.Fim de Festa.
by: Lilah Aoki
betada por: alê



Imagine uma casa cheia, uma música alta e dançante ao fundo, pessoas correndo em volta da piscina, gritando, rindo, se amassando na grama que você aparou pela manhã e uma bancada lotada de copos vazios e garrafas pela metade. Era o local perfeito, se não fosse por um detalhe: eu sempre me dou mal em festas. E lá estão os velhos caras que se acham os populares, só porque pegam cinco a cada intervalo de jogo, apontando para , o perdedor, ou seja, eu. Será que eles se esqueceram que estão na minha casa?

Aquela noite tinha tudo para ser o pior dia da minha existência, já que meus pais me matariam no dia seguinte por dar uma festa para os amigos. Um grande problema, já que eu não tinha convidado ninguém para porra de festa nenhuma, apenas atendi a porta quando a campainha tocou às sete da noite e uma garota, aparentemente alterada, me perguntou: “Seus pais estão em casa?”

Não, não sou ingênuo, sou burro! Ninguém em sã consciência atende a porta e responde sim a uma pergunta dessas, ainda mais quando essa garota é aquela que você ama! Eu a vi passar por mim com uma garrafa de champanhe nas mãos e logo depois meu lar foi invadido por mais uns trilhões de amigos dela, que se apossaram dos meus CD’s, dos móveis fofos da minha mãe e do bar do meu pai. Com certeza, todas aquelas bebidas caras que ele guardava para ocasiões especiais já tinham viajado pela garganta de muitos. Que morram de cirrose! Profanei, tentando encontrar uma maneira de acabar com tudo aquilo.

Está certo, fui um fracasso, vendo que os quartos no andar de cima já eram todos ocupados por casais embriagados que não tinham responsabilidade nenhuma em não querer filhos. O jardim também não estava muito diferente, a não ser pelos poucos nerds que vomitavam na piscina. Subi as escadas, empurrando qualquer um que atrapalhasse meu caminho, e abri a porta do meu quarto.
- Ah, por favor, esse é o meu quarto... MEU QUARTO! FORA! - gritei com um cara tatuado e uma garota de cabelo cor de rosa, que rapidamente pegaram suas roupas e saíram. Não era possível, agora eu tinha nojo da minha própria cama. Bati na minha testa e resolvi descer. Se era uma festa, eu ia beber pra não ter que ouvir sermão de graça, pelo menos.

Procurei por um copo limpo e enchi com o primeiro líquido que encontrei. Sem nem saber o que era, virei num só gole, tentando encontrar mais alguma coisa pra encher a cara. Sentei num dos bancos do bar, deixando os braços folgados sobre o balcão. Eu estava morto, ferrado, destroçado. Minha última esperança era adquirir um dom mágico que me permitisse limpar tudo num estalar de dedos. Resolvi tentar e, já um pouco alterado, iniciei um jogo idiota de estalar os dedos e abrir e fechar os olhos, constatando que não, eu não tinha dom algum. Bufei e senti alguém me dar um pequeno empurrão. Olhei pro lado e a vi me encarar, sorrindo.
- Que brincadeira nova é essa? Você fica estalando os dedos e o quê? - ela perguntou, puxando um banco e o colocando ao meu lado. Meu corpo mandou mensagens estranhas para meu cérebro. Peraí, não é o contrário? Ah, que seja, eu estava muito perto da garota que eu mais adorava, algo importava mesmo?
- ...
- Sou eu. - ela disse, apontando para si mesma e eu soltei um risinho.
- Você parece feliz hoje, por que resolveu dar uma festa na minha casa? - perguntei, apenas para puxar assunto. Se eu pudesse, só ficava olhando.
- Porque seus pais não estão, você mesmo disse. - ela riu, pegando uma lata de cerveja jogada por ali. - E não, eu não estou feliz, se é o que você quer saber.
Na realidade, eu não queria saber. Balancei a cabeça e olhei para meus pés. Ela estava linda demais para meus olhos.
- Você não vai perguntar por quê? - ela falou de repente. Mirei seu rosto novamente com uma sobrancelha erguida. - O quê? Eu disse alguma coisa errada?
- Não. - eu respondi. - Por que você não está feliz?
- Ahhh! - ela disse, virando o corpo na minha direção. Eu continuei sem me mexer pelo simples fato de que era medroso demais. - É porque eu descobri que amo um cara, mas ele não faz o meu tipo, sabe?
- Hum... - franzi a testa, não entendendo muito bem porque ela estava me contando aquilo. - E eu posso saber quem é o cara?
- Ah, ele é tipo... O David! - Ela apontou para um cara de jaqueta preta no sofá. Ele estava aos beijos e sei lá mais o que com uma loira estranha e eu comecei a me preocupar com a mesa de vidro no centro da sala. - Ei, está me ouvindo?
- Ahn? Sim. - saí do meu transe e vi que tinha levantado. Ela ficou um tempo estudando as paredes amarelas e depois me pegou pela mão, querendo me arrastar até o sofá.

