eu me acalmasse, explicando que talvez estivesse muito cansado. Na verdade eu sabia que ela queria que null ligasse, por causa do null! É, não contei isso. Vamos lá. Victor e null combinaram de se encontrar hoje, dois dias seguintes do show. Ela chegou em casa dizendo que pediu para que tudo continuasse normal, apenas bons amigos. Amigos coloridos de vez em quando, mas isso é detalhe. Culpa de null null que não saía da sua cabecinha desmiolada.
Eu e null ficamos deitadas no sofá, comendo brigadeiro. Duas idiotas esperando o mesmo cara, também idiota, ligar. Eu meti um mantra na minha cabeça: ‘não pensa nisso, ele é um idiota’. Vivem dizendo que isso não dá certo, não é? NÃO. Deu certo. Foi só eu pensar nisso, quando eu estava quase caindo no sono, o meu telefone de casa tocou. Aí você pensa ‘ué, mas ele não pegou o seu celular?’. É, pegou. Mas ele é mais esperto do que eu pensava.
- Alô? – Atendi, mal-humorada.
- Que tal carregar o celular, hein, mocinha? – EPA! Voz conhecida, voz doce, voz linda, sotaque inglês...
- null! – O escutei rindo do outro lado. – Pensei que não fosse ligar.
- Eu estou te ligando desde o dia do show, mas seu celular só dá desligado! – Eu bati na testa e procurei o celular, me embolando no fio do telefone. Acabei tropeçando, caindo de cara no chão, fazendo um belo barulho. - null? Que houve? Você está bem?
- Er, calma aí, null! – Eu larguei o telefone, e fui até o quarto procurar meu celular. Sim, ele estava sem bateria, embaixo do travesseiro. Aí, como eu sou estúpida! – É, realmente está sem bateria.
- E, por isso, do jeito que sou ninja, descobri seu telefone! – Nós rimos. – Brincadeira, eu peguei na Listas Amarelas.
- Muito ninja você. Então...
- Então estou te ligando para saber se amanhã a minha instrutora vai estar livre para dar aula particular. – null me olhava, fazendo gestos para que eu falasse o que null estava dizendo.
- Ahn. Vou ver na minha agenda se estarei livre. – Rimos, novamente. – Claro! Sabe onde é a praia?
- Não, mas eu dou meu jeito. Estamos num hotel de frente a uma praia, deve ser perto. – O ouvi perguntar para Neil em que praia eles estavam. – Ah, estamos em Coquecabana.
- Não é Coquecabana, é Copacabana! – O corrigi, fazendo ele rir.
- Tanto faz. E então, que horas na praia? – Eu realmente estava muito feliz. Combinamos o horário e o local onde nos encontraríamos. Para a felicidade de null, escutei null pedir para que eu a levasse. Preciso dizer que ela ficou muito feliz? Não, né.
No dia seguinte, acordei dez minutos antes do despertador e, por incrível que pareça, null também estava de pé.
- Posso saber o motivo de a senhorita estar acordada tão cedo?
- null null. Vamos ver se eu adivinho o nome da sua felicidade. – Ela se fez de pensativa por dois segundos. – null null? – Ela disse, sorrindo e voltando sua atenção para o café. Eu retribuí o sorriso e em pouco tempo estávamos saindo de casa, indo ao encontro dos outros dois.
Cheguei mais cedo à escolinha para explicar a Fred o motivo de eu dar aula aquele dia, já que era meu dia de folga. Ele sorriu, maroto. Ficamos sentadas, eu e null, olhando o relógio de cinco em cinco minutos.
- Estamos atrasados? – null chegou por trás, me dando um susto. Eu olhei no relógio.
- Um pouco. Quase dois minutos. – Eu virei e dei de cara com null e null de tênis e meia. – Alguém avisou a vocês que na praia não se usa tênis? – Eles riram e ficaram só de bermuda. Eu estou no céu? Porque, MEU DEUS! Ele não tem um corpo perfeito, mas cara... É sexy. MUITO! Mas enfim, vamos ao trabalho. null tenta, se esforça, mas não rola. Ele é um péssimo surfista! A cada marolinha que eu o empurrava, ele ficava de joelhos e caía. Era o tempo todo assim, e olha que nós ficamos umas duas horas no mar. O peitoral dele estava vermelho de ficar tentando subir o tempo todo na prancha, já que ele estava sem blusa. Tinha que ver, teve um momento em que eu o empurrei para uma onda e ele foi tentar subir, mas ele bateu de cabeça na prancha, foi tentar subir rápido por causa do susto e pisou muito na ponta. Resultado? Prancha na cabeça e um caldo bonito. Olhei para a areia e null e null riam de null. Definitivamente ele não nasceu para isso!

