Sexta-feira, seis e dez da manhã, e meu celular começou a tocar insistentemente. Peguei ele e apertei o botão que correspondesse ao "PARAR" da tela.
Levantei morrendo de sono, mas agradecendo à Deus por ser uma sexta, por mais que tivesse aula o dia todo.
Pois é, a faculdade de jornalismo que eu fazia, aqui em Londres, era bem puxada. Tinha aula das oito da manhã até às cinco da tarde.
Mas eu gostava das aulas de sexta e fui privilegiada de cair com uma turma muito legal.
- , você viu quem vai tocar hoje na boate? – me perguntou.
- Não vi, não. Quem é? - Eu disse, recolhendo as minhas folhas da aula de redação e me preparando para ir almoçar. As aulas da tarde ainda me esperavam.
- O McFly! - disse, dando pulinhos de alegria.
- AH! Não acredito. – Disse, revirando os olhos. - Aqueles gays vão ficar mais excitados que da primeira vez! Que droga! - Pois é, eu trabalhava em uma boate gay! Quer dizer, a também trabalhava lá.
Nós nos conhecemos na faculdade e ficamos amigas logo de cara. E teve um dia que eu comentei com ela que eu estava precisando de um trabalho, pois o dinheiro que meu pai me mandava não estava sendo suficiente para mim.
Mas a foi tão legal comigo que arranjou uma vaguinha de garçonete na boate que ela trabalhava. E eu gosto de trabalhar lá, sabe? Mas sempre que aqueles meninos do McFly apareciam, os caras - ou gays - ficavam eufóricos, subindo pelas paredes, eu diria.
Não que eu não gostasse de McFly. Quer dizer, eu gostava - e muito -, mas os meninos provocavam as bibas e isso era tortuoso para mim também, como sendo uma héterosexual (quase) ativa.
As aulas passaram muito rápido aquela tarde. E eu só me dei conta disso quando o sinal das cinco horas soava, anunciando o fim das aulas.
- Te vejo às nove, . Beijos, amiga! - disse, passando por mim com seus livros na mão.
Eu arrumei minhas folhas no meu fichário do Bob Esponja, enfiei meus livros na mochila e fui em direção ao metrô.
Cheguei à minha casa treze para às sete. Oba, posso tirar um cochilo pensei, quando olhei para o relógio da cozinha.
Fui para o meu quarto, peguei meu celular e coloquei para despertar às oito. Daria tempo de comer, tomar banho e ir para a boate em uma hora.
Outra coisa boa da boate é que ela era a alguns quarteirões da minha casa, por isso não teria pressa.
Coloquei meu celular no criado-mudo que havia ao lado da minha cama e dormi.
Oito horas, e aquele mesmo apito que soou de manhã começava a tocar de novo. Levantei e fui tomar banho.
Saí do chuveiro e fui me trocar. Coloquei uma regata branca e uma saia jeans, que era uns cinco dedos àcima do meu joelho. Outra coisa boa de trabalhar em uma boate gay: os caras não falariam que você está gostosa por estar com uma saia curta, e, ao invés disso, perguntariam em qual loja você comprou aquela obra de arte. Gays, os melhores caras do universo.
Terminei de me arrumar e fui comer alguma coisa. Logo depois fui escovar os dentes e "Olá, boate!".
Cheguei lá, eram cinco para às nove e já havia uma enorme fila na entrada.
Cumprimentei alguns caras que já conhecia da boate mesmo, e entrei.
Recebi as instruções do Mike, dono da boate, que me disse que o McFly seria a última banda a tocar. Ótimo, McFly saindo do palco e eu arredo o pé daqui, pensei com meus botões. Havia acabado de acordar e já queria voltar para a minha cama de novo.
Onze e meia e o McFly subia no palco. Só queria ver a graçinha que eles fariam dessa vez.
E não foi grande coisa. Da outra vez eles ficaram pelados. Todos eles. Mas dessa vez só o Dougie e o Danny arrancaram as calças e queimaram seus pelos pubianos.
Mas mesmo assim os gays ficaram pegando fogo.
Ok, o Poynter foi a sensação da noite. Até eu fiquei louca com ele. Quer dizer, ele sempre foi o meu preferido e tudo o mais. Então não me culpem se ele tem o oblíquo mais perfeito de toda a Londres.
Hmmm, eu precisava de um cigarro.
Eles terminaram o show e foram em direção ao camarim, enquanto eu ia em direção a sala que eu guardava as minhas roupas e a minha bolsa.
