Heartbreaker




Capítulo 1 - Everybody likes to party on saturday night

3 anos atrás. {narração em 3ª pessoa}

e esperavam descer para irem à festa de 15 anos de .

-Desce logo ! Meu pai já ligou o carro, só falta você. – gritou do 1º andar.
-Já to indo cambada. – falou descendo as escadas.
-Eita! É hoje que ele deixa a magricela da de lado. - falaram e seguido de risadas.

Já no local da festa

-Feliz aniversário ! – disseram , e em uníssono.
estava de Helena de Tróia, estava de princesa medieval, estava de pirata e de Sininho.
-Obrigada meninas. - com um sorriso 32-dentes-super-bem-escovados-com-colgate, falou.
-Povo, to indo no banheiro.- se levantou e seguiu ao banheiro mais próximo.
-Então, ele já chegou, ?- perguntou
-Já, ele 'tá lá na pista, acho que 'tá esperando por alguém, pois não para de olhar para os lados. Será que é a nossa princesinha medieval?- comentou com um sorriso.
-Eu vou lá e pergunto a ele, todas de acordo?- se pronunciou.
-Ok, vai lá.- As outras duas disseram.
Enquanto isso estava voltando e viu saindo da mesa. Estranhou pois ainda era início de festa. Talvez as coisas estivessem mudando e ela estivesse indo dar uns ‘pegas’ em um loiro do olho azul. Riu com este pensamento e sentou em sua cadeira.
-O que aconteceu, gente?- perguntou ao ver a expressão séria no rosto das amigas
Assim que regressou a mesa,ela chamou as outras duas em um canto e ficou na mesa sem entender nada.
sentou numa cadeira em frente à da menina.
-Bom, uma amiga sua falou para mim que você queria ficar comigo, e aí eu vim aqui saber se isso era verdade.- Começou .
-Erm, é isso mesmo.- corou e olhou para o menino.
-Como eu imaginei.- após uma risada sarcástica, ele prosseguiu -Garota, se toca, eu nunca iria ficar com você, eu posso ficar com todas as meninas mais bonitas e populares do colégio. Por que iria ficar com você ? Só se fosse por pena, dragãozi...
Antes que ele pudesse terminar a frase, o atingiu em cheio no rosto e saiu correndo para uma praia perto do local da festa.
Todos os amigos de , que assistiam à cena, foram até a mesa. Enquanto as amigas de foram atrás dela.
-Cara, você pegou muito pesado.- Falou .
-Não vem com sermão, porque se fosse com você, você também teria feito a mesma coisa, .
-Pelo menos agora ele já 'tá livre dela e das olhadas que ela dava para ele.- tentou defender .
-Eu concordo com o , nada justifica o que você fez. E não se esqueça que você ficou provocando ela por um bom tempo, eu lembro que você ficava a olhando e depois que ela percebia, você virava o rosto e começava a rir - disse.
-'Tá bom gente, não faço mais isso. Agora, vamos lá para a pista, porque eu vi uma mulher-gato que ta de tirar o fôlego.- desconversou.

Ninguém soube, mas realmente se sentiu culpado naquela noite.E, pela primeira vez na vida, ele soube o que é arrependimento.

Praia

estava sentada na areia de frente para o mar, abraçada a suas pernas, sua cabeça estava apoiada em seu braço, e seu rosto vermelho, denunciava o choro.

Ao sentir 3 pares de braço diferentes a envolverem, ela começou a chorar novamente.
-Por que...que...ele...fez...isso...comigo?- perguntava entre soluços.
-Porque ele é um babaca.- falava enquanto alisava o cabelo da mais nova.
-Porque ele não merece que você fique aí chorando por ele.- completou .
-E porque ele não percebeu a menina maravilhosa que você é.- terminou . já tinha parado de chorar e olhou triste para as outras três.
-Porque eu sou feia, estúpida, gorda e vou morrer sozinha com 50 gatos fedidos e gordos no meu apartamento.- ao terminar a frase ela voltou a chorar.
-Ei, ei ,ei. 1º você não é feia e nem gorda; 2º estúpida você também não é, somente acreditou em um sonho e nós tentamos ajudar você, sem nem ao menos pedirmos sua opinião, então eu peço por nós 3, desculpa amiga...; 3º você não vai morrer sozinha com 50 gatos, o máximo que pode acontecer é você morrer com mais 3 senhoras/garotonas do seu lado e bem feliz.- consolou a amiga.
-Agora pára de chorar e vamos levantar o popozão daí porque amanhã nós vamos estourar a boca do balão, digo, o limite do cartão.- falou, rindo em seguida e se levantando.
-Suas gírias me matam, .- falou repetindo a ação da outra.
Assim que todas levantaram, elas deram um abraço de urso.
-Amo vocês meninas.- falou com o rosto menos vermelho.
Depois do episódio, voltou para sua festa, sem o menor ânimo, somente para receber o resto dos convidados, já que suas amigas tinham ido à casa de pra garantir que ela não chorasse mais e depois cada uma foi para sua respectiva casa.
A partir daquela noite muitas coisas mudaram.


Capítulo 2 - Let me say a few things...

Eu estava sentada no sofá da sala, escutando Pink no meu iPod, não sei por que, mas as músicas dela sempre trazem algum significado para mim. Desculpe, não me apresentei,meu nome é , para os mais íntimos, . Tenho 16 anos, estudo na St. Marry’s High School (n/a: Sou péssima pra criar nomes), em Londres. Quer o RG da mãe também? Ok, piada sem graça, eu sei. Continuando a apresentação...Meus pais são divorciados desde que tenho 7 anos.E moro com minha mãe desde então. De fato, já me acostumei a não ter meu pai sempre por perto, já que antes da separação ele vivia no trabalho e sempre que chegava eu já estava dormindo. Antes que esqueça, vim do Brasil aos 5 anos de idade, mas mantenho contato com a parte da família que continuou lá e com alguns amigos, Internet realmente é uma benção.
Não digo que sou rica, pois não possuo uma mansão, nem um daqueles conversíveis, que sem dúvida custam muito mais que minha casa e a do vizinho juntas. Sempre me disseram que eu sou de classe média alta, e como nunca soube diferenciar baixa, média e alta, sempre digo que sou classe média. Enfim, isso não importa.
Como todo colégio possui as “panelinhas”, o meu não é diferente. Sempre digo que eu sou do grupo das normais, num fede nem cheira, sabe como é? Claro que eu possuo amigas, , e .Ou se preferir, , e . é daquelas que quando você passa mal (lê-se vomita), ela segura o seu cabelo e só sai de perto de você quando você já estiver dormindo. Ok, isso foi nojento, já aconteceu, mas, descarta isso, tenho outra descrição. é praticamente uma irmã pra mim. A voz da experiência, ela sempre tem uma história pra contar. Aí vocês me perguntam: como assim voz da experiência se vocês só tem 16 anos? Eu respondo: e são 2 anos mais velhas do que eu, elas repetiram a 7ª série, mas como sempre tento ver o lado bom das coisas, embora muitas vezes isso não funcione e eu acabe perdendo a cabeça na maioria delas, eu penso que se elas não tivessem repetido, eu não as teria conhecido e nem me tornado tão amiga assim delas como eu sou hoje.
A é a mais engraçada e verdadeira, se quiser uma opinião sobre sua roupa ou qualquer outra situação, vá até ela. E , bom a é a mais inteligente das quatro e sempre tem um conselho para te dar.
Por ser a mais nova das quatro, eu ganhei vários apelidos, como: Little Baby, usado em momentos de ternura, Novinha, quando elas já tão meio chapadas, Pirralha, quando elas acham que eu faço alguma coisa dar errado, sem querer (hehe) e por aí vai.
Nós podemos ter nossas diferenças, como todas as pessoas têm, mas também temos nossas semelhanças, como todas já termos gostado de um McFly.
McFly é a mais querida bandinha da nossa escola, as poucas músicas que eles já compuseram, são realmente boas, mas, sinceramente acho que eles nunca sentiram tudo o que falam. Como cada um tem sua opinião, eu também tenho a minha, mas prefiro guardá-la para mim. Voltando ao McFly, seus integrantes são: , ex-quedinho da Di ; , ex-quedinho da ; , ex-quedinho da e meu ex-quedinho que eu me arrependo profundamente até hoje de ter gostado dele por mais de 2 anos.
Como eu queria simplesmente esquecer o que passou e fazer os outros esquecerem disso também.


Capítulo 03 – She couldn’t take the fame

O pior é que depois de 3 anos ainda se lembram disso. Será que é tão anormal assim uma menina levar um toco na frente de mais de 100 pessoas? Ok, é. Mas ninguém merece te lembrarem isso sempre que podem. ELES NÃO ACHAM QUE AS PIADINHAS PERDERAM A GRAÇA, NÃO? Inspira e expira, . Isso mesmo, muito bem. A questão é, ninguém sabe o quão ruim é até acontecer com você mesmo. Ainda me lembro do primeiro dia de aula depois daquela noite...
Cheguei no colégio 5 minutos antes das aulas começarem, não me lembro direito o por quê. Passei pelo portão principal a fim de achar minhas amigas. Mas lembrei que elas deveriam estar saindo de casa naquela hora. Comecei a escutar comentários do tipo: ‘Ei, menina, o amorzinho da sua vida já vai chegar.’, ‘ Fala dragãozinho, o toco foi feio hein?!’. Tentava me acalmar ignorando esses comentários, mas foi tudo em vão, corri para o banheiro, me tranquei em uma cabine e desatei a chorar. Sentia que tudo o que as meninas não me deixaram fazer nas noites anteriores, eu estava fazendo naquele momento. Flashes da noite de sábado passavam em minha cabeça e isso só me fazia sentir pior ainda. Senti uma sombra tapar a luz branca que aquele banheiro possuía. Olhei para o alto e a faxineira me fitava com uma expressão de dúvida.
-Se você não quiser ficar trancada na escola é melhor você sair daqui agora. Independente do que esteja fazendo aí – Hesitei por um minuto, pensando em fazer uma proposta a ela. Quem sabe ela não topasse em me trancar nesse banheiro, me levando refeições todos os dias até que todos se esquecessem de mim. Eu sei que é uma coisa meio LOST (infelizmente sem o Sawyer), mas poderia até dar certo, se eu não ‘tivesse parecendo uma drogada (olho vermelho + nariz vermelho + dentro de um banheiro vazio) o que não resulta numa imagem muito boa para se confiar. Com medo daquela pessoa SUPER simpática, me levantei e segui até minha casa, onde me tranquei no quarto o resto do dia, recusando qualquer comida ou mimo que Maria, a nossa querida empregada, pudesse oferecer.

Agora vocês me perguntam: e suas amigas? Eu esqueci o celular em casa e nós sempre chegamos atrasadas, não sei por que eu cheguei cedo naquele dia, na verdade eu não sei nem por que eu fui. Conseqüentemente elas acharam que eu tinha faltado e não foram me procurar. Preferia ter ficado em casa, no meu quarto, escutando músicas de fossa, comendo chocolate e enchendo o rabo de sorvete. Por que eu não o fiz? Simples, porque se eu tivesse feito isso, minha empregada ia me dedar (NÃO NO SENTIDO LITERAL!) para minha mãe e lá viria uma daquelas conversas nas quais sua mãe mantém um sorriso amigável, acha que tem sua idade e procura saber de tudo, quando na verdade ela já leu e escutou tudo escondida, se eu ao menos tivesse um pitbull pra ensinar a lançar um daqueles olhares from hell e mostrar os dentes. É, ‘tá na hora de providenciar um. Como eu queria aproveitar a idéia do meu professor de música: fazer um contato com a Al-Qaeda e encomendar 50 caixotes de granada, reunir todos no auditório e as estourar lá. Ou melhor ainda, fazer um contato com o diretor da seqüência ‘Jogos Mortais’ e pegar emprestado todos os dispositivos, para jogar um jogo com eles. Claro que não apareceria meu rosto na TV e sim uma daquelas barbies que só tem pescoço e rosto. Sim, eu tenho medo delas. Voltando ao assunto inicial...Eu sinto que esse ano as coisas vão mudar.


Capítulo 04 - Girls just want to have fun.

Senti meu celular vibrar, atendi a ligação. Era a me chamando pra fazer alguma coisa. Pus minha calça jeans, uma rasteirinha e uma blusa azul qualquer.
-Pessoal, acho que a tal praça é na rua seguinte- falei para o grupo. Como todo brasileiro gosta de uma festa, arrastei meus amigos para o carnaval de rua que acontece em Notting Hill [n/a: realmente acontece um desfile, google ajuda.], nada parecido com o do meu Rio de Janeiro, mas serve pra curtir. Estávamos em 5 meninas, , , , e eu. Certo, eu tenho que contar o porquê da , irmã um ano mais nova daquele babaca, estar andando com a gente. Bom, no período em que todas viajaram e eu fiquei na companhia do meu computador e da minha tv, fez um cruzeiro pra Argentina, conhecendo-a lá e desde então nós temos andando juntas. Afinal, ela não tem culpa de ter o irmão que tem e é bem maneira por sinal. Agora, se eu estou estranhando isso? Estou. Imaginava que ela fosse muito chata, metida a espertinha, que nem o irmão, mas mesmo sendo maneira, ainda compartilham do mesmo sangue, casa e sobrenome e isso sim é que não entra de maneira boa na minha cabeça. Mas com o tempo passa, eu espero.
Neste exato momento estamos tentando chegar a uma praça, onde os blocos se encontram (n/a: Londres acabou de ganhar blocos).
- , aquele ali não é seu irmão?- e sua boca grande falaram apontando para um menino alto andando sozinho com uma garrafa de Coca na mão, vindo na nossa direção. A única que consegui pensar foi: merda!
Nos aproximamos dele, com o detalhe de que eu quase fui atropelada enquanto atravessava a rua. pediu para o irmãozinho do coração dela ficar e ele ficou, achei a ação dela estranha, mas não comentei nada. Eu mantinha uma expressão digna do filme Madagascar: Sorria e acene. Começamos a andar novamente para a tal praça. Reparei que algumas vezes ele me olhava de relance, pensei em virar pra ele e falar: ‘E aí meu chapa, perdeu alguma coisa na minha cara?’, de um jeito bem yo. Mas óbvio que não o fiz. Chegamos ao local, o bloco já havia terminado, mas pra não perder a viagem, decidimos ir a um barzinho brasileiro ali perto. Sentamos numa mesa e pedimos caipirinhas. Estava conversando com a quando a deu uma brilhante idéia: jogar ‘eu nunca’. Todos estavam concordando, eu concordei também, não tenho nada a esconder, certo?
Começamos com coisas banais, do tipo: Eu nunca colei. Já estávamos todos meio ‘altos’, quando chegou novamente a vez de :
-Eu nunca gostei de alguém sem nem ao menos ter conhecido essa pessoa.
Juro que nessa hora eu senti todo o sangue do meu corpo ir diretamente para as minhas bochechas, pode ser efeito álcool, mas eu duvido que seja isso. Tomei um gole, sendo seguida por , e . Depois dessa, percebi que a queria mais que passar o tempo. E passar mais vergonha, definitivamente era algo que eu não queria. Levantei-me e enquanto tirava o dinheiro para pagar a minha parte, falei:
-Tá na minha hora gente, me liguem pra marcar qualquer coisa – Dei uma piscadinha e saí. Chegando na minha casa, tomei um banho e me joguei na cama, onde passei alguns minutos pensando no que estava acontecendo e depois adormeci.


Capítulo 05 – Shopping, compras, cinema e companhias inesperadas.

Velocidade 5 na dança do Creu. CREUCREUCREUCREUCREUCREUCREUCREU ’ [n/a: Acordar os outros com Créu dá certo, eu recomendo.]

Tudo o que eu conseguia escutar era o funk e várias risadas, que eu julgava como as das meninas.Bela forma de acordar alguém!
-Que praga! Até aqui vocês me perseguem criaturas? – falei tapando meus olhos da claridade com um travesseiro.
-Acorda logo, pirrá. Já são 16:00.
-Ah não. Perdi meu dia e ainda ganhei outro apelido, ? Vou começar a criar apelidos pra vocês também.
-Me tira desse meio. Não fiz nada. – falou levantando as mãos.
-Eu sei o que você fez no verão passado. – falei com uma voz parecida com a do Smeagol (senhor dos anéis), rindo em seguida e arrancando gargalhadas das outras.
-Pára de enrolation e se levanta que a gente tem que ir pro Shopping.
-Para...?
-Pra tudo, vai logo cacete.
Deixei a preguiça de lado, segui para meu banheiro, coloquei uma calça jeans, uma bata e uma rasteirinha. Arrumei o cabelo, todas essas coisas e seguimos para o Shopping.
Chegando lá fomos à papelaria, onde passamos horas delirando nas folhas e nas capas dos cadernos, em todos os detalhes das lapiseiras e comprando tudo o que faltava para completar a lista. Depois de gastar dinheiro em coisas que não iriam durar nem até a metade do ano, fomos às nossas lojas preferidas, torrar toda a nossa mesada, ou parte dela, em sapatos, bolsas, acessórios e roupas.
-Vamos ao cinema? – sugeri após passarmos na entrada do mesmo. Todas concordaram e nos dirigimos à bilheteria. Estava pagando meu ingresso quando escuto aquela risada já muito conhecida por mim.Não, não pode ser, que perseguição! Pensei de olhos fechados, jurando praquilo ser somente uma ilusão auditiva, se é que isso existe, ou até mesmo uma alucinação. Abri os olhos lentamente na direção de onde havia escutado a risada e percebi que não havia ninguém lá.Estranho, ela parecia real. Mas é melhor assim mesmo. Pensei novamente enquanto virava para falar com as meninas. Para minha infelicidade lá estava ele e mais 4 amigos, os mcfly e mais um, que eu não sabia o nome, mas já tinha visto no colégio, porque vive agregado aos outros 4.
Aproximei-me do grupo silenciosamente. Observei que somente e falavam enquanto os outros 7 permaneciam calados. fitava , como se estivesse pensando em algum assunto pra puxar com ela. James, isso, lembrei o nome do tal menino desconhecido, parecia mais preocupado em olhar para a boca de . Enquanto , , e nada faziam além de escutar a breve conversa dos irmãos. Certamente não haviam notado minha presença ali, ainda bem. Eu não estava interessada em puxar papo com eles, então encarei minhas unhas, que precisavam desesperadamente de uma lixa, não que eu ligasse muito pra isso, mas é sempre bom estar com a unha bem feita. Me chame de rancorosa, qualquer coisa que você quiser, mas tenho certeza de que se você estivesse na minha situação agiria da mesma maneira.
-Vamos entrar? – olhou para todos nós. Todos concordaram com a cabeça. Isso mesmo todos.Eu grudei chiclete na cruz, só pode. Fomos entrando na sala. A ordem das cadeiras ficou: , James, , Eu, , , , , e . O filme começou e James e não paravam de falar, até que um confortante e estranho silêncio se formou ao meu lado. Olhei para o lado e percebi que e James estavam se beijando. Quando desviei meu olhar do casal, encontrei com o de , que parecia analisar meu rosto, fazendo-me enrubescer e virar rapidamente para a tela.
O filme acabou, eu e todas as outras meninas, tirando que ficou se pegando com o James, estávamos com a aparência de quem havia chorado. Saímos da sala do cinema e corremos para o McDonald’s, torcendo para que não estivesse fechado. Com sorte o pegamos aberto e entramos na fila, fazendo nossos pedidos e seguindo para a mesa. Eu conversava com as meninas, o novo casal conversava animadamente sobre algum assunto e os outros meninos também. Uma vez ou outras alguma das meninas comentava que o estava me olhando. Mas sinceramente, eu nem ligo. Não vou cair de novo nesse joguinho, cansei de pagar pra ver e sair como a otária da história.
Terminamos nossos lanches e seguimos para a entrada do Shopping. Onde trocamos um tchau, sem nem ao menos olharmos direito para os outros.
É triste lembrar que amanhã começa tudo de novo...


Capítulo 06 – Here we go again.

PÉM PÉM PÉM ( n/a: isso era pra ser um despertador )
6:30 AM indicava o relógio. Deus, por que as férias não duram para sempre?
De má vontade, tomei meu café da manhã e me arrumei.
Cheguei no colégio, o sinal já tinha batido e as meninas me esperavam na porta.
Sentei na mesma mesa de sempre e encostei minha cabeça na parede. Provavelmente o diretor iria passar em todas as turmas, para dar as boas-vindas aos alunos novos, que por sinal, não havia na minha turma e repassar todas as regras do colégio, que não são mais respeitadas a partir do 8º ano, quando você descobre que o máximo que acontece é levar uma advertência.
Dito e feito, em menos de 5 minutos, lá estava o baixinho, gordo e careca do diretor, falando todas aquelas coisas que estamos carecas de saber. Ele literalmente, nós não.
Ainda bem que nessas horas existem os amigos e seus bilhetinhos. Senti um acertar minha cabeça e o abri:
Vamos ao ensaio dos meninos hoje na casa da ? Ok (y) Por mim tudo bem... -
Escrevi que eu ia, desde que elas não desgrudassem de mim e repassei à enquanto o diretor saia de sala.No momento em que ele saiu, uma mulher, de aproximadamente 60 anos, entrou no recinto.
-Meu nome é Esther Aurélio e eu sou a professora de Português. (n/a : Sacaram né? Aurélio –dicionário - Português...Calei a boca ;x )
O resto do dia foi normal, apresentações dos professores, cantina cheia, bilhetinhos, conversas paralelas, etc.
O último sinal bateu e como previsto, encontramos com , que era de outra turma, indo para a casa da mesma, em seguida.Os meninos haviam saído mais cedo, portanto já estavam lá.
Todo o trajeto eu fui pensando no quão estranho tudo isso era. A menos de 1 mês, eu nem sonhava que todas essas coisas iriam acontecer.
Senti uma mão em meu ombro e virei:
-Hum?
-Acorda filha, chegamos. – Pronto, acabou, ferrou tudo, não tem mais como fugir, .


Capítulo 7 – Get over him

Entramos no ‘estúdio’, largamos as mochilas no canto e nos sentamos no sofá improvisado. Notei que não estava lá, melhor pra mim. Olhei para o , ele estava concentrado em uma musica, sentei-me do seu lado.
- Precisa de ajuda?
-Oi? – ele perguntou, parecia ter levado um susto.
-Precisa de ajuda com a letra? – perguntei novamente, fazendo gestos exagerados com a mão.
-Ah sim. Bom, se você puder me ajudar eu agradeço, não to achando nenhuma palavra que entre no mesmo ritmo.
-Então tá, deixa-me ver isso aqui...
Estava acrescentando um verso na música, quando escutei a pergunta de .
-E aí, cadê meu brother?
-O pegador tá falando com a namorada dele. – me inclinei para o lado, prestando mais atenção na conversa. me encarou com uma sobrancelha levemente arqueada.
-Como assim ele tá namorando e não me contou? COMO ASSIM ELE NÃO CONTOU PRA IRMÃZINHA DO CORAÇÃO DELE?
-Você esqueceu que a namorada dele tem caso com você? – Todos riam da cara da
Olhei novamente para o papel, soltando um suspiro. Comecei a escrever uma nova estrofe quando me cutucou:
-Você ainda gosta dele, não gosta?
-OI? Você bebeu? Claro que não. – O encarei e notei que não tinha convencido.
-Vocês têm mania de achar que eu sempre vou ser afim dele. Esquece o que aconteceu há eras atrás, isso não me importa mais. Eu não gosto dele e me arrependo por um dia ter tido tão mau gosto assim.
-Ok, não está mais aqui quem falou – Disse o menino suspendendo as mãos em forma de ‘sou inocente’.
entrou com James no cômodo, o segundo sentou ao lado de , a cumprimentando com um selinho.
-Do que vocês tão rindo tanto aí?
Terminei de ajudar o , coloquei o violão de lado e me sentei no sofá.
-Nada não. Comecem a tocar logo, eu e as meninas não temos tempo a perder, irmãozinho.- falou se aninhando em James.
Os meninos tocaram alguns covers, as outras meninas já estavam soltas, mas eu estava apreensiva. Antes de começarem a tocar Met this girl, falou que tinha escrito uma música nova, mas que precisaria de uma ajudante pra tocar com ele. Obviamente, ele me chamou, já que eu já sabia a letra e o ritmo. Peguei um violão e pedi mentalmente pra não ficar mais rosa do que já estava. Fechei meus olhos a escutar a contagem.

1,2,3,4 She was looking kinda sad and lonely,
And I was thinking to myself if only,
She'd give me a smile but,
It’s not gonna happen that way..


estava sentada no banco da cantina, solitária. Era o primeiro dia de aula dela como repetente, ela não tinha se entrosado com ninguém e havia faltado.Um menino loiro a fitava de longe, seus amigos estavam rindo de alguma coisa, mas ele não prestava atenção.

So I took it upon myself to ask her,
Would you like company and maybe after,
We could talk a while but,
I just don’t know what to say..


Já não era de hoje que essa menina vinha lhe tirando a concentração. Ele se martirizava por não ter aproveitado o ano anterior.Tivera inúmeras chances de falar com ela, mas sempre que tomava fôlego pra realizar tal ‘missão’ , a insegurança aparecia. E agora, ela estava uma série abaixo, ou seja, não havia pretexto algum para falar com ela...

Coz you've got all the things that I want,
And I just cant explain so,
Help me babe, I gotta get over you!


Para ele, a menina era perfeita. Perdera a conta de quantas vezes ele se perdia a olhando, como nesse exato momento.

Now and then she looks in my direction,
I’m hoping for a sign of her affection,
But she’s in denile and,
She’s got some worries today...


Ela parecia preocupada, não parava de olhar para os lados, inquieta. Seus olhares se encontraram e ele se virou rapidamente para a mesa, onde os amigos o encaravam.
-Ainda nessa, ?


But I think if she'd give me a chance,
I'll pleasantly surprise but,
Help me babe I gotta get over you...


-Cara, já tem mais de um mês que você não para de olhar pra essa menina. Perdeu a atitude, ? -Ah velho, essa menina tem alguma coisa que mexeu comigo [n/a: Side õ/ ] – falara, se levantando, já que o sinal havia tocado. Os amigos resolveram deixar esse assunto de lado, ele que se resolvesse sozinho.

She has everything that she wants and,
I just cant explain so,
Help me babe I gotta get over,
Help me babe I gotta get over,
Help me babe I gotta get over you.


Ao término da música, as meninas aplaudiam e os meninos estavam um tanto surpresos com a minha habilidade. Não quero me gabar, mas acho que a melhor coisa que eu faço nessa vida é tocar violão.
Voltei ao meu lugar no sofá, enquanto os meninos começavam a tocar Met this girl.
Estávamos cantando animadamente e fazendo péssimas coreografias. Até que Obviously começa. Imediatamente olhei para , que rapidamente pegou seu material e saiu, batendo a porta com força. Ao passar por mim, pude ver que ela estava chorando. e saíram atrás dela.Quando estava saindo, me puxou:
-Acho melhor só elas duas irem, .
-É, também acho. Mas eu tenho que ir também, até amanhã.
Ia sair, quando, novamente, ela me puxou.
-Você prometeu me explicar química orgânica. – ela falou fazendo biquinho.
-Certo, eu explico pra você – falei me dando por vencida.- Mas onde a gente vai estudar? Aqui? - Olhei para os lados, e os meninos ainda estavam arrumando o ambiente.
-Claro que não né. Vamos lá pra cima.
Subimos as escadas, chegando ao quarto dela. Deixei minhas coisas em um canto e me sentei ao lado dela na mesa, começando a explicar a matéria. Do nada escutamos um forte barulho vindo do lado de fora da casa.
-Ai meu Deus! – exclamei olhando pela janela. Parecia que o céu estava caindo lá fora. As ruas estavam alagadas e o trânsito estava um verdadeiro inferno. O universo estava conspirando contra mim, só pode.
-Você pode dormir aqui, . Não tem problema algum.
-Ah certo. Quero dizer, se não for incomodo.
-, minha querida, de incomodo, só meu irmão. Acredite, se eu não te quisesse aqui, eu não te chamava. Agora se levanta e vamos lá na sala ver se tem algum filme que não seja Star Wars, Tartarugas Ninja ou De volta para o futuro.
-Você não gosta de nenhum desses? Como assim? – perguntei fingindo estar indignada.
-Não gostando, ué. Os viciados nesses filmes são os meninos.
-Ah, sim.
Estávamos olhando as prateleiras de filme, quando eu vejo uma capa familiar.
-MOULIN ROUGE! – gritei indo pegar o filme.
-Calma menina, o filme não vai sair do lugar.
-Eu amo esse filme, dá licença? – falei fazendo cara de desprezo, rindo em seguida.
-Tá bom, não tá mais aqui quem falou.
Pusemos o filme e nos jogamos no sofá. Em poucas horas de filme, já tínhamos chorado mais que sei lá o quê. Decidimos colocar o Fantasma da Ópera [n/a: *-*’].Ao término do filme, já estávamos quase dormindo. Então a me emprestou um mini projeto de short e uma blusa colada, o que ela chama de pijama.Saí do banheiro e descobri que podia existir um pijama menor que o meu.
-Tá hot hein, gatinha. – falou dando uma piscadinha e rindo em seguida. Certo, tenho que admitir que eu tava me sentindo ‘hot’, mesmo.
-Você tá mais, tchuchuca. – falei repetindo o ato da mesma.
Escutei meu estômago roncar e o de também, rimos e fomos à cozinha.
-Cadê sua mãe?
-Ah, ela não vai dormir em casa hoje. O namorado mora perto do trabalho, e como tá chovendo ela achou melhor ficar por lá mesmo.
-Entendi, mas então o que temos para jantar?
-Deixa-me ver... – ela abriu a geladeira, fez uma cara feia e abriu o armário.- Nada, só algumas latas de leite condensado, uma lata de Nescau e um engradado de Ice.
- BRIGADEIROOOOOOOOOOOOOOOOOO !– gritei dando um pulinho e fez uma cara de espanto.
-Que foi menina? Barata? – ela começou a olhar pro chão como se procurasse uma.
-Não, é brigadeiro, a oitava maravilha do mundo.
-Então faz aí.
Estava fazendo minha maravilhosa receita quando escuto uma porta bater, olhei pra e ela estava com a cara mais normal do mundo.
-Que foi?
-O que foi isso? Tem fantasmas aqui. – falei, involuntariamente fazendo uma cara engraçada, já que riu .
-Deve ser meu irmão, ô cabeção. Esqueceu que ele mora aqui também e vive trancado no quarto, fazendo sabe-se lá o que? - ela falou fazendo uma cara maliciosa.
-Ah claro – disse quase em um suspiro após rir. Droga, tinha esquecido daquela peste.
Estava despejando o conteúdo em um prato quando vi um dedo cutucar o mesmo, sendo levado à boca logo em seguida.
-AI! Porra, meu dedo. – olhava seu dedo, ligeiramente vermelho, com uma cara de dor, fazendo-me rir.
-Isso mesmo, ri da minha desgraça, dona . – ela passou o dedo todo melado em cima de mim, rindo em seguida. Não preciso dizer que revidei, espalhando no rosto todo dela. E assim começou uma ‘guerra’ de brigadeiro, mas após 5 minutos, cansamos e nos jogamos no sofá, onde aproveitamos o que tinha sobrado.
-, minha querida, viciei nisso.Sempre que vier aqui, você vai fazer.
-Ah claro, e depois você vai sair rolando ladeira a baixo.
-Sem graça – ela me deu a língua, feito uma criança – Mas ainda tem uma lata aí, faz mais? – eu ia dizer não, mas quando vi a carinha de cachorro que acabou de cair do caminhão de mudança que ela fez, não recusei.
-Ok, criancinha, mas eu tenho que me limpar. Olha o meu, quer dizer, nosso, estado. – fui ao banheiro e lavei meu rosto, indo para a cozinha em seguida.
-, vai lavar seu rosto, você tá parecendo uma criancinha que não sabe comer direito – estava entrando na cozinha quando me deparei com ele, vestindo uma calça de moletom cinza, sem camisa, com o tanquinho à mostra, me encarando como se eu fosse um alien. Certo, pode ser que uma babinha tivesse se formado no canto da minha boca, mas...Pára de pensar nisso, menina má, ele é um idiota, pode ter essas entradinhas perfeitas na barriga, mas ainda é um idiota.Creio que eu estava mais vermelha que um tomate, então passei rapidamente por ele e por , que por algum motivo ria. descontroladamente,(HÁ-HA-HA pra ela) indo para o fogão fazer a segunda ‘leva’ de brigadeiro.
-Pára de secar a bunda da menina, parece que mamãe não deu modos. – olhei pra trás e percebi que ele estava vermelho e ria descontroladamente dele. Certo, os pijamas da fêmea fazem milagres, onde ela comprou mesmo?
Sentei com eles na mesa, colocando o prato no centro e pegando uma colher. O foi para o quarto, calado, após pegar uma colher daquela maravilha. Definitivamente ele é um ser estranho. Depois de comermos, fomos dormir, já que já estávamos caindo pelas tabelas, como dizia vovó.
Estávamos no banheiro escovando os dentes, (Sim, eu carrego uma escova de dente comigo para onde quer que eu vá) quando ela puxou assunto:
-Eu fiquei pra ter perguntar isso dia todo, mas acabei esquecendo, o que aconteceu hoje com a ?
-Bom, é uma história meio longa ...
Estávamos no auditório do colégio, há aproximadamente 3 anos atrás.Nessa época e tinham um ‘affair’, aquela coisa de sempre ficar nas festas do colégio, e outras festas .Nós sempre dizíamos pra ela não se apegar demais, porque um dia tudo acaba. Em resposta sempre recebíamos um ‘eu sei gente, eu só estou curtindo, não é nada demais’ e já que ela transmitia tanta segurança, resolvemos deixar isso de lado.
Então, como em todo show, um dos mcguys resolve dedicar uma música, dessa vez não foi diferente, sendo justamente o que foi dedicar uma música.Ele falou que tinha conhecido uma menina muito especial, e que eles tinham uma história muito engraçada, e todas essas coisas. A pensou que fosse com ela, e ficou toda animada, mas em um segundo tudo mudou. dedicou a música Obviously para Meg, uma antiga companheira nossa de classe, a qual nunca fomos chegadas.
Claro que ficou muito arrasada ao escutar isso e enquanto a música seguia, ela chorava, silenciosamente. No final da música, os dois se beijaram e todos aplaudiram, como em um filme clichê americano. - Terminei de contar e suspirei, bochechando com flúor em seguida.
-Uau. Não sei por que ninguém nunca me contou isso.Os meninos geralmente comentam essas coisas comigo quando tão aqui em casa.- Ela falou arqueando a sobrancelha.
-Vai ver esqueceram ou não acharam importante falar.
-É, pode ter sido, mas vamos que eu tô quase dormindo em pé.
Deitamos e em menos de 5 minutos dormiu e eu não conseguia pegar no sono.
Me levantei e segui para fora do quarto, na ponta do pé, rumando para a cozinha. Chegando lá, peguei um copo e abri a geladeira, na procura da garrafa de água. Quando achei, virei o conteúdo no meu copo, me apoiando na bancada em seguida.
-Insônia? – escutei uma voz ao meu lado, fazendo-me levar um susto e quase deixar meu copo cair.




Capítulo 8 – Think I’m gonna lose it

-É, mas quase que a última vez na minha vida. – falei, colocando a mão no peito.
-Desculpa, não era a intenção te dar um susto. – Mesmo no escuro, pude perceber que ele estava com os cabelos bagunçados, do jeito que eu gosto. Quero dizer, gostava.Porque eu odeio agora. Calma! Eu ‘tô mesmo falando com , e na cozinha dele? Não que isso seja grande coisa, mas eu certamente estaria pulando de felicidade se isso tivesse ocorrido a uns anos atrás.
-Tudo bem... Mas e o que te trás aqui?– perguntei. Okay, essa é a casa dele e ele pode transitar por onde quiser. Nota mental: Quando eu ficar nervosa, nunca mais devo falar sem pensar.
-Não estava conseguindo dormir, daí resolvi vir pra cá. E, você, Não conseguiu dormir?
-É, tava pensando em várias coisas, mas nada de muito importante. E você?
-Pensando em algumas coisas.
-Hum, e que tipo de coisas se passa na cabeça do Mr. ? – falei em um tom divertido.
-Muitas coisas. Acho que você não gostaria de saber...
-Se for o que eu to pensando, não mesmo. - ri e ele fez o mesmo. se aproximou de mim. Digo, se aproximou o bastante para me prensar na bancada.
-Mas se eu o fizesse, tenho certeza que você gostaria. – prosseguiu, como em um sussurro. Sua respiração estava calma, enquanto a minha já estava descompassada. Eu estava tão nervosa que meus joelhos tremiam, e a parte esperta do meu cérebro parou de funcionar por um instante.Seu rosto assumira uma expressão digna de Chuck Bass, [n/a: Desculpas a quem não assiste Gossip Girl, mas eu tive que fazer essa comparação *o*] e eu só conseguia olhar em seus olhos. Ele aproximou seu rosto do meu, colando nossos lábios. Virei meu rosto e tomei coragem para falar.
-Usa suas idéias com suas ‘fãs’, porque eu não sou uma delas. – me desvencilhei de seus braços rapidamente, e corri para o quarto de , onde adormeci.


fêmea, Obrigada por tudo, nós nos falamos mais ‘tarde’, no colégio. Xoxo, Sua tchuchuca preferida ;)

Deixei o bilhete em cima de sua cama e desci as escadas, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Estava atravessando a cozinha quando escuto alguém me chamar. Olhei na direção e, de novo, lá estava ele.
-‘Tá madrugando?
-Não, preciso passar em casa trocar de roupa, e você?
-Não consegui dormir de nenhum jeito. – ele disse passando a mão pelo rosto e bocejando em seguida.
-‘Tô vendo. Bom, preciso ir.
-Não, espera. – estava saindo, quando ele me puxou.
-Que foi? – perguntei olhando em seus olhos. Ele soltou meu pulso.
-Erm, sobre ontem à noite, esquece aquilo, tá? E não fala para ninguém.
-Que seja. Passar bem, .- fechei a porta e fui para minha casa.


Capítulo 9 – Abra sua mente, faça sua mala.

Nesses últimos 4 meses nos entrosamos muito. Digo, eu me tornei a melhor amiga de , enquanto e James começaram a namorar. Ao mesmo tempo em que não me comunico com , somente em casos de emergência ou dias de ótimo humor, nem com , a e o têm conversado, o que é bom, já que ele arrasta um bonde por ela. não fala direito com , coisas do passado. Coisas as quais ninguém nunca soube ao certo.
O sol, ainda que fraco, penetrava pelas frestas da persiana, refletindo nos estudantes mais próximos à janela. Embora o sol começasse a se mostrar mais forte, eu sentia frio e aquela aula me parecia mais entediante do que nunca. Enquanto colocava meu casaco, espiei o resto da turma; metade dormia e a outra metade ou fingia que prestava atenção ou se divertia conversando. Encostei-me à parede e apertei meu casaco contra meu corpo, observei a roupa que a professora vestia. Sinceramente, uma mulher gorda e baixa nunca deveria usar blusa de gola alta e vermelha com uma calça azul e sapatos brancos, fica parecendo uma daquelas bolas para se pendurar em árvores de Natal.
Abaixei minha cabeça e a pus apoiada em meus braços, tentava dormir. Tentativas vãs, já que sentar no meio, mais para o fundo da classe significa nunca ter silêncio. Eis que o diretor entra, arrancando uma careta da professora, que antes explicava, empolgada, a matéria.
-Professora, desculpe interromper sua aula, mas queria comunicar-lhes sobre o passeio desse ano. - os alunos que conversavam, pararam e os que dormiam, acordaram. – Para não tomar muito tempo, todas as informações se encontram no folheto que será distribuído a vocês, por isso leiam. Espero que vocês compareçam, será, sem dúvida, uma experiência inesquecível.
Os folhetos rolaram de mão em mão, chegando às minhas. Guardei e esperei para o abrir na hora do recreio.

St. Marry’s High School


Londres, 24/06/08.
Como todos os anos, nós, da coordenação, elaboramos passeios pedagógicos, que além de reforçar o espírito de união de nossa instituição, adiciona conhecimento e experiências totalmente novas aos alunos.
Então, é com prazer que propomos uma visita à bela Paris dos apaixonados, à cidade da luz. Venha conosco nessa experiência, que constará de visitas aos principais pontos turísticos e muito mais.
O passeio será de 15/07 até 21/07, incluindo a chegada até o destino e a volta para o ponto de partida, com todas as refeições inclusas.


Excursão 2º/3º anos do Ensino Médio:

1º dia (15/07): Colégio-Trem Londres/Paris, saindo da estação de Saint Pancras + aproveitamento do espaço interno do hotel + Jantar (fora do hotel).
2º dia (16/07): Torre Eiffel + Tour de compras.
3º dia (17/07): Basílica de Sacré Couer + Place du Tertre.
4º dia (18/07): Catedral de Notre Dame + Saída liberada.
5º dia (19/07): Palácio de Versailles + Museu d’Orsay.
6º dia (20/07): Museu do Louvre + Festa de despedida no salão do hotel.
7ºdia (21/07): Trem Paris/Londres-Colégio; Término da excursão.

Obs: Os alunos que quiserem ir têm uma semana para deixar seus nomes na secretaria, junto com os nomes dos companheiros de quarto.
Obs¹: Os alunos terão quartos reservados no ‘Hôtel Du Louvre’, com um limite de 5 pessoas por quarto, lembrando que não aceitamos mistura de gêneros nos mesmos.
Obs²: A lista de preços segue em anexo atrás dessa mesma folha.
Obs³: Somente café da manhã, almoço e jantar estão inclusos.



-Capricharam nesse ano, ‘tô dentro! – exclamou.
-Eu vou! – as outras 3 meninas e eu falamos em coro, rindo em seguida.
Após ligarmos para nossas mães, fomos até a secretaria, onde assinamos a lista.
Não estava muito preocupada com quem iria, já que todos os anos os alunos preferem passar uma semana sem nada para fazer, a passar uma semana olhando para a cara dos professores.
Digamos que a preocupação apareceu quando e a trupe passaram por mim, comentando sobre o passeio. Droga! Tudo menos isso.
-Hey, . – acenei e ele veio em minha direção.
-Fala, . Vai ao passeio?
-Claro, e você?
-Paris é bem melhor do que o passar uma semana escutando minha mãe reclamar que eu devia ter ido e que eu estou me tornando um vagabundo sem cultura, não acha? – rimos e concordei com a cabeça.
-Bem, o resto também vai? – mordi meu lábio inferior, esperando que ele não mencionasse o .
-Isso mesmo, todos unidos pela instituição. – imitou o diretor, fazendo-me rir.
As meninas vieram em nossa direção, falando sobre o passeio.
-Quanto tempo nós temos para fazer as malas? – perguntou .
-Duas semanas e alguns dias. Será que levo mala grande? Lembrando que lá tem as melhores lojas.
-Eu acho que vou comprar Paris toda! – exclamou, rindo em seguida.
-Sai da frente que lá vem a , minha gente. – rimos e ao escutarmos o sinal tocar, subimos para a sala.



Capítulo 10 – Are you ready?

-Não acredito que até a dupla das cadeiras eles vão sortear. – exclamei enquanto cruzava os braços.
-Infelizmente sim, e já ‘tá chegando na gente.
-Mathew e Lisa assentos 23-A e 24-A; e assentos 25-A e 26-A; e assentos 27-A e 28-A; e assentos 29-A e 30-A; e assentos 31-A e 32-A e por fim, James e assentos 33-A e 34-A. – A inspetora saiu de nosso vagão logo após anunciar quem se sentaria com quem.
Sentei-me em minha poltrona e liguei meu iPod, esperando o trem começar a andar. James ainda não havia chegado, então me encostei à parede, fechando os olhos e permitindo que a música tomasse conta de minha mente.Como já era de se esperar que o Bourne pegasse um de meus fones, nem me importei quando um dos mesmos foi puxado.
O trem balançou um pouco, indicando que havíamos partido, porém o susto me fez abrir os olhos, revelando que não era James que estava ao meu lado, e sim, . O encarei por alguns segundos, tentando absorver a informação. Mudei de música para ‘You and Me’, do Lifehouse e voltei a me encostar à parede. A música, repentinamente mudou para ‘Brighter’, do Paramore. Mudei para ‘Same Mistake’, do James Blunt e lembrei de meu mantra: ‘Ignore-o’. Novamente, como já podia prever, ele mudou.
-Escuta Beatles? – perguntei, de forma impaciente.
Ele concordou com a cabeça. Mudei para ‘Here comes the sun’.
-Qual sua favorita deles? – me perguntou, me fazendo desistir de tentar dormir. Sentei-me com as pernas dobradas e apoiei meus braços nas mesmas.
-Difícil essa, mas acho que ‘Julia’ ganha por mais escutada. – ri e prossegui.- E a sua?
-Embora difícil, minha escolha é ‘Eleanor Rigby’. Além de Beatles, curte mais o que?
-De tudo um pouco. Na verdade, depende muito do dia, do meu humor, do que...
-CARA, QUE MILAGRE! ELES TÃO CONVERSANDO! VAI CHOVER DINHEIRO, MULHER E VODCA HOJE! – interrompeu o que eu dizia ao exclamar tal frase. Todos do nosso grupo começaram a rir. Abaixei minha cabeça, não consegui evitar que não ficasse corada.
-Ignora que você ganha mais. – disse, rindo em seguida.
-Eu o farei. Agora, se me der licença, vou dormir. Bom-dia, ou boa noite, que seja.- Me aninhei em minha poltrona, adormecendo rapidamente.

-ACORDA, MULHER! ‘TAMOS EM PARIS! – acordei com gritos em meus ouvidos. Enrolei um pouco na minha cadeira, que por sinal estava mais macia do que o comum.Abri os olhos e me deparei com o .
-Erm, desculpa. – Me ajeitei, saindo de minha poltrona.
-Ah, tudo bem. – respondeu passando as mãos pelo cabelo e saindo do seu assento, rumando para fora do trem. Entramos em um ônibus e seguimos para o hotel.