- Hey, null! Você é muito bom, hein! – null disse enquanto voltávamos do mar.
- Ah, null, cala a boca! Queria ver se fosse você ali. – null balançou o cabelo encharcado de água salgada em null e null, que parecia não ligar.
Nós ficamos conversando, rindo tanto tempo que nem percebemos que o tempo havia passado.
- Gente, tenho que ir! Daqui a pouco é o meu horário na loja. – null disse olhando no relógio. Pude ver a carinha de null murchar ao ouvir aquelas palavras.
- Então vou também, estou cansada. Ter um aluno como o null não é fácil! – Nós rimos e nos levantamos. Nos despedimos e null prometeu ligar para combinarmos de fazer alguma coisa à noite.
Deixamos null na loja e eles insistiam em me deixar em casa. Acabei cedendo e null me deu um selinho na hora da despedida. Esbugalhei os olhos e ele reparou. Dã! Fácil de reparar né. null riu baixinho e foi andando para a rua, a fim de nos deixar sozinhos.
- Pagamento da aula de hoje. – Eu sorri, encabulada.
- Até a próxima aula, então.
- Ei, não se esqueça! Te ligo para marcarmos algo. – Eu afirmei com a cabeça e ele se foi. Cara, meu coração ficou apertado. Eu não queria ficar longe dele. O dia ao lado dele foi simplesmente perfeito. Como eu não tinha há tempos, desde em que Henry e eu estávamos juntos! Entrei em casa e fiquei deitada no sofá, de olhos fechados, pensando em null. Ele conseguia ser perfeito. Aquela risada, o sorriso maroto, os olhos cintilantes. Aquele null conseguia me deixar nas nuvens! Eu fico imaginando: será que ele sente o que eu sinto por ele? Porque, na boa, eu conheço o cara há tão pouco tempo e ele mexeu tanto comigo. Ele é carinhoso, engraçado, doce. Pensando nele eu acabei adormecendo ali mesmo, de biquíni e tudo.
null chegou às 4:30 em casa, me tacando travesseiros. Eu apenas virei-me para o outro lado e continuei (lê-se: tentei) dormindo.
- null, o null ligou. Deixou recado na secretária.
- Ahan, null. Se você quer me acordar, poderia ter usado um método menos clichê. – Eu disse, tacando de volta as almofadas. null não revidou. A ouvi mexendo na secretária e pouco depois ouvia a voz de null.
“- Hey, null! Tentei ligar umas três vezes para o seu celular. Como você não atendeu, resolvi ligar para sua casa. E adivinha? Você não atendeu também! – Ele riu. – Bom, eu gostaria...
- EI, EU TAMBÉM! – null gritou e null sorriu ao ouvir a voz do garoto.
- Enfim, a gente queriasabersevocêsnãoqueremsaircomagentehoje. - Eu olhei pra null e ela revidou o olhar.
- null, fala devagar. Tá nervosinho por que vai sair com a null, é? Esse não é null que eu conheço. Parece até que está apaixonado! – COMO É QUE É? REPETE, null!
- Parece, null? Ele está mesmo! – Ouvimos uma voz que parecia ser do null e risada geral.
- Ah, calem a boca, seus panacas! Então, null... Eu queria saber se você quer sair comigo hoje. O null vai e pediu para levar a null, se ela puder. Assim que ouvir o recado, me liga. Mas liga mesmo! Beijos.”
Cara, como assim! Eu até despertei escutando tudo isso! null ria para mim, abobadamente. Mais do que normal. Eu finalmente falei alguma coisa:
- PUTA QUE PARIU! O ME AMA! – Subi no sofá e comecei a dançar algo muito mais do que ridículo, se quer saber. null me olhou e riu, maliciosa. De repente, estávamos, nós duas, pulando feito idiotas, cantando algo como:
‘O null me ama! La la la la!’ e ‘O null me quer! La la la la!’
A minha amiga é muito pervertida. Enquanto eu estava feliz porque o null me amava, ou parecia, ela ficava gritando em alto e bom som que o null a queria, para fazer sei lá o quê com ela. Bom, isso vai variar de pessoa para pessoa, né. Como sou uma santa não penso nisso. Já imaginou? Santa null, a santa de Londres. Cara, eu ia morrer feliz se me consagrassem a santa de Londres!
Eu não tive coragem de ligar para o null do jeito que eu estava depois de ouvir o recado na secretária, então null ligou para o null. Ela disse que o null ficava perguntando o tempo todo porque EU não liguei para ele.
Coitado! Por que será? Porque depois do que eu escutei, eu acho que não tenho cara de falar com ele, de vergonha.
Diferente da null, que é completamente sem vergonha!

