I Hate You

escrita por: Beli
betada por: Carolis
revisada por: Japeka


Cap. 1

- Ai! Eu não acredito que vou morar sob o mesmo teto que o null! - falou null emburrada ao entrar numa casa carregando uma mala quase do seu tamanho.
- Ei, você vai estar morando na casa da sua melhor amiga, lembrou? - perguntou null ajudando-a à subir as escadas com a mala. - Era isso, ou ir para África do Sul com seus pais.
-Nossa! Nem me fale. Eu juro que não sei o que eles têm na cabeça. Ficam mudando de país como quem muda de carro! Acho que o lugar onde passei mais tempo foi aqui.
- Quatro anos... Ai sua guria! Juntas há quatro anos! - disse null rindo - Uma eternidade.
- Uma eternidade foi subir essas escadas com essa mala - falou null jogando-se na cama. - Adorei o quarto que vocês separaram para mim.
-Pois é, sempre é bom comprar uma casa com um quarto a mais que o necessário. - riu a amiga. - E o melhor: fica ao lado do meu.
- E em frente ao meu - disse uma voz masculina aparecendo na porta do quarto. - Por isso, parem de falar alto.
-Não estamos falando alto null ! - rebateu null rispidamente.
-Estão sim! - começou o rapaz.
- null , deixa de se preocupar com o volume auditivo da nossa conversa, e vai ligar chamando o resto do pessoal para cá. Vamos aproveitar que nossos pais saíram de férias e vamos animar essa casa! - disse null com um sorriso maroto no rosto.
-Certo. Mas só vou porque preciso rever a letra de uma música com os garotos. - falou null saindo do quarto.
- Já vai tarde - disse null em alto e bom som, fazendo o garoto bufar enquanto descia as escadas.

Eles sempre foram assim desde que a garota que acabara de chegar do Canadá e entrou em sua escola. null nasceu no Brasil, mas já havia morado em outros cinco países graças ao espírito aventureiro dos pais. Logo no primeiro dia, fez amizade com null , null e null , que por sinal, era irmã gêmea de null , que era amigo de null , null e null , que namorava com null . Tudo um pouco complicado, mas que com o tempo se tornou uma grande amizade, a não ser por um único detalhe... null e null se odiavam desde o primeiro olhar. Ou talvez nem tanto assim, mas isso é coisa lá para frente (N/A: Vão ficar curiosassssssssss).
Uma hora depois estavam todos na sala, na maior bagunça do mundo, só para variar.
- Ai! Sua chata! Preferiu vir para cá que ir lá para casa! - queixou-se null jogando pipoca na amiga.
- Ai fofa, é que aqui tinha um quarto sobrando e na sua casa não - disse null abraçando a garota - Mas você sabe que eu te amo.
- Sei, sei... - riu null tentando se soltar da amiga.
- Ah, mas lá em casa também tinha um quarto sobrando e você não quis ir - foi a vez de null fazer manha.
- Mas isso é outra história... Não podia ir para sua casa porque a null me mataria já que eu não resistiria morar com um gostoso desses - disse null com palhaçada, mas fazendo null corar subitamente.
- null como você sabe que o null é gostoso, já provou? -perguntou null entrando no jogo. Ela, null e null tentavam fazer null admitir que gostava de null a séculos.
- Espera ai... - null chegou perto do amigo e deu uma leve mordida na sua bochecha, causando muita risada, um olhar sexy do garoto, uma cara amarrada de null , e um olhar invejoso de null .
-Ok. Vamos parar com essa macaquice e começar o filme de uma vez - disse null levantando e pegando o dvd.
-Certo, mas espera que eu vou pegar mais pipoca na cozinha - falou null saindo da sala.

Quando ela voltou null estava deitada no tapete com null , null e null estavam em um sofá, null e null pareciam ter sumido e só restava um lugar... No outro sofá, ao lado de null . null emburrou, mas não tinha outra escolha. Colocou a tigela de pipoca no tapete e sentou ao lado do garoto que ocupava mais da metade do sofá, esparramado.
- null , dá para você sentar direito? - queixou-se a garota após alguns minutos de filme.
- Eu cheguei primeiro, posso sentar como quiser - disse ele rindo vitorioso por ter conseguido incomodar ela.
- Ai seu egoísta! Não custa nada você ficar sentado como gente.
- E não custa nada você ficar quieta e me deixar ver o filme.
- Estúpido! - resmungou ela.
- Tagarela! - disse ele aumentando o volume da tv.

Já estava de noite e a única luz que se via na sala vinha da televisão. Todos estavam em silêncio profundo. A única coisa que conseguiu com que eles se calassem era filme de terror... De repente um vulto... A porta rangendo e...
- Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhh! - as meninas gritaram em coro e null só foi perceber depois, que segurava fortemente o braço de null .
- Ai... desculpa null . - falou ela se afastando rapidamente para o outro extremo do sofá.
Ele não conseguiu pensar em nada. Apenas balançou a cabeça afirmativamente... Que sensação estranha.
- Nunca mais vou conseguir dormir sozinha - falou null que só apareceu na sala na metade do filme.
- Não se preocupe linda, eu fico com você. Te protegendo. - falou null abraçando a namorada pela cintura.
- Se eu fosse você, agora mesmo que eu teria medo - riu null que logo em seguida foi acertado por uma almofada lançada por null .
- Nem acredito que semana que vem já temos aula... Oh derrota (N/A: Frase viciante by Feh) – disse null que estava com a cabeça no colo de um null muito feliz.
- Pense pelo lado bom, estaremos no último ano e vocês serão as amigas dos membros da melhor banda que aquela escola já viu!– disse null estufando o peito.
- Vai sonhando null – disse null lhe jogando uma almofada.

Pronto. Tinha se iniciado uma verdadeira guerra de almofada pela sala. Um se jogando por cima do outro, o resto da pipoca que tinha sobrado se espalhou rapidamente pelo chão, e após alguns minutos todos estavam no tapete rindo como idiotas.
- Ok crianças. Estou com fome – falou null se recuperando.
- Falou tudo xuxu – disse null . – Meu estômago está roncando.
- Eu e os garotos vamos lá para cima rever a letra de uma música e vocês meninas preparam algo para o jantar. – disse null se levantando.
- Ei! Por que nós fazemos o trabalho todo enquanto vocês se divertem?- perguntou null .
- Não vamos nos divertir, vamos trabalhar. – respondeu null já subindo as escadas correndo.
- Ah... null , você faz o meu sanduíche sem casca, sem mostarda e com bastante presunto. – disse null parando nos primeiros degraus.
- Só se for no seu sonho! – respondeu a garota lhe lançando um olhar debochado e mandou beijinhos no ar antes de ir para cozinha, deixando null vermelho de raiva.


Cap. 2

- Ai, que garota irritante! – disse ele entrando no quarto onde os amigos já estavam. – Vai tirando o pé de cima da cama null .
- Nossa null , que bicho te mordeu? – perguntou null tirando o tênis.
- Um bicho chamado null . – disse ele de cara fechada.
- Dude, vocês parecem crianças! Brigam por tudo! – riu null . – Deixa disso. A null é super legal.
- Sem falar que agora ela mora aqui, vocês vão se ver todos os dias. Na escola, em casa, nas festas... – falou null enumerando nos dedos.
-Ok. Já sei que vai ser torturante, não precisa ficar me lembrando disso. – falou null . – E vamos logo ver o que está errado nessa música.

- null , só você ainda não percebeu que o null está caidinho por você. – disse null na cozinha.
-Ah gente... Tá nada. Ele está apenas brincando. Somos amigos. – falou null envergonhada.
-Ai fofa, só você ainda não percebeu. – falou null pegando o suco na geladeira – Só falta ele colocar um cartaz na testa.
- Sim, o que vamos fazer para comer? – perguntou null cortando o assunto como sempre.
- Que tal sanduíche? – sugeriu null já com um saco de pão de forma nas mãos.
- Não! – gritou null pegando os pães e colocando de volta no lugar - Sanduíche não.
- Por que não? – perguntaram as três ao mesmo tempo.
- Porque... Porque... Estou com saudade do macarrão da null ! – disse ela falando a primeira coisa que veio em sua mente.
- Mas eu achava que você não gostasse do meu macarrão. – disse null surpresa.
- De onde você tirou isso? Adoro seu macarrão! – falou null triste só de pensar que ia ter que comer a gosma da amiga.
- Tudo bem então. Vamos ajudar a null a fazer o jantar. – disse null finalmente.

- Achei que íamos comer sanduíche. – disse null entrando na cozinha quase uma hora depois.
- Não. A null quase teve uma crise quando falamos a palavra “pão”. Ela praticamente implorou pelo macarrão da null . – riu null .
- Desde quando você gosta do macarrão dela? – perguntou null debochadamente.
- Não é da sua conta, null . – respondeu ela lhe desafiando com os olhos.

A casa só foi esvaziar depois das duas da manhã, quando todos já estavam cansados o suficiente para ir embora. Eles estavam aproveitando os últimos dias de férias e a ausência dos pais dos gêmeos, que iam passar dois meses em uma viagem por toda Europa.
- Larga! É meu.
- Eu peguei primeiro.
- Não, eu cheguei primeiro.
- Solta isso, seu idiota.
- Idiota é você.
- Soltaaaaaaaaaaa!
- Não!
- Que barulho é esse? – perguntou null esfregando os olhos no pé da escada.
- Ele quer ficar com o controle! – queixou-se null que ainda estava de pijama.
- Eu peguei primeiro! – retrucou null .
- Foi nada.
- Foi si...
- Parem! – gritou null . – Ou os dois param de criancice e acabam com essas brigas ou eu paro de falar com os dois.
- Mas...
- Mas...
- Mas nada! Mais uma briga hoje e eu vou para casa de uma das meninas e deixo os dois se matando aqui.
- Se eu puder matar ela... Ta, ta... Já parei! – falou null sobre o olhar furioso da irmã.
- Muito bem. O que você quer ver null ?
- MTV.
- E você null ?
- Bob esponja. – disse ele emburrado.
- Ai mano! Depois dessa só posso entregar o controle para ela. Nada contra o amarelinho, mas ninguém merece escutar aquela música logo que acorda. – disse null entregando o controle para a amiga e deixando o irmão furioso.
Começou a passar um clip de Black Eyed Peas que null particularmente gostava muito. A garota deu um pulo do sofá e começou a dançar no meio da sala.
“Droga! Ela tinha que estar tão hot com esse mini short? O que eu estou pensando? Ela... Ela... Ela é uma idiota isso sim!”null balançou a cabeça tentando afastar aqueles pensamentos de sua mente.
- null vem dançar também! – chamou null .
- Opa, já estou aqui! – falou null correndo até a sala.
As duas dançaram com muita animação para quem tinha acabado de acordar. null ficou observando-as por alguns segundos, deu um sorrisinho tímido e foi para cozinha comer alguma coisa antes que pirasse ali.
- Eita seu guloso! Já está comendo! – disse null rindo ao voltar para cozinha.
- Você sabe que horas são? - perguntou null com a boca cheia de pão. – Já passa do meio dia.
- Vou usar o resto da minha tarde para arrumar as coisas no meu quarto. Ainda está tudo dentro da mala. – disse null .
- Agora está explicado a falta de roupa. – disse null olhando para as pernas da garota.
- Tá incomodado null ? – perguntou null colocando as mãos na cintura. - Fecha o olho!
- Sua...
- Já vão começar? – perguntou null , que a essa altura já estava parecendo a mãe da casa.
-Humpf... – bufaram os dois ficando calados pelo resto do café-almoço.


Cap. 3

- Como eles estão se comportando? – perguntou null ao entrar na sala seguida por null .
- Acho que as coisas já melhoraram, pelo menos eles estão há mais de cinco horas sem brigar – falou null sentando no sofá.
- Eu bem que falei que aqueles dois acabariam se matando se morassem juntos – disse null não contendo o riso.
- Alguém sabe me falar o porquê de tanta implicância um com o outro? – perguntou null .
- Pelo que me lembro eles sempre foram assim, não teve um motivo em especial – disse null tentando lembrar do dia que conhecera a amiga.
- Meninas, o null me ligou ontem à noite – disse null ficando vermelha.
- E ai? – perguntaram as outras duas ao mesmo tempo.
- Ah... Não sei... Ele disse que tava gostando de mim... Mas...
- Já vi tudo – falou null revirando os olhos – Vão ficar nisso por mais dois anos.
- null deixa de besteira e pega logo o null – disse null fazendo as amigas rirem.
- Desde quando a Sra. fala “pegar”?- perguntou null tentando parar o riso.
- E null , você é a única que não pode falar nada – foi a vez de null – O null dá em cima de você descaradamente e você.... NADA.
- Aaaaaaaaaaaaaaaaaaah! Seu estúpido! – gritou null do andar de superior.
- Estava demorando muito para ser verdade – falaram as três pulando do sofá.
- null null , eu vou te matar! – gritou null correndo escada abaixo atrás do garoto.
- Por que toda essa confusão? – perguntou null que acabara de chegar e se deparava com aquela cena sem entender nada.
- Esse idiota quebrou o vidro do meu melhor perfume – disse a garota vermelha de raiva.
- Eu já falei que foi sem querer – falou null se irritando com os gritos.
- Ainda nega... - null pulou sobre null e só parou de bater nele, que por sinal ria do esforço da garota de fazê-lo sentir dor, quando null a puxou pela cintura afastando-a do amigo.
- Calma null , foi apenas um perfume – disse null tentando acalmá-la.
- Era o meu predileto, tinha um valor sentimental, meu pai que me deu quando fomos a Paris – falou ela com raiva – Esse peste está tentando transformar minha vida num inferno.
- null deixa de besteira, você sabe como o null é desastrado. Deve ter sido acidente mesmo – disse null fazendo a amiga sentar no sofá.
- Ah quer saber, você é uma histérica, não fiz nada de propósito e era apenas um perfume idiota – disse null saindo de casa – Mas se você quiser, eu te mostro o que é o inferno – falou batendo a porta com força atrás de si.
- Ai, mas que ser desprezível esse seu irmão – falou null tentando conter a raiva que estava daquele garoto.

null e null passaram a semana toda num acordo diplomático de silêncio, só falavam o extremamente necessário, causando irritação dos amigos e revolta de null que estava servindo de pombo correio, ou como as fãs de HP preferirem, corujas para os dois.
Estavam os três em mais um jantar totalmente silencioso... Quer dizer... Quase silencioso.
- Mana, pede para sua amiga passar o arroz – disse null olhando diretamente para null , como se não estivesse falando com null .
- null diz para seu irmão que eu não sou surda – falou null olhando diretamente para null .
- Diz para sua amiga que eu não falo com pessoas histéricas.
- Diz para seu irmão que histérica é a tia.
- Diz para sua amiga que além de histérica ela é idiota.
- Diz para seu irmão que ele é o maior otário da face da Terra. - Diz para...
- CHEGA!!! – gritou null levantando da mesa – Vocês dois estão me deixando louca! Eu tenho cara de pombo correio? Falem um com o outro e me esqueçam! – completou saindo da cozinha.
- null – falaram os dois ao mesmo tempo indo atrás da garota.
- Vou dormir na casa da null , boa noite para vocês – disse ela batendo a porta de entrada.

Os dois passaram longos minutos parados sem saber o que fazer. null sempre era calma e nunca faria isso, não até aquele momento.
Depois de minutos de total silêncio null resolveu falar.
- Não fico aqui com você por nada – disse saindo rumo a porta de entrada – Tchau null .
- Ótimo – disse null – Mas, vai para onde se a casa mais perto é a da null e a null já foi para lá?
- Não sei, mas não vou passar a noite sendo atormentada por você – disse a garota abrindo a porta.

null desceu os primeiros degraus e chegou na rua escura , já era noite e um vento frio parecia cortar seu rosto.
- Droga, por que não trouxe um casaco? – falou a menina baixinho, passando as mãos pelos braços gelados na tentativa de aquecê-los.
- Porque você é burra? – disse uma voz atrás dela.
- Nem fora da sua casa você me deixa em paz, null ? – perguntou null sem olhar para o dono da voz.
- Deixa de besteira sua louca, você não tem para onde ir e está frio demais aqui fora – falou ele puxando-a pelo braço para mais perto de si.
- Me solta garoto – disse ela finalmente olhando em seus olhos.
- Entra vai, não quero ninguém congelado na minha calçada – falou ele rindo – Você está gelada.
null sentiu a respiração do garoto no seu rosto, era a única coisa que estava lhe aquecendo. Ela foi chegando perto dele, analisando seus olhos, seu rosto, mais perto, quando finalmente parou na sua boca rosada, parou e sussurrou no seu ouvido. - Quem chegar por último é o loser! – disse ela correndo até a porta, deixando um null arrepiado e com cara de bobo no meio de uma rua escura.
- Loser, loser, loser... – cantarolava ela dançando quando o garoto entrou na sala.
- Acho que deveria ter te deixado morrer congelada – riu null indo até a cozinha.
- Já vai comer null ? Acabamos de jantar.
- Vou preparar algo quente – respondeu ele – E eu não pude terminar de jantar... Você não deixou.
- Olha quem fala... Você começou toda a briga, quer dizer, todas as brigas são iniciadas por você.
null estava morrendo de frio desde que saíra de casa usando um mini short e uma blusinha, então resolveu subir até seu quarto para pegar um agasalho, mas acabou se rendendo ao edredom quentinho e dormiu tranqüilamente, sem se lembrar do garoto que a esperava no andar inferior.
- null ? – perguntou null ao chegar na sala com duas canecas nas mãos–null ? – subiu as escadas devagar e se deparou com a porta do quarto da garota aberta.
- Você se finge de forte, mas parece uma criança – disse ele baixinho, ajeitando o edredom sobre o corpo dela que se encolheu como em sinal de agradecimento.
- Droga, por que estou te achando tão hot ultimamente? Só posso estar ficando doido–null chegou perto de null , passou a mão sobre seu cabelo quando finalmente acordou do pequeno transe, sussurrou um “boa noite” e saiu apressado para seu quarto antes que fizesse algo que poderia se arrepender depois.


Cap. 4

- Acordaaaaaaaa null , acordaaaaaa! - falou null puxando seu braço sem muito sucesso.
- Hum... – falou ele numa tentativa de resposta.
- Anda seu preguiçoso, levanta! Hoje tem aula! – gritou null se arrependendo depois já que piorara sua dor de cabeça.
- O que???–null pulou da cama se enrolando no edredom e caindo no chão, levando junto a garota.
- Ai seu idiota! Nunca mais te acordo nessa vida – disse ela tentando sair de baixo do garoto – Anda! Está esperando o que? Uma intimação para ir para a escola?
- E a null ? – perguntou ele levantado deixando a mostra seu corpo coberto apenas por uma boxer verde musgo.
- Ham... Deve ter esquecido da gente e ido com a null – respondeu ela sem conseguir tirar os olhos do rapaz.
- Então vamos logo, o que você está esperando? – falou null puxando-a pela mão para que ela ficasse de pé novamente.
- Olha quem fala, passo meia hora tentando te acordar e você agora quer dar uma de responsável? – riu null ironicamente caminhando até a porta.
- Ai, começou cedo hoje – resmungou ele vendo a menina entrar no banheiro - ela só pode está querendo fazer graça.

Depois de uma briga pela demora da garota no banheiro, outra briga pelo café da manhã demorado do garoto e mais uma briga por... Por nada só para brigarem mesmo null já estava esperando na frente do carro e um tanto impaciente pelo adiantar da hora, ele não podia levar suspensão no primeiro dia de aula, isso seria demais.
- Aí está a senhora pontual! – disse ele entrando no carro – Achei que só íamos ver as aulas de amanhã.
- Ah cala a boca null e dirige rápido – respondeu ela rispidamente. Aquele frio de ontem não a fizera bem, estava com uma baita dor de cabeça, daquelas que só se tem depois de uma noite inteira na farra. Sem falar da dor no corpo, que a fazia querer estar na sua cama quentinha com um copo de leite ao lado.
- Finalmente chegaram! O sinal bate daqui a dois minutos – disse null vendo os dois virem correndo em sua direção.
- Culpa dele(a)! – falaram juntos e ofegantes por causa da correria até os amigos.
- Achei que vocês não viriam hoje – disse null se juntando ao grupo sendo seguida por null e null .
- Se eu não tivesse acordado a tempo, não viríamos mesmo fofa, você conhece o irmão que tem.
- Nossa! Logo cedo e vocês já estão nesse clima de guerra – riu null ao chegar dando uma olhada significativa para null que apenas sorriu.
- Realmente galera, hoje é nosso primeiro dia de aula no terceiro ano, vamos aproveitar – falou null abraçando null pela cintura fazendo os amigos rirem, aqueles ali não tinham mesmo jeito, viviam nesse joguinho.
- Sim, mas vamos logo para sala se quisermos entrar – disse null ouvindo o sinal bater.

Os oito foram andando entre os alunos até chegarem à sala, chamando bastante atenção dos colegas, principalmente do sexo feminino, que babavam os garotos dez do ano anterior, por causa da banda que já fazia sucesso nos bailes da escola.
- Voltando ao mundo real – disse null colocando sua bolsa numa carteira na frente da de null – As férias foram tão curtas...
- Nossa! Parece que foi ontem que saímos daqui direto para praia comemorar o início das férias – falou null se sentando (lê-se “se jogando”) na carteira.
- Meninas, guardem o desânimo para vocês, pois nós estamos muito felizes com a volta as aulas – disse null indo falar com umas garotas que estavam sentadas no fundo da sala.
- Ei! Seu egoísta, lembra dos amigos – falou null indo atrás.

null até que tentou ir, mas um simples olhar de null fez ele se sentar novamente ao lado da namorada e null estava na porta da sala falando com uma garota do segundo ano.
- Ai que raiva do null , um dia ele me liga e eu penso que está tudo dando certo, no outro ele vai correndo atrás de qualquer par de pernas – disse null olhando com raiva para uma loira que jogava todo seu charme para o rapaz.
- E olha o null ali, está até babando – falou null com raiva.
- Mas o seu caso é diferente null , o null é louco por você e a senhorita... "NADA". - falou null se metendo na conversa.
- Aewwwwwww, pela primeira vez na vida o null se meteu num assunto para falar algo inteligente. - falou null desviando o olhar de null , ai como aquela garota a irritava.
- Ei sua chata, eu sempre falo coisas inteligentes – reclamou null fazendo bico – Não é verdade null ?
- Ai fofo... Sabe de uma coisa... Prefiro sua boca ocupada em outra tarefa – disse ela puxando o garoto para um beijo, causando vivas gerais da turma.
- Ok, ok, as férias já acabaram, todos nos seus lugares – disse o professor de história entrando na sala – O Sr. aí, desgruda da menina antes de tirar a alma dela pela boca. Sr. null deixe a Sra. Megan voltar para sua sala e Sr. Branw saia de cima da mesa.
- Vai começar tudo de novo – falou null desanimada.
- Ô derrota... – completaram as amigas rindo.