Tipo, um cara não deve recusar um pedido feito a base de gestos por uma garota tão linda. Ela me levou devagar até o sofá, metade ocupado por David e a loira, e fez com que eu me sentasse numa das pontas, pondo-se em meu colo. Eu já estava duvidando de algo, mas creio que me surpreendi. Ela deu um leve chute nas costas do garoto ao lado.
- Qual é, garota, to ocupado, não está vendo? - ele disse grosso, mas com uma certa malícia na voz.
- Eu quero jogar, nosso amigo aqui quer jogar também. - ela disse manhosa e eu apenas arregalei os olhos. Jogar?
- Está bem, chama mais gente.

Alguns instantes e mais algumas pessoas estavam em volta da mesa de vidro da minha mãe. Se ela quebrar, eu é que vou ficar em cacos. saiu do meu colo, pegou uma garrafa qualquer e colocou no centro da mesa.
- Essa garrafa está metade vazia, meu bem. - David disse, sentando do outro lado dela, que me puxou pra perto. Eu já não estava compreendendo que jogo era aquele.
- Tanto faz, amor, dá pra algumas rodadas... - ela disse e eu a olhei com ar de “O que eu devo fazer?” - Bom, o jogo é o seguinte: alguém dirige uma pergunta pra outra pessoa e ela tem que responder sim ou não. Cada vez que disser sim, tem que virar um gole disso aqui. - apontou a garrafa no meio. - Vamos começar por mim, okay?
Concordei com a cabeça e, mesmo sabendo que coisa boa não estava por vir, deixei-me levar.
- Christie, fofa, me diz, você dormiu com a cara na privada da casa do Seb? - perguntou e os outros riram. Chirstie pareceu não se importar, dizendo sim. Ela tomou a bebida com vontade. - Sua vez.
- Jeff. - Christie apontou, já bastante tonta. - Você trairia a sua namorada comigo?
- Sim. - ele respondeu, tomando um grande gole da bebida. - Pode ser agora? - perguntou e a garota concordou, mas interrompeu.
- Antes a pergunta, você não pode acabar com a brincadeira assim, cara. - ela riu e Jeff coçou a cabeça.
- Certo, David. – apontou. - Você bateria na , se ela dedasse você pros seus pais? - e saiu.
Notei um certo desconforto por parte dos dois e até abaixou a cabeça.
- Não. - ele disse, pegando no queixo dela e a fazendo dar um pequeno sorriso. - Eu nunca te bateria. - ele a beijou de leve nos lábios e mirou a mim. - ...
Sim, era a hora. Fiquei matutando o que responder sem nem saber a pergunta, mas seja lá o que fosse, eu estava nervoso. Nunca havia me metido com aquele pessoal, eles eram diferentes demais. Vi brincar com meus dedos e comecei a me acalmar um pouco.
- Você já desobedeceu seus pais alguma vez? - ele disse irônico e todos riram. - Não, não, brincadeira, cara. Vamos, me diga, é verdade que você tem uma banda?
- Sim. - disse simplesmente. Pela cara dele, percebi que não queria detalhes. estendeu a garrafa pra mim e eu bebi um gole. Aquilo era bem forte.
- Faça a sua pergunta. - David chamou minha atenção e eu pigarreei.
- Ahn... . - olhei diretamente para seus olhos. Eles me fascinavam. Ela sorriu e eu quase travei. - Er... Você já... Já dormiu com alguém?