Entrei naquela minúscula sala e avistei minha roupa pendurada onde havia deixado há algumas horas atrás. Fui até lá e comecei a tirar a calça do trabalho.
De repente, eu ouço um barulho da porta se abrindo. Me viro e dou de cara com um Dougie Poynter quase sem ar.
- Ai, meu Deus! O que você está fazendo aqui? - Eu perguntei, cobrindo as minhas pernas nuas.
- AH! Oi, er... desculpe, mas tem uns gays me seguindo e hm... essa foi a única sala que eu encontrei aberta. Porque, bem... os caras fecharam a porta do camarim para eu não entrar. - Ele disse, se recuperando (e olhando para as minhas pernas também). - Desculpe entrar assim. Vou achar outra sala para me esconder.
- Ah, ok. - Eu respondi, vestindo a minha saia depois que ele saiu.
É, eu precisava mesmo de um cigarro. , se concentra. Onde está sua blusa? Ah, caralho. Onde eu deixei minha blusa?, eu pensava, revirando a minha bolsa. Olhei para o outro lado da sala e lá estava ela, atrás da porta.
Fui caminhando até lá, só de top na parte superior do meu corpo.
De repente, a porta se abre de novo e o Dougie tromba comigo e cai, me carregando junto.
- AAAAI! - Eu gritei, sentindo o corpo pesado dele sobre o meu. Bom, aquela hora eu entendi o por que dos gays ficarem eufóricos quando ele arrancara as calças. O cara era "hot". Literalmente.
- Desculpe, erm...? - Ele disse, olhando para o meu colo.
- , mas me chame de . - Eu falei, olhando para aqueles olhos azuis. - Dougie, você poderia sair de cima de mim? Você é pesado. - Eu terminei de dizer com um sorriso na cara, só para amenizar o clima.
- Ah! Opa, desculpa . - Ele disse, se levantando.
Eu peguei minha blusinha e coloquei. Virei para ele e disse:
- Eu te ajudo a sair daqui. Quem são os caras que estão te seguindo? - Ah, como eu sou bondosa! Bléh!
- São dois: um de camisa rosa e o outro está com uma boina de zebra. - Ele disse, enquanto eu pegava minhas roupas e minha bolsa para sair dali.
- Ótimo. - Eu disse. Já tinha bolado meu plano de fuga. Há! - Você faz o seguinte: pega essa chave, - tirei a chave do meu chaveiro e entreguei à ele. - e saia pela porta no fundo do corredor, a preta. Eu vou lá e despisto os caras e você sai, tá bom?
Ele só acenou com a cabeça e eu saí a procura dos caras. E, sabe, não foi difícil achar o que estava com a boina de zebra, pois era a coisa mais brega desse mundo!
- Ei! - Eu gritei para eles, que viraram para mim. - Estão procurando o Dougie?
- Ai, estamos. - O da camisa rosa disse.
- Mas aquele bofe sumiu, estamos à procura dele há horas. - O da boina disse, colocando a mão na testa e revirando os olhos, no melhor estigo gay.
- Ah, ele está lá fora, distribuindo autógrafos. Venham, eu acompanho vocês. - Eu disse, tentando ser o mais educada possível.
- Ai. Obrigada, querida! - O da boina disse. - Mas me diz uma coisa... onde você comprou essa saia lin-da?
Hahaha, não disse?
Fomos conversando até a multidão que estava na frente do bar.
- Bom, meninos, eu preciso ir para casa. Cuidem-se! - Eu disse, saindo de lá o mais rápido possível. Nunca se sabe do que gays são capazes.
Estava a um quarteirão de casa, pensando em como o Dougie era perfeito e como eu desperdiçei uma chance de ficar com ele.
É, definitivamente eu precisava de um cigarro.
Estava tão concentrada em tentar acender o cigarro em meio a todo aquele vento, que nem vi o carro parar ao meu lado.
- Você esqueceu isso comigo. - Dougie disse, segurando a chave que eu dei para ele pra sair da boate.
- Oh, obrigada. - Eu falei, depois de dar uma tragada no meu cigarro.
Tirei meu molho de chaves da bolsa e coloquei aquela que ele acabara de entregar.
- Boa noite, . - Ele disse, e eu me virei em direção às casas, me deparando com a minha própria casa.
Não, não poderia deixar aquela chance passar.
- Er... Dougie? - Eu disse, me virando para o carro.
- Sim? - Ele respondeu, abrindo o restante do vidro do carro.
- Quer entrar? Eu moro aqui e bem, estou morrendo de fome. Que tal uma pizza? - Eu disse, toda esperançosa.