Os horários seguintes se arrastaram lentamente, causando profunda irritação nos alunos que quase dormiam sobre os livros, por isso quando o recreio chegou todos saíram correndo para o pátio.
- null , null , me leva de cavalinho para o pátio? – pediu null fazendo cara de criança.
- Você está ficando muito folgada hon – falou o garoto rindo.
- Ah, me leva vaaai.
- Deixa que eu levo – disse um rapaz alto, com o corpo atlético, cabelos escuros e belos olhos verdes – Sobe ai null .
- Valeu Chris, pelo menos alguém aqui liga para mim – disse a garota dando língua para null e tchauzinho para as amigas.
- Segura ai menina que lá vamos nós – disse Chris rindo ao ouvir os gritinhos da garota. - O que aquela louca faz pendurada no sr perfeição ali? – perguntou null vendo os dois saírem da sala.
- É que a null pediu para o null carregá-la até o pátio, mas ele ficou enrolando, ai o Chris se ofereceu – disse null saindo da sala sendo seguida pelo irmão.
- E ela tinha que aceitar? Que absurdo, ser levada da sala nas costas de um estranho qualquer – disse null com raiva.
-Ai mano, desde quando o Chris é estranho? Eles quase tiveram um rolo ano passado – falou null fazendo o irmão sair pisando fundo em direção a umas garotas, deixando a coitada sem entender nada.
- Ai valeu pelo passeio Chris – agradeceu null descendo das costas do rapaz – Foi muito divertido.
-Imagina null , não me custou nada e não foi nenhum sacrifício – falou ele dando seu melhor sorriso "colgate total 12" – Você não quer lanchar comigo hoje?
- Hum... Tenho uma idéia melhor – Vamos lanchar juntos, mas com meus amigos, vai ser uma experiência... digamos que divertida para você.
- Ai, o que eu não faço por você, menina? – disse Chris seguindo a garota até uma mesa onde os outros já estavam sentados.
- Pessoas um minuto da atenção de vocês, hoje o Chris aqui largou os amigos dele e veio nos dar a honra de sua presença na nossa mesa – disse null sentando ao lado de null .
- Senta ai dude, só por você ter trazido essa coisa nas costas, já merece nossos parabéns – falou null rindo – Me livrou de uma.
- Seu chato, eu não sou coisa – reclamou null dando língua para o amigo que revirava os olhos.
- E ai Chris? Como foram suas férias em Nova York? – perguntou null distraída enquanto tentava abrir seu pacote de biscoito. - Foi tudo bem, adoro aquela cidade, muita correria, animação, me deixa mais agitado, sem falar que já deu para tomar conhecimento de algumas empresas do meu pai - respondeu ele empolgado.
- Nossa está ai um cara que vai ter futuro – riu null batendo no ombro do outro – Por isso que eu não servi para nada além da música. - Gente essa aqui é a Megan, ela vai passar o resto do intervalo com a gente – disse null chegando na mesa acompanhado por uma garota do segundo ano e só depois reparando na presença de Chris , o que lhe fez torcer o nariz.
- Eita! Que hoje nossa mesa está disputada – brincou null – Esse ano promete.
- Somos pop’s hon – disse null fazendo os outros rirem.

Por falta de cadeira, Megan sentou no colo de null , o que gerou risinhos marotos dos meninos com sussurros do tipo “ null garanhão” e olhares furiosos de null que achava aquilo muito atrevimento para uma guria do segundo ano.
Após o segundo comentário sem o menor nexo da ruiva falsificada null já tinha terminado seu sanduíche e resolveu sair dali antes que enfiasse a mão na cara da idiota, que agora cochichava algo no ouvido de null .
- Galera, vou dar uma volta, aproveitar o ar fresco para relaxar um pouco – falou levantando-se da mesa.
- Hey , vou com você null , também quero dar uma andada por ai – falou Chris levantando rapidamente.
- Tchau – falaram todos, menos null que estava ignorando a presença do garoto sem nem ao menos tentar camuflar sua falta de simpatia. E mesmo que quisesse, no momento estava ocupado demais rindo de alguma piada sem graça da garota que estava no seu colo.
- null o que o null tem contra mim? – perguntou Chris sentando no gramado ao lado da menina. - A pergunta seria: O que o idiota do null tem contra mim hon? Nunca nos demos bem e agora morando sobre o mesmo teto as coisas estão piorando – falou ela tentando melhorar a situação.
- Nossa, nunca achei que ele fosse assim, tão imaturo. Esse negócio de briguinhas é coisa de criança meu, achava que ele era mais maduro.
- Nossa hon, no dia que null null ficar maduro vai nascer criança de repolho –falou ela rindo.


Cap. 5

- Ai! Estou acabada – disse null entrando em casa, jogando sua mochila no chão e se jogando no sofá de uma vez.
- Vou ver o que tem na cozinha para comer – disse null indo até o cômodo ao lado – Estou morrendo de fome.
- Grande novidade, você vive com fome null – falou null subindo as escadas – Vou tomar um banho e já desço para o almoço, faz alguma coisa ai.
- Tudo sobra para mim nessa casa – reclamou null – Quero ver se eu saísse por alguns dias. Vocês morreriam de fome.
- Ai null , não grita assim que minha cabeça está em pane, quase para explodir – disse null tirando o tênis e jogando em qualquer canto da sala.

- Hum que cheirinho bom – falou null entrando na cozinha apenas de bermuda minutos depois – O que é?
- É a receita que vai revolucionar a cozinha dos grandes restaurantes franceses, mano. Se chama “comida congelada de microondas” – riu null colocando três pratos na mesa – Agüenta ai que eu vou chamar a null .
- Ok, só não espere que eu não comece a comer, porque ai é abuso.
- Ai seu folgado, eu faço a comida, me esmero preparando uma coisa tão sofisticada e você nem me espera para comer? – rebateu a irmã se fingindo de muito revoltada.
- null , acorda menina, almoço – chamou null enquanto cutucava a amiga–null levanta coisa antes que o null coma tudo.
- Ai null vai indo, estou com preguiça – resmungou a outra virando para o outro lado no sofá.
- null , você com preguiça de comer? – disse null preocupada – Você está bem, fofa?
- To, to, vai lá antes que o brutamonte do seu irmão não deixe nada.
- Ok, ok. Você quem sabe, só não vem reclamar se o null comer seu prato.
- A garota não vem não? – perguntou null entre garfadas.
- Não, disse que está com preguiça – falou null – Para mim ela pegou uma baita gripe, estou até achando ela morna.
- Frescura mana, frescura.
- Ai null para de implicar com a null , achei que vocês já estava se dando melhor.
- Com aquela ali? Nunca!

Já se passava das quatro horas quando null , e null chegaram para ensaiar algumas músicas no porão da casa dos null . Como de costume foram entrando sem nem bater na porta e logo se depararam com uma null dormindo esparramada no sofá.
- Hey cadê o povo dessa casa? – chamou null – O povo que não esteja dormindo ainda com a roupa que foi para escola.
- Oi dudes – cumprimentou null aparecendo na sala – Podem entrar, é que eu estava distraído revendo umas letras de música.
- null onde a null está? – perguntou null com a cara mais inocente possível.
- Está no quarto dela – respondeu o amigo rindo – Sobe lá que a gente já está indo.
- Valeu – falou null antes de sair correndo pela escada.
- O que a null tem, dude?
- Preguiça - riu null olhando a menina de cima a baixo - nada mais que preguiça.
- Ai como você é desnaturado null , nem levou a menina para o quarto, deixou a pobre dormindo na sala – falou null pegando a garota no colo e subindo as escadas.
- Você que está muito sentimental hoje null – retrucou null seguindo o amigo até o quarto de null .
- null , eu não acredito que você ainda não superou aquilo (N/A: ainda não vou falar, podem ficar curiosas mais um pouquinho ;] rsrsrsrsrrsrsrs e eu não sou má, só um pouquinho rsrsrsrrs).
- Realmente faz quatro anos dude, deixa de besteira, a gente bem que sabe que você, tanto quanto a gente adora a companhia dessa guria aqui – falou null colocando null na cama.
- Prontinho. Trabalho cumprido. Agora podemos trabalhar? – perguntou null saindo do quarto da garota e entrando no seu próprio quarto.
- Ai, não sei por que não desisto de você. Seu cabeça dura – falou null acompanhando o amigo. - null seu tempo no quarto da minha irmã acabou – gritou null – Vem já para cá!
...
...
...
- Deixa de ser egoísta null e me dá um pouco de pipoca.
- Pode ir esquecendo fofa, esse restinho é todo meu e eu não vou dividir.
- Seu guloso, você vai morrer me pedindo pipoca e eu não vou te dar.
- Uau, a null ameaçou, dude.
- Sim null , vai mesmo botar mais lenha na fogueira?
- Ai null se você pedir eu juro que boto mais fogo em outra coisa.
- Olha ai null , maior investida na sua irmã.
- Ele não escutou null , está voando em pensamento.
- null !!!!!!!!!!!!!!!!!! – gritou o garoto novamente.
- Ham... ?

As vozes vinham do andar inferior, no inicio pareciam longe, mas foram ficando mais altas com o tempo. null abriu os olhos com dificuldade e se deparou num quarto escuro, não se lembrava de ter subido. Levantou cambaleando, mas logo se equilibrou, já estava bem melhor, o corpo já não doía e a cabeça não parecia querer explodir a qualquer momento.
- Deixa null , você não prestou atenção em nenhuma palavra que falamos durante toda a tarde – disse null revirando os olhos .
- Estava pensando em que, mano? – perguntou null – Tava tão longe...
- Nossa!!!!!!!! O null pensa!!!!!!!!!!!!! – disse null fazendo todos rirem muito.
- Ah, a bela adormecida resolveu aparecer – falou null ao ver a amiga no pé da escada.
- Vem para cá logo guria – disse null chamando a menina para o sofá.
- Nem precisava chamar–null se jogou de uma vez sobre o garoto que começou a gritar.
- Ela está bem, podem ter certeza... Aiiiiii menina me deixa respirar.
- Você que chamou hon – disse ela saindo de cima do garoto.
- Vai ver o filme com a gente? – perguntou null .
- Ai deixa para próxima, vou tomar banho e comer alguma coisa... Bateu a fome – falou ela levantando do sofá – Volto depois bjus hon’s.
- Essa ai estava parecendo super mal há três horas atrás, agora nem parece – disse null revirando os olhos .
- Sim, vocês vão colocar esse filme logo ou vão passar a noite falando da null ? – perguntou null irritado.
- Vixi, que esse está de TPM – brincou null entregando lodo o dvd para que null colocasse logo.
- null , deixa eu deitar no seu colo? – perguntou null com carinha de cachorro pidão.
- null se você ainda não percebeu você já deitou faz tempo – riu null passando a mão pelo cabelo do garoto que fechou os olhos para aproveitar melhor o momento.
- Ah, se o null deita também tenho o direito – disse null fazendo uma carinha marota e colocando a cabeça no colo de null que ficou levemente corada.
- Vixi só sobrou o null – disse null que estava deitada no sofá ao lado de null .
- Dude, acho que você está precisando de uma garota – falou null antes do filme começar.

Cap. 6

-Bom dia, pessoas !!!!!!!!!! – falou null entrando na cozinha onde já se encontravam seu irmão e sua amiga.
-Só se for para você, seu irmãozinho comeu todo o resto de cereal, o leite, e os últimos biscoitos... Não tem nada para a gente comer – falou null irritada fuzilando o garoto com os olhos.
- null , seu egoísta. Como a gente vai para escola sem comer nada? – perguntou null se irritando também .
-Relaxa null , ainda tem vitamina de banana na geladeira – falou o irmão tranquilamente, dando um leve sorriso pelo canto da boca.
-Pronto null , ele não seria tão maligno de nos deixar com fome – disse null tirando uma jarra da geladeira.
- null você ainda não entendeu – falou null quase pulando no pescoço de null – Eu sou alérgica a banana e seu irmão sabe muito bem disso. Fez de propósito !!!
-Ai, tinha esquecido hon – falou null vendo o irmão sair correndo da cozinha morrendo de rir
-Ai que um dia ainda te mato, null !!!!! – gritou null subindo as escadas correndo, mas já encontrou o rapaz trancado no quarto
-Deixa para lánull , você come no intervalo, se ficar batendo nessa porta o null não vai sair e nós não vamos para escola – disse null para uma amiga frustrada e com fome–null sai logo daí e vamos para a escola – completou se encaminhando para fora da casa – Vamos null , deixa isso quieto .
-Você não paga para ver, idiota – falou null assim que null entrou no carro.
-Ai, eu já estou achando que ir para África com os meus pais não teria sido tão má idéia assim – falou null enquanto esperava o horário bater junto com null .
-O que foi que o null fez dessa vez ? – perguntou a amiga que já estava se acostumando com as brigas mais freqüentes dos dois .
-Hoje ele comeu o resto de comida que tinha em casa, só deixando para mim vitamina de banana.
-Mas você não era alérgica a banana?
-Era não... Sou !!!! O null queria me matar, ele sabe muito bem que perco até o ar se chego perto daquela coisa amarela .
-Nossa o null está mesmo disposto a se superar no quesito, golpe baixo – disse null .
-Bom dia, lindas! – falaram null e null , chegando perto das duas .
-Bom dia boys – responderam elas deixando o assunto anterior de lado .
-Sonhou comigo ontem ? – perguntou null no ouvido de null .
-Digamos que teria sido uma ótima noite – sussurrou ela em resposta fazendo o garoto rir
-Por que essa carinha triste pequena? – perguntou null para null .
-É cara de fome hon – disse ela forçando um sorriso .
-E por que nossa guria está com fome a essa hora ? – perguntou null que já estava abraçado na cintura de null .
-Hey dudes – disse null se juntando ao grupo, sendo seguido por null , null e null .
-Está ai o motivo em carne, osso e idiotice – falou null pegando seu material que estava no chão e caminhando até a sala .
...
...
...
-Ok, ok, peguei pesado dessa vez, mas que foi hilariante, isso foi – disse null durante a aula de química .
-Coitada da null dude, ela podia ter tido um troço se tivesse tomado a vitamina por engano – falou null vendo a menina quase dormir sobre o livro, sem dar a mínima atenção para aula.
-Assim vocês vão viver em pé de guerra - foi a vez de null falar – Quando as coisas parecem estar melhorando você recomeça tudo novamente.
-Você conhece bem a nossa guria, ela não é de deixar passar em branco, não – riu null .
-Ela é estressada, isso sim – disse null olhando a garota pelo canto do olho – Mas tudo bem, depois falo com ela e peço desculpas.
-Vamos só ver se ela vai aceitar – disse null mandando um beijo no ar para null .
O resto dos horários que antecediam o recreio foram longos e tediosos. Os alunos se comportavam como em fim de ano, sem a menor vontade de aprender. null e null ficaram trocando bilhetes gays, null dava umas diretas para null , null dormia profundamente, null brincava com uma folha de papel, null revezava seu olhar desatendo de null para a janela e null curtia sua fome.
-Hey, hey! - chamou null vendo a garota se levantar para sair da sala juntamente com Chris.
-Que foi, null ? – perguntou null rispidamente .
-Preciso falar com você – disse ele vendo Chris se aproximar e colocar a cabeça no ombro da garota .
-Já está falando e se não tiver mais nada importante para dizer já vou indo, pois um certo estúpido me deixou com fome além de quase me matar essa manhã.
-Dá para você me ouvir por dois minutos antes de sair atirando pedras? – perguntou ele – E sem guarda costa, que não vou tentar te enforcar aqui .
-Chris, deixa eu falar com esse ser rapidinho – pediu null dando um beijo na bochecha do garoto , causando ânsia de vômito em null .
-Ok, então vou logo adiantando e comprando seu lanche – falou ele analisando o outro rapaz de cima a baixo, como se estivesse checando se poderia deixar a menina ali .
-Pega o dinheiro na minha bolsa – completou null quando ele já ia se afastando
-Precisa não, hoje é por minha conta – falou ele saindo antes que ela pudesse falar mais alguma coisa .
- Ele já foi, pode falar null e seja rápido e objetivo.
-Bem... Estive pensando... Nossa... É que...
-Fala de uma vez! – disse ela impaciente
-Desculpa ai por hoje cedo, não pensei direito – disse ele sem jeito .
-É muito fácil fazer as merdas e depois pedir desculpas, se bem que esse já está virando seu hábito .
-Você já vai voltar a esse assunto?
-Ai, quer saber null ? Me deixa em paz! – falou ela virando para sair .
-Diz que me desculpa
-Vai me obrigar? – perguntou ela desafiante
-Não – disse ele olhando em seus olhos – Mas você vai mesmos assim – completou chegando bem perto da garota, fazendo com que ela fosse recuando, até que encostaram numa parede. Sentiu a respiração dela falhar com a proximidade e percebeu que a sua também estava do mesmo jeito, passou a mão por seu rosto e beijou o canto da sua boca antes de falar – Você já me desculpou, eu sei que sim. A vontade que ele sentia era de puxá-la de uma vez para um beijo, parecia que seu corpo era chamado pelo dela, aqueles olhos pareciam lhe dominar, era um sentimento mais forte que ele, mas antes que se deixasse levar, desgrudou da menina e saiu sem nem ao menos olhar para trás, deixando null confusa o suficiente para sorrir do nada e ficar triste ao mesmo tempo.
null estava totalmente desnorteado, não sabia o por quê de ter feito aquilo. Era uma coisa que não sabia explicar. Simplesmente tinha sido hipnotizado, seu corpo não o obedecia mais. Ele não podia gostar dela, não queria cair novamente naquela armadilha que já era sua velha conhecida. Andou entre os outros alunos sem prestar atenção em nada ao seu redor, até que avistou Megan sentada em um banco e foi logo beijando a garota, que apesar de não entender nada, estava adorando aquilo. null tentava esquecer a boca de uma se entregando para outra.
- null – chamou Chris assim que a avistou no pátio – Aqui está o seu lanche – completou entregando-lhe uma sanduíche natural e um suco.
-Obrigada fofo, você deve ter enfrentado a maior fila – disse ela tentando esquecer os últimos acontecimentos .
-Que nada, as garotas me deixaram passar. E mesmo se não tivessem deixado eu não me queixaria se fosse para você – falou ele com seu famoso sorriso Colgate total 12 .
- null , corre vem ver – chamou null após alguns minutos, o garoto já saia puxando null com uma das mãos e agora puxava null com a outra.
-Calma menino, deixa eu terminar de comer – falou ela rindo, tentando não derramar o suco .
-Ai você corre o risco de perder o espetáculo – disse agora null que se acabava de rir .
-Não acredito – disse null ao olhar a cena .
-Finalmente temos de volta o null garanhão – riu null – Ele estava meio para baixo, quieto demais.
-Que diria... A Megan – falou null .
-Eu tenho mais o que fazer que ficar olhando o null e sua nova periguete – falou null sentindo uma raiva enorme tomar conta do seu corpo. Como assim ele quase a beijava e minutos depois estava praticamente engolindo a ruiva?
-O que deu nela? – perguntou null sem tirar os olhos do mais novo casal.
-Ela ainda deve estar puta da vida com o null - disse null sem prestar muita atenção.

Cap. 7

O clima entre null e null ficou pesado durante os dias seguintes. Ele oficializou o rolo. Sim, rolo, ele não pediu Megan em namoro, e null para se vingar e tentar esquecer o quase beijo, se deixava levar cada vez mais pelo charme de Chris que fazia de tudo para agradá-la. Os amigos notaram algumas mudanças na relação dos dois, que antes era cheia de brigas bobas e agora a situação mudara. Faziam questão de se provocarem para não dar o braço a torcer.
– Gente , eu acho bom passarmos um final de semana diferente, para ver se o clima melhora aqui – sugeriu null que estava sentado no sofá da casa dos null 's .
-Nossa! Achei que só eu tinha notado como os dois estão – disse null se referindo ao irmão que estava no quarto falando com Megan pelo celular e da amiga, que tinha saído com Chris.
-Antes eles viviam brigando. Agora, quase não se falam, parecem estar se ignorando por completo. – disse null .
-Para mim eles estão se gostando – falou null fazendo todos caírem para trás .
- null e null ? – perguntou null quase sem voz.
-Não dude, não pode ser – foi a vez de null – Se bem que ...
-Se bem que o que? Sr. null ? – perguntou null
-O que vocês estão nos escondendo? – perguntou null
-Nada meninas, besteira desses dois – disse null lançando um olhar suspeito para os amigos – Vamos esquecer essa história. Eles que se entendam e se estiverem mesmo se gostando que larguem de frescura e assumam logo.
-É... Você tem razão. – falou null após longo momento de reflexão.
-Que saber? Vamos sair um pouco. Estamos em uma sexta-feira à noite e não vamos morgar aqui nem por decreto! – falou null levantando do tapete .
-Vamos numa lanchonete! Aquela que os garotos vão tocar semana que vem – sugeriu null – Assim já vamos nos familiarizando com o local.
-Essa é a minha garota – falou null beijando a menina e fazendo todos rirem.
-Ok, vamos lá casal null ! – chamou null que já estava saindo abraçado com a cintura de null .
-Ninguém vai chamar o null ? – perguntou null que tinha uma null feliz pendurada em suas costas.
-Deixa ele ai! Não vai nem notar nossa ausência. – falou null – Está ocupado demais falando com a Megan – completou com uma voz melosa.
-A gente não presta! – concluiu null rindo ao sair da casa .
null já estava quase dormindo com o papo de Megan sobre as últimas tendências para o inverno, então resolveu dar uma desculpa qualquer para desligar o celular. Desceu as escada ainda sonolento, estranhando a ausência de barulho. Todo aquele povo junto não tinha como estar tanto silêncio.
-Alguém em casa? – perguntou sem obter resposta – Que ótimo! Saíram sem nem dar tchau. Que amigos... – resmungou indo até a sala. Iria sentar no sofá, mas uma coisa lhe chamou a atenção. Correu até a janela e ficou vendo a cena.
-Nossa Chris! Valeu pelo passeio, adorei o sorvete. – falou null descendo do carro branco.
- Imagina linda, eu que agradeço a companhia – falou o rapaz também descendo do carro.
-Que entrar? – perguntou ela – Aqui fora está frio .
-Não, não quero arranjar mais problemas com o irritadinho do null – falou ele puxando a garota para perto, deixando os corpos bem próximos – E quanto ao frio .... Eu te esquento.
-Sendo assim, não tenho como recusar – falou ela rindo. Chegou mais perto e colocou a cabeça no peito do rapaz que sorria bobamente, causando uma pontada no estômago de null .
- null ?
-Sim?
-Sempre gostei de você – falou Chris levantando o rosto dela com a mão.
-Sério?
-Nunca falei mais sério em toda minha vida – disse ele encostando a garota na porta do carro .
-Nossa! Não sabia...
- null – interrompeu o garoto – Acho que esperei tempo demais... Então... Quer namorar comigo?
A garota ficou sem saber o que falar. Ela gostava de Chris, mas ele não fazia borboletas aparecerem no seu estômago, o que null conseguia com apenas um simples olhar, mas por outro lado o outro já estava com Megan. E ela que não iria sofrer por um idiota mesmo. Olhou para Chris e a única coisa que conseguiu fazer foi beijar-lhe, resposta suficientemente boa. Chris passou os braços por sua cintura, puxando o corpo da garota pelo cós da calça jeans, enquanto ela passava as mãos por seu cabelo.