Às nove da noite o carro do null estacionou em frente a nossa casa. Eu estava muito nervosa, já a null... Era o Buda em pessoa! Ela está se comportando muito bem na frente dos homens. Vai ser uma humilhação, mas vou ter que perguntar qual a tática dela.
null e null nos esperavam do lado de fora do carro e, aliás, estavam muito lindos! Nos cumprimentamos e null abriu a porta do carro para mim. Ah, pára! Como esse garoto consegue ser tão perfeito? null fez o mesmo com null, que parecia estar meditando, enquanto eu estava com os nervos à flor da pele.
- Para onde nós vamos?
- Espere e verá. – Foi a única coisa que null me respondeu.

Depois de uns quinze minutos no carro em que todos estávamos sem assunto e null tentava fazer alguma graça para descontrair, chegamos ao local. Era um terreno vazio, só com um telão gigante de cinema. null puxou uma alavanca e a mala abriu.
- null, pega essa bolsa térmica dentro da mala, por favor. – Eu fiz o que ele pediu e abri. Era uma bolsa pequena com vodka, cervejas e uma garrafa de champagne. Eu arregalei os olhos e olhei para null. null arregalou os olhos e olhou para mim. Nós duas ficamos nos olhando com os olhinhos brilhando.
- null, o que é isso? – Eu finalmente virei-me e perguntei para ele.
- A gente pensou em trazer vocês pra um lugar legal, para ficarmos nós quatro a sós. null deu a idéia de um drive in. E aqui estamos nós! – null respondeu por null, que olhou para mim e sorriu.
- Gostou? Tem pipoca de microondas num saquinho aí.
- Qual é o filme? – null perguntou, curiosa.
O filme era ‘Simplesmente Amor’. Enquanto, no banco da frente, null me abraçava aos poucos, tentando chegar perto de mim, eu babava pelo Santoro. Ok, me chame de louca. Ficar babando pelo Santoro no filme quando tenho null do meu lado. Eu sei, eu sei. No banco de trás, null e null não perderam tempo. null pegou na minha mão e acariciou, me fazendo olhar para ele. Naqueles olhos, nos olhos que me ganharam desde o primeiro momento que encontraram os meus. Os olhos null sorriram junto com seus lábios, eu fiz o mesmo e desviei o olhar, voltando para o filme. Voltei a comer a pipoca e beber a vodka na garrafa. null puxou a mesma de mim, bebeu um grande gole, e sorriu. Eu o olhei com confusão nos olhos e ele disse:
- null, relaxa! Você veio aqui para se divertir comigo ou não?
- É claro que sim! E estou me divertindo. – Ele riu. É, já estava ficando meio alterado. Entendi que a dose de álcool que ele tinha tomado há pouco foi exatamente para tomar coragem de quebrar o silêncio – que eu também não agüentava mais! – e fiz o mesmo. Peguei a garrafa e bebi, sem sentir o gosto.
