“Eu costumava pensar que você era outra pessoa
Então eu perderia a cabeça todo dia
Eu costumava pensar que eu poderia ajudar a mim mesmo
Mas é verdade o que eles dizem
Não há razão sem um caminho
Se isso é...”
‘! Não faz isso’ dizia ao amigo que lambia seu rosto.
‘Po, você tem gosto de chocolate.’ Ele fez carinha de criança.
‘Claro, você passou Nutella na minha cara!’ Ela se levantou do sofá ficando de braços cruzados.
‘Assim sempre que eu comer Nutella eu vou lembrar de você.’ abaixou a cabeça, sério.
‘Porque você tá falando isso? Você vai morrer? Eu vou morrer? Olha aqui , acho bom você parar com essa mania da Mary...’ Ela parou de falar quando viu ele chorando.
‘Não, não é isso...’ Agora ele soluçava.
‘...’ se abaixou de frente pra ele sem entender nada. ‘O que está acontecendo?’
‘Desculpa, ’ Ele disse com as mãos no rosto.
‘Desculpa, por quê?’
‘Eu não te contei...’ levantou a cabeça com os olhos vermelhos. ‘Eu vou pra Londres.’
‘Vai pra Londres? Mas isso não é bom? Sempre foi seu sonho!’ A menina disse feliz pelo amigo.
‘Depois de amanhã.’ Ele abaixou o olhar novamente. Como havia escondido isso
da sua melhor amiga? Na verdade ela significava muito mais que isso. Ele era
apaixonado
por
, só que nunca havia contado isso a ela.
‘Depois de amanhã? E você me conta isso hoje?’ A garota não sabia o que dizer. Estava confusa. Ela realmente amava , mas como ele, nunca havia dito nada. Sempre achou que poderia rir da cara dela, ou simplesmente dizer: “Eu só te considero uma amiga.”.
‘Desculpe, mas eu não sabia como contar.’ Dessa vez ele olhou pra ela, e pôde vê-la chorando. havia sentado na poltrona e agora soluçava. ‘...’ se levantou e abraçou a menina com força.
‘Eu... Eu não quero que você vá...’ Ela soluçava no ombro dele.
‘Desculpa, linda...’
‘Pra que casa eu vou correr quando eu brigar com os meus pais?’ Dessa vez a menina havia se soltado do abraço dele e andava de um lado pro outro. ‘Pra quem é que eu vou fazer miojo todos os dias? Pra quem que eu vou passar cola?’ escutou aquilo e continuou.
‘Pra quem que você vai ligar quando tiver pesadelo? Ou quem é que vai passar Nutella no seu rosto pra depois lamber?’
‘Ninguém...’ sentou-se na escada e colocou o rosto entre as mãos.
‘Psiu...’ sentou ao lado da menina. ‘Pára de pensar no depois... Vamos pensar no tempo que nos resta. Fala alguma coisa que você sempre quis fazer, mas eu não.’ olhou pra cima com os olhos inchados, mas consegui dar um pequeno sorriso.
‘Qualquer coisa?’
‘Opa... Peraí...’
‘Você disse qualquer coisa, então vai ser qualquer coisa.’ Ela se levantou e apontou pra ele.
‘Tá, vai...’
‘Vamos à praia!’
‘Agora?’ arregalou os olhos.
‘É! Mas, eu vou levar uma coisa...’ subiu as escadas correndo. ‘Vai ligando o carro!!’
‘Mas...’
‘ANDA!!’
“Eu costumava desejar que eu fosse outra pessoa
Então eu sonharia durante o dia
Esses sonhos me tornaram uma nova pessoa
Mas é verdade o que eles dizem
Não há melhor tempo do que hoje
Se isso é...”
‘O que tem ai, ?’ perguntava enquanto dirigia.
‘Depois você vai ver...’ Ela sorriu e voltou a olhar pra janela. Ficaram o caminho todo sem se falar. Estavam pensando em todos os momentos que passaram juntos, tanto os felizes como os tristes. Em pensar que aquilo podia não voltar mais...
‘Chegamos.’ disse estacionando o carro.
‘Vem!’ abriu rapidamente a porta.
A praia estava completamente vazia, a não ser pelo barulho dos grilos.
‘Isso me dá medo.’ disse ao colocar os pés na areia.
‘Medo do que?’ ergueu a sobrancelha e sentou-se, olhando o mar.
‘Você vai se sujar...’
‘E você também...’ Ela fez uma cara irônica.
‘O que eu não faço por você, hein...’ disse e sentou-se ao seu lado. ‘Mostra o que tem ai.’
‘Calma... Antes, promete que vai lembrar de mim todos os dias em que você estiver em Londres.’
‘Todos os minutos.’ não pensou duas vezes antes de abraçá-la. Era um abraço apertado, com amor, amizade, saudade antecipada... Não sabiam realmente o que era. Só sabiam que era uma mistura de sentimentos que eles não conseguiam explicar. A vontade de , naquela hora, era de beijá-la, mas não queria estragar aquele momento tão perfeito, e se ela ficasse brava?
‘A caixa.’ se afastou de , e abriu a tampa.
‘Mas... Você... Não.’ não acreditava no que vira.
‘É... Não me chama de ridícula.’ disse envergonhada.
‘Isso?’
disse pegando um pedaço de gesso com seu nome escrito.
‘Lembra quando eu quebrei o braço na terceira série?’
‘Lembro...’ disse sorrindo.
‘Aí eu estava chorando e você só pra me alegrar...’
‘Eu disse que era um modo de você se lembrar de mim sempre...’