Cap. 8

null entrou na casa e não percebeu nenhum movimento. Já ia subir as escadas para ver se os amigos estavam no andar superior, quando viu um garoto sentado no sofá olhando para uma TV desligada como se tivesse passando o melhor programa do mundo.
- null , onde estão os outros ? – perguntou ela se aproximando -Ei! Terra para null ! Estou falando com você! – tentou novamente se posicionando entre null e a televisão - null ! Que merda, estou falando com você! – disse null irritada
-Você está na frente – disse ele apontando para TV.
-Está desligada null , se é que você ainda não percebeu. Ou você não ouviu uma palavra do que eu falei, ou pelo menos não se deu o grande trabalho de responder.
-Faz alguma diferença eu te responder, ou não?
-Claro que sim. O que você tem?
-Eu? Nada. – disse simplesmente
-Quer saber? Se você quer ser louco, problema é seu. – falou a menina virando de costas.
-É melhor mesmo, vai ficar com seu peguetezinho, ele deve estar com saudade. – disse null sem pensar
-Do que você está falando? – perguntou null virando de frente – Ah, você está se referindo ao meu NAMORADO – disse quase soletrando a última palavra para provocar.
-Hã? Você vai namorar aquele engomado? – perguntou null levantando em um pulo do sofá.
-Agora você fala... Que bom saber que ainda tá vivo. – falou null subindo a escada.
-Ei! Não me deixa falando sozinho. – disse null seguindo a menina
-Por que não? Você fez isso ainda pouco, comigo.
-É diferente...
-Diferente? Claro... Só se for para você null , para mim é igual!
-Por que você está namorando aquele babaca?
-Não te interessa, ok? E quem é você para me cobrar alguma coisa?
null parou por um minuto, ficou observando os traços irritados da menina, ela sempre ficava rosada quando se irritava, se ela queria brincar ele ia entrar no joguinho, mas entraria para ganhar.
-Sou o único que te faz sentir isso. – falou puxando-a para um beijo
No começo null tentou se afastar, lutou para se soltar dos braços do menino, mas aos poucos suas pernas foram ficando mole e seu corpo não queria sair dali, seu coração estava na garganta e logo sentiu um arrepio por todo corpo a medida que o beijo ficava mais intenso.
-Agora você sabe quem eu sou. – disse null se afastando e entrando no próprio quarto. Deixou uma null totalmente confusa no corredor.

Cap. 9

-Prova? Agora que temos um mês de aula, e já temos prova? – perguntou null quase tendo um ataque no recreio.
-Calma dude, nem eu estou nesse desespero todo. – falou null tentando acalmar o amigo .
-Talvez pelo pequeno fato de você ter estudado e eu não. – respondeu null dando um pulo do banco chamando a atenção de um grupo de garotas que passavam perto.
-Hon, dessa vez a culpa foi toda sua. Eu mesma te falei que hoje teria prova, você que não deve ter prestado atenção – falou null com medo do amigo ter um treco ali mesmo.
- null , sacanagem! Você falou na hora que o null estava atirando uma bolinha de papel do cabelo da null , por isso que ele não lembra. – disse null fazendo todos rirem.
-Gente é sério, tô ferrado, prova de matemática e eu nem sei para onde vai o assunto. – disse o garoto em desespero.
-Me diz uma coisa dude, se você tivesse estudado entenderia? – perguntou null
-Hum...
-Isso mesmo! Você continuaria sem saber para onde vai, a null te poupou o trabalho de estudar para nada – completou null recebendo um suspiro do amigo que já estava se conformando com a idéia de tirar zero.
-Relaxa null , a gente se vê na reposição – disse null batendo nas costas do amigo – Eu também não sei nada de matriz, para mim tanto faz ver a prova de cima ou de baixo... Vai dar na mesma .
-O null zinho não sabe porque estava de beijinhos com a ruivinha Megan. – disse null tirando imediatamente o sorriso do rosto de null .
-Bem...
-Eita null ... Mas fala ai, ela é boa? – perguntou null – Porque sem querer ofender, ela é uma gata, mas é chatinha.
-Gente eu vou sentar com o Chris, nos vemos na hora da prova – falou null levantando do banco e encaminhando-se até uma mesa próxima onde o namorado a esperava.
-Essa guria tá ficando cada vez mais sem noção. Onde já se viu abandonar um amigo em crise? – falou null imitando voz de gay causando muita bagunça e comentários dos meninos do tipo " null você quer ser meu namorado?"
Minutos depois estavam todos enfileirados na sala do terceiro ano, olhando para uma prova, que de tanta letra parecia até de português, e entrando em estado de desespero total e completo. (N/A quem nunca ficou assim na vida... Se não ficou sinto informar mas vai ficar hauahuahuaha)
-Hey null ! Qual é a resposta da terceira? – perguntou null aproveitando a distração do professor.
-Banana.
- null não tem como ter dado banana. – disse null incrédulo
-Eu sei... Mas eu quero comer uma banana. – respondeu o garoto rabiscando o desenho de uma banana na prova.
-Hey, null ! Passa a primeira. – pediu null
-Eu não sei dude... Peraí...–null olhou para os lados e só avistou null na sua frente–null passa a resposta da primeira, ai.
-Eu não sei – sussurrou a menina visivelmente alterada por causa da prova
-O que?
-Eu não sei – repetiu ela
-Fala mais alto não tô entendendo...
-EU NÃO SEI, PORRA! – gritou a menina se estressando com mais uma conta errada.
- null e Srta. null , diretoria. – falou o professor
-Mas... Mas...
-Já!

Cap. 10

-Você vai me pagar sua maluca – sussurrou null a caminho da sala do diretor.
-A culpa é toda sua, seu loser! Eu falei que não sabia a resposta várias vezes – retrucou null
-Se você não fosse mulher eu juro que já tinha pulado no seu pescoço há muito tempo.
-Pula se for homem.
-Não testa minha paciência que ela está por um triz – disse null parando à porta de uma sala e olhando fixamente para garota que xingou mentalmente o olhar de null , que fazia seu corpo arrepiar .
-Muito bem, os dois atrapalhando o andamento da primeira prova do ano. – falou um homem baixinho e roliço com cara de poucos amigos – Nada bom, nada bom...
-Diretor Half... – começou null
-Sr null poupe-me de suas desculpas. - interrompeu o diretor – o bilhete que o professor de vocês escreveu é auto explicativo.
-Mas senhor... – foi a vez de null tentar.
-Nem mais nem menos, os dois vão participar da semana de talento do asilo, que nossa escola ajuda.
-Mas senhor, só quem participa são os nerds! – disse null irritado – Vai ser muita humilhação fazer papel de arrumadinho, que usa aparelho e respira literatura.
-Sr null controle-se, por favor, se não vai ser pior.
-O que teremos que fazer? – perguntou null tentando acalmar a situação.
-Hum... – resmungou o diretor pensativo
-Então? – perguntou um null mais calmo após alguns minutos de total silêncio.
-Hum...
-Dá para falar alguma coisa além de "hum"? - perguntou null .
-Sua louca, que piorar as coisas? - perguntou null baixinho lhe cutucando.
-Senhorita, queira ter modos nesta sala – disse o diretor – E quanto ao castigo de vocês, terão um mês para fazer uma música e cantar para os velhinhos. Agora podem se retirar
Os dois pegaram suas coisas e saíram para uma rua pouco movimentada. Ambos estavam com muita raiva para falar, a raiva nem era tanto um com o outro, era mais com o diretor mesmo, mas eles preferiram andar os quatro quarteirões em silêncio.

-Muitos problemas com o diretor? – perguntou null arrumando seu instrumento.
-Aquele maníaco torturador vai nos humilhar publicamente. – disse null com raiva
-Nossa o que vocês vão ter que fazer? – perguntou null – Andar pela escola vestidos de palhaços ou talvez de coelhinhos fofinhos?
-Pior meu caro...
-Nossa, não pode ser tão mau assim, dude – disse null assustado.
-Ele vai nos obrigar a compor uma música e apresentá-la no asilo para os velhinhos na semana de talentos – disse null .
-Não...
-Acredito...
-Nisso...
-Dude, vocês se ferrarão! Só quem apresenta alguma coisa lá são os nerds fedidos a livros velhos e mofados – falou null .
-Se queria ajudar não conseguiu.
-Desculpa null , mas vocês estão bem mal, a escola toda vai rir.
-E eu não sei disso? Estou há horas pensando em mil e uma maneiras de afogar, torturar, enforcar a "Sra. Perfeição" que fez isso com a gente.
-Ah null , mas isso seria um verdadeiro desperdício – disse null fazendo todos, exceto null , rirem .
-Não acredito null . – falou null quase caindo da cama.
-Pois acredite, vai ser humilhação suficiente para toda minha vida!
-Mas sem chances dele mudar de idéia? – perguntou null .
-Sem a melhor chance – respondeu a menina triste.
-Nossa. O diretor pegou pesado dessa vez, humilhação pública devia ser proibida nesse país – disse null indignada.
-Se bem conheço meu irmão, há essa altura ele deve estar querendo ver você morta.
-Eu sei null , eu sei. – falou null – Se pudesse voltar atrás nunca teria dado aquele grito.
-Fica assim não amiga, não foi bem sua culpa, quer dizer, você estava sobre pressão de uma prova de matemática, estava nervosa... – falou null tentando animá-la.
-E quer saber de uma coisa... Não vamos ficar falando de uma coisa que não tem jeito – disse null – vamos lá para baixo comer alguma coisa enquanto os meninos estão ensaiando.

Cap. 11

-E então, null ? Fiquei preocupado com você. – falou Chris abraçando a namorada no dia seguinte – Como foi com o diretor?
-Fica calmo, ele só vai nos fazer pagar o maior mico de nossas vidas. – respondeu ela lembrando do castigo idiota.
-Faz essa carinha não, linda. Qual vai ser o castigo ?
-Não vou falar não, você vai rir. – disse ela fazendo bico - Tá bom... Vamos ter que compor e apresentar uma música para semana de talento no asilo. – falou null bem devagar, para ver a reação do namorado.
- O que? – falou Chris engasgando e começando a rir .
-Ai... Pára, seu bobo. – queixou-se null batendo no seu braço.
-Des... Desculpa amor, mas... Ok, pensando bem... Nem é tão mau assim. – tentou o rapaz contendo o riso.
-Corta essa, Chris. É péssimo! – disse ela rindo também .
-Ah, você admite, então? – falou ele pegando a namorada nos braços.
-Me põe no chão, meu amado chão, meu verdadeiro habitat. – falou ela fazendo drama.
-Não senhora, nunca mais te solto.

...

-Parece que os dois estão dando certo. – comentou null abrindo seu sanduíche em um banco perto do casal.
-Para falar a verdade acho que o Chris não combina muito com a null . Ela é muito alegre, viva até demais , e ele... É tão... – tentou null .
-Ridículo, idiota, engomado... – falou null , mal humorado, olhando para os dois.
-Por aí, null , por ai... – riu null .
-Mas o que importa é que eles estão se dando bem e que a null parece estar feliz! – disse null olhando os dois rindo.
-Qual é, null ? Tá do lado do engravatado? – perguntou null já não agüentando mais aquilo.
-Claro que não, mas eu gosto muito da null para ficar me metendo na sua vida sentimental. Deixo isso por conta dela. – falou o garoto – E vocês deveriam fazer o mesmo.
-Ai null , a gente estava apenas brincando. Todos aqui querem ver a null feliz. – disse null percebendo uma certa tenção no ar.
-Talvez alguém sinta um pouco mais que isso... – falou null olhando diretamente para null .
-Vou ver a Megan, ainda não falei direito com ela, hoje. – disse null levantando.
-Você está sabendo de alguma coisa que a gente não sabe, dude? – perguntou null intrigado.
-Não, não, é besteira minha... Está tudo bem. – disse ele olhando null praticamente se fundir com a ruiva em um longo beijo.

Cap. 12

- null , preciso falar com você – disse null assim que o sinal tocou anunciando o fim do recreio
- null , o professor já vai entrar na sala.
- E desde quando você se preocupa com as aulas? - Desde quando o diretor passou um castigo humilhante para dois dos meus amigos. – falou null rindo.
- São só cinco minutos... Sério. - Ok, você venceu null . – disse null andando ao lado do amigo – Pode falar.
- Cer... – ia começando o garoto mas foi interrompido bruscamente.
- null !!!!!!!!!!!!!!!!!!!! – vinha gritando null – Meu amante! – falou antes de se pendurar em seu pescoço chamando vários olhares para si .
- Vai com calma, null – disse ele rindo enquanto tentava ficar de pé – Daqui a pouco vão achar mesmo que nós temos um caso.
- Me leva nas costas até a sala? – perguntou ela fazendo uma cara fofa que fazia qualquer um se render aos seus caprichos.
- Ai, null ... Fica para próxima, tenho que falar com o null , aqui. – falou null enquanto a menina o largava fazendo bico.
- Vai trocar seu amorzinho para ficar com o... null ? – perguntou ela fazendo careta .
- Ei!!!! – queixou-se null se fazendo de ofendido.
- Se você for uma boa garota e for para sala, prometo te levar até o carro na hora da saída. – falou null como se tivesse convencendo uma criança.
- Olha lá, vou cobrar. – disse null correndo até as amigas para irem juntas para sala.
- Você gosta muito dela, né? – perguntou null sem tirar os olhos de null .
- Sim dude, ela é minha melhor amiga – falou null voltando a andar.
- Sei...
-Então, o que queria falar comigo, null ?
- Bem... null , por que estava me dando aquelas indiretas ainda pouco?
- Eu não falei que eram para você, mas já que percebeu... – disse null mudando um pouco a voz.
- Qual é dude, o que eu te fiz?
- A mim nada, mas você pensa que eu ainda não percebi seus olhares para null ? Sua irritação toda vez que ela está com o Chris? – perguntou null não deixando o amigo falar – E o pior, como ela também te olha.
- null ... Eu...
- null eu não sou bobo, sei bem que você gosta dela, mas você sabe que nunca dariam certo, eu conheço os dois bem demais para me iludir com isso. Um machucaria o outro como da última vez. ( N/A tam , tam , tam... suspense hauhauha).
- null , não queira misturar as coisas, aquilo aconteceu há muito tempo, éramos imaturos.
- Dude, você sabe que vocês apenas se machucariam e isso eu não quero ver. – disse null relembrando o passado – Vocês dois são meus melhores amigos e eu não quero que um destrua o outro.
- Dude, eu nunca quis machucar ela, você sabe. – disse null atordoado.
- Claro que eu sei disso, mas lembra quando a null chegou aqui? Vocês se conheceram antes das aulas começarem, foi amor a primeira vista. Lembro bem quando você veio me falar da garota especial que tinha conhecido, então um dia antes das aulas começarem você simplesmente terminou com ela, falando que ela não passava de diversão de férias e que você tinha namorada. – falou null relembrando fatos que o amigo gostaria de esquecer para sempre.
- null , eu ia terminar tudo com a Hana, mas no dia que eu ia fazer isso ela me falou que mudaria de país em um mês, eu não podia terminar assim com ela – falou null com raiva de si mesmo.
- Eu sei, mas a null até hoje não sabe, por isso os outros sempre viram vocês se odiando e agora que finalmente as coisas acalmaram você que arriscar trabalho de anos. – disse o outro – A null me falou que se esse ano não desse certo na sua casa null , ela ia morar com os pais na África .
- Eu não sabia disso...
- Ela só falou para mim, e por isso que eu não posso deixar você machucá-la. Se isso acontecer null , todos nós a perdemos – falou por fim com os olhos molhados.
- Eu... Eu não sabia... – disse null saindo correndo.
- null , onde você vai? – chamou null sem obter resposta–null .

Cap. 13

null saiu correndo para bem longe do amigo. Para bem longe das pessoas, para bem longe de si mesmo, se fosse possível. Tudo que ele queria naquele momento, era esquecer sua falha do passado que já tinha quase deixado de atormentá-lo, mas agora voltava com força total. Na ocasião lembrada por null , ele achava que assim que Hana fosse embora, ele voltaria com null e assim nenhuma das duas sofreria, mas ele estava enganado, null nunca deu abertura para as explicações do garoto e isso lhe causou uma certa raiva da decisão tomada que com o tempo foi se virando contra a menina.
O garoto sentou no gramado atrás da escola e ficou ali, calado, inerte em seus pensamentos, de todos aqueles anos e em todos os sentimentos que retornaram de uma hora para outra. Ele não podia dar o braço a torcer, era orgulhoso demais para isso e também não podia fazer todos perderem ela, ele mesmo não podia não olhá-la todos os dias... Isso seria pedir muito.
Depois de horas olhando para o céu azul, desenhado por nuvens em formatos estranhos, null já tinha uma decisão tomada, assim que o horário escolar acabou. Levantou e se encaminhou até a sala para pegar seus materiais torcendo para nenhum professor ter notado que suas coisas estavam na sala, mas ele não.
- null , onde você se meteu? – perguntou null assim que viu o irmão entrar na sala.
- Depois eu falo com você, mana. Tenho uma coisa importante para fazer agora. – disse ele vendo null a frente carregar uma null feliz nas costas.
- O que deu nele? – perguntou null sem entender.
- Não faço a menor idéia – disse ela pegando suas coisas e saindo da sala seguida por null e null
...
- Ei, vocês dois... – vinha null correndo – Esperem!
- Não sabe correr, não? – perguntou null rindo a frente.
- Pare que essa pressa toda? – perguntou o menino arfando quando chegou perto de null , que já deixava null na frente do carro.
- É que quanto mais rápido eu chegasse, mais cedo a null saia das minhas costas – falou o rapaz rindo.
- Chato! – falou null rindo.
- Mas por que veio correndo, null ? Algum problema?
- Não diria que é bem um problema... – falou ele recuperando o fôlego – Vocês saíram tão rápido que não ficaram sabendo da novidade – completou apontando para entrada da escola.
- Então fale logo, não deixe a gente aqui, morrendo de curiosidade – falou null acenando para o namorado que vinha para sua direção.
- O null e a Megan... – começou null – Ele acabou de pedi-la em namoro.
- O que? – falou null sentindo as pernas falharem.
- Você... Você tem certeza, dude? – perguntou null segurando a amiga com medo dela cair a qualquer momento.
- Tenho sim, tá a maior festa lá dentro. – disse o rapaz – Não é todo dia que um dos maiores pegadores dessa escola assume compromisso.
- null , você tá bem? – perguntou Chris ao chegar perto da namorada e perceber seu rosto pálido.
- Tô, eu tô ótima. – disse ela olhando null e Megan saindo abraçados pela entrada.
- null ... – começou null .
- Chris, me leva para casa? Tô com um pouco de dor de cabeça e o null ai, parece que vai demorar. – falou a garota tentando se recuperar do susto, ela não podia dar tanta bandeira. E além do mais, não queria voltar para casa no carro com null .
- Claro, amor – disse ele pegando a chave do próprio carro – Vamos então.
- null , qualquer coisa me liga. – falou null preocupado.
- Tudo bem, hon... - falou ela já se distanciando – Beijos, null .
- Linda, você tá bem mesmo? – perguntou Chris abrindo a porta do carro para ela entrar (sim ele era engomado, engravatado, um pouco sem graça, mas era muito educado).
- Tô sim, Chris. Só que esse barulho da saída me deixou com dor de cabeça, nada demais – falou null entrando no carro.
...
- Onde a null foi? – perguntou null vendo o carro de Chris sair.
- Foi para casa. – falou null .
- Mas ela sempre vai comigo e com o null ...
- Deixa os dois irem namorando no caminho, null . – disse null tentando disfarçar – Vamos. – disse null após conseguir se soltar dos braços de Megan.
- Vamos - falou null . - Tchau meninas, me liguem de tarde para confirmarmos o shopping.
- Certo – completaram null e null acenado.
- Tchau, amor da minha vida! – disse null fazendo a menina corar.
- Até depois, hon! – respondeu null .
- Onde está, null ? – perguntou null ao entrar no carro e dar por falta da garota.
- Ela já foi, mano. Nós podemos ir.
- Foi com quem?
- Com o Chris.
- E por que isso agora? Ela sempre vai com a gente. – falou null sentindo uma pontada de ciúmes.
- Para passar um tempo com ele, pelo menos foi o que o null disse.
- Mais tempo com aquele engravatado e ela vai virar um robô. – desse o rapaz emburrado.
- null , como é que você começa um namoro de uma hora para outra e não fala para ninguém? – perguntou ela rindo.
- Pois é, null , uma hora a gente cansa de ficar pulando de galho em galho.
- Isso eu sei, mas não achava que você gostava tanto dela, sempre pensei que era só passa tempo, mesmo.
- null , deixa que do meu namoro cuido eu, ok?
- Tá bom, senhor estressado... Não tá mais aqui quem falou. – disse ela ligando o som e ficando calada durante o caminho até em casa.

Cap. 14

- null , você já chegou? – perguntou null subindo as escadas.
- Já sim null , tô no quarto. - respondeu a menina sem tirar a cara do travesseiro, deixando assim sua voz abafada.
- Te achei, ser! – disse a amiga entrando no quarto – Vem comer, o null tá fazendo macarrão instantâneo.
- Tô com fome, não. – disse ela sentando na cama.
- Aproveita que é raro, aquele ser, se oferecer para fazer comida. – disse null tentando animar a amiga – Vamos vai.
- Tá bom, mas se eu morrer foi culpa do macarrão – disse ela resolvendo que não ia dar esse gostinho para null , ele nunca poderia saber que ela estava mal por causa dele.
- Tudo bem, a gente faz uma carta culpando ele antes de morrer.
- Certo, vou tomar um banho e já desço. – disse ela tirando o All Star do pé.
Minutos depois null apareceu na cozinha com um mini short, uma blusinha preta e o cabelo molhado caindo quase até a cintura fazendo null derrubar o copo de refrigerante que tinha nas mãos.
- Distraído, null ? – disse ela com o risinho no canto da boca por ter causado isso no garoto.
- Escorregou... – disse ele tentando disfarçar e pegando um pano para limpar a bagunça.
- Ainda bem que você chegou null , que demora! – falou null que já estava na mesa comendo. - Hoje à tarde eu vou com as meninas no shopping, você também vai, né?
- Ai null deixa para próxima, hoje eu vou sair com o Chris. – falou null , ela estava determinada a mostrar para null que ele não a afetava em nada.
- Agora vai viver grudada no engomadinho? – perguntou o rapaz sentando na mesa.
- Não null , se você ainda não percebeu nem todas as meninas do mundo gostam de grudar como chiclete – disse ela colocando macarrão no prato.
- Está parecendo – disse ele com raiva. Ela não mostrava nenhum tipo de sentimento por ele está namorando, o que será que estava acontecendo?
- Você que vê as coisas errado.
- Pelo menos eu só vejo errado, não faço errado.
- Chegaaaaaaa – disse null pondo fim na briga – Vamos comer, sem problemas! Hoje não é dia de confusão, ok?
- Hum... – responderam os dois olhando para os próprios pratos.
- Obrigada. – disse null voltando a comer.
- Bem, eu vou subindo, preciso fazer o maldito trabalho de biologia antes de sair com o meu NAMORADO – disse null levantando da mesa.
- Mas você quase não comeu, criatura. – falou null olhando o prato quase intocável pela amiga.
- O macarrão tá sem gosto. – disse ela saindo feliz ao deixar null resmungando na cozinha.
...
- Alô? – disse null ao atender o celular, já deitada em sua cama.
- Oi, null , é o null .
- Fala, hon.
- Liguei para saber você está bem.
- Tô sim... – falou ela não muito satisfeita por estar mentindo para o amigo – Por que não estaria?
- Ai null ... É que você saiu da escola tão para baixo. – disse ele com medo de estar invadindo a privacidade dela.
- Não consigo esconder nada de você, né? – falou ela não agüentando mais guardar tudo para si.
- Não amor, você não consegue.
- null ... – disse ela com a voz falhando.
- null eu vou ai de tarde ensaiar com os meninos... – disse null vendo que a amiga precisava de uma força – Chego ai mais cedo para falar com você.
- Tudo bem hon, mas não demora que eu vou sair com o Chris.
- Pode deixar, tô ai em meia hora. – disse null calçando novamente o tênis que tinha acabado de tirar – Beijos null .