- CALA A BOCA E BEIJA LOGO! – null gritou, ao partir o beijo, deixando um null maluco e a puxando de volta.
- Você está se divertindo? Ficar babando por esse cara do filme você pode fazer em casa, mas babar por mim não é sempre. – Eu gargalhei. – Ainda mais quando nossos dias juntos estão contados. Fletch adiantou nossa volta.
- Como assim? – Eu arregalei os olhos.
- Daqui a dois dias... Vrum, de volta para London, baby! – Aham, o efeito da vodka estava surgindo em null. Eu abaixei a cabeça. Não vou voltar a vê-lo até o final do ano, ou quem sabe nunca mais. – Ei, não fica assim! – Ele pegou no meu queixo e levantou minha cabeça. – Que tal aproveitarmos esses momentos? – Ele aproximou seu rosto do meu e encostou sua testa na minha. Sussurrou um ‘eu nunca vou te esquecer, linda’. Eu respondi com um sorriso e ficamos tocando nossos narizes por um tempo, apenas sentindo um ao outro. null intensificou o momento com um beijo. Não sei explicar como era, com detalhes. Mas descobri a palavra para aquele ser que me beijava: perfeito, perfeição e derivados.
Era um beijo doce, suave, romântico e sincero. Muito sincero!
- É bom estar com você nos meus últimos dias aqui no Rio. – Ele sussurrou enquanto beijava levemente meu pescoço, a fim de esquentar mais o beijo.
Quem visse aquela cena, aquele carro balançando (não pensem maldade!) com dois casais, apertados, se amassando com certeza diria: Onde esse mundo vai parar, que pouca vergonha!
O celular de null tocou.
- Era o Fletch. Nosso vôo sai depois de manhã, às 11 da manhã. – Todos concordamos, com certa tristeza no coração, e decidimos ir embora. Eles, como na ida, nos deixaram em casa. null e null se despediam perto do carro. Fui andando até a porta de casa, quando senti um puxão no braço.
- null, você está bêbado. Meça sua força! – Disse entre risos, afinal o álcool também estava circulando no meu sangue.
- Desculpa, null. Então, nos vemos amanhã?
- Quer uma última aula?
- Acho melhor não, já desisti do surf. Vi que não sou para isso! Que tal um passeio? Você escolhe. – Ele riu.
- Jardim Botânico! E pode levar os outros, se quiser.
- Pode deixar! – Ele piscou.
- Uma hora aqui, null! – Ele bateu continência, me fazendo rir.
- Até amanhã então, comandante! – Ele me abraçou. – Vou sentir sua falta a madrugada e a manhã inteira.
- Eu também, null. Muita. – Ele me abraçou novamente e beijou minha testa. Meu olhar ficou confuso e ele, percebendo, riu. Beijou meus lábios, como da primeira vez, naquele carro.
- Vamos? – null gritou. null sorriu, sem graça, para mim e me deu um último beijo.
- Vê se carrega o celular dessa vez, null! – Falou, enquanto entrava no carro.