-Crianças, como vocês perceberam, todos os alunos foram divididos em grupos de 10 e têm monitores, que funcionarão como guias. Na verdade, vocês manterão contato com os outros grupos, porém na hora de visitar o museu, por exemplo, vocês estarão sendo monitorados por mim enquanto o guia do lugar apresenta a história e afins. E por enquanto é só. Como consta no roteiro, vocês passarão o dia no hotel e mais tarde terão o primeiro contato com essa cidade na hora do jantar. E outra coisa, antes de qualquer saída, as chaves deverão ser entregues na recepção do hotel. Agora vão e divirtam-se. – ele nos entregou as chaves dos quartos e se reuniu aos outros professores.
Pegamos o elevador e seguimos para o nosso, que era o último do corredor, em frente ao dos meninos. Nossas malas já estavam na porta, somente entramos no quarto, que por sinal era gigante, e as pusemos no chão. As paredes possuíam um tom de salmon, e as cortinas e os carpetes possuíam um tom de carmim, porém um pouco mais claro, lembrando o vermelho. As camas estavam dispostas em linha horizontal, uma ao lado da outra. Mais à frente delas, havia um sofá de dois lugares e uma televisão de plasma, fixada na parede. Um pouco mais ao lado, podia-se ver a entrada para o banheiro, que exalava um suave cheiro de lavanda.
-A da parede é minha! – exclamei, me jogando em cima da cama que estava falando. As outras iniciaram uma discussão para ver quem ficava com a da outra parede. Ria sozinha enquanto observava tentando empurrar da tal desejada cama.
Dirigi-me ao banheiro, que já estava ocupado por perfumes, cremes, nécessaire’s e milhões de outras coisas. Coloquei a minha nécessaire em um canto. Mais tarde juntaria meus cremes, perfumes e escovas às delas. Retornei ao quarto, notando que as meninas já estavam prontas e a briga pela cama da outra parede já havia acabado.

-1 dia. – apostou. Estávamos sentadas em uma mesa, perto do grupo que jogava 3 cortes e da piscina.
-1 hora e meia. – foi a vez de entrar para o bolão de quantos dias Lauren demoraria a ficar com Josh, visto que a menina só faltava o agarrar.
-10 minutos, e isso ainda é muito pra ela. – apostou, fazendo cara de espanto. Rimos e afirmei:
-Ela não se atreveria a fazer isso na frente da inspetora. Eu dou 3 dias, ou seja, até o dia da saída livre.
-Nossa hein, falou a expert no assunto.
-Veremos se eu sou ou não em 3 dias, queridinhas. – falei, fazendo cara de desdém.
-Será que isso pega? – me olhou de rabo-de-olho, provocando mais risadas.
Passamos alguns minutos conversando sobre a ida, estava prestes a contar como foi com o , até que fomos interrompidas por 2 meninos molhados.
-Senhoritas... – James iniciou, fazendo um cumprimento de cavalheiro. – Vou seqüestrar meu amor, ela já volta, ou não. – após falar, pegou no colo e se jogou com a menina na piscina. Estava muito ocupada rindo para perceber que eu seria a próxima.
-Me solta, ! – dava leves tapas em seu ombro.
-Não solto, só se entrar comigo na piscina.- ele me pôs de volta no chão, ainda me segurando, para que eu não escapasse.
-Mas você sabe que eu... – ele fez uma cara de criança ‘pidona’- Certo, mas você vai à minha frente e não deixa ninguém me ver.
-Sim, senhora. – ele bateu continência. Tirei meu short e minha blusa, deixando-os em cima da mesa e revelando meu biquíni preto com pequenos detalhes em branco.
-, não sai da minha frente.
-, deixa disso, até parece que você é obesa. – virei para frente.
-Definitivamente você não é obesa. – ele falou e piscou, me deixando vermelha.
-Tá bom, então vamos logo. - Tentava me esconder em suas costas, porém o menino saiu correndo. Numa tentativa frustrada de alcançá-lo, acabei esbarrando em e caindo por cima do mesmo, que manteve uma cara de espanto/susto/bobo todo o tempo. Senti sua respiração bater em meu rosto. Meu coração acelerou. Acho que depois dessa, comentar sobre o grau de vermelhidão do meu rosto se torna dispensável.
-Eu... Eu... desculpa. – levantei rapidamente, tentando disfarçar a situação. Corri para a piscina, onde o já se encontrava, apoiado na borda e rindo. Mergulhei na piscina e me virei para ele.
-Acho que se você ficasse mais vermelha sua cabeça iria explodir. – tentava falar entre risadas.
-Te odeio. – disse apontando para seu rosto.
-Desculpa, não tá mais aqui quem falou ou riu, sei lá.

Estávamos nos arrumando para o jantar. Todas estávamos de toalha, escolhendo roupas e/ou penteando os cabelos.
-Demos sorte de ter pegado aquele gato do professor Oxford como monitor. Já disse que quase desmaiei quando ele mergulhou na piscina hoje? – se ‘abanava’ com as mãos.
-Te controla, menina. O James ‘tá no quarto da frente, sabia? – rimos. Em resposta, a menina deu de ombros.
-, como foi vir para Paris ao lado de ? – questionei enquanto secava meu cabelo com a toalha.
-Do mesmo jeito que vir sozinha, graças a Deus.- estendeu as mãos pra alto.
-Que mal lhe pergunte, o que se passa entre você e o ?
-Longa história.
-, desiste. Acho que a única pessoa que sabe sobre essa história é a . – , que colocava a calça, se intrometeu.
-Ai, gente. Depois eu conto sobre isso. – entrou no banheiro assim que saiu do mesmo.
-Ela vai te enrolar e três anos depois você ainda não saberá da história. - fiz um sinal de ‘joinha’ para . Coloquei minha blusa e foi minha vez de ir ao banheiro. Após aplicar o corretivo, passei um perfume adocicado e coloquei meus brincos. Fitei meu reflexo no espelho. Não sei como nunca havia pensado em combinar essa blusa de gola alta com essa calça jeans e essa sapatilha de salto. Saí do banheiro e notei que o professor já se encontrava na porta.
-Bom, todas prontas? – o mais velho perguntou. Concordamos com a cabeça e seguimos para fora do quarto. Onde outros 5 lindos garotos nos aguardavam.
-Que gatinhas! A de vermelho é minha. Espero que minha namorada não veja.- James riu e passou o braço pela cintura de , dando um selinho nela.
-Garotos! – O monitor gritou, já no elevador.
-Já vamos. – gritamos e saímos correndo para encontrá-lo.



Capítulo 11 – So let’s get this trip started.

-Inaugurada em 31 de Março de 1889, a Torre Eiffel foi construída para honrar o centenário da Revolução Francesa. O Governo da França planejou uma Exposição mundial e anunciou uma competição de design arquitetônico para um monumento que seria construído no Champ-de Mars, no centro de Paris. Mais de cem designs foram submetidos ao concurso. O comitê do Centenário...
-Pra que porra eu aprendo isso? – a voz do guia se tornou imperceptível aos meus ouvidos, os quais foram preenchidos pela voz de , que resmungava de braços cruzados.
-Para ter um senso mínimo da história ao seu redor e para não ser um ignorante, coisa que, pelo visto, você já é.
-Calma, , só ‘tava comentando.- ele pôs as mãos para o alto.
-Pois eu concordo com ela, se não quisesse escutar isso, não tivesse vindo.
-, apreciando a história? Achei que não fosse viver para isso.
-Somos dois, . – concordou.
-Silêncio, moças e rapazes. – o monitor nos advertiu e voltei a prestar atenção no guia.
-Com seus 317 metros de altura, possuía 7300 toneladas quando foi construída, sendo que atualmente deve passar das 10000, já que aqui são abrigados restaurantes, museus, lojas, entre muitas outras estruturas que não possuía na época de sua construção. Eiffel, um notável construtor de pontes era um mestre nas construções de metais e tinha sido o desenhista da armação da Estátua da Liberdade, que tinha sido erguida recentemente no porto de Nova Iorque. Quando o contrato de vinte anos do terreno da Exposição mundial expirou, em 1909, a Torre Eiffel quase que foi demolida, mas o seu valor como uma antena de transmissão de Rádio a salvou. Os últimos vinte metros desta magnífica torre correspondem à antena de rádio que foi adicionada posteriormente.
Vocês sabiam que os nomes de setenta e dois cientistas, engenheiros e outros franceses notáveis estão gravados em reconhecimento a suas contribuições por Gustave Eiffel? – os alunos de outro grupo, que ainda insistiam em prestar atenção, negaram com a cabeça.
-Seu dever é nos informar.- falei para mim mesma., que estava ao meu lado, riu e balançou levemente a cabeça, de forma que concordasse comigo. Tornei a prestar atenção no senhor que nos falava. Tamanha era sua fascinação ao falar sobre essa torre, que parecia que ele havia a construído. Ou talvez fosse mais um obcecado pela história igual o e a .
-Esse cara parece o daqui a alguns anos. – interrompendo meus pensamentos, fez o comentário. Não pude evitar rir, afinal, além de ser verdade, estava pensando nisso alguns segundos atrás.
-E a mulher dele, provavelmente aquela da recepção, é mais uma apreciadora da história.
-Como você sabe que é a mulher dele? – ele indagou.
-Shiu! Prestem atenção. – novamente o monitor nos advertiu.
-Elementar meu caro Watson... - cruzei meus braços e pus a mão no queixo, como se pensasse. – Ele a deu um selinho antes que entrássemos. – disse sem ânimo. riu.
-Ou então ele a trai. – ele completou, repetindo meus gestos.
-Impossível ser amante, você viu as roupas e o rosto daquela mulher? Dou no mínimo 60 anos para ela.
-Mulheres reparam em tudo.
-E os homens não reparam em nada.- rebati e segui o grupo, que agora andava em direção ao elevador.

De: Mamãe < mamma007@hotmail.uk.co >
Para: < prettygirl@hotmail.uk.co >
Assunto: Te seqüestraram?
Querida, você já chegou? Você está bem? Estão te alimentando? Como é Paris? Está frio? Você está com casacos? Por que ainda não me enviou um e-mail?
Com amor,
Mamãe.


Droga! Tinha esquecido de mandar o e-mail. É de me surpreender que ela ainda não tenha mandando a Scotland Yard atrás de mim.

De: < prettygirl@hotmail.uk.co >
Para: Mamãe < mamma007@hotmail.uk.co >
Assunto: Mil desculpas!
Mamãe,
Vou resumir minhas respostas, já que seu questionário ocuparia milhões de caracteres:
Cheguei, estou ótima, estou comendo, está um tempo agradável, e sim, eu trouxe casacos e não me comuniquei antes devido à falta de memória.
Ah sim, ia esquecendo... Paris é linda, maravilhosa, encantadora, e adicione aqui mais ótimos adjetivos.


-Vem logo, !
-Já to indo, calma! – respondi, pensando em como terminar a mensagem.

Tenho que ir, mãe. As meninas estão me enchendo a paciência, depois te mando outro e-mail.
Beijos,
Amo-te.


Fechei o notebook e o coloquei em cima da cama, seguindo para a porta.
-Prontas para as compras? – as meninas iam abrindo imensos sorrisos à medida que as palavras saíam da boca de nosso monitor. De fato, eu me incluía no grupo ‘sorriso’.

-Primeira parada: Louis Vuitton. Não gastem todo o dinheiro, garotas. Ainda temos Channel, Jean-Paul Gaultier e parecidos pela frente.– anunciou o profº Oxford, assim que avistamos a grande e bela vitrine da grife. Parecia um sonho. Andares e mais andares de roupas e acessórios. Digamos que meu lado fútil despertou.
-Garotas, vocês viram aquela bolsa MA-RA-VI-LHO-SA? – os meninos o zoavam em um tom baixo, porém não tão baixo para que eu não conseguisse escutar. Ri e voltei às minhas compras.
Já estava escurecendo quando passamos pela Praça da Concórdia, aonde vimos o Obelisco de Luxor. Assim como vimos o Arco do Triunfo e, pela primeira vez durante a noite, a Torre Eiffel, com suas 20.000 lâmpadas.

- da Silva Sauro! Acorda logo, guria! – gritava em meu ouvido, me batendo com seu travesseiro.
-AAAAAAAAAAAAAAAH! LEVANTEI JÁ, PORRA! – enfurecida, saí da minha cama e fui diretamente em direção de minha mala, pegando uma calça jeans, meu inseparável Adidas e uma blusa branca de alça. Entrei no banheiro e fechei a porta do mesmo com força. Tomei meu banho e me arrumei, encontrando todas prontas alguns bons minutos depois.
-Vamos? – puxei meu casaco da GAP da mala e saí do quarto. Todas se entreolharam e riram.
-Vamos, ‘estressadinha’ do meu coração. - passou seu braço direito por meus ombros e me guiou até o saguão.

-As senhoritas e os rapazes gostariam de uma caricatura? – enquanto esperávamos chegar o horário do nosso grupo para entrar na Basílica, um retratista francês nos manteve entretidos. Seu inglês não era dos piores, então conseguimos nos comunicar. Para entrarmos num espírito de brincadeira pedimos a ele que fizesse uma caricatura de cada um. Pensamos que fosse demorar, mas na verdade foi extremamente rápido. Peguei a minha e soltei uma gargalhada ao ver que ele me pôs com um sorriso gigante. Paguei e me virei para ver a reação dos outros.
-Como ‘tá a sua? – me perguntou, mostrando-me a sua.
-‘Tá engraçada. – lhe mostrei e ele riu.
-Seu sorriso é contagiante. – falou como um ator de filme mexicano.
-São seus olhos, Carlos Henrique Augusto Romeu Perón Dias. – rimos. passou rapidamente por nós.
-Alguma coisa aconteceu. – olhei espantada para .
-Sério, gênio? Como você descobriu isso? – seu rosto assumira uma expressão sarcástica.
-Babaca.- dei-lhe um leve tapa no braço.
-É, você me ama. – ignorei seu comentário e corri para o nosso grupo.
-O que aconteceu com a ? – perguntei a .
-Não sei! Ela tava olhando a caricatura, o falou alguma coisa e ela saiu daquele jeito. Agora ele ‘tá atrás dela, vai entender.
-Ah, sim. – A fila andou e olhei para os lados, preocupada.
-Aonde será que eles se meteram? – pensei um pouco alto.
-O sabe o que faz, a está em segurança. – , aparentemente sério, respondeu a minha ‘pergunta’.
-Segurança? Estamos na França, não acredito que ele conheça o território. – o encarei.
-Deixa disso, garota. Pára de pessimismo, eles vão voltar. – saiu andando e me deixou sozinha.
-Grosso! – exclamei, em um tom de voz alto, o qual ele conseguisse escutar. Me aproximei mais do grupo, deixando um pouco a preocupação com os outros dois.

-Pessoal, onde estão a e o ? – Profº Oxford nos questionou assim que saímos da Basílica.
-Aqui! – os dois apareceram sorrindo e de mãos dadas. Todos os rostos amigos assumiram expressões interrogativas enquanto os olhavam.
-Onde vocês estavam? – todos perguntamos em uníssono.
-Na fonte, esperando por vocês. – já havia concluído os fatos, por isso nem me importei em escutar tal versão. Estava mais interessada em observar um casal de idosos. Os dois estavam conversando, provavelmente sobre seus netos e filhos, enquanto ele acariciava a mão da senhora com seu polegar e apreciavam a vista. Queria um amor pra vida toda, para compartilhar uma vida. Talvez esteja assistindo muito à clichês. Despertei de meu breve devaneio assim que senti uma mão puxar meu braço.
-O que foi? – encarei .
-Vamos! O professor já está lá na frente. – corremos e o alcançamos, seguindo para Place du Tertre.

O tempo havia esquentado, o que me fez amarrar o casaco na cintura. Observava a tal praça. Certamente não passava de uma rua lotada de pintores. Havia lá sua beleza, como o contraste do verde das folhas das árvores com a coloração branca das construções ao redor da praça, ou até mesmo o contraste do azul do céu com as mesmas construções. Mas em minha defesa, alego que adolescentes não ligam para esses detalhes. A não ser a , que é um caso a parte.
se aproximou de mim e perguntou se eu tinha visto para onde eles tinham ido. Respondi que não, notando que havia sido abandonada. Começamos a procurá-los quando algo puxou meu casaco, olhei para baixo e percebi que não foi ‘algo’ e sim um lindo Yorkshire. Usei meu francês de tradutor do google para perguntar ao dono do cão se podia acariciar o bichinho. Recebendo um ‘sim’ meio desconfiado como resposta, abaixei e o acariciei.
-Olha que coisa mais linda! – trouxe o filhote à altura dos olhos e ria enquanto este me cheirava.
-Você é doente! Ele vai te morder, isso sim. E seu francês é péssimo. – riu.
-Insensível. De qualquer jeito temos que continuar nossa busca. - parei de brincar com o filhote e me levantei, lançando um sorriso ao dono. Estava preste a dar um passo quando sinto alguém me cutucar. Virei e me deparei com um homem, aparentemente com seus 60 anos.
-Pois não? – se pronunciou. Até que o francês dele não era ruim.
-Uma bela pintura para um belo casal. – ele entregou a mim um papel. Curiosa, o olhei. Mostrava uma jovem brincando com um cão e um rapaz rindo da cena. Certamente ele não escutou o que o rapaz estava dizendo à moça.
-Desculpe, senhor. Mas nós... não namoramos. – falou passando a mão pelo cabelo, envergonhado.
-Então deviam pensar no caso. De qualquer jeito, aceitem como lembrança de Paris. – o senhor sorria para nós. Eu, que antes já estava envergonhada, agora não sabia o que falar.
Lancei-lhe um sorriso em forma de agradecimento e seguimos caminho.
Um silêncio constrangedor se formou enquanto rodávamos pelo lugar em busca do nosso grupo.
-Achei! – ele exclamou e me puxou pela mão. Senti que ondas elétricas passarem pelo meu corpo, causando uma sensação estranha, uma sensação que nunca havia sentido.
Talvez fosse a temperatura, talvez não.
-ONDE VOCÊS ESTAVAM DESSA VEZ? – a voz do monitor me pareceu mais aguda e histérica, e provavelmente aos ouvidos dos meninos também, que riam. Ele nos encarava e suas mãos estavam descontroladas, parecia que estava para ter um ‘ciricutico’ enquanto nos dava aquela básica bronca de que estávamos sob sua responsabilidade, blá, blá.
-Nos perdemos. – respondemos ao mesmo tempo dando de ombros.
O professor soltou um suspiro, concluindo que seu sermão não tinha adiantado em nada e se juntou aos outros professores, o que me fez crer que era para avisá-los de que havíamos voltado.
O restante do grupo permanecia com a mesma expressão de quando sumiu na parada anterior. As encarei como se perguntasse o que houve. chegou mais perto e sussurrou entre os dentes:
-Você vai nos contar tudo.Ah, vai! – as outras estavam atrás de braços cruzados e concordavam com a cabeça.
Estava me sentindo em um tribunal ou algo parecido, só faltava aquela luz branca em cima do meu rosto.
Eu só sei de uma coisa: nada aconteceu.



Capítulo 12 – So complicated.

-Meninas, o jantar já está sendo servido. Adiantem-se! – o profº gritou à nossa porta.
-Já vamos! – gritou de volta enquanto colocava outra blusa. A verdade é que tínhamos perdido a hora conversando.
e lutavam pelo espelho do banheiro; e decidiam qual roupa usar; eu penteava meus cabelos e colocava uma sandália ao mesmo tempo. É, formávamos um quinteto e tanto.

arrastou sua cadeira, que estava ao meu lado esquerdo, a fim de se aproximar da mesa redonda. Dei uma olhada de relance para a mesa dos garotos. Eles zoavam por algum motivo, o que me fez lembrar de perguntar a o que houve em frente à Basílica.
Decisão tomada tarde demais, já que no segundo seguinte a questionaram sobre isso.
-Gente, nada aconteceu...- ia continuar a omitir os fatos se não fosse pela feição das outras três, que duvidavam da afirmação. – Cara, vocês são muito chatas! Não consigo esconder nada. – prosseguiu, com um tom de indignação.
-Nós sabemos ler sua mente. Sabemos que você quer nos contar. – deixei a curiosidade tomar conta de mim e soltei a brincadeira. Depois de me zoarem, resolveu falar.
-‘Tá, deixe-me contar! Nos primórdios da humanidade, quando eu tinha 13, 14 anos, morava em um prédio lotado de pessoas da minha idade. Acontece que eu tinha dentes tortos e sempre fui ridicularizada por isso. Na verdade, quem fazia isso era o ‘chefe’ da trupe, Miguel. Eis que um menino entrou no prédio, o . Lembro que em seu primeiro dia ele foi apresentado a mim por seus pais, que queriam que o filho fizesse amizades novas, sendo que na época ele ainda não estudava em nosso colégio. Desde então ficamos muito ligados, fazíamos tudo juntos. Ele conseguia me colocar pra cima quando estava deprimida, conseguia me fazer sorrir só com uma frase. E o que mais me chamava atenção era que além de bonito, ele nunca perdia o charme e a simpatia. Não digo que isso durou muito tempo, foi só me ver feliz que novamente tudo desmoronou.
Recordo-me perfeitamente deste dia, o sol estava se pondo e o calor começava a dar lugar ao frio. Desci ao play com a finalidade de o encontrar e lá estava ele, todo entrosado com ‘a trupe do mal’, como se fosse um deles. É de se esperar que suas companhias te influenciem. E, por mais clichê que pareça, eu estava apaixonada pelo meu amiguinho de prédio, futuro ‘chefe’ do grupinho que eu mais odiava. Mudei meu estilo de falar, de me vestir, de tudo, porque era o único jeito de não ‘perdê-lo’. Bom, depois ocorreram mais algumas coisas que me fizeram parar de falar com ele de uma vez por todas, mas nada que eu queira contar. – ela mantinha uma expressão séria, como se estivesse sentindo o que sentiu ao vivenciar os fatos que narrou. - Então, hoje quando o retratista fez minha caricatura, ele retratou exatamente como eu era antigamente, o que fez o rir de mim e comentar que ‘tava idêntica. Por isso eu fiquei daquele jeito. Acabou que ele me alcançou, pediu desculpas por ter sido tão idiota e...
-E...? – a interrompemos em conjunto.
-E ele me beijou, pronto, falei. – ela ficou corada após dizer tais palavras.
-OUN! – fizemos em coro e rimos.
-Eu contei. Agora você conta, .
-Já disse, nada aconteceu! - as encarei por alguns segundos, que mantinham seus olhos fixos em mim, assim como fizeram com . Elas queriam que eu inventasse uma história?
-Você não engana a gente, .
-Vou contar o que aconteceu. Eu fiquei olhando a vida dos outros e quando vi estava perdida, então o me achou e fomos procurar juntos, só isso. – exclamei, como se suplicasse para que elas parassem de duvidar.
-E por quê as mãos estavam dadas?
-Porque quando ele achou vocês, ele me puxou pela mão. – estava me estressando com esse interrogatório.
-Tem certeza que foi só isso? – elas se revezavam entre as perguntas.
-CACETE, NADA ACONTECEU, ‘TÁ BOM? SE QUISER PERGUNTA PRA ELE! – todas mantiveram seus olhos abertos e fixos em mim. Mesmo que estivesse saindo do cômodo, sabia que elas ainda estariam estarrecidas, assim como outras pessoas, que ainda se perguntavam o que houve.
Subi para o quarto e esbarrei com no corredor.
-Ei, pequena. O que houve?
-Nada. – respondi fitando meus pés. Não queria entregar pra ele que eu tinha até que gostado de conversar com .
-Fala, . - seus olhos azuis expressavam uma certa preocupação. Ele é meu melhor amigo, não é? Acho que não faria mal contar pra ele. Não, melhor não. Eu nem gostei tanto assim, ele é chato.
-Cara, as meninas que me estressaram agora perguntando o que houve pra eu e o sumirmos e voltarmos juntos. Mas é besteira.
-Relaxa, enchemos o e o também. – deixei de encarar meus pés para o encarar.
-E o que eles falaram?
-O contou da história deles, falou que eles se beijaram e tal. O falou da rapidinha de vocês atrás da árvore, dos amassos dentro do banheiro da cafeteria... – arregalei os olhos.
-EU MATO O ! - assim que vi que ele ria escandalosamente, dei um leve tapa em seu braço. massageou a região que recebeu o tapa. -Você é muito malvado.
-E você é muito besta. Mas falando sério agora. Ele comentou com aquele tom de descaso: – pigarreou, limpando a garganta para poder imitar a voz de . – “Nada demais. Ela mexeu com um cachorro, um velho achou que eu fosse namorado dela. Ridículo, eu sei. E depois achamos vocês.” – meu coração acelerou e, involuntariamente, fiz uma cara de decepção. , que antes ria de sua imitação, percebeu e resmungou que não devia ter falado aquilo.
-Não, ainda bem que falou. Eu nem gosto dele mesmo, e é bom saber que ele acha isso ridículo, porque eu também acho. Agora, se me der licença, vou voltar para o meu quarto. Até amanhã. – mandei um beijo no ar e saí andando, não dando tempo para ele responder.
Fechei a porta do quarto e me joguei na cama, batendo em todos os travesseiros que estavam por perto.
- EU ODEIO ! – pressionei um travesseiro contra o rosto e gritei com toda minha força. Sentei-me e encarei uma das paredes. Por que eu estava assim mesmo? Não gostava dele, não simpatizava com ele.
É TPM. Suspirei aliviada. Ridículo pensar por alguns segundos que ele tinha mexido comigo. Depois do episódio na cozinha ele podia ter certeza que não tinha chances comigo. Não mesmo. E mesmo assim deu um jeito de parecer no controle da situação, como se eu achasse lindo e maravilhoso que um pintor fracassado nos achasse um belo casal.
Sorri, vingativa. Tinha sido boazinha demais até o momento. que me aguarde.
Por falar em aguardar, onde essas meninas estão que ainda não subiram?

-Acorda, . – sussurrou próximo ao meu rosto. Abri os olhos e notei que as outras ainda dormiam. Ainda era cedo, 7:00 am. Geralmente o monitor batia à nossa porta às 8:00 am.
-, ‘tá tudo bem? – perguntei enquanto esfregava meus olhos, tentando despertar.
-Eu queria conversar, mas é uma coisa que eu queria conversar só com você, pode ser? – perguntou-me calmamente. Fiz que sim com a cabeça e saí da minha cama. Coloquei um short jeans, uma regata branca e um casaco por cima. Calcei minhas sandálias e desci na companhia de .
Sentamo-nos a uma das mesas na beira da piscina. Olhei em volta, alguns pássaros pousavam na grama, outros bebericavam a água da piscina que refletia os primeiros raios solares.
-Ontem, depois que você saiu da mesa, e foram pra mesa dos meninos. Então dois meninos, muito bonitos por sinal, Brian e Leornard, sentaram-se conosco, já que as mesas já estavam preenchidas. Leonard engatou uma conversa animada sobre história com a , enquanto eu conversava sobre coisas aleatórias com Brian. Na verdade, os dois são funcionários do hotel e estavam de folga.
-Deixa, eu adivinhar... – coloquei a mão no queixo e fiz cara de pensativa – Brian deu em cima de você?
-Se me convidar pra sair com ele hoje for dar em cima, sim.
-E qual o problema nisso, gatinha? Ele tem namorada?
-Não, é que eu meio que... gosto do . Mas eu sou uma das melhores amigas dele e ele não vai querer nada, é óbvio. Sem contar que ele ficou cheio de gracinha pra uma menina da outra turma, deve ter ficado com ela. – suspirou, expressando decepção.
Droga, conto ou não conto? Quero dizer, se for verdade que ele deu em cima de uma menina, talvez tenha achado que não tinha mais chance com a . Agora, pode ter sido impressão dela.
Quer saber? Vou me tornar imparcial.
-Eu acho que você deveria conhecer o menino, ver se ele é interessante e tal. Quem sabe você não dá uma chance pra isso virar um compromisso? – sorri amigavelmente. Que parte do imparcial eu não entendi mesmo? Burra, burra, burra!
-Eu acho que você ‘tá certa, . – ela sorriu abertamente e me abraçou. – Obrigada! Tirou um peso das minhas costas. Só deixa isso, do , entre nós, por favor. – retribui o abraço e prometi que nada sairia dali. Eu só espero que o não fique com muita raiva.

-Fechem os olhos. – o guia da Catedral nos pediu e fechou seus próprios. Olhei para todos. Muitos riam de olhos fechados, outros faziam brincadeiras silenciosas com os que fecharam os olhos e outros, como e , fecharam o olho e seguiram os comandos. – Agora, imaginem o histórico processo de reabilitação de Joana d'Arc, o dia em que Napoleão foi coroado, em 1804, ou a missa que celebrou a libertação da França das mãos dos nazistas, em 1944. – um órgão, localizado naquela catedral começou a tocar, o que me fez levar um susto. O guia abriu os olhos. – Certamente nenhum de vocês deve ter visto alguma coisa. Mas, depois desse som magnífico que provém do órgão de 7.800 tubos localizado nessa Catedral, alguém deve ter sentido alguma coisa. Se não um arrepio, pelo menos levado um susto.
Olhava para o chão, desinteressada. Não queria conversar. Sentia-me triste e nem ao menos sabia o porquê.
me cutucou com o cotovelo, fazendo-me olhar para ele.
-Tira essa cara de enterro do rosto, parece que tá triste. – dei um leve sorriso e tornei a olhar para o guia.
-Alguém sabe a quem essa igreja foi dedicada? – o senhor que nos guiava perguntou. e levantaram o braço ao mesmo tempo. Ri comigo mesma. O guia sorriu para os dois e indicou com o olhar que falaria primeiro.
-Foi dedicada a nossa Senhora, uma vez que Notre-Dame significa nossa Senhora em francês.
-Muito bem. Quer complementar a resposta da nossa querida... – olhou para ela como se perguntasse o nome.
-.
-Nossa querida ?
-Na verdade, gostaria. A igreja foi construída no século XI e devido às mudanças na sociedade, ou seja, a ressurreição da cidade torna necessária a criação de uma ‘sede’ do clero no centro urbano.
-Claro que não, garoto. A igreja era românica, porém o Bispo Maurice de Sully a considerou pouco digna dos novos valores e mandou a demolir. E no lugar construíram essa, de caráter gótico. – o corrigiu antes que o guia pudesse falar qualquer coisa.
-Crianças, não se exaltem. Devo admitir que o aparente fascínio dos dois me impressionou. Com tudo, a resposta da senhorita estava correta. – ela deu um sorriso vitorioso enquanto bufava. – Se me permitem opinar, acho que deveriam compartilhar idéias invés de brigarem. Agora, continuando a excursão... – enquanto o grupo voltava a seguir o caminho do guia, os dois se olharam por alguns segundos.
-Não! – ambos fizeram cara de desprezo e cruzaram os braços. Ri na companhia de , que se encontrava do meu lado no momento.

Capítulo 13 – Let’s scape into the music.

-Prontas? – perguntei assim que terminei de passar o brilho labial transparente. Observei as outras meninas.
vestia uma calça jeans, uma blusa de seda cinza, presa por um cinto elástico preto com detalhes em prata, e uma sandália de salto preta; usava uma saia preta pregueada um pouco acima do joelho, uma blusa branca e um scarpin vermelho; estava com uma saia jeans bem acima do joelho, uma sandália de salto baixo e uma blusa de malha preta com um decote em V; usava uma calça jeans, uma blusa branca de frente única e uma ‘rasteirinha’ bege. Me sentia a coisa mais simples do mundo: uma saia jeans de lavagem clara e desfiada próximo aos joelhos, uma blusa preta colada ao corpo, um cinto marrom com uns detalhes em bege, que não estava preso na calça, servindo de enfeite e meu companheiro de guerra, o scarpin preto envernizado.
-Cara, cadê as minhas amigas? – exclamou. Rimos.
-Meninas, andem logo, caso o contrário iremos perder a carona pra boate. – profº Oxford exclamou à nossa porta.
Todas saímos em direção à porta. Eu fiquei para sair por último, porque tinha esquecido de pôr os brincos.
Fechei a porta e dirigi meu olhar ao resto do grupo. Preciso comentar o visual dos meninos? Acho que não. Uma palavra resume: Maravilhosos!
-Quem são vocês e o que fizeram com os 5 meninos feios que andavam com a gente? – tornou a fazer a brincadeira. Já não tinha mais graça, sinceramente. Ri por rir mesmo.

-Tchau, gente! – e gritaram assim que viram os outros dois rapazes, respectivamente Brian e Leonard, na porta. Olhei para , que estava atônito. Juro que quis me jogar na frente de um dos carros que passavam na rua.
- ? – ele se virou para mim. Seu rosto abrigava uma expressão fria.
-Você sabia? – IDIOTA! BURRA, BURRA! Tinha que ter a mandado pra onde o vento faz a curva e voltado a dormir.Mas não, eu tive que acordar e ajudá-la com seus problemas amorosos às 7 da manhã. Tô falando, sono faz coisas incríveis.
-Eu...- não sabia o que responder. Não ia mentir pro meu melhor amigo. - Desculpa. – encarei meus pés. não respondeu nada, somente se virou e foi ao encontro do grupo. Fiz de seus passos os meus e entrei na mini-van.

Me endireitei na cadeira do bar, apoiando meus cotovelos no balcão. Estávamos os 9 conversando. O Josh é bem maneiro, digo, professor Joshua Oxford. Além de ele ter liberado a bebida, era bem atualizado, digamos assim. Cara, ele gosta de Fall Out Boy, Paramore, Pink, etc.
Fiquei conversando com ele tempo o suficiente para e saírem para ‘ir ao banheiro’ logo depois de receberem piscadelas à distância e sumir com James ‘misteriosamente’.
Escutei uma batida muito conhecida pelo meu iPod, a voz da Beyoncé ecoava por todo o ambiente. E por mais que tentasse me preocupar com , sabia que amanhã eu iria conversar com ele e que no exato momento ele devia estar se divertindo com uma moça francesa. Quer saber? Vou me divertir, deixo os problemas pra amanhã.
Saí do balcão pedindo que guardassem minha cadeira, já que depois dessa música eu voltaria.
Me entreguei à música (tradução), me misturando no meio das pessoas.Com certeza não era a única dançando sozinha.

“Baby boy not a day goes by,
Without my fantasy,
I think about you all the time,
I see you in my dreams.”


Senti duas mãos envolverem minha cintura e um corpo mais alto e, aparentemente, largo se aproximar de minhas costas. Estávamos nos mexendo conforme o ritmo da música. Digamos que Paris é melhor do que eu pensava.

“Ah, Oh, My Baby, fly baby go,
Yes, No, Hurt me some good baby oh,
I'm so wrapped up in your love let me go,
Let me breathe, Stay out my fantasy.”


O misterioso menino me puxou para mais perto, distribuindo leves beijos por meu pescoço. Me arrepiei e acho que ele percebeu, já que não parou. Coloquei minhas mãos por cima das suas e as guiei pelo contorno do meu corpo. Olhei de relance pra mesa e não se encontrava lá. De repente tomou o mesmo rumo de e .

“Baby boy you stay on my mind,
Fulfill my fantasy,
I think about you all the time
I see you in my dreams.”


Levantei meus braços e os passei ao redor do pescoço do menino. O provoquei passando as unhas em sua nuca.
Ponto pra mim se levarmos em conta que esse menino apertou seus dedos em minha cintura assim que o fiz.

“Baby boy not a day goes by
Without my fantasy
I think about you all the time
I see you in my dreams.”


Por um momento fantasiei que se encontrava às minhas costas. Droga, tinha que parar de pensar nele. Além do mais, cadê esse cachorro? Olhei novamente para a mesa e nada dele, só uma histérica fazendo gestos circulares com a mão para mim e falando algo que eu entendi como ‘vire-se’. Pronto, aí tem coisa.

“Picture us dancin' real close in the dark
Dark corner of a basement party,
Everytime I close my eyes it's like
everyone left but you and me,
In our own little world, the music is the sun,
The dance floor becomes the sea,
Feels like true paradise to me, yeah”

Em um movimento rápido, me virei, deixando uma de minhas pernas entre as dele. Olhei para o seu rosto e sorri ‘marotamente’. Confesso que me constrangi perante o modo em que ele me olhava, mas disfarcei isso com uma piscada de olho.
Minhas mãos estavam em seus ombros, enquanto as dele ainda permaneciam em minha cintura, embora não a apertassem mais e nem me puxassem para mais perto.
O rapaz deslizou suas mãos para minhas costas, me aproximando de si. Ele se mexia no ritmo da música com seu corpo junto ao meu. Devido à proximidade dos corpos, meu nariz ficou próximo ao seu pescoço, o que me permitiu sentir o perfume masculino que ele usava. Ah, como eu adoro essa fragrância, todo homem deveria usá-la. Certamente não só usá-la, mas ter o mesmo cabelo, o mesmo par de olhos, o mesmo... certo, parei de me denunciar em pensamento.

“Baby boy you stay on my mind,
Fulfill my fantasy,
I think about you all the time,
I see you in my dreams.”


Passei meus dentes pelo meu lábio inferior e deixei o último preso entre eles. Vi que ele acompanhou, mesmo que com certa dificuldade, esse movimento com o olhar e inclinou seu rosto na direção do meu. Senti sua respiração bater em minha boca e sorrindo vitoriosamente, permaneci alguns segundos mirando o trajeto boca - olhos. Hesitei, por alguns segundos, em permanecer com aquela idéia fixa de superação, mas me controlei. Sabia que não ia ser tão fácil provar a ele o que tinha perdido. Mas que eu teria diversão com isso, era fato. Só que diversão é diferente de me entregar praticamente à lábia do garoto.

-See you in your dreams. ( Te vejo nos seus sonhos.) – sussurrei próximo ao seu ouvido um verso alterado da música e senti sua pele se arrepiar. Sorri, novamente. Tinha algum efeito sobre ele, afinal. Me afastei rapidamente e dei meia volta, com direito à jogada de cabelo. Sim, eu estava me sentindo poderosa e não era pra menos. Também não preciso comentar que ao contar até 3, ele já estava atrás de mim de novo, me seguindo até a mesa. Agora eu posso dizer: para quê brinquedos, se temos garotos?
Quando cheguei à mesa, me olhava interrogativa. A mesma expressão se encontrava no olhar de , mas este estava dirigido para .
-Vou ao banheiro. – saltou da cadeira e me deu um pequeno beliscão no braço, pedindo com o olhar para a acompanhar.
-Vou junto. – seguimos pelo estreito corredor que dava aos banheiros. Na verdade, este se tornara estreito devido a quantidade de casais que se encontravam lá aos beijos. Juro que vi nosso casal 20, e James, ocupando um espaço na parede.
Entrei no banheiro, que não era dos mais vazios. Esperamos que as 5 meninas que se olhavam no espelho saírem para fecharmos a porta e eu me sentar na bancada da pia, esperando um ótimo comentário da parte de .
-Eu acho que perdi o momento em que você se acertou com ele e pulei pra parte em que você quase se fundiu com ele no meio da pista pelos olhares e pelo jeito como dançavam.- recebi um olhar reprovador.
-Eu só estava dançando com ele. Que há demais nisso? – perguntei indignada. Talvez não fosse só isso.
-Você que sabe da sua vida. Só não quero que no fim disso você saia magoada.- ela desabafou mais do que respondeu a minha pergunta. Olhei meio desconfiada para ela e retribuí, alguns segundos depois de pensar no que ela tinha me dito, o abraço.

Tomei um gole da minha cerveja e segui o contorno do bocal com o indicador. Eu sentia que estava sendo observada e isso me incomodava. Acho que não fui feita para provocações, fico me sentindo como uma ‘piranha’ depois.
- ? – me cutucou. Sim, todos estavam à mesa novamente. e com marcas avermelhadas no pescoço, assim como James e .
-Oi... – olhei pra ela.
-‘Tá tudo bem contigo? ‘Tá tão quietinha. – apoiei meu cotovelo na mesa e a minha cabeça na mão.
-‘Tô bem sim, só ‘tô um pouco cansada.
-Certo. – sorriu maternalmente e deu um gole no seu Martini. – Low! (tradução) –Vem, , vamos dançar! – nem tive tempo de pensar, quando dei por mim já tinha me puxado pela mão para a pista.

“Shawty had them Apple Bottom jeans
Boots with the fur
The whole club was lookin at her
She hit the flo
Next thing you know
Shawty got low, low, low, low, low, low, low, low.


-VAI GATA, ATÉ O CHÃO! – rebolou até o chão, o que me fez rir, porque além de já ter bebido umas a mais, ela era desengonçada. - Você é muito séria. Cara, ‘tamos em Paris. Solta a franga. – verdade, o que acontecesse em Paris, permaneceria em Paris, certo?

“Them baggy sweat pants
And the Reeboks with the straps
She turned around and gave that big booty a smack.”


deu uma voltinha, passou o indicador pelos lábios e depois o encostou à bunda, fazendo som de água evaporando. Após isso, olhamos para a mesa, onde percebi o olhar reprovador de James e o malicioso de .

“She hit the flo
Next thing you know
Shawty got low low low low low low low low.”


-LOW, LOW, LOW! – a esse ponto já tinha levantado os braços e descia rebolando com . Duas desajeitadas no meio da pista. Pelo menos eu conseguia me estabilizar, sempre cambaleava depois de subir. Direcionei meu olhar para ela e notei que James a puxou pela mão. Obviamente os segui. Não iria ficar sozinha novamente.
-Amor, me deixa dançar. – escutei ela reclamar.
-Não, vai que te agarram que nem agarraram a . - semicerrei os olhos e olhei para , que levantou as mãos em demonstração de inocência.
- , te agarraram? – abrigava uma expressão digna do bonequinho assustado do MSN.
-Erm...
-Cara, você pegou um francês. QUE DEMAIS! É PEGADORA, É PEGADORA! – além de me interromper, ela ainda me abraçou e começou a pular. -Você vai me contar tudinho depois. – fiz que sim com a cabeça e me sentei. É, eu ia contar do francês. Olhei para o , que ria da cena. Lancei-lhe um olhar reprovador e engatei no papo que rolava entre , e o professor sobre como as meninas conseguiram sair sem monitores.

-Sozinha novamente, ? – perguntou assim que retornou à mesa depois de ter se pegado com alguma francesa em um canto. Digo, não tenho certeza se foi isso, mas esse sumiço misterioso foi por algum motivo. Por falar em sumiço, , , e James resolveram ir para a pista enquanto e , novamente sumiram. E eu que não acreditava no sucesso deles. Ah, sim, e o professor foi ao banheiro, justamente há 2 segundos. Por isso estou, neste exato momento, sozinha com o . Demos goles em nossas cervejas ao mesmo tempo.
-Sim, mas dessa vez não tem como você me agarrar pelas costas, porque eu estou sentadinha. – Eu acho que deveria parar de beber. Todos de acordo?
- Eu não teria ido se você não tivesse me seduzido daquele jeito. – soltei uma gargalhada sarcástica.
-Eu te seduzi? Você foi porque não agüenta olhar para um rabo-de-saia e não ir atrás. – , controla a boca.
-Não senhora. Eu fui só porque você ‘tá, se me permite dizer, muito sexy com essa roupa. – não estava em sã consciência, notei isso. Mas olha quem fala, outra ‘alegre’.
- ... – joguei minhas mãos no balcão. – quantas cervejas você já tomou?
-Umas... 20. – ele respondeu após contar nos dedos das mãos duas vezes. – E você, mocinha? – apoiou seu peso sobre o cotovelo.
-15, talvez. – ele abriu a boca em forma de indignação.
-Você bebeu tudo isso? - dei de ombros.
-É, ué. Quando eu vejo, elas já acabaram. – fiz bico.
-Eu aposto que você ‘tá tão ‘alegre’ que nem consegue dançar.
-Fala sério, você quer é ter um ‘replay’ comigo. – falei enquanto saía do banquinho. Sem mais bebidas pra mim, obrigado.
-Senhorita... – ele estendeu sua mão e eu a peguei, sendo guiada até a pista.
-Você fugiu do assunto. – gritei próximo ao ouvido de , já que uma nova música (tradução) tinha começado.
- Que assunto? – se fez de desentendido.
-Não se faça de tolo. – falei, cutucando seu peito com meu indicador. Ele deu um sorriso de canto de boca e riu.

“I'm checking it so hot, so hot
I wonder if you know you're on my radar
And yep I notice you I know it's you
Choose you don't wanna lose you're on my radar.”


-Olha, eu consigo dançar.- fiz uma pose de vitoriosa, mas fui empurrada por uma menina que dançava atrás de mim, o que me fez ficar bem próxima a ele.
Me aproveitando da situação, repousei um de minhas mãos ao redor de sua nuca e embalei no ritmo, cantarolando alguns versos. Quando me dei conta do que estava cantando, o encarei e mirei seus lábios. Era exatamente isso: ele estava no meu ‘radar’.

“When you walk and when you talk
I get the tingle, I wanna mingle, that's what I want
Hey listen baby turn up the fader,
Try to make you understand
You're on my radar (on my radar)
On my radar (got you on my)
Radar.”


Reconhecendo a música de uma vez por todas, tratei de cantarolar esse pedaço um pouco mais alto. O que algumas (várias) gotas de álcool no sangue não fazem. Ok, o efeito do álcool já estava passando, mas é divertido poder falar as coisas na cara e, caso alguém se lembre no dia seguinte, falar que era a bebida.
Obviamente reparou na nada discreta indireta que eu havia mandado e foi aproximando seu rosto do meu.
Escutei uma voz masculina me chamar e me virei, era falando que já estávamos indo. Amo o . Se não fosse por ele, tudo tinha ido água a baixo.
Me separei rapidamente de e, ainda com certa dificuldade, me direcionei para o balcão, a fim de pegar minha bolsa.
Na porta da boate, enquanto esperávamos a carona chegar, o professor distribuiu chicletes para amenizar o cheiro do álcool. Alguns pingos de chuva começaram a tocar meu braço e, instantes depois, esses mesmos pingos haviam se transformado em uma grossa chuva. À medida que a água ia penetrando minhas roupas e cabelo, eu ia passando a ficar mais lúcida.
Quando a mini-van chegou, todos já nos encontrávamos ensopados. Ainda bem que existem mulheres na direção para mandaram toalhas.