Cap. 15

- Oi, linda. – disse null assim que null abriu a porta.
- Já aqui? – perguntou ela após um abraço apertado.
- Nossa null , já enjoou da minha cara? – perguntou ele com o olhar perdido na garota.
- Claro que não null , só estranhei o horário – falou ela entrando – O null tá no quarto.
- Tudo bem, antes eu quero falar com a null . – disse ele subindo as escadas.
- Certo, ela está se arrumando para sair com o Chris. – falou ela abrindo a porta do próprio quarto – Fala com ela, ai, que eu tenho que me arrumar também.
- Para que, null ? – perguntou ele com o risinho maroto – Você está linda assim.
- Obrigada, null – disse ela ficando rosada – Mas eu não posso ir de blusão para o shopping. – completou antes de ir se arrumar.
- Posso entrar? – perguntou o garoto já entrando no quarto.
- Já entrou, né? – riu null subindo a saia jeans – Mas fica tranqüilo que não tem nada que você ainda não tenha visto.
- Sua boba. – falou ele lhe jogando uma almofada.
- Prontinho. – disse a menina virando de frente.
- Vem cá. – falou ele abrindo os braços .
- Ai null , não vivo sem você... – disse ela abraçando o amigo – Eu não sei o que fazer.
- Vai ficar tudo bem, null . – falou ele beijando o topo da sua cabeça.
- Não, não vai... Você não entende...
- Eu sei de tudo, null ... Desde o começo.
- Tudo o que? – perguntou ela partindo o abraço.
- De você e do null . – disse ele cautelosamente – De toda confusão com a Hana.
- null ... – sussurrou null com lágrimas nos olhos – Você... Você ... Nunca me falou nada. – falou sentando-se na cama.
- Eu achei que não deveria me meter, tive medo de tocar num machucado aberto. – falou o rapaz sentando ao seu lado.
- O que eu faço, null ? – perguntou ela após vários minutos de total silêncio.
- null eu sou amigo de vocês dois. – começou null – E só quero o melhor para vocês.
- Eu sei...
- Então, não quero ver você assim. – falou ele enxugando as lágrimas dela com o polegar – Aproveita o presente com quem você pode ter, curti o hoje e quem sabe quando vocês estiverem mais maduros... O futuro é sempre surpreendente, pequena.
- Mas eu estou confusa, tudo que eu tinha guardado dentro de mim por tanto tempo veio a tona de uma só vez... Eu não estava preparada para enfrentar isso agora.
- Hey, você nunca foi fraca, guria. Bota isso na sua cabeça, você vai superar tudo isso.
- Só você para me ajudar nessas horas, hon. – falou null abraçando ele – Obrigada por tudo.
- Imagina null , não falei nada que a senhorita não soubesse – disse null assim que ouviu uma buzina vinda da rua – Agora vai lá que deve ser o bofe. – completou com uma voz bem gay .
- Fica com ciúmes não, amore. – disse ela pegando o bolsa – Você vai ficar ensaiando?
- Vou sim, mas antes vou dar uma passadinha no quarto de uma certa garota.
- Ai null , deixa de moleza e age logo! – disse ela rindo.
- Pode deixar, null . Divirta-se.
- Tchau, hon.

Cap. 16

- Hey, guys! – falaram juntos null e null entrando no quarto onde null e null já estavam esperando.
- Nossa entrada sincronizada. – falou null rindo da cena.
- null e null vieram? – perguntou null .
- Não – disse null emburrado.
- Fomos trocados pelo shopping... – completou null .
- Ah, tinha esquecido! – falou null batendo a mão na testa – A null também foi.
- A null tá em casa? – perguntou null esperançoso – Diz que sim vai, só sobrou ela para fazer um lanche descente aqui.
- Sorry, dude, mas a null saiu com o Chris. – disse null .
- Vamos logo começar o ensaio. – falou null levantando da cadeira – Todo mundo para o porão.
- O que deu nele? – perguntou null assim que null saiu do quarto seguido por null .
- Não sei, não. Mas algo me diz que tem a ver com uns certos fatos do passado. – disse null abaixando a voz.
- Você tá falando... Da...
- Isso aí, dude, mas acho melhor a gente ir logo antes que o null tenha um surto lá em baixo.
...
- null , é a sétima vez que você erra essa parte!! – falou null após três músicas.
- Ai, desculpa, gente. Tô desconcentrado hoje.
- A gente tá vendo. – disse null parando a música também.
- Vai ver é porque o seu celular já tocou umas dez vezes e você não atende. – tentou null apontando para o celular que vibrava sobre uma cadeira.
- Não vou atender agora – disse o garoto sem paciência.
- Por que não? Já demos uma pausa mesmo. – disse null .
- Não, não, deve ser a Megan.
Dude, você tá bem ? – perguntou null – Megan é o nome da sua namorada.
- Jura? Eu achava que a minha tia avó tinha esse nome. – disse null desligando o celular – Depois eu ligo para ela.
- null ? Aproveitando a pausa... – começou null – Você já pensou em alguma música para apresentar no asilo?
- Não dude, estamos ferrados. – respondeu ele desanimado.
- Que ironia, a gente com uma banda e você bloqueia para compor para o asilo – falou null .
- É isso dude, você é um gênio! – disse null dando um pulo.
- O que ele disse de tão inteligente? – perguntou null sem entender – Ele nunca fala nada que se aproveite.
- Eu também não entendi... – disse null enquanto null reclamava falando que sempre tinha ótimas idéias.
- Me digam uma coisa. - falou null empolgado – Por que a semana de talento é tão ruim? - Por que é cheia de velhos que cheiram igual minha tia Lucy? – tentou null .
- Por que só participam os nerds? – falou null .
- E só tocam músicas da época que a minha avó usava fraldas? – completou null .
- BINGO !!!! – disse null – Só cantam músicas velhas, tediosas e sem nenhuma melodia.
- E o que isso tem a ver? – perguntou null .
- Pensa aí, dude. Se a gente tocar uma música da nossa banda vamos agitar aquela velharia. – disse null – Vai ser a melhor semana de talento que eles já viram na vida.
- Caramba os velhos vão pirar e os nerds vão morrer de inveja – falou null – Sou mesmo um gênio.
- Tá resolvido, então. – falou null – Quando a null chegar vai morrer de alegria.
-É né... – disse null revirando os olhos – Para minimizar o mico eu até suporto ela.
- Nossa! Que sacrifício! – falaram os outros três rindo.

Cap. 17

null já estava há meia hora falando com Megan no telefone enquanto os garotos jogavam vídeo game, quando null entrou parecendo bem mais calma e aparentemente feliz na sala.
- Boa noite, amores – disse ela colocando a bolsa numa cadeira.
- null ! – falaram os três chamando a atenção de null que ainda não tinha visto a garota entrar.
- Nossa! Quanta animação. – disse ela tirando o controle da mão de null e sentando no seu colo.
- Folgada – falou ele rindo – Sou almofada não, tá?
- Temos uma novidade perfeita para você. – disse null feliz por ver a amiga animada.
- Então falem logo!
- Desculpa senhorita curiosa, mas o null que vai contar. – falou null apontando para o garoto que tentava se despedir de Megan pela décima vez – Mas fui eu que tive a idéia! – completou levando um pedala de null .
- Ai... Seus chatos. – disse ela fazendo manha – Eu quero saber.
- Ok Megan, eu também te amo. – falou null ao telefone – Beijos.
- Pronto! – falou null levantando–null , fala aí para a null a novidade, que a gente vai assaltar sua cozinha.
Os três garotos iam saindo da sala quando null , null e null , chegaram cheias de sacolas e percebendo os olhares dos três os acompanharam até a cozinha deixando os dois sozinho.
- Então null , qual é a novidade? – perguntou null tentando agir normalmente.
- Bem... – começou null tentando parar de olhar para a boca da garota – Tive uma idéia que vai nos salvar da total humilhação no asilo.
- Pode continuar que já estou adorando essa notícia. – falou ela com os olhos brilhando – Fala.
- Vamos apresentar uma música da banda. – disse null – Vamos mostrar para os nerds o que é música de verdade.
- Aew!!!!!! Finalmente você teve uma idéia descente. – falou ela rindo como criança em véspera de natal – Que música?
- Isso ainda não decidi, estava esperando você chegar para a gente dá uma olhada nas letras e escolher.
- Ótimo, null – disse null levantando do sofá e abraçando o garoto, foi um gesto involuntário que ela sempre fazia com os outros meninos, mas null adorou senti-la tão perto de si, parecia que por alguns segundos ela era dele, só dele. – Obrigada por salvar a gente da total humilhação.
Depois que se soltaram ficaram parados um olhando para o outro sem falar nada, a atração entre os dois era quase tocável de tão forte.
- Vamos jantar, vai. – falou ela rompendo o silêncio – Amanhã escolhemos a música .
- Certo – disse null sem conseguir montar uma frase melhor.
null e null ficaram até tarde acordadas naquela noite falando das indiretas de null para null , de Chris e tentando achar uma música boa para a apresentação no asilo. Enquanto isso no quarto da frente, null rabiscava num papel que tinha uma música bem antiga, uma das primeiras que ele fez, mas que nunca foi capaz de terminar. Sentado no parapeito da janela olhava distraidamente a rua quase sem movimento aquela hora da noite.

Cap. 18

- DOCINHO! – disse Megan abraçando o namorado assim que o viu entrar na escola.
- Oi Megan. – disse ele tentando se soltar do abraço sufocante.
- Estava com saudade de você.
- Eu também estava, amor.
- Sonhou comigo ontem à noite? – perguntou a garota sorrindo.
- Hãn... Claro – mentiu null , que não queria estragar a alegria da menina.
- Nossa, eu também sonhei com você!! – disse a ruiva empolgada – Com você e com a nova coleção da Prada.
...
- Tanto mel logo cedo é para deixar qualquer um enjoado... – falou null que olhava a cena de longe.
- Ela é do tipo grudentinha. – disse null rindo.
- Grudentinha? Ela tá mais para super colagem! – corrigiu null .
- Não sei o que o null viu nela. – comentou null – Ela não tem muita graça.
- Graça eu não sei, mas que ela é hot, isso é! – falou null se juntando as garotas.
- Repete isso e vira um projeto de homem morto.–null ameaçou o namorado. - Ai null , você ta má, hoje. – falou o garoto lhe abraçando – Claro que você é muito melhor que ela. Mais linda, mais hot ...
- Vamos sair logo daqui. – disse null vendo os dois se beijando.
- Não fala não, null , que o null está vindo ai. – riu null .
- Ouvi falarem meu nome? – perguntou o garoto dando um beijo na bochecha de null . - Sei que sou irresistível mesmo.
- Lá vem... – disse null suspirando. - Esse aí se acha o gostosão.
- null Gostoso null , prazer. – falou o menino fazendo todos rirem.
- Gente, já volto vou falar com o Chris. – disse null se afastando um pouco.
- Vai me deixar segurando vela sozinha? – perguntou null olhando para os dois casais.
- O null está bem ali. – disse null apontando – Se resolve lá com ele e pronto.
- Aff... – reclamou null vendo a amiga se afastar – Ela sempre me abandona.

Cap. 19

Era noite quando null e null se juntaram no quarto do garoto para escolherem uma música para a semana de talento. A casa estava totalmente calma já que null dormia pesadamente no seu quarto após ter passado horas ao telefone com os pais, que adiaram mais uma vez a volta para casa.
- Desculpa a demora – Disse null entrando – Me distraí e nem vi as horas passarem.
-Tudo bem – disse null sem tirar os olhos dela ,como essa garota podia ser tão... Tão... Perfeita? – Senta aí.
- A null me falou que seus pais não voltam mais esse mês. – falou ela sentando ao seu lado na cama.
- Verdade, meu pai quer passar um tempo na Itália, parece que ele está encontrando muito material para sua próxima tese lá.
- Nossa, é incrível como o seu pai gosta de estudar.
- Pois é, ele sempre foi muito apegado aos livros, mais até que com a família...
- Sei. – disse ela mordendo o lábio inferior deixando os olhos de null presos na sua boca.
- Hum... Olha esse é o caderno com as letras das músicas – disse entregando-lhe um caderno de capa marrom – Vê se gosta de alguma em especial.
null pegou o caderno e começou a ler com atenção cada página, marcando algumas para voltar depois. Enquanto isso null observava cada movimento da garota, cada expressão ao ler as músicas, o modo delicado que ela passava as páginas, o seu perfume doce que enchia o quarto de vida. Tudo nela o estava deixando louco.
- Nunca tinha visto essa música. – disse ela mostrando uma folha solta e amassada.
- É antiga. – falou null se xingando mentalmente por ter esquecido aquela música no caderno, ela não poderia estar ali.
- Você quem fez? – perguntou ela sem tirar os olhos do papel.
- Foi, mas deixa. Nós temos outras melhores.
- Já tem ritmo? – perguntou null sem se importar com o comentário do garoto.
- Só uma base, ainda não terminei.
- Me mostra. – pediu ela levantando os olhos pela primeira vez levando-os ao encontro dos de null .
Os dois estavam nervosos, com respirações falhas e corações acelerados. null havia feito aquela música para null e ela sabia disso. Tudo na letra lembrava aquele curto tempo que eles ficaram juntos anos atrás.
- Claro. – disse ele pegando o violão que estava ao lado da cama e começando a dedilhar sem tirar os olhos da menina por nenhum segundo (N/A desculpem Judds mas não dava para ser na bateria então como o Judd é tão perfeito finjam que ele toca violão MUITO bem, ok? ).
- Não é tão animada como eu estava pensando para o asilo, mas tem uma ótima melodia.
- null , a gente tem outras...
- Você nunca tocou essa antes. Por quê?
- Eu nunca terminei...
- Dá para finalizar até o dia da apresentação?
- Acho que sim. – falou ele inseguro – Mas null ...
- Por favor, null . – pediu ela colocando o caderno ao seu lado – Podemos cantar essa?
- Dá sim. – disse ele sem conseguir negar aquele pequeno capricho.
- Obrigada. – falou ela antes de levantar como se fosse sair.
- null . – disse null puxando seu braço – Eu nunca quis que tudo tivesse acontecido daquela forma. - null , deixa... – falou ela se soltando – Não se deve ficar mexendo no passado.
- Mas...
- Boa noite, hon! – disse ela beijando o canto da boca do garoto que quando ia abraçá-la para ter um beijo descente sentiu ela se afastar devagar e sair do seu quarto. Era impressionante o poder que ela tinha sobre ele. Conseguia deixá-lo louco e depois simplesmente sair sem falar nada, sem dar nenhuma explicação.

Cap. 20

null entrou no quarto atordoada, lembranças antigas guardadas a sete chaves agora retornavam para atormentá-la. se jogou na cama e colocou um travesseiro sobre o rosto , mas as vozes em sua cabeça não se calavam.

" null por que você está tão alegre hoje? Algo em especial?"
"Eu achei que você soubesse, null . É tudo por você. Estou feliz por estar ao seu lado."
"Você faz minha vida valer a pena..."

Aquele dia no parque tinha sido inesquecível e por mais dolorosa que tivesse sido a separação ela nunca esqueceu nenhum detalhe daquela tarde, nenhuma das palavras de null , nenhum dos seus sentimentos naquele momento.
No quarto da frente um garoto andava de um lado para o outro passando a mão pelo cabelo tentando, assim, afastar as lembranças de dois dias antes de um dos maiores desastres da sua vida.

"Dançando sozinha na cozinha, moça?"
"Ai, null deixa de graça, não estava esperando ninguém agora."
"Sua mãe me falou quando eu entrei. Tá fazendo o que?"
"Sanduíche. Quer um?"
"Só se for sem casca, sem mostarda e com bastante presunto."
"Folgado você. Tá achando que só porque é lindo e fofo vou ficar fazendo suas manhas? Vai ser com casca, sim!"
"Deixa de ser má vai. Por mim realizaria todos os seus desejos só para te ver feliz."


Tudo tinha acontecido tão rápido que parecia até um borrão no passado, nenhum dos dois sabia como um sentimento tão forte tinha nascido de um simples olhar e morrido numa mera mentira.

"Como assim você tem namorada?"
"Eu não falei antes porque achei que a gente estava apenas curtindo."
"Você mentiu para mim, null , me enganou e enganou ela também!"
"Não coloca as coisas assim. Eu vou t..."
"Não quero saber o que você vai ou não fazer!"
" null , espera."
"Me esquece, null !!!!"


Por que tudo aquilo tinha acontecido? Como ele deixou tudo acabar? Essas perguntas não saíam dos pensamentos dos dois, que guardaram todos os sentimentos por tanto tempo camuflados pelas brigas constantes e pelo ódio aparente.
O namoro tinha sido escondido já que null ocultava null de sua namorada Hana e escondia Hana de null , por isso os meninos só ficaram sabendo por alto dos acontecimentos e juraram nunca tocarem no assunto. O único que estava por dentro de todos os detalhes era null . Quando null e null terminaram null ficou no papel de melhor amigo e usou todo seu carinho pela garota para animá-la depois de tudo aquilo, o que não foi nada fácil.
Os dois adolescentes rolaram nas camas durante mais de uma hora relembrando o passado, mas logo foram vencidos pelo sono onde os sentimentos não machucavam tanto e a culpa não pesava mais.

Cap. 21

O dia seguinte era sábado, por isso era de costume todos aproveitarem a folga da escola para dormirem até mais tarde e passar o resto do dia sem fazer nada.
- Merda de despertador! – falava null , sozinha, enquanto procurava o leite na cozinha. – Como pude ter esquecido de desprogramar?
- Falando sozinha, null ? – falou null entrando na cozinha e se deparando com a menina já de pé.
- Você tá morando aqui e eu não fui avisada, é isso? – perguntou ela rindo.
- Não, ainda não. – respondeu ele – Eu apenas não me dou mais o trabalho de bater na porta, já tenho uma chave.
- Folgado. Quer café?
- Já tomei... Mas por que a senhorita está acordada tão cedo, num sábado, e falando sozinha?
- É que ontem eu esqueci de desprogramar o despertador do celular. – disse null com raiva – Sou idiota.
- Isso eu sempre te falei, você que nunca me deu ouvidos. – riu null vendo a menina mostrar a língua.
- E o que o senhor está fazendo aqui às oito horas de um sábado?
- Minha mãe me acordou às seis só para falar que ia sair com meu pai e voltava só de noite. – falou ele fazendo uma careta – Aí não consegui dormi mais e resolvi vir para cá. Na realidade meu objetivo maior era acordar vocês de surpresa... Mas você estragou meu plano maligno.
- null ? – disse a menina com os olhos brilhando subitamente.
- Que foi, null ? – perguntou ele com medo daquele olhar.
- Só eu estou acordada...
- E?
- O null tá no décimo terceiro sono. – disse ela com um sorriso malicioso.
- Ahhhhh... Já é...
...
- Psiu, não faz barulho. – falou null vendo null fazer a porta do garoto ranger.
- Desculpa. – sussurro ele em resposta.
- Você grita e eu puxo o edredom. – falou ela fazendo alguns gestos.
- Certo.
- 1, 2, 3...
- BOM DIA FLOR DO DIA !!!!!! – gritou null enquanto null puxou o edredom.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAA !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! – gritou null em resposta, dando um pulo da cama, deixando a mostra seu corpo bem definido coberto apenas por uma boxer preta.
null e null caíram na gargalhada da cara do garoto que ainda tentava entender tudo aquilo. Com o barulho acabaram acordando null , mas esta nem se deu o trabalho de levantar da cama, se alguém estivesse morrendo ia ter que esperar.
- SEUS MALUCOS!! – gritou null vendo os dois rindo descontroladamente – Qual é a graça?
- Seu gritinho de mulherzinha, null . – disse null correndo para fora do quarto acompanhada por null – Não conhecia esse seu lado feminino.
- Hoje vocês vão morrer! – falou null correndo atrás dos dois, escada abaixo.
- Vai nos torturar com mais um gritinho? – perguntou null correndo.
- Não nos torture, por favor! – riu null correndo também.
- Falem suas últimas palavras antes de morrer. – disse null correndo atrás dos dois ao redor do sofá.
- AAAAAAAAAA! – gritaram os dois quando null pulou sobre eles fazendo todos caírem rindo no tapete.
- Ok, ok, vocês conseguiram... – disse null aparecendo na sala com a aparência de quem ainda está dormindo – Quem morreu?
- Até agora ninguém, mas se me der cinco minutinhos os dois seres rastejantes aqui estarão mortos. – falou null no chão.
- Certo, então eu vou voltar a dormir e em cinco minutos você me chama para o enterro. – disse null esfregando os olhos e voltando para o quarto, deixando os três se matando no andar inferior.

Cap. 22

- Olá pessoas. – falaram null e null entrando na casa horas depois do “massacre”.
- Oi meninas! Sentem aí. – disse null jogada no sofá.
- Quanta disposição. – falou null vendo null jogada no outro sofá e null e null no tapete.
- Vocês não tem noção do que passamos há pouco tempo. – disse null suspirando – Tô tentando me recuperar.
- O que vocês andaram fazendo? – perguntou null sentando ao lado de null , que logo lhe abraçou pela cintura.
- O louco do null surtou e resolveu correr atrás de mim e da null – falou null tentando se fazer de vítima – Ele queria nos matar.
- Já falei, mas ninguém me escuta. – disse null aumentando o drama – Esse garoto não pode deixar de tomar o Gardenal dele.
- Hey !!!!!! Eu não tomo Gardenal ! - Defendeu-se null – E eles que começaram.
- Não mesmo! – falaram os outros dois
- São retardados! – falou null iniciando mais uma discussão.
- Aff... Olha quem fala. – riu null – O retardado mor.
- Olha aqui guria...
- Opa! Acho que chegamos no melhor horário. – disse null entrando na sala junto com null .
- Podemos saber qual é o motivo da briga, dessa vez? – perguntou null sentando na beira do sofá em que null estava deitada – Só para fazermos as apostas...
Nesse momento a sala ficou em silêncio, os três se olharam desconfiados e quando todos menos esperavam começaram a falar ao mesmo tempo e o mais rápido possível, todos querendo se fazer de vítima.
- Ok, não quero mais saber. – falou null desistindo de decifrar o que cada um estava falando.
- Vamos fazer alguma coisa para animar esse sábado. - disse null assim que os três voltaram a se calar.
- A Megan vem passar a tarde aqui, por isso não vou sair. – disse null sem olhar para null .
- O Chris também vem, null ? – perguntou null .
- Não, ele fez uma pequena viagem para resolver uns problemas da empresa do pai. – respondeu ela.
- Isso que dá namorar engravatado! – provocou null .
- É bem melhor namorar engravatado do que namorar lesado. – disse null se irritando.
- Quem é lesado aqui?
- A máscara caiu, foi?
- Que tal uma música para alegrar? – sugeriu null correndo até o som enquanto null acalmava null .
- Ótima idéia! – concordou null puxando o irmão para longe da amiga.
- Eu AMO essa música! – falou null levantando de uma vez – Vamos dançar, galera.
- Eu não sei dançar. – disse null depois que tudo parecia ter se acalmado e os amigos dançavam animadamente.
- Não brinca, dude. – riram os meninos fazendo graça.
- Vão ver se eu tô lá na esquina – falou null emburrando.
- Vem cá, amor, que eu te ensino. – disse null puxando o namorado.
- null , é só rebolar. – disse null rindo da tentativa frustrada do amigo de dançar.
- Assim. – mostrou null .
- O não sabe dançar, o não sabe dançar, o não sabe dançar!! – cantavam os outros garotos.
- Isso amor, rebola, deixa de ser duro. – riu null .
- Muito bem, ! – falou null vendo a melhora da dança desengonçada do rapaz.
- Tô rebolando! – disse null feliz – Tô rebolando!
- Tá mais para BOIOLANDO! – falou null fazendo todos morrerem de rir, menos null que emburrou na mesma hora.