Capítulo 5


Acordei no dia seguinte com o meu celular tocando (é, carreguei!) e o nome do null aparecendo no visor.
- Alô? – Disse sonolenta.
- Bom dia, flor do meu jardim mais lindocheirosomaravilhosoeencantador! – Ele disse rápido.
- null? Dá pra falar mais devagar?
- Estava dormindo, minha linda? – Ele perguntou com receio.
- Er, sim. Mas sem problemas, já são... – Olhei no despertador em cima da cabeceira. – OITO DA MANHÃ? – Eu gritei. – null, você é louco? O que está fazendo acordado há essa hora?
- Pensando em você. – Ele respondeu simplesmente, me deixando surpresa.
- Então...
- Nada, quero falar com você, só isso. Já estou com saudade.
- Eu também, null!
Conversamos durante horas, sobre cada assunto inimaginável. Desliguei antes de meio dia, já que null estava querendo ajuda no café da ‘manhã’ e na escolha da roupa.
Uma hora em ponto, dois carros apareceram buzinando em frente à nossa casa. Em um estava null, null e Neil, em outro null e null. Cumprimentamos todos e fui junto com null, enquanto null foi com null, para guiá-lo até o Jardim Botânico.
Chegamos lá e eles ficaram maravilhados com a beleza do lugar! Ficamos iguais crianças, correndo de um lado para o outro, entre as plantas.
- CHEGA! – Eu parei, apoiando as mãos no joelho, respirando fundo. Deitei no chão e os vi virem correndo em minha direção.
- Montinho na null! – null gritou. Não consegui ver muita coisa depois. Eles pularam em cima de mim, quase me matando sufocada.
- AH, NÃO! Neil, você não! Você é gordo! – Eu gritei, empurrando todos eles. Tentei sair do montinho, em vão. Neil saiu correndo e deu um ultra, mega, power pulo em cima de mim. Eu juro que eu achei que fosse vomitar o meu café da ‘manhã’. Depois desse belo presente, fomos todos a caminho de uma sorveteria que havia por perto. Eu estava para trás e null foi andando devagar, para que eu o acompanhasse. Ele me deu a mão e fomos andando em silêncio. No caminho, passamos por uma árvore com muitas flores. null parou e arrancou uma.
- Uma flor para outra flor!
- Que clichê, null! – Eu disse, rindo, e pegando a flor. Ele a pegou de volta e colocou atrás da minha orelha.
- Agora sim. Perfeita! – E me deu um selinho.

Em poucos minutos estávamos os sete sentados em uma mesa, comendo os mais derivados tipos de sorvete.
- Hm! Que sorvete é esse? Muito bom! Não tem lá na Inglaterra. – null disse entre lambidas no seu sorvete de casquinha com três bolas de mamão papaya.
- Só você, null! Eu odeio esse sorvete. – Eu disse enquanto comia o meu segundo sorvete, um sundae.
- Então, meninas! Eles disseram que vocês vão para Londres, é verdade? – Neil, que também estava no seu segundo sorvete de casquinha com duas bolas, perguntou.
- É, é sim! null e eu sempre tivemos uma paixão incondicional pela Inglaterra, mas especificamente por Londres.
- Eu quero estudar moda lá e a null, fotografia. Pesquisamos diversas faculdades de lá, são realmente boas! – null completou.

O papo seguiu durante mais duas horas e cada um comeu em torno de três sorvetes.
- Acho que vou sair daqui rolando, uma baleia monstra! – Eu disse, gerando risos em todos.
- Impossível, null, você é linda de qualquer jeito. – null disse, me deixando vermelha e fazendo todos fazerem ‘Ooooh!’.
- null está apaixonado. – null riu e todos os olhares voltaram-se para null, que sorriu.
- E se estiver? – UOOOU. null? Você está realmente apaixonado? POR MIM? Minha única reação foi esbugalhar os olhos. Ele me olhou e sorriu.
- E está? – null, meu amor, minha vida, você bebeu? Porque ele pode chegar e dizer ‘não, só estava zoando com a cara da sua amiga, eu posso ter todas as mulheres, por que iria querer logo ELA?’.
- Deixa isso no ar. – Ele disse simplesmente. Ele devia realmente querer me deixar aflita.

A noite chegou e nos expulsou do parque. Normalmente, àquela hora eu estaria indo para casa, mas essa noite seria diferente, era a última noite em que todos nós estaríamos juntos. Era pouquíssimo tempo, mas foi fácil um se apegar ao outro. Era como se aquela noite, nós tivéssemos que ficar acordados, juntos, até as onze horas da manhã, horário em que o vôo deles saía.
- Você vai me levar ao aeroporto né, null? – null falou baixinho.
- null, eu adoraria. Mas eu odeio despedidas. – Eu pedi mentalmente para que ele não insistisse nisso.
- Então não vamos ter despedida? A null vai ao aeroporto com null. Por favor, null. – Ele disse em tom de suplício.
- Ok, eu vou contigo até o aeroporto. – null abriu um sorriso de orelha a orelha.
- Agora, todo mundo pro hotel! – Ele gritou.