-Boa noite, galera. – ia entrando no quarto com e , quando eu puxei o último. passou por nós com um sorriso radiante e entrou no quarto, nem notando nossa presença ali. revirou os olhos e entrou no quarto, enquanto parecia interessado no que eu queria conversar com o .
-Posso falar com você? – ele olhou para os outros. – A sós? – lancei um olhar significativo ao . Este seguiu o mesmo rumo de , murmurando alguma coisa.
-Já está falando mesmo. Agora termina. – proferiu, frio e cruzou os braços.
-Desculpa, ela me surpreendeu hoje de manhã e eu não sabia se eu podia falar ou não... desculpa. – Ele tentava desviar seu olhar do meu enquanto eu o procurava. Depois de alguns segundos em total silêncio, o rosto que abrigava uma expressão rancorosa, agora estava mais relaxado.
-Tudo bem, . Eu que devia ter falado com a antes, agora perdi a vez, né? – contrai meus lábios, me segurando para não contar a confissão de . – Mas tudo bem. Agora é partir pra outra. – deu um sorriso frouxo. O abracei. Não podia contar nada, tinha prometido. Ele encostou sua cabeça em meu ombro, me permitindo alisar seus cabelos por alguns instantes. Escutei um barulho vindo do elevador, mas o ignorei. Talvez fosse impressão.
-Vai dar tudo certo. – afirmei com uma certa insegurança. Não podia dar esperanças a ele. E se tivesse gostando do encontro com Brian?
-Eu espero, meu anjo. Bom, boa noite. Até amanhã. – ele beijou minha testa paternalmente e abriu a porta de seu quarto, entrando no mesmo. Repeti suas ações do outro lado do corredor. Todas as meninas se encontravam lá, menos . Aparentemente tudo tinha dado certo com o garoto lá.
-Como foi o encontro, ? – perguntei enquanto tirava meus brincos.
-Foi maravilhoso! Ele gosta de Artes, História, Literatura. Depois ele me levou ao Musée de L’Armée. – ia comentando sobre o encontro com um certo brilho no olhar. Sorri, concordando com todos os comentários que as meninas faziam, do tipo: “Que fofo!” , “Eu quero um desses para mim!”, etc.
À medida que os fatos foram ficando mais emocionantes, todas já nos encontrávamos de pijama, cada uma em sua cama. Lembrei daqueles filmes do tipo “Nany Mcphee”, que as crianças deitam em camas paralelas e conversam durante minutos antes de pegarem no sono. Ri com esse pensamento e resolvi perguntar onde se encontrava.
-Ela já devia ter chegado. Lembro que quando entrei no saguão, ela estava se ‘despedindo’ de Brian. – Nesse exato momento a ‘dita cuja’ adentrou no ambiente, com uma expressão rígida. Alguma coisa estava errada.
-O que aconteceu? – perguntamos ao mesmo tempo.
-Nada. – respondeu fria, se trancando no banheiro. Todas permanecemos em silêncio. Resolvemos dormir, amanhã teríamos tempo para perguntar novamente.
Não sei exatamente quanto tempo fiquei acordada, só me lembro que, pelo que me parece, uns 20 minutos depois escutei o soluço de , vindo do banheiro. Pensei em ir lá, mas sabia que ela precisava de um tempo sozinha. Ela é assim, sempre que está triste não há nada que a console, só ela mesma. Então é melhor dormir.

Capítulo 14 – Best kept secret.

Abri os olhos ao escutar uma batida de porta, eram 7:30 am ainda. Troquei de posição e tentei embarcar num sono profundo, mas nada feito. Resolvi que seria melhor acordar logo, então me espreguicei e troquei de roupa.
Desci pelas escadas e me dirigi às mesas da piscina, onde tinha conversado com no dia anterior. Sentei-me ali e vi que não estava sozinha no ambiente. se encontrava lá, de novo. Logo, resolvi perguntar o que tinha acontecido.
-Hey. – acenei e me sentei à mesa dela, sendo ignorada. -Que se passa, ?
-Nada. – ela falou friamente.
-Não creio que nada tenha feito você bater a porta e chorar no banheiro.
-Olha, . A partir de hoje, eu não te conto mais nada. – Pronto, ela endoidou de vez.
-O que eu fiz, ? – vácuo novamente. -‘Tá bom, você quer que eu adivinhe o que ‘tá acontecendo?
-Não se faça de dissimulada. Você sabe muito bem.
-O que eu sei? Que você passou a gostar do Brian? Até aqui não vi nada de errado.
-Olha, , eu vi você abraçando o ontem. Agora eu compreendo sua inveja. Você quer tudo o que eu quero e joga sujo pra conseguir isso. – SÉRIO QUE ELA ‘TÁ FALANDO ISSO? SE NÃO CONHECESSE HÁ ANOS, EU QUEBRAVA A CARA DELA!
-Você não faz a mínima idéia do que ‘tá falando. Realmente acha que eu quero o ? E que demonstraria isso com um abraço? Então eu seria uma tarada, porque estaria afim de todos. – ri ironicamente.
-Não acho, tenho certeza. Só porque não conseguiu o e não agüenta ver a felicidade dos outros.
-Então você aprende a escutar as coisas. Porque... – OLHA A BOCA, ! mandou não contar. – eu falei que ia dar tudo certo pra ele, que ele ia arranjar uma garota legal e tal. Mas falei isso porque eu não ia te ‘denunciar’. – Vai, , inventa mais, só ‘tá melhorando sua situação.
-Sério? – fez uma cara de cão sem dono. Concordei com a cabeça. – Desculpa amiga. É que eu ‘tava de cabeça quente e confusa, daí acabei misturando as coisas. – nos abraçamos e sorrimos. – Só vamos esquecer isso.
-Tudo bem. Mas conte, como foi o encontro? – perguntei interessada.
-Foi... legal. Só foi meio estranho, porque eu o beijei pensando no . E cara, que beijo fantástico aquele garoto tem.– ri abertamente.
-Ui. Devia ter pegado algum francês.
- Franceses mandam melhor do que Ingleses, fato. Enfim, ele me levou em um restaurante na própria Torre Eiffel e depois passeamos pela Champ de Mars. Mas depois eu falei que eu tava meio afim de um amigo e ficamos somente no primeiro encontro. Ah, e como foi na boate?– se endireitou na cadeira e apoiou o cotovelo na mesa.
-Ah, foi bom, cara. Nada demais ocorreu, só algumas cervejas mesmo. – ‘E sabe da nova? Eu tive que me segurar pra não beijar o .’ Não, eu não iria falar isso.
- E o , erm, ficou com alguém? – Sério, eu odeio dar notícias ruins. Permaneci em silêncio por alguns segundos. Quem cala consente. – Vou encarar isso como um sim. Ai, droga! – bateu a mão na própria testa. – Burra! E eu que ainda achava que tinha uma chance.
-Calma, sempre há uma luz no fim do túnel e isso é tudo que eu posso te dizer. – afirmei em tom de sabedoria. me encarou como se eu fosse algum tipo de alienígena. – Esquece. Vamos subir que já são 8 horas. – E eu tenho que perguntar pro umas coisinhas...

-Pose com a mão no joelho. – comandava nossas poses nas fotos que tirávamos no Palácio de Versalhes.
- ! – acenou para mim.
-Calma aí, gente. Já volto. – me aproximei dele. – Fale.
Descobri uma coisa... o ‘tá meio mordido por causa do encontro da . Será que tem chances da gente dar uma de cupido, já que pro nosso lado as coisas não andam bem?
-Não sei. Pelo que ela me disse esse tal Leonard é tudo de bom e ela se divertiu bastante saindo com ele.
-Então esquece. Agora outra coisa, me diz o que você fez com o , porque ele tava falando de você ontem. – arregalei os olhos.
-Falando o que? – me interessei, claro.
-Esquece, segredo de garoto. – dei um tapa no braço dele.
-Tu ‘tá doidinha pra saber. – falou com ironia. Dei outro tapa na mesma região.
-Se me agredir de novo não conto mais. – afirmou massageando a região. - Ele só falou que você tava bem bonita e que teve que se controlar para não te beijar. – involuntariamente, sorri “abobalhada”.- Mas que disse que talvez fosse o álcool. – completou, o que fez meu sorriso se desmanchar.
-Nossa, me emocionei agora. Vou até pedi-lo em casamento, o que você acha?
-Pelo menos ele falou de você.
-Ele quer palmas por isso? – perguntei, sarcasticamente.
-Falo mais nada então. – dei de ombros, arrancando uma expressão indignada dele.
-‘Tá, mas me responde uma coisa: Você ainda gosta da , né? – acirrou os olhos, como se me perguntasse se eu realmente estava perguntando aquilo a ele.
-Então tenho boas notícias. – Que se foda essa parada de guardar segredo de geral. Compra um diário então, meu filho. Mentira, eu não sou malvada assim. – Só aguarda até amanhã. E por favor, não faça nenhuma merda na festa. – me virei, deixando-o com uma das sobrancelhas arqueadas. [n/a: repare na quantidade de palavrões numa mesma frase G_G ]

-O D'Orsay é discreto, sem fachada mirabolante a competir com o que interessa, o acervo. Ele está numa centenária estação de trem, que parece ter sido feita para virar museu, mesmo. Não é preciso caminhar uma semana, nem mesmo um dia, para ver todas as obras ali reunidas. É, possivelmente, o museu com a melhor relação satisfação / esforço do mundo. Dentro, nada de arte contemporânea, mas apenas aquela produzida na França nas últimas décadas do século 19 e primeiras do 20. – O nosso guia ia nos ensinando dentro da mini-van, já que no próprio lugar não haveria guia. – Alguém aqui sabe de qual período da arte estou falando? – Adivinhem quem levantou a mão? Sim, e . Seguindo a regra de ‘mulheres primeiro’, o professor deu palavra à . Obviamente revirou os olhos e bufou, o que me fez olhar para . Sendo correspondida, levei minhas mãos à boca e a tapei, de forma que abafasse minha risada.
- O impressionismo. – ela respondeu, como se qualquer um soubesse disso.
-Ótimo. Agora, , você pode nos indicar algumas características marcantes de cada artista? – afirmou com a cabeça.
- As mulheres gordas de Renoir; as bailarinas e o olhar perdido de absinto da moça de Degas; a boemia de Toulouse-Lautrec; o cochilo no campo de Van Gogh; a série da Catedral de Rouen de Monet; o circo feito só com pontinhos de tinta de Seurat; algumas taitianas de Gauguin.
-Esplêndido. Vejo que temos ótimos alunos nesse grupo. – o profº Oxford batia palmas.
- Diga isso pelos dois. – comentou em um tom baixo. Olhei para o e notei que ele estava rindo, abaixei minha cabeça, rindo também.
- É bem provável que vocês já tenham visto essas imagens antes. Elas são famosíssimas, talvez as mais famosas da história da arte, excluídos a ‘Gioconda’,‘Guernica’ e alguns outros cubismos de Picasso. Mas agora vocês as verão no original, a centímetros, com todo o prazer que essa experiência impõe. – o monitor respirou e soltou uma risada abafada. – Credo, me senti como um livro-guia de turismo. – todos rimos e demos voz ao professor novamente. – Então é isso rapaziada, começaremos de cima pra baixo. E de ‘quebra’ teremos a vista do rio Sena.

-Em duplas, por favor. – olhei para , que iria perguntar ao . Sorri. Pelo menos alguém ‘tava se dando bem. com , com James, só me resta , e .
-, em dupla com a . Duas pessoas brilhantes devem trocar informações. – Certo, esse professor é muito ‘puxa-saco’. Me virei para o .
-Sobramos, né? – ele concordou com a cabeça. Escutamos o professor ao fundo falar que iríamos nos encontrar daqui a 2 horas com ele em frente à entrada principal.
-Por onde começamos? ‘Mona Lisa’, de Da Vinci? Ou ‘A liberdade guiando o povo’, de Delacroix?
-Da onde tirou essa inteligência? – indaguei e ele protestou com um gemido indignado.
-Eu tenho cultura, ‘tá? – cruzei os braços, duvidando. – Certo, eu li no folheto. – ri da cara que ele fez.
-‘Mona Lisa’ ‘tá muito cheio agora, vamos primeiro no Delacroix. – enquanto andávamos até o quadro, diversas vezes esbarrando em outros turistas desastrados, notei que todos tinham conseguido se entrosar. Até mesmo , que era o mais ‘crianção’ nesse quesito.
Avistamos o quadro e nos pusemos defronte a ele.
-Eu gosto do jeito que a mulher está representada. Digo, ela é a figura central da obra. E prende sua atenção...
-Claro, ela ‘tá fazendo topless. – me interrompeu com seu comentário.
-Ela prende a atenção por estar com a bandeira em uma mão, representando a pátria, e na outra ela possui uma arma. Concluindo assim que esta mulher nada mais é que a liberdade. – me olhava com uma sobrancelha erguida, me fazendo rir. – O que é? Eu estudo, ok?
-Não disse nada. – ele levantou as mãos, em forma de inocência.
-Próxima parada: ‘Gioconda’. – imitei o sotaque italiano e ri, me guiando com para a pequena fila do quadro.
- Eu li que o marido dela era impotente, alcoólatra e propenso à agressão física, sendo assim considerada ‘A mais infeliz esposa do mundo’.
- Mas não parece, pelo menos com esse sorriso.
-Ela sabia maquiar seus sentimentos, sendo misteriosa, não falsa. Queria ser assim. – pressionei meus lábios um contra o outro e passei a fitar o chão.
-Mas você é assim. Pelo menos comigo. – soltei uma risada e voltei a o encarar. – É sério. Eu nunca consigo prever o que você vai falar ou fazer. E isso é bom, porque eu sempre me surpreendo. – ele corou, assim como eu. Oi? corando e me elogiando?
-Pára, até parece que eu sou alguma agente da CIA ou coisa assim. Você só não conversa comigo há tanto tempo assim, porque se conversasse, veria que eu não me pareço nada com o que você descreveu.
-Se você diz. – sorri fraco e desviei meu olhar. – Vem cá, . ‘Tá na nossa vez. – ele me puxou pela mão. Correntes elétricas passando por mim novamente. tapou o rosto dela com o folheto, deixando somente a boca de fora. – Vê se não parece com as costas de uma mulher. - Olhei fixamente para o quadro, virando um pouco a cabeça.
-Verdade! – sorri sincera para .
-‘Tá vendo, isso eu já sabia. Também tenho cultura. – ele estufou o peito e fez cara de convencido. Cutuquei sua barriga com o indicador e ele a murchou, me fazendo rir.
-Qual a próxima? ‘Apoteose de Henry IV’? – concordou e fomos à procura de tal obra.

-Private no meu quarto! – anunciou à nossa porta. Abri, dando de cara com ele.
-Opa! Trouxeram as coisas boas? – perguntou atrás de mim, com os olhos brilhando. Ri, dando passagem para ela. Olhei pra trás e vi que as garotas já pegavam seus iPod’s e câmeras. É, elas iam. Entrei no quarto dos meninos, que não era muito diferente do nosso, tirando a bagunça e o cheiro de vodka que já estava no ar.
-O que a gente vai fazer? Beber até que não consigamos voltar para nosso quarto? – perguntou se sentando ao meu lado no chão.
-É, essa era a idéia. – respondeu calmamente e riu depois.
-Ah, tem tempo que eu não jogo verdade ou conseqüência. – comentou.
-Verdade ou conseqüência, então? – perguntou, sorrindo marotamente. Todos concordaram e pegamos uma garrafa vazia de Corona que se encontrava debaixo da cama dos meninos.
-Sem desafios homossexuais e muito pervertidos, por favor.
-Ok. Eu começo. – girou.
- pergunta pro . – perguntou o que queria.
-Verdade. – o vaiamos. -Só pra começar, cambada.
-Então, é verdade que você ficaria com uma das meninas daqui?
-Erm...é. – me entreolhei com e ri. girou e dessa vez eu perguntava pra .
-Verdade. - revirei os olhos. Fácil demais. – É verdade que você ainda ‘pegaria’ um garoto que já teve rolo contigo? – ela arregalou os olhos.
-Dependendo de quem for. – pegou a garrafa e girou. Dei um gole na minha Corona, gelada graças ao mini-frigobar. E assim o tempo foi passando. Os desafios estavam mais abusados e fizeram com que beijasse , desse um selinho em (o que fez revirar os olhos. Curiosamente, isso fez com que minha cabeça parecesse que estava em um caldeirão, borbulhando de tão quente, estranho, não? ), James dançasse YMCA e tirasse a camisa, etc.
- macho pergunta pro . – falei depois de girar a garrafa.
-Desafio.
-Escolhe uma garota e dança, sensualmente,‘Sexy Back’, do Justin, com ela. – olhei pra , imaginando que daqui a alguns segundos ela estaria beijando na nossa frente por não ter conseguido se controlar. Mas não. Senti ele me puxar pela mão e o fitei espantada. A música começou a tocar e , a dançar.

“I'm bringin' sexy back
Them other boys don't know how to act!
I think it's special what's behind your back.
So turn around and I'll pick up the slack!
(Take em' to the bridge!)”


Ele pegou minhas mãos e as passou envolta de seu pescoço, fazendo-me alisar sua própria pele. Mordi meu lábio inferior e ri, sentindo me virar de costas pra ele e apertar minha cintura. Sua respiração batia em meu pescoço, o que me fez ficar arrepiada.

“Dirty babe...
You see these shackles? Baby I'm your slave
I'll let you whip me if I misbehave!
It's just that no one makes me feel this way
(Take em' to the chorus!)”


Estiquei meus braços para trás e fiz com que minhas mãos se entrelaçassem atrás de seu pescoço. Dei uma leve puxada no cabelo dele e me virei. Meus cabelos estavam desarrumados e alguns fios estavam ‘presos’ ao meu rosto.
Senti sua respiração bater em meu rosto e fui para suas costas, onde, tendo algum controle, passei minhas unhas em seus braços.

“Come here girl!
(Go 'head be gone with it!)
Come to the back
(Go 'head be gone with it!)
VIP!
(Go 'head be gone with it!)
Drinks on me
(Go 'head be gone with it!)”


Ele se virou rapidamente e me puxou pela cintura. Botei uma mão em seu ombro e a outra em sua nuca, percebendo que ele já estava ofegante igual a mim.
puxou uma das minhas pernas, cobertas por uma saia somente, para sua cintura e manteve sua mão lá.

“Let me see what ya tworkin' with
(Go 'head be gone with it!)
Look at those hips!
(Go 'head be gone with it!)”


Arranhei sua nuca e ele soltou um suspiro fraco. largou minha perna e eu me virei, deixando ele contornar meu corpo com as mãos.
-‘Tá ótimo, . Pode parar. – escutei a música parar e a voz de ao fundo. Me soltei do e notei que me olhava. Engoli seco e me sentei entre James e .
-Uau! Arrasaram. – falou com uma voz fina, fazendo todos rirem. Olhei para novamente, como se pedisse desculpas com o olhar. Ela deu um gole na sua bebida e me lançou um sorriso discreto, afirmando que estava tudo bem.

Não demorou muito para que tivéssemos que nos retirar do quarto dos meninos, já que o professor descobriu. Mesmo que fosse liberal, ele não podia desobedecer a essa regra, já que sem o cumprimento desta, seu emprego estaria em jogo.


Capítulo 15 – We all have weakeness.

-Vocês viram meu Peep-toe vermelho? – perguntei me agachando para procurar embaixo da minha cama.
Recebendo ‘não’ de todas, abri todas as minhas bolsas novamente e os achei dentro de uma sacola da Harrod’s.
Arrumei meu vestido tomara-que-caia preto em cima da cama, pus os brincos ao lado e a pulseira também. Coloquei os sapatos ao pé da cabeceira e peguei o babyliss, entrando no banheiro assim que o desocupou.
Tomei um banho rápido e comecei a maquiagem. Passei o corretivo nas pequenas olheiras que haviam se formado, devido às poucas horas de sono, e o pó compacto por cima.
Como já possuía as maçãs do rosto levemente rosadas naturalmente, não utilizei o blush. Esfumacei minha pálpebra superior com o lápis preto e apliquei duas camadas de rímel em cada olho.
Fiz ondas nas pontas dos meus cabelos com o babyliss e saí do banheiro, me deparando com uma pronta e uma quase pronta.
A primeira utilizava um vestido ‘tubinho’ decotado até o espaço entre os seios, mas nada vulgar. A parte do busto era azul, um pouco mais claro que a cor na nuance escura, enquanto a parte da seda que descia rente aos quadris e coxas até o joelho, era em preto, combinando com seus scarpins de bico fino da mesma cor.
Seu cabelo estava preso em ‘banana’ com ondas caindo sobre o ombro esquerdo. Quanto à sua maquiagem, esta destacava seus olhos azuis, que eram tão belos quanto seus brincos de pérola.
vestia um modelo frente única roxo com busto drapeado, possuindo marcação embaixo dos seios, e solto dos mesmos para baixo. As alças formavam um ‘X’ nas costas seminuas devido ao coque que possuía alguns fios soltos, exibindo também seus delicados brincos prateados.
-‘Tá gata hein. – as duas falaram enquanto calçava suas sandálias Jimmy Choo prateadas, e passava um gloss transparente. Ri e disse que as duas também estavam.
cochilava enquanto esperava sair do banheiro, dando tempo para finalizar sua maquiagem, aplicando uma sombra perolada. Coloquei meu vestido e pedi a que fechasse o zíper.
Depois de alguns minutos, já estava em seu vestido marrom acetinado com decote em ‘V’, que possuía uma faixa bege a baixo dos seios que formava um laço frouxo nas costas. Suas argolas em ouro velho combinavam com as pulseiras da mesma cor e as Manolo Blahnik marrons. Depois de por minhas sandálias, pus meus brincos prateados e reparti meu cabelo no meio.
- ! Vem logo!
-Já ‘tô indo! – escutei a voz de abafada vindo de dentro do banheiro.
Quando ela saiu, pude notar que ela não gostava de ser que nem a maioria. fêmea usava um vestido de frente única com estampa de bolinhas brancas e um fundo azul marinho, parecido com o da Rihanna em “Shut up and Drive”, e sandálias vermelhas de plataforma , combinando com seu arco, que estava posto entre a repartição da franja e o resto do cabelo.
-É hoje que o James enfarta. – nós duas rimos, abrindo a porta e nos dirigindo ao elevador.

A porta do elevador abriu, dando a nós a visão da festa. O salão meticulosamente enfeitado em tons de branco, bege e dourado. E do lado de fora do mesmo, um terraço, com vista ampla para a torre Eiffel. É, eu não queria estar em outro lugar.
Procurei pelos meninos com os olhos, os avistando a poucos metros de onde nos encontrávamos. Todos os 5 vestindo terno e gravata.
Fomos até a mesa com nossos nomes. Não que fossemos passar a festa toda sentados, mas só até as músicas boas tocarem.

-Gente, tá tocando Bee Gees. Vamos para a pista?- propôs com um sorriso de criança. Todos o acompanhamos, indo para perto do aglomerado de jovens que dançavam ao som de ‘Night Fever’, dos Bee Gees.
Quando já tocava ‘Staying Alive’, os meninos, liderados por , começaram a fazer passos imitando John Travolta em ‘Os embalos de sábado à noite’. Embora eles parecessem mais o Michael Jackson do que o Deus Travolta, os garotos levavam jeito para coisa.
Então as músicas foram trocadas e acabamos nos dispersando. Os namorados sumiram, logo voltei para a mesa, a fim de conversar com os solteiros, que não eram muitos, já que estava se agarrando com Leonard e estava com uma menina ruiva.
-Talvez não fosse pra eles darem certo. – pensei alto.
-E a gente? – me surpreendeu, como sempre, aparecendo por trás.
-A gente? A gente não tem nada e nunca teve. – me virei em sua direção, para que pudesse olhar em seus olhos.
-Porque eu não quis. Mas eu me arrependi, não percebe?
-As aparências enganam, por isso não confio mais nelas.
-Mas deveria confiar.
-Então me dê um motivo. – nada disse, e nem sei se iria dizer, já que quando vi a chorando e saindo do salão, fui atrás dela. -, o que houve? – ela agora se encontrava sentada na escada de emergência, com o rosto em mãos.
-O , . Ele ‘tava beijando uma menina loira. E eu não... não consegui conter minhas lágrimas. – me sentei ao lado dela e a abracei.
-Amiga, fica aqui. Não sai até eu voltar. – ela concordou com a cabeça. EU FALO PRO NÃO FAZER MERDA NA FESTA E O QUE ELE FAZ? MERDA!
Passei como um foguete pelas pessoas até avistar conversando com o Brian no terraço. Fui na direção deles, ficando um pouco distante para não demonstrar que estava escutando a conversa.
-Eu não fiz nada, garoto! Já te falei isso. Na verdade, eu só saí uma vez com a , porque quando eu fui perguntar se a gente podia sair novamente, ela falou que estava interessada em um amigo, que eu não tenho dúvidas de que seja você. – Brian passou por mim, então me virei, impedindo a passagem do .
-Depois te explico a história. Agora vai lá na escada de incêndio e vê se você se resolve de uma vez por todas com ela. – ele concordou com a cabeça e ia sair quando eu pus a mão em seu peitoral. – E se não se resolverem, eu mato vocês dois.- riu e saiu, me deixando novamente sozinha. Acho que ‘tá na hora de arranjar um namorado. Por falar em namorados, deixe-me ir ao banheiro ver minha aparência.
Entrei no espaçoso ambiente, que possuía um enorme espelho, que ia do teto ao chão. Verifiquei meu estado. Não estava suada; maquiagem intacta; dentes limpos, mas também pudera, já que não havia comido nada, somente bebido refrigerante.
Ajeitei minhas ondas nas pontas do cabelo com os dedos e saí do banheiro, dando uma circulada pelo local, passando pelo terraço, onde reconheci as costas de , James, e . Aí que eu digo: povo sem criatividade! Tanto lugar pra se pegar e vão todos pro mesmo canto.
- E agora uma música lenta para entrar no clima da cidade dos apaixonados. – Escutei o DJ anunciar, vendo todos os casais seguindo para pista. Me sentei à mesa destinada para meu grupo, me apoiando em meus cotovelos.
-Dança comigo, ? – perguntou. Levei um susto, olhando para ele, que estava em pé, estendendo uma mão para mim.
-Você tem que parar com essa mania de chegar do nada. – Ele riu.
-Então, aceita? – Continuava a estender sua mão. O fitei por alguns minutos. Uma dança calma não nos faria mal, certo?
Peguei em sua mão, sendo guiada por ele na direção do terraço. O vento que por ali passava, bagunçava ligeiramente nossos cabelos.
Passei minhas mãos envolta do pescoço de e ele repousou as suas em minha cintura, de forma com que pudesse fitar seus olhos.

“Oublie tes erreurs et tes peurs
(“Esqueça teus erros e teus medos)
Je les efface.”
(Eu os deixei de lado.”)

-Sabe, quando você me pediu um motivo naquela hora, todas as palavras fugiram da minha cabeça. E admito que ainda não voltaram. Então só há uma maneira de eu te dizer o motivo. – Senti todas aquelas borboletas idiotas se mexerem em meu estômago e minhas pernas vacilarem. De certa forma, eu sabia o que estava por vir, e temia o fim desse episódio.
- E qual é? – Notei que se rosto estava mais próximo do meu, então isso confirmava meu pensamento. Não tive muito tempo para pensar no que fazer. Na verdade, eu nem queria pensar muito. Senti seus lábios contra os meus, pedindo permissão para aprofundar o beijo. Dei tal permissão, me esquecendo de tudo o que eu tinha prometido a mim mesma há 3 anos. Grande erro? Espero que não.

“A chaque faux pas que tu feras
(“E cada passo em falso que tu der)
Je tomberai à ta place”
(Eu cairei no teu lugar.”)

Meu estômago ainda dava voltas quando nos separamos. Eu tinha medo da reação dele. Correção, muito medo.
Nos encaramos por alguns segundos, sem nada expressar. Então ele abriu um sorriso. Sim, um sorriso. O sorriso mais lindo do mundo! Deus, o que eu ‘tô falando?
Como resposta, abri outro. Colamos nossas testas, fazendo com que conseguisse sentir a respiração dele bater próximo ao meu nariz.
-Esse foi o motivo para você confiar em mim. - falou baixo.
-Um bom motivo, se me permite acrescentar. – Eu ri, mostrando minha vergonha.
-Eu acho que tenho que melhorar, sabia? – Com um sorriso de canto, ele comentou.
-Ah, é? Então a gente devia aperfeiçoar a técnica, o que você acha? – Sério, às vezes nem eu acredito nas coisas que falo.
-Acho uma ótima idéia. – riu, aproximando-se de mim novamente e me beijando.

Já era fim de festa, logo a pista já estava vazia, também devido ao número de casais que se formaram durante a festa. Assim como , também não retornou à mesa, o que nos fez supor que os amassos com a garota estavam bons.
Estava pensando em como suportaria ficar longe de Leonard. Ela aparentou ter gostado dele.
-Vamos pra pista, cambada! – James se levantou da mesa, puxando pela mão e sendo seguido por todos nós.
A música trocou, sendo que agora tocava Lady Marmalade. Poucas pessoas, quase ninguém, sabiam cantar as partes que não eram o refrão. E quando o último chegou, as caixas de som se tornaram praticamente inúteis.

“Voulez-vous coucher avec moi? Ce soir, chez toi.”
(“Você quer ‘dormir’ comigo? Esta noite, na sua casa.”)

Os meninos faziam a pergunta e as meninas completavam, fazendo com que a festa parecesse algo meio “Se ela dança, eu danço”. Posso afirmar que essa festa estava sendo melhor do que eu esperava, embora ainda estivesse me perguntando se estava dizendo a verdade e se eu deveria ter o impedido.
Enquanto o resto da letra corria, todos improvisávamos fazendo péssimas coreografias. Certa hora, me pegou pela mão e me girou, trazendo-me para perto ao mesmo tempo, o que fez com que, quando eu parasse, eu ficasse bem próxima a ele e isso se tornasse o pretexto para outro beijo, que foi aplaudido, de brincadeira, por meus infelizes amigos.

Não muito depois disso, a festa acabou (leia-se: fomos expulsos do salão por um funcionário do hotel).
Subimos os 10 no mesmo elevador (sim, finalmente e haviam se desgrudado de seus pares), o que fez com que ficássemos espremidos dentro do mesmo.
Assim que chegamos ao andar, entrou no quarto e fez o mesmo. Ia tomar o mesmo rumo de , quando senti alguém me puxar levemente pelo pulso. Olhei para essa tal pessoa, que, como vocês já devem imaginar, era .
-Boa noite, . – ele se aproximou de mim e me deu um selinho, sorrindo timidamente. Me senti uma abestalhada, já que sorri de igual forma.
-Boa noite, . – sussurrei próximo ao seu ouvido. Antes de entrar em meu quarto, consegui ver morder o lábio inferior. Sorri novamente, desta vez abertamente e para mim mesma.
Assim que entrei no quarto, olhei para minha cama. Murchei quando vi a bagunça que eu tinha deixado, sem contar na mala que ainda não estava pronta.
-Ô ZONA! – resmunguei quando cheguei mais perto da minha cama. De longe a bagunça parece menor, mas quando você chega perto, ela se prolifera.
Tirei meu vestido e coloquei meu pijama, separando a roupa que usaria na volta da viagem. Após fazer isso, comecei a arrumar minha mala e isso levaria muito tempo, mas não o suficiente para comentar tudo sobre a festa.
-Gente! Todas perdemos a aposta. A Lauren só ficou com o Josh hoje. – começou a falar assim que abriu a porta do banheiro, onde havia trocado de roupa.
-Eu a vi ficando com um monitor, não sei de qual grupo. – E então as fofocas começaram a surgir. É, a noite vai ser longa.

-? – me chamou.
-Fale. – me virei pra ela, que se encontrava na cama do lado.
-O que aconteceu para você ficar com o ? – nessa hora todas as meninas se sentaram em suas camas, prestando atenção na conversa.
-A gente só quer saber, . Sem estresse. – disse. Suspirei alto.
-Bom, ele chegou com um papo de que nós podíamos ter algo porque ele tinha se arrependido e tal. Eu não sei bem o que aconteceu comigo, mas eu deixei as coisas rolarem e... a gente ficou. Se eu fiz certo? Eu realmente não sei. Não sei também como eu vou agir amanhã, como ele vai agir amanhã.
-Amiga, nós não podemos prever o que vai acontecer. Eu espero que você tenha feito a escolha certa, já que agora não tem mais como voltar.
-Só esperamos que você não sofra, porque senão eu mato o ! – soltei uma risada, falando depois.
-Eu também espero, garotas. – joguei minha cabeça para trás, fechando os olhos ao sentir o tecido macio do travesseiro encostar em meu pescoço.


Capítulo 16 – Dreaming was her biggest mistake.

Acordei ao escutar a gritaria vinda do banheiro.
-, SAI DESSE BANHEIRO, AGORA! – esmurrava a porta, enquanto era possível escutar o som da água batendo no chão e a voz desafinada de .
-Creio que depois dessa, seu plano de acordar mais cedo para poder demorar mais no banho não dará certo. – falou, com a voz sonolenta.
-ESSA VACA TEM QUE SAIR! EU PRECISO TOMAR BANHO! - ainda batia na porta.
-Vai encontrar o Leonard? – perguntei enquanto me levantava para terminar de pôr minhas coisas na mala.
-Vou, a gente marcou na piscina em 10 minutos. Quero me despedir. Foi legal ter saído com ele. – ela dizia com uma voz triste, soltando um suspiro longo depois.
-Oun, tadinha. – fui até ela e a abracei. –Você arranja um melhor por lá.
-Duvido, amiga. – quando eu ia encorajá-la a não desistir, saiu do banheiro, fazendo rapidamente sair do abraço e se trancar lá.

Depois de algum tempo conversando, foi minha vez de tomar banho. Enquanto eu me enxugava, me lembrei de , o que fez meu coração disparar repentinamente. Me perguntei se tinha feito certo ao deixar as coisas fluírem. Será que teria sido melhor se eu tivesse o impedido?
Despertei de minhas dúvidas ao escutar uma forte batida na porta, seguida por um grito de . Coloquei minha roupa rapidamente e saí do banheiro, indo pentear meu cabelo.
Já nos encontrávamos no saguão do hotel. O diretor chamou a atenção de todos.
-Serão dois grupos em cada ônibus. Grupo 1, monitora Hooligan, com o Grupo 4, monitor Longman. Grupo 3, monitor Perez, com o Grupo 2, monitora Silver. E o grupo 5, monitor Oxford, irá com o grupo da coordenação. Ônibus 1, 2 e 3 respectivamente.
-Ainda bem que é só até a estação. – comentei com , que estava próximo a mim. Senti um arrepio ao olhá-lo nos olhos.
-Verdade. Imagina o diretor roncando do nosso lado. – riu de seu próprio comentário. Ri também, seguindo o grupo para o ônibus.
-Galera, serão mesmos assentos da ida. – mexi a cabeça, lembrando do episódio do iPod.
-Sem música dessa vez, ok? – não só entendeu meu movimento, como ainda fez o comentário, rindo em minha companhia em seguida.
-Sou completamente a favor. – sentamos nos mesmos assentos, já que já sabíamos que iria pedir para trocar. –Boa noite. – ia me encostar à “parede” quando senti me puxar, fazendo-me encostar ao peito dele.Tentei olhá-lo e pude notar um sorriso. Pus minhas mãos repousadas em seu peitoral enquanto ele me fazia cafuné, o que me fez sorrir e fechar os olhos até que eu pegasse no sono.

-Mãe! – gritei assim que cheguei em casa.
-Filha!- ela me abraçou.
-Achei que você fosse me ligar assim que chegasse no colégio.
-Eu ia, mas a me ofereceu carona, já que eu moro no caminho e a mãe dela já ‘tava lá.
-Certo. Ah, , seu pai ligou ontem. – assim que minha mãe disse, bocejei.
-Vou tirar uma sonequinha e depois ligo pra ele. – Embora eu não precise, porque dormi muito bem no trem. Cheguei em meu quarto, me jogando imediatamente em minha cama.

-? – observava a praia à minha frente quando escutei essa voz. Eu tinha meus braços colados juntamente a meu corpo, com o intuito de me aquecer. Olhei para o lado, ainda que com dificuldade, já que estava sentada na areia, reconhecendo a imagem de .
-Fale. – disse, fazendo pouco caso e tornando a olhar o mar. Algo me dizia que eu havia brigado com ele ou coisa parecida.
-Me desculpa por ter agido como um idiota todo esse tempo. Eu nunca consegui perceber o quão maravilhosa você é. E eu queria uma segunda chance com você. – ele falou, se sentando ao meu lado e tentando acariciar uma de minhas mãos, que se encontrava rente ao meu braço. Relaxei-a, fazendo com que ele conseguisse a tocar. Encarei seus olhos, sentindo que ele falava a verdade.
-Eu... - então pensei na promessa que havia feito a mim mesma e em todas as coisas que aconteceram nos últimos anos. Levantei rapidamente, me guiando para o lado oposto ao dele.
À medida que eu ia refletindo sobre o que havia acabado de fazer, meus passos se tornavam mais lentos e então eu havia parado de andar. Como em um impulso, me virei rapidamente, avistando, não muito longe dali, a imagem do menino, que estava em pé, me mirando com uma cara que misturava decepção, tristeza e surpresa. O que eu estava fazendo? Ele havia acabado de se declarar pra mim!
Corri até ele, sentindo aquele ar úmido do inverno adentrar meus pulmões.
-Me desculpa. Eu não sabia o que fazer, nem o que falar, e eu fiquei confusa, e... – não pude terminar de falar, já que selou nossos lábios antes.
-Você fala demais, garota. – ele riu assim que rompemos o beijo.
-Desculpa. – novamente fui beijada. Ok, eu correspondi, então, nós nos beijamos seria o certo.
-E pede desculpas demais. – e, de novo, riu assim que partimos o beijo.
-Chato.
-Chatinha. – me abraçou de modo que minhas mãos ficassem escoradas em seu peito. Ele beijou minha testa e, quando levantei a cabeça, me deu um selinho.
-Viva os pombinhos! – de repente, naquela praia aparentemente deserta, todos os amigos mais próximos, , , , , James, , e , apareceram. Senti minhas bochechas arderem e escondi meu rosto no peito de , que ria. E, do nada, pude visualizar todos os 10 seguindo caminho para não-sei-onde.


Acordei, me sentindo uma abestalhada por ter sonhado esse tipo de coisa com o . Depois de me levantar, conversar um pouco com minha mãe e comer algo, resolvi ligar para meu pai.
-Paizão! – fiz uma voz de criança.
-Meu amor! Tudo bem? – ele parecia estar sorrindo do outro lado da linha.
-Tudo ótimo e com você?
-‘Tô bem também. Então, como foi lá em Paris?
-Foi maravilhoso, pai! Eu cheguei hoje e resolvi tirar uma soneca, ‘tava muito cansada.
-Imagino. Filhinha, não quer passar uns dias, quem sabe uma parte das férias aqui? Estou com saudades de você.
-Eu ‘tô morrendo de saudades, papaizinho. – Certo, eu sou muito brega.
-Bom, eu tenho que desligar agora, mas caso queira vir pra casa do coroa, é só falar. – meu pai me interrompeu.
-Tudo bem, eu ligo. Beijos.
-Te amo, filha.
-Te amo, pai.
Desligamos o telefone. Agora as coisas estavam melhores para mim, não queria me afastar no curto período de férias que teríamos. Fui para meu quarto, ligando meu notebook na bateria e logo entrando no Facebook. Resolvi dar uma olhada no Face do , me deparando com uma mensagem de ninguém mais, ninguém menos do que . “Hello, boy. Soube que ficou com a garotinha lá. Vi que é realmente capaz de tudo por mim, hein. xx . ” –Senti meu rosto arder em chamas. Rapidamente acessei o perfil da menina, me deparando com a seguinte mensagem: “Eu te disse. MSN, gata. .” Senti uma solitária lágrima escorrer por meu rosto, como se chamasse outras. As segurei, pegando o telefone com a mão trêmula. Disquei rapidamente o número, sentindo minha bochecha arder, quase que suplicando para que eu deixasse as lágrimas rolarem.
-Pai? – o chamei, com a voz embargada.
-, aconteceu alguma coisa? – Ele se preocupou. Droga, tinha que ter me controlado.
-Não, ‘tá tudo bem. Eu só pensei no que você tinha dito e bom... a proposta das férias ainda ‘tá de pé?
-Claro que sim! Quando você quer vir para cá?
-O mais cedo possível. Amanhã?
-Isso tudo é saudades ou há algo que minha pequena não quer me contar? – Sério, eu amo meu pai. E minha mãe. E minha família. Certo, vocês entenderam.
-Os dois. – sussurrei. Papai emitiu um som similar a ‘hum’.
-Passo às duas da tarde de amanhã. Ok?
-Certo, até lá. Te amo, paizão.
-Também te amo, filhota.
E pela segunda vez dentro de uma hora, eu desliguei o telefone. Suspirei alto, soltando um grito depois.
-A QUEM ESTOU QUERENDO ENGANAR? EU SABIA QUE TINHA ALGO DE ERRADO. EU SABIA. COMO EU SOU ESTÚPIDA. EU QUERO MATÁ-LO! – me joguei na cama, ofegante. Assim que minha respiração se acalmou, as lágrimas voltaram. E dessa vez não as impedi, visto que uma hora elas teriam que voltar e teriam que ser liberadas.
Não solucei, não chorei alto, o que aconteceu não pode ser definido como choro. Digo, as lágrimas caíam. Eu não tinha controle sobre elas, mas também não as queria impedir, estava tão perdida em pensamentos que nem ao menos sabia o que estava acontecendo comigo.
Pensava sobre meus objetivos, sobre todos os meus planos, sobre tudo. Principalmente sobre a falsa idéia de controle da situação. Estava tão confiante de mim mesma que nem sequer pensei que ele poderia me fazer jogar o meu próprio jogo.
Então passei a me sentir uma impotente, uma inútil. Nada que eu fizesse adiantaria. Eu sempre ia cair por ele de novo, mesmo que eu me prometesse que não. Quem escuta, acha que estou falando de algum plano mafioso, mas não, estou falando de amor. Na verdade, a palavra amor é muito forte, paixão talvez.
É, a deve mesmo valer a pena, digo, deve ser muito legal, ou boa, em todos os sentidos. Ou talvez por ela não valer, que ele corre atrás, porque se bem o conheço, ou penso que o faço, não é do tipo que gosta das certinhas. Pelo menos agora eu tenho a resposta para a pergunta que eu me fiz em Paris.
Despertei dos meus pensamentos assim que escutei o telefone tocar. Estendi meu braço até a mesa de cabeceira, atendendo-o.
-? – reconheci a voz de .
-Fale.- falei tentando disfarçar minha voz, que ainda estava anasalada devido ao choro.
-O que aconteceu? – Eu já disse o quanto eu odeio que me façam essa pergunta? Ela nunca vem em situações boas.
-Nada.
-‘Tô indo praí. – Antes que eu pudesse responder, desligou na minha cara.
Fui até o banheiro, prendendo meu cabelo para trás em um rabo alto. Lavei meu rosto, torcendo para este desinchar até que ela chegasse.
Tarde demais, escutei a campainha tocar. Isso que dá morar perto dos amigos.
- , você vai me contar agora o que aconteceu. – fêmea disse em um tom autoritário.
-Seu irmão me aconteceu. – Suspirei alto. – Você já sabia dessa aposta, ou o quer que seja que ele fez, com a ?
-Que aposta?
-Ele tinha que provar que faria de tudo pra ficar com ela. E adivinha pra quem sobrou? É, pra mim. EU ERA UMA DAS “TAREFAS”, “METAS”, NÃO SEI O QUE, DELE! – à medida que eu ia aumentando o tom de voz, sentia aquelas chatas lágrimas voltarem.
-Eu não acredito que ele fez isso. Eu não acredito!
-Pois acredite. Seu irmão é um canalha. E pode dizer ao que por causa dele, estarei indo amanhã para a casa do meu pai e só volto no fim das férias. – Me levantei e abri minha mala da França, jogando dentro dela outras roupas limpas. – Melhor, não diga nada!
Em 2 semanas eu teria tempo para lavar, pensar, falar, fazer tudo o que eu tinha, ou sentia que tinha, que fazer.
-Eu pediria pra você não fazer isso, mas eu sei que você, do jeito que é cabeça dura, nunca iria mudar de idéia.
-Ainda bem que você me conhece. – me abraçou forte. Sorri amigavelmente.
-Conta para as meninas o que aconteceu, ok? – ela assentiu com a cabeça.
-Bom, me mande notícias. Sentirei sua falta, pirrá.
-Até parece que eu ‘tô indo pra guerra. – ri frouxamente.
-Besta. Bem, ‘tá na minha hora. Como eu disse, me mande notícias dos gatinhos da vizinhança de lá, primos distantes. Dos gatinhos em geral.
-Pode deixar. – Nós duas rimos, nos despedindo com um abraço. mal saiu do quarto, minha mãe entrou no mesmo.
-, o que ‘tá acontecendo? Seu pai ligou pro meu celular avisando que iria te buscar amanhã. Alguma coisa errada pra você querer ir pra lá? – Detesto meu pai. Brincadeira. Ô glória, não me deixam em paz. Embora, em dias normais eu gostaria de contar isso pra minha mãe, minha cabeça já estava explodindo e não agüentava mais falar.
-Nada demais. Bateu saudade dele, só isso.
-E de mim? Você passou uma semana longe de casa, sem quase mandar notícias. – ri, me aproximando dela e a abraçando.
-Eu esqueci, mãezinha. E além do mais, eu posso te ver todo dia, já meu pai, não.
-Tudo bem, tudo bem. Mas só pra matar as saudades, quer um chocolate quente? – minha mãe fez uma cara de criança, me fazendo rir. Tá aí algo que eu preciso, um chocolate quente.
-Eu quero.
-Então vamos lá fazer. – ela passou o braço por meus ombros e eu repousei minha mão em sua cintura, descendo as escadas em seguida.

Escutei o som alto da buzina vindo do lado de fora da minha casa. Abri a porta, arrastando minha mala com uma certa dificuldade, sendo ajudada segundos depois por meu pai, que havia saído do carro.
Assim que ele colocou a bagagem na mala do carro, eu o abracei forte.
-Senti muitas saudades, pai.
-Eu também, filhinha.
Nos guiamos para o carro, onde eu me sentei no banco do passageiro, colocando o cinto em seguida.
-Então, como foi lá? – meu pai perguntou enquanto dava partida no carro.
-Foi tudo ótimo! Bom, no primeiro dia de viagem a gente ficou no hotel, o que foi legal, porque deu pra relaxar. – eu ia contando, dando detalhes de tudo durante o percurso, não tão longo, até a casa dele.