Cap. 23

- A campainha! – falou null por volta das três da tarde.
- Estou ocupado. – falaram null e null ao mesmo tempo, sem tirarem os olhos do videogame.
- A campainha. – repetiu null .
- Estamos fazendo pizza!! – Gritou null se referindo a ela, null e null .
- A campainha. - disse null novamente.
- Caramba, null por que você não atende? – perguntou null descendo as escadas de dois em dois degraus.
- Porque estou com a vaca louca. – disse ele espreguiçando-se no sofá – O médico foi bem claro quando me proibiu terminantemente de abrir qualquer tipo de porta.
- Aff... Seu preguiçoso! – falou a garota correndo até a porta – Já vai.
- Oi, querida! – disse uma ruiva sorridente na entrada.
- Oi, Megan. – respondeu null perdendo o sorriso rapidamente – Entra.
- Onde está o meu docinho?
- Quem?
- O null , meu docinho. – repetiu Megan fazendo o estômago de null dar mil voltas.
- Aqui, amor. – falou null saindo do porão.
- Oi, docinho. – disse Megan se pendurando no pescoço do rapaz que quase caiu para trás.
- Está entregue, então. – falou null saindo da sala e deixando null com os gritinhos da enjoada.
- Ai amor, você nem percebeu.
- Percebi o que?
- A nova cor do meu cabelo!
- A claro!!!! Mudou?
- Nossa null , você não reparou na diferença? Era um ruivo alaranjado e agora está mais para cenoura.
- Como eu não percebi isso antes? – disse ele sem ter percebido nada nem após a explicação – Vamos para sala.
- Oi meninos. – disse Megan sentando no sofá.
- Oi Megan. – falaram os três antes de voltarem a discutir o suposto roubo de null na última partida.
- null , olha o que eu trouxe para você. – disse ela entregando–lhe uma foto dos dois juntos tirada dias antes.
- Que lindo! – agradeceu o garoto dando um beijo de tirar o fôlego na namorada – Vou colocar no meu quarto e já volto.
- Certo amor, mas não demora.
- Por que você não me espera na cozinha? As meninas estão lá fazendo pizza.
- Tudo bem, vou lá falar com elas.
null subiu as escadas olhando para a foto onde ele e Megan estavam abraçados. Os dois pareciam muito felizes, mas no fundo o que ele queria era substituir a ruiva por outra garota, a mesma que um dia já havia tirado uma foto bem parecida com aquela.
O garoto entrou no quarto e colocou a foto num mural junta a tantas outras. Foi até o armário, pegou um livro que estava debaixo de umas roupas, abriu e ficou olhando uma foto antiga onde um casal apaixonado também se abraçava. Fotos que pareciam iguais, mas que na realidade representavam sentimentos tão diferentes.
null guardou novamente o livro, deu mais uma olhada na foto presa no mural e saiu do quarto apagando a luz. Antes de descer não conteve a curiosidade e colocou o ouvido na porta do quarto de null . Sentiu a culpa dominar seu corpo quando escutou um choro baixo. Teve o impulso de entrar, abraçá–la e esquecer o mundo, mas ao invés disso correu até a sala.
- null , vem aqui. – chamou null vendo o amigo ainda discutindo sobre o resultado do jogo.
- Pera aí, dude. Já vai!
- null !!!!!!!!!!!
- Tá, tá... – falou ele levantando – O que foi que aconteceu que tem mais importância que a CPI do jogo?
- Preciso de um favor seu.
- Fala logo, null .
- Passei pelo quarto da null e acho que ela estava chorando. – falou o rapaz com a voz baixa – Vai ver ela... Por favor.
- Não acredito que isso tá acontecendo. – disse null subindo apressado as escadas até o segundo andar.
- Droga! – pensou null em voz alta antes de ir para cozinha.
...
- Tô entrando, amore. – falou null na porta do quarto da amiga. Ao ouvir sua voz a garota sentou de uma vez na cama enxugando as lágrimas. - Que cara triste é essa?
- Nada não, null . Acho que é saudade dos meus pais... Só isso.
- Já que a senhorita está bem não vai recusar descer para comer pizza com seu amante favorito.
- Não quero descer, não.
- Então você não está bem.
- Ai null , estou sendo idiota mais uma vez. – falou ela – Não quero ficar sofrendo, mas parece inevitável.
- Sabe o que eu faria se fosse você?
- Não, o que?
- Daria o meu melhor para provar o lesado do null e mostrar como eu sou melhor que a Megan.
- Como assim?
- Use o antigo método da provocação, guria.
- Mas do que eu provoco?
- Não estou falando de provocar para brigar... – disse null revirando os olhos – Estou falando de provocar para deixá-lo perturbado, se é que você me entende.
- null , você anda lendo o que ultimamente? – perguntou a menina rindo – Eu não te ensinei esse tipo de coisa, não.
- Pois eu estou te ensinando. Agora eu vejo que separados você e o null vão sofrer, então o melhor é que fiquem juntos. – falou o garoto rindo marotamente – E enquanto esse dia não chega, nada te impede de se divertir um pouco as custas do nosso amigo.
- Quero morrer sua best, null . – riu null beijando a bochecha do amigo.
- Eu sei que você me ama, null , mas olha lá... Se falar para o null que eu te disse alguma coisa: morre.
- Pode deixa senhor, sim senhor.
- Palhaça. Vamos?
- Ok, vamos.

Cap. 24

Alguns dias depois null e null começariam os ensaios para a semana de talento. Os dois tinham combinado de se encontrarem no porão da casa dos null às quatro da tarde para verem como tinha ficado a melodia completa e se as vozes combinavam.
- Vou matar sua amiga se ela não aparecer aqui embaixo em exatos cinco minutos! – disse null andando de um lado para o outro.
- null , para que tanta pressa? – perguntou null - Quer dizer, você tem alguma coisa marcada?
- Não, mas eu poderia ter, ok? Será que essa garota não consegue cumprir pelo menos uma vez o horário marcado?
- Ai mano, você tá muito chato hoje, tô até com pena da null que vai ter que te aturar... – disse null levantando para sair.
- Ouvi meu nome? – perguntou null aparecendo na porta do porão com o sorriso quinze para às três.
- Ouviu sim, null . – disse null abraçando a amiga – Boa sorte aí com o meu irmão, só toma cuidado que ele morde. – completou rindo.
- Pode deixar, null . Já tomei vacina contra raiva. – falou null fazendo null sair morrendo de rir.
- Você tá quarenta minutos atrasada. – falou null emburrado.
- Hum...
- Não vai falar nada?
- Desculpa?
- Você estava onde? – perguntou ele nervoso.
- É da sua conta? – perguntou null chegando bem perto do garoto para falar, o que lhe causou arrepios.
null abriu e fechou a boca algumas vezes, ele estava perto demais dela para raciocinar direito. Ficou com os olhos perdidos da calça jeans, a regata branca, da trança que vinha desde o começo do cabelo, a marca no pescoço. O garoto parou para ver aquela marca, era roxa, parecia... Não... Parecia... ERA de um beijo exagerado, com certeza.
- Que marca é essa? – Finalmente o garoto abriu a boca.
- Que marca? – perguntou ela até se dar conta que o cabelo preso tinha deixado a marca de mais cedo à mostra. null ficou vermelha, mas aí resolveu seguir os conselhos de null .
- Essa aí no seu pescoço! – disse null alterando a voz, ele estava visivelmente com raiva.
- Digamos que meu namorado se empolgou um pouquinho. – disse ela com um risinho no canto da boca.
- Ele o que??????????
- Que foi, null ? Vai dizer que a Megan nunca ficou com uma marca antes?
- Isso não tem nada a ver. – falou o garoto sentindo o sangue subir à cabeça.
- Como não? Estamos falando da mesma coisa.
- Não, não estamos, não!!
- Claro que estamos!!!!! - Claro que não estamos!!!!!!!!
- Que saber null ? – falou null chegando mais perto e quase encostando seu lábio no do rapaz que não tirava os olhos dos da garota – Vamos ensaiar. – completou ela no ouvido dele e saiu para se sentar numa cadeira que estava ali perto.
null fechou os olhos e respirou fundo, ela estava conseguindo, ele estava definitivamente, pirando. Ela não podia fazer aquilo com ele, nenhuma garota conseguia deixar ele naquele estado: quase sem conseguir respirar.
- Vamos null ! Estamos atrasados! – falou null feliz por ter conseguido o que queria.
- Atrasados por sua culpa. – disse ele abrindo os olhos e indo pegar o violão.
- Então, terminou a melodia?
- Sim, acho que ficou bom.
null começou a dedilhar no violão e a cantar baixinho sem olhar para null uma única vez se quer. Ele tinha certeza que se ele olhasse para ela não agüentaria terminar a música. A partir do meio da música a garota se sentiu mais a vontade para cantar baixinho o que criou um sorriso no rosto de null , que achou sua música linda na voz dela.
- Acho que a gente não vai pagar muito mico, não. – disse null quando a a música terminou.
- Pelo menos nossa música vai ser a melhor entre as piores. – riu null finalmente olhando para a garota.
- Bem, então agora é só ensaiar mais um pouco e esperar a próxima semana.
- Que cantar mais uma vez? – perguntou null – Mas canta desde o inicio.
- Tudo bem. Depois desses treinos acho que o vai perder o lugar dele na banda para mim – riu ela.
- Ok, ok. Não exagera. – disse null vendo a garota lhe mostra a língua antes de começar a música.

Cap. 25

Durante os ensaios seguintes null sempre arrumava uma forma, qualquer forma, de provocar null. Seja pelos shorts bem curtos, pelas perguntas ao pé do ouvido, ou mesmo os risinhos marotos. null já não estava mais agüentando, ele tinha certeza que mais uma, da menina, seria suficiente para ele agarrá-la seja lá onde estivessem. Se ela queria brincar com fogo uma hora ia acabar se queimando.
- Mas se é você quem vai tocar, por que eu tenho que aprender? – perguntou null no porão.
- Porque você pode dá uma palhinha se quiser. – falou o garoto pegando o violão.
- Mas eu realmente não quero, null. Você tocando já tá bom. – falou ela sem muita vontade de aprender. A última vez que null ensinara algumas músicas no violão para ela, eles ainda estavam juntos e a garota não queria relembrar esses fatos.
- Custa tentar? – perguntou ele sentando ao seu lado.
- Tá bom vai! – respondeu ela pegando o violão sem muito jeito – Assim?
- Isso mesmo. – disse ele olhando a forma que ela segurava o instrumento. null sempre quis vê-la tocando bem, mas não teve tempo de terminar de ensiná-la.
- E agora? O que eu faço?
- Agora... – null colocou uma das mãos sobre a dela, nas cordas, e com a outra foi guiando os dedos da menina nas notas certas.
- Dói o dedo. – disse ela quase em um sussurro.
- Você acostuma. Depois te dou uma palheta. – falou ele sem tirar as mãos das mãos da menina.
null ia movimentando os dedos de null nas cordas certas, mas ela não parecia muito atenta ao que estava fazendo. Na realidade null não fazia a menor noção do que estava fazendo. Tudo que ela podia ver e sentir naquele momento era o garoto que estava sentado atrás dela. null estava posicionada entre as pernas do garoto que logo foi passando os lábios por seu pescoço enquanto falava as notas que estava tocando. A menina ia sentindo um arrepio que vinha do início da espinha até a cabeça, uma sensação que não dava nem ao menos para explicar, mas que ela não tinha a menor vontade de parar.
- Mi, dó, mi, ré... – ia falando null ao ouvido dela que a essa altura mal conseguia respirar.
null queria que ela experimentasse do seu próprio joguinho, mas ele também não conseguia resisti. Mesmo estando no controle ele parecia querer ser controlado. Ele foi aos poucos largando o violão e null nem reparou o instrumento que escorregava pelo seu colo até chegar no chão. null virou de leve o rosto da menina, que já arfava nesse momento pela aproximação do corpo do rapaz.
- E a músi... – tentou null.
- Esquece a música. – disse ele antes de encostar os lábios e ver que a garota abrira espaço para ele beijá-la.
null passou a mão pela nuca de null que ia se virando aos poucos até está frente a frente com ele mesmo, ainda estando no seu colo. null foi intensificando o beijo à medida que sentia necessidade de estar cada vez mais perto da menina. Ele precisava dela, isso era um fato. O rapaz foi colocando um certo peso para ela deitar no sofá e quando ele já estava sobre ela os dois tinham a respiração falha e acelerada. - Gente, tem sorvete! – ouviram a voz de null do lado de fora – Vou chamar o null e a null. Eles não devem estar ouvindo.
- Vai lá, null. – foi a vez de null falar. – Estamos na cozinha esperando.
Numa fração de segundos os dois partiram o beijo, pularam para os opostos do sofá e tentavam respirar normalmente.
- Ei, vocês dois... – disse null aparecendo no pé da escada – Todo mundo tá esperando os dois para tomar sorvete.
- Ah, claro! – falou null correndo até a amiga. Ela não conseguia ficar ao lado de null sem poder beijá-lo. - Você não vem, null? – perguntou null assim que a amiga saiu para sala.
- Sim, sim. – falou ele com dificuldade ao levantar do sofá.

Cap. 26

- null, você está bem? – perguntou null ao ver a menina entrar nervosa na cozinha.
- Estou sim. – falou ela sentando rápido. null tinha certeza que se ficasse em pé por muito tempo iria cair.
- Tá parecendo nervosa. – observou null por trás de um amontoado de bolas de sorvete.
- Apenas não estou acostumada a cantar. – mentiu a menina – Já estou pensando no dia da apresentação.
- Vai dar tudo certo, more! – disse null distraído com a cobertura de caramelo.
- null, senta logo ou vai acabar! – falou null enfiando uma mega colher na boca.
- Não, não, não. – falou null abraçando o pote de sorvete – Não tem mais.
- Deixa de ser guloso, fofo. – disse null pegando o pote das mãos do namorado – A null também ainda não comeu.
- Certo, mas divido só com ela, então! – disse o garoto pegando o pote de volta – Não tem o suficiente para três mesmo.
- Num vai fazer nunda? – perguntou null com a boca cheia.
- Não. – disse null saindo da cozinha – O que morra engasgado .
- Nossa!!!! Hoje vai chover suco de uva! – falou null – Meu irmão desistindo do sorvete?
- Ainda jogou uma praga idiota. – riu null – Ninguém morre engasgado por causa de um sorvete.
- Ai , só você mesmo! – disse null rindo. – Pega null. Antes que o guloso aqui coma tudo.
- Pode ficar, null, eu estou um pouco gripada. – falou null abrindo a geladeira e pegando um pouco de suco de maracujá para tentar se acalmar.
- E então gente... Vão fazer o que esta noite? - Perguntou null olhando a amiga pelo canto do olho.
- Vou com a null ao cinema. – falou null contente.
- null, nós podemos ir também! – sugeriu null.
- Não posso hon, jantar em família hoje! – respondeu a garota não muito feliz – Vou ter que usar um vestido folhudo horrível.
- Não fica assim não, xuxu. Você fica linda de qualquer jeito. – disse null dando um beijo gelado em sua bochecha.
- Então null, o que você me diz de uma partida de videogame? – perguntou null.
- Opa! Não precisa chamar duas vezes. – concordou o garoto – Comprei até uns jogos novos.
- É null, parece que somos só nós duas essa noite.
- null, qualquer coisa tô no meu quarto. – falou null levantando.
- Mas null...
- Deixa null. – falou null vendo a amiga se afastar – Deixa ela ir descansar, o ensaio deve ter sido puxado.
null subiu as escadas com os pensamentos nas nuvens. Viu a porta do quarto de null fechada, entrou no seu próprio quarto e desabou na cama. Seu mundo estava girando muito rápido e ela parecia não conseguir acompanhar tudo que estava acontecendo ao seu redor.

Cap. 27

- Nervosa? – perguntou Chris no dia da apresentação. Ele tinha ido buscar a namorada para irem juntos ao asilo.
- Muito. – respondeu null entrando no carro.
- Vai dar tudo certo, null. Você vai ver.
- Todos estão falando isso, mas esse nervosismo é inevitável.
- Bem, nisso eu tenho que concordar com você. – falou Chris sorrindo para garota – O null já foi?
- Não sei. Ontem a banda dele fez uma apresentação numa lanchonete e todos os meninos foram dormir na casa do null.
- Eles começaram essa banda há quanto tempo?
- Mais ou menos um ano. Tudo começou no porão da casa dos null. – falou null lembrando – Eles mandam bem, só falta arranjarem um nome para banda.
- null, assim só por curiosidade... – falou Chris diminuindo a velocidade do carro – Se o null vai com o null, você está aqui... A null vai com quem?
- OMG ESQUECI DELA!!!!!!! – gritou null lembrando que deixou a amiga tomando banho – Voltaaaaaaa, Chris!!!
...
- Onde você tava, sua louca? – perguntou null ao ver null chegar correndo seguida por Chris e null.
- Louco é você, mané! – falou Chris antes que a garota pudesse falar alguma coisa.
- O que você disse? – perguntou null fechando os punhos.
- Que se tem algum louco aqui, é você! – repetiu Chris desafiando.
- Não se mete seu... – ia falando null antes de ser puxado por null.
- Calma dude, você vai cantar em cinco minutos. – falou null tentando ajudar null a segurar o amigo.
- null, leva o Chris daqui enquanto o null se acalma. – disse null antes de seguir os amigos.
- E quem vai me acalmar????????? – explodiu null chamando finalmente a atenção de todos para seu nervosismo – Eu vou cantar pela primeira vez na minha vida em poucos minutos, vou subir num palco, meu namorado e o irmão da minha amiga quase partem para a porrada e eu ainda tenho que ajudar a acalmar alguém?
- null... – disse null depois de alguns minutos de silêncio – Você quer uma água ou um calmante? Quem sabe um abraço?
- Se quiser a gente arruma. – completou null cautelosamente.
- Deixa comigo gente, a culpa foi minha. – falou Chris puxando a namorada para um abraço, o que deixou null com mais raiva ainda – Vamos dar uma volta para você se acalmar.
- Ai, desculpa. – disse a garota abraçando o namorado – Eu perdi a cabeça.
- Tudo bem, relaxa. – falou Chris em seu ouvido – Vamos dar uma volta, vai.
- Toma conta dela. – recomendou null que ainda segurava o braço de null.
- Se você não aparecer com ela em cinco minutos considere-se morto. – Gritou null para o rapaz.
- Hey dude, não piora as coisas. – disse null tentando fazer null ficar quieto.
...
- Pronto, já estamos bem longe do palco! – disse Chris parando perto dos dormitórios dos idosos.
- Aqui é tão calmo. – disse null percorrendo o lugar com os olhos. – Calmo até demais.
- É sim. – disse ele beijando o topo de sua cabeça – Eu vou estar lá embaixo vendo você, qualquer coisa eu estarei lá.
- Promete que vai estar?
- Claro que sim, nem piscarei para não perder nada. – disse Chris - Está mais calma?
- Acho que sim, foi só uma pequena crise pré palco. – riu a menina.
- Estou te devendo desculpas. Então, eu não deveria ter começado a briga com o null, mas sei lá, ele me irrita.
- Não, tá tudo bem, o null também tá nervoso, por isso tudo aconteceu.
- Sendo assim vamos indo, antes que eu seja o culpado da estrela do show ter se atrasado.
- Até parece. – riu null sentindo um frio na barriga. Ela cantaria com null uma música que ele fez para ela, e tudo isso na frente do namorado.
...
- Vocês estão ouvindo essa aberração musical? – perguntou null se referindo à banda de nerds que estava no palco.
- Ai amor, tadinhos. – falou null tentando não rir.
- Tadinhos dos meus ouvidos, isso sim! – disse null andando de um lado para outro.
- Quanto piores eles forem melhor para vocês. – falou null avistando null de longe – Chegou a minha little star.
- Somos os próximos. – falou null para a menina – Vamos subindo.
- Certo. – disse ela olhando para o palco a sua frente – A escola toda vai nos ouvir.
- Não se preocupe com eles. – falou null ajudando a garota a subir as escadas que levavam a parte de trás do palco – Apenas dê o seu melhor.
- null...
- Vai dar tudo certo... – disse ele segurando sua mão – Eu te prometo.
- Mas e se eu errar? – perguntou ela olhando fixamente em seus olhos.
- Eu estarei ao seu lado, para que nada de mal lhe aconteça. – disse ele com carinho.

Cap. 28

Quando a banda anterior parou de tocar, os dois se olharam demoradamente e foram andando até o meio do palco onde podiam ver na platéia os amigos de escola, alguns professores e vários idosos sentados em cadeiras dispostas bem à frente. Algumas meninas suspiravam pelo garoto e batiam palma animadamente. null sentou num banquinho com o violão na mão e null ficou de pé ao seu lado.
- 1, 2, 3, já... – contou o garoto antes de começar as primeiras notas de All About You.

It's all about you (it's all about you)
It's all about you baby
It's all about you (it's all about you)
It's all about you


É tudo por você (É tudo por você)
É tudo por você, baby (É tudo)
É tudo por você (É tudo por você)
É tudo por você

Yesterday you asked me something I thought you knew
So I told you with a smile, it's all about you
Then you whispered in my ear and you told me too
Said you'd make my life worthwhile, it's all about you

(Ontem você me perguntou algo que pensei que você soubesse
Então te disse com um sorriso "É tudo por você"
Então você sussurrou em meu ouvido também
Disse "Você faz minha vida valer então é sempre você")


Pela primeira vez, em quatro anos, null e null sentiram as mesmas emoções da época que a música foi escrita. Era como se o coração explodisse de alegria, como se não existisse mais ninguém no mundo, era voltar no passado e esquecer o presente.

And I would answer all of your wishes If you ask me to
But if you deny me one of your kisses
Don't know what I'd do
So hold me close and say three words like you used to do
Dancing on the kitchen tiles, it's all about you, yeah!


(E se você me pedisse qualquer dos seus desejos eu realizaria
Mas se você me negasse um dos seus beijos
Não sei o que eu faria
Então, abrace-me forte e diga três palavras como você costumava fazer
Dançando nos azulejos da cozinha, é tudo por você)


And I would answer all of your wishes If you ask me to
But if you deny me one of your kisses
Don't know what I'd do
So hold me close and say three words like you used to do
Dancing on the kitchen tiles, it's all about you, yeah!


