— SAI DA FRENTE! — gritava null andando de skate. Ele se distraiu conversando com null quando na sua frente passava uma garota carregando vários livros. Mas tinha percebido ela tarde demais. Quando reparou estava caído no chão e ao seu lado a garota meio perdida debaixo de tantos livros. Seu skate havia parado no pé da escada, pois estava tentando pular o corrimão.
— Não ouviu eu pedir pra sair da frente não, hein?!
— Você acha que dava tempo? Estava cheia de livros na mão e você avisa a alguns centímetros de mim. Tinha que ser um skatista palerma mesmo...
— Palerma é você, CDFzinha besta!
null se levantou e pegou o skate. Ao olhar pra ela percebeu que o tornozelo da garota estava inchado.
— Ei, garota, seu tornozelo parece estar inchado...
— Parece não, ESTÁ inchado. Não consigo me levantar. Dói muito.
— Sua casa fica aonde?
— Aqui perto, virando à direita.
Nesse momento null chamou null.
— O que foi? Que tombo lindo, hein! Pena que não tava com a filmadora agora... — falou null tendo pequenos ataques de riso.
— Cala a boca e pega os livros.
— Mas, por que você não pega?
— Eu vou ajudar a garota aqui a se levantar, ô idiota.
— Idiota é você!
— Com licença, se não for incomodar... Tem uma garota precisando de ajuda aqui! — ela falou choramingando.
— Ops... desculpa.
null arrumou a pilha de livros e carregou, enquanto null se abaixou e pegou a garota. E foram os três andando. Quer dizer... Os dois!
— E qual é seu nome?
— null.
— Humm... Nome de CDF.
— E o de vocês?
— O meu é null. O desse trambolho carregando livros é null.
— Eiii.
— Olá, null.
— Oi.
— null, minha casa é essa azul.
— null, toca a campainha.
— Como? Se eu soltar aqui vai cair tudo.
— Deixa que eu toco.
null tocou a campainha. Sua mãe havia atendido a porta.
— null! O que aconteceu, princesinha?
— Sem querer me esbarrei nesse skatista, mas ele foi solidário e me ajudou. Mãe, chama o Dr. Dante, meu tornozelo está inchado.
— Claro, filha.
null colocou null no sofá e null deixou os livros em cima da mesa. Depois saíram sendo acompanhados pela Sra. Marie.
— Obrigada, meninos, nem sei como agradecer.
— Que nada, Sra., era nosso dever... — falou null fazendo uma cara de herói.
— Tchau, meninos.
— Tchau, Sra; tchau, null.
— Tchau, null — null se despediu acenando de leve para ela.
— Tchau, skatista palerma.
null e null seguiram para suas casas. null pegou seu skate e se despediu de null.
— Fala pro null que amanhã vai ter ensaio.
— Tá certo. Tchau.
— Tchau.
Chegando em casa null tirou a camisa a deixando no meio da escada e foi pro banheiro. Lá tirou o resto da roupa e se jogou debaixo do chuveiro. Depois foi pra cozinha preparar algo para comer. Pegou duas fatias de pão, colocou num prato e abriu a geladeira.
— Droga! Acabou o queijo... Acabou o presunto também! Aaah...Vai com manteiga mesmo. — abriu o pote de manteiga e passou no pão — Estou com muita fome pra pensar em mercado agora. — falou e saboreou seu pão. Depois foi ler alguns e-mails e foi para cama — Ufa! Finalmente minha caminha!
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‘TRIIIIIIIIN’
— Ai, saco! — Eram 6:10 da manhã e, como sempre, havia aula. null se levantou da cama levando seu lençol de caveira preta. Estava com uma bermuda preta, cabelos desgrenhados e com os olhos remelentos. Foi para o banheiro, tomou banho e voltou para o quarto. Colocou uma calça jeans rasgada, uma blusa da sua banda, a My Chemical Romance, calçou seu All Star e pegou sua mochila. Quando chegou à cozinha tomou um copo de suco de maracujá com cerveja — null amava fazer misturas — pegou seu skate e foi para o colégio. Ele e toda a sua galera estudavam no Colégio Stancy Pointery. Eles estavam concluindo o 2° grau.
Chegando no S.P. null, null, null e null o esperavam no lugar de sempre, debaixo de uma velha árvore na frente do colégio.
— Cheguei!
— Ô novidade — falou null com uma cara de tédio.
— Lá vem o mal-humorado...
— Não enche!
— O que ouve com ele, hein?
— Terency terminou com ele. — respondeu null.
— Por quê?
— Ela disse que eu estava dando mais atenção pra banda do que pra ela. Eu não entendo as garotas... Será que não dá pra compreender que eu tenho um show daqui a três dias? — falou null meio triste.