-Filha, teu quarto já foi arrumado pela Sol.
-Sol! – corri para abraçá-la. Eu amo a Solange, a empregada porto-riquenha, ela é tão meiga e simpática.
-Querida! Como você cresceu! – assim que nos separamos, a olhei. Parecia bem mais magra do que ano passado.
-E você está mais magra! – Sol sorriu, encabulada.
-Impressão sua. Agora, arrume suas coisas lá em cima e depois desce pra comer o bolo que eu fiz especialmente para você.
-Eba! – sorri como uma criança. Corri para o meu quarto, abrindo rapidamente a porta e deixando que o vento que passava por ali bagunçasse meus cabelos.
Senti o colchão afundar quando me joguei no mesmo. Enterrei minha cabeça em meu travesseiro, sentindo o suave perfume de lavanda que exalava do mesmo.
Assim que virei a cabeça, avistei meu rádio, que estava na mesa de cabeceira. Apertei o “play”, fazendo com que um CD antigo feito por mim começasse a tocar. Levantei, abrindo minha mala e separando o que eu deixaria para ser lavado e o que eu colocaria no armário.
Enquanto cantava junto “Nobody’s Fool” com a Avril, eu ia colocando meus produtos no banheiro. Então passei a prestar atenção na letra, não sei por quê.

“Its not a simple here if I'm not so soon
(“Eu não sou uma qualquer aqui e não estou nem perto)
I might've fallen for that when I was fourteen
(Eu posso ter caído nessa quando tinha 14 anos)
And a little more green
(Quando era mais imatura)
But it's amazing what a couple of years can mean."
(Mas é incrível o que alguns anos podem fazer.”)

Lembrei de tudo o que aconteceu para que eu tomasse a decisão de vir para cá. Senti meu coração apertar, mas não deixei que isso durasse muito tempo, já que de agora em diante ele deveria se tornar passado.
É, talvez seja melhor passar as férias um pouco distante de tudo e todos.



Capítulo 17 – And everytime I fall...

Troquei de roupa, decidida a sair pela vila para espairecer. Quem sabe não fizesse amigos por lá?
-Sol, vou dar uma volta por aqui e quando voltar, como o bolo que você fez, ok?
-Tudo bem, só tome cuidado.
-Pode deixar. – foi a última coisa que disse antes de fechar a porta da casa.
Enquanto andava na direção do lago, pude perceber que há poucos metros havia dois meninos conversando. Fitei o que olhava na minha direção. Aparentemente alto, moreno, bonito. É, nada mal.
Passei por eles, sabendo que estava atraindo olhares. Sorri, jogando, delicadamente, o cabelo para trás e continuando o caminho para o lago.

Gastei uma boa parte da tarde andando por ali, o que foi bom para esquecer um pouco dos problemas. Ou melhor, do problema.
Retornei à casa, me deliciando com um generoso pedaço do bolo de Solange.
-Então, , não quer me contar o que houve? Você parecia tão tristinha hoje de manhã.
-Meninos, como sempre. – dei uma garfada no bolo, vendo-a assentir com a cabeça.
-Você gosta dele e ele não gosta de você? Ou você já passou dessa fase?
-Essa fase era moleza. – ri frouxamente. – Digamos que eu me apeguei demais a um sentimento que não tinha tanto fundamento.
-E você resolveu vir pra cá pra esquecer desse sentimento? – concordei com a cabeça, terminando de mastigar a última garfada.
-E pensar no que fazer também. –complementei.
-Bom, então aproveite essas quase duas semanas pra pensar, porque quando você voltar é bem capaz que tudo volte à tona e você fique pior do que eu imagino que tenha ficado. – eu amo a Sol por ela ter esse jeito de mãezona.
-Eu pensarei, pode ter certeza.
-Saiba que eu estou aqui sempre, mocinha.
-Eu sei, Solzinha. – ela sorriu e me abraçou, fazendo com que eu sentisse vontade de chorar. Em momento algum eu tinha compartilhado se quer um pedaço dessa história com qualquer pessoa. Não que não contasse como pessoa, mas ela não era tão racional assim, já que estava dentro da história.
-E se esse menino te fizer ficar triste de novo, manda ele aqui que eu dou um jeito. – Sol riu, me fazendo rir também.

Depois de algumas (muitas) horas de sono, coloquei um short não muito curto e uma blusa branca de alça. Desci, a fim de conversar com Solange. Assim que pisei na cozinha, escutei vozes que não eram nem do meu pai, nem da Sol.
-Alguém a mais em casa? – respondi assim que a avistei, pegando uma maçã do cesto e me sentando no balcão.
-Seu pai não te contou do churrasco?
-Não. – arqueei uma sobrancelha. Eis que eu vejo aquele mesmo garoto do dia anterior entrando no ambiente. Me perguntei o que ele estaria fazendo ali.
-Achei que ele avisaria. – Sol falou, se guiando para o quintal e não fazendo menção de me apresentar ao menino.
Joguei minha maçã no lixo e desci do balcão, sob os olhares do menino, que bebia uma cerveja. Quando ia sair do cômodo, meu pai chegou.
-Filha, este é seu primo, Nick. Nick, essa é . – mirei o menino nos olhos, sorrindo amigavelmente e fazendo um gesto com a cabeça como se o cumprimentasse. – Agora que estão formalmente apresentados, vou pegar a carne e ir assá-la.
-Certo, pai. – novamente sorri, saindo do cômodo e indo para uma das espreguiçadeiras na beira da piscina.

-Já conheceu a Mary? – Nick perguntou assim que se sentou a uma cadeira próximo da qual eu estava sentada, bebendo suco.
-Mary? Não. – respondi assim que dei um gole no meu refrigerante.
-A namorada do seu pai. – cuspi todo o conteúdo de minha boca para o lado oposto ao menino.
-Namorada? – arregalei os olhos, me perguntando por que meu pai não teria me falado dela antes.
-É, eles já tão juntos há alguns meses.
-Ele não me contou. Na verdade, eu não converso com ele tem tempos. – Então eu vejo uma menina loira, de cabelos lisos, magra, com um short curtíssimo e regata vermelha colada ao corpo, vindo na nossa direção. Seria a Mary?
-Ei, baby. – a tal menina se aproximou de Nick, dando um selinho no mesmo. É, definitivamente não é a Mary.
-, Anne. Anne, . – sorri para a menina, concluindo que eram namorados. Droga, tudo o que eu precisava, um casal pra alegrar minhas férias. YEY!
-Você deve ser a prima do Nickzinho, certo? – a loira perguntou, me encarando com aquele par de olhos verde-água.
-Certo. E você, a namorada? – ela confirmou com a cabeça, sorrindo abertamente.
-Por falar em namorada, já conheceu sua madrasta? – Ótimo! Até a namorada do meu primo conhece minha “madrasta”.
-Não, ainda não. Nem sabia que ela existia, já que meu pai tratou de esconder isso de mim. – levantei rapidamente, deixando meu refrigerante cair. Andei apressadamente pela beira da piscina. Precisava sair daquele ambiente! Tudo aquilo me lembrava DELE.
Sair de lá foi uma escolha errada? Pode ter certeza. Senti meu pé derrapar e quando dei por mim, já estava na piscina. Subi para a superfície rapidamente, sob os olhares de todos os adultos, que estavam rindo de mim. E também sob o olhar malicioso de meu primo. Obrigada, Senhor!
Minha blusa branca estava transparente e pra completar, estava ventando fraco, mas estava ventando. Obrigada, novamente, Senhor!
Olhei para meu pai, que agora estava rindo na companhia de uma mulher loira ao mesmo tempo em que a dava selinhos. Senti meus olhos encherem d’água e corri pro quarto, resmungando tudo quanto era palavrão.
Bati a porta com força, tirando minha blusa e sutiã molhados, trocando-os por outros secos.
-Que droga! Por que comigo? – olhei pela janela do meu quarto, podendo admirar o casal namorando e meu pai e a tal Mary também. Me sentei na cama e fiquei encarando a parede por um tempo, quando escuto batidas na porta.
-? – resmunguei ‘hum’ à voz feminina que me chamava. – É a Anne, posso entrar?
-Ah, pode, claro. – ela entrou, se aproximando e se sentando ao meu lado na cama.
-O que houve?
-Nada. Acho que é TPM, sei lá. – lancei um sorriso frouxo. Eu não queria falar sobre isso com ninguém, muito menos com uma desconhecida.
-Eu sei que você acabou de me conhecer, mas não custa nada se abrir comigo, né? Até mesmo porque a gente vai se ver raramente, isso se nos vermos. – Verdade, não tinha visto por esse ponto.
-Você quer que eu comece falando sobre minha vida entediante e não sortuda no ramo do amor ou no porquê de eu ter saído daquele jeito lá debaixo?
-Pelo que mais te incomoda.
-Difícil. Mas acho que começarei pela minha vida chata. –ela assentiu com a cabeça, como se falasse para eu começar. – Bom, eu amava um menino, que era um dos mais populares do colégio, e ainda é, mas enfim... Numa festa há 3 anos e meio atrás, falaram que eu queria ficar com ele e eu recebi um fora humilhante. Como se não bastasse, no início desse ano eu passei a andar com a irmã dele, conseqüentemente, indo à casa do mesmo. Certa vez eu dormi lá e no meio da noite fui à cozinha, sendo que ele apareceu por lá depois, me passou uma cantada e eu dei um fora nele. Nisso, adianta a fita em uns meses e chega até semana passada, quando começou a excursão do colégio até Paris. Nessa viagem a gente ficou, ele foi super lindo, charmoso, fofo na forma dele, etc. Então foi eu chegar em casa pra ver no facebook dele um recado da ex-namorada, atual, sei lá, dizendo que tinha escutado que nós tínhamos ficado e que agora tinha certeza que ele fazia de tudo pra ficar com ela. Ele respondeu dizendo que já tinha falado isso pra ela. Conclusão, eu servi de “missão” – fiz as aspas com os dedos – para que ele se resolvesse com a menininha lá. – respirei fundo, retomando o fôlego, já que havia falado um pouco rápido demais. Anne me olhava, assustada.
-Primeiro, respira. – nós rimos. – Segundo, e você ainda pensa nele? Você não devia nem lembrar que ele existe depois do que ele fez. Garota, bola pra frente. Esse menino é um idiota que não merece que você fique mal por causa dele. – ela se levantou, gesticulando rapidamente com as mãos enquanto falava, parecendo uma daquelas negras do gueto. Péssima comparação, mas vocês entenderam.
-Eu to tentando. – falei em voz baixa.
-É difícil? É. Mas o que não nos mata somente nos deixa mais forte, certo?
-Certo. – sorri frouxo.
-E agora me conte o que houve pra você sair furiosa daquele jeito lá da piscina?
-Só fiquei chateada por meu pai não ter me contado que estava namorando. Não entendo por que ele escondeu isso de mim, sabe?
-De repente ele queria fazer surpresa, ou não te chocar. – a loira falava com a voz calma.
-Ou simplesmente quis esconder de mim.
-Pára de drama, cara. Ele ‘tá feliz com ela, não ‘tá?
-‘Tá, eu acho.
-Então fique feliz por ele. Agora vamos descer. – ela me puxou pela mão, fazendo com que eu levantasse.
-Ok. – sorri, abrindo a porta do quarto e descendo com ela.

-Filha, vem cá. – assim que desci, meu pai me chamou. Soltei a mão de Anne, que ainda me puxava, para que eu não voltasse pro quarto.
-Fala, pai. – cheguei perto dele, que sorria abertamente para mim enquanto abraçava a tal Mary pelos ombros.
-, eu tenho que te contar uma coisa. – SÉRIO? EU NEM TAVA SABENDO DE NADA.
-O que? – me fiz de desentendida.
-Eu ‘tô namorando. – Não me diga! – Eu não te contei antes porque nunca soube como falar isso.
-Tudo bem, mas com quem? – sorri amigavelmente.
-Com a Mary, essa linda mulher aqui do meu lado. - a mulher, que aparentava ter a idade dele, sorriu para mim, me cumprimentando com os dois beijos na bochecha.
-Oh, Marcus, não seja mentiroso. Linda é sua filha. – Isso, tenta agradar à filha.
-Obrigada. – agradeci, sem graça.
-Tudo bem, querida?
-Tudo certo e com você?
-Ótimo. – sorrimos amigavelmente.
– Foi bom conhecer você. – daqui a pouco eu vou aplicar botox, assim não preciso fazer esforço pra sorrir. –Mas agora vou conversar lá com a Anne e o Nick, depois nos falamos. – lancei um sorriso sincero e me virei, escutando-os comentar algo sobre mim.
Mirei Anne, que me olhava apreensiva.
-Que foi? – arqueei uma sobrancelha.
-Nada, ‘tava pensando. O que falaram?
-Ele só me apresentou à ela.
-Ah, sim. – a loira, agora se sentava no colo do namorado. – Então, , amanhã à noite vai ter uma festa no bar aqui da vila. ‘Tá afim?
-Qual é o tipo de festa? Beba até cair?
-É, nesse estilo. Beba até cair escutando música, para falar a verdade. – ela riu.
-Eu vou, ficaria sem nada pra fazer em casa mesmo.
-Então eu passo aqui antes de ir.
-Ok. – assenti com um sorriso, engatando depois em um papo que Nick havia puxado. É, eles formavam um casal bonitinho.

Os adultos começaram a ir embora, o que indicava que o churrasco estava chegando ao fim.
-, vamos lá na quadra? O pessoal ‘tá lá.
-Ahm, acho melhor não. Vão lá com seus amigos. – sorri agradecida. Eu realmente não queria ficar sobrando.
-Eu não vou te deixar sobrando lá, vem. –e novamente ela me arrastou pela mão.
-O que você não pede rindo que eu não faço chorando.
-Cruz credo! Não chore mais, vai ficar desidratada daqui a pouco. – ela riu e eu dei um tapa de leve em seu braço.
-Chata! – Incrível, mas eu me sentia confortável fazendo essas brincadeiras com ela.

Chegamos à quadra em menos de 5 minutos. Reparei na quantidade de jovens que moravam naquela vila e me assustei com isso.
-Fala, pessoal! – Anne cumprimentou todos que se encontravam numa rodinha. Senti todos os olhares virarem na minha direção e corei levemente por isso. –Essa aqui é a , prima do Nick. – aqueles 3 jovens que estavam na rodinha me cumprimentaram, alguns com aceno de mão, outros com um “oi” tímido. Sorri em resposta, sendo puxada para me sentar no chão.
-, esses são: Cameron, – então ela apontou para um menino aparentemente alto e de cor mais escura, não chegando a ser negro.- Timmy - um menino de cabelos castanhos ondulados e olhos verdes, sorriu para mim.- e Martha. - uma linda menina, de aparência frágil e lisos cabelos negros, sorriu timidamente.
-Então, , o que faz por aqui? – Cameron me perguntou.
-Meu pai perguntou se eu queria passar as férias na casa dele, então eu aceitei.
-Por livre e espontânea vontade? – seu tom de voz estava surpreso. – Você devia estar com problemas, porque ninguém em sã consciência gostaria de vir pra essa cidadezinha que nem cinema tem.
-Pare de ser dramático, até parece que estamos no fim do mundo. – Martha revirou os olhos.
-Eu realmente estava com problemas. – admiti.
-‘Tá vendo, Martha? – O moreno zombou da menina.
-Mas, contudo, está sendo bom ficar aqui.
-Claro, com a gente por perto, a diversão é garantida, meu amor. – Anne falou em um tom divertido, o que nos fez rir.
Martha começou a falar da vida de uma garota que também estava na quadra. E mesmo que eles tentassem não me deixar excluída, eu já estava.
Minha cabeça começou a vaguear sobre o que estaria acontecendo lá em casa agora. O que as meninas estariam fazendo, se elas estavam sentindo tanto a minha falta quanto eu estava, se a brigou com o . Então alguém me tirou de meus pensamentos.
-Elas são muito fofoqueiras, não? – Timmy riu, me fazendo sorrir.
-Mulheres, né...
-Me espanta você não estar querendo saber de tudo o que elas estão falando.
-Nhá... tenho coisas melhores pra pensar. Certo, não tão melhores.
-Páre de pensar então.
-Como se fosse fácil. -falei mais para mim mesma do que para ele.
-Vamos tentar. Me responde rápido, ok? – concordei com a cabeça. – Preto ou branco?
-Preto.
-Cachorro ou gato?
-Gato.
-Montanha ou praia?
-Praia.
-Amigos ou família?
-Amigos.
-Chuva ou Sol?
-Chuva.
-‘Tá vendo? Consegui te manter longe dos pensamentos por quase 1 minuto. – ele sorriu.
-Oh, Timmy, você é demais! – nós rimos.
-Obrigado, obrigado.

-Gente, já ‘tá tarde, acho melhor eu ir.
-Ah, , fica mais...
-É, vamos brincar de verdade ou conseqüência! – Martha deu a idéia e todos concordaram. Esse jogo não me trazia recordações boas, não mesmo.
-Eu... receio que eu tenha que ir.
-, pára de cu doce, fica aqui!
-Certo, certo. – resmunguei.
-Alguém tem uma garrafa? – Cameron perguntou a um grupo que estava sentado perto da gente. Inesperadamente, eles tinham uma.
-Eu começo! - Martha disse, pegando a garrafa da mão do moreno. – Nick pergunta para Anne.
-O que você quer, amor?
-Verdade.
-É verdade que você me trocaria pelo Brad Pitt? – eles riram, parecia algum tipo de piada interna.
-Avaliando todos os aspectos, acho que vale mais a pena manter uma relação com você. Corro menos risco de um pé na bunda. – todos rimos enquanto Nick fazia uma cara de indignado.
Em um movimento rápido, Anne girou a garrafa.
-Cameron pergunta para Timmy.
-O que você quer, cara?
-Conseqüência.
-Eu te desafio a... – ele pareceu pensar por alguns segundos, trocando olhares cúmplices com Martha e Anne. Arqueei uma sobrancelha, torcendo para que isso não significasse o que eu estava pensando. – beijar a priminha linda do Nick. – eu engoli em seco, fuzilando Anne com o olhar. Ela sabia minha condição de fossa, como ela estava fazendo isso comigo?
-Se ela topar, eu cumpro o desafio. – certo, agora eu era novamente um “obstáculo” para o desafio ser cumprido.
-...? – todos os olhares novamente se direcionaram para mim. Suspirei alto. Um beijo não faria mal, faria?
-Eu topo. – tentei esconder meu certo nervosismo com um tom de indiferença. Por mais que já fossem quase 4 da manhã, ainda tinha muita gente na quadra, por isso os outros meninos fizeram uma barreirinha para nós dois.
-Certo, vão logo. – Ao que Cameron falou, eu olhei para Timmy, que se aproximava de mim com um sorriso meigo. Eu sorri de volta, aproximando, em resposta, meu rosto do seu. O menino pôs seu peso sobre sua mão direita e acariciou minha bochecha com a esquerda. Ouvimos alguém limpar a garganta, como se estivessem mandando nós nos apressarmos. Então eu fechei os olhos, sentindo a respiração de Timmy se tornar mais próxima e seus lábios se encostarem aos meus, causando uma sensação entre o agradável e o bom. Logo aprofundamos o beijo, e não foi como tinha sido com o . Talvez Paris tivesse feito ser bom.
Talvez.
Quando escutamos Cameron novamente limpar a garganta, percebemos que era hora de parar. Assim que nos afastamos, lancei um sorriso tímido a ele, me virando para os outros em seguida. Tim girou a garrafa.
-Martha pergunta para .
-O que você quer?
-Verdade. – respondi sem nem pensar.
-Você gostou de ter ficado com o Timmy? – PORRA! MARTHA E CAMERON, O CASAL MAIS DISCRETO DO MUNDO!
-Erm... pode pular a pergunta? – ela me repreendeu com o olhar. – Certo. Erm... é, eu gostei. – depois de responder, senti minhas bochechas queimarem e passei a fitar o chão.
-Bom, acho que por hoje já chega, né? – Anne falou rapidamente, antes que alguém pudesse comentar mais alguma coisa.
-Também acho. – concordei em voz baixa. Todos se levantaram, então eu repeti suas ações. –Alguém me diz qual é a direção da minha casa? Eu estou mais perdida que cego em tiroteio aqui.
-Segue reto, vira à primeira direita, segue até a terceira linha de casas e... – enquanto Timmy ia me explicando, eu ia tentando acompanhar seu raciocínio, mas acho que me perdi depois de virar a 4ª esquerda de algum lugar. – Eu te levo lá, é melhor. – ele falou, provavelmente, ao observar minha cara de confusão.
-É, é melhor. – concordei. – Mas você vai pra essa direção?
-Não exatamente, mas fica perto da minha casa.
-Então Timmy leva a em casa, o Nick me leva e a Martha e o Cameron sabem se virar. Boa noite, ou bom dia, então, pessoal. – Anne raciocinou, indo na direção oposta àquela que Timmy passou a me guiar.

Avistei a casa do meu pai a poucos metros, então comecei a pensar no que dizer para a breve despedida.
-Eu também gostei. – ele falou após alguns instantes de silêncio, quando havíamos acabado de subir as escadas para a porta de entrada.
-Oi? – como fui pega de surpresa, talvez eu tivesse escutado alguma coisa errada.
-Eu também gostei. Sabe, do desafio.
-Ah sim. – eu corei, agradecendo pela única luz ser a dos postes de iluminação da rua. Mesmo naquele “semi-breu”, eu pude notar que ele se aproximava.
-E você deixaria eu repetir mesmo que fosse fora da brincadeira? – ele perguntou em um tom mais baixo, já que estava próximo agora. Eu murmurei um ‘uhum’ como resposta, fazendo com que ele se aproximasse mais ainda e me beijasse, sendo correspondido de imediato.


Capítulo 18 – Drink, dance, kiss.

Entrei em casa esperando que meu pai fosse estar me esperando sentado à poltrona do lado do abajur. Porém me surpreendi ao constatar que a sala se encontrava vazia e escura.
Subi as escadas nas pontas dos pés, só no caso dele estar em algum outro lugar que não a sala. Ao passar pela porta do quarto dele, vi uma blusa, idêntica a que Mary usava no churrasco, jogada no chão.
Tomada pelo nojo, me joguei em minha cama, me apressando em dormir para não ouvir nem imaginar coisas... imorais.
Assim que acordei, troquei de roupa e escovei meus dentes, notando que já tinha passado das 2 da tarde. Droga, que horas eu tinha ido dormir mesmo?
Desci as escadas rapidamente, me perguntando se ainda havia alguém em casa. Tal pergunta foi respondida assim que escutei a cantoria de Solange.
Encostei-me na parede da cozinha, a observando cantar “I’ll survive”. Ri por alguns bons minutos até que ela se desse conta de que eu presenciava a cena.
-Desculpa, não resisti. – falei enquanto me aproximava dela e me sentava no balcão da cozinha.
-Percebi. E percebi também que você quase virou morcego hoje.
-Cheguei tarde ontem.
-Mal chegou aqui e já tá assim, é?
-A Anne me apresentou aos amigos dela, nada demais.
-Ah, então você já deve ter conhecido o Timmy,– tentei não sorrir ao escutar o nome. – o Cameron e a Martha. – acenei com a cabeça. – A menina é meio estressada, mas os rapazes são muito educados. – novamente acenei com a cabeça.
-Sol...- fiz uma voz manhosa. Ela revirou os olhos.
-Fale, .
-Eu to com fominha. – ainda estava fazendo uma voz manhosa.
-Novidade. – ela riu – Vou ver o que posso fazer por você. – por alguns instantes, Solange pensou. – Sanduíche e milkshake? – eu acenei freneticamente com a cabeça, a fazendo rir.

Assim que meu lanche ficou pronto, eu comecei a comer enquanto conversava com a Sol sobre assuntos aleatórios.
Do nada, Nick entrou no cômodo, roubando o sanduíche de minhas mãos.
-Pão engorda, priminha. – ele piscou dando outra mordida. Lancei a ele um olhar mortal, fazendo Solange rir.
-Nicolas, pro bem da sua vida, devolve pra ela. Eu faço um pra você.
-Não precisa devolver! ‘Tá contaminado com sua saliva já, priminho. – disse, fazendo uma cara de desprezo em seguida. Em resposta, ele abriu a boca e estirou sua língua, suja, para fora. Fiz uma cara de nojo, dando um leve tapa em seu braço.
-Nojento!
-Fresca!
-Crianças... – Solange falou em um tom sério e nós começamos a rir.

Passado um tempo, me dei conta de que não havia perguntado a Nick o que ele estava fazendo lá.
-O que te traz aqui, Nick? – Sol perguntou antes que eu o fizesse.
-Nada demais. Só estava com tédio e resolvi vir pra cá.
-E o pessoal?
-Cameron e Timmy saíram com algumas meninas pra fazer algum trabalho pendente. Algo assim. E Anne e Martha foram fazer compras. – ele revirou os olhos. – Meninas...
-Ah, tinha esquecido disso. As duas vieram aqui, mas você estava dormindo e elas não quiseram acordar. – Sol deu um sorriso amarelo.
-Mas enfim, o que faremos, prima? – ele me perguntou com uma certa empolgação. Arqueei uma sobrancelha.
-Primeiro você vai me responder: o que você bebeu? – Nick soltou uma risada.
-Nada, só ‘tô empolgado hoje.
-Guarda sua empolgação pra festa. – dei de ombros.
-Eu acho que você que ‘tá desanimada demais.
-Eu não acho. – fui séria.
-Tá, tchau, grossa. – Nick falou, saindo da casa. Soltei uma risada e olhei para Sol.
-Vou pro meu quarto.
-Ok, .
Subi as escadas, ligando o rádio e me jogando na poltrona de fronte à janela. Suspirei alto, pensando em como as coisas deviam estar por lá. Já não era a primeira vez que isso acontecia. Então meus pensamentos correram para . Será que ele tinha se acertado com a ? Sacudi minha cabeça, espantando esses pensamentos.
-Pro inferno os dois! – resmunguei, pressionando uma almofada contra meu rosto. Tratei de ligar o rádio, colocando em uma estação de rock.

-! – Anne gritou, escancarando a porta do meu quarto com Martha. Gritei de susto, levando minhas mãos ao peito. – Pára de frescura!
-Se você tivesse falado ‘Mãos ao alto, isso é um assalto’, eu teria enfartado. – eu disse. Ela me olhou com uma expressão sarcástica, mudando de assunto em seguida.
-Certo, com que roupa você vai?
-Não sei, não faço a mínima.
-Sabia que você ia falar isso, por isso comprei uma roupa linda pra você. – Ann exibia um imenso sorriso.
-Você é doida de gastar teu dinheiro comigo? Sou criança necessitada por acaso?
-Não, eu só queria agradar...
-Desculpe, eu extrapolei.
-Isso significa que você vai usar, né? – os olhos de Anne brilhavam.
-Dependendo... – suspirei. Ela me empurrou uma caixa. Quando abri, vi um vestido de cetim preto com as costas nuas. – A gente vai pra um baile ou para o bar?
-Bar. Mas eu achei esse vestido a sua cara, poxa. – Ann fazia uma cara de cachorro sem dono. Soltei uma risada.
-Hoje eu vou usar uma saia jeans lavagem clara, blusa branca e rasteira dourada. Eu juro que uso o vestido na formatura, se eu for, ou em algum evento importante.
-Tá, tá... – a menina resmungou.
-E como você vai?
-Parecida com você, uma saia branca, uma blusa vermelha e uma sandália preta. – por alguns segundos imaginei. Ela, linda como sempre, naquela roupa. Eu realmente ia me sentir o bagaço da laranja. -Ah, menina, deixa eu te contar. – ela falou rapidamente enquanto agitava os braços parecendo uma foca. Cara, o povo daqui deve beber Red Bull no café da manhã.
-Conte.
-O Cameron pediu pra ficar com a Martha! Eu sabia que isso ia acontecer. Eles formam um casal tão bonitinho, não formam? – novamente seus olhos brilhavam. Me perguntava se isso era efeito do Red Bull, ou o que quer que seja que se tomava para ficar agitado assim.
-Formam sim. Quando eu os conheci ontem, eu achei que eles fossem namorados.
-Ela sempre gostou dele, mas nunca admitiu isso. E quanto a ele, bem, não sei. – acenei com a cabeça, indicando que entendia a situação. – Mas enfim, já ligou pros teus amigos? Eles devem estar com saudade.
-Eu acho que não deu tempo de sentir saudade, ainda mais porque há dois dias nós voltamos da viagem. De qualquer jeito, prefiro me manter afastada deles um pouco.
-Dele você quis dizer, né? – ela deu ênfase na primeira palavra. – Porque dos outros você não tem nada que se distanciar. Mas eu ainda acho que é errado você fugir assim, uma hora tudo vai ter que ser esclarecido.
-Quanto mais tarde, melhor. – falei mais para mim do que para Anne, que não escutou ou fingiu não escutar.
-Já são 7 horas! Tô indo pra casa, xuxu. Oito e meia a gatinha aqui, – Ann apontou para si mesma.- vem pra te buscar. – ela falou enquanto se levantava e seguia para a porta do quarto, piscando antes de sair. Me levantei, rindo e indo pegar uma toalha no armário, seguindo para o banho depois.
Depois de alguns minutos no chuveiro, pus a roupa que eu usaria e sequei meu cabelo, esperando Anne chegar.
-Droga, a maquiagem! – lembrei assim que tinha acabado de escovar os dentes e olhei para o relógio, faltando apenas cinco minutos. Apressadamente, passei uma camada de rímel e um gloss transparente, escutando a campainha tocar. Provavelmente não era Anne, senão ela já teria arrombado a porta do meu quarto.
-! – Solange me gritou do andar de baixo.
-Já vou! – gritei de volta, dando uma última olhada no espelho.
Assim que desci, me deparei com Timmy, que vestia uma blusa verde, combinando com seus olhos, e uma calça larga bege. Ele me lançou um sorriso e eu retribuí, timidamente.
-Erm... Anne me mandou aqui. – o menino falou enquanto mexia na parte de trás do cabelo de um jeito tímido.
-Ah, desculpe, não queria dar trabalho.
-Não é trabalho nenhum, ‘tava sobrando lá. – ele me fez uma careta, me fazendo soltar uma risada baixa. Solange limpou a garganta, o que me fez perceber de que eu ainda estava em cima do primeiro degrau da escada.
-Bom, vamos, então, né. – Timmy acenou com a cabeça. Passei por ele, abrindo a porta da casa e esperando que ele passasse pela mesma para eu poder o fazer também. Um silêncio se formou enquanto caminhávamos.
-Tem muita gente na festa?
-Tem gente o bastante pra preencher o bar. Mas se você levar em conta que o bar é mínimo.
-Ah, entendi.
-Fez o que hoje? – rapidamente, ele mudou de assunto.
-Nada demais. Acordei tarde e fiquei escutando música o dia todo. E você?
-Nada demais também. Fui fazer um trabalho da escola e voltei pra casa quase agora.
-Trabalho sobre o quê?
-Nem eu sei. – soltou uma risada.
-Bem informado você, hein.
-Eu fiz um trato com o Came, eu faço os de biologia, literatura e matemática; ele faz o resto. – ri baixo.
-Ele não protesta?
-Não, sou eu quem dá cola pra ele durante as provas mesmo. - novamente, rimos. Escutei a música aumentar conforme íamos nos aproximando do bar. Eu só conseguia sentir aquele cheiro enjoado de cerveja.
-É aqui mesmo? – concordou com a cabeça, pegando minha mão. Me perguntei o porquê dele estar fazendo isso. Olhei de relance para Timmy e pude notar que ele sorria. Passamos por muitos casais, chegando a uma rodinha próxima das caixas e mesas com bebidas.
-! – Anne gritou de um jeito meio alterado.
-Heey. – falei, mostrando desconfiança em minha voz.
-Então, gostou da surpresa que eu te fiz? – ela perguntou assim que olhou para minha mão, que ainda segurava a de Timmy. Minhas bochechas queimaram de imediato e eu tentei soltar a mão dele, mas ele continuou a segurando e passou a acariciar as costas da mesma com o polegar.
-Ann, meu amor, acho que você já esgotou seu limite por hoje. – Nick falou enquanto a abraçava por trás.
-Vamos pegar alguma bebida? – Timmy perguntou próximo ao meu ouvido, já que as caixas de som estavam bem atrás da gente. Acenei com a cabeça, me direcionando para o lugar onde estavam as bebidas. Deus, como conseguiram comprar tanta coisa assim? Até absinto tinha!
-Vai um absinto? – ele brincou ao ver que eu encarava a mesa com um misto de fascinação e surpresa. Ri fraco, negando com a cabeça.
-Eu acho que vou pegar um pouco de refrigerante pra misturar com vodka. – falei enquanto procurava as garrafas de refrigerante.
-Receio te dizer que não tem mais refrigerante aqui. – ele comentou após procurar comigo.
-Droga. – resmunguei. – Ainda tem Corona aqui? – ele apontou para uma caixa cheia de gelo com várias garrafas dentro. Me aproximei da caixa, pegando uma garrafa. Travei uma batalha com a tampa até que Tim a tirou das minhas mãos e abriu rapidamente. Dei um gole e ofereci a ele, que negou com a cabeça.
-Não bebe?
-Bebo, mas hoje eu fui o escolhido para tomar conta dos outros.
-Vocês fazem isso?
-Claro, é algo como auto-preservação. – franzi minha testa, mostrando que não tinha entendido. – Digo, se eu e o Nick ficamos bêbados e saímos pelas ruas da vila assim, é provável que os vizinhos acordem com qualquer gritaria e contem para nossos pais, que vão nos deixar de castigo. Agora, se eu estiver bêbado e o Nick não, ele vai ‘cuidar’ – repentinamente ele parou, fazendo uma careta. – Isso soou muito gay. – nós dois rimos. – Então, se ele ‘cuidar’ – Timmy fez as aspas com as mãos. – de mim, eu não vou fazer merda, logo ninguém descobrirá.
-Entendi agora. Bom, vou tentar me manter sóbria pra te fazer companhia então. – dei outro um gole.
-‘Tô vendo. – ele riu.
-Ninguém fica bêbado com uma garrafa, cara.
-Só quem é muito fraco.
-E por acaso tá me chamando de fraca, é?- pus uma mão na minha cintura.
-Entenda como quiser. – ele respondeu com um sorriso no canto da boca. Abri a minha em sinal de indignação.
-Não vou nem te responder. – fiz uma cara de desprezo e Timmy riu.
-Nhé, nhé, nhé. – me imitou, ainda rindo. Virei as costas pra ele e saí em direção ao grupo. Ele veio em meu encalço.
-Não bebe também, ? – Martha me perguntou.
-Bebo, ué. – apontei pra garrafa na minha mão.
-Se isso fosse considerado bebida, até meu irmão de 7 anos já tava bebendo.
-Martha, você tem forte tendência a ser alcoólatra. – Nick comentou. Todos rimos enquanto ela o encarava com uma expressão séria.
-Você também não fala nada. Teu passado te condena, meu querido. – fizemos um coro de “ih”.
-Tá bom, gente, parou a discussão. – Tim falou antes de ser chamado por dois rapazes negros, altos e fortes, que vestiam bonés, regatas e calças quatro vezes maiores que eles.
Cameron saiu de vista junto com Tim. Olhei para Anne, a interrogando com o olhar. Ela balbuciou: espere e veja. Revirei os olhos, notando que uma rodinha estava se formando no centro daquele lugar. Virei minha cabeça na direção das pessoas que estavam no meio, reconhecendo Timmy, Came e os outros meninos. Assim que começou a batida de uma nova música , os dois rapazes que não sei o nome, começaram a dançar break. Enquanto um se apoiava na cabeça e girava com o corpo pra cima, o outro fazia movimentos rápidos com os pés e braços. No meio da música, eles saíram, sendo aplaudidos.
Então Tim e Cameron se tornaram o centro das atenções. Ambos deslizavam de um lado para o outro fazendo movimentos rápidos e diferentes dos outros meninos. Fiquei surpresa, nunca imaginei que Timmy, com aquela cara de surfista, fosse dançar break e tão bem assim.
À medida que a música ia avançando, eu ia “furando” as pessoas na minha frente, até chegar perto do centro. Só me dei conta de que a música estava acabando quando Tim veio até mim, levemente corado pelo esforço físico, e sussurrou uma parte do refrão.

“I can’t wait to fall in love with you.”
(“Eu não posso esperar para me apaixonar por você.”)

Então tudo o que eu consegui ver e sentir foi seu rosto se aproximando do meu, assim como seus lábios. Suas mãos acariciavam minha cintura enquanto meus braços estavam ao redor do seu pescoço. Escutei uns gritos ao nosso redor e parti o beijo.
-Se isso foi só pra se desculpar por ter me chamado de fraca pra bebidas, bom... adiantou. – sussurrei para ele, sentindo minhas bochechas corarem. Ele riu, soltando minha cintura e pegando uma de minhas mãos, que eu já havia tirado de seu pescoço.
-Vem, vamos sair daqui. – Timmy me puxou para fora do bar e enquanto saímos, pudemos escutar algumas frases como: ‘mandou bem, hein’. Andamos até uma pracinha, que até então era desconhecida por mim, e no caminho até lá fomos conversando sobre assuntos variados. Assim que nos deparamos com o balanço, corri até ele e me sentei em um de seus banquinhos. Tim riu da minha cara de criança e se posicionou atrás de mim, dando um leve impulso no banco que eu estava sentada. Eu sorri, me inclinando um pouco para trás a fim de vê-lo. Timmy retribuiu o sorriso, aproximando seu rosto do meu para me beijar levemente.
-Respondendo à sua pergunta: eu não te beijei porque eu queria que você tirasse aquela linda carinha de emburrada do rosto, - ele soltou uma breve risada. - eu te beijei porque era algo que eu queria fazer desde que eu te vi hoje.
-E ainda quer? – perguntei enquanto prendia meu lábio inferior entre meus dentes, ainda bem próxima a ele. Timmy não respondeu, somente uniu, novamente, nossos lábios.
É, um dia a gente sofre por homem, no outro a gente é feliz com um. O engraçado é que Tim, por mais meigo que fosse, não me provocava aquelas malditas borboletas, que aquele idiota provocava.
Mas quem se importa, não é mesmo?



Capítulo 19 – Mensagens e ligações.

Após passar o resto da noite com Timmy, cheguei em casa mais tarde (ou seria cedo?) do que ontem, tendo a sorte de não me deparar com nenhuma peça de roupa de Mary, nem do meu pai jogadas no corredor.
Me sentei na cama, tirando a saia e colocando o short do pijama de um jeito desajeitado. Após tirar a blusa, passei meu nariz por ela, para verificar se o cheiro da cerveja havia impregnado nela, mas, por sorte, só havia o cheiro de Tim. Sorrindo, coloquei a blusa do pijama e repousei minha cabeça no travesseiro, jogando a saia no chão e me prendendo à blusa. Já disse como o cheiro dele é bom?

Acordei com o toque do meu celular. Ainda lesada pelo sono, estendi meus braços até o chão, tateando o mesmo até encontrar minha saia, onde estava o telefone.
-Pronto. – falei, sem nem ao menos olhar para a tela.
-, minha filha, são quase 4 da tarde.
-Já? – perguntei enquanto me sentava na cama e esfregava meus olhos.
-‘Tô vendo que a noite ontem foi boa. – comentou com uma voz que me dava a certeza de que ela estava sorrindo maliciosamente.
-É, é... – eu concordei, esperando que ela perguntasse tudo.
-FILHA DA MÃE, JÁ? NÃO TEM NEM UMA SEMANA, CARA! - eu ria enquanto a menina falava.
-As coisas acontecem. – eu disse, bocejando em seguida.
-É, vai nessa de as coisas acontecem que daqui a pouco você ‘tá ‘buxuda’ e com uma penca de filhos pra criar.
-Cruz credo! – exclamei assim que me imaginei naquela situação. – Mas, então, por que que você me ligou?
-Pra te perguntar por que você não entra no MSN, nem em lugar nenhum. Só que eu já vi que tem outras coisas tomando seu tempo.
- do meu coração, você acha que eu ‘tô fazendo o que com o garoto?
-Sei lá, né... – ela me respondeu com uma voz meio afetada.
-Sua pervertida! Sai daqui! – depois de escutar uma alta gargalhada, falou.
-Pervertida nada. Foi o seu papo de “as coisas acontecem” que me fez imaginar essas coisas.
-Ah, vai dar pro James, vai. – eu ri, imaginando a cara dela.
-Daqui a pouco eu vou. – fêmea respondeu naturalmente. Eu abri a boca, me perguntando se ela falava sério. – ‘Tô brincando, .
-Sei, daqui a pouco vai criar um nickname, “ninfetinha.uk”. – nós duas rimos. Escutei uma voz do outro lado perguntando quem era no telefone, sendo respondida com “ninguém que te interesse”. Franzi a testa, me perguntando se ela tinha brigado com o por minha causa ou se era James o dono da voz.
-, eu vou ter que desligar agora. Mas daqui a meia-hora eu te ligo, pode ser?
-Ah, claro, vai lá. Beijos.
-Beijos. – desliguei o telefone, o jogando em cima da cama.
Olhei pela janela, suspirando ao ver que o tempo continuava nublado. Peguei uma toalha e entrei no chuveiro, saindo em menos de 10 minutos para atender ao telefone.
-, desculpa ter desligado. É que queriam usar aqui em casa. – coloquei o telefone no viva-voz, já que estava trocando de roupa.
-Pode falar o nome dele, . – suspirei alto. –Uma hora eu vou ter que olhar pra cara dele, e vai ser pior do que escutar o nome.
-Eu queria saber o que falar, .
-Só não vamos falar dele. Então, como ‘tá o pessoal? – perguntei enquanto sentava na cama e penteava meu cabelo.
-A continua pensando no Leonard; a e o ficam quase todo dia quando o pessoal se reúne; a e o estão namorando oficialmente, daí o porquê da extrema felicidade na estação de trem; e o resto ‘tá bem. – rolei os olhos. Provavelmente o estava com a e ela não queria me contar.
-E você e o James?
-Perfeitos! Ontem ele me deu um anel de compromisso. Eu quero me casar com ele. – após um gritinho que doeu na minha alma, nós duas rimos.
-Calma aí, gatinha. Só pode casar se ele me pedir permissão. Eu tenho que ver quais são as intenções dele primeiro. – brinquei, fazendo-a soltar uma risada.
-Claro. Ô, SEU INÚTIL, VAI LAVAR A LOUÇA! ME DEIXA FICAR EM PAZ NO TELEFONE! – berrou, me fazendo levar um susto. – Desculpa, , a última parte não foi pra você.
-Tudo bem, eu só quero saber se minha audição vai voltar a ser a mesma. – comentei, enquanto fazia pressão no meu ouvido com a mão direita.
-Boba.
-... – comecei a tomar coragem pra perguntar, quando ela atrapalhou.
-Ih, ferrou, minha mãe ‘tá em casa. Depois eu te ligo. Beijos, pirrá.
-Bei... Isso, desliga na minha cara mesmo. – falei sozinha.
Não deu tempo nem de respirar direito quando Anne invadiu meu quarto.
-! – ela gritou enquanto se jogava em cima de mim.
-Pode entrar, Ann. – disse em um tom divertido e ao mesmo tempo sério. – A que motivos devo sua visita?
-Ao tédio e ao tempo feio.
-E quais são suas intenções em vir em minha humilde residência? – a empurrei para o lado, fazendo a cair sobre meus travesseiros.
-Passar o tempo.
-Entendo... Aqui tem locadora?
-Tem. Na verdade é uma locadora exclusiva, chamada ‘Casa do Timmy’.
-E ele sabe que a gente vai passar lá?
-Sabe. Eu já falei com o povo, daqui a pouco eles vão. Todo mundo acordou tarde hoje. – eu contei mentalmente três segundos para ela disparar a falar de ontem. 1, 2, 3... – Como foi ontem? Conta tudo, desde quando ele veio aqui na sua casa, até depois que vocês saíram da festa. – eu ri, mais da reação dela do que da minha previsão. Senti meu estômago roncar e olhei para Anne.
-Você já almoçou?
-Já, mas não muda de assunto, dona !
-Então, enquanto eu almoço, você faz o questionário e eu te respondo. – levantei da cama.
-‘Tá, mas você vai me responder. – Ann me apontava um dedo, me “ameaçando”.
-Vou, vou. – respondi, revirando os olhos.
Descemos e nos sentamos à mesa da cozinha, onde Solange já havia deixado um prato.
-Então, começa do começo.
-Certo, ele chegou aqui, me levou até a festa. Lá teve o lance da dança, então ele me levou até o parquinho e depois me trouxe em casa. Pronto, feliz?
-Não, eu quero detalhes.
-Ele veio aqui em casa e de um jeito tímido explicou que você tinha pedido pra ele vir, então nós saímos daqui e fomos até a festa. Quando nós saímos da festa... – à medida que eu ia contando, um sorriso involuntário se formava no meu rosto, lembrando de todas as coisas que ele falou e fez.
-Você fica tão boba contando isso. – Anne riu.
-Quem não ficaria. – dei de ombros.
-Você tem sorte, garota.- ela falou enquanto apoiava seu rosto em sua mão, suspirando.
-Claro. Ser rejeitada, humilhada, usada, trocada, tudo de ruim que pode acontecer em um quase-relacionamento, é uma ótima sorte.
-Ter um garoto lindo, que faz e fala coisas lindas, aos seus pés, é.
-Não se esqueça que uma hora esse garoto lindo vai ter que ficar pra trás. Eu não posso simplesmente me mudar pra cá, é longe demais da minha escola, dos meus outros amigos e da minha mãe. Sem contar que é completamente irracional eu mudar minha vida por causa de um menino. E, sim, eu sei que uma chance dessas é uma vez na vida.
-Você se preocupa demais.
-Eu já escutei isso antes. – resmunguei enquanto levantava para deixar meu prato na pia.
-Vai escovar os dentes pra pegar o seu bofe, vai. –mostrei a língua pra ela.

-Ô de casa! – Ann gritou assim que chegamos ao portão da casa de Timmy.
-Calma! – ele abriu a porta para nós, deixando Anne passar primeiro e a cumprimentando com um sorriso. Olhei para ele, sorrindo timidamente e recebendo um selinho. Ninguém parecia ter reparado nisso, ainda bem. Não queria que o evento constrangedor de ontem se repetisse.
-Então, que filme nós vamos ver? – perguntei enquanto sentava no sofá. Eu realmente me sentia à vontade com eles.
-“Luzes do além” é bom. – Came comentou.
-Não! Espírito não. – eu falei desesperadamente.
-Ok, nada de espíritos por causa da mocinha então.
-Ah, se não tiver espírito, não dá medo!
-Faz o seguinte, como eu já vi, , eu te aviso nas piores cenas e você fecha o olho. Ok? – Timmy me perguntou. Pensei por alguns segundos.
-‘Tá, vocês venceram. – revirei os olhos, pensando nos pesadelos que eu teria.