(E se você me pedisse qualquer dos seus desejos eu realizaria
Mas se você me negasse um dos seus beijos
Não sei o que eu faria
Então, abrace-me forte e diga três palavras como você costumava fazer
Dançando nos azulejos da cozinha, é tudo por você)


As pessoas que estavam na platéia tinham os olhos presos no palco pela primeira vez naquela manhã. Ninguém esperava alguma coisa de qualidade para apresentação, até os velhinhos estavam animados com a música. A letra dizia algo. Não eram só palavras com rimas pobres, era uma história, passava um sentimento a todos que ouviam.

It's all about you (it's all about you)
It's all about you baby


Étudo por você (É tudo por você)
É tudo por você...


- Terminou? – perguntou null quase sem voz quando todos já aplaudiam.
- Já. – falou null levantando do banco e gritando um obrigado para platéia. – Você não poderia ter sido melhor! – completou sorrindo para menina.
- Sério? – perguntou ela acompanhando o garoto para a parte lateral do palco.
- Sério, você foi perfeita. – disse null colocando uma mecha do cabelo dela para traz da orelha – Você sabe que essa música significa muito para mim... Não sabe?
- Eu... – ia falando null quando foi interrompida pelos gritos dos amigos que tentavam subir as escadas até o palco para parabenizar os dois – Acho melhor descermos antes que aquele segurança fique bravo.
- Um homem daquele tamanho irritado é perigo para toda sociedade. – disse null tentando esconder a vontade de matar os amigos um por um.
...
- null, seu ser rastejante, como você nunca disse antes, que sabia cantar tão bem? – perguntou null quando os dois já estavam no gramado atrás do palco.
- Isso foi um elogio? – brincou a garota sendo abraçada por null.
- O lugar do já é teu, guria! – disse null tirando null do caminho e abraçando null até tirar seus pés do chão.
- Dude, foi muito bom. – falou null contente batendo nas costas de null.
- Mano, eu estou orgulhosa de vocês! – disse null rindo como no dia da primeira apresentação do irmão no ano anterior.
- Nossa, a galera pirou! – foi a vez de null falar.
- Onde está o Chris? – perguntou null dando por falta do namorado.
- Bem... – começou null – Logo depois que vocês subiram no palco ele recebeu um telefonema do pai... Coisa da empresa...
- E teve que sair. – completou null sem jeito .
- Ah, tá... – disse null tentando não parecer decepcionada. Ela queria que Chris tivesse visto sua apresentação, afinal ele era seu namorado e ela gostava dele. Gostava mais como amigo do que outra coisa, mas mesmo assim, gostava. Antes dela subir no palco ele falou que estaria lá, para apoiá-la. Falou que estaria ali perto para qualquer coisa... Mas não estava.
- Relaxa, null, pelo menos o Chris veio. – disse null – A Megan nem nos deu o ar de sua graça.
- É da sua conta? – perguntou null se irritando.
- Por que ela não veio? – perguntou null só para null ouvir.
- Hoje é o dia dela no salão!! – respondeu a menina um pouco mais alto para os outros meninos poderem ouvir.
- Ai! Trocado por um salão de beleza. – disse null baixo – Essa doeu.
- Ok, alguém além de mim está com fome? – perguntou null percebendo que null não estava nada feliz com aqueles cochichos.
- Euuuuuuu!! – falaram todos juntos como crianças.
- Tem uma lanchonete aqui perto... – lembrou null – Nem vamos precisar do carro.
- Opa, tô dentro! – falou null puxando null pela mão.
- Let’s go, guys!

Cap. 29

- Qual é a graça de estarmos em Londres se moramos na parte esquecida? – perguntou null olhando a rua quase vazia.
- Ai null... Nós não estamos numa parte esquecida... – disse null – Estamos apenas distante do centro.
- E põe distante nisso! – riu null – É praticamente uma viagem desse bairro até o Parlamento, por exemplo.
- Ô vantagem, null! – disse null – Qual é a graça de fazer uma visitinha ao Parlamento? Queria ir numa grande gravadora, isso sim.
- Trata de colocar primeiro um nome na banda para depois falar em grande gravadora. – disse null dando um pedala no garoto.
- Ai null! – reclamou o garoto – , sua namorada tá violenta, ultimamente.
- Por isso que eu a amo! – falou null rindo da cara do amigo.
- Essa é uma das únicas vantagens de morarmos num lugar esquecido. – falou null.
- O que? A null ficar violenta e bater no null? – perguntou null. - Nãoooooo! – disse null revirando os olhos e apontando para o final da rua – Chegamos rápido em todo lugar.
A lanchonete era pequena, mas estava cheia, dava para olhar pela vidraça que sobravam, poucas cadeiras desocupadas e que o único garçom se desdobrava em três para fazer tudo atrás do balcão.
- Aqui! – disse null mostrando a última mesa vazia a um canto.
- Tô morrendo de fome! – falou null colocando a mão na barriga – Minha solitária vai morrer por falta de alimento.
- Eita drama! – riu null – Não tem comida em casa, não?
- Na realidade não. – respondeu o garoto cinicamente – Por isso que vivo assaltando a geladeira do null.
- Ok, vamos pedir logo isso, que eu REALMENTE estou com fome! – disse null cruzando os braços.
- Calma amore! Vamos pedir, então. – falou null olhando a cara emburrada do amigo.
- Ei, ei, ei, espera aí! – disse null correndo até a garota – EU sou seu amore, lembra?
- Ai null, você é meu eterno amor! – riu a menina beijando sua bochecha – Meu sugarboy.
- O que vocês vão querer comer? – interrompeu uma null levemente corada após a cena.
- Uiiiii! Senti um ar de ciúmes. – falou null – null garanhão! - Não é nada disso. – protestou null agora realmente vermelha – Só achei que todos estavam com fome.
- Vou lá fazer os pedidos, então null. – disse null encaminhando-se ao balcão enquanto todos se sentavam.
- Acho que tá faltando uma cadeira. – reparou null.
- A null pode sentar no meu... – mas null logo se calou vendo o olhar mortal de null, pela uma idéia brilhante que veio em sua cabeça – Ela senta com o null.
- Com quem? – perguntou null olhando para todos os lados.
- Com você, null. – repetiu null – Você é o único que não vai apanhar de ninguém se ela sentar com você, já que a Megan não veio.
- E você vai apanhar de quem, null? – perguntou null só para causar confusão na mesa.
- De ninguém. – apressou-se null a falar fazendo quase todos rirem.
- Mas...
- Que foi, null? Tá com medo de mulher? - perguntou null levantando uma sobrancelha - E logo de que mulher você resolveu ter medo...
- Claro que não. – respondeu ele imediatamente. Na realidade seu medo era dele mesmo.
- Então problema resolvido. – disse null antes de começar a contar uma piada para null.
...
- Pedi doze sanduíches e oito refrigerantes. – falou null voltando para mesa – E a minha cadeira? – perguntou fazendo bico ao reparar a ausência do seu lugar.
- As outras mesas estão ocupadas. – falou null.
- E está faltando uma cadeira nessa! – foi a vez de null.
- Mas... – começou null.
- Pode sentar comigo. – disse null mostrando um sorrisinho no canto da boca.
null olhou rapidamente dos amigos para null. Seu cérebro parecia estar processando mais informações por segundo que um computador. Finalmente riu e pulou no colo do garoto fazendo graça para não parecer abalada com a situação.
- É né, já que não tem cadeira... Obrigada null, você até que não é má almofada.
- Engraçadinha toda! – falou o garoto tentando manter a voz firme, o que era bem difícil tendo a menina tão perto de si.
- O diretor parece que gostou muito da música de vocês. – disse null notando o clima tenso no ar.
- Qual é o nome dela mesmo? – perguntou null.
- All About You. – responderam null e null ao mesmo tempo.
- Acho que o diretor tava pensando que vocês iam tocar um metal que mataria todos os velhinhos do coração – riu null.
- Aff, até parece que alguém aqui tem cara de metaleiro. - protestou null fazendo graça – Doidinho para ser metal, doidinhooooooo.
- A cara que você fez falando esse “doidinho” foi extremamente gay, dude! – falou null tentando para de rir – Apaixonei.
- Ele já tem DONA, dona no feminino! – foi a vez de null.
Enquanto todos discutiam a masculinidade de null, null e null só conseguiam sentir a presença um do outro. Algo que mais parecia um imã unia os dois. Já estava ficando difícil de esconder a dificuldade até de respirar quando os risos acordaram null do seu transe.
- Eu vou ao banheiro. – disse a garota levantando de uma vez.
- Mas null, o pedido não vai demorar a chegar...
- Tudo bem null, podem ir comendo, eu já volto.
null saiu o mais rápido possível em direção do banheiro, que por sua sorte estava completamente vazio. Olhou sua imagem refletida no espelho, jogou um pouco de água no rosto e ficou esperando sua sanidade mental voltar.
- null? O que você está fazendo aqui?

Cap. 30

O garoto não falou uma só palavra. Apenas olhou para null como se não a visse há muito tempo, aquele tipo de olhar que uma mulher só recebe de um homem em toda sua vida. null foi se aproximando e sentindo o coração bater rápido dentro do corpo. Ele podia jurar que até ela podia ouvir seus batimentos de tão acelerados que estavam. null respirava mais rápido a cada passo que ele dava em sua direção e quando percebeu já estava sendo puxada pelo cós da calça jeans e segurada ao redor da cintura pelos braços de null, que vendo que ela queria o mesmo finalmente a beijou.
Os dois simplesmente resolveram deixar de lado todos os outros, o que quer que estivesse entre eles não valia mais que a felicidade de estarem juntos, finalmente juntos. Poucos casais podem falar isso, pois ficar junto mesmo não é apenas deixar os lábios se moverem e falaram um simples “eu te amo”, nem enviar um cartão no dia dos namorados, ficar junto é sentir o outro de corpo e alma como se fossem predestinados a eternidade. (N/A: momento profundo xD)
- Eu... Eu sei que fui um burro, estúpido, totalmente sem noção, mas... – começou null interrompendo o beijo.
- null, eu te amava tanto. – disse null sentindo uma lágrima escorrer pelo seu rosto. Ela não queria chorar, ela nem mesmo estava triste, simplesmente não soube ao certo o que aconteceu, simplesmente não entendia a si mesma.
- E eu ainda te amo. – falou o garoto passando o polegar sobre a lágrima – Me perdoa null... – continuou trazendo a menina para mais perto de si.
null se afastou alguns passos, deixou o banheiro mergulhar no silêncio. Cada um só podia ouvir as respirações aceleradas e seus próprios corações batendo extremamente rápido. Seu olhar passou por cada canto daquele cômodo como se querendo gravar cada minucioso detalhe do pequeno banheiro. Parou os olhos nos de null, respirou fundo, mordeu o lábio inferior e simplesmente jogou-se sobre o garoto, se entregando aos beijos mais uma vez.
...
- E agora? – perguntou null sentada ao lado de null, em cima da bancada da pia, minutos depois.
- Agora o que? – perguntou ele distraído brincando com a mão da menina que estava entrelaçada a sua.
- O que nós faremos null? Não sei se você se lembra, mas temos namorados.
- Que tal a gente fugir para uma ilha deserta, montar uma cabana e criar nossos filhos no meio da natureza?
- null!!!!!!!
- Ok, ok. Eu tava brincando. – disse ele rindo – Simplesmente terminamos nossos compromissos.
- Mas, mas... O que vão pensar da gente? Terminamos os namoros e ficamos juntos no mesmo dia.
- E daí? Que eu saiba não casamos com eles, temos todo direito de terminarmos. – falou ela pulando da bancada e ficando entre as pernas da garota – Não se preocupe tanto com os outros, my little star.
- Faz tempo que você não me chama assim. – riu null puxando ele para mais perto pela camisa.
- Eu te amo, null. Você sabe disso, o resto do mundo que sinta inveja, não posso fazer nada se fui fisgado pela garota mais encantadora de todo o planeta. Você não devia ficar atraindo tanto homem, menina malvada. – riu null a abraçando pela cintura.
- Deixa de brincadeira seu bobo! – falou null parecendo muito concentrada em achar uma solução rápida e principalmente indolor para todos – Olha null, enquanto não tivermos tempo de terminarmos de forma descente com nossos namorados, isso fica entre nós dois. Ok?
- Você quer esconder do pessoal?
- Quero. Imagina só se isso acaba vazando sem querer. Não, não, não! Vamos fazer tudo certo, ou pelo menos o menos errado possível.
- Acho que a gente já tá bem errado para ter alguma chance no céu, hon. – disse null fazendo null rir.
- Quem sabe a gente entra nas cotas de apaixonados. – sugeriu ela abraçando o garoto.

Cap. 31

null e null resolveram esperar o momento certo para contar a verdade aos amigos, o momento certo para terminarem com seus respectivos namorados. O momento certo para gritar ao mundo que estavam loucamente apaixonados. Mas qual seria o momento certo?
- O Chris está fora do país, null. – disse null alguns dias depois, num corredor vazio da escola – Não posso terminar com alguém que está na França.
- Caramba! Quando era para sumir ele nunca sumia, e agora que eu preciso dele aqui, BUM, ele some!! – disse null encostando suas costas na parede e puxando a menina para si – Quando ele volta?
- Eu não sei. – falou null encostando a cabeça no peito de null – Não tenho falado muito com ele desde o dia da apresentação. Mas por que o senhor Ainda não acabou com a ruiva mesmo?
- Porque tô fugindo dela a semana toda, mas prometo fazer um esforço de aturar sua voz melosa mais uma vez... A última. – disse ele levantando o rosto da garota e beijando-lhe os lábios.
- null... Pode ter gente vindo. – falou null tentando se soltar
- Até parece que alguém vem no corredor da biblioteca, no recreio... – riu null voltando a beijá-la.
- null, depois... – disse null, um pouco depois, tentando parecer bem firme. Coisa que não estava nem um pouco.
- Como você é má quando quer, null. – falou ele fazendo bico.
- Deixa de manha, vai! Você sabe que eu te amo.
- Então... – começou null com certa esperança nos olhos.
- Então vou na frente e você sai logo depois. – disse null dando um beijo no canto da boca dele antes de se afastar, arrumando a saia e o cabelo.
- Eita, que assim eu não respondo pelos meus atos. – suspirou null se desgrudando da parede.
...
- Posso saber onde a senhorita esteve durante, quase todo, intervalo? – perguntou null quando null se juntou as amigas no pátio principal.
- Hum... Estava falando com a Sra. Spark sobre meu trabalho de literatura. – mentiu a garota, odiando aquela situação.
- Virou nerd desde quando? – disse null quase cuspindo sua Coca quando ouviu aquela história.
- Sempre fui dedicada, ok? – riu null avistando null.
- Oi meninas! – disse ele chegando perto do grupo.
- Onde você estava? –Perguntou null colocando a mão na cintura, uma posição que lembrava a null sua mãe zangada, quando ele esquecia do seu aniversário.
- Estava comigo, null. Pode ficar tranqüila. – disse null abraçando null ao chegar.
- Ô gantaaaaagem! – riu null – Agora sim eu estaria preocupada.
- Essa foi boa, guria. – disse null correndo até a amiga.
- Meu amante!!!!!! – gritou a menina abrindo os braços.
- Sugar babe. – falou ele lhe abraçando tão forte, que acabaram rindo no chão.
- Aiiii, seu desajeitado! – disse null saindo de baixo dele, quase sem fôlego.
- Desculpa more, eu me empolguei! – falou null com uma cara bem sexy fazendo todos rirem, até mesmo null que normalmente não achava graça nessa palhaçada.
...
- , onde você esteve esses dias? – perguntou Megan na hora da saída.
- Estive ocupado. – respondeu o menino sem parar de andar.
- Ei, ei, ei... – falou ela segurando seu braço – Você está fugindo de mim?
- Não. – mentiu ele. Nossa, null tinha razão, era difícil acabar. – Só estou com pressa – mas apesar disso tinha que acabar rápido.
- null!!!!!!!!!!! – chamou a ruiva mais uma vez, batendo o pé como criança mimada.
- Megan, depois te ligo. – disse null em resposta sem olhar para trás – Tchau.
- !!!!!! – gritou a menina pela última vez, antes de estar longe demais para ser ouvida.

Cap. 32

Durante os dias seguintes null, null, null e null mal tiveram tempo de estudarem para algum teste, mesmo porque, quase nunca estudavam. Mas o ponto era, que dessa vez eles tinham uma desculpa, uma boa desculpa,já que estavam ensaiando direto para pequenas apresentações que apareciam em pequenos bares e lanchonetes. Por outro lado Megan não parava de se frustrar com seus recados deixados na secretária eletrônica do “namorado”, que simplesmente estavam sendo ignorados e Chris ligou avisando que voltaria no máximo em dez dias. Depois ainda aparecem uns "sem noção", que falam que vida de adolescente não tem problema.
Já eram quase nove horas quando um rapaz alto, vestido com um casaco de cashmere branco e jogado sobre um jeans desbotado, tremia no frio de uma soleira criando coragem para conseguir falar tudo que planejara durante horas, a fio.
- Megan. – disse o garoto quando a porta abriu e sobre a luz da sala apareceu uma cabeleira ruiva.
- Finalmente lembrou da sua namorada! – falou ela colocando a mão na cintura – Qual o motivo de todo esse sumiço?
- Estava precisando de um tempo. – falou null tentando achar as palavras certas.
- Mas o bom quando se tem uma namorada é ficar todo tempo possível com ela. – disse a garota – Mas eu te desculpo, todo músico deve ter essas crises existenciais mesmo.
- Megan, escuta...
- Mas que isso não se repita mais, tá? Eu fiquei com saudade, docinho. – falou ela abraçando o garoto.
- Megan!!!! – disse null se afastando – Nosso namoro acabou.
- Como? Como assim acabou? Você não deve estar bem.
- Nunca estive melhor em toda minha vida. – disse ele respirando fundo e pensando em null para se acalmar – Simplesmente acabou.
- null!!!!!! – falou a garota ficando nervosa – Você não pode... Docinho!
- Megan, – falou null perdendo a calma – eu odeio quando você tenta dizer o que devo ou não fazer, odeio suas frescuras sem noção, odeio seus ataques de ciúmes, mas acima de tudo, odeio quando você me chama de docinho! – completou antes de sair rumo ao carro deixando a garota totalmente sem reação.

...

- Me dá, vai... – pediu null fazendo biquinho – Vaaaai!!
- Não. – disse null segurando a barra de chocolate com as duas mãos.
- Deixa de ser egoísta.
- Eu não sou egoísta. – reclamou o menino sentando no sofá da sala dos null's – Só estou com fome.
- null você acabou de comer uns quatro pedaços de pizza.
- Cinco e duas mordidas, para ser exato. – riu ele se divertindo – Estou em fase de crescimento, honey. Preciso me alimentar bem.
- Só se for crescimento lateral. Me dá logo um pedaço! – falou null tentando tirar a barra das mãos do menino.
- Não!!!!
- Vai ficar gordo como um porco.
- Eu não ligo. – riu null colocando o primeiro pedaço na boca, fazendo cara de criança feliz.
- Me dá!!!!!!!!
- Eu não vou nem perguntar o que você está querendo que o te dê! – disse null entrando na sala e vendo os dois jogados no sofá.
- Eiiii, não é nada disso! – retrucou null rapidamente – Fala para ele null.
- null meu caro amigo, sua irmãzinha estava me molestando... – falou ele cinicamente.
- EU O QUE? – perguntou a garota muito corada pulando do sofá. – Cara-de-pau.
- Ok, não quero nem saber disso, agora. – disse null subindo as escadas.
- Que cara é essa? – perguntou null vendo null entrando no seu quarto.
- Eu sou um homem livre. – disse ele abrindo os braços – Livre! - Você e a Megan...
- Terminamos. – completou ele abraçando a garota e girando-a no ar.
- null... – disse null entre os beijos – Eu te... amo! – completou puxando o rapaz para cama onde caíram ainda se beijando.
- Garota você é meu mundo, agora! – falou null deitando mais no meio da cama e trazendo null para mais perto.
- null!!!!!!!! Socor... – o som da voz de null foi morrendo enquanto ela via sua melhor amiga e seu irmão deitados na cama, juntos.

Cap. 33

- null!!!!!!!! – vinha gritando null quando esbarrou em null que estava estática, na entrada do quarto olhando para null e null, que se mantinham num silêncio constrangedor .
- null... A gente... Quer dizer... A null e eu... – tentou null se aproximando com cautela da irmã. Não estava agüentando mais todo aquele silêncio.
- Vocês... Como vocês puderam nos enganar assim? – disse null olhando de null para null – Meu irmão e minha então melhor amiga estão tendo um caso e nem ao menos se deram ao trabalho de me comunicar.
- Opa, opa, opa. – falou null começando a andar de um lado para outro – O que está acontecendo aqui?
- Está acontecendo que os dois estavam no maior amasso há dois minutos. – falou null com um certo rancor na voz.
- Como é que é? Eu sou o maior cupido de vocês e ninguém me fala nada? – perguntou null.
- Você ajudou? – perguntou null virando-se para o garoto – Você desconfiava, ajudava e não me falou?
- null, eu posso explicar tudo. – disse null com a voz tremida se pronunciando pela primeira vez.
- Não quero saber. Se vocês não me falaram antes não era para mim ter conhecimento. – disse a menina saindo do quarto da amiga.
- Dude, vocês estão.... Tipo... juntos? – perguntou null confuso.
- Sim. – respondeu null dividido entre responder ao amigo, falar algo para deixar null melhor ou acalmar a irmã.
- Mas e o engomado e a ruiva?
- Eu terminei com a Megan hoje. – disse null virando-se para olhar null.
- Estou só esperando o Chris voltar de Paris. – falou ela – Por isso não tínhamos falado para ninguém.
- Íamos falar quando nós dois estivéssemos solteiros. – completou null.
- Eu até que entendo vocês... – disse null colocando as mãos dentro do bolso da calça – Mas deviam ter confiado um pouco mais nos amigos.
- null desculpa. – disse null claramente abalada com tudo aquilo – Eu tive medo.
- Tudo bem, calma. – disse ele puxando a amiga para um abraço demorado – Mas se me esconder mais alguma coisa você morre.
- Obrigada! – falou null feliz por poder contar com seu maior apoio – Me sinto melhor agora que vocês já sabem.
- Agora que está tudo bem aqui, acho que devemos contar tudo para null – disse null – Tudo desde o começo.
- Vamos ter uma longa noite. – disse null soltando-se de null e segurando a mão de null.
- E põe longa nisso! – falou null quase achando graça da situação agora.
null estava deitada de costas para cama tentando lidar com esse novo sentimento que estava sentindo. Uma mistura de abandono, solidão e insegurança, salgados com uma pitada de lágrimas que marejavam seus olhos.null nunca escondia nada dela, seu próprio irmão não costumava ter segredos e agora até mesmo null parecia saber mais que ela.
null achou melhor entrar primeiro e acalmar a amiga para depois os meninos entrarem. Então deixou os dois colados na porta quando entrou no quarto de onde vinha um vento frio da janela aberta.
- Podemos conversar? – perguntou ela se aproximando da cama.
- Não.
- null por favor, só me escuta. – pediu ela quase que implorando com o olhar. Já era bem difícil falar do passado, mas com a amiga agindo assim era bem pior.
- Olha, eu pouco me importo se vocês de uma hora para outra resolveram deixar suas vidas mais emocionantes tendo uma aventurinha fora dos respectivos relacionamentos! – disse null sem pensar – Eu não me importo, ok?
- Agora que você já fez todas as suas interpretações eu posso falar o que realmente aconteceu? – perguntou null engolindo lágrimas amargas.
- Vai dizer agora que nada disso aconteceu e que eu bati a cabeça e tive uma série de alucinações?
- É provável que você tenha batido a cabeça sim, isso explicaria o modo como está agindo! – falou a menina magoada – Mas tudo que você viu, aconteceu. E se você puder me ouvir por alguns minutos eu posso te responder todas as suas perguntas.
- Vai em frente então. – disse null afastando um pouco para a amiga sentar na beirada da cama.
Os minutos foram se passando e a expressão do rosto de null foi mudando a cada minuto. Ela foi se acalmando, vendo o que antes era impossível até mesmo de imaginar. Era como um quebra-cabeça que antes estava todo bagunçado, mas que agora ela podia juntar as peças .
Vinte minutos depois null e null caíram para dentro do quarto fazendo barulho ao baterem no chão, mas as duas estavam tão mergulhadas nos fatos passados que simplesmente apontaram para que os dois se sentassem e ficassem quietos enquanto elas terminavam.
- Vai entender as mulheres agora. – cochichou null – Há menos de meia hora as duas estavam totalmente brigadas, dá só uma olhada agora .
- Mulheres. – respondeu null sem tirar os olhos das duas.
Duas horas depois os dois meninos já estavam em cima da cama também, ajudando a contar tudo a null que agora já não estava nem um pouco chateada, mas sim muito curiosa e animada com toda aquela história que parecia ter sido tirada diretamente de um filme de Hollywood.
- Então é isso. – concluiu null.
- Mas ninguém pode nem sonhar com nada do que foi falado aqui. – disse null levantando da cama da irmã – Só espero que essa situação não dure muito.
- Desculpa hon. – disse null envergonhada – Vou tentar resolver tudo o mais rápido possível.
- Tudo bem null, não fica assim. – disse ele com carinho – Mesmo sendo o “outro” ainda te amo.
- Seu bobo.
- Como os dois já estão nesse mel todo, acho que já vou. – disse null levantando.
- Hey dude, já tá tarde! – lembrou null olhando para o relógio de pulso – Dormi aqui hoje aí a gente vai junto para escola amanhã.
- Já que você insiste. – riu null – Durmo aqui com a null.
- Vai sonhando. – disse null jogando um travesseiro para ele – Vai dormir no sofá, amor. – Completou mandando beijos no ar .