Eram três horas da manhã e eu estava com os pés descalços e cansados. Sentei-me à mesa em que null estava, rindo de alguma coisa que null falou. Provavelmente mais uma daquelas piadas sem graça e que eu não entendia. Estava ocorrendo uma festa no salão do hotel, por ser o fim das férias. Era uma festa jovem e eu, null, null e null não saíamos da pista de dança de jeito nenhum! Até que o meu pé começou a pedir descanso.
- Finalmente, null! O que te tirou da pista de dança? – null perguntou.
- Meus pés estão doendo. – Eu falei, massageando os mesmos. null sentou ao meu lado.
- Pô, dude, você ainda não aprendeu a dançar? Continua pisando no pé das donzelas? – null perguntou entre risos. null apenas mandou o dedo do meio e me convidou para tomar um ar.

- null, eu queria deixar claro o que aconteceu hoje à tarde... – Eu me perguntei o que havia acontecido de tão importante naquela tarde. Eu fiz cara de desentendida e ele levou aquilo como uma resposta pra continuar. – Sobre o que a null me perguntou. – Agora sim, null! Agora é a hora em que você leva um chute.
- Ahn, sim. Eu não levei a sério, null, não precisa explicar. – Dei um sorriso amarelo.
- Mas tinha que ter levado, muito a sério. – Meus olhos arregalaram-se instantaneamente.
- Por quê? – Ok, eu estava ficando confusa.
- Porque a verdade é que eu estou gostando de você, sim, mas não queria ficar falando na frente dos outros...
- Porque eles iam te sacanear. – Eu completei a frase. Percebi que ele concordou com o olhar e continuei, com uma raiva que podia ser percebida na minha voz. – Por que homens são tão babacas?
Depois daquilo dei às costas para ele, o deixando completamente confuso. Sai correndo ao encontro de null.
- null... – Eu disse, já sem fôlego.
- O que houve, null? Cadê o null? – Ela percebeu instantaneamente que eu estava atordoada.


Capítulo 6


Eu estava deitada no colo da minha amiga, que tentava me acalmar e defender o null. É, cara! Ela tentava defendê-lo. Ficava falando ‘Tenta entender ele, null. Ele já foi zoado pelos meninos na sorveteria’. Eu estou defecando para ele e para os amigos dele!

null ligou para null por volta das nove da manhã. Ele contou que null havia chorado muito e saíram de lá entre quatro e cinco da manhã, após beberem quase o estoque todo do bar. Disse também que null, quando os encontrou, parecia muito triste e abatido e resolveram não perguntar nada, mas depois de muito álcool ele contou espontaneamente. Após a ligação de null, null me acordou e repassou as informações.
Eu estava batendo perna de tanto nervoso, trocando de canal toda hora e olhando para o relógio de cinco em cinco segundos. Onde será que null estava? Eram 10h15min, estava chegando o horário de eles partirem. null já estava se arrumando e tentando me convencer de ir em seu encalço. Mas eu não tomava coragem, fiquei perdida em pensamentos até o meu celular tocar. Era null.
- Não vai atender? – Eu neguei. null balançou a cabeça em sinal de reprovação. – Eu estou indo, tem certeza que não quer ir?
- Tenho, pode ir.
- Nenhum recado para o null?
- Diz pra ele se fu... Não! Não diz nada. – Enfiei minha cabeça de baixo do travesseiro, escutando apenas o barulho da porta batendo. null já estava a caminho. Minha decisão não teria mais chances de mudar.