Nos ajeitamos para que o filme começasse. Eu estava no sofá, entre Nick e Timmy, que estava com um braço passado no meu ombro.
-Agora, . – Tim sussurrou no meu ouvido depois de alguns minutos de filme.
-Se toda vez que você avisar for assim, eu nem me importo de ver filmes de espíritos. – falei para mim mesma enquanto fechava os olhos, esperando que a cena passasse. –Posso abrir? – dessa vez disse em um tom baixo, porém audível.
-Pode. – olhei para ele, agradecendo com um sorriso. Assim que direcionei meu olhar pra tela, me deparei com a figura de uma mulher morta. Dei um berro, fazendo todos taparem os ouvidos.
-DESGRAÇADO! VOCÊ ME DISSE QUE EU PODIA OLHAR. – enquanto eu estapeava o braço de Tim, todos riam da cena. – E vocês são cúmplices dele. Eu vou pra varanda, quando o filme acabar, me chamem. – levantei, indo para a varanda. Fechei a porta da sala, escutando o som do filme.
Me apoiei no parapeito, fixando meu olhar em um ponto do chão enquanto eu pensava na conversa com mais cedo. Será que ele havia se preocupado comigo ou pelo menos sentido a falta da otária aqui olhando pra ele? Eu acho que não deve nem ter dado falta, já que ele deve estar altamente entretido com a saliva da outra lá. Idiota, idiota, idiota! Na verdade, a idiota sou eu. Por que isso só acontece com você, ?
Meus pensamentos em relação àquele ser se foram quando eu senti dois braços formarem uma barreira ao meu redor.
-Bú! – Timmy falou próximo ao meu ouvido. Cruzei meus braços, me virando pra ele.
-HÁ HÁ. Muito engraçado. – zombei enquanto lançava um olhar sério a ele. Me virei na direção do parapeito novamente.
-Seja mais divertida, . – ele distribuiu algumas mordidas leves na região entre a parte de trás da minha orelha e meu pescoço. Afastei minha cabeça, tentando me defender das mordidas enquanto eu tentava me manter séria.
-Divertida, você quer dizer, palhaça.
-É. – me virei rapidamente, incrédula. Eu já era palhaça sem querer ser, será que ele não tinha notado? Eu sou uma completa palhaça desde que eu resolvi ‘ter um tombo’ por uma pessoa que não merece nem respirar. Notei que ele mantinha um sorriso brincalhão. Rolei os olhos, tentando sair da ‘barreira’ que ele havia feito. Ao notar o que eu tentava fazer, Tim colou nossos corpos mais ainda. Recuei a parte superior do meu corpo, que era a única que podia se mexer. Ele me lançou um olhar confuso, se afastando um pouco de mim.
-Vá procurar alguém que seja mais “divertida”. – falei antes de seguir o caminho, aprendido recentemente, para casa.

-Merda de chuva, merda de dia, merda de tudo! – resmungava enquanto entrava em casa, ensopada.
- do céu, por que não levou guarda-chuva?
-Porque eu esqueci, Sol.
-Vai trocar de roupa logo então, menina.
-Eu vou. Meu pai já chegou em casa?
-Não, ainda não.
-Ok. – subi para o meu quarto, trocando de roupa e me deitando para assistir a qualquer programa que estivesse passando.

- ! – Ann entrou no meu quarto, como sempre sem pedir licença.
-Eu. – respondi sem olhá-la.
-O que aconteceu?
-Nada.
-Claro. Eu fantasiei que você saiu da casa dele sem dar tchau pra ninguém.
-Eu só me estressei. Eu não ‘tava pra ficar de beijinhos, abracinhos e “mimizinhos”.
-Não podia ter gentilmente se afastado dele e conversado com ele?
-Eu ‘tava com a cabeça quente, como você queria que eu pensasse nisso?
-E como você queria que o Timmy entendesse que você não queria nada com ele hoje?
-Você escutou o que eu falei antes?
-Escutei.
-Então pronto.
-Então pronto nada, . Você tem que se esclarecer com ele.
-Por quê?
-Porque ele ficou desanimado depois, é uma boa resposta.
-Amanhã ele ‘tá com outra. Todos os homens são assim, não é?
-Não até que você os mude.
-‘Tá falando isso pra pessoa errada. Se eu não tenho potencial pra prender ninguém, imagina para mudar alguém.
-Pára com isso! Se você quiser, eu te ajudo.
-Esqueceu que eu não tenho seus longos, lisos e brilhantes cabelos loiros, nem seu corpo?
-Primeiro, desse jeito você me ofende. Segundo, você é gata e ponto final.
-Não foi a intenção, desculpe.
-Tudo bem. Bom, mudando um pouco de assunto, eu vim te avisar que amanhã vai ter uma social na casa de uma menina e ela ‘tá chamando todo mundo. Vamos, né?
-Erm... e o Timmy?
-Vai deixar de ir à festa por causa de homem? Sem contar que vai que vocês não fazem as pazes lá. – engraçado como ela sempre via um jeito de resolver as coisas.
-Ok, eu vou. Mas só se você não o mandar vir aqui me buscar.
-Claro, se eu o mandar, é capaz dele só sair de manhã daqui. – Anne soltou uma gargalhada. Dei um leve tapa no braço dela.
-Você não presta.
-Eu nunca disse que prestava. – nós duas rimos.
-Posso fazer uma pergunta?
-Precisa perguntar?
-Ok. Mas não comente isso com ninguém, nem tire conclusões.
-Tá, tá.
-O Timmy ficou tão estranho assim?
-Ficou. Ele voltou, sentou na poltrona e jogou a cabeça pra trás, depois suspirou e passou as mãos pelo rosto. Então eu percebi que tinha alguma coisa errada, porque ele nunca fica assim. E enquanto o pessoal assistia ao filme, ele ficava com o olhar perdido na tela e com a mão no queixo. Me assustou a ponto de me fazer achar que você tivesse batido nele. Mas depois eu perguntei a sós o que tinha acontecido direito e ele me disse que tinha feito uma brincadeira que te deixou estressada. Porém, o menino não faz a mínima idéia do que ele fez.
-Merda. – olhei para o chão. – Eu só ‘tava com, como sempre, coisa demais na cabeça.
-Seria demais pedir pra você me explicar?
-Não, acho que não.
-Então conte.
-Bom, a irmã do idiota me ligou hoje de manhã e começou a falar da vida de todo mundo lá, menos da dele, o que me fez acreditar que ela só não tinha o mencionado pra não me afetar. E justamente quando eu tava pensando no quão idiota eu era e em como o idiota deveria estar se divertindo à minha custa, o Tim apareceu. Mas acontece que na brincadeira ele pedia pra eu ser um pouco mais divertida, então eu fiquei estressada, porque eu já sirvo de diversão pros outros mesmo sem querer. O grande problema foi que ele tentou me beijar depois e eu me afastei, porque eu ‘tava estressada demais pra querer, entende? – suspirei alto.
-Entendo. Eu só acho que você deveria se desculpar com ele, porque o coitado não teve nada a ver com a história. E pare de se preocupar tanto com a vida do idiota, ele não merece.
-Eu sei, mas é inevitável.
-Claro, você ainda não esqueceu, por isso é inevitável. Mas com o tempo você vai pouco se lixar. Você não deve fingir que ‘tá tudo beleza agora, porque isso é muito recente ainda. E muito menos fugir disso, evitar conversar sobre isso, porque uma hora, como eu já falei milhões de vezes, você vai voltar pra sua outra casa. – eu torci a boca e assenti com a cabeça, encarando a parede por alguns segundos.
-Convença o Timmy a ir amanhã, ok?
-Pode deixar, chefia. Algum plano?
-Não exatamente.
-Amanhã eu vou saber do mesmo jeito. – Ann deu de ombros.
-Como todo mundo.
-Todo mundo?
-Não todo mundo, mas os que sabem da história.
-Creio que ele deve ter contado para o Came e o Nick. E a Martha, bem, eu contei pra ela, desculpe.
-Tudo bem.
-E como ‘tá sua relação com o Nick?
-Vai bem, ele só ‘tá meio estranho esses dias. Mas ele é assim mesmo.
-Deve ser bom ter um namorado.
-Nem tanto. Às vezes enche o saco. – ela soltou uma risada baixa.
-Você parece nunca se encher.
-O Nick é... diferente. – Ann comentou com um sorriso bobo. Fiz um som de “awn”, fazendo-a ficar envergonhada. -Falando de paixonites, a Martha e o Came tão quase namorando pelo que ela me conta e pelo que eu vejo.
-Sério? Que bom para eles!
-E sempre vai ter o encalhado do grupo, o Timmy.
-Ah, não seja má!
-Não estou sendo. Não digo que ele não tenha jeito pra namorar, nem pegar. Mas ele sempre sobra.
-Que nem eu.- nós rimos. –Mas um dia ele arranja alguém.
-Se já não arranjou. – Ann disse, me olhando fixamente nos olhos.
-Você não acha que...? Não, por Deus, não!
-Não digo que ele esteja te amando, nem querendo casar e ter 39 filhos com você. Mas já pensou na possibilidade dele querer um namoro?
-Nunca pensei, mas isso eu posso te dizer com certeza, não rola. – exclamei. – Além de eu não estar tão interessada assim, tem a questão da distância.
-De repente você que está complicando as coisas. Afinal, são apenas 50 minutos daqui.
-50 minutos e uma vida diferente.
-, você quem sabe, eu só ‘tô dizendo o que eu acho. Mas quem vai ou não ficar com ele, é você. – senti meu celular vibrar. A tela dizia que eu havia recebido 4 mensagens ao mesmo tempo.
-Só um segundo, Ann. – murmurei enquanto as abria. “Pirrá, você não sabe quanta falta faz. ” – a primeira dizia. “Falta para TODO mundo. .” – a segunda, por sua vez, dizia. “Até para os meninos ingratos que convivem com a gente. .” – eu ri lendo a segunda e deduzindo que seria da antes mesmo de ler seu nome ao final. “Volte logo ou entre na bosta do pc, mas não nos deixe sem notícias suas e dos gatinhos, minha felina. Te amamos. fêmea.”- eu ri exageradamente alto, fazendo Anne roubar o celular da minha mão e se divertir lendo as mensagens.
-É, você faz falta para todo mundo. E como suas amigas disseram, até para os meninos. Isso responde suas perguntas, não?
-Não. Elas podem estar falando somente do , do e do .
-Verdade, quem vai saber. Mas voltando ao assunto...
Não sei quanto tempo passamos conversando, mas sei que quando ela saiu da casa, já era bem tarde, o que me fez agradecer mentalmente aos seguranças da vila por existirem. Também não demorei muito a pegar no sono, já que o dia tinha sido bem emocionalmente cansativo, como diria .


Capítulo 20 – Just for fun.

-Não digo que ele esteja te amando, nem querendo casar e ter 39 filhos com você. Mas já pensou na possibilidade dele querer um namoro?

Namoro. Essa era uma das palavras que rodavam incessantemente pela minha cabeça. Não que eu tivesse medo de compromisso, nem nada. A única coisa que eu tinha medo era de magoar alguém que até agora só me fez tão bem.
Às vezes eu só queria deletar certas pessoas da minha vida. Seria tudo tão mais fácil e menos doloroso.
O que seria de minha vida sem ? Uma maravilha. ‘Taí uma coisa, vou encomendar a morte dele. Onde será que eu faço isso? Ok, ok, páre de pensar nessas coisas, . Ninguém merece morrer.
-Filha, ‘tá acordada? – meu pai colocou a cabeça para dentro da porta.
-‘Tô sim. – me sentei na cama, vendo ele se aproximar e se sentar próximo a mim.
-Eu só queria me desculpar por estar tão ausente. As coisas na empresa estão uma loucura.
-Não há pelo que se desculpar, pai, eu entendo. Sem contar que eu estou me divertindo muito com a Ann, o Nick e os amigos deles. – sorri, demonstrando sinceridade.
-Mesmo? Me sinto aliviado então. – nos abraçamos por alguns segundos. – E o que vocês têm feito?
-Um dia nós fomos pra quadra, no outro nós fomos pra casa de um dos meninos para ver filme. Ah, coisas assim. – Certamente eu não falaria da festa.
-Ah, sim. , o papai tem que ir ao mercado porque hoje a Sol não vai poder vir. Quer ir comigo? – fiz uma careta, me espreguiçando. – Certo, eu vou sozinho. – ele riu, saindo do quarto.

Meu celular começou a tocar e eu o atendi.
- do céu!
-Que foi, ?
-Adivinha o que aconteceu?
-Sei lá, você tirou um dez em matemática? – eu ri.
-Idiota. – notei que pelo tom de voz, ela estava com uma cara de chateada.
-Desculpa. Mas fale logo.
-Ok. ‘Tá sentada? – larguei minha toalha em um canto e me sentei na cama.
-‘Tô.
-O McFly vai se apresentar em um pub por aqui! – Eu soltei um gritinho.
-Sério?
-Aham! Os meninos estão muito empolgados.
-Eu imagino. Algum deles está aí?
-Só o...erm....
-Deixa. Mas dê meus parabéns a eles.
-Ah, o acabou de chegar. Quer falar com ele?
-Quero.
-Vou passar pra ele, dois segundos. – escutei ela o chamar.
-?
-!
-Quanto tempo, menina.
-Vocês são exagerados. Mas então, eu soube da notícia. Parabéns, cara.
-Obrigado, . Você vem, né?
-Quando e onde vai ser? – mordi meu lábio inferior
-No pub que a gente vai às vezes. Daqui a 2 dias, às 9 horas. MEU DEUS, DOIS DIAS SÓ! – exclamou repentinamente, me fazendo rir.
-Eu acho que vou sim. Algum problema se eu levar o pessoal daqui?
-Não, nenhum. Desde que você venha, ‘tá ótimo. – pude imaginar que ele estava sorrindo.
-Ok, eu irei. Agora vai lá ensaiar pra não errar nada! – eu ri.
-Pode deixar, senhorita. Até lá.
-Até. – desliguei a ligação, pensando como seria se eu chegasse com os meninos da vila no ‘show’ deles.

Quando me dei conta de que faltava pouco tempo para que Ann chegasse, eu corri para o armário, caçando uma roupa ‘usável’.
Depois de alguns minutos, optei por uma calça jeans e uma blusa verde que possuía uma marcação abaixo dos seios. Calcei uma sandália baixa e coloquei uma faixa marrom no cabelo, me dando uma aparência de boneca. Como não estava com vontade de usar maquiagem, somente apliquei o corretivo, pra disfarçar minhas não-queridas olheiras.
De acordo com minhas previsões, dali a 5 minutos Ann estaria arrombando a porta do meu quarto, como sempre.
Dito e feito. Em menos de 5 minutos ela já estava perguntando se eu estava pronta.
Recebendo uma resposta afirmativa, começamos a andar até a casa da menina.
-Ele vai? – perguntei em meio a alguns comentários que Anne fazia enquanto nos aproximávamos da casa da menina.
-Vai. Eu o convenci. Além do mais, o Timmy não é do tipo que fica em casa quando tem festa.
-Ele sabe que eu vou?
-Não falei disso com ele. Mas ele deve imaginar que você vai. – murmurei um ‘hum’. -‘Tá pensando no que falar com ele?
-Exatamente. – Soltei um sorriso amarelo.
-Se te ajudar, na hora você solta o que vier na sua cabeça.
-É, não ajudou muito. – nós rimos. – Eu só preciso me focar em pedir desculpas pelo meu comportamento e não soltar mais nada.
-Chegamos. – Anne falou enquanto me guiava pela porta de uma casa imensa. Ao entrar no ambiente, notei que quase todos os jovens que estavam na quadra a uns dias atrás, agora se encontravam na casa da menina. Todos na base do álcool e músicas agitadas.
Avistei Cameron, Nick, Timmy e Martha a alguns metros.
-Ali. – apontei a direção a Anne. Nos aproximamos do grupo mais discreto do salão. Ann cumprimentou Nick com um beijo e os outros com um sorriso. Eu somente esbocei um sorriso a todos, não mirando o rosto de ninguém.
-Eu acho que vou pegar uma bebida. – gritei, devido ao volume do som. Me desviei entre os jovens até chegar à cozinha, onde estavam as pessoas mais bêbadas daquela festa ou outras ainda sóbrias como eu, que buscavam algo.
Assim que mergulhei meu braço para dentro do freezer onde estavam as bebidas, vi duas meninas se beijarem, o que me provocou náuseas. Nada contra, mas se vai fazer, não façam na minha frente.
-Nojento, não é? – um menino que eu nunca tinha visto se apresentou a mim. Assim que voltei à posição normal, com uma Smirnoff Ice em mãos, concordei com ele.
-Demais. Erm... posso pedir um favor?
-Dois até. – ele sorriu, de forma galanteadora. Eu ri e estendi minha garrafa pra ele.
-Abre, por favor? Eu tenho uma certa dificuldade com garrafas assim.
-Ok. –Agilmente, ele abriu a garrafa, dando-a para mim.
-Obrigada. – sorri, de forma agradecida.
-Não foi nada. A propósito, Aaron. – ele estendeu sua mão livre pra mim e eu a apertei.
-. –sorrimos um ao outro. –Bom, vou voltar para o meu grupo.
-Tudo bem. Nos esbarramos por aí, .
-Certo, Aaron. – lhe lancei um sorriso tímido e voltei à rodinha, tomando muito cuidado para não tomar um banho enquanto passava pelos jovens que dançavam.
-Demorou, hein, . – Nick comentou.
-É, foi difícil passar pela multidão. – respondi, sem levar em conta o tom malicioso que ele havia usado.
Comecei a me mexer no ritmo da música. Eu estava completamente sem graça e não conseguia fazer outra coisa com meus olhos que não fosse fitar meus pés.
-‘Tá com dor no pescoço, ? - Came brincou. Estirei a língua para ele, rindo também.
Todos conversavam sobre alguma coisa ou se pegavam, enquanto eu fazia companhia à minha garrafa e vice-versa.
-Eu vou tomar um ar. – Timmy falou para o grupo, se dirigindo segundos depois para os fundos da casa. Olhei para Ann, que me olhava como se dissesse para eu o seguir.
-E eu já volto. – Falei rapidamente, enquanto olhava na direção que ele havia seguido, para não o perder de vista.
Passei novamente pela multidão que estava mais agitada do que antes. Antes de sair da casa, deixei minha garrafa em um canto.
O avistei não muito longe de mim, sentado na escada, fumando um cigarro e olhando para, aparentemente, nada. Me sentei ao lado dele.
-Dizem que cigarro mata. – falei, olhando na mesma direção que ele.
-Eu sei, mas relaxa. –Tim deu outra tragada.
-Relaxa por enquanto, porque daqui a pouco você vai estar morrendo pelos cantos.
-Dramática. – Timmy comentou com um sorriso de lado.
-Sou mesmo. – um silêncio se instalou por alguns segundos e depois foi quebrado por ele.
-Por que a gente ‘tá brigado? – pensei por alguns segundos.
-Não sei. De repente por eu ter me estressado demais.
-Eu só estava brincando.
-Não pareceu. – murmurei.
-Eu estava sorrindo, ! Ninguém critica sorrindo. Você queria o quê? Que eu fosse correndo atrás de você depois? Muito clichê.
-E se eu quisesse?
-Então eu te diria que você tem que amadurecer, porque nem sempre as coisas são como a gente quer. – Mirei meus pés por alguns segundos. Por que eu sempre estava errada?
-Me desculpa. Eu tava chata naquele dia e tava pensando em outras coisas e... – senti seus braços passarem ao redor dos meus ombros.
-Pára, , não precisa se explicar. Tudo o que importa é que nós voltamos a nos falar, certo? – eu concordei com a cabeça, sorrindo. – Então, pronto. – me virei para ele e dei um beijo em sua bochecha.
-Agora vai dizer que você não sabia que eu viria atrás. – comentei com uma risada.
-Na verdade, eu não sabia. Já te disseram que você é como uma caixinha de surpresas? – Timmy riu e se aproximou para me dar um selinho. Eu retribuí e sorri.
É, já me disseram isso.

-Vamos entrar? – perguntei depois de alguns minutos.
-Vamos, vamos.
Passamos novamente pela multidão, encontrando os outros dois casais.
-Finalmente! Achei que tivessem se matando lá fora.
-Longe disso. – Tim sorriu e passou seus braços por meus ombros, me dando um beijo na testa. Eu sorri de forma envergonhada.
-Agora que estamos todos de bem, o que faremos? – Came perguntou.
-Beber até cair! – Anne respondeu animadamente. Eu ri da cara de criança que ela fez.
-A gente pode ser trancar em um quarto e brincar de “Eu nunca”. Que tal? – Nick deu a idéia.
-Por mim. – os outros responderam, olhando para mim depois.
-Tudo bem. Vamos. – sorri, pegando na mão de Timmy.
-Vou pegar uma garrafa e eu subo. – Martha falou, sumindo na multidão segundos depois. Subimos as escadas até os quartos e encontramos um que estava livre. Nos sentamos e alguns segundos depois Martha apareceu com uma garrafa de Tequila e outra de Vodca.
-Trouxe limão não? – Tim perguntou. Martha confirmou com a cabeça, deixando as garrafas no chão e sentando. Depois de alguns segundos ela deu as costas para a gente e quando virou estava com dois limões nas mãos
-De onde essas coisas surgiram? – Came gritou.
-Mágica, meu bem. – Todos rimos.
-Interrompendo a descoberta das Américas, qual das garrafas nós usaremos primeiro?
-Vodca! – Ann deu um berro.
-Ok, surtada. – Timmy disse. - Todos sabem jogar eu nunca aqui. Não sabem? – concordamos com a cabeça. – Ótimo.
-Eu começo. – falou Cameron. - Eu nunca quis pegar a namorada do meu amigo. – ninguém bebeu. Seguindo a roda, agora era a vez de Ann.
-Eu nunca quis acabar com o namoro da minha amiga ou amigo. – novamente, ninguém bebeu.
-Eu nunca quis trair. – Nick bebeu sozinho.
-Eu nunca quis ultrapassar a ‘linha’. – Todos, menos eu e Martha, beberam.
-Eu nunca passei da ‘linha’. – Novamente, todos, menos eu e Martha, beberam.
-Eu nunca desejei um professor ou professora. – Todos, exceto Nick, beberam.
-Eu nunca forcei a barra para passar da ‘linha’. – Nick bebeu, novamente, sozinho.
-Eu nunca “cheguei” em ninguém. – Eu e os meninos bebemos.
-Eu nunca me apaixonei. – Eu, Nick e Ann bebemos.
-Eu nunca chorei de amores. – Eu e Ann viramos. A essa altura eu já estava sentindo minha cabeça girar. Não só por estar praticamente em jejum, mas por ter bebido muito rápido e de forma seguida. Sim, eu era fraca para bebidas.
-Eu nunca estive em um triângulo amoroso. – Ninguém bebeu.
-Eu, sei lá. Essa porra ‘tá chata. – Nicolas falava com cara de tédio.
-Nick, tu que é chato. – Martha riu.
-Tadinho do meu bebezinho. – Anne apertou as bochechas de Nick, fazendo-o ficar com os lábios apertados e lhe deu um selinho. O menino passou seus braços pela cintura dela e eu tenho certeza de que ela iria para o colo dele se Timmy não tivesse interrompido.
-‘Tá bom, ô casal 10.
-Vai pegar a , vai! – Nick riu.
-Idiota. – nós dois falamos ao mesmo tempo.
-Eu sou a favor da gente fazer um ménage. – Nicolas deu a idéia.
-E eu acho que o Nick já bebeu demais. Não é, priminho?
-Eu não vou deixar mais ele beber, . – disse Ann.
-Tudo bem. Quem ficou de ‘protetor’ essa noite? – fiz as aspas com os dedos, perguntando a Tim.
-Cameron. – olhei para Came, que estava sério. Ele era o mais sóbrio dali de longe.
-Então vamos beber. – falei com um sorriso de maníaca.
-Vamos nada. Se você beber tanto assim, eu não vou poder.
-Por quê? – arqueei uma sobrancelha.
-Porque você pode ficar muito animada, fazer merda e eu tenho que estar sóbrio para te proteger. – sorri e joguei meus braços ao redor de seus ombros, beijando seus lábios.
Suas mãos se posicionaram na minha cintura e meus dedos se entrelaçaram no cabelo dele, se mexendo lentamente.
Conforme o beijo ia ganhando mais... velocidade, digamos assim, os dedos de Tim se apertavam em minha cintura e uma de minhas mãos desceu para sua nuca, o arranhando levemente na região. Timmy interrompeu o beijo, prendendo meu lábio inferior entre seus dentes e o soltando segundos depois.
-Assim você me mata, criança. – Ele sussurrou com os lábios colados aos meus. Eu sorri de lado, mordendo seu lábio superior levemente. Grudamos nossos lábios e quando ia aprofundar o beijo, um menino entrou no quarto, gritando pra nós sairmos porque os pais da menina estavam lá embaixo.
-Merda. – resmunguei enquanto me levantava. Assim que saímos do quarto, vimos os pais da menina na porta e a menina chorando. Senti pena da garota. Eu nunca iria querer estar no lugar dela.
Seguimos o fluxo, saindo apressadamente da casa. Olhei para trás e notei que Nick escondia alguma coisa debaixo da blusa. Neguei com a cabeça e assim que estávamos longe o suficiente da casa, nos sentamos na praça do condomínio.
-Nick, eu não acredito que você trouxe a garrafa de Tequila! – Ann exclamou, tentando se manter séria. Mas como não estávamos sóbrios o suficiente para isso, acabamos rindo.
-Pois é, mas eu trouxe. Seria uma pena desperdiçar, Annezinha. – ele falou com uma expressão extremamente fofa.
-Só você. – Ann virou os olhos.
-Então, vamos beber, galera?
-Vamos. – Fizemos uma roda no chão coberto por areia da pracinha. Conforme a garrafa ia passando de mão em mão, nós íamos começando a ficar mais leves e ríamos mais também.
-Pessoal, chega de bebida pra todo mundo. Eu sou um só, não posso dar conta de todo mundo. – Cameron falou, enquanto esvaziava a garrafa, jogando todo o conteúdo restante na areia.
-Você é doido? – Nicolas gritou.
-Doido é você, ô palhaço. – Nick ameaçou levantar, mas Anne o segurou.
-Ele ‘tá certo, amor. Parou pra todos. – Embora eu estivesse tonta e não conseguisse nem fazer uma linha reta, eu sabia o que estava fazendo, falando e escutando.
-Acho melhor cada um ir pra sua casa.
-Não, vai todo mundo lá para minha casa. Meus pais estão fora. E do jeito que essa cambada ‘tá, vão acabar fazendo merda.
-É, melhor mesmo, cara. – Eu escutava ao diálogo de Timmy e Cameron.
-Eu ajudo o Nick e a Anne e você ajuda a e a Martha.
-Vamos, . – senti alguém me ajudar a levantar. Fiquei de pé, segurando a mão de Timmy. Eu sentia como se meus pés estivessem desconectados do meu corpo, mas eu conseguia andar.

-Tim, faz o seguinte, eu durmo com a Martha no meu quarto, o Nick e a Anne que se comam no quarto dos meus pais e você fica com a no quarto da minha irmã, pode ser?
-Pode, pode. – Novamente eu escutava os dois conversarem. Ao que Tim foi me ajudar a subir a escada, eu me virei para ele.
-Não precisa. Eu consigo. – sorri e, me segurando no corrimão, subi os degraus com Timmy em meu encalço. -Qual é o quarto?
-O último. – Seguimos em silêncio até o quarto. Assim que entramos, eu notei que havia uma cama de casal e um sofá. Dirigi-me até a cama, tirando meus sapatos e me acomodando em um dos lados. Passados alguns minutos, eu notei que ainda estava sozinha e Timmy estava no sofá.
-Vem para cá. – pedi. – por favor.
-Ok. - senti a cama afundar do meu lado e tateei o lençol, tentando o encontrar, devido ao escuro. Notei que ele estava com a barriga para cima. Encostei-me nele, repousando minha cabeça em seu peito. Senti seu braço envolver meu pescoço e sua mão acariciar meus cabelos. Sorri, fechando os olhos.
-Obrigada por ter me protegido hoje. – soltei uma risada baixa.
-Pode ter certeza de que eu serei seu anjo protetor de hoje em diante. – ele brincou.
-Então boa noite, meu anjo protetor.
-Boa noite. – Essa foi a última coisa que eu escutei antes de pegar no sono.

Capítulo 21 – Let me make a wish upon you.

Acordei ao sentir o forte cheiro de comida vindo do andar debaixo. Constatei que estava sozinha no quarto e me levantei, seguindo para o pequeno banheiro da suíte. Mirei minha imagem no espelho, levando um susto. Meu cabelo estava desarrumado e meu rímel formava uma camada preta embaixo dos meus olhos.
Prendi meu cabelo em um rabo-de-cavalo alto e molhei meu rosto, tentando tirar a aparência horrível. Enquanto o fazia, lembrei de que eu não havia deixado mensagem alguma para meu pai, que a essa hora deveria estar preocupado comigo.
Assim que saí do banheiro, calcei meus sapatos rapidamente e olhei para o relógio. Ainda eram 8:40. Suspirei aliviada. Talvez meu pai ainda não tivesse acordado.
Desci as escadas, ainda sentindo o cheiro de comida. Entrei na cozinha, me deparando com um Timmy e um Cameron sorridentes e falantes.
-Eu disse que o povo daqui toma Red Bull quando acorda... – murmurei para mim mesma, enquanto sentava em uma das cadeiras da cozinha.
-Bom dia, . – os dois falaram assim que notaram minha presença.
-Dia. – falei em um tom baixo.
-Dor de cabeça? – Timmy me perguntou, parecendo preocupado.
-Não, fome mesmo.
-Tenho a solução para seus problemas então. – ele sorria para mim de uma forma extremamente fofa, fazendo eu me perguntar se eu merecia alguém tão legal assim. Assim que voltei de meus pensamentos, percebi que Tim havia colocado um prato com torradas e alguns frios na minha frente.
-Desculpe, não tinha muita coisa na geladeira. – Came comentou assim que viu meu olhar sobre o prato.
-Isso é o que tem na minha quando eu faço compras. – eu ri.
-Cameron parece mulher, sempre preocupado com o que os outros vão pensar. – Tim o zoou, sendo batido com um pano de prato segundos depois.
Comecei a comer, notando como o sorriso de Timmy era brilhante. Será que ele fez clareamento? Ri com esse pensamento e voltei meu olhar para o prato, terminado de comer alguns minutos depois.
-Obrigada, anjo protetor. – eu ri para Tim.
-Você lembra. – ele sorriu, mostrando seus perfeitos dentes brancos.
-Claro. – pisquei, me virando para a porta quando escutei a voz de Nicolas.
-Bom dia. – Nick resmungou enquanto passava pela porta com as mãos na cabeça. – Quanto menos falarem, melhor para minha dor de cabeça.
-Tadinho, acha que a gente vai ficar mimando ele. – Came brincou.
-É sempre assim. Nicolas acha que nós somos a mamãe dele. – Timmy concordou. Todos rimos quando Nick, que apoiava a cabeça na mesa, levantou seu braço e estirou o dedo médio para os dois. Olhei para o relógio. 9:15.
-Droga. – resmunguei enquanto me levantava.
-Que aconteceu, ? – Tim perguntou.
-Eu tenho que chegar em casa antes que meu pai dê por minha falta. – antes que Timmy pudesse responder, eu o dei um selinho, quase que por impulso. –Tchau, gente, até mais tarde talvez. Assim que passei pela porta da cozinha escutei os meninos rirem de alguma coisa, só então notei o que eu havia feito. Droga! sempre estragando as coisas.

Entrei em casa arfando, por ter andado apressadamente pelas ruas do condomínio. Parei assim que cheguei à cozinha. Mary estava com uma camisola de seda preta e meu pai estava com uma blusa branca lisa e uma boxer azul. É, eu realmente tinha perdido muita coisa.
-Oi, filha. – ele sorriu. Sim, sorriu.
-Está se sentindo melhor, querida? – a namorada do meu pai me encarou com seus olhos azuis profundos. - Hoje pela manhã um menino, Tom, Tim, não lembro direito, ligou para cá, avisando que ontem pela noite você não tinha se sentido muito bem e eles preferiram levar você para casa deles, assim não nos acordariam. – provavelmente ela não tinha notado minha cara de confusão ao escutar a pergunta.
-Ah, sim. Estou bem, obrigada. Eu só preciso de um banho. – falei, me sentindo mais leve por não ter me metido em problemas. Subi para meu quarto, me enfiando no banheiro após pegar uma toalha.
Enquanto sentia a água bater em minhas costas, eu pensava em tudo o que tinha acontecido na noite anterior. Quais as probabilidades de eu ter me apaixonado pelo Timmy? Nem eu sabia.

Entediada, liguei meu rádio, pegando uma música no final.

“No no, no no
(“Não não, não não)
I don't want you tonight
(Eu não te quero esta noite)
You weren't there
(Você não estava lá)
I'm gonna show you tonight
(Eu vou te mostrar essa noite)
I'm alright, I'm just fine
(Eu estou bem, eu estou legal)
And you're a tool
(E você é um idiota)
So so what?
(Então, e daí?)
I am a rock star
(Eu sou uma estrela do rock)
I got my rock moves
(Eu tenho meus golpes)
And I don't want you tonight.”
(E eu não te quero esta noite.”)

Enquanto o verso decorria, eu fazia uma coreografia tosca que envolvia guitarras imaginárias e jogadas de cabelo. Não tentei cantar porque sei que desafinaria fácil, já que a Pink tem uma das vozes mais diferentes.
Assim que a música trocou, eu me joguei em minha cama, tentando acalmar minha respiração. Escutei risadas vindas da porta e me perguntei se a pessoa conhecia o significado de privacidade.
-Você não enjoa de olhar pra minha cara não? – encarei Ann.
-Não. – ela soltou um risinho.
-O que te traz aqui?
-Só quis ver se você tinha se metido em algum problema com seu pai.
-Não. Meu anjo protetor me salvou, novamente. – comentei.
-Anjo protetor, huh? – Anne perguntou com um sorriso malicioso em seus lábios.
-Não dá pra contar as coisas pra você. – fiz uma expressão séria, pegando um travesseiro e o pressionando contra meu rosto.
-Qual é, . Eu só tava brincando. – tirei o travesseiro do meu rosto.
-Você sempre ‘tá brincando.
-Eita, mau humor.
-Desculpa.
-Tudo bem. – um silêncio se instaurou por alguns segundos. - Posso fazer uma pergunta?
-Pode.
-Você se lembra de alguma coisa de ontem?
-Lembro. Por quê?
-Porque eu não sei nem como eu cheguei à casa do Cameron.
-Claro, bebeu mais que não sei o quê.
-Obrigada por me lembrar disso. – ela falou com uma expressão de sarcasmo. –Sério, , o que aconteceu ontem?
-Nada demais. Eu voltei a falar e ficar com o Timmy. Depois nós fomos para um quarto para jogar “Eu nunca”. Quando acabamos, Timmy e Came nos arrastaram até a casa do Cameron e cada casal ficou em um quarto.
-Pára na primeira frase. Conta tudo. –Anne pediu, sorrindo feito criança no Natal.
-Ok, ok. – então lhe contei tudo o que havia acontecido.
-Você ‘tá apaixonada.
-Não, não ‘tô. – respondi à Ann, revirando os olhos.
-Nem gostando?
-Gostando. – ela ia comemorar, quando eu interrompi. –Talvez.
-Pára de ser idiota, . O que ‘tá te impedindo? Aquele idiota que sempre te humilhou?
-Não! O que ‘tá me impedindo é que eu não sinto nenhum dos ‘sintomas’ quando eu to perto dele. Entende?
-Sabe o que eu acho? Que você devia dar o troco nele.
-Já tentei.
-Não da maneira certa. – Anne sorriu de uma maneira vingativa, como se ela fosse da máfia e tivesse bolado um plano.
-Você me dá medo.
-, presta atenção! Você tentou ficar com um menino na frente dele?
-Não. Mas não era justamente você quem me falava pra esquecê-lo, que ele não valia a pena, blá, blá?
-Só que deu certo? Não, porque você continua chorando por ele. Se vingue da maneira certa, só isso. Caso não der certo, pelo menos você se divertiu. – suspirei alto, considerando a idéia.
-E o que você espera que eu faça? Leve o Timmy até a casa dele, bata na porta e quando ele abrir a porta, eu dou AQUELE beijo no Tim?
-Você é mais lerda do que eu pensava. – eu abri a boca, em sinal de indignação.
-Brincadeira, . Mas pensa comigo, na próxima festa daqui você chama todo mundo e fala com aquela voz de desprezo, “se o quiser vir, deixa”. – então eu me lembrei da apresentação deles no pub.
-Você é um gênio, Ann. Já sei o que vou fazer. – A loira riu, perguntando o que eu faria. Contei à ela sobre o pub, recebendo um “ótimo” como resposta. Assim que ela concordou com a minha idéia, mudamos de assunto.

-Ok, ok. Já vou descer. – a loira falou ao telefone. – , ‘tô indo. Até amanhã. – ela se despediu de mim assim que desligou o aparelho.
-Bom, o que eu vou fazer às 8 horas, sozinha e sem sono? – me joguei na cama e passei a encarar o tédio. Alguns minutos se passaram enquanto eu tentava pensar em alguma coisa, mas nada me vinha à cabeça.
-Certo, amanhã eu vou acordar, vou encontrar o pessoal, chamá-los para a apresentação. Depois vou me trancar no banheiro e só sair 30 minutos antes da Ann invadir meu quarto. – eu ia repassando meus planos até chegar em um tópico que eu não tinha pensado, e se desse em cima de Anne? Com certeza, eu não iria agüentar. Ô droga! Mas Nick não iria deixar e ia bater no . Eu ri tentando imaginar a cena. Mas, com certeza, Timmy se meteria no meio, assim como Cameron, e aí não ia ser legal, para ninguém. - Novamente, ô droga! – murmurei para mim mesma. Levantei, decidida a achar uma roupa que ficasse legal.

Após provar todo meu armário, cheguei a uma decisão, usaria uma calça jeans, meus amados peep-toe’s vermelhos e uma blusa branca com decote em ‘V’.
Visto que eram 10 horas, cacei minha toalha pelo quarto e fui tomar um banho quente. Assim que saí do banho, alguém bateu na porta.
-Um segundo! – gritei para quem estava do lado de fora. Me troquei na velocidade da luz e abri a porta.
-Oi, pai, desculpa a demora.
-Tudo bem. Eu só queria avisar mesmo que eu vou sair agora com a Mary e...erm...devo dormir fora. – eu me controlei para não rir. Era engraçado pensar que meu pai tinha vergonha de me dizer essas coisas. Se ele soubesse que eu já vi a blusa da namorada dele jogada no chão do corredor no meio da noite...
-Pode deixar, pai, eu fico bem sozinha. – sorri sincera. - A Sol já foi?
-Já sim, filha. Agora quem vai sou eu. Até amanhã, minha princesinha. – ele se aproximou de mim e beijou minha testa. Fiquei nas pontas dos pés e lhe dei um beijo na bochecha, sorrindo.
-Até, pai. – assim que me virei para procurar uma escova, escutei a porta se fechar.

Sentei-me na poltrona da sala com um balde de pipoca apoiado em minhas pernas. Liguei a TV, colocando em um canal de filmes. Dei sorte por um ótimo filme estar começando.
Em um certo ponto do filme, eu já havia acabado com metade da pipoca. Deixei o balde no chão e troquei de posição na poltrona, deixando minha cabeça apoiada no encosto.
Devido à cena, eu chorava. Meus olhos estavam vermelhos, e meu nariz, inchado. Então escutei a campainha. Xinguei a pessoa mentalmente e me levantei para atender a porta.
-Timmy? – arqueei uma sobrancelha assim que o vi na minha porta.
-Oi, . – eu acendi as luzes da sala. -‘Tá tudo bem? – ele perguntou espantado, provavelmente ao notar que eu chorava.
-‘Tá sim. Eu tava vendo filme, só isso. – eu ri. –Ah, desculpe, nem te convidei para entrar. – dei licença a ele e fechei a porta.
-Eu vim aqui te chamar para circular pela vila. Tava sem nada pra fazer e achei que você também estivesse. Mas como está vendo filme, eu já vou. – ele estava quase girando a maçaneta. Olhei para a TV e constatei que já havia perdido a melhor parte do filme.
-Não, espera. Deixe-me só trocar de roupa. – apontei para meu corpo, coberto apenas por um micro-short e uma blusa de mangas curtas. Ele mordeu o lábio e tenho certeza que se controlou para não soltar alguma besteira. Eu balancei a cabeça, rindo e me virando para subir as escadas.
Olhei para meu armário, me perguntando o que eu usaria. Provavelmente não estava tão frio assim, então optei por uma calça jeans e uma blusa de mangas ¾ . Ajeitei meu cabelo e desci, encontrando um Timmy levemente emocionado pelo filme. Eu soltei uma risada frouxa e ele se virou para mim.
-Eu sou uma pessoa sensível, ‘tá? – ele brincou, falando com voz de gay.
-‘Tá, nada contra. Vamos. – ri novamente e fui até a porta com ele em meu encalço.

-Você já viu o deck branco? – Tim me perguntou enquanto andávamos para um lugar que eu não conhecia.
-Deck branco? O que ou quem seria isso?
-Um deck que é pintado de branco. Sabe deck? Madeirinhas que podem flutuar na água...
-Eu sei o que é deck, só não sabia dessa nomenclatura.
-Então, nós estamos indo para lá.
-Ah sim. Você vai me levar para um deck escuro? Oh, Deus, me proteja. Sou uma pobre e indefesa criança. – brinquei, o fazendo rir.
-Você é muito besta. – Timmy me puxou pela cintura com um braço, ainda com um sorriso e fez com que nossos corpos ficassem bem próximos. Olhei em seus olhos verdes e desci meu olhar para seus lábios.
Então seu sorriso alegre desapareceu assim que ele notou meu olhar e se transformou em um sorriso charmoso. Voltei a mirar seus olhos, que agora estavam fechados e se aproximavam. Fechei os meus em resposta e senti seus lábios tocarem os meus. Por que eu simplesmente não controlava minha vontade de beijá-lo?
Timmy, depois de alguns segundos, rompeu o beijo, sorrindo. Sorri de volta, pegando em sua mão e o puxando para a direção a qual estávamos indo antes.
-Vamos, agora eu quero conhecer o tal deck branco. – eu ri e senti que ele havia parado, o que me fez fazer força para puxá-lo. Desisti e olhei para trás. –Que foi?
-Vamos fazer uma aposta?
-‘Tá.
-Se eu chegar primeiro no deck, você vai gritar pela vizinhança “eu te amo, Timmy querido”. – nós dois rimos.
-E se eu chegar primeiro, você vai ter que... – prendi meu lábio inferior entre os dentes e pensei por alguns segundos. – cantar uma música pra mim.
-É seu ouvido mesmo... – ele riu.
-Aposto como sua voz é bonita.
-Uma aposta de cada vez, mocinha. – Tim brincou. –Pra chegar ao deck é só seguir em frente toda vida.
-Ok.
-1,2,3, já! – ele falou enquanto eu amarrava meu cabelo e saiu correndo.
-Ei! Não vale, Timmy! – corri atrás dele. Olhei para as costas dele e tive uma idéia.
Corri mais rápido que podia e assim que estávamos perto do deck, me segurei no ombro dele, montando em suas costas, o que o fez quase cair.
-‘Tá doida? – nós dois ríamos.
-Você roubou, não valeu. – Eu (tentava) falar enquanto ria e puxava o ar rapidamente. Eu, certamente, não dou para ter uma vida saudável.
-Ok, ninguém faz nada então.
-Você ia ter que fazer mesmo. – brinquei.
-Vai nessa, neném! – Tim cutucou minha barriga. Olhei para ele, rindo e depois me virei, entrando no deck que possuía vista para o pequeno lago do condomínio. Sentei-me em um banco, virando para o lado contrário e encaixando minhas pernas entre o vão do assento e do encosto. Apoiei meus cotovelos no encosto e encarei meus pés, que flutuavam sobre a calma água do lago.
-Aqui é um bom lugar para se viver, não acha? – ele se sentou ao meu lado e copiou meus movimentos. Assenti com a cabeça, olhando para os pequenos pontos brilhantes no céu. – Não sei por que o Came não gosta daqui. Acho que é por aqui não ser tão agitado.
-Aqui não é agitado? Vocês têm festa quase toda semana, cara.
-Nas férias só.
-Nenhum lugar é perfeito, né.
-Verdade. E como sua vida social longe daqui é?
-Chata. – eu ri. – Na verdade, festas acontecem raramente, assim como sociais. – engatamos em uma conversa até ficarmos com muito frio e resolvermos ir para casa.
Depois de nos despedirmos com um beijo, eu subi para meu quarto, com um sorriso e a sensação de que as coisas estavam dando certo para mim.

Capítulo 22 – I’m gonna show you tonight.

-Qual a boa de hoje, rapaziada? – Nick perguntou enquanto entrava no jardim da minha casa. Todos estávamos sentados na beira da piscina, embora o dia estivesse nublado, como sempre.
-Nada. – os outros responderam. Então me lembrei do pub.
-Gente, os meus amigos têm uma banda e vão se apresentar hoje em pub. Vocês topam ir comigo?
-Opa, pub? Mas é claro que eu vou. – Nicolas brincou. –Mas sendo sério, vamos? – os outros concordaram. -Que horas é a apresentação lá? – me perguntou.
-Nove da noite. Agora são... - olhei para meu relógio de pulso. -5 horas. Dá tempo se cada um for pra sua casa agora e daqui à uma hora e pouca.
-Certo, mas como iremos?
-A gente vai no meu carro.– Cameron afirmou. Todos concordaram. –Então, daqui a uma hora e meia, todo mundo na porta da minha casa. – todos murmuramos um ‘ok’ e seguimos para nossas respectivas casas. Na verdade, eu já estava na minha.

Enquanto eu tomava banho e me arrumava, eu pensava em como seria reencontrá-lo. Será que ele ficaria irritado? Será que ele não ligaria? Vindo de , eu espero tudo.
Depois de me trocar, fui andando até a casa da Cameron, onde estavam todos.
-Chegou a princesinha! – Nick gritou assim que me viu passar pela porta.
-Desculpa, gente. – falei, ignorando o comentário dele.
-Tudo bem, . Agora vamos. – seguimos Came até seu carro. Dei falta da Martha.
-Cadê a Martha?
-Não pôde vir, os pais são muito chatos em relação a sair da cidade. – acenei com a cabeça. – , vem no banco do carona e você me guia, ok? – novamente acenei com a cabeça.