Cap. 34

A notícia da separação de null e Megan caiu como uma bomba na escola. No dia seguinte todos já sabiam da história e cada um contava sua própria versão, que iam desde traição do garoto até tentativa de suicídio da ruiva.
Megan tentava agir como se estivesse muito bem e até incentivava os boatos de que ela tinha dado o fora no namorado por ter um surfista havaiano apaixonado por ela. Por outro lado, as meninas, solteiras ou não, pareciam muito entusiasmadas com o novo estado civil de um dos rapazes mais cobiçados da escola.
- Será que elas não vão parar de dar em cima dele? – perguntou null durante a aula de geografia, enquanto várias garotas tentavam chamar a atenção de null.
- Acho bom você não ficar dando bandeira, afinal, teoricamente, tem namorado. – lembrou null enquanto tentava não rir da cara que a amiga fazia toda vez que null falava com outra menina.
- Quem aqui está dando bandeira? – bufou null cruzando os braços.
- O que as duas tanto cochicham? – perguntou null arrastando a carteira para mais perto das amigas.
- Nada demais. – disse null – Só que o meu irmão está sendo disputado como um pedaço de carne num churrasco de sábado.
- Verdade! – riu null – Eu ainda nem sabia direito que ele estava solteiro, e já tinham umas meninas do primeiro ano me fazendo perguntas sobre o “amigo do null”.
- Essas piriguetes! – falou null apagando a anotação com tanta força que rasgou a folha do caderno.
- Eita, que o Chris tá fazendo falta... – disse null entrando na conversa – É só ele passar uns dias longe que você já fica toda irritadinha.
- Para você ver... – respondeu null emburrada.
- Fiquei sabendo que o pai dele não estava muito bem. – falou null – Tá sabendo de algo, null?
- Não, o Chris não me falou nada sobre isso.
- Senhoritas, parem já com essa conversa paralela aí atrás. – falou o professor batendo no quadro – Senhorita Collins, pare de mandar bilhetinhos para o senhor null. Vamos voltar as Monções. Alguém sabe me dizer o que são Monções?
- São as novas mansões do século XXI? – respondeu null fazendo os colegas rirem.
- Péssimo palpite. – respondeu o professor – Alguém mais?
- Monções é a designação dada aos ventos sazonais, em geral associados à alternância entre a estação das chuvas e a estação seca, que ocorrem em grandes áreas das regiões costeiras tropicais e subtropicais. – leu null do livro.
- Se eu não soubesse que está falando uma réplica exata da página 33 do nosso livro, eu realmente ficaria encantado com tamanha precisão, senhor null. - Obrigado, obrigado. – disse null levantando os braços e mandando beijos no ar para null.
- Esse aí tá se sentindo candidato a presidente dos Estados Unidos! – disse null, rindo.
- Tá mais para miss Grã-bretanha. – falou null mantendo os olhos fixos no sorriso de null.
- Ok classe, já basta de momento inútil por hoje... – disse o professor tentando terminar o assunto – Mas sim, como o sr. null fez o favor de ler, as monções são...

Cap. 35

- A gente pode cortar o segundo nome para deixar menor. – sugeriu null durante o ensaio naquela tarde.
- Mas o primeiro nome só, é tosco! – reclamou null.
- Que tal Englad Stars? – sugeriu null.
- Não mesmo, fica parecendo nome de programa de auditório. – disse null andando de um lado para outro – Caramba, que barulho é esse?
- Acho que as meninas estão quebrando a casa. – riu null ouvindo as vozes ficarem cada vez mais próximas.
- Se estão quebrando eu não sei, mas que tão vindo para cá, isso tão! – disse null assim que a porta do porão abriu.
- Nossa, como esse filme é perfeito! – falou null descendo a pequena escada até chegar onde os garotos estavam.
- Não tem como cansar de ver DE VOLTA PARA O FUTURO... – disse null seguindo a amiga.
- Meninas, estamos numa discussão importante agor... – ia falando null, mas foi ignorado.
- Já imaginaram se fosse verdade? – perguntou null sentando no colo de null.
- Eu queria era que o Martin McFly existisse... – suspirou null.
Nesse exato momento null parou de andar em círculos, seu olhar se perdeu no meio do porão antigo com as paredes cobertas por fotos de bandas famosas e desenhos de guitarras e baterias. Era como se uma luz acendesse dentro da sua cabeça. Estava ali o tempo todo, bem no seu filme favorito, como não percebera antes?
- null...
- Dude...
- Mano...
- null, você está bem?
- null!!!!!!!!!
- É isso! – disse o garoto finalmente sem prestar muita atenção nos outros – Pequeno, com estilo, tem melodia, escrita legal...
- Oh merda, ele pirou! – falou null com naturalidade.
- null fala com a gente! – pediu null chegando perto dele.
- É isso null... – falou o garoto – McFly, o nome da banda vai ser McFly.
- O que? – perguntaram null, null e null em coro.
- McFly. – repetiu null lentamente como se analisasse cada letra da palavra – Esse é o nome que procurávamos.
- Aiiii, eu ajudei a escolher o nome! – disse null empolgada – Que emoção.
- Tipo... não é meio estranho colocar o sobrenome de um cara, que nem é um de nós quatro, no nome da nossa banda?- perguntou null inseguro.
- Ah claro, como se banda "" fosse ficar melhor... – ironizou null.
- Não fala assim com ele! – protestou null abraçando o namorado – Liga não amor, seu sobrenome é lindo.
- Como nome experimental, eu gostei. – disse null – Se não der certo depois mudamos.
- Verdade, muitas bandas mudam de nome, não é uma coisa totalmente definitiva. – concordou null.
- Mas pessoal, McFly... Nós vamos ser o maior “inseto” de toda Inglaterra.
- O único inseto aqui é você! – falou null dando um pedala no amigo.
- Ai!
- Então já que QUASE todos aprovam, – falou null fazendo os outros pararem com a discussão – por período experimental a banda vai se chamar McFly.
- Aew!!!!!!!!!! – todos menos null gritaram animados.
- Agora eu sei que quando ficarem famosos vão falar de mim pelo menos quando forem perguntados sobre o nome da banda “Ah, foi uma garota aí que gostava de ver De volta para o Futuro” – brincou null.
- Até parece que eu ia...
- Deixa de besteira, hon. – disse null interrompendo a fala de null antes que ele acabasse se dedurando com aquela boca grande – No mínimo eu diria que a idéia meio que acidentalmente veio de uma amante minha depois de horas de sexo.
- Palhaço! – riu null batendo de leve no braço de null e piscando discretamente para null.
- Então vamos comemorar. – sugeriu null corada. Mesmo tendo entendido a desculpa de null ela não gostou muito da brincadeira.
- Todos já para cima! – disse null subindo a escada.
- Festaaaaaaaa!! – gritou null.
- Não era você o do contra? – perguntou null levantando a sobrancelha.
- Mas não dá para ser contra uma festa. – riu null puxando a namorada para cima também.
- Vou pedir pizza – disse null.
- Ei, eu ajudo a escolher os sabores. – reclamou null seguindo o menino.
- Escolho as músicas. – falou null.
- Tipo... – falou null vendo que estava de vela – Vou ajudar – completou correndo para cima.
null ficou olhando null de longe por alguns segundos. Ela estava orgulhosa por ele, por está presenciando o nascimento de algo que seria grande um dia, ela sabia que seria. Tudo que ela podia querer estava ali, olhando para ela naquele exato momento.
- Pode chegar perto, eu não mordo. – disse null encabulado perante o olhar da garota – Vem! – completou abrindo os braços.
- null, posso te contar um segredo? – perguntou null abraçando o menino com força.
- Claro que pode.
- Eu te amo. – sussurrou ela no seu ouvido.
- Posso te falar um também?
- Pode. – respondeu ela.
- Eu menti. – disse null.
- Mentiu sobre o que? – perguntou a garota um pouco nervosa agora.
- Eu mordo. – falou ele com um sorriso maroto. *o*



Cap. 36

O sábado amanheceu anormalmente silencioso na casa dos null’s. Com a festinha do dia anterior todos se amontoavam pela sala num sono pesado, mas a única pessoa acordada não parecia querer ficar sozinha.
- null. – chamou null baixinho, ajoelhando na frente do sofá onde a garota dormia.
- Hã? – falou ela em resposta se mexendo um pouco, mas ainda de olhos fechados.
- Bom dia, little star. – disse null passando a mão pelo cabelo dela.
- null? – perguntou null com a voz abafada – Que horas são?
- Umas oito.
- A gente foi dormir há menos de quatro horas!
- Eu sei... mas pensei que a gente podia aproveitar o raro tempo em que todos dormem para darmos uma volta.
- null, onde você que ir num sábado às oito da manhã nessa área da cidade? – perguntou null sentando preguiçosamente no sofá. – Tudo tá parado.
- A cidade vai ser toda nossa. – insistiu o garoto – Vamos null!
- Ok, ok... você ganhou. – falou null revirando os olhos – Deixa eu só ir lá em cima tomar um banho para ter certeza que não vou dormir em pé na rua.
- Certo. – disse null levantando em um salto – Te encontro na calçada com alguma coisa para comer.

...

- Pronto, senhor null. Estou às suas ordens. – brincou null saindo de casa, meia hora depois dentro de um moletom dos Beatles e de um jeans colado.
- Aqui está seu café da manhã, soldado. – riu null passando um pacote de biscoitos e um suco em caixa para menina.
- Muito nutritivo. – disse ela pegando a comida – Então... aonde vamos?
- Não sei, vamos dar uma volta. – disse null com naturalidade – Ver como a cidade fica quando todos dormem.
- Certo. – concordou a garota começando a caminhar pela rua quase deserta. – Que tal um jogo?
- Que tipo de jogo?
- Jogo de curiosidades. Cada um pergunta para o outro uma coisa que sempre quis saber.
- Ok, eu começo.
- Pode mandar.
- Vou começar leve... – disse null pegando um biscoito do pacote – Se pudesse voltar para um tempo que não viveu, qual seria esse ano?
- Essa é fácil! – riu null – Década de setenta. O que mais te dava medo quando criança?
- Não que eu fosse medroso nem nada... – enrolou null – Mas eu meio que tinha uma antipatia por lugares escuros.
- Eu sabia! – riu a garota – Até hoje você não dorme sem uma luzinha acesa.
- Ok senhorita “Eu fui uma criança sem medo”, qual seu maior medo?
- Hum... Essa eu pulo.
- Não pode pular.
- Só essa, depois eu falo...
- No final vai ter que falar!
- Certo null, no final eu falo.
- Então me fala seu maior sonho.
- Conhecer o mundo todo!
- Mas eu achei que você não gostava dessa história de ficar mudando de lugar o tempo todo... – disse null lembrando do motivo pelo qual null tinha ido morar em sua casa.
- Eu não gosto de morar em vários lugares. – corrigiu a menina – Mas quando sua banda tiver famosa eu quero ir nas turnês conhecendo todo o mundo.
- Sabe que eu gostei dessa idéia. – riu null – Só de me imaginar famoso sinto até um arrepio pelo corpo.
- Então me fala, o que você faria se acordasse famoso, amanhã?
- Ai... Essa tá difícil... – disse ele parando para pensar por algum momento – Faria vários shows, participaria de um filme, ajudaria em alguma causa social e pagaria a conta que os nossos 16 filhos fariam.
- Nossa null, a gente não é coelho, não! – riu null caminhando um pouco mais rápido para se afastar do garoto.
- Volta aqui! – disse null vendo ela ser afastar.
- Me alcança se for capaz! – disse null, acelerando, rumo a uma pequena praça.
- Pode deixar! – gritou null correndo no encalço da menina.
- Nossa null, tá treinando para maratona de tartarugas? – provocou a garota pulando um banco que estava no caminho.
- Só se for das tartarugas ninjas, amor! – riu null pulando sobre null, que despencou no chão, de areia, da praça com null ao seu lado.
- Seu desajeitado! Me derrubou! – disse ela fazendo manha e sentando no chão.
- Desculpa null... – falou o garoto contendo o riso – Mas admite, foi engraçado.
- Chato! – disse null caindo na gargalhada em seguida.
null juntou o papel do biscoito e a caixa vazia do suco, colocou numa lixeira e voltou a sentar ao lado de null no chão da praça. Os dois ficaram olhando os desenhos que as nuvens faziam no céu e às vezes alguma pessoa solitária passando pelas ruas laterais. Era tão estranho tudo aquilo. Em menos de quatro anos os dois tinham ido ao extremo de amor a ódio tão rápido, que era até difícil falar qual era a tênue linha que separava esses dois sentimentos tão opostamente iguais e mesmo assim mais forte que qualquer veneno inventado pelo homem.
- Agora responde. – disse null pegando um graveto que estava ao seu lado.
- Responder o que? – perguntou null distraída olhando uma nuvem que ela poderia jurar ser uma réplica de um quadro de Picasso visto na aula anterior de artes.
- Qual é o seu maior medo?
- Ah... – null tirou os olhos do céu e pegou a vareta das mãos do garoto escrevendo seu próprio nome na areia – Tenho medo de te perder. – falou sem levantar os olhos.
Nesse momento null ficou sem palavras. Não sabia ao certo o que dizer depois de saber que, mesmo sem querer, trazia medo a pessoa que mais amava no mundo. Tudo que pôde fazer foi chegar mais para trás colocando assim a menina entre suas pernas e escrevendo seu próprio nome ao lado do dela. Os dois ficaram observando as letras que se formavam na areia "null & null", enquanto apenas sentiam a presença tão necessária do outro perto de si. null deixou a cabeça descansar no peito de null e aos poucos foi fechando os olhos cansados pela noite anterior .



Cap. 37

O final de semana passou num simples levantar de asas, de uma borboleta, e a volta de uma certa pessoa trouxe a realidade de volta embrulhada num papel dourado.
- Chris? – disse null um pouco assustada ao ver o namorado na sua porta, segunda de manhã. Ele parecia cansado e um pouco menos engomado que antes, o que certamente era melhor.
- Oi null! – falou ele em resposta com um sorriso – Feliz em me ver?
- Hãn... Claro. – falou ela tomando cuidado de fechar a porta atrás de si. Não seria nada bom null ver Chris ao terminar o café. – Quando você chegou?
- Ontem de madrugada. Desculpa a falta de notícias, é que as coisas foram um pouco mais complicadas do que eu imaginava.
- Tudo bem. – disse null sem saber se deveria terminar logo ou esperar ele terminar de falar tudo. – Algum problema com as empresas do seu pai?
- Mais ou menos... – respondeu o rapaz abaixando os olhos para os próprios pés – Podemos falar sobre isso a caminho da escola? É que não seria nada bom me atrasar logo no meu retorno.
- Certo. – concordou null sem saída – Vou só pegar meus livros.
- Espera! – falou Chris segurando o braço da garota – Trouxe isso, de Paris, para você. – completou tirando uma caixinha dourada do bolso.
- Não precisava se incomodar... – disse null com a voz querendo falhar. Ela nunca tinha se sentido tão deslocada e sem saber o que fazer como naquele momento.
- Claro que precisava... – disse ele depositando a caixinha nas mãos frias da namorada que nesse momento se dava conta de um velho ditado, nem tudo que brilha é ouro, (mas outras definitivamente são).
null simplesmente sabia que esse não era o melhor momento para ela acabar com Chris. Era muita falta de noção chegar para o garoto e simplesmente dizer “Acabou”. Em vez disso ela decidiu esperar até o fim do dia, talvez ela achasse um momento mais apropriado para tal ato. A garota tentou manter as mão firmes para abrir a caixinha, e assim que o fez pôde olhar uma delicada pulseira de ouro branco que parecia ter sido muito cara.
- Deixa eu botar em você! – falou Chris já abrindo o feixe e colocando o presente no pulso direito da menina.
- Ela é linda. – foram as únicas palavras que a mente perturbada de null conseguiu formar. Ela não pretendia nem se apegar ao presente, pois assim que terminasse com Chris o devolveria, se possível na mesma caixinha.
- Vai pegar os livros, te espero no carro. – falou ele dando um selinho na namorada. null entrou em casa sem nem lembrar o que ia fazer. Estava formando uma idéia em sua cabeça, ela tinha que arrumar uma maneira de terminar o namoro com Chris sem magoá-lo e enquanto não fizesse isso não poderia magoar null.
- null! – disse null assim que viu a amiga descendo a escada – Onde está o null?
- Escovando os dentes, acho...
- Diz para ele que eu vou dar um jeito em tudo. – falou a garota se afastando.
- Tá indo para onde? – perguntou null achando a atitude da amiga muito estranha.
- Vou para escola agora, vejo vocês lá.
- Mas...
- null, apenas diz o que te falei pro teu irmão, ok? Depois eu explico tudo para os dois.
- Seus livros! – gritou null, vendo que a garota ia sair sem levar o material.
- Ah, obrigada por lembrar! – gritou null em resposta jogando a bolsa no ombro e saindo em direção ao ar gelado da rua.

...

- Chris, eu preciso fal... – ia dizendo a garota ao entrar no carro, mas se deteve vendo os olhos molhados do rapaz. – O que você tem?
- Eu não quero te aborrecer com os meus problemas. – disse ele ligando o carro.
- Você não vai me aborrecer, pode falar... – insistiu null.
- Meu pai... meu pai não está nada bem, null. – falou Chris quase num sussurro enquanto dirigia lentamente – Os médicos achavam que era mais simples... mas... Ele corre risco de vida.
null parou até de respirar por alguns instantes. Seu coração foi parar no joelho, seu café da manhã se revirava em seu estômago. Como assim o pai dele estava mal? Ela não podia terminar com um cara em tal situação, não importava o quanto gostasse de outro, isso seria falta de humanidade.
- Eu... eu sinto muito.
- Viu? Eu sabia que ia te deixar preocupada... – disse Chris vendo o rosto da garota perder todo sangue e ficar repentinamente da cor de um papel.
- Mas é claro que você tinha que me contar, você deve estar se sentindo muito mal. - respondeu ela tentando se acalmar.
- null você tem que me prometer uma coisa.
- O que?
- Você não pode falar isso para ninguém. – disse o rapaz parando o carro bruscamente – Eu não deveria ter contado para ninguém.
- Mas...
- Enquanto os médicos não derem um diagnóstico final ninguém pode ficar sabendo, isso seria péssimo para os negócios e para minha família como um todo.
Sem ter outra saída null apenas concordou sentindo a garganta travar. Ela tinha certeza que ao prometer isso estava adiando o fim do namoro e dando todos os motivos do mundo para null se aborrecer com ela, pois nem ele poderia saber da verdade, pelo menos por enquanto.


Cap. 38

- Por que eu nunca consigo achar nada???? – reclamou null, procurando a chave do carro por toda casa sem nenhum resultado.
- Talvez pelo fato de você espalhar tudo por aí. – sugeriu null olhando embaixo do sofá para ver se tinha mais sucesso na busca.
- Engraçadinha. Por falar em não achar as coisas, cadê a null?
- Ai... – disse a garota passando a mão na cabeça depois de levantar bruscamente e se machucar no sofá – O que?
- A null... – repetiu null.
- O que tem ela? – perguntou null tentando ganhar tempo, para inventar uma desculpa, no mínimo, criativa.
- Onde ela está? – disse null indo até a cozinha para ver se a chave estava por lá.
- Ela já foi... null, acho que...
- Achei!!!! – gritou null aparecendo com a chave nas mãos – Estava dentro da geladeira. – completou com o mesmo sorriso que que Newton deu, quando descobriu a lei da ação e reação.
- Nossa, por que não pensei nessa possibilidade antes? – falou null ironicamente.
- Sim. O que você estava falando mesmo?
- Que a null já foi para escola.
- Como assim já foi? Ela morre de preguiça de andar logo pela manhã.
- É... é que ela não foi andando. – respondeu null se vendo totalmente sem saída. Não adiantaria mentir já que o irmão olharia a amiga com Chris em poucos minutos mesmo. – O Chris chegou de viagem. Pronto, falei!
- Finalmente ele chegou. – disse null num tom de voz despreocupado – Mas por que ela foi com ele? Não deu tempo de terminar logo quando o viu?
- Acho que ela não quis ser indelicada, sabe como são essas coisas... – falou null tentando melhorar a situação.
- Então vamos logo para escola. Eu não quero perder essa cena por nada nessa vida. – disse null correndo até a porta – Nunca pensei que fosse querer isso, mas estou louco para me declarar comprometido diante de todo colégio.
- Jura? – disse a menina seguindo o irmão até o carro totalmente sem palavras.

...

null e Chris entraram na escola de mãos dadas chamando atenção de todos ao redor. As alunas não paravam de cochichar fofocas totalmente mirabolantes como, as de Chris ter ido buscar um bebê africano para adotar com null, ou ter fugido com um jogador de pôquer para Las Vegas e depois se arrependido e voltado para Inglaterra, para os braços da namorada. Enquanto os rapazes faziam caras de decepção por ver que a garota não tinha terminado o namoro, assim como todos esperavam.