‘É, mas a sua letra nunca foi muito bonita.’
‘Po, dá pra ver que tá escrito ... E isso? O que, é?’ pegou uma carta cheia de durex.
‘Foi quando nós brigamos e você havia rasgado a minha carta, de dia do amigo.’
‘Mas eu pensei que você tinha jogado fora...’
‘Não... Eu fiquei a tarde toda montando esse “quebra cabeça”.’
‘Desculpe... Eu nunca quis te fazer chorar.’
‘Eu sei que você só brigava comigo, pra depois dizer que me amava.’ Ela deu a língua.
‘É... por um lado sim... Eu nunca fui muito bom com isso. Meu Deus!’
‘Viu, como você era fofinho...’ mostrava uma foto dos dois fazendo careta, eles deviam regular uns 10 anos.
‘Eu era gordo, isso sim!’
‘Era fofiiiinho!’ disse apertando a bochecha dele.
‘Cara, a minha letra era mesmo feia...’ Agora ele pegava uma carta que ele havia dado a la. A carta dizia : “100 motivos que fazem a ser é a melhor.”
‘Eu não sei como você encontrou cem motivos.’ sorriu.
‘Ah, eu pensei bastante... Não pensei em só um dia.’
‘Deve ter sido difícil escolher, eu tenho muito mais que 100 motivos.’
Passaram várias horas olhando todas aquela fotos, todas aquelas coisas, fazendo promessas, coisas parecidas. Depois fecharam a caixa e deitaram na areia. Eles não estavam preocupados se iam se sujar ou não. Só importava aquele momento.
‘Vamos contar as estrelas?’ perguntou com a cabeça apoiada na barriga dele.
‘Contar estrelas? São muuuitas!’
‘Mas e daí? Temos a noite inteira.’
‘Você está me fazendo cócegas...’ Ele disse quando ela virou a cabeça.
‘Cócegas? Mas as minhas mãos estão aqui.’ Ela disse agora balançando rápido.
‘Huhashusaspárahaushuashua...’
se levantou e agora fazia cócegas com as mãos. De repente parecia que o mundo havia parado. Eles estavam muito próximos. E novamente os grilos voltaram a reinar.
‘?’ Ela disse olhando em seus olhos.
‘Hum?’ Ele estava paralisado por seus olhos penetrantes.
‘Eu te amo.’ disse e deitou em um dos braços dele.
‘Eu também te amo.’ disse olhando as estrelas.
“Eu estou aqui
Eu preciso dizer
Que eu sentirei sua falta todos os dias
Mas é verdade o que eles dizem
Não há melhor tempo do que hoje
Se isso é...”
‘...’ beijava o rosto dele para acordá-lo.
‘Oi...’
‘Já é de manhã.’ Ela disse sentando-se e olhando o nascer do Sol. ainda estava deitado, mas estava de olhos abertos. O dia havia chegado, e eles não tinham mais escapatória. Sentou e colocou o braço em volta do pescoço de , que apoiou a cabeça no ombro dele.
‘É lindo, né?’ disse deixando uma lágrima escapar.
‘Demais.’ disse e percebeu que a amiga estava chorando. ‘Hey?’ pegou no queixo dela, e a fez olhar pra ele. ‘Não chora... Eu vou te ligar todas as horas do dia... Só pra você ouvir minha voz.’ Ele disse sem conter as lágrimas também.
‘Eu vou sentir a sua falta.’ o abraçou. Era incontestável que ele iria embora, porém ela não queria aceitar.
‘Eu também.’
“Adeus pra você e eu
Que bom amigo você tem sido pra mim
Que bons amigos nós seremos sempre
Eu devo tudo a você
Tudo de bom que eu faço é você.”
já estava no aeroporto, e não estava lá. Eles tinham combinado que não haveria despedida. Odiavam isso.
“Última chamada para o vôo 215...”
Ele ouviu a mulher chamar, e deu uma olhada a sua volta. Não, ela não estava lá. Não sabia quando iria voltar, nem se iria voltar. Fechou os olhos e respirou profundo. Tudo que tinha vivido ali passou pela sua cabeça como um filme. Os sorrisos de , as brincadeiras, as cócegas. Tudo. Não havia mais escolha, estava começando uma vida nova. Andou até a fila da roleta e pode sentir sua mão suar frio. Alguém tocou seu ombro e quando se virou pôde ver . Ela não estava linda, parecia que havia corrido. A menina segurou o rosto dele e o beijou, o beijou com amor, amizade... Aquela sensação estava se repetindo, os sentimentos voltavam a se misturar. Se afastaram e um sorriso se estampou no rosto de
. Como queria aquilo... Há quanto tempo esperava por aquilo? Nem ele sabia.
‘ eu...’
‘Shhh...’ Ela colocou seu dedo sobre os lábios dele. ‘Só leia quando chegar em Londres’ entregou um papel a ele. Era um papel pequeno, e parecia que havia sido rasgado de algum lugar. Ele sorriu e passou pela barra acenando. Ela esperou até o último momento. Sentiu medo, raiva, amor, paixão, aquela mesma sensação. Assim que o avião partiu seu celular toca. Era uma mensagem de , onde se lia. “Eu também vou te amar pra sempre”.
Ele sempre fora ansioso.
FIM
N.a Carolis
Pode parecer estranho, mas eu não sei o que dizer... Então eu não vou dizer nada, digam vocês se gostaram ou não. =DDD
Se a Caroline não disse nada, não serei eu que interromperei os sentimentos das leitoras. Espero que tenham gostado. Good Friend é uma música linda do Nine Days.