Cantávamos ‘Born to Run’ em alto volume.
-Baby we... ERA PRA TER ENTRADO ALI! – exclamei para Cameron.
-Desculpa, .
-Tudo bem. Agora, onde é o próximo retorno?
-Lá embaixo.
-A gente ainda tem tempo. – Anne falou calmamente.
-Pelo menos isso. – escutei Nick murmurar.
-Calma, galera. Quando chegarmos lá, vai ser só diversão.
-Diversão pra vocês, porque eu vou dirigir na volta. – Timmy resmungou. Inclinei minha cabeça na direção dele.
-Eu não vou beber também.
-Duvido! – ele exclamou, fazendo todos rirem. Estirei o dedo do meio para ele, voltando a olhar para a rua.

-Finalmente! – Nick resmungou assim que avistamos, uma hora e meia depois, a entrada do pub.
-Pára de reclamar! Pelo menos, nós chegamos, Nicolas. – Anne o repreendeu. Olhei para Cameron, que fazia cara de tédio, e ri.
-Vamos entrar, galera! – falei e entrei no local, me deparando com um palco ainda vazio e muitos jovens.
Avistei as meninas e acenei, tendo meu aceno retribuído por , que abriu um sorriso gigante assim que me viu.
Passei pela multidão com o pessoal do condomínio em meu encalço.
-! – me agarrou.
- fêmea! – assim que me separei do abraço, , e , respectivamente, vieram me abraçar. Notei que não havia apresentado as outras pessoas ainda.
-Ah! Esses são Cameron, Tim, Nicolas e Anne. – à medida que ia falando os nomes, eu apontava para a pessoa.
-Prazer. – todos disseram em um uníssono, o que nos fez rir.
-Que horas os meninos entram? E cadê o James? – perguntei à assim que me acomodei em uma das cadeiras das mesas ocupadas pelo nosso grupo.
-O James ‘tá com eles. Os meninos tão uma pilha de nervos, você tinha que ter visto. – soltei uma risada baixa. - Acho que daqui a uns 5 minutos eles entram.
Passamos alguns minutos conversando, o suficiente para que eles fossem anunciados. Levantamos, assim como todos os que os esperavam.
Então eles subiram ao palco, parecendo uma britadeira de tão nervoso; não tão diferente; aparentava estar indiferente e , como sempre, demonstrando confiança. Eu tinha certeza de que eles se sairiam bem, independente de estarem confiantes ou não.
Após tocarem algumas das poucas músicas que eles haviam composto até o momento, os meninos saíram do palco e depois vieram para a mesa.
Notei que todos olhavam para Ann, o que fez Nick passar os braços pela cintura dela. Ri baixo ao ver a expressão de desapontado do . Creio que assim que as outras perceberam, se jogaram em cima de seus namorados, menos a de , que não estava lá.
Atrevi-me a olhar para ele por alguns segundos, notando que seu olhar, diferente do dos meninos, estava focando em mim, não em Anne. Olhei para Tim, que estava parado ao meu lado, tímido como sempre. Discretamente, me aproximei dele, passando meu braço por suas costas. Ele se virou para mim e sorriu, se aproximando para me dar um selinho, que virou um beijo não tão longo como eu gostaria que tivesse sido. Preciso comentar que eu ouvi os sininhos da vitória no meu ouvido? Ok, eu sei que usar os outros não é coisa que se faça, mas...
Voltei meu olhar para a mesa e notei que as meninas me encaravam com uma expressão de incredulidade. Todas menos , claro, que já estava sabendo de tudo.
Os meninos, excluindo , já que eu não ousei olhá-lo, demonstraram indiferença, pois estavam conversando animadamente com Nick, James e Cameron sobre futebol, creio.
-Timmy, não seja tímido, venha para cá. – Came o chamou. Tim olhou para mim, como se perguntasse se eu podia ir.
Certo, eu estava começando a me sentir importante. Dei um sorriso e me afastei dele, me voltando para as meninas.
-Quem é o garanhão, ? – riu.
-O Timmy.
-Esse nome me lembra o menininho de “Padrinhos Mágicos”. – gargalhou. Já comentei como a risada dela faz todas rirem?
-Estão namorando, pirrá? – perguntou .
-Não, não, só ficando mesmo. Ele é gente boa, sabe? – olhei para ele, percebendo como ele se entrosava fácil com as pessoas. Nesse momento, ele estava falando algo que, segundos depois, fez todos os outros rirem.
-E isso significa que você está a fim dele?
-Nem eu sei, amiga. É tudo tão... Confuso. – suspirei pesadamente e voltei a olhá-las.
-O não ‘tá namorando a . – soltou. Senti que todas a encararam, furiosas. Arqueei uma sobrancelha.
-Qual o problema de me contarem isso?
-Nenhum, . A gente só não quer que você fique criando expectativas.
-Quem disse que eu vou me iludir de novo? Quero mais é que ele se exploda! – exclamei rapidamente, com uma expressão de raiva em meu rosto. Isso soava como um Deja-Vu para mim.
-Tudo bem. Vamos mudar de assunto, certo? – engatamos em um papo sobre os outros casais, porém, eu estava com a cabeça no que disse.

-! – me chamou. Olhei para e sorri timidamente. – Saudades de você, pequena!
-Também! – o abracei, ainda sorrindo.
-Então, quem é o bofe? – ele perguntou de um jeito extremamente gay, que me fez gargalhar.
-É rolo, nada sério.
-Do jeito que esse garoto te olha, parece que o cupido o pegou.
-Você ‘tá tão brega hoje, meu amor. – brinquei. – Mas não é nada sério. E...
-Eu sei de alguém que não tá gostando dessa idéia. – ele me interrompeu rapidamente.
-E se fosse assim, seu amigo, , também estaria apaixonado por mim há 3 anos atrás. – continuei, ignorando-o.
-Eu sei de alguém que não tá gostando dessa idéia. – novamente, ele falou.
-O seu amigo? – ele fez um movimento positivo com a cabeça. Revirei os olhos. -Não era pra ele estar com a nesse exato momento? – não, eu não tinha amnésia, mas eu precisava ouvir isso da boca de alguém que tivesse mais informações.
-Longa história. Mas não é nada demais, eu acho. O fato é que ele fica me chutando por baixo da mesa quando eu começo a falar com o Tim. – eu soltei uma gargalhada, peguei minha Coca no balcão e comecei a andar na direção da mesa com em meu encalço.
-Ignore-o. – disse.
-Como? Vou falar “olha, , desculpa, mas eu vou ter que te ignorar porque eu tentei avisar a que você tava puto por ela estar quase namorando esse garoto e ela me falou para eu, simplesmente, te ignorar”?
-E você quer que eu faça o quê? – esbravejei. Recuei um pouco, a fim de ficar longe da nossa mesa. – Eu sempre estive lá, correndo atrás dele. Então eu decidi que não ia mais pagar de otária. E agora, só porque ele talvez esteja interessado, eu vou ter que voltar atrás em todas as minhas decisões e correr atrás dele novamente? O mundo gira, meu bem. Agora é a vez dele de ficar correndo atrás. – ok, eu não devia ter gritado isso para o , mas eu não consegui me controlar e acabei despejando minha raiva no coitado.
-Desisto de vocês dois. – suspirou pesadamente.
-É melhor mesmo. – concordei e segui para a mesa.
-Foi fabricar a Coca? – perguntou, mas eu ainda estava pensando no que havia falado. Sentei e deixei a Coca em cima da mesa, ignorando fêmea e não fazendo, sequer, questão de a abrir. Instantes depois, apareceu e tomou seu lugar na mesa, sendo fuzilado visualmente por . Tentei entender esse olhar, mas não consegui.
Quanto a essa história, eu tinha duas opções: Primeira, ele estava brincando novamente comigo e por isso pediu para me contar aquela mentira. E, segunda, ele realmente sentia algo por mim e tudo, dessa vez, era verdade. A mais provável era a primeira, embora eu não acreditasse que o pudesse fazer algo desse tipo.
Sacudi a cabeça discretamente, tentando afastar esses pensamentos. Observei o pessoal do condomínio e notei que todos já estavam entrosados. Sorri com isso. Anne, como sempre, estava sendo observada, por isso, Nick não tirava seus braços dela por um segundo. Tim e Came estavam com os garotos, falando sobre algo. Direcionei meu olhar para , que rapidamente virou sua cabeça e voltou a prestar atenção na conversa. Arqueei uma sobrancelha e mirei , que se limitou a sorrir timidamente. Então meu olhar se voltou para novamente. Agora ele encarava Tim com uma expressão séria, nunca vista por mim antes. Bufei. era um idiota estranho.

-O que achou do pessoal? – perguntei a Timmy enquanto andávamos para o deck. Era um bom lugar para “ficar”, devo afirmar.
-Eu gostei deles. Só não gostei muito do . – ele torceu a boca. Assim que chegamos ao Deck, me encostei no parapeito de madeira.
-Novidade...- sussurrei para mim mesma enquanto Tim ficava de frente para mim e me prendia entre seus braços. – Mas por que não gostou dele? – me interessei.
-Ele ficava te olhando a cada cinco segundos. – eu ri.
-Ele sempre faz isso. – revirei os olhos. – Não fique com ciúmes. – apertei as bochechas dele e ri.
-Tentarei. – ele sussurrou antes de me beijar. Sem dúvidas, essas estavam sendo as melhores férias que eu poderia ter.

Deitei em minha cama e olhei para o teto, reparando na pintura que começava a ficar desgastada. Talvez meu pai não pintasse aquele quarto há séculos. Então, automaticamente, comecei a reconsiderar minhas hipóteses e juntá-las com os fatos.
Eu tinha medo da primeira opção, mas tinha mais medo ainda da segunda. Digo, se fosse o caso dele estar apaixonado, não seria algo que eu já saberia lidar, como na primeira opção.
Fiquei medindo possibilidades até que alguém jogou uma pedra na minha janela. Me segurei para não berrar de susto e olhei por ela, para ver quem me chamava.
Lá embaixo estavam os meninos do condomínio, com umas garrafas de bebida. Certamente eles não se lembram de que meu pai estava em casa e eles estavam no meu quintal. Coloquei a primeira roupa que vi e desci.
-Vocês estão doidos? – perguntei.
-Não. Ainda não. – Nick riu. –Relaxa, priminha, meu tio nem vai notar que nós estamos aqui.
-Qualquer coisa, eu meto a culpa em vocês. – apontei para todos, que riram. Fomos para a beira da piscina. Timmy plugou seu iPod na pequena caixa de som. Uma música lenta começou a ser tocada.
-Qual é, ô bicha! – Nicolas brincou. Tim levantou e encarou Nick com uma expressão séria, depois se virou para mim e estendeu sua mão. Olhei em seus olhos e peguei em sua mão, levantado e me aproximando dele. Coloquei uma das mãos em seu ombro e a outra segurava uma de suas mãos. Timmy passou a me conduzir.

“Fly me to the moon
(“Faça-me voar até a lua)
Let me play among the stars
(E deixe-me brincar entre as estrelas)
Let me see what spring is like
(Deixe-me ver como a primavera é)
On Jupiter and Mars
(Em Júpiter e em Marte)
In other words, hold my hand
(Em outras palavras, segure minha mão)
In other words, darling, kiss me.”
(Em outras palavras, querida, me beije.”)
Eu sorri de forma abobada e encostei minha cabeça na curva de seu pescoço. Inalei seu perfume e dei um beijinho em seu pescoço enquanto escutava sua voz grossa sussurrar os versos em meu ouvido. A voz da cantora não conseguia ser mais bonita do que a de Tim. Pelo menos para mim. Certo, é muito suspeito que eu faça essa afirmação, já que eu me encontrava numa situação muito... delicada.

“Fill my heart with song
(Preencha meu coração com uma música)
And let me sing for ever more
(E deixe-me cantar para sempre)
You are all I long for
(Você é tudo que eu quero)
All I worship and adore
(Tudo o que eu amo e adoro)
In other words, please be true
(Em outras palavras, seja verdadeira)
In other words...”
(Em outras palavras...”)

Desencostei minha cabeça e colei minha bochecha à dele. Eu sentia minha bochecha corar mais a cada verso, assim como meu coração, que disparava a cada palavra. Eu estava envolvida, isso era fato. Mas uma parte de mim ainda desejava que quem estivesse fazendo tudo aquilo para mim, fosse o .
- “I love you.” – ele falou o resto do verso com os lábios próximos aos meus. Dei uma leve mordida em seu lábio inferior e sorri, o dando um selinho.
- Por que você não é assim? – escutei Ann falar e depois escutei um grito de socorro vindo dela. Ri baixo com isso e passei a olhar nos profundos olhos verdes de Tim. De repente, nada mais importava, eu havia esquecido que meu pai estava dormindo, eu havia esquecido de ... Ok, eu não havia esquecido totalmente dele, só deixei de pensar nele por alguns segundos. Droga, eu me denunciava tanto por pensamento. Eu estava beijando o Timmy. Era para eu estar pensando em absolutamente nada. Mas isso não acontecia. Nunca aconteceu. Com ninguém, exceto . Como eu odiava aquele menino.
Me dispersei de meus pensamentos assim que escutei um barulho vir de dentro da casa. Rompi o beijo imediatamente e olhei para Cameron, que me olhava aterrorizado.
-Esconde as garrafas! – balbuciei para ele, enquanto me guiava sorrateiramente para dentro da casa. Eu estava me sentindo em um daqueles jogos de guerra, onde você não pode ser visto pelo inimigo. Entrei e notei que a luz da cozinha estava acesa. Meu pai estava com a cabeça dentro da geladeira, aparentemente procurando por algo para comer.
-Pai? – o chamei.
-Que susto, filha! Achei que estivesse dormindo. Está tudo bem?
-‘Tá sim. Eu fui para o jardim, tava sem sono. – dei um sorriso amarelo.
-Algum problema? Sabe, você pode contar para o papai se quiser. – ele me deu um abraço paternal.
-Nada demais, só estou preocupada com os exames de fim de ano. – inventei a desculpa assim que saí do abraço.
-Entendo. Eu costumava ficar assim até que eu decidi relaxar e, bem, acabei repetindo o ano. – ele riu da própria desgraça e se voltou para a geladeira.
-Erm... eu vou voltar para o quintal. Ainda não estou com sono.
-Tudo bem, amor, vai lá. Qualquer coisa, faça um chá ou esquente leite. Algo quente é sempre bom para ajudar a dormir. – sorri agradecida e concordei com a cabeça. Voltei tranqüilamente para o quintal. Os outros estavam agachados perto da churrasqueira, onde não havia iluminação. Prendi minha vontade de rir e fui até uma das espreguiçadeiras. Esperei que a luz da cozinha fosse apagada para chamá-los.
-Ainda bem que eu consigo enganá-lo. – exclamei. – Vocês são doidos! Acho que agora é hora de encerrarmos a sessão alcoólatra do dia.
-Também acho. – Came, que segurava as bebidas, falou. –Pode ser amanhã na minha casa. Meus pais vão sair da cidade novamente. E minha irmã vai para a casa de alguma amiga.
-É, a gente se vê amanhã. – Anne falou.
-Ok, então. Até amanhã, galerinha. – disse antes de entrar em casa. Silenciosamente, subi as escadas e entrei em meu quarto. Pela janela, pude ver que todos haviam ido para suas casas.
Troquei minha roupa e me deitei, voltando a pensar em tudo o que eu estava pensando antes e, agora, pensando também no que havia acabado de acontecer.
Ô vida...


Capítulo 23 – Just another day

-! – Martha me chamou assim que eu pisava porta afora.
-Hey! – a cumprimentei. – Indo caminhar? – perguntei ao ver suas roupas esportivas.
-Acabei de sair da academia daqui. – soltei um “ah”. – Ah, quinta vai ter uma festa que ‘tá prometendo! – ela fez uma rápida dancinha, que me fez rir. É incrível como esse povo gosta de uma festa.
-Aonde?
-No gramado. – arqueei uma sobrancelha.
-Gramado?
-É, um bem escondido. Eu vou passar por ele agora. Quer vir comigo? – concordei com a cabeça. Eu não faria nada mesmo...

-Então, é aqui. – Martha falou quando chegamos a um vasto gramado. O espaço era enorme e, sem dúvida, abrigaria muito mais gente do que aquele bar. - Eu, particularmente, acho um bom espaço para dar uma festa.
-Daria para respirar, mesmo que todos viessem. – ela riu e concordou. - E quem você acha que vem? Todos os que freqüentam as festas?
-Também. Deve vir gente da cidade também. – murmurei um “hum” e fiquei calada. Eu não tinha muita intimidade com ela. – , eu tenho que ir. Depois nos falamos.
-Ok. – dei um sorriso e a vi se distanciar. Peguei meu iPod e coloquei no shuffle, dando meia volta, a fim de circular pela vila.

-! – Came me chamou. Virei-me para ele e sorri.
-Fala, Came.
-O Timmy tava de procurando.
-Vou passar na casa dele. – sorri, agradecida, e rumei para a casa de Tim. Será que era alguma coisa importante?

Toquei a campainha da casa dele e, em poucos segundos, ele abriu a porta com um enorme sorriso.
-Hey. – falei de um jeito tímido. – Soube que tava me procurando.- me aproximei dele e entrei em sua casa. Lembrei da última vez em que eu estive lá.
-É, eu queria saber se você tava a fim de ver um filme aqui, sei lá.
-Por mim, ‘tá ótimo. – sorri abertamente. - Desde que não seja de terror. – Alguém reparou que eu sempre corto o clima? Palmas pra mim!
-É. – Tim fez uma cara afetada e riu. – Qual filme então?
-Tem “Diário de uma paixão”?
-Não! – seu rosto mudou para uma expressão do tipo “óbvio que não”. – É filme de mulher. – Tim riu. [n/a: se fosse o Danny, ele gostaria...]
-Ok, escolha qualquer um então. – bufei e me sentei no sofá.
-Até de terror? – ele me perguntou, esperançoso.
-Até de terror. – Tim soltou um “Yey” que me fez rir.
-“Jogos mortais”, pode ser? – dei de ombros. Ele sorriu e colocou o filme, vindo para o sofá segundos depois. Sentei-me junto a ele e senti seu braço passar por meus ombros. Mordi meu lábio inferior, coloquei minhas pernas repousadas no sofá e apoiei minha cabeça em seu peito.
Assim que o filme começou, eu o ameacei.
-Eu faço greve de beijos se você não me avisar quando for pra tapar os olhos. – Timmy riu e me deu um selinho.
-Eu prometo não brincar, senhorita . – fiz um som de “ram” e soltei uma risada, voltando a olhar para a tela da imensa tv de LCD.
Eu passei basicamente o filme todo de olhos fechados, já que, a cada cinco segundos, Tim falava que era pra eu fechar os olhos. E quando não estava esperando a cena passar, eu, bem, estava fazendo outra coisa que envolvia olhos fechados.
-Eu acho que se eu escutar mais um grito, eu piro. – brinquei com ele assim que o filme acabou.
-Você nem viu o filme, ! – ele riu.
-Você fala como se tivesse passado o filme inteiro de olhos abertos. – zoei, corando em seguida. Nota mental: quando pensar em zoar o Timmy, verificar se eu não estou no meio.
-Nem você. – ele estirou a língua para mim e se aproximou com um sorriso divertido em seus lábios. Eu ri e fechei, mais uma vez, meus olhos, sentindo sua respiração ficar, a cada segundo, mais próxima. Tim mordeu meu lábio inferior levemente e depois passou seus lábios sobre os meus. Sorri e coloquei minhas mãos em seus ombros. Afastei meus lábios, deixando Tim aprofundar o beijo. Suas mãos acariciavam minha cintura, e as minhas, sua nuca. Não sei o que exatamente passou por minha cabeça, mas tomei impulso e passei minhas pernas ao redor das de Timmy, ficando de frente para ele. Minhas mãos subiram para sua cabeça e se entrelaçaram em seus cabelos. Os dedos de Tim brincavam pelo contorno do meu corpo e eu não me sentia como uma puta sendo tocada por aquele que está a pagando. Não daquela vez. Não sei demorou muito até que eu estivesse perdendo o fôlego. Então Timmy me empurrou com o seu corpo, me fazendo ficar deitada no sofá. Ele se apoiou em seu cotovelo e desceu os beijos até meu pescoço. Instantaneamente, fiquei arrepiada. Soltei um suspiro baixo e mordi meu lábio inferior lentamente. Timmy voltou à minha altura e seus lábios procuraram os meus urgentemente. Deslizei uma das minhas mãos para suas costas e as apertei por cima da camisa que ele usava.
Já disse como ele era forte?
As mãos de Tim, agora, se atreviam a acariciar a pele da minha barriga. Contraí meus músculos, arrepiada. Ele deu uma risada baixa, que me fez sorrir.
De fato, eu estava envolvida no momento e minha lucidez havia ido embora por um curto período de tempo. Suas mãos, então, deslizaram pelas laterais da minha barriga, subindo até minhas costelas e arrastando minha blusa. Nesse momento, eu me dei conta do que estava fazendo. Foi como um choque.
Por Deus, eu não estava preparada. Não mesmo. E, olha onde estávamos, na sala dele! E se os pais dele chegassem? E se eu desse um vexame? E se ele só quisesse isso, como o só quis me provocar? , aquele idiota.
Minhas mãos encostaram-se às dele e eu as conduzi até minha barriga. Timmy rompeu o beijo na hora, com uma expressão que eu não consegui entender.
-Desculpa... – sussurrei para ele, recuperando o fôlego.
-Tudo bem, . – ele deu um sorriso sincero e me deu um selinho. Tim voltou a sentar e eu me recompus, envergonhada. Eu me levantei. – Não precisa ir. Eu não vou te atacar. – a cara que ele fez foi extremamente fofa. Soltei uma risada frouxa. Embora eu quisesse ficar e eu pudesse faltar o jantar, eu sei que ficaria um clima extremamente estranho entre nós. Digo, pelo menos na minha cabeça era assim.
-Eu tenho que ir. Meu pai me mata se eu me atrasar pra um jantar que ele vai dar lá em casa. – fiz uma careta e ele fez outra, em resposta. Nós dois rimos e Tim se levantou, me levando até a porta.
-Então vai lá. Mas se quiser dar uma fugida do jantar, pode chegar aqui em casa.
-Pode deixar. – sorri amigavelmente. Trocamos um rápido beijo e eu fui para casa.

-Filha, onde você estava? – meu pai me perguntou assim que passei pela porta da sala. Olhei para ele, que estava na porta da cozinha, trajando um avental por cima de uma roupa casual.
-Com meus amigos daqui. Desculpe a demora.
-Tudo bem. Agora vá se arrumar. – fiz um sinal de positivo com o dedo e subi para meu quarto.
Tomei meu banho e me vesti. Como o jantar era para os amigos dele, eu me arrumei de forma mais “decente”. Desci as escadas e me deparei com 2 casais de adultos e Mary.
-Pessoal, essa é , minha querida filha. – meu pai passou seu braço por meu ombro. Sorri e cumprimentei todos eles.
-Acho que o Aaron foi pegar alguma coisa no carro e já vem. – Uma mulher falou para meu pai. Aaron? Esse nome não me era estranho.
Acomodei-me em uma poltrona e fiquei ouvindo a conversa, como se eu estivesse interessada. Agradeço por ninguém, principalmente meu pai, poder ler minha mente, já que eu estava vagueando pelos meus momentos com Timmy esta tarde. Enrubesci só de pensar. Droga, como eu era besta. Nem para pensar nessas coisas sem me sentir envergonhava, eu prestava. Certo, por que eu estou brava comigo mesma? Ah, talvez por eu ter pensando no grande idiota.
-? – meu pai me chamou, estalando os dedos na minha frente e parecendo preocupado.
-Oi. – respondi, sem graça.
-‘Tá tudo bem? – concordei com a cabeça, ainda sem graça. Notei que havia uma pessoa a mais no cômodo. – Este é Aaron, filho da Samanta.
-Oi. – cumprimentei o menino com um aperto de mão. Eu conhecia aquele rosto de algum lugar e eu sabia disso.
-Tudo bem? – ele me perguntou. Eu o encarava, tentando me recordar de onde eu o conhecia.
-Da festa! – pensei alto. Aaron arqueou uma sobrancelha.
-Desculpe, estava tentando me lembrar da onde eu te conhecia. – ele murmurou um “ah” e depois perguntou:
-E da onde você me conhece? – nós dois rimos.
-De uma festa. Foi há uns dias atrás.
-Ah sim! A menina que pediu para eu abrir a garrafa de Ice.
-Isso mesmo. – dei um sorriso amarelo. Começamos a conversar sobre assuntos aleatórios. Aaron não era o tipo de menino interessante. Ele só era bonito e charmoso. Ele não tinha papo e nem cultura. Ou talvez eu que estivesse sendo exigente demais.

-, me liga. - a voz de Ann ecoou pelo meu celular. Todos os amigos do meu pai haviam acabado de sair, incluindo Aaron. Subi para meu quarto e, assim que escutei a mensagem, liguei para ela.
-Ann? – perguntei.
-Oi, ! – ela exclamou.
-Você me ligou? – Nossa, que pergunta óbvia.
-Aham. Queria perguntar o que você tinha feito hoje.
-Ah... Eu fui pra casa do Timmy.
-O QUÊ? – Anne berrou. Afastei o telefone do meu ouvido, rindo.
-Eu fui pra casa dele ver filme, ué.
-Hum...
-Vou fingir que não notei o tom malicioso que você usou.
-Mas era pra notar. Já que você é lerda e não vai me contar por livre e espontânea vontade, eu sou obrigada a te perguntar. O que aconteceu?
-Nada demais...- usei um tom de descaso.
-Porque você não quis ou porque não teve clima?
-Porque eu lembrei de uma coisa que cortou o meu clima e me fez parar.
-Do que você lembrou, ? – Anne perguntou, séria.
-Dele.
- do céu, você não pode pensar nessa coisa mais! TOCA TUA VIDA, FILHA!
-Você reparou no que aconteceu no bar?
-Reparei que ele é um babaca que ficou te olhando a noite TODA e faltou matar o Timmy com os olhos.
-É... – mordi meu lábio.
-, eu acho que você não devia passar o seu tempo pensando no .
-EU NÃO CONSIGO FICAR SEM ISSO, ANNE! – esbravejei, cansada.
-Eu sei que não, porra. – Ann bufou.
-Então pára de falar pra eu esquecer, porque eu não consigo! Ele é como um parasita na minha mente. Por mais que eu tente o tirar, ele SEMPRE volta. – Droga, eu estava quase chorando.
-Olha, , eu vou desligar agora porque eu tenho que arrumar a minha mochila. – estranhei a frieza dela, mas não comentei.
-Vai pra onde?
-Meus pais querem ir passar uns dias acampando aqui por perto.
-Ah, ok. Depois nos falamos então.
-Certo. Só mais uma coisa, vai ter uma festa quinta-feira.
-É, a Martha falou.
-Falou? Então ótimo. Se quiser, chame seus amigos. – escutei a voz da mãe dela ao fundo. – , eu tenho mesmo que desligar. Até quinta. Beijos. – então ela desligou na minha cara. Bufei e deixei o telefone ao lado da cama. Vesti meu pijama e desci até a sala para ver TV, encontrando uma sala desarrumada e uma cozinha cheia de pratos. Eu que não iria limpar aquilo!
Permaneci no sofá por, acho eu, 1 hora e meia, já que eu vi 3 episódios inteiros de “Dr. Who”. Na verdade, eu não assisti como eu disse, eu vi, porque minha cabeça estava em outra coisa.
Lembrei-me de chamar o pessoal para a festa. Bom, era certo que viria, já que ele não tinha o mínimo de “semancol”.
Peguei meu celular e disquei o número do celular de .
-Alô? – uma voz rouca, digna de quem havia acabado de acordar, atendeu. Droga, não era .
-, pode passar para sua irmã?
-Ela não está, saiu com o James e deixou o celular no meu quarto. Quer deixar recado, senhorita? – ele debochou.
-De fato, quero. Avise a ela que eu estou a convidando para uma festa quinta-feira e peça para ela me ligar assim que voltar para casa.
-Ok. Mais alguma coisa? – riu. Revirei os olhos e respirei pesadamente.
-Não.
-Estaremos aí na quinta-feira. – eu imaginava a cara dele ao falar isso. Provavelmente ele estava com um sorriso no canto dos lábios. BABACA!
-Tchau, . – desliguei na cara dele e joguei o telefone no sofá, resmungando mais algumas palavras de baixo calão. -, você é uma menina forte e bonita, que não vai ficar com raiva por causa desse ser cujos pais deveriam ter nojo de ter produzido. – murmurei para mim mesma, de olhos fechados e com os dedos nas têmporas, fazendo movimentos circulares. Abri os olhos, bufei e peguei o telefone, voltando a ligar para as pessoas.


Capítulo 24 – Why do you make me cry and try to justify?

Esses últimos 3 dias foram estranhos. Anne não estava aqui para escutar meus desabafos, Nick estava estranho, Cameron e Martha haviam brigado, e, bem, Timmy e eu continuamos os mesmos.
Todos estávamos no quarto de Ann, que havia acabado de chegar de viagem, jogando conversa fora. Eu estava abraçada a Timmy, que acariciava meus cabelos; Ann estava sentada entre as pernas de Nick; e Came e Martha estavam muito distantes um do outro. E eu ainda não sabia por que eles haviam brigado.
-Vou ao banheiro. – falei e me levantei, indo para o banheiro. Antes de sair do cômodo, lancei um olhar à Ann, como se pedisse para ela me seguir.
Dois segundos após eu sair do quarto, Anne veio atrás.
-Fale, . – parei no meio do corredor em frente ao quarto dela e me apoiei na parede. -Eu queria saber por que você foi fria na nossa última conversa de telefone. – disse, a encarando.
-Você sabe.
-Não sei, cara.
-, olha só, você pode ser minha amiga, mas não se esqueça de que o Timmy também é. Eu só quero o bem de vocês dois.
-Aonde você quer chegar com isso?
-Eu quero chegar na parte em que você pensa no quando está com o Tim. Porra, , o menino te ama e você fica iludindo ele. Não é justo! – Ann exclamou.
-E VOCÊ QUER QUE EU FAÇA O QUÊ? – me exaltei. Então notei que estávamos razoavelmente perto quarto e eu desci o tom de voz. – Você quer que eu simplesmente vire para ele e fale que eu não posso mais ficar com ele, embora eu já tenha gastado mais de 1 semana?
-Usando-o? – ela completou.
-Eu não colocaria nessas palavras.
-Nessas palavras fica mais claro de você entender a gravidade, . – eu me odiava e isso era um fato.
-E também faz eu me sentir uma merda.
-Igual ao ? Por um lado... – estávamos com expressões sérias. Eu realmente não acreditava no que ela havia acabado de falar. Mas se eu analisasse, era verdade.
-Eu vou fazer o que é certo.
-Só espero que não vá fazer tarde demais. - a seriedade descansou um pouco e um sorriso maternal tomou os lábios de Anne.
-Não irei, Ann. – dei um sorriso frouxo e tornei a entrar no quarto, onde um clima tenso estava instalado, devido ao fato de Cameron e Martha estarem brigados. Sentei-me ao lado de Tim, que não se manifestou. Começamos a falar sobre a vida de alguma celebridade e as horas se passaram.

-Acho melhor irmos nos arrumar, gente. – Nick afirmou e todos nos levantamos.
-CACETE! O pessoal de Londres ‘tá vindo! Vou correr pra me arrumar. Beijos. - joguei beijos no ar e saí correndo para minha casa.
Assim que cheguei à porta de casa, vi, para minha surpresa, o carro do meu pai estacionado.
-Pai? – perguntei enquanto entrava em casa.
-Oi, filha. Eu consegui sair mais cedo hoje.
-Ah, sim. – o abracei e ele deu um beijo em minha testa. – Pai, você sabe que é hoje que meus amigos de Londres vêm aí, né?
-Sei. São quantos mesmo?
-Hum... – fiz as contas. – 9. – meu pai, que havia acabado de colocar um gole d’água na boca, cuspiu.
-9? Cabe tudo isso no seu quarto?
-Eles não vão dormir, pai. Eles estão vindo para a festa que vai ter aqui. – ele respirou aliviado e eu ri.
-Tudo bem.
-Por falar em festa, eu tenho que correr! – subi as escadas de forma apressada, quase tropeçando no último degrau da escada. Escutei meu pai gargalhar.
Entrei no chuveiro na velocidade da luz. Segundo minhas contas, em menos de uma hora eles estariam chegando. Assim que saí do banho, olhei para o relógio. 19:15. Ainda dava tempo para me arrumar. A festa tinha acabado de começar.
Depois de corrigir as olheiras, eu passei um gloss. Eu não gostava de me maquiar muito, me sentia como uma Drag Queen.
Pelo fato da festa ser a fantasia, tive que pegar uma emprestada de Ann. Festas a fantasia não me traziam boas recordações, não mesmo. Mas eu tinha que superar isso, e isso era um fato.
Voltando à fantasia... Eu tinha pegado uma de dançarina de cabaré, era um vestido decotado com uma fenda enorme na perna esquerda. Sem dúvidas, aquela fantasia ficaria melhor em Anne, mas era isso ou coelhinha da Playboy, que é a fantasia dela. Martha iria de Pocahontas, para combinar com seus cabelos longos e negros.
O ponto de encontro pré-festa era na minha casa. Logo, eu teria uma opinião a respeito da fantasia antes de entrar no ambiente da festa.
Assim que consegui entrar no vestido, liguei o rádio e comecei a procurar minhas sandálias. Ann entrou assim que uma outra música começou a tocar.

-Se liga na letra, . – murmurei um “ok” e voltei a calçar as sandálias prestando atenção na música.

“Breathe you out, breathe you in
(“Te esqueço, e volto a pensar em você)
You keep coming back to tell me
(Você continua voltando para me dizer)
You're the one who could have been
(Que você é o único que poderia ter sido)
And my eyes, see it all so clear
(E meus olhos enxergam tudo claramente)
It was long ago and far away
(Isso foi há muito tempo e muito longe)
But it never disappears”
(Mas nunca desaparece.”)

Apoiei meus cotovelos sobre meus joelhos e arqueei uma das sobrancelhas.

“I try to put it in the past
(“Tento deixar isso no passado)
Hold on to myself and don't look back... ”
(Confiar em mim e não olhar para trás...”)

Olhei para Anne, espantada.
-Ainda tem mais... – ela falou após rir ao ver minha expressão.

“I don't wanna dream about
(“Eu não quero sonhar com)
All the things that never were
(Todas as coisas que nunca aconteceram)
And maybe I can live without
(E talvez eu possa viver sem isso)
When I'm out from under
(Quando eu ficar melhor)
I don't wanna feel the pain
(Eu não quero sentir a dor)
What good would it do me now?
(Que bem isso me faria agora?)
I'll get it all figured out
(Eu saberei de tudo)
When I'm out from under.”
(Quando eu ficar melhor.”)

Suspirei pesadamente e deixei minha testa encostada nas palmas de minhas mãos. Mordi meu lábio inferior. SEMPRE ELE.

So let me go, just let me fly away
(Então, me deixe partir, apenas me deixe voar para longe)
Let me feel the space between us, growing deeper
(Deixe-me sentir o espaço entre nós, crescendo de maneira profunda)
And much darker everyday
(E mais escura a cada dia)
Watch me now and I'll be someone new
(Veja só, eu serei uma nova pessoa)
My heart will be unbroken, it will open up
(Meu coração não estará mais ferido, E se abrirá pra )
For everyone but you”
(Qualquer um, menos para você.”)

Martha entrou no quarto, fazendo-nos perder a concentração na letra. Sacudi minha cabeça delicadamente e suspirei novamente. A Pocahontas arqueou uma das sobrancelhas. Ann falou que não era nada demais.
-Assustador, não? – Anne perguntou a mim. Ainda com uma expressão aterrorizada, concordei com a cabeça, fazendo-a rir.
-De qualquer jeito, é melhor fazer como ela, deixar meu coração se abrir para qualquer um, menos ele. Certo? – Ann sorriu, concordando.
-Do que vocês tão falando? – Martha perguntou. Nós rimos e respondemos “nada” em uníssono. – Certo... Então, todas prontas?
-Eu já tô. Ann?
-Também. Mas e o pessoal de Londres?
-Eu falei pra uma das minhas amigas pra elas me encontrarem lá. Acho que se todos viessem pra cá, meu quarto iria virar uma zona. Eles já devem estar lá. – meu celular tocou. “” estava escrito no visor. Atendi.
-Fale, fêmea.
-, a gente já ‘tá aqui. Cadê tu, mulher? – ela gritava, já que tinha muito barulho por perto.
-Tô saindo de casa agora. Beijos. – desligou antes de me responder. Joguei o celular na cama e levantei. – Como estou? – perguntei colocando as mãos na cintura e fazendo uma cara sexy.
-Gata. – elas riram. Olhei para a fantasia de Ann. Fato que todos iriam olhar para ela, e somente ela. Martha estava bonita, mas ela não tinha o corpo de Anne.
-Vocês também estão, meus amores. – sorri e saímos do meu quarto.

-GATINHA! – gritou assim que me avistou. Olhei para ela e sorri. usava uma fantasia de hippie.
-JANIS JOPLIN! – brinquei. Rimos e logo avistei as outras meninas e, claro, os meninos. , e estavam vestidos de três mosqueteiros; James, de James Bond; e , de Zorro. e estavam de gêmeas; e estava de Emily Rose.

Timmy, Came e Nick apareceram segundos depois. E, por incrível que pareça, Tim não falou comigo. Franzi minha testa e passei a pensar sobre o assunto... O que eu teria feito a ele?
Evidente era a forma como os meninos olhavam para o corpo de Anne, que era agarrada por Nick de 15 em 15 segundos. Eu me divertia vendo os olhares que Nick lançava a qualquer um que se atrevesse a secar Ann. Eu queria que alguém fosse assim comigo. Ou que eu, pelo menos, fosse tão olhada quanto Anne. Se minha mãe escutasse isso, com certeza, falaria que eu sou uma tola por pensar assim. Mas é assim que as coisas são, não é?
Por falar em olhar, tentei não olhar para , que parecia pensativo. Ele não parava de encarar o nada, como se estivesse bolando algum plano.
Sacudi minha cabeça ligeiramente e procurei por meu consolo, (nossa, como essas palavras soam estranhas.), mas me lembrei de que nem ele queria olhar para mim, e eu não fazia idéia do porquê disso.

Tocava “Heartless”. Todos estávamos dançando. Cameron e Timmy foram chamados novamente por uns meninos desconhecidos.

“How could you be so
(“Como você pode ser tão)
Cold as the winter wind when it breeze yo
(Fria como o vento do inverno quando venta em você)
Just remember that you talking to me yo
(Só se lembre que você falou comigo)
You need to watch the way you talking to me yo”
(Você devia ver o jeito que falou comigo”)

Pensei em Timmy e me senti pior ainda. Eu estava o usando e isso era um fato. Eu não tinha o direito de fazer isso, mas também não tinha como prever que tudo iria ser assim. Eu teria evitado, caso eu soubesse, eu teria.

“I mean after all the things that we been through
(“Digo, após todas as coisas que nós já passamos)
I mean after all the things we got into
(Digo, após todas as coisas que nós já nos metemos)
and yo I know some things that you aint told me
(E você sabe que eu sei algumas coisas que você não me contou)
Ayo I did some things but thats the old me
(Eu fiz algumas coisas, mas esse é meu velho “eu”)
And now you wanna pay me back
(E agora você quer me dar o troco)
You gon' show me
(Você quer me mostrar)
so you walk round like you don't know me
(Então você anda por aí como se não me conhecesse)
You got them new friends”
(Você tem esses novos amigos”)

Meu pensamento foi diretamente para . Incrível como tudo o que eu fazia me levava diretamente a ele. era como uma substância nociva e viciante. Do tipo que você deve odiar, o que acaba te fazendo ficar com mais vontade ainda.

“But at the end it’s still so lonely”
(“Mas no final das contas ainda me sinto sozinho”)

Verdade. No fim, eu continuava sozinha. Eu e meus pensamentos covardes. Eu e meus medos bobos. Eu e minhas lembranças. Eu e meus traumas. Eu e minha vida.
Em pensar que se eu tivesse mudado o curso das coisas há alguns anos, nada disso estaria acontecendo. Eu não seria uma idiota apaixonada por um babaca. Eu não seria uma sem-coração que usa um menino para esquecer o outro.

-? – estalou os dedos na minha frente. Despertei do transe.
-Oi.
-Vamos ver os meninos mais de perto? – ela apontou para a rodinha onde Timmy, Came, e outros meninos dançavam. Concordei com a cabeça e os segui.
Ao chegar perto, pude vê-los dançando harmoniosamente. Eu ficava boba em pensar que eu havia passado mais de uma semana com aquele menino lindo. Ô pensamento de pré-adolescente.

“How could you be so heartless?”
(“Como você pode ser tão sem coração?”)

Como o podia ser tão sem-coração? Ele não podia simplesmente ter me dado um fora e me deixado em paz? Por que ele sempre tinha que fingir interesse e depois me deixar mal? É, , você é uma otária.

Alguns minutos passaram e a música acabou. Timmy ia sair da roda quando uma mão o puxou. Segundos depois, eu o vi beijando uma menina. Minha boca se abriu e eu comecei a tossir. Todos do meu grupo olharam para mim e eu saí, indo para um canto onde havia espreguiçadeiras.
Sentei-me em uma delas e fiquei encarando o chão. Eu estava realmente me sentindo culpada por ter feito aquilo com ele?
COMO, COMO ELE PÔDE TER SIDO TÃO FILHO DA PUTA DESSE JEITO?
Bufei.
Eu não sentia vontade de chorar, só... raiva.
-Onde está seu namoradinho agora? – escutei a voz do idiota. Revirei os olhos e levantei, o ignorando. Ele me puxou pelo punho e eu o olhei.
-QUE É? ‘TÁ FELIZ AGORA? – esbravejei. Encarei o sorriso sarcástico de , o que me fez ficar com mais raiva ainda. Eu queria jogar os dois num panelão, fazer sopa dos dois e dar para os pobres!
-Abaixa o tom, não estou gritando com você. – ele falou calmamente. Bufei novamente e puxei meu punho para junto de meu corpo.
-O que você quer? – perguntei entre os dentes.
-Me explicar. – revirei os olhos e tentei sair. Novamente, ele me puxou. Mas dessa vez foi pela cintura. Seu peitoral colou-se às minhas costas. - Por favor. – sussurrou em meu ouvido. Arrepiei-me da cabeça aos pés, mas consegui controlar minha voz, mantendo-a firme.
-Você tem 57 segundos. – me virei para ele, o encarando seriamente. suspirou pesadamente.
-Você nunca gostou de alguém pra valer? – então o sorriso sarcástico desapareceu do rosto dele. – Nunca sentiu que poderia fazer tudo por aquela pessoa?
- Já cheguei perto disso, bem perto. Mas me decepcionei. – eu continuava séria. Houve um breve momento de silêncio.
-Bom, quando isso acontecer com você, você vai entender por que eu fiz o que fiz.
-Eu esperava tudo de você, menos que você fosse tão... baixo, idiota e estúpido desse jeito.
-Eu nunca te forcei a nada.
-MAS VOCÊ SABIA DOS MEUS SENTIMENTOS E, DO MESMO JEITO, RESOLVEU BRINCAR COM ELES, PORRA. – agora eu gritava e não estava me importando com as pessoas que passavam pela gente e me olhavam torto.
-EU NÃO SABIA DE NADA! VOCÊ É COMO UMA CAIXINHA DE SURPRESAS! EU SÓ ENTREI NO TEU JOGO! - merda! Meus olhos encheram d’água e eu me prendi para não chorar.
-E SE APROVEITOU DISSO PRA LEVAR VANTAGEM. NÃO É ISSO QUE VOCÊ QUERIA? ÓTIMO! ENTÃO PARE DE TENTAR JUSTIFICAR OS TEUS ERROS, – berrei o nome dele e soltei um soluço involuntário. Tudo o que eu não queria, chorar em frente a ele. Ótimo.
O que eu mais queria era alguém pra me consolar, mas eu não podia estragar a noite de ninguém. Eu não queria atrapalhar mais ninguém, não por hoje.

Fui até a minha casa e fiquei no jardim, com os pés dentro da água aquecida da piscina. Eu os mexia lentamente, pensando, avaliando, analisando, arrumando hipóteses e justificando seus resultados para mim mesma. Por Deus, eu era uma lunática. Deveria ser internada. Fato.
Talvez, eu pedisse para o meu pai fazer isso.
Talvez, EU fizesse isso.

3 da manhã.
Subi para meu quarto e comecei a cantarolar uma música do Arctic Monkeys. Parei em um verso: “You can pour your heart out around three o'clock” (Você pode jogar seu coração para fora lá pelas 3 da manhã). Bem que eu queria poder fazer isso...
Nota mental: Eu realmente deveria trabalhar com trilhas sonoras.


Capítulo 25 – I’m having the day from hell.

Acordei com uma incrível dor de cabeça causada pelo choro. Antes eu estivesse de ressaca. Por que eu não bebi ontem? Eu deveria ter bebido. Eu teria ficado alegre, embora só estivessem ocorrendo tragédias. Como eu era fracassada!
Levantei e entrei no banheiro, me despindo e indo tomar um banho. Sentei-me no chão do Box e me encolhi, juntando meus braços ao redor dos meus joelhos. Permaneci por bons minutos nessa posição. Eu não queria sair dali e enfrentar a conseqüência das besteiras que eu havia feito.
Ok, eu não era inteiramente culpada. Timmy devia ter agido como um adulto e ter falado comigo ao invés de, simplesmente, beijar outra em frente à multidão.
Encostei-me à parede, sentindo a água bater em meu tórax. Respirei fundo.
não deveria ter vindo. Na verdade, EU não deveria ter vindo.
Levantei-me e comecei a, verdadeiramente, tomar banho.