- Hm, não vai ter problema? - Ele perguntou. Tá, respira, inspira. Me diz: que homem pergunta se vai ter problema em entrar na casa de uma garota? Só ele mesmo!
- Claro que não. Vai, vamos lá. - Eu disse.
- Tudo bem, então. - Ele fechou o vidro do carro e desceu.
Nesse momento, o celular dele tocou.
- Alô?... Ah! Fala, dude!... Não, não vou... Idiota... Amanhã de manhã? Ok... Tchau.
- Algum problema? - Eu perguntei, abrindo a porta.
- Não, não. Era só o Danny avisando que teremos reunião amanhã de manhã. - Ele disse, enquanto eu colocava minha bolsa no sofá.
- Dougie, você se importaria se eu fosse tomar um banho? - Eu disse, fazendo a cara mais fofa que consegui.
- Claro que não. Vai lá que eu ligo para a pizzaria. - Ele respondeu, pegando o celular dele.
Fui e tomei o banho, pensando em tudo que estava acontecendo. Decidi deixar acontecer naturalmente.
Saí do banho, penteei meus cabelos molhados, me troquei e fui para a sala.
- Hm, vejo que vim parar na casa de uma fã. - Ele disse, segurando um dos CDs deles.
- Hahaha, pois é. - Eu disse sem graça. - Esse foi o primeiro CD que eu comprei quando cheguei do Brasil.
- Hm, brasileira então? Bom saber. - Ele disse, fazendo uma cara de safado. Porra! Como ele ficava lindo!
- Sou sim... - Eu disse.
Nós ficamos conversando mais uns dez minutos e a pizza chegou. Comemos assistindo ao programa da Oprah.
- Não, daí ela veio pra cima de mim e queria arrancar minha camiseta, hahaha! - Ele me contava de algumas maluquices de fãs.
De repente, eu não sei como ele conseguiu, só sei que ele foi parar em cima de mim de novo, mas, dessa vez, nós estávamos no sofá.
- Desculpe. - Ele disse, olhando nos meus olhos.
- Tudo bem. - Eu respondi com a respiração falha.
Nós ficamos assim por algum tempo, até eu sentir os lábios quentes e úmidos dele contra o meu.
Conforme o clima ia esquentando, eu fui tirando a camiseta dele e ele a minha.
Ele foi me levando até o meu quarto, conforme íamos deixando nossas roupas pelo caminho. Deitamos na cama, e bem, o que aconteceu depois vocês já devem imaginar...
Acordei, no dia seguinte, com a luz no meu rosto. Odiava acordar assim. Ficava muito estressada. Ainda mais quando eu percebi que ele não estava mais ali.
Pra mim estava claro que eu fui mais uma da lista dele.
Levantei e fui tomar banho, sem saber direito como tudo aquilo havia acontecido. Quer dizer, eu não estava bêbada e nem nada. Mas algumas coisas estavam apagadas da minha memória.
E isso era bom até certo ponto. O aperto que eu sentia no peito já era suficiente.
Terminei meu banho, almocei e fui estudar. E passei o dia assim.
Eu estava no meu inferno astral, ok?
Olhei no meu relógio, que marcava quinze para às nove, coloquei o copo em cima da bandeja prateada e fui em direção ao cara que havia pedido aquela bebida.
Coloquei o copo sobre a mesa dele e sai em direção ao balcão, para pegar a outra bebida que havia lá, pronta para levar a mesa 32.
De repente, sinto um cutucão nas minhas costas. Viro-me e dou de cara com um Dougie branco.
- ! - Ele disse, me dando um selinho - Me ajuda, tem uns gays atrás de mim! - Terminou sussurrando no meu ouvido, com a respiração falha.
- Hahaha! Quem são? - Eu disse sorrindo. Não me importaria em fazer tudo de novo.
Fim.
N/A da Autora: Hey! Fic dedicada a Juh. Porque se não fosse por ela (e as besteiras que ela fala) essa fic não existiria! Te amo, Poynter!
Aaaah! E ela é uma tarada (só para constatar). HSUIASHUIA
XXOO, Mariana
N/A da Juh: Eu queria agradecer à Fletcher por ela ter feito essa fic tão foda para a minha pessoa. Sim, eu sou o fruto da imaginação pra essa fic, por isso ela é tão taradinha, hê. Mas nada que se compare com as nossas conversas [hoho] Brigada Fletcher, amo voce!
PS: o Doug é o MEU bebê. Brigada again Fletcher por me lembrar.