Depois daquilo eu peguei no sono. Acordei novamente com o barulho da porta batendo, era null voltando. Os olhos dela estavam vermelhos como se tivesse chorado e bastante cabisbaixa. Eu abri os olhos devagar por causa da claridade e sentei, dando espaço pra ela ao meu lado.
- E então, como foi?
- Foi horrível, null! Ninguém parecia querer deixar o Brasil, eles gostaram muito daqui. E, ah, conheci o Fletch.
- Quem é Fletch? – Eu ergui a sorancelha esquerda.
- O produtor deles. É bem legal. Perguntou por você! – Eu esbugalhei os olhos. – É, acho que os garotos e Neil falaram bastante de você, minha amiga. – Ela deu tapinha em meus ombros. Eu dei um sorriso amarelo.
- E você e null, null? Você chorou?
- Ah, foi tão triste! Não só eu, mas como null também. Até Neil parecia chateado por já estar voltando à Londres.
- E... – null percebeu que eu queria que ela falasse de null.
- null null. Ah, null, você tinha que ter visto! Ele estava tão triste. Começou a chorar só de me ver chegando sem você. Ele queria ter se despedido, pelo menos. Você foi um pouco covarde. Eu sei como você odeia despedidas e o quanto você ficou chateada com ele, mas um abraço de despedida não faria mal nenhum!
- Eu queria ter ido, queria muito! Mas... null, eu fiquei com medo. Eu realmente fui muito covarde. – Eu sabia que estava errada, não veria null tão cedo. Perdi uma chance ímpar de poder dar um abraço em todos eles. COMO EU FUI COVARDE! Caí em prantos e null me abraçou apertado.
- Er, null... – Eu olhei para ela. – null pediu para lhe entregar isto. – null tirou um papel dobrado de dentro de sua bolsa e entregou-me. Eu a olhei, como se pedisse que ela me explicasse. – Leia.

null, minha linda. Eu não queria que a última noite, antes que eu partisse, fosse dessa maneira. Saiba que esses dias que eu passei contigo foram maravilhosos, e que nunca vou esquecer-me de você, dos seus beijos, suas palavras, risadas e dos nossos momentos. Mesmo achando que não, acredite que meu sentimento é verdadeiro. E eu sei que isso não vai terminar aqui, acredito poder te ver mais vezes, e ser muito feliz ao seu lado. Espero a sua visita, saiba que eu, null null (ele pediu para botar o nome dele e falar que quer logo que vocês nos visitem em Londres) e os meninos estamos muito ansiosos com a vinda de vocês, e não esqueça que nossa casa estará sempre de portas abertas. Se eu te magoei com algo que disse, não foi a minha intenção. Jamais seria. Desculpa qualquer coisa e, digo com toda certeza que existe no meu coração, eu te amo. Beijos, null null.”

Eu terminei de ler aquilo em prantos. Era visível que null também havia chorado enquanto escrevia, pois havia pequenas manchas de lágrimas. null olhou para mim, sorriu e abraçou-me. Aquele abraço dela era o melhor do mundo, me confortava demais. O melhor não. Definitivamente, o abraço de null superava.
Eu olhei novamente para a carta e uma lágrima tocou as palavras ‘eu te amo’. É, isso não terminará aqui.

Fim!


Nota da Autora: oiii! :)
Por favor, não joguem pedras em mim, é a minha primeira fic, minha primeira n/a. que emoção! *chora*
Essa fic demorou pra sair, mas saiu. graças a ajuda (?) da Marla, minha irmã desnaturada, a encheção de saco de todas as minhas amigas pra eu mandar pro Addiction, a (zuuuuper) paciência da Jow e a insistência pra ler da minha querida betaamiga122 Talii, é por ela que essa fic tá aqui. =')
sem deixar de agradecer aos homens da minha vida: papai por ter tido tesão na mamãe um dia qualquer, ao meu tatuzizinho e, é claaaaaro, a inspiração ímpar que o Dougie me faz ter, né! :D

e obg a vocês! só de ter tido curiosidade de abrir a fic já é mó felicidaaaaade! *_______*
não esqueçam de comentar, saber a opinião de vocês é essencial. ;]
xx
mari;

Nota da Beta: agora não é a dona mariana coutinho, é a talii. :D a best-beta dela. (h) hauehaueua. primeiro, obrigada à todos vcs que leram a fic e estão lendo isso. :D segundo, peço humildemente para vcs comentarem, pq nós ficamos muito felizes qnd tem comentários novos. hauehauheuahue :D toda hora eu entro no haloscan pra ver se tem algum. *-* e tomara que vcs tenham gostado, cara! e que todos os scripts estejam certinhos. se tiver alguma coisa errada, é só falar aí que a gente concerta! :D
(ps.: existe n/b? do tipo, nota da beta? UHAUHAUHA)
er, só. tchau. :D :*


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