Assim que terminei de tomar o café da manhã, procurei por meu celular, a fim de ligar para Anne. Quando o achei dentro do emaranhado de roupas, vi que havia 6 mensagens recebidas e 50 ligações perdidas. Comecei pelas mensagens:

, onde você está? x

“Estamos preocupados, venha pra cá! x

“CADÊ VOCÊ, PIRANHA? xx

, se apresente! -

“Pequena, o que houve? O ‘tá estranho, e você, sumida. x

“Amanhã você vai me esclarecer tudo. x Ann”

Voltei à mensagem de . “O ‘tá estranho”. Parei nessa frase e a reli várias vezes. Franzi a testa. Estranho? BABACA!
Bufei e procurei pela lista de chamadas perdidas. 15 do celular da , 15 da Anne, 5 da , 5 da , 3 do , 4 do , 2 do e 1 de um número desconhecido. Arqueei a sobrancelha. Timmy não poderia ser... Disquei o número, a fim de descobrir de quem seria o celular.
-Alô? – era James.
-James? - indaguei com cautela.
-! - ele exclamou.
-Você me ligou ontem, certo?
-Não. Meu celular ficou com o , porque a calça dele tinha bolso e a minha, não... – prendi a respiração.
-Puta-que-pariu. – murmurei pausadamente e em um tom baixo para mim mesma.
-? – James me chamou. Respirei e voltei a falar com ele.
-Eu! Bom, eu vou desligar, meu pai ‘tá me chamando. Beijos. – desliguei o celular sem esperar sua resposta.
Certo, o que faria ligando para meu celular?
Lista de hipóteses:
1ª - Ele não sabia o que tava acontecendo e pediram pra ele discar meu número.
2ª - pegou o celular dele porque o dela estava sem bateria e/ou crédito.
3ª - Ele queria me lembrar de que eu era uma otária.
4ª - Ele se preocupou com meu sumiço, porque sem mim, ele não teria com quem ficar brincando.
5ª - Ele realmente se preocupou com meu sumiço.

A primeira não tinha muito fundamento, já que ele viu quando eu saí do recinto. A segunda era totalmente improvável, já que ela tem uma conta de milhões de minutos. A terceira era provável. A quarta também. A quinta era menos provável, mas milagres acontecem... Não que eu queira esse “milagre”. Eu não quero. Não mesmo. Quer dizer...
-? – Anne bateu à minha porta, interrompendo meus pensamentos.
-Ann! Ia te ligar agora. – apontei para meu celular, que estava nas minhas mãos. Ela se sentou à minha frente.
-Pra onde você foi ontem? Com quem? Por quê? O que aconteceu?– Ann começou a me bombardear com perguntas.
-Eu vim pra casa. Sozinha. Porque o “me aconteceu”. – respondi simplesmente.
-O QUE ESSE MERDA FEZ? – ela se exaltou. Coloquei meu indicador próximo aos lábios, pedindo para ela fazer silêncio. Assim que Anne murmurou um “ok”, eu comecei a falar.
-Bom, depois do que o Timmy fez...
-Eu achei ridículo ele ter feito isso! Fiquei puta com ele! – Ann me interrompeu. A encarei séria. Ela se calou.
-Então, eu fui pra um canto mais distante e o veio atrás de mim. Eu tentei fugir, mas ele pediu pra esclarecer. – estremeci ao lembrar. – Então ele começou a falar que amava a demais e que faria de tudo por ela, e ainda perguntou se eu nunca havia sentido isso por ninguém. Eu respondi que sim, mas que me arrependia profundamente. Bom, aí ele entrou no “nosso” assunto. – fiz as aspas com as mãos. – E nós começamos a discutir. Nisso, eu fiquei puta e resolvi ir pra casa, pra não estragar a festa de ninguém.
-Ele gosta de brincar com você. – ela afirmou. Concordei com a cabeça e suspirei.
-E o pior é que o filho da puta consegue! – exclamei, bufando de raiva.
-E se...– Anne pareceu pensativa. – Nada, esqueça.
-Desembucha. E se...?
-E se vocês estiverem destinados a ficarem juntos? – eu soltei uma gargalhada irônica.
-Você passou na casa do Came, tomou umas, e veio pra cá? – Anne fez uma expressão séria.
-Tô falando sério! Vocês já passaram por tantas coisas, que, sei lá, de repente, você é o Carma dele, e ele, o seu. – novamente, ri.
-‘Tá... Mas se fosse para nós ficarmos juntos, eu já teria, há muito tempo, ficado pra valer com ele.
-Não, não.
-Claro que sim!
-, pára e pensa. Por que será que você não consegue esquecê-lo? Por que será que ele implica tanto com você?
-Simples. Para as duas perguntas, eu tenho uma resposta: porque eu sou otária.
-Você se engana e se ofende por nada. – ela revirou os olhos.
-Ok. Eu não o esqueço porque, por mais que eu não queira, ele SEMPRE aparece nos meus pensamentos. Eu não devia me preocupar, nem me importar com ele, mas eu me importo e me preocupo. E por que ele implica comigo? Porque eu fiz uma grande merda há uns anos. – encostei-me à parede e relaxei minhas mãos ao lado do meu corpo.
-‘Tá vendo... – Ann falou com um sorriso vitorioso.
-Certo. Mudando de assunto...- comecei a perguntar da festa, a fim de tirá-lo do meu pensamento.

Anne havia acabado de sair do meu quarto. Já eram 9 horas da noite. Resolvi ligar para minha mãe, já que, no dia seguinte, ela iria me buscar.
-Mãe?
-Oi, filha. Como você ‘tá?
-Tô bem. Mãe, amanhã você vai vir me buscar, né?
-Claro. Quando for três da tarde, eu passo aí. – murmurei um “ok”. – Algo aconteceu ontem? Foi um dos únicos dias que você não me ligou... Cheguei a estranhar.
-Não... nada demais. – Suspirei. – Mãe, meu pai acabou de chegar do trabalho, vou falar com ele. Até amanhã. Te amo.
-Ok. Te amo também, filha. Boa noite. – desliguei o telefone e liguei o som, já que eu não sabia que música escutar.

“Let's rearrange
(“Vamos reorganizar)
I wish you were a stranger I could disengage
(Eu queria que você fosse um estranho em quem eu pudesse me desprender)
Just say that we agree and then never change
(Apenas diga que concordamos e então nunca mudamos)
Soften a bit until we all just get along...”
(Suavizados um pouco até nós todos nos darmos bem...”)

Bati no botão de desligar. Sim, bati. Eu não estava a fim de ter nenhum tipo de trilha sonora hoje.
Liguei a tv, notando que estava passando "One Three Hill". Senti minhas pálpebras pesarem e fechei os olhos, só conseguindo escutar as pessoas e a música que tocava ao fundo.

“Wasn’t I supposed to be someone
(“Não era para eu ser alguém)
Who face the things that I’ve been running from?
(Que encara as coisas que eu estive fugindo?)

Let me feel
(Deixe-me sentir)
I don’t care if I break down
(Eu não ligo se eu partir no meio)
Let me fall
(Deixe-me cair)
Even if I hit the ground
(Mesmo que eu atinja o chão)
And if I cry a little, die a little
(E que eu chore um pouco, morra um pouco)
At least I know I lived
(Pelo menos eu saberei que eu vivi)
Just a little".
(Só um pouco.”)

-ALGUÉM AÍ EM CIMA DE PUTARIA COMIGO, SÓ PODE! – berrei para o teto, como uma forma ridícula de aliviar a raiva.
Desliguei a tv rapidamente, xingando mentalmente.
-Filha, você ‘tá bem? – meu pai colocou a cabeça para dentro do quarto, com uma expressão preocupada.
-‘Tô, pai. – dei um sorriso amarelo. – Foi só um pesadelo. – como o resto da minha vida amorosa, se você me permite acrescentar. Assim que ele saiu, voltei a falar sozinha.
-Eu posso ser uma filha da puta e não ir falar com ele, já que ele também foi um, o que tornaria tudo muito mais fácil no final das contas. E eu posso ser eu mesma e ir falar com ele, o que dificultaria minha ida. – me prendi naqueles pensamentos durante uns bons minutos, até que resolvi me levantar e me trocar. Eu precisava falar com ele e não iria me impedir de fazer isso.

Avisei ao meu pai que daria uma volta. Corri até a casa de Timmy. Bati na porta, impaciente. O pai dele abriu com uma expressão nada boa. CADÊ O BURACO PARA EU ME ENFIAR?
-Oi. Erm... O Timmy ‘tá aí? – mordi meu lábio inferior.
-Não, ele foi pro Deck. – murmurei um “ok” e agradeci, indo para o Deck.

Avistei as costas de Tim e respirei fundo. Aproximei-me lentamente, pensando no que falaria, mas ele foi mais rápido.
-Nós precisamos conversar. – Timmy afirmou assim que me viu.
-É. – concordei, encarando-o.
-Eu... – Nós dois falamos ao mesmo tempo. Soltei uma risada frouxa. – Você primeiro. – falei.
-Eu não... entendo por que você ficou tanto tempo pra descobrir isso. Digo, que você não queria ficar mais comigo. – ele colocou as mãos nos bolsos dianteiros da calça.
-Eu não sabia que eu não ia conseguir te corresponder da mesma forma.
-E deixou o otário aqui na merda porque você não conseguiu esquecer o . – ele murmurou com um certo tom de sarcasmo.
-Se eu soubesse que isso iria, eu não teria, sequer, chegado perto de você. Mas não me trate como a única errada. Você devia ter conversado comigo antes de ter agarrado aquela perua lá.
-DEVIA TER CONVERSADO COM VOCÊ? MAS VOCÊ NÃO “CONVERSOU COMIGO” QUANDO DESCOBRIU QUE, DE FATO, ESTAVA SÓ ME USANDO PARA TENTAR ESQUECER AQUELE IDIOTA! – Timmy se exaltou, tirando as mãos dos bolsos e as cruzando em fronte ao peito.
-EU NÃO SABIA COMO FALAR, PORRA! – exclamei, respirando fundo depois.
-FALASSE QUALQUER COISA. PODIA ATÉ VIRAR PRA MIM E FALAR “ESTÁ ACABADO”. – ele falava em um volume alto. - SÓ QUE, NÃAAAAAAAO... VOCÊ TINHA QUE ME TRATAR COMO UM BRINQUEDINHO. EU FIZ DECLARAÇÕES PRA VOCÊ. - então ele começou a rir e passou as mãos pelo rosto. – DEUS, COMO EU SOU UM BABACA. MAS ISSO NÃO É NOVIDADE PRA VOCÊ, É? – meus olhos encheram d’água assim que vi sua expressão. – EU ESPERAVA MAIS DE VOCÊ,
-E eu, de você. Você tem que crescer, Tim. – falei rispidamente com uma expressão de nojo e dei as costas para ele, balançando a cabeça lentamente para os lados.

Assim que cheguei em casa, sentei-me na cama e deixei as lágrimas escorrerem. Eu não me sentia mal, eu me sentia culpada. Eu não gostava de ser a vilã da história, assim como não gostava de ser a vítima.
Eu só queria desaparecer naquela hora.

“If I were a boy
(“Se eu fosse um garoto)
I think I could understand
(Eu acho que eu poderia entender)
How it feels to love a girl.”
(Como é amar uma garota.”)

Escutei meu celular tocar e vi o alerta de mensagem nova.

“Desce, por favor. Preciso falar com você. – Tim”.

Soltei uma risada irônica e revirei os olhos. Fechei o slide com força e joguei o celular em cima da cama, descendo as escadas rapidamente.
Abri a porta rapidamente, me deparando com um Timmy cabisbaixo.
-Fala. – disse friamente.
-Eu fui um idiota, eu sei. Mas tudo isso me irritou. E saber que você vai embora amanhã, piora tudo. – ele suspirou e continuou. - Eu gosto de você. Muito. Mas não é assim que as coisas estão predestinadas a ser, creio eu. E, eu queria me desculpar por ter sido um babaca. Só isso. – como um impulso, o abracei fortemente. Ele devolveu o abraço. Não consegui controlar um soluço, logo, ele percebeu que eu chorava.
Ele me afastou e, assim, pôde mirar meu rosto. Encarei seus olhos verdes, que agora estavam cheios d’água.
-Eu queria ter me apaixonado por você. – murmurei. Ele sorriu de forma torta.
-As coisas não são sempre como a gente quer, gatinha. – voltamos a nos abraçar e Timmy colou seus lábios a minha testa. –Desde que você goste de mim como um amigo, eu estou feliz. – saí do abraço e dei um sorriso triste.
-Amigos, então? – perguntei.
-Sempre. – Tim, novamente, me puxou para um abraço. – Só não esqueça do Timzinho aqui. Ok? – ele riu. Concordei com a cabeça e sorri. –Vamos lá pro Came? Uma última bebedeira antes da sua partida. – Timmy propôs.
-Ok. – concordei, pensando em como seria ruim me despedir deles.


Capítulo 26 – Perhaps the right time to say goodbye.

Um forte cheiro de álcool e nicotina estava impregnado em minhas roupas. Torci o nariz ao cheirar um pedaço minha blusa e a soltei, voltando à conversa nada-produtiva entre Nick, Came e Timmy.
-Loiras são sempre mais gostosas, cara. Isso é um fato. – Nick falou de uma forma pervertida. Anne deu um tapa na perna dele e fez uma cara feia. –Você é loira, nem vem me censurar! – Ann revirou os olhos e saiu da cozinha.
-Fez merda, Nick. – Cameron e Tim riam dele.
-Ô, ANNE! – Nicolas saiu da sua cadeira e tomou o mesmo rumo dela.
-Homens. – eu e Martha sussurramos ao mesmo tempo, rindo depois. Passei a encarar a caneca de café à minha frente, mexendo seu líquido com uma brilhante colher de prata. Apoiei minha cabeça na mão que estava livre e soltei um longo suspiro.
-Eu vou ao banheiro. – Martha falou rapidamente, levando as mãos à boca e saindo correndo.
-Uhum. – murmuramos ao mesmo tempo. Eu detestava aquele silêncio sepulcral, mas não havia nada que eu quisesse falar. Aquelas pessoas faziam eu me sentir bem, não queria deixá-las.
-Então... Quando você vem nos visitar novamente? - Tim tentou puxar assunto. Larguei a caneca e subi meu olhar.
-O mais cedo possível. Eu vou sentir saudades daqui, sério. – sorri sincera. - Mas vocês podiam me fazer uma visitinha também. – pisquei, ainda sorrindo.
-Me dê seu endereço que apareceremos lá assim que der. – Came disse.
-Claro, porque vocês são lotados de festas. – brinquei.
-Isso aí, gatinha. – nós três rimos.
-Eu quase não tenho festas por lá. Vou chamar vocês para abalarem por lá, viu? – eu ri.
-Tem espaço na mala? – Martha, que havia voltado do banheiro, perguntou.
-Eu deixo todas as minhas roupas aqui e vocês vão. Fechado? – propus.
-Fechado! – os 3 falaram em uníssono. Levantei e deixei minha caneca na pia. Fui até a sala e me joguei em cima de Anne e Nick no sofá.
-Ei! – os dois protestaram, rindo.
-É meu último dia, eu posso. Ok? – argumentei.
-Você é muito folgada, prima. – Nicolas resmungou, dando um tapa na minha cabeça, que estava em seu colo.
-Outch! – protestei, saindo de cima deles e levando minha mão esquerda à cabeça. Sentei-me no gigante tapete persa que ficava perto da televisão e comecei a assistir o que o casal estava vendo. Pouco tempo depois, olhei para o relógio. Era 13:30. Fiz uma careta. Que horas minha mãe disse que viria me buscar, mesmo? AH, três horas! Ainda tinha um tempo para curtir meus amigos de verão, certo?

-, volte logo! – Anne me abraçou. Sorri e concordei com a cabeça. Ela não era a última pessoa de quem eu me despediria naquela tarde. Virei as costas para a casa de Cameron e rumei a de meu pai, sentindo que eu poderia chorar a qualquer instante. Tratei de respirar fundo. Sem dúvida, estava sendo mais... emocionante do que eu pensava que seria. Não só pelo fato de deixar tanta história para trás, mas por eu ter que voltar à dura realidade.
-Filha, por onde esteve? – meu pai perguntou assim que me arrastei pela porta.
-Desculpa, pai. Fui à casa de Cameron ontem e acabei adormecendo por lá. Curtindo a última noite aqui, sabe? – respondi e dei um sorriso triste.
-Tudo bem. Está sendo chato sair daqui, não é? – ele perguntou vindo até mim com uma expressão paternal. Concordei com a cabeça e pressionei meus lábios um contra o outro, a fim de não chorar. Escondi minha cabeça em seu peito e respirei fundo. -Sempre que você quiser, você pode voltar. Você sabe disso, certo? – assenti sem nada falar.
-Acho que eu tenho que arrumar minha mala. – disse e saí do abraço, indo para meu quarto.

Deparei-me com o mesmo vestido que usei na festa em Paris enquanto arrumava a mala. Fiquei com ele em mãos durante o tempo em que pensava em tudo o que havia passado até o momento. Flashes passavam por minha cabeça.

“-Dança comigo, ? – perguntou. Levei um susto, olhando para ele, que estava em pé, estendendo uma mão para mim.”

“-Sabe, quando você me pediu um motivo naquela hora, todas as palavras fugiram da minha cabeça. E admito que ainda não voltaram. Então só há uma maneira de eu te dizer o motivo.”

“-Boa noite, . – ele se aproximou de mim e me deu um selinho, sorrindo timidamente.”

-BABACA! – exclamei afastando esses pensamentos indevidos. Voltei a arrumar minha mala e tentei não pensar em nada ligado a meninos – em geral.

-Filha! – minha mãe me deu um abraço “quebra-costelas”. Sorri abertamente, devolvendo o abraço. -Ahn... Olá, Marcus. – mamãe disse, desconsertada, para papai, que estava arrastando minha mala até o carro.
-Olá. – então um silêncio desagradável se formou. Pigarreei e fui até meu pai. O abracei fortemente.
-Obrigada por tudo, pai! – falei com a cabeça encostada em meus braços.
-Eu que agradeço, filhota. Quando quiser, é só ligar. – ele me deu um beijo na testa e sorriu. Virei-me na direção do carro e entrei nele com um sorriso triste. Coloquei o cinto de segurança e peguei meu iPod de dentro do bolso do casaco. Liguei-o e deixei na playlist criada por Anne.
O carro começou a se movimentar e, à medida que íamos saindo do condomínio, eu vi a casa de Cameron, a quadra e o bar. Nunca me esqueceria das nossas noites na casa de Came, nem das festinhas, nem deles, principalmente, Timmy. Deixei um suspiro desanimado escapar. Minha mãe tirou os olhos da rua e me olhou.
-Foi tão bom assim? – eu concordei com a cabeça, dando um sorriso triste. Apoiei minha cabeça na janela e senti as gotas da chuva que caía acertarem o vidro, fazendo um barulho engraçado.
Antes de sairmos pelo portão do condomínio, pude ver Timmy, Cameron, Anne, Nick e Martha acenando. Um sorriso se abriu e eu continuei os olhando até que eles saíram do meu campo de visão. Então, voltei a colar minha cabeça no vidro e a me perder em pensamentos escutando Fall Out Boy, conseqüentemente, lembrando de Anne.
Sem sombra de dúvida, eu sentiria falta daquele pessoal.

Abri a porta de casa e escutei risadas vindo de um dos cômodos. Joguei minha mala em um canto da sala e fui até meu quarto. Notei que o som havia ficado mais alto. Adentrei o quarto e abri um enorme sorriso assim que vi , , e lá.
-AMORES! – berrei, me jogando em cima delas na cama.
-SAI DE CIMA! – todas, principalmente , berraram, me empurrando. Caí em cima do meu tapete felpudo, com os braços em cima da minha barriga, que doía de tanto que eu ria.
Assim que a crise de risos cessou, me sentei e limpei as pequenas lágrimas que rolavam.
-Um segundo, , escuta só! – então todas elas começaram a cantar uma parte da música que tocava e a fazer uma coreografia com os braços.

”Fuck you
(“Foda-se)
Fuck you very, very much
(Foda-se muito, muito mesmo)
Cause we hate what you do
(Porque nós odiamos o que você faz)
and we hate your whole crew
(E odiamos toda a sua corja)
So please don't stay in touch
(Então, por favor, nem mantenha contato)

Fuck you
(Foda-se)
Fuck you very, very much
(Foda-se muito, muito mesmo)
Cause your words don't translate
(Porque suas palavras não condizem)
and it's getting quite late
(E está ficando muito tarde)
So please don't stay in touch.”
(Então, por favor, nem mantenha contato.”)

-O que foi isso? – perguntei em meio a risadas.
-A gente criou enquanto sua mãe não voltava. A propósito, antes que você pense que nós fizemos uma cópia da sua chave, foi sua mãe quem chamou a gente. – se explicou.
-É, eu já sabia que tinha coisa da minha mãe no meio. – eu afirmei.

-Ok, ok. Além do CD novo da Lilly Allen, o que mais aconteceu que eu perdi? – perguntei antes de colocar uma colher de sorvete na boca. Estávamos esparramadas na cama king size da minha mãe.
-Bom, eu briguei com o , mas nós já nos resolvemos. – comentou, dando um sorriso infantil depois.
-Como sempre. – eu, , e acrescentamos, rolando os olhos e rindo em seguida.
-Não é assim, geeente. – riu.
-É SIM! Olha como é. Eu sou você. – imitei um telefone com as mãos. – Tá bom, , se você quer que seja assim, assim será! – fingi que desliguei o telefone. – Ain, eu fui tão grossa com o meu bebê! – “disquei” os números no “telefone”. – DESCULPA, BEBÊ, EU TE AMO! – falei com uma voz chorosa. Nesse ponto todas, inclusive , ríamos.
-É ASSIM MESMO! – todas as outras, menos , falaram.
-Ah, gente... é o meu bebê, fazer o quê... – ela comentou com um sorriso bobo. – E NÃO ME TAQUEM SORVETE, PELO AMOR DE JESUS! – gritou depois de dois segundos.
-Ah... – resmungamos.
-Gente...- começou. Todas murmuramos um “que foi?”. – Eu tenho uma coisa pra contar. – ela falava de um jeito arrastado. nunca foi assim, estava estranhando.
-FALA, LOGO, MULHER! – exclamamos. Ela riu e falou rapidamente:
-EueoJameslevamosparaopróximonível. – depois disso, ela enfiou uma colherada gigante de sorvete na boca. Embora tenha proferido as palavras em tempo record, – juro, ela podia ir para o Guiness. – eu entendi a frase. Fiquei estática por alguns segundos, assim como as outras.
-Conta isso direito. – pediu.
-Bom, ele me chamou para ir a casa dele para ficar conversando, como a gente sempre faz. Então a gente foi pro quarto dele e ficou na cama, falando de tudo. Só que aí começou a rolar um amasso e aí ficou quente, e ah... vocês já sabem no que deu! – ela corou bruscamente e colocou uma almofada na frente do rosto.
-QUE LINDA, NOSSA FÊMEA JÁ É MULHER! – berrou, fazendo todas rirmos.
-SHIIIU! – tirou a almofada do rosto, revelando sua face vermelha feito pimentão.
-Gente... – foi minha vez de falar de um jeito arrastado.
-IIIIIIIIIIIH, TÁ TODO MUNDO DANDO! – exclamou.
-SAI DE MIM, MULHER! – gritei.
-Opa, então eu tô dentro de você? – falou de um jeito sedutor, prendendo a risada.
-Só se for no coração, meu bem. – eu ri.
-Como você ia dizendo, ... – disse.
-Eu queria saber só o que rolou na festa. Pelo ponto de vista de vocês...
-Ah, eu ia falar disso depois... – comentou.
– Bom, quando você saiu da rodinha por causa do Timmy e foi para sabe-se-lá-onde, o sumiu também, mas voltou alguns minutos depois. Todos tentamos te encontrar.
-Menos o , claro. – interrompi para fazer um breve comentário.
-Depois de um tempo chegamos à conclusão de que era melhor te deixar sozinha. – murmurei um “uhum”. – O Timmy ficou com aquela menina lá pelo resto da noite; os casais de sempre ficaram juntos e quem não tinha par, arranjou um por lá. A ficou com um tal de Aaron. – eu ri, pensando no Aaron que eu havia conhecido. – E o ficou com uma menina que tava muito bêbada, quase caindo. – soltou uma gargalhada maléfica depois que falou.
– AAAAAH! E um milagre ocorreu! Meu irmão ficou sozinho na festa! – fêmea levantou os braços para o alto. Gargalhamos, concordando. Era verdade, NUNCA ficava sozinho nas festas.
-Eu tenho uma coisa para falar sobre ele nessa festa... – mordi meu lábio inferior.
-O quê? Que ele tava gato? Isso eu tinha reparado. – abanou o ar com as mãos.
-Verdade, a fantasia caiu bem nele. – comentou.
-GENTE, DEIXA A CONTAR! – protestou. Elas murmuraram um “ok” e eu comecei a falar.
-Foi assim... Eu fui para uma área que tinha umas espreguiçadeiras e sentei numa delas. Então o veio e falou algo como “cadê o namoradinho?”, o que me deixou mais puta ainda. Eu levantei e tentei sair, só que ele me puxou pelo pulso, eu retruquei com alguma coisa e dei as costas pra ele. Daí o veio e pediu ao pé do meu ouvido para eu deixá-lo explicar o que tinha acontecido em Paris. Ele falou que estava muito apaixonado pela e que a queria muito, perguntou se eu já havia me sentido assim alguma vez na vida e, bem, no final da história, eu acabei discutindo com ele novamente. – terminei de contar e dei uma colherada no sorvete.
-Que ba-ba-do. – falou de uma forma lenta, me fazendo soltar uma risada fraca.
-Meu irmão é tão babaca. Nem parece sangue do meu sangue. – afirmou com uma voz de desprezo. - Mas ele é estranho também. Quando a gente chegou em casa da festa, ele tava tão bêbado que ficou se xingando de todos os nomes possíveis. Só não falei isso pra vocês porque achei desnecessário... – ela terminou de falar com uma expressão pensativa.
-Que ele é um babaca, eu já sabia. – comentei com um sorriso, fazendo todas rirem.
-EI, É MEU IRMÃO AINDA, TÁ? – protestou. Bati nela com um travesseiro, fazendo a virar em cima do pote de sorvete. Ela deixou o pote no chão e revidou, me acertando em cheio. Por pouco não fui para o chão.
Começamos a rir e a fazer uma guerra de travesseiros. E no meio de tantas risadas, eu esqueci meus problemas e meus anseios.


Capítulo 27 – Back to the old routine.

Escutei um barulho vindo da minha janela e abri os olhos, rumando até ela com uma cara NADA boa. Quem diabos estaria me acordando às 9 da manhã de um sábado? -Que foi, porra? Vocês desconhecem o uso de aparelhos celulares ou, até mesmo, do telefone? – indaguei às três meninas que se encontravam debaixo da janela.
-Aniversário da , mulher. Põe uma roupa e vamos!
-O sobrenome te diz alguma coisa? – usei minha boa e velha expressão sarcástica e ameacei fechar a janela.
-Abre a porta! – elas berraram. Revirei os olhos e bufei.
-Tá. – resmunguei e me arrastei pelas escadas até chegar na porta. Assim que a abri, me sacudiu pelos ombros durante uns 40 segundos, o suficiente para me deixar irritada.
-FILHA DA... – ia terminar a frase quando escutei a voz grogue da minha mãe se aproximando do topo da escada.
-Que que é isso? – ela amarrava o cinto do robe rapidamente, cruzando os braços em seguida. – Ah, olá, meninas. – minha mãe deu um sorriso e voltou a fechar a cara.
-É aniversário da e elas vieram me chamar para ir lá. – expliquei, sem graça.
-Ok. Se quiser, leve um pedaço do bolo que fiz ontem, está ótimo e sei que ela adora. Só não esqueça de levar as chaves. – murmurei um “ok”. Ela bocejou e voltou para seu quarto, batendo a porta em seguida. Lancei um olhar mortal à .
-Viu, já está acordada. Agora se troca e vamos. – riu enquanto me empurrava na direção da escada.
-O vai estar lá. Não quero cruzar com ele. – murmurei com a voz arrastada.
-Haja como antes, ignore-o. – me encorajou. Suspirei alto.
-O que vocês não pedem rindo que eu não faço chorando? – resmunguei e subi as escadas para trocar de roupa.
Chegando à casa dos , ligou para James, que dormiu lá, e pediu para ele abrir a porta.
-Fala, Jimmy! – disse enquanto passava por ele. Assim que chegamos à sala de estar, avistei a poucos metros de distância, saindo da cozinha. Droga, senti meu estômago revirar. Não ia deixar que ele me atingisse, não mais.
Olhei para o meu lado e vi que todas as meninas me encaravam, como se perguntassem que estava tudo bem. Lancei a elas um sorriso frouxo.
Como disse para eu fazer, ignorei sua presença. Durante a pequena conversa que os dois tiveram com as outras meninas, me mantive em um mundo paralelo.
-? – James estalou os dedos na minha frente.
-Oi. – falei balançando a cabeça ligeiramente, o que fez com que meu olhar, sem querer, encontrasse o de . Desviei o olhar em uma expressão séria e encarei Jimmy.
-Você vai na frente com as meninas.
-Ok, capitão. – bati continência e ri, rumando para as escadas.

-Shiu! – falei para as três meninas atrás de mim, colocando o indicador na frente dos lábios. Abri a porta vagarosamente e corri para a cama, me jogando em cima de uma adormecida.
-PARABÉEEEEENS PRA VOCÊ. – comecei a berrar a música de uma maneira estranha, já que as outras se jogavam em cima de mim.
-EU NÃO QUERO MORRER NO MEU ANIVERSÁRIO! – a voz dela estava abafada, já que eram 4 meninas que estavam a soterrando. Rolei para o lado com um certo esforço, já que a perna de estava nas minhas costas. Direcionei meu olhar para a porta do quarto. e James estavam lá, olhando para nós com sorrisos divertidos no rosto. Fechei o meu na hora e virei o rosto. Levantei da cama e peguei o prato que havia deixado em cima da mesa de cabeceira antes de pular.
-Adivinha o que é isso. – falei de um jeito afetado.
-Bolinho da sua mamãe? – ela perguntou de um jeito infantil, com direito a mãozinhas se batendo igual a uma foca e sorriso de criança. Ri e entreguei para ela.
-Dá licença, cambada. O namorado vai passar. – um James com uma boxer listrada e uma blusa cinza passou por mim e empurrou as outras meninas da cama. Todas repararam o fato dele estar somente de boxer.
-EU NÃO ACREDITO QUE EU SENTEI NESSA CAMA CHEIA DE... DE... “AMOR” DESSES DOIS. – gritou assim que assimilou o fato de que James estava só de cueca pela manhã e na casa da namorada, e que a mãe dela estava na casa do namorado. Escutei a gargalhada de , que foi o que me fez rir mais ainda. [n/a: só quem é Jones pra entender *-*]
-Idiotas. – nos xingou enterrando a cabeça no peito de James.
-Me recuso a ver esse Pay Per View de sexo. – fez uma cara de nojo e brincou, fingindo que ia sair do quarto.
-Faz elas pararem, amor? – fêmea perguntou com uma voz de bebê. – o próprio – riu.
-Agora é a hora do irmão, né? – ele passou por todas nós, que estávamos jogadas no chão, e se ajoelhou na cama, abraçando de um jeito fraternal.
-Tudo de bom pra você. E juízo também! – ele riu.
-Juízo para você também. – falou de um jeito sério, olhando fixamente pra mim. Revirei os olhos. Juízo ele tem que tomar antes de brincar comigo e antes de pegar as “fãs” dele.
Não sei se já comentei, mas o McFly estava ficando até que... famoso pelas redondezas. Com a apresentação no pub, eles ficaram mais conhecidos pelo pessoal do colégio que freqüentava o lugar, e sempre havia as “fãs”. Acho que o já tinha um fã-clube.
Assim que os braços de soltaram as costas dele, pude perceber como elas eram bem definidas, e, quando ele desceu da cama, olhei de um jeito malicioso para as “entradas” na barriga dele. Creio que não disfarcei muito bem, já que beliscou meu braço. Esfreguei a região e agradeci a ela em um murmúrio. Sim, agradeci. Eu não podia ficar olhando para algo que eu não podia ter. Algo que eu não podia querer ter. Sem contar que de nada adiantava ter o corpo maravilhoso e ter a personalidade que tinha, logo, mais um motivo para eu não olhar.

-A gente podia sair pra beber! – James exclamou enquanto ficava em uma posição ereta no sofá. Estávamos na sala dos . , James e estavam um dos sofás; eu, e , no outro; , , e estavam sentados no chão.
-Só você pode comprar bebida legalmente aqui, Jimmy. – disse, não fazendo menção de levantar a cabeça, que estava jogada para trás.
-Ah... é verdade. – ele murmurou jogando a cabeça para trás.
-A não ser que... – falei de forma pensativa, levando a mão ao queixo.
-A não ser que o quê? – todos questionaram.
-O nosso Jimmyzinho querido podia comprar e trazer pra cá. – sorri parecendo uma criança.
-Ok, ok. – ele falou, contrariado. - Se é para melhorar o dia da minha fofinha, eu vou. – James sorriu e deu um selinho em , que sorriu de forma boba.
-É, então vai lá antes que os amigos da sua fofinha entrem em coma por tédio. – me levantei e o puxei pela mão, empurrando-o em direção à porta depois.
-Só uma coisa, dinheiro. – ele se virou rapidamente e nos encarou. Todos nos entreolhamos.
-Ok, eu tenho 10 libras. – falei enquanto pegava o dinheiro no bolso da calça.
-5.
-10.
-9.
-15.
-5.
-6 e uns quebrados. – jogou as moedas em cima do montinho de notas que estávamos fazendo no chão.
-10.
-2. – todos encaramos o . – QUE FOI? Eu posso comprar umas 20 balas com duas libras, tá? – ele argumentou. Ignoramos e esperamos falar.
-0. – foi a vez dele de ser encarado. – Desculpa, na próxima eu pago. É porque eu saí com muitas meninas nas férias, né... Daí paga sorvetinho aqui, sorvetinho ali, vai tudo pelos ares. – justificou fazendo os meninos soltarem um “Tudo bem, então...”. Nós, meninas, reviramos os olhos ao mesmo tempo.
-Eu vou lá. Mas seria bom ter alguém para me ajudar a trazer as coisas, né?
-Vou contigo. Tô com tédio mesmo... – falei dando de ombros. Ele foi até a porta e a abriu, me deixando passar e a fechando atrás de si depois de passar por ela.
Uma grossa chuva começou assim que demos 6 passos da porta, então decidimos ir com o carro dele.
-Eu sabia que ia chover. – ele disse fazendo uma dancinha estranha enquanto entrávamos no carro.
-Fez aposta? – ri colocando o cinto de segurança.
-Não, mas eu gosto de chuva. – Bourne disse com um sorriso contagiante.
-Eu também. Mas quando eu estou no meu quarto. – fiz uma careta.
-Ah, deixa de frescura. Eu amo chuva. Um dia eu estava com a no Hyde Park e começou a chover. Eu dizia à ela como era bom sentir a roupa ficar molhada. Ela dizia que eu era doido, que o máximo que isso ia trazer, era um resfriado. Então, eu joguei o guarda-chuva contra o vento forte que fazia. Você devia ter visto o rosto dela. – James gargalhou. – Bom, depois disso, ela começou a me estapear dizendo que eu tinha estragado a chapinha dela, que ela ia ficar horrível, e tudo o que eu fiz foi segurar os punhos dela e rir, até que ela desistisse. Assim que ela cansou de lutar, eu falei que nem se ela raspasse a cabeça ela iria ficar feia. Depois disso ela abriu um sorriso lindo que me fez tomar coragem para pedi-la em namoro. – emiti um som parecido com “awn” e ele riu, constrangido.
-Você gosta bastante dela, né?
-Amo. Você não tem idéia de como eu a amo. – Jimmy disse.
-Ela me contou o que vocês fizeram esses dias... – ele deu uma desviada, quase batendo o carro. Não pude evitar que uma risada saísse. – Eu só queria que você ficasse ciente de que se algum dia eu escutar alguma piadinha de mau gosto que tenha saído da sua boca, e que seja a respeito desse fato, sua vida virará um inferno. – dei um sorriso falso.
-O-ok. - gaguejou.
-Mas você é o Jimmy e não vai fazer isso, né? – indaguei, sorrindo feito uma maníaca.
-Claro que não vou fazer. - James desviou o olhar da rua e me encarou, com uma expressão de medo. - Você veio comigo só pra me amedrontar ou é impressão?
-Também... – dei de ombros. – Chegamos. – cantarolei assim que avistei o paraíso do álcool do outro lado da rua.

-Onde está a Absolut de baunilha? – murmurei pra mim mesma, cansada de passar os olhos por aquelas prateleiras. Meus olhos pararam na garrafa de cor verde-fluorescente, e brilharam. –Jiiiimy. – cantei. Ele apareceu com uma cesta com três engradados de Corona e uns sucos em pó.
-Que foi? – James chegou perto de mim.
-Olha pra isso. Lindo, não é? – comentei com um sorriso abobado.
-Não, , a gente não tem dinheiro pra comprar absinto. Realiza, menina! – ele exclamou. Soltei um suspiro de frustração.
-Você acaba com os meus sonhos, sabia? – resmunguei voltando a procurar a tal Absolut de baunilha que o tanto falava. –Achei! – gritei. James, por pouco, não deixou o engradado cair. Peguei a garrafa e fiz uma dancinha da vitória.
-Acho melhor a gente levar uma sem sabor também. - concordei com a cabeça e peguei uma Absolut “neutra”. -Ah! Os caras ‘tavam me falando da Bohemia Royal Ale. Vou levar uma garrafa pra experimentar.
-A gente não tem dinheiro pra isso. – afirmei olhando para a cesta e para minhas mãos.
-Eu tenho cartão de crédito. Viva aos pais liberais!
-Ok, riquinho. – brinquei.

À medida que nos aproximávamos da casa dos , o barulho ia ficando cada vez mais intenso. Abrimos a porta e nos deparamos com 8 jovens entrelaçados. Muitas discussões rolavam ao mesmo tempo, mas a que me chamou mais atenção, foi a de e .
-TIRA A BUNDA DA MINHA CARA! – gritava para .
-NÃO DÁ. NÃO TÁ VENDO, SUA CEGA? – ele retrucou.
-ESTARIA, SE A SUA BUNDA GORDA NÃO ESTIVESSE TAPANDO MINHA VISÃO. - comecei a rir ao ver a cara de indignado que fez.
Permanecemos alguns segundos na porta olhando aquelas 8 pessoas se enrolarem mais ainda no Twister. Até que falou:
-Cansei da brincadeira. – ele pegou uma das sacolas da minha mão e foi para cozinha. Ao que as pessoas notaram a minha presença e a de James, eles se desgrudaram e nos seguiram até a cozinha.
-Vocês compraram a Absolut de baunilha, né? – os olhos de brilhavam.
-Compramos a sua bendita vodka, . – James revirou os olhos e entregou a garrafa ao , que a agarrou e começou a beijá-la.
-Foi trocada, . – brinquei enquanto tirava uma das Coronas do engradado e a abria. Já falei que eu estava ganhando experiência em abrir garrafas de cerveja?

-Ok, garotada. O que faremos? – perguntou depois que havíamos consumido todas as cervejas, – devo comentar que o James viciou na tal cerveja que os meninos tinham falado pra ele. - metade da garrafa de Absolut “neutra” e todos os saquinhos de suco em pó – os dois últimos para fazer drinks.
-Eu voto por voltar a jogar Twister. – opinou.
-Dois votos. – disse rapidamente. me encarou e eu desviei meu olhar.
-Três.
-Quatro.
-Cin...
-Ok, Twister então. - interrompeu . – Mas quem cair vai ter que tomar uma dose bem servida!
Colocamos “Just Dance” para tocar enquanto decidíamos quem seriam os primeiros a jogar, já que éramos 10. O primeiro grupo ficou: , , , James e . O segundo ficou: eu, , , e... .
Nos divertimos vendo-os jogar. e foram as primeiras a caírem. não durou muito também. e James ficaram mais um tempo lá, mas logo desistiu, o que fez James fazer a dancinha do Carlton. [n/a: um maluco no pedaço *-*]

-, mão esquerda no amarelo. - Estendi minha mão até tocar a bendita bolinha amarela. Que lindo, eu estava praticamente na posição do caranguejo.
-, pé direito no azul. – James anunciou.
-O-oh. – escutei rir. E num piscar de olhos adivinha quem estava quase em cima de mim? É, e eu ainda me espanto com o meu anjo da guarda...
Sentia a respiração de bater suavemente em meu rosto. Mirei seus olhos por um instante só para lembrar de como era a sensação de tê-los tão perto, mas logo os desviei, assim como ele. Mordi meu lábio inferior e tratei de olhar só para a porta antes que eu fizesse alguma besteira.
-, pé esquerdo no azul. – movi meu pé para bolinha em cima da que estava ocupada pelo pé de . Meus braços tremiam e eu sentia que podia cair a qualquer momento. Talvez fosse efeito do álcool. Se bem que eu não havia bebido tanto. Por que eu nunca mais fui à academia? Boa pergunta.
-, mão direita no vermelho. – MARAVILHOSO! AGORA A CABEÇA DELE TAVA APOIADA NA MINHA BARRIGA. Enquanto as outras 3 pessoas se entrelaçavam mais, eu fechei meus olhos, tentando controlar os arrepios que subiam constantemente, já que a minha blusa havia subido e eu sentia a respiração quente dele próximo à minha cintura.
-, pé direito no amarelo. – movi meu pé para uma bolinha amarela e suspirei, aliviada por não ter mais o rosto de tão próximo a mim.
-, pé direito no amarelo. – novamente, ele estava MUITO próximo a mim. Fechei meus olhos, pensando em montanhas.
-, mão direita no vermelho. – ok, eu iria conseguir. Fiz o movimento e tornei a fechar os olhos.
Abri meus olhos ao constatar que eu estava no chão. Foi tão rápido que eu nem havia sentido.
estava em cima de mim, mais precisamente com as pernas entrelaçadas nas minhas e com a cabeça em cima do meu tórax, para não dizer seios. Escutava risadas altas.
Assim que recobrei a consciência, o fitei por alguns segundos e depois pigarreei.
-Será que dá pra você sair de cima de mim, ? - perguntei, mal humorada. - Ou ‘tá gostando da posição? – arqueei minha sobrancelha com um sorriso convencido.
-Hã? – ele levantou a cabeça para me olhar. desviou o olhar do meu rosto para meu “tórax” e balançou a cabeça enquanto eu permanecia com a mesma expressão. –Erm, maus. – ele murmurou levantando.
-Tanto faz. – dei de ombros e me levantei. Fui até , que estava como a juíza.
-Grossa. – escutei resmungar ao passar por mim, indo em direção ao sofá.
-Você merece, meu bem. - retruquei e dei um sorriso falso. – Mas, hein, ... Eu volto pra minha posição, né?
-Não, você caiu, . – ela respondeu.
-Mas foi seu irmão que me derrubou! – protestei.
-Regras são regras. – James falou com uma voz ligeiramente alterada.
-Bêbados. – revirei os olhos. – E obrigada, . – dei mais um sorriso falso e fui para a cozinha.
-Por nada! – ele berrou da sala.
-Idiota. – resmunguei para mim mesma enquanto cortava um pedaço de limão para colocar na boca de uma garrafa de Corona que estava perdida dentro de uma das sacolas. Fico tão feliz quando acho as coisas por acaso.
Voltei à sala com a garrafa em mãos e me sentei ao lado de , no sofá. Eu estava ficando entediada com aquele jogo. Só é divertido quando você tá jogando, fato. Fui até a lareira, onde estava caixa de som a qual o iPod estava plugado, e parei a música. Todos protestaram.
-Sabe o que a gente devia fazer? – perguntei de forma arrastada.
-O quê? – os outros falaram em coro.
-Sair por aí, como a gente sempre faz.
-A GENTE PODIA IR AO SOHO! – deu a idéia. saiu do tapete do twister, foi até e fez um Hi-five.
-De jeito nenhum! Da última vez que eu fui, eu passei em frente a uma boate gay e quase fui assediada! – gritou, inconformada. – Por uma MULHER! – ela deu ênfase na última palavra.
-A gente não vai a nenhuma boate, amor. – a confortou. – Podemos ficar na Golden Square. – opinou.
-Por mim, Golden Square ‘tá ótimo. – sorri amigavelmente. Os outros sorriram de igual forma. Nos trocamos e fomos ao metrô. Seria uma longa, porém divertida, noite.


Capítulo 28 – The best things are free, for sure.

Saímos da do metrô e subimos a escadaria da estação até atingirmos o frio que anunciava que o inverno estava por vir.
Nunca havia ido ao Soho, mas, por estar com 5 meninos, eu não me preocupava. Tanto.
Estávamos caminhando lentamente em direção a lugar nenhum pelas largas calçadas da Totteham Court e seguimos até a esquina da Oxford com a Soho.
Três sujeitos altos caminhavam na direção oposta à nossa e eu senti todos os meus músculos se enrijecerem. Eu não era corajosa, fato.
Assim que eles passaram, soltei minha respiração e a mão que eu havia segurado no momento de tensão, a de . Ótimo.
Passei minha mão na minha perna, como se a limpasse.
Chegamos à tal praça que havia falado. Eu estava realmente com medo. Era escura, e algumas vezes eu escutava os galhos das árvores se mexendo.
-Não tá com medo, né, ? – implicou comigo e eu o ignorei. De fato, eu não queria admitir que eu estava, sim, com medo. E muito.
-Pára, . – me defendeu. – Toma aqui um Marlboro Black. – ele estendeu um cigarro já aceso para mim e eu peguei. Dei uma leve tragada e cruzei minhas pernas por cima daquele desconfortável banco de madeiras onde estávamos os 10 encaixados. Relaxei um pouco, mas eu ainda estava alerta.
James tirou da bolsa de uma garrafa de Whisky, o que fez com que todos dessem uma salva de palmas.
-Eu só espero que a gente acabe com isso, porque eu não vou agüentar o peso dessa garrafa! – fêmea exclamou.
Um grupo de adolescentes mal-encarados entrou na praça e ficou no lado oposto ao nosso. Todos percebemos isso, mas fingimos que não estávamos notando. Ok, eu não conseguia fingir. Estava tensa até o último fio de cabelo.
-Gente... – sussurrei. Ninguém me escutou. – Gente... – falei de um jeito baixo, porém mais alto que um sussurro.
-O que foi, ? – perguntou.
-Eu acho bom a gente sair daqui. – afirmei indicando gentilmente o outro lado da praça com a cabeça.
-Ah, nem dá nada! – falou de um jeito convencido e depois olhou para o outro grupo. – Ok, eu concordo com a . – ele disse amedrontado. Todos olhamos e notamos que o grupo vinha na nossa direção.
Saímos do banco, tentando disfarçar e saímos da praça em passos largos.
-Olha discretamente pra trás, James. – pediu. Todos acompanhamos James dar uma discreta olhada.
-Fodeu! – ele falou com os olhos arregalados. O resto de nós olhou. Notamos que um dos meninos tinha um canivete e não tinha medo de o mostrar.
-Cooorre! – gritou. Disparamos na direção da esquina e entramos num pub que ainda estava aberto, porém quase vazio.
Sentamos em uma mesa, com os rostos corados e as respirações aceleradas. Estávamos chocados demais para falar alguma coisa. Vi que a mão de James tremia, já que o líquido que estava dentro da garrafa que ele segurava estava criando ondas.
começou a rir e o encaramos.
-Caralho, que insano isso! – ele continuava a gargalhar.
-É, não dá nada, não, . – retruquei em tom de desdém, e depois comecei a rir. A onda de adrenalina fazia com que eu não parasse de rir e sentisse minha barriga doer. Todas as poucas pessoas que estavam no pub olharam para nós, 10 jovens gargalhando e tremendo.
-Onde você estava com a cabeça quando veio pra cá, ? – perguntei quando a crise de risos cessou.
-Eu nunca vim aqui, na verdade. – ele confessou e deu uma risada.
-Já que estamos aqui, vamos aproveitar e curtir! – falou com um sorriso infantil. A banda que tocava fazia um cover da Amy Winehouse. (música)

“All I can ever be to you,
(“Tudo que posso ser pra você)
is a darkness that we knew
(é um erro, nós sabemos)
And this regret I got accustomed to
(E a esse arrependimento eu tive que me acostumar)
Once it was so right
(Uma vez eu estava tão certa)
When we were at our high,
(Quando a gente estava alto)
Waiting for you in the hotel at night
(Esperando por você no hotel de noite)
I knew I hadn´t met my match
(Eu sei que não tinha meu par ideal)
But every moment we could snatch
(Mas a gente se via sempre que podia)
I don't know why I got so attached
(Não sei porque me apeguei tanto)
It's my responsibility,
(A responsabilidade é minha)
and You don't owe nothing to me
(Você não me deve nada)
But to walk away I have no capacity”
(Mas não sou capaz de ir embora”)

Levantamos e ficamos fazendo algumas coreografias toscas para a música, provocando boas risadas nas pessoas próximas a nós. De certa forma, me identifiquei um pouco. É, eu sempre dou um jeito de achar uma trilha sonora.
Os atendentes vieram reclamar e nós sentamos. Creio que eles perceberam que nós não havíamos feito pedido algum desde que entramos lá.