Tive vontade de rir de mim mesmo quando fiz aquela pergunta imbecil. Eu era um otário querendo saber disso. Estava certo de que sabia a resposta quando me surpreendi.
- Não. - ela respondeu calmamente, afastando a garrafa. Eu não sabia o que dizer e estava me sentindo um lixo por pensar mal dela. Se eu a amava não deveria sentir essas coisas. David começou a bocejar e olhou para o relógio que marcava 3:27 a.m.
- Já estou entediado, vou pra casa, você vem, ? - ele perguntou, levantando junto com a loira e pegando as chaves e o celular. o olhou com cara de reprovação. - Opa, opa, eu vou chamar um táxi... – disse, balançando o celular.
- Ah, okay, eu vou ficar mais um pouco. - ela falou, sentando-se no sofá.
- Tá legal, te vejo por aí... PESSOAL, A FESTA ACABOU! Vazandoooo. - ele disse de uma forma engraçada e, aos poucos, minha casa foi esvaziando.

No fim, estávamos só eu, e um garoto dormindo numa das cadeiras do jardim. Ela parecia cansada. E eu estava exausto. Sentei-me ao seu lado e a observei mirar o teto.
- ...?
- Ahn?
- Desculpa pela pergunta, eu não... - pedi, mas antes de terminar a frase, ela me interrompeu.
- Sem problemas, foi uma curiosidade sua, só isso. - disse.
- Certo. - falei, encostando a cabeça no sofá e fechando os olhos. Eu não sabia mais o que pensar. Comecei a imaginar mil maneiras de dizer que ela era importante pra mim e que eu sentia algo incomum invadir meu corpo quando ela se aproximava. Pensei em agir, mas não conseguia me mover, e só pelo fato de que poderia dar tudo errado. Em meio a esses pensamentos, senti que poderia perdê-la a qualquer segundo, por ela estar tão perto, mas na realidade tão longe de mim. Eu pensava que a conhecia, mas não sabia nem quem ela era, a pessoa por trás daquela pele.
Após alguns minutos de silêncio, tive outra grande surpresa. se colocou em meu colo e me beijou docemente. E eu pude jurar que estava realmente apaixonado.
- Sabe o cara que eu disse que amava? Bom, ele estava nessa festa e creio que ele se deu bem. - ela disse, fazendo parecer que estava desapontada. Abri meus olhos e posicionei minhas mãos em sua cintura, vendo ela me olhar de uma forma meiga e inocente.
- Triste? - Perguntei. Não sabia exatamente o que dizer.
- Não, agora não... - ela disse e me beijou novamente.

xxXxx

Uma claridade forte bateu contra meus olhos e eu os abri, assustado. A casa estava um estrago, tudo espalhado, quebrado, arruinado. Meus pais iriam me esfolar vivo. Reparei que estava sentado no sofá e que estava com a cabeça apoiada em meu peito, dormindo. Fiquei olhando para seu semblante angelical, tentando recordar a noite passada, mas estava com uma dor de cabeça insuportável. Decidi me levantar, então a deitei gentilmente sobre o sofá e ela escorregou sua mão por meu braço. Senti-me bobo e idiotamente enfeitiçado. Dei um leve beijo em seus lábios, sem deixar de sorrir depois, e me lembrei do que ela havia me dito. Que me amava e que me queria. Pra sempre.

Acho que, finalmente, eu não me dei mal nessa festa. Ou ela não terminou, tanto faz.

.the end.


n/a: Nossa, escrevi essa shortfic em uma noite, cara... e até que não ficou mal né? Bom, Espero que tenham gostado, mesmo ela tendo sido feita em pouco tempo (umas duas horas) e sendo tão pequena. Hehe. Mas, sei lá, foi impressão minha ou teve um ar de continuação? Hum... quem sabe...
Críticas, dúvidas, sugestões para alinesatoaoki@yahoo.com.br
E se quiser, visita meu blog?
Papel de Bolha




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