— Não tente entendê-las. Isso é uma tarefa muito difícil... — disse null.
O sinal tocou e todos eles foram para a sala. O prof. Wints entrou na sala — Bom dia, alunos. — ele era barbudo, cabelos grisalhos, usava óculos imensos e era um pouco gordo — Hoje teremos uma aluna nova na classe. Entre, Srta. null.
Nesse momento null entrou na sala um pouco sem graça. null a olhou com um sorriso no canto da boca.
— Classe, essa é a nova colega de vocês: null null. Pode se sentar, null.
null acenou pra ela mostrando um lugar do lado dele. Ela colocou a bolsa pendurada do lado da cadeira e sorriu pra null.
— Oi, null. Oi, null.
— Vocês a conhecem? — perguntou null.
— Sim. Ela é a menina que null atropelou ontem com o skate. — debochou null.
— Mas foi sem querer — questionou null.
— Que bom que você já tem amizades, Srta. null, mas depois vocês conversam melhor. Sr. Iero, espero que você não leve null para o rumo da conversa. — reclamou prof. Wints — Bom, classe, quero que vocês façam grupos com, no máximo, 7 pessoas, para falar do nosso assunto desse mês, o aquecimento global. Quero um trabalho organizado, podem fazer do jeito que quiserem, contanto que seja entregue daqui a quatro semanas. Sr. Iero, já que está puchando assunto com a Srta. null, ela fica no seu grupo.
Depois de um tempo o sinal havia tocado. null, null, null, null e null levaram null para onde eles sempre ficavam, debaixo da arvore na frente do S.P.
— null, esse é o null, o null e o null.
— Olá, garotos.
— Oi. — falaram os três de uma só vez.
— Nós temos uma banda.
— Que legal! Como é o nome?
— My Chemical Romance. Vai ter ensaio hoje à tarde. Tá afim de ir assistir?
— Pode ser... Não tenho nada programado para hoje. Mas onde vai ser?
— Na cassa do null e do null. Fica duas esquinas depois da rua que você mora. Eu passo na sua casa antes pra irmos juntos. Passo lá 3h da tarde.
— Está certo. Vou estar esperando. Mas tenho que ir agora, garotos. Meu pai chegou para me buscar. Até mais tarde. — null acenou e foi em direção ao carro do pai.
— Galera, tenho que ir também. Até mais tarde. — null se despediu, mas havia algo de estranho... null estava olhando fixamente para a direção que null tinha seguido.
— Ei, acorda, null. Você vai encontrá-la de novo hoje de tarde.
— Oi? Falou comigo?
— Esquece. Tchau, galera.
— Tchau.
A tarde havia chegado. null pegou os papéis onde estavam as cifras das músicas e saiu, seguindo para a casa de null. Chegando lá tocou a campainha. Enquanto esperava ouviu null gritar “Eu abro, é para mim!”, quando ela abriu null viu que ela estava com uma blusa de alça preta um pouco apertada, uma calça jeans, tênis e usava o cabelo solto com uma presilha vermelha.
— Vamos? — falou ela.
— Claro — null percebera como null ficava atraente de cabelo solto. E seguiram para a casa de null e null. No caminho eles conversaram sobre a banda.
Quando chegaram lá, null atendeu a porta. De repente, se abriu um sorriso na cara dele.
— Oi, null. Olá, null, tudo bom? Entrem! — “nunca vi o null tão animado com uma garota assim!” pensou null. null passou a tarde conversando com null, beberam um pouco, aproximações (da parte de null, porque para null ele era um simples amigo que acabara de fazer). “Sim, null estava mesmo gostando dela!”.
— Aê, null chegou. — falou null — Vamos começar logo pra terminar cedo. Tenho compromisso hoje.
— Opa! Com quem? — perguntou null.
— Não fiquem animados... Vou levar minha mãe no médico. Que chatice!
Capítulo 2
— Não fiquem animados... Vou levar minha mãe no médico. Que chatice! — Todos riram da cara de null. Depois seguiram para a garagem da casa, era lá que eles ensaiavam. Enquanto cada um se dirigia para seu instrumento, null sentou-se num sofá que havia perto da porta, bebendo suco de uva. Ela não era muito de consumir bebida alcoólica.
— Vamos tocar qual primeiro? — perguntou null.