”I don't understand
(“Não consigo entender)
Why do I stress a man,
(Por que eu me estresso com um homem)
When there's so many better things at hand
(Quando existem tantas coisas melhores ao alcance)
We could have never had it all
(Nunca deveríamos ter tido nada)
We had to hit a wall
(Tínhamos que ter deixado pra lá)
So this is inevitable withdrawl
(então isso é uma retirada inevitável) even if I stopped wating you,
(Mesmo se eu parar de te querer)
A perspective pushes through
(Uma perspectiva acaba)
I'll be some next man's other woman soon”
(Serei a outra próxima mulher de um cara em breve.”)

(p.s. – não sei se essa tradução tá certa, mas só achei essa, então...)

A vocalista parecia que estava morrendo ao cantar. Talvez ela estivesse embriagada. Nada mais cover da Amy do que cantar bêbada. [n/a: nada contra a Amy, amo as músicas dela *-*].
-Bom, já que não podemos fazer coreografias em pé, fazemos sentados... – , a peste, sugeriu. Começamos a levantar os braços e movimentá-los sincronizadamente de um lado para o outro.
Um outro atendente se aproximou e nos “convidou a se retirar”. Olhamos para trás e vimos um casal protestar, falando que nós não estávamos fazendo nada demais. Estávamos prestes a sorrir de forma vitoriosa quando o atendente insistiu que nos retirássemos. Demos de ombro e passamos por ele com caras nada boas. , que estava na minha frente, ao passar por ele, estufou o peito. Não contive uma risada e olhou para mim.
-Que é? – perguntei, fechando meu sorriso.
-Garota doida... – ele resmungou em um tom baixo tornando a olhar para frente.

Fomos até a Golden Square, que era mais “habitada” do que a Soho Square. Sentamos próximo à estátua e começamos a falar de assuntos variados, desde a faculdade que os meninos iriam entrar, até o que faríamos se outros pivetes aparecessem.
, e estavam sentadas nos colos de seus respectivos namorados e passaram a falar menos, se é que me entendem. Já eu, , e ficamos sem o que falar, logo, bebíamos e fumávamos para passar o tempo. Vez ou outra eu me intrometia no assunto de e – embora eu falasse olhando para o fixamente-, e vice-versa.
Eu queria ser como a , ela nunca se abalava com o que quer que dissesse, e tinha esquecido dele. Ou pelo menos aparentava. E era isso que eu mais invejava.
-Vocês deviam ter trazido o violão. – comentei enquanto observava as cinzas do meu cigarro caírem e sujarem o chão.
-Eu sabia que tinha esquecido de alguma coisa! – murmurou para ele mesmo.
-Mas imagina você correndo com o violão pendurado nas costas. – , que tinha dado um tempo nos amassos, gargalhou. Imaginei a cena e comecei a rir descontroladamente. O mesmo aconteceu com os outros.
-A gente podia cantar, já que falta o violão... – sugeriu.
-Close your eyes and I’ll kiss you... - cantou no ouvido dela, que ficou constrangida e sorriu abobalhada.
-QUE BREGA! – , , e eu gritamos.
-Recalcados. – os casais retrucaram rindo.
Olhei para e comecei:
-I don't need love... - sorriu e continuou comigo.
-For what good will love do me? Diamonds never lie to me. For when love's gone, they'll luster on. – nos levantamos do banco e começamos a rodopiar ao mesmo tempo em que cantávamos.
-Diamonds are forever, Sparkling round my little finger. Unlike men, the diamonds linger... – fomos interrompidas por um gemido de .
-TACARAM UM CABIDE EM MIM! – ele gritou aterrorizado. Todos rimos e procuramos quem teria atirado. Localizamos uma janela que estava aberta e com a luz acesa. E já que era a única, deduzimos que fosse de lá que o cabide veio.
- Men are mere mortals who are not worth going to your grave for! – gritei/cantei olhando para a janela. Uma senhora apareceu com uma expressão mal humorada e fechou a janela. –Essas pessoas não sabem apreciar o talento alheio! – berrei novamente em direção à janela e ri.
-Alguém esqueceu de dar o remédio dela hoje, né? – “sussurrou” para , que ria. Estirei a língua para ele e sentei no meu antigo lugar.
-Ainda tem cigarro? – perguntei depois alguns segundos em silêncio. , que se agarrava com , me estendeu a caixa sem deixar de fazer o que estava fazendo. Peguei um cigarro e roubei o de para acender o meu.
Sentir aquela fumaça invadir minha garganta. Era estranho, mas... bom. Olhei fazendo anéis com a fumaça e tentei fazer, mas não deu certo e eu acabei tossindo. Ele olhou para mim e riu. Desviei o olhar e virei meu rosto, numa tentativa de impedi-lo de ver que eu ainda tentava.
Fracassei por várias vezes e tudo o que eu consegui foi tossir e/ou engolir a fumaça, sem soltá-la. Quando o cigarro foi completamente consumido pelo fogo, joguei a piteira no chão e pisei nela.
Abri a caixa do L.A. de cereja e tentei acender sozinha, mas não consegui porque o fogo incomodava meus olhos. Estava prestes a desistir quando se sentou ao meu lado, pegou o cigarro de meus lábios sem dizer nada, e o acendeu.
-Brigada. – murmurei friamente, pegando meu cigarro de volta. Voltei a tentar fazer os anéis de fumaça.
Algumas tentativas a mais, e nada. Soltei um suspiro frustrado e comecei a tragar normalmente.
-Você tá fazendo errado... – ele comentou. Mirei seu rosto, que estava iluminada pela fraca luz branca do poste, e fiz uma expressão sarcástica.
-Não me diga! – voltei a encarar o arbusto à minha frente, que subitamente pareceu muito mais interessante que qualquer outra coisa. ignorou meu comentário e falou enquanto eu tragava.
-Tem que mover o queixo pra dar a forma.
-Uhum. – murmurei, fingindo desinteresse. O fitei com o canto dos olhos e vi que ele não me olhava mais. Fiz o que ele disse e consegui na segunda tentativa. Escutei-o rir.
-Eu disse. – ele se vangloriou. O encarei com uma expressão tediosa.
-Quer palmas? – ironizei.
-Suas não, obrigado. – fechou o sorriso e voltou a fumar em silêncio. Sorri vitoriosa e voltei a fazer os anéis. Era divertido, admito.

-Tô cansado daqui... – comentou após um suspiro cansado.
-Vamos rodar sem rumo, então? – indagou. concordou.
-Quem está conosco? – perguntou.
-Ah, que se dane. - murmurou para si mesma. – Eu. – ela falou sem emoção para ele.
-Eu. – levantei o braço.
-Nós. – os outros 6 disseram. Levantei e os outros fizeram o mesmo. Começamos a caminhar na direção de lugar nenhum.

-DE JEITO NENHUM! NÃO ENTRO AÍ! – protestei à porta daquela... loja.
-Ah, , deixa de frescura. – disse.
-Frescura nada! – continuei protestando. - Vocês são pervertidos. – adicionei ao meu protesto.
-Então tá. Fica aí sozinha. – SOZINHA? ÀS 5 DA MANHÃ? E NO SOHO?
-Ok, eu vou. – me dei por vencida. Ela deu um sorriso vitorioso e entrou comigo em seu encalço naquela loja asquerosa. Não me chame de puritana!
-Por que nós estamos aqui mesmo? – indaguei a mim mesma. , que estava ao meu lado, respondeu:
-Porque vocês são 4 foguentos que quiseram sair de lá.
-O que é o foguento da história, não se esqueça. – observei. Ela riu e me empurrou na direção de uma prateleira lotada de vibradores. Um deles começou a se mexer na minha frente e eu não pude evitar um grito de sair.
Todos começaram a rir, inclusive a vendedora tatuada.
Deus, como isso era constrangedor!
e James entraram na sessão de lingerie, enquanto e foram para os vídeos. Permaneci encostada à parede, sem mexer em nada. Os outros se divertiam lendo o que cada coisa fazia. Eu os observava e cheguei à conclusão de que a comparação mais aproximada seria que eles estavam como crianças em loja de brinquedos. E, de fato, essa era uma loja de brinquedos.
-! – me chamou. – SEGURA! - Desviei meu olhar do piso preto e branco, e tudo o que eu pude ver foi algo de borracha vindo na minha direção e me acertando no peito.
-VOCÊ É LOUCA? – berrei, assustada. Todos gargalhavam. A vendedora até havia se apoiado no balcão de tanto que ria. Olhei para o chão e vi aquela coisa rosa imensa se debatendo contra o azulejo. Sério, o tamanho daquilo era surreal.
Peguei com uma expressão séria e procurei o botão que desligava. Assim que o encontrei, apontei para com “aquilo” e falei:
-Tá pensando em comprar um novo? Acho que esse é menor do que o que você tem, meu amor. – dei um sorriso sarcástico e me aproximei dela. Deixei em sua mão e saí da loja em passos firmes. Coloquei as mãos nos bolsos do casaco e resmunguei para mim mesma:
-Idiotas. Tomara que eu seja seqüestrada aqui fora. – peguei o último cigarro do meu bolso e acendi. Acho que estava ficando viciada naquilo. Fiquei observando a fumaça do cigarro perambular pelo ar até que todos saíssem da loja. Notei que possuía uma sacola em mãos e dei uma risadinha.
-Vamos, pureza em pessoa. – me zoou. Lancei um olhar de poucos amigos a ela e fiz o caminho até a casa de em silêncio. Às vezes eu opinava em algumas coisas, mas eu não estava com um espírito “tagarela”.
Assim que cheguei em casa, me preparei para voltar à antiga rotina “depressão no domingo-suicídio na segunda”.

Capítulo 29 – Nights go on and on

Sabe quando você tem vontade de jogar o despertador como um daqueles lançadores de futebol americano? Então, eu queria fazer isso.
Primeiro dia de aula da semana era sempre uma droga. SEMPRE. Não estava disposta a ver os professores, a entregar os trabalhos, e nem copiar a abundante quantidade de matéria que nós teríamos pela frente.
1 mês havia passado desde o dia que fomos ao Soho. Hoje eu dou boas risadas da nossa correria da gangue, mas no dia foi tenso.
É, sinto que o ano tá seguindo na velocidade-luz e ninguém tá se dando conta disso...
Levantei da cama, relutante, e fiz minha higiene pessoal. Depois, vesti meu uniforme e me arrastei até a cozinha.
-Bom dia, filha. – minha mãe colocou um prato com duas torradas e um copo de achocolatado na minha frente.
-Dia, mãe. – peguei uma das torradas e a comi em silêncio. Deixei a outra de lado, consumindo o achocolatado. Levantei-me, sem pressa, e fui até o banheiro para escovar os dentes.
Embora eu estivesse quase atrasada, eu não me apressaria. Seria bom chegar atrasada, 45 minutos a menos! Comecei a considerar a idéia de chegar atrasada, mas lembrei-me de que a primeira aula era física. Passei a correr pela casa escovando os dentes e abotoando minha blusa.

O sinal havia acabado de bater quando eu, na minha pressa, trombei com alguém que também estava correndo.
-Desculpa! – gritei, voltando a correr para minha sala.
Avistei a porta semi aberta e murmurei um “o-oh” para mim mesma.
-Licença, professor. – entrei rapidamente na sala e me dirigi à carteira vazia ao lado de , que vestia o casaco do . A olhei questionadora. Ela tentou disfarçar um sorriso e balbuciou um “o quê?” .
-, você já chega atrasada e ainda fica conversando? Venha aqui pra frente, anda! - rolei os olhos e me arrastei até a cadeira que ele apontava.

Copiava a matéria que estava escrita no quadro negro. Era a última aula do dia e eu estava doida para ir pra casa.
-Galerinha, como o Josh descobriu isso, eu não sei. Mas o que ele falou está certo, o que dá vem na frente.- após rir da piada do aluno, e (tentar) fazer graça dela, o professor continuou.
-Bom dia, turma! – apareceu o inspetor com uma fantasia de Clave de Sol. Desde ontem tem acontecido o que chamamos de “Correio Musical”.
De fato não é nada demais, você só manda a letra de uma música pra alguém que você gosta, ou odeia, tanto faz. Mas era engraçado ver o inspetor naquela fantasia ridícula.
Eu nunca recebo nada, mas sempre mando para o professor de espanhol a música “YMCA”, porque eu tenho certeza de que ele tem um caso com o professor Oxford, mas nenhum dos dois quer se assumir.
Então aquele ser saltitante veio até a minha mesa, deixando um bilhete pra mim. Estranhei, já que a letra não era de nenhuma música famosa.
Li o bilhete enquanto a Clave de Sol terminava de dar aos outros.

“I took a little time
(“Eu levei um pouco de tempo)
Scripting all the things that I tell you
(Decifrando todas as coisas que eu te falo)
I'll send them through the mail
(Eu vou te enviar por correio)
And if all goes well
(E se tudo der certo)
It'll be a day or two
(Será um dia ou dois)

I spent some extra nights
(Eu passei algumas noite extras)
Trying to forget the things that I've shown you
(Tentando esquecer algumas coisas que te mostrei)
By now the smoke is cleared
(Por hora a fumaça está clara)
And all along I feared
(E por todo tempo eu temi)
It would turn out this way
(Que isso ficasse desse jeito)

Though it might be wrong
(Embora estivesse errado)
My light is always on.”
(As luzes estão sempre acesas.”)

Olhei fixamente pro papel, me perguntando se isso seria outra brincadeira de mau gosto, já que no remetente estava escrito “Anônimo”.
Só despertei dos pensamentos quando a Clave saltitante saiu da sala, batendo a porta.
Mirei , ela não havia recebido, mas também não demonstrava nenhum tipo de frustração. Depois direcionei meu olhar a , que havia recebido um, mas não pude ver a letra, ainda. E, em seguida, virei-me para , notando que também havia recebido um.
Assim que o sinal bateu, saímos de sala, rumo aos portões do colégio.
Perguntei de quem elas haviam recebido.
-O meu foi do , a música é aquela que você até ajudou a terminar um tempo atrás, .- todas fizemos um coro de “awn”.- E você, ? – ela exibia um sorriso imenso e os olhos cheios de lágrimas.
-Eu recebi “Your song”, do Elton John. – novamente, fizemos o coro.
-? – fêmea havia chegado há poucos instantes.
-“Wonderwall – Oasis” – pela terceira vez, fizemos o “awn” em coro. Então os meninos chegaram. Notei que possuía um em mãos. Me perguntei se era o que eu havia mandado ou o de alguma outra menina que havia o feito também.
Assim que os casais se juntaram, fiquei encarando meus pés, já que já havia ido, alegando não estar bem. Eu sabia que ela estava decepcionada por não ter mandado nenhum para ela, mesmo que eles AINDA não estivessem ficando.
-Gente, erm, ‘tô indo. – falei constrangida. Não sendo respondida, me virei e segui para o portão, então senti alguém me puxar.
-Que foi? – disse em tom de descaso ao ver quem havia me puxado.
-Por que me mandou aquela música? – me perguntou.
-Essa é uma pergunta que eu deveria te fazer.
-Porque eu quis, oras. – ele arqueou uma sobrancelha e cruzou os braços.
-Porque eu quis, oras. – o imitei.
-A sua diz a verdade?
-Não, só mandei porque eu gosto dela, sabe? – falei ironicamente. – E a sua?
-Não, só mandei porque eu gosto dela, sabe? – ele fez uma voz fina, como se estivesse me imitando.
-Ou você mente muito, ou você é muito confuso.
-Por que diz isso?
-Sabe o que eu acho? Que no final das contas você gosta de sofrer e fazer os outros sofrerem também. , você é um babaca. –ignorei a pergunta dele.
-Eu sou um babaca, ? Sou um babaca por tentar me redimir uma vez na minha vida? – ele indagou, gesticulando.
-Você é um babaca por sempre fazer as coisas do jeito errado. Quer saber, cansei. – novamente me virei, agora conseguindo passar pelo portão do colégio, que já se encontrava vazio, a não ser por nós dois e os casais, que pareciam nem ligar para nossa presença ali.
-Você quis dizer sempre fazer as coisas do jeito errado e você sempre se derreter, né? – Ele gritou.
-Eu? Me derreter? – passei bruscamente pelo portão, indo na direção dele. – Nunca! – então os casais se tocaram do que estava acontecendo.
-Foi isso que aconteceu em Paris, não foi? – comentou com um sorriso torto. Idiota, idiota, idiota! Fiz menção de levantar minha mão e refrescar a memória dele, mas eu levaria uma advertência, já que ainda estava em território escolar.
-‘Tá vendo o que eu digo? Há 3 minutos você estava falando que tava tentando se desculpar e agora já está implicando comigo. , definitivamente, você é um babaca! – saí, pisando forte, e, dessa vez, não recebendo nada como resposta.

Cheguei em casa bufando. Chutei o ar, tirando, assim, os sapatos. Joguei-me em minha cama e comecei a bater nela, berrando ao máximo.
Assim que meu fôlego acabou e eu pensei que meu cérebro estava sem oxigênio, eu parei de gritar e comecei a respirar fundo, sentindo meu coração disparar.
Ok, eu havia brincado com fogo, eu deveria saber que de um jeito ou de outro eu acabaria me queimando.
Lágrimas vieram aos meus olhos e eu comecei a chorar, sem nem saber direito por quê. Essa seria a última vez que eu choraria por influência dele. E essa seria uma promessa que eu cumpriria.

xxxxx

Estávamos a duas semanas do baile de formatura, e nós só iríamos a ele por amizade aos meninos. Por unanimidade, o McFly, que havia acabado de assinar contrato com uma gravadora, tocaria algumas músicas na festa.
Os meninos estavam super animados em relação ao contrato. Assim que acabarem o ano letivo, eles gravarão o primeiro álbum. Não tenho dúvida alguma de que eles estarão famosos em menos de 1 ano.
Só espero que não esqueçam de onde vieram e se tornem aqueles artistas mesquinhos que pouco se fodem pro fãs, que só querem o lucro. Já falei isso pra eles.
Tirando isso, nesses últimos 2 meses nada mudou muito. Bom, e começaram a ficar depois de quase 1 mês de enrolação; os casais continuam na mesma – embora e briguem quase sempre -; e eu e estamos naquela de só falar o necessário, o que eu acho que é o ideal para a paz mundial.
Quanto ao pessoal da vila, Tim eventualmente fala comigo pelo facebook; Anne e Nick se separaram; e Came e Martha estão juntos ainda.
Tenho pensado muito ultimamente em como eu estaria se tivesse mantido um relacionamento à distância com Timmy. Mas sempre que esse pensamento aparece, eu trato de espantá-lo. Não gosto de ficar pensando “E se...”, me deixa pra baixo e eu me dou conta de que só faço besteira nessa vida.
Voltando à realidade, eu estava no meu quarto, apreciando Kit-Kat’s e vendo TV. “Skins” distorce um pouco nossa realidade, parece que tudo o que nós fazemos é se drogar, beber e ter relações sexuais. E, de fato, não é assim que as coisas são. Talvez para e sua gangue, as coisas funcionem assim, mas para a “minha” gangue não.
Ok, nós bebemos? Sim. Nós fumamos? Sim. Mas relação sexual é algo que não faz parte do meu cotidiano. Talvez do de e James, mas do meu, não.
Cansei se olhar para a cara da principal e troquei de canal, parando em algum canal de filme.

Quando, finalmente, eu havia entendido a história do filme, meu celular tocou.
-Fala, broto! – conseguia ser tão brega quando queria.
-Olá, Ms. . – arranjei esse apelido recentemente em uma das nossas reuniões.
-HÁ-HÁ! – ela detestava que eu a chamasse assim.
-Então, bitch, qual o propósito da ligação? – perguntei sem rodeios, colocando o resto de um dos últimos Kit-Kat’s na boca.
-Queremos que você venha ao shopping conosco.
-Para...? - suspirei cansada. Ir ao shopping estava fora dos meus planos. Estava chovendo mais forte do que o normal.
-Comprar os vestidos para o baile, oras! – ela falou como se fosse óbvio.
-Ah, claro. – bati a palma da minha mão na testa. – Tinha esquecido disso.
-Então, vamos? – perguntei.
-Vamos. Vou colocar uma roupa. Nos encontramos aonde? – indaguei, torcendo para que não fosse na casa dos . sempre dava um jeito de se atrasar, o que corresponde a nós esperando-a em sua sala com o agradável irmão dela sentado no sofá assistindo à alguma partida de futebol.
-Na casa da em meia-hora. Beijos. – então ela desligou. Xinguei baixinho e fui me trocar.

Cheguei à casa dos em 30 minutos cronometrados. Eu gostava de ser pontual quando era com os amigos.
Toquei a campainha, torcendo para que viesse abrir a porta.
-Tarde, . – ele falou. Ignorei-o, dar boa tarde não era necessário, e fui para o quarto da irmã dele.
-Piranha! – gritei enquanto abria a porta do quarto, encontrando uma calçando os sapatos.
-Pirralha! – ela berrou de volta. Ri e me joguei na cama dela.
-Ô abuso! – mandei o dedo do meio e comecei a cantar a música que tocava no computador.
-Aviso, os meninos vão com a gente. Eles têm que achar ternos novos. – ela me informou. Na mesma hora parei de cantar.
-Eles têm mesmoque ir? – perguntei fazendo uma careta.
-Têm, né! Imagina aqueles cinco numa loja de ternos! Na certa, o compraria um terno amarelo e colocaria uma máscara do Máscara na hora da entrega dos diplomas. – ri alto imaginando a cena.
-Ok, se é pro bem da humanidade...- me dei por vencida e voltei a cantar.

Entramos numa das lojas de terno, e cada garota ficou encarregada de procurar uma blusa social, um terno e uma gravata para cada menino. Como os casais estavam formados, eu tive que ajudar o , contra a vontade.
Fomos até os ternos, onde pegamos três modelos diferentes, mas todos pretos. Depois passei pela sessão de blusas com ele em meu encalço.
-Branca ou preta? – ele perguntou, segurando dois cabides na frente do tórax.
-Você não está indo para um enterro, . – falei séria. Ele devolveu o cabide com a camisa preta e manteve o com a blusa branca na mão.
Rumamos para a sessão de gravatas. Ele se divertia com uma gravata verde-abacate e outra amarelo-mostarda.
-. - O chamei depois de pegar três cores diferentes.
-Se você pensa que eu vou usar uma gravata rosa, você tá muito enganada! – ele deu ênfase ao “muito”. O encarei com um olhar de poucos amigos e o puxei até o provador.
Começamos do principal pros detalhes. Preferimos o primeiro modelo de terno, que o deixava com o tórax mais largo e um pouco mais alto.
-Agora, as gravatas. - estendi a em vermelho carmim para ele. fez uma expressão estranha e eu supus que ele não sabia como colocar. –Vem cá. – ordenei. Ele se aproximou, e eu me senti como uma dona chamando o cachorro. Uma sensação muito boa, se me permitem o comentário.
Dei o nó tradicional, sentindo seu olhar pesar sobre meu rosto. Tentei ignorar aquilo.
Deixei-o se olhar no espelho.
-Guarda a imagem. – tirei a gravata e coloquei a cinza, que era mais estreita embaixo. Ele se olhou novamente e fez uma careta. É, eu também não tinha gostado daquela. Desamarrei e coloquei a rosa.
-Eu não vou usar uma gravata rosa, . – ele implicou. Ignorei-o e continuei fazendo o nó do mesmo jeito. –É legal o jeito como você finge que não me escuta. – continuei o ignorando. – Como agora. Você finge que tá concentrada numa das coisas mais entediantes do mundo.
-Se olha logo no espelho, . – falei ríspida. Ele se olhou e ficou uns 2 minutos se admirando enquanto dava sorrisos e fazia poses em frente ao espelho.
Permiti-me o observar também. É, eu tinha arranjado um protótipo de Deus grego para odiar. De fato, minha vida era quase uma tragédia grega.
-Eu gostei dessa. – exibiu seus dentes em um sorriso. Me controlei para não dar um sorriso meigo.
-Eu disse que ia ficar boa. – falei de forma vitoriosa.
-Na verdade, você não falou. – ele riu.
-Que seja. – disse, ríspida. Fomos ao caixa e encontramos todos, menos e James, pagando. Assim que efetuamos a compra, nos deparamos com um James amassado e uma vermelha. Começamos a rir, o que os fez ficar sem graça. Os vendedores nos olhavam como se fossemos alienígenas, mas aposto que se eles soubessem do que se tratava iriam nos expulsar de lá, ou rir, quem sabe.
Continuamos nossa procura por roupas para o baile. Agora era a nossa vez de achar algum vestido. Eu não sei se usaria o que Anne havia me dado, ou se compraria algum.
Os meninos desistiram na primeira loja, onde não havia nada que nos interessasse, e resolveram ir à loja da Apple, já que queria comprar um iPod novo. Combinamos de nos encontrar na praça de alimentação em 2 horas.
Entramos numa outra loja e começamos a escolher. se apaixonou por um amarelo, mas a convencemos a levar um preto; achou um branco; achou um preto; também escolheu um preto; e eu, bom, eu resolvi usar o que Anne havia me comprado.
Quanto aos sapatos, a única que comprou foi , que alegou que sapatos vermelhos eram tudo. Creio que ela já possui uns 30 pares só na cor vermelha.
Para finalizar a tarde de compras, entramos na Victoria’s Secret, já que eu estava encarregada de comprar um creme novo para minha mãe. aproveitou a deixa para ir à parte “Very Sexy” da loja. Isso que eu chamo de hormônios à flor da pele...
-, larga essa cinta-liga e vem logo, criatura! – exclamei, rindo da cara de frustração dela.
-Mal amada. – ela resmungou.
-Mal amada não! Mal comida, ou melhor, não comida, sim! – brinquei e recebi um dedo do meio em resposta.
Encontramos o 5 meninos, que estavam com cara de tédio, na praça de alimentação.
-Vamos tomar sorvete? – propôs. Os meninos responderam “não” em um alto uníssono, o que nos fez rir.
-‘Tá bom... vamos pra casa. – disse em um tom frustrado. riu e a abraçou.
-Eu pago um sorvete pra você amanhã. – ele disse, consolando-a. riu e eles se beijaram.
Era estranho ver todo mundo se dando bem e eu continuar aqui, na mesma de anos atrás. Eu sentia um pouco de inveja e tinha que admitir isso. Mas, por outro lado, eu estava contente por elas.
Saímos do shopping e nos deparamos com uma forte chuva. Todos os meninos, exceto , tiraram seus casacos para dar às namoradas.
Senti minhas bochechas arderem com a vontade imensa que eu sentia de chorar. Devia ser TPM.
Os casais começaram a correr o mais rápido que podiam, mas eu me mantive atrás. Estava acostumada a ficar atrás. Sozinha.
Andava em passos acelerados, mas não estava correndo. A chuva ensopava minhas roupas e eu não me importava. Os casais saíram da minha vista, assim como , que eu não sabia aonde havia ido.
-Você gosta de se excluir, não é? – a voz dele surgiu ao meu lado do nada.
-Você gosta de chegar do nada, não é? - perguntei com a voz um pouco alterada pelo susto. Ele gargalhou.
-É legal surpreender as pessoas no meio dos pensamentos delas... – murmurei um “uhum” e passei a encarar meus pés, que constantemente eram afogados em imensas poças d’água.
-Por que você insiste em falar comigo? – perguntei sem pensar duas vezes. Com sorte, daqui a algumas semanas, eles estariam enfurnados num estúdio de gravação e eu não teria que olhar para o rosto dele.
manteve-se calado por alguns segundos.
-Não sei... talvez eu goste de me socializar. – ele pressionou os lábios. Murmurei um “hum” desinteressado e notei que estávamos chegando à minha rua.
-Tchau, . Diga a eles que tentei me despedir. – falei sem emoção alguma e segui pela rua quase deserta que eu morava.


Capítulo 30 – Tonight’s the night.

Então era o dia da formatura dos meninos. Nos encontramos em frente ao colégio e começamos a ter pensamentos nostálgicos referentes a esse ano.
Os meninos estavam empolgados com a idéia de começar a produzir seu próprio material, mas estavam tristes por deixar a escola.
Eu imaginava como seria daqui a um ano, se estaríamos os mesmos; se eu continuaria com a minha política de só falar no necessário; se os casais continuariam juntos; se NÓS continuaríamos juntos, já que o McFly, quase que certamente, faria sucesso.
James era, de fato, o mais deprimido. Os outros quatro continuariam juntos enquanto ele iria para a faculdade, ficaria longe da namorada, que só o veria aos fins de semana, e ainda estudaria, o que, para ele, era o pior de tudo.
Pobre James...
Sinceramente, não sei como seria a vida das tietes do McFly de agora em diante. Eu não sei como seria a minha vida sem aqueles garotos.
-Acho que a gente devia fazer um MySpace pra começar a divulgação já. – falou com uma cara de sonhador.
-Ah, seria uma boa. Ou um site oficial até. – opinei.
-Opa, site oficial? Eu faço! – James se ofereceu.
-Ah, galera, mas a gente tem que ver se a banda vai mesmo decolar. – , o pessimista, falou.
-OOOW, pára com isso, cara. – chamou a atenção. – Nós faremos um puta sucesso! Deixaremos as meninas de boca aberta e corações palpitantes. – ele riu.
-Isso aí que o falou! – concordou, empolgado, e levou um tapa de . – Que foi? – ele perguntou, massageando a região.
-Nada de ficar de gracinha pras fãs, . – ela falou, emburrada. riu e se aproximou dela, pegando seu rosto entre as palmas das mãos.
-Você sabe que pro zinho aqui só tem você. – ele murmurou antes de beijá-la.
-GAY! – deu um tapa da bunda de , que parou o beijo para protestar. Rimos e continuamos nosso momento “tirando lembranças do fundo do baú”.

O ponto de encontro dessa vez era a minha casa. E uma vez que os meninos tinham que ensaiar antes da apresentação, eles não viriam com a gente. James, o agregado da banda, iria para ajudar na fiação.
Arrumei meu cabelo (n/a: ignorem a cor, é só o modelo) sobre os ombros praticamente descobertos pelo vestido e saí do quarto, encontrando as meninas a minha espera na sala.
-Você ‘tá linda, ! - sorriu. Devolvi o sorriso e falei que ela, como as outras, também estava.
-Vamos, né? – perguntou um pouco impaciente. Creio que a falta de Jimmy por mais de duas horas a fazia ficar assim.
-Vamos. – concordamos, indo para a rua achar algum táxi que aceitasse levar cinco meninas.
fez sinal para um, que, por milagre, aceitou nos levar.
Deslizei pelo estofado de couro e me espremi entre e uma das portas. Torci para que o caminho não estivesse congestionado, senão meu vestido ficaria amarrotado.
Ok, ele iria ficar amassado de qualquer jeito. Demorava uns 40 minutos até chegar lá, já que o lugar era afastado de tudo e todos. Viva à vaquinha.

Pisamos no piso de tacos de madeira encerado para a ocasião e eu vi como a escola se empenhava em deixar tudo perfeito. Havia bolas pretas e brancas espalhadas por todo lugar, o bar era prateado e os barman’s usavam camisas sociais pretas com risca de giz, e, devido à movimentação com os braços, eles tiveram que dobrar a manga até o cotovelo. A pista de dança era longe das mesas e o DJ tocava Hip-Hop.
Os formandos já haviam chegado da colação de grau, que nós não fomos porque não havia lugares suficientes sobrando. Na verdade, poderia ir, mas não quis ir porque queria se arrumar para a festa. Soube que a Sra. ficou chateada com o descaso dela com a formação do irmão, mas entendeu, já que havia puxado esse lado paty-não-ligo-para-nada dela.
Encontramos os meninos sentados a uma mesa longe de tudo, num lugar calmo. Eles riam de alguma coisa, e eu pude notar como ficava maravilhoso em roupas sociais.
-Hello, boys. – mostrei todos os meus dentes em sorriso.
-Vocês estão lindas! – eles exclamaram. Sorri envergonhada e agradeci.
-Awn, agora é oficial, meus formandos! Que emoção. – ri, apertando a bochecha de .
Abracei fortemente um a um, até chegar no , a quem eu não iria abraçar se ele não tivesse me puxado para um abraço. Espantei-me e desejei parabéns a ele, com a testa franzida. O que ele queria de mim?
-Quando o McFly entra? – perguntou.
-Daqui a meia-hora. Mas temos que estar no camarim daqui a 15 minutos. – disse, respirando fundo.
-Quais músicas vocês vão tocar?
-As que vocês já conhecem, 5 Colours, Down By The Lake, Surfer Babe e Get Over You. – piscou para , que ficou vermelha.
-O pessoal vai gostar. – disse, passando confiança para , que estava inquieto.

Fomos para frente do palco assim que os meninos foram anunciados.
Sorri para eles, e, por um milagre, não murchei meu sorriso assim que meu olhar cruzou com o de . Eu sabia que aquele abraço significava alguma coisa boa, e eu correria o risco. Poderia ser a minha última chance. Não queria chegar no dia seguinte e ficar me torturando com o “E se...”.
A platéia reagiu perfeitamente bem às músicas, como sempre. Nós 5 cantávamos a plenos pulmões. E eu via James acompanhar a música pela coxia do palco.
Em “Get Over You” mandava beijinhos para , o que a fazia corar e rir feito uma boba o tempo inteiro. Assim que a apresentação terminou, eles vieram falar conosco.
-Meus amigos vão ficar famosos. Que lindo! – James falou de um jeito gay, que nos fez gargalhar.
-Não esqueceremos de vocês. Sempre teremos um VIP reservado pra cada um. – falou.
-Tava na hora de ganhar alguma coisa aturando vocês, né... – brinquei.
-Sem VIP pra ! - riu. Levei uma das mãos à boca, como se estivesse chocada, e ri. -Gente, algumas pessoas estão indo pra praia artificial aqui embaixo. A gente pode ir pra lá no fim da festa, quando estiver mais vazio. – James comentou.
-Boa idéia. E o McFly podia tocar pra gente também. – sorri com a fala de . Os meninos concordaram.
-Só que não agora. Vamos dançar! – falou de um jeito animado, nos fazendo rir.
Formamos uma rodinha num dos cantos da pista e começamos a dançar “Just Dance”.
-GONNA BE OK, TCHURU, TCHURU, JUST DANCE! – berrávamos quando esses versos tocavam. Sem dúvida, a noite estava sendo divertida.
Depois de muitas músicas, o DJ fez uma pausa, deixando uma lenta tocando. Continuamos na pista, esperando pela próxima agitada.
A música que tocava lembrava minha mãe por algum motivo desconhecido.
-...- me chamou. Olhei para ele.
-Fale, . – amaciei a voz o máximo que pude para não parecer que eu estava brigando com ele. Eu iria me arriscar essa noite, fato.
-Posso falar com você em particular? – ele pediu com um certo receio na voz. Concordei silenciosamente e o segui. Paramos próximo a nossa mesa. Permaneci em silêncio enquanto o observava colocar as mãos nos bolsos da calça.
-Eu queria pedir uma coisa... – ele começou. – Eu não sei muito bem por onde começar a falar. Então isso vai soar meio confuso... – era engraçado ver , o garanhão, se enrolando para falar. –Eu queria pedir desculpas por tudo o que eu fiz. Eu, sei lá, sou inconseqüente e sempre acabo magoando os outros, principalmente você. Então, desculpas. – analisava minha expressão enquanto contraía os lábios. Confesso que estava um pouco decepcionada. Mas ele pedir desculpas já era algo, não era?
-Tudo bem, ...
-. – ele corrigiu.
-Tudo bem, .- dei ênfase ao seu apelido. - Eu acabei aprendendo com os seus erros. – dei um sorriso sem graça. Ele se aproximou.
-E tem outra coisa que eu queria pedir... – murmurei um “hum” e ele continuou. –Eu queria uma noite com você, como em Paris. – ele propôs, se balançando levemente para frente e para trás, num ato de nervosismo.

“Be mine tonight.”
(“Seja minha esta noite.”)

-Pra no dia seguinte você me conseguir me humilhar? – senti a raiva aflorar.
-Não! Óbvio que não. Eu mudei, . Entenda. – ele parecia sério, mas depois amaciou a voz. - No dia seguinte seremos qualquer outra coisa que não te faça mal. – “Se soubesse que por não fazer nada, já me faz mal...” Pensei.
Devo confessar que quando juntei todos os fatos, meu cérebro deu pane e eu não sabia se devia ou não aceitar a proposta. Mas acabei aceitando. Era isso ou nada.
E eu sei que muitas pensam que mulher não deve se contentar, e, sim, ter o que quer, mas eu não estava ligando para isso.

“Let this be just the start
(“Deixe isso ser só o começo)
Of so many nights like this.”
(De muitas noites como essa.”)

umedeceu os lábios enquanto, delicadamente, colocava uma mecha do meu cabelo para trás da orelha. Sorri carinhosamente e desejei que aquilo não fosse um sonho.
Sem mais delongas, nos beijamos como em Paris, e, dessa vez, eu só estava lembrando como os lábios dele eram macios, e como eu sentia que minha barriga criava vida toda vez que ele movia as mãos ao redor da minha cintura ou mordiscava meus lábios. Também me dei conta de que não era Paris que fazia os beijos ficarem melhores, ou os casais se tornarem apaixonados, e, sim, o amor – ou a paixão, como seja – que o fazia.
Rompemos o beijo assim que escutamos a batida de “Black or White”. Sorrimos um para o outro. Uma das mãos dele procurou pelas minhas. Entrelaçamos nossos dedos e fomos até a pista, onde nos juntamos ao grupo, que nos encarava, todos curiosos.
-Now I believe in miracles, and a miracle has happened tonight! – cantamos em coro, e eu identifiquei minha situação com a do verso. Olhei com canto do olho para , que fazia o mesmo. Rimos e continuamos a dançar.
Na parte do rap, James imitou um rapper, com direito a microfone com a mão e tudo, enquanto nós, meninas, fazíamos um coro.
Logo a música mudou para “The boy does nothing”, que é uma música dançante, então deixamos a rodinha de lado e começamos a dançar mais... misturados.
Eu estava vivendo um replay de Paris, mas dessa vez eu sabia que tudo seria, pelo menos, melhor no dia seguinte.

[n/a: essa parte vai ficar estranha dependendo da ordem dos mcguys, desculpas!]
Era por volta das 2 da manhã quando resolvemos pedir drinks, pegar os violões e descer para a “praia”. Tirei meus sapatos e os carreguei até acharmos um canto completamente vazio.
Para um clube aquático, até que a “praia” não era nada má.
Sentei-me ao lado de , que, assim que eu sentei, apoiou sua mão em minha cintura e me trouxe para perto. Eu estava me sentindo nas nuvens, admito.
-Qual música as senhoritas querem que nós toquemos? – perguntou ajeitando seu violão marrom em seu colo.
-Get Over You! – exclamamos em um uníssono, só para deixar constrangida. soltou minha cintura para pegar o violão e eu me afastei um pouco, para poder apreciar a vista.

Depois de uma vasta lista de músicas e covers, resolveu mostrar uma música que ele havia composto há um tempo, mas que só uma pessoa, que ele não revelaria, havia visto um pedaço da letra.

“I think of yesterday
And all the times I spent being lonely
I watched the young being young
While all the singers sung
About the way I felt


The days are here again
When all the lights go down,
What do they show me?
The rules are all the same
It's just a different game
To tell you how I feel

Although it seems so rare
I was always there

Ooh, ooh
I can't stop digging the way you make me feel
Ooh, ooh
I can't stop digging the way
Ooh, ooh
I can't stop digging the way you make me feel

I took a little time
Scripting all the things that I tell you
I'll send them through the mail
And if all goes well
It'd be a day or two

I spent some extra nights
Trying to forget the things that I've shown you
By now the smoke is cleared
And all along I feared
It would turn out this way

Though it might be wrong
My light is always on.”

Reconheci a letra de imediato e sorri feito uma boba enquanto tentava se manter sério enquanto fazia uns “ba ba ba”. Comecei a ajudá-lo, não contendo uma risada.

”Look at us now
Ask me, how did this get so
I'll tell you how
Drag my shoes on the ground
But I'm taking em' all (taking em' all)
And I'm ready to walk, yeah.”

(Tradução)

-E aí vem o refrão de novo. – ele disse por fim, um pouco envergonhado. Começamos a bater palmas, o que o deixou mais sem graça ainda.
-Acho que todos sabemos quem foi a única pessoa que soube da letra antes... – falou direcionando o olhar pra mim, e todos o fizeram também. Enterrei meu rosto no ombro de , que havia me puxado e, agora, ria.
-Ok. Mudando de assunto, por favor. – pedi, sentindo meu sangue escoar, aos poucos, de minhas bochechas.

Estranho era pensar que ainda éramos, no fundo, aqueles 10 jovens que se odiavam, que se amavam, que possuíam rixas; aqueles mesmos 10 das noites em Paris, das festinhas às escondidas, das grandes festas, das noites foras de casa, das bebedeiras, das conversas, das fofocas, dos rolos e dos amassos.
Com certeza, os 10 mais legais do pedaço.

-GENTE! – berrou. Olhamos pra ela. – Essa pode ser nossa última noite juntos! – falou de um jeito manhoso.
Embora o espírito de despedida prevalecesse entre nós, eu não acreditava que tudo acabaria ali. O futuro teria de nos reservar mais algumas surpresas.
-Pára de ser dramática, ! Ainda temos as férias antes que a gravadora comece a estabelecer prazos e tarefas. – sorriu de um jeito afetado, que nos fez rir.
-Quem topa Amsterdã? – James propôs, eufórico.
É, definitivamente, nós ainda teríamos muitas histórias.

The End.


N/a
: Ok, por onde começar? ._.
Primeiro, quero pedir desculpas por todas as coisas que fugiram da realidade, como: o ano escolar deles começar em fevereiro e terminar em novembro; eles terem português na escola; etc.
Segundo, quero agradecer a todas vocês que leram e/ou comentaram (Cah, você também está nessa listinha *olhinhos piscando*). Cada uma de vocês é importante pra mim. Eu acho que devia gravar um vídeo enquanto leio os comentários, porque se for tentar descrever a minha felicidade, nem dá!
Terceiro, quero, mais uma vez, pedir desculpas pela demora nas atualizações. Eu sempre me enrolo e fico com preguiça de fazer.
Saindo da listinha...
Eu realmente tava adiando pra mandar o capítulo 30, porque eu não queria que acabasse, mas já passou mais de um mês que o último entrou, então tava na hora. Mas fiquem sabendo, que já tenho dois capítulos prontos da parte II, ou seja, por outubro eu devo estar mandando a continuação – isso se alguma de vocês ainda quiser depois desse final clichêzinho, claro.
Bom, eu quero chorar agora... Vai demorar um tempo pra eu voltar a falar com vocês todas de novo, então pra quem quiser escutar meus papos chatos: orkut e Twitter.
Acho que agora é hora em que eu agradeço mais uma vez ;_;
Obrigada: Bruna, Day Ismério, feeh, Viviih, giovana, Bella, Fêe, dalla m. ,Cla, day, Malu, Aline, belle, Diid, Anonymous, miih, Vivian, Débi Baldissera;
Marina, Thádia – acredite, sei como se sente .-. mas vai ter a parte 2 (:
Cars fletcher – brigada, amor (:
Natália Puga – eu falei com a menina que tava com você. ACHO que era a Bea. Eu contribuí pras surpresas, daí eu peguei o bastão brilhante e tal...
Viih – rolou pegation \õ AUHAUHAUHAAH cara, ficaram boas, admito, mas eu nem tirei muita foto porque minha câmera ficou de piti comigo u.u
Ana Paula – Jason Mraz é o máximo também *-*

Também falta agradecer à Cah novamente, por ter agüentado minhas besteiras em relação ao script; as minhas amigas, por terem me dado inspiração; e à Xuxa, claro –NN
Acho que é isso aí, meus pupilos. *Cry*
Qualquer coisa, já sabem onde falar. (;

p.s. – 457 comentários *--------* (antes de perder todos T_T )

Minhas outras fics:

Insanity (McFly - Em andamento)
Hope (McFly - Finalizada)
About Relationships (McFly - Finalizada)
Choices (McFly - Finalizada)
Suddenly (Restrita – Em andamento) (com a Mah de Strange, ê)

comments powered by Disqus