...

null desceu do carro, apressado, deixando a irmã um pouco atrás. Ele já estava quase passando pelos grandes portões de ferro quando uma coisa o atingiu bem no meio do estômago. O rapaz sentiu uma imensa dor de cabeça seguida por enjôo e pela primeira vez na vida sentiu tanta raiva quanto o corpo podia suportar. Bem ali, na sua frente Chris beijava null para toda escola ver, e o pior, ela não o empurrou, gritou ou nada desse tipo. Ela apenas ficou ali, parada nos braços do engomado como ficara tantas vezes nos seus próprios braços.
- null... – disse null cautelosa quando chegou perto do irmão. Eu ...
- Não fala nada, tá? – respondeu o rapaz virando nos calcanhares e voltando lentamente para o carro.
- Mano! – gritou null sem obter respostas.
A chave foi posta novamente, o motor fez o barulho de sempre e um carro vermelho fez o caminho contrário de tantos outros que iam em direção à escola, levando dentro um rapaz atordoado e sem nem ao menos saber em quem confiar ou para onde se encaminhar.

Cap. 39

null se soltou cuidadosamente dos braços de Chris a tempo de ver o rosto pálido de null na entrada da escola, então a ficha caiu, null tinha vista tudo, ela não pôde explicar nada. No fundo ela sabia que tinha agido como uma covarde, preferido não enfrentar os problemas de frente e agora via diante de seus olhos eles se multiplicarem rapidamente .
- null, tudo bem? - perguntou Chris confuso.
- Tu... tudo. – respondeu ela sem deixar ele ver seu rosto – Tenho que ir, a gente se vê na sala, talvez eu demore para entrar – completou indo ao encontro de null.
- Guria, o que foi isso? – perguntou null caminhando ao lado da amiga – Eu não tô entendendo nada.
- Eu preciso falar com vocês! – disse null com a voz que não passava de um sussurro, para os dois amigos.
- Eu acho bom ser no mínimo auto-explicativa essa história. – disse null cruzando os braços no peito.
- Vamos para um lugar mais tranqüilo. – sugeriu null vendo os olhares curiosos que os cercavam – No gramado atrás do prédio.
- Faltam poucos minutos para bater... – lembrou null com certa esperança de adiar essa conversa um pouco mais.
- Eu não me importo de perder um ou dois horários, mesmo. – disse null dando de ombros - Eu, realmente, preciso de uma explicação.
Os três encaminharam-se lentamente para um canto afastado no gramado, cada um perdido nos seus próprios pensamentos sem nem pensar nos problemas que poderiam arrumar se fossem pegos matando aula. Tinham coisas muito mais importantes a tratar do que um simples castigo dado pelo diretor.
- Bem, acho que você já pode falar. – disse null com uma voz um pouco áspera ao sentar no chão – Estamos curiosos.
- null, por favor, coloca alguma sanidade em tudo isso. – pediu null, calmamente, ao perceber que null não fazia questão de esconder seu ressentimento.
- Eu e o Chris, nós, a gente ... – tentou null enquanto fazia as idéias se organizarem na sua cabeça. Ela não podia contar a verdade, ela não deveria estar ali, ela deveria está correndo a procura de null, que agora devia estar sabe-se lá onde.
- Por que você não começa pelo começo? – Sugeriu null controlando um pouco sua voz, no fundo ela não consegui se chatear com a melhor amiga.
- Eu não posso, ok? – respondeu null colocando as mãos no rosto e deixando as lágrimas caírem. Ela já tinha segurado demais, sido forte demais, política demais, tudo que ela queria agora era chorar como uma menininha de oito anos de idade ao ver sua boneca favorita quebrada aos pedaços.
null e null olharam a amiga, incrédulos. null nunca foi do tipo de se entregar ao choro na frente dos outros, ela não fazia o tipo garota-açúcar que se entregava antes da luta. Os dois sabiam, que ela não tinha condições de responder nada naquele estado, então simplesmente ficaram calados esperando que ela se acalmasse até, pelo menos, poder ouvir alguma palavra de reconforto de suas bocas. Os minutos passaram enquanto as lágrimas viraram soluços, os soluços viraram novamente lágrimas e as lágrimas viraram suspiros.
- Eu sinto muito, muito mesmo... – disse a garota finalmente recuperando a fala – Mas em nome da nossa amizade eu peço que vocês confiem em mim.
- null nenhum de nós nunca desconfiou de você. – falou null agora claramente arrependida de sua primeira atitude.
- Você pode contar o que foi, nós vamos entender. – completou null.
- Não é nada para entender, pelo menos por enquanto. É só para não me julgarem por algo que eu realmente já me julgo porque outras pessoas julgando. Pessoas que você gosta, julgando, só pioram uma coisa que já é terrível, porque o próprio julgamento, no fundo, ainda é pior.
- Você quer fazer o favor de falar algo claro? – pediu null tonta de tentar entender alguma coisa que amiga tinha dito.
- O fato é que eu e o Chris estamos juntos e eu não sei por quanto tempo. – disse ela observando a expressão dos amigos mudarem aos poucos – Eu sei que estou fazendo o null sofrer e acreditem eu também estou sofrendo...
- Então acaba logo com o engomado! – interrompeu null, rapidamente.
- Não, a minha decisão é a melhor no momento. Eu só peço que vocês entendam que eu tenho os meus motivos e que no momento não posso dividi-los com ninguém.
- Ai guria, você sempre tem que ser tão complicada? – perguntou null vendo novas lágrimas se formarem nos olhos da amiga.
- Eu acho que sim. – respondeu ela com a voz quebrada.
- Quer saber? – disse null de repente – Eu tô fora, eu não me importo quem é a minha amiga e quem é meu irmão, eu só quero ter os dois ao meu lado, juntos ou não.
- Então vocês não vão...
- Claro que não, sua boba. – null disse antes que ela pudesse terminar a frase – Nós nunca vamos deixar de gostar de você.
- Eu adoro vocês! – disse null levantando e abraçando os dois amigos sem se importar de molhar a blusa toda, com suas lágrimas salgadas. – Eu posso, só, pedir mais um favor?
- Pode. – disse null limpando as lágrimas da amiga com a mão.
- Fiquem o mais perto possível do null, ele vai precisar mais de vocês do que eu.
– Olha só quem está pedindo isso, a nossa pequena egoísta que vivia brigando para ter todos sempre ao seu lado – brincou null fazendo a amiga dar um risinho torto – Pode deixar, null, faremos o possível para ele não se matar com um garfo.
- Chato, não fala isso. – disse null batendo de leve no braço do garoto – Agora eu acho que podemos tentar entrar de fininho na sala.
- Honey, se é para ser marginal que seja por completo! – falou null se afastando da amigas - Eu tô indo...
- É muito cara-de-pau, mesmo. – riu null segurando a mão da amiga – Então, vamos senhorita mistério?
- Vamos sim. – null concordou – null vai atrás...
- Do null, eu sei, eu sei... – disse ele indo embora com a mochila nas costas – Pode deixar comigo.

Cap. 40

null usou quase a velocidade máxima do carro rodando pela cidade sem prestar atenção no caminho percorrido, tudo que ele sentia além de seu próprio coração batendo apressado era o vento frio vindo da janela que insistia em bagunçar seu cabelo, mais que o normal. Foi ao passar pela terceira vez em frente à sua casa que ele resolveu parar e entrar de uma vez por todas. Correr não levaria para longe seus pensamentos.
O garoto entrou na casa vazia jogando as chaves no sofá e vendo a luz vermelha na caixa de recados, mas não se deu ao trabalho de ouvir, seja lá quem fosse teria que esperar. Tudo que ele queria era ter um lugar para pensar, um lugar sem null, e como cada canto da casa parecia ter um brinco, um colar e até mesmo o cheiro dela ele resolveu sentar no gramado do quintal, que, quase sempre, estava vazio.
- Dude? – chamou null ao entrar pela porta da frente – Onde você está?
- null, não adianta, seu carro te dedurou, eu sei que você está nessa casa.
- null!!!!!!!
- Volta para escola, null. – disse null de má vontade ao se encher de ouvir seu próprio nome repetidas vezes – Eu quero ficar sozinho.
- Desculpe cara, mas eu jurei que tomaria conta de você. – respondeu null seguindo a voz do amigo até o quintal.
- Prometeu para quem? Para sua chefe null? – zombou o garoto amargamente ao lembrar que a irmã deveria está preocupada.
- Não exatamente, mas eu tenho certeza que ela também gostaria que eu tomasse conta de você... e bem que eu queria que ela fosse minha chefa. – falou null sentando na grama também. – Olha null, eu sei que você está chateado com o que aconteceu hoje, mas se isolar não ajuda em nada.
- Para quem você prometeu, null?
- Isso realmente importa agora?
- Sim, isso importa. E eu espero ouvir a verdade pelo menos de você.
- Bem... Foi para null.
- Isso só pode ser piada. – disse null numa voz que não o pertencia – Depois de tudo ela ainda quer fingir que se importa comigo?
- Dude, eu sei que parece estranho, mas ela realmente se importa, se você quer saber.
- null eu sei que você é o melhor amigo dela mas não precisa viver encobrindo cada erro que ela comete.
- Eu sou também seu melhor amigo e posso garantir que não estou tentando encobrir o erro de ninguém, só estou tentando fazer você vê além do óbvio.
- E qual é esse além? Que ela nunca me amou? Que ela estava apenas se vingando de mim? Porque se for isso eu até posso entender sabe, eu realmente não sou a melhor pessoa do mundo...
- null para de falar besteira, a null te ama, dá para ver nos olhos dela.
- Vai ver você precisa de óculos.
- Seja racional dude, você acha que uma pessoa poderia fingir, tão bem, por tanto tempo amar outra pessoa?
-Eu não sei, pergunte a ela.
- Dude, isso está ficando ridículo, eu sei que você deve estar confuso e com raiva, mas no fundo você confia nela, eu sei disso.
- Eu não sei mais em quem eu confio null, tudo que eu sei é que ela preferiu ele e eu não posso fazer nada quanto a isso.
- Então é isso? Vocês vão brigar, ela vai morar em outro país e você vai ficar aqui todo depressivo? É isso que você quer para o seu futuro?
- Eu não vou brigar com ninguém. Nenhum de vocês vai perder a amiga porque ela terminou um quase namoro com o dono da casa. Eu também não quero isso, ok? Ela não vai precisar ir embora.
- Você acha que ela precisa de uma ordem de despejo para perceber que não é bem vinda? null, você sabe tão bem quanto eu que ela não vai querer ficar aqui com você a ignorando.
- Então a culpa agora é minha? – perguntou o garoto quase gritando – Ela simplesmente decide ficar com outro cara sem me falar nada e ainda fica se agarrando com ele para todos verem, e o vilão sou eu? Ela é a errada dessa história e não o contrário.
- Desculpe... – disse null tentando fazer o amigo se acalmar – É que para mim é complicado ver meus melhores amigos se machucando sem poder fazer nada. null eu não tô pedindo para você abrir os braços para ela e pedir desculpas por ela não ter te escolhido, eu só tô pedindo para você pensar bem nas coisas para não se arrepender.
- Pode deixar que eu não vou fazer nada, vai ser tudo como antes eu só vou tentar evitar ficar perto dela porque, sinceramente, eu não tenho espírito masoquista nem nada do tipo.
- Você acha que dá para arrumar as coisas entre vocês ?
- Impossível.
- Bem, sabe o que minha mãe sempre diz?
- Que você é um desmiolado?
- Bem, isso também... – disse null rindo e revirando os olhos – Mas outra coisa que ela sempre fala é que o impossível não existe, o que existe é o pouco provável.

Cap. 41

Durante toda a semana, null tentou falar com null, para explicar um pouco as coisas, para se desculpar ou pelo menos para ouvi-lo gritar de raiva, pois até a raiva era melhor do que aquela indiferença toda, mas toda vez que ela se aproximava ele arranjava um jeito de ir para longe. O garoto passou a sentar no lado oposto da sala, a comer em lanchonete ou na casa dos amigos, a ensaiar na garagem totalmente bagunçada de null e a chegar em casa quando ela já estava dormindo ou apenas exausta demais para enfrentar aquela conversa.
Quando o horário, anunciando educação física, tocou, na sexta, null pegou seu material. Foi sentar num banco afastado da quadra, esperando a irmã, para poder sair da escola, já que ele nunca freqüentava essa aula idiota. E como Chris estava levando e deixando null todos os dias, então ele era poupado de tamanha proximidade com a garota.
- Tem alguém sentado aqui? – perguntou Chris, chegando despercebido, e apontando para o espaço vazio no banco ao qual null estava sentado.
- Tem. – disse null, asperamente, colocando os pés para cima do banco.
- Ok, se você prefere que eu fale em pé não tem problema nenhum.
- Na realidade, eu esperava que você ficasse calado, mané.
- Olha, não sei o porquê, mas nós nunca nos demos muito bem, mas eu percebi que você passou a fazer alguma coisa que está deixando a null arrasada, dá para ver nos olhos dela que algo está errado.
- Vai vê é essa sua cara que ela abusou. – soltou null rispidamente, Chris era a última pessoa com quem ele gostaria de estar tendo essa conversa.
- Eu só queria pedir que você não descontasse nela a clara raiva que você sente por mim.
- Eu não estou descontando nada em ninguém. Primeiramente porque eu não vou perder meu valioso tempo sentido algo por você, segundo porque a culpa não é minha se ela está te tratando diferente, ok?
- Qual é a sua, null? Você é a fim dela ou algo do tipo? – perguntou Chris deixando de lado a boa educação.
- Cuide da sua vida. – falou null levantando com as mãos fechadas no punho.
- Fique longe da minha namorada, você faz mal para ela!
Os dois ficaram se encarando por alguns momentos analisando mentalmente a situação, mas antes que um dos lados resolvesse se deixar levar pela fúria um grito vindo da quadra os fez voltar a realidade. A voz era familiar demais para não ser reconhecida imediatamente, e antes mesmo de mais uma palavra, os dois correram rapidamente para ver qual era o problema.
- Ai, graças a Deus. Rapazes fortes! – disse a professora de educação física ao ver os garotos se aproximando rapidamente. Deitada no chão com a mão na cabeça estava null cercada de meninas com olhares preocupados.
- O que aconteceu? – perguntaram os dois quase ao mesmo tempo com as vozes tremidas pela pressa.
- A senhorita null foi acertada com uma bola na cabeça e parece estar um pouco tonta. – disse a professora lançando um olhar severo para uma aluna, anormalmente grande, que segurava uma bola laranja entres as mãos. – Algum de vocês poderia levá-la até a enfermaria?
- Deixa comigo. - disse Chris correndo até a namorada antes que null pudesse processar a idéia de ver null sentindo dor.
- null eu estou aqui, vem comigo. – disse Chris segurando o braço da garota para ajudá-la a levantar.
- Eu estou be... – null foi falando ao levantar antes de cair desacordada sobre o namorado.
- Ela desmaiou. – disse o rapaz com um certo pavor na voz enquanto recolocava a garota no chão.
- Com toda licença, senhorita Hills. – disse null passando pelas meninas com um olhar determinado – Eu cuido disso. – completou levantando a garota nos braços e saiu caminhando.
- Ei, volte aqui! – gritou Chris ainda sem levantar do chão – Ela é a minha namorada!
- Fique calmo meu rapaz. – aconselhou a professora – O seu amigo só vai levá-la até a enfermaria. Você pode ir também, mas antes me ajude a arrumar a rede que caiu na hora dessa confusão toda.
- Mas...
- Mas nada, vamos. Levante logo do chão e venha me ajudar.

...

-null? – perguntou null abrindo levemente os olhos.
- Shiiii, fique quieta. – brigou ele segurando ela mais firmemente nos braços.
- Me coloca no chão.
- Não mesmo. Eu dei a minha palavra de escoteiro que te levaria à enfermaria.
- Isso é desnecessário. – gemeu a menina – E além do mais você nunca foi escoteiro.
- Não me parece certo ouvir a opinião de alguém que desmaiou há menos de cinco minutos.
null queria continuar discutindo, mas tudo ao seu redor girava de uma maneira estranha parecendo uma dança sincronizada em que todos tinham o objetivo de rodar até deixá-la realmente enjoada, o suficiente para querer manter a boca fechada. Sem falar que a proximidade do seu corpo com o de null, depois de tanto tempo sem nenhum contato, estava sendo muito bom, se não fosse a dor na cabeça até que a situação seria muito agradável.
- Prontinho, agora é só ficar parada esperando o remédio fazer efeito. – disse a enfermeira colocando uma bolsa de água fria sobre o hematoma na testa da garota. – Eu volto logo. – completou ao passar pela porta, saindo da sala.
- Você voltou a falar comigo? – disse a garota numa voz baixa ao ver que a enfermeira não estava mais no campo auditivo da sala.
-Parece que sim.
- Então você vai me escutar agora?
- null agora não, ok? Esse não é o momento.
- Depois que eu estiver bem você vai voltar a me ignorar?
- Provavelmente.
- Então nunca vai me deixar falar sobre tudo isso?
- Se você continuar teimando nessa conversa eu vou te ignorar agora.
- Por que você fez isso? – perguntou null segurando a bolsa na cabeça. Se ele voltaria a ignorá-la ela queria falar o máximo possível enquanto obteria respostas.
- Fiz o que?
- Me trouxe para cá.
- Você por acaso queria ficar jogada naquela quadra até amanhã?
- O Chris ia me trazer.
- Até parece... – falou null num meio sorriso – Aquele ali quase teve um ataque só porque te viu desmaiando, imagina se você vomitasse pelo caminho.
- Eu não ia fazer isso. – disse null se perguntando se sua expressão era tão fácil de ser lida.
- Se você diz... – respondeu null levantando da cadeira que estava sentado.
- Nãoooo... – gritou a menina sentando bruscamente na cama, voltando a ver tudo girar imediatamente – Droga. – xingou baixinho levando a mão a cabeça.
- Quer fazer o favor de ficar quieta por um estante, se quer! – pediu o garoto empurrando-a delicadamente de volta a cama.
- Não vai agora. – disse ela segurando seu braço – Por favor.
- Você já está medicada, seu namorado daqui a pouco está chegando e você logo vai dormir. – disse ele colocando a compressa na cabeça da menina – Eu não sou mais necessário. Já posso ir.
- null... – chamou ela sentindo os olhos pesarem por causa do remédio – Por favor, fica... – disse ainda lutando para ficar acordada – Eu preciso de você.
- Dorme null. – sussurrou ele passando a mão pelos seus cabelos.
- Jura que vai ficar? – pediu ela já com os olhos fechados, mas ainda segurando o braço do garoto com toda força que conseguiu juntar.
- null...
- Jur...
- Juro. – disse ele por fim soltando o braço e puxando a cadeira para sentar.

Cap. 42

null ficou sentado na cadeira, ao lado da cama, sem tirar os olhos de null. Fazia algum tempo que aquele rosto não era visto com tanta precisão, que ele quase esquecera de como era angelical. Nos últimos dias ele só vira aquele rosto de longe e cercado de pessoas ou em seus sonhos que não faziam jus a realidade.
null suspirou mais fundo e ele pulou da cadeira para checar qual era o problema, mas ela parecia bem. Seu rosto estava sereno, parecia que estava tendo um sonho bom e tirando a marca roxa em sua testa, que estava quase toda escondida por uma bolsa de água fria, ela parecia estar apenas relaxando um pouco após a exaustiva aula de educação física. null esticou a mão e arrumou a bolsa de água para ficar bem centralizada no machucado quando ouviu passos vindo em direção do quarto improvisado, provavelmente a enfermeira estava de volta.
- Ainda por aqui? – perguntou Chris ao passar pela porta e se deparar com null em pé ao lado da cama.
- Ah, é você? – disse null numa voz de desdém virando para ver o intruso – Eu estava quase achando que a tarefa de colocar uma simples rede no lugar levaria umas seis horas para ser feita.
- Pelo menos eu fiquei para ajudar. - rebateu Chris com o rosto vermelho numa mistura de raiva e cansaço.
- Isso porque eu tive que trazer a null, já que você se mostrou incapaz de carregá-la por alguns metros. - rebateu null tentando não alterar a voz o máximo possível.
- Olha quem fala, o atleta que foge sempre da educação física masculina.
- Somos dois, então, porque até onde eu sei você também não freqüenta as aulas.
- Você não sabe de muita coisa. – disse Chris aumentando um pouco a voz, o que fez null se mexer um pouco na cama.
- Satisfeito? – perguntou null checando se ela ainda estava dormindo.
- Nã... – ia respondendo Chris quando a porta abriu, mais uma vez, mostrando uma figura feminina que entrava para um cômodo, que já ficava pequeno para o número de pessoas.
- Como ela está? – perguntou null numa voz baixa.
- Está bem. – falou null, ignorando os resmungos do outro – A enfermeira lhe deu um remédio para passar a tontura e a dor e colocou uma compressa no hematoma.
- Bem, o horário já terminou eu acho que podemos levá-la para casa. – sugeriu null.
- Eu faço isso. – disse Chris, prontamente, tentando passar por null para chegar até a garota.
- Não precisa, ela mora na nossa casa. – disse null entregando a chave do carro para a irmã – null vai abrindo o carro enquanto eu levo ela.
- Eu quero levar ela! – Chris repetiu mais alto finalmente acordando null.
- O que? – perguntou ela um pouco tonta ao sentar rapidamente na cama – Que horas são?
- Acabou de terminar o horário null. – disse null, pegando a chave das mãos do irmão – Vamos te levar para casa.
- Certo. – disse ela um pouco grogue do remédio e segurando no braço de null para ficar em pé.
- null, eu estou aqui. – disse Chris que ainda não tinha sido notado – Eu posso te levar para casa.
- Chris, obrigada, mas eu já dei muito trabalho por hoje. – disse a garota com a voz de uma pessoa dopada – Pode ir para casa, eu vou ficar bem.
- Resolvido então. – disse null andando para fora do quarto ao lado da garota para o caso dela desequilibrar-se.
- Minha testa está muito aterrorizante? - perguntou null, no caminho para o carro.
- Se você olhar de longe e não souber da verdadeira história dá para pensar que foi só um chupão. – disse null brincando.
- Ah, agora eu estou bem mais tranqüila. – riu null revirando os olhos.
- null, tem certeza que não quer vir no meu carro? – perguntou Chris seguindo o grupo até o estacionamento.
- Chris, vai para casa, eu estou bem! – disse a garota sem parar de andar enquanto falava.
- Então, te ligo depois. – falou o rapaz.
- Tá.
- Grude, grude, grude. – falou null, imitando espirros baixinhos, fazendo null e null rirem.

Cap. 43

null acordou muito cedo após várias horas de sono, abriu os olhos com dificuldade, ainda tentando lembrar o que tinha acontecido no dia anterior. Assim que a cabeça deu os primeiros sinais de dor ela conseguiu rever a cena do acidente com a bola, da conversa com null e depois de ter dormido o resto do dia e está acordando só naquele momento. Talvez por isso parecia está de ressaca, dormir muito tinha esse efeito, deixava-a muito lerda.
O sol dava seus primeiros sinais ao céu mostrando que o sábado seria claro e de temperaturas agradáveis, mas nada de belo no céu se comparava com o que a garota sentia por dentro, ela finalmente tinha conseguido falar com null