— I’m Not Okay. — respondeu null. Eles tocaram I’m Not Okay, The Ghost of You, Famous Last Words, entre outras…
Acabando o ensaio, null saiu às pressas, null e null ficaram conversando, null estava lendo umas revistas em quadrinhos e null foi pra perto de null. De repente o inesperado aconteceu: null tirou o copo de suco da mão dela e a beijou intensamente. null deixou a revista cair no chão e ficou olhando assustado para eles, null e null também ficaram olhando com cara de espanto. Após o beijo, null ficou sem reação, estava totalmente sem graça dando um leve sorrisinho de canto de boca e consertando a alça da blusa que caía.
— Você é muito linda, garota! — falou null passando a mão de leve no rosto dela.
— Obrigada. — null agora estava totalmente sem graça! — Err... tenho que ir agora....Você vem null?
— Vou sim. Tchau, galera.
— Tchau, null — responderam os três em coro.
— Tchau, null. — falou null acenando de leve para ela.
null estava vermelha como um tomate — Tchau, null.
— Nossa... que beijo, hein! — falou null tentando sorrir. Não entendia uma coisa, ele sempre sorria quando aconteciam essas coisas, mas dessa vez pareceu que ele não achou nenhuma graça.
— Err... Eu sei... — dessa vez null estava vermelha como um pimentão. null a levou para casa e foi para sua pensando no que tinha acontecido naquele dia.
Capítulo 3
null tomou banho, comeu um sanduíche e deitou-se na cama. Nunca se sentiu assim antes, nem o CD da Nightmare o animou (e isso sempre funcionava).
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Já havia passado algumas semanas. Depois daquele beijo, null pediu null em namoro e, a cada dia, null se sentia mais atraído por ela, sua respiração falhava sempre que ela o abraçava.
A campainha tocou. null ainda estava de bermuda vermelha, sem camisa e com cabelos desgrenhados. E, também, eram cinco e meia da manhã. “É bom que seja muito importante”, pensou.
Ao abrir a porta tomou um susto. “O que ela queria há essa hora?! Mas ser acordado por ela era tão bom!”. null estava meio triste e com os olhos lacrimejantes.
— O que houve, linda?
— Eu terminei com o null.
— M-mas por quê? — null deu espaço para null passar e se sentar no sofá, indo se sentar ao seu lado.
— Bom... Esses dias eu estava me sentindo mal, minha mãe então decidiu me levar no médico. Ele não conseguia saber o que eu tinha e pediu pra eu fazer uma série de exames. Deu em todos os resultados que eu estou com... — Nesse momento os olhos dela se encheram de lágrimas — null, eu estou com câncer! — Ela não conseguiu se conter e começou a chorar desesperadamente. null ficou sem reação e a única coisa que conseguiu fazer foi chorar com ela. — Ele disse que o tratamento não tem aqui, então hoje eu vou pra New York. Por favor, não conte nada pro null, não quero que ele sofra com isso.
— Eu não vou contar. – null se levantou, seguiu até a porta e se despediu de null. E, de maneira involuntária, ele puxou seu braço e a beijou intensamente. — Eu nunca vou me esquecer de você! Prometo. Eu te amo!
— Eu também te amo. — A última visão que null teve de null foi dela entrando no carro de sua mãe e mandando um simples tchau. Ele não conseguia se conter de tanto chorar.
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Três meses se passaram e null ainda não conseguia se esquecer do que null havia lhe dito. Depois daquele dia, ela nunca mais se comunicou com ele.
O My Chemical Romance havia fechado contrato com uma gravadora em New York e estava gravando seu primeiro CD.
null estava esperançoso, pois estava na cidade pra onde null havia se mudado. E em New York só havia um hospital que tratava de pessoas com câncer. Ele se arrumou, comprou um buquê de rosas brancas e foi até lá.
— Por favor, eu queria saber o número do quarto em que está hospedada uma menina chamada null Demmons.
— Um momento, senhor. — A recepcionista pesquisou em seu computador e olhou para null com uma cara triste — Desculpe, o senhor deve não estar sabendo, mas a senhorita Demmons morreu faz três semanas. Eu lamento, senhor.
— Como assim morreu?! — As lágrimas de null escorreram por seu rosto que expressava uma tristeza tamanha. — E onde ela foi enterrada?
— No cemitério que há atrás desse hospital.
— O-obrigado. — null seguiu para o cemitério desesperado. Não conseguia conter as lágrimas que caíam desesperadamente por seu rosto.
A lápide dela estava logo na frente. Ele caiu na frente do túmulo ainda chorando. — Por quê, null?! Eu te amo tanto! — null pegou uma das rosas brancas, a beijou delicadamente e a colocou na frente da lápide. Levantou-se já parando um pouco de chorar. — null, antes de você vir pra cá, eu fiz uma promessa e eu vou sempre cumpri-la. Nunca vou te esquecer!
I will not kiss you,
cause the hardest part of this,
is leaving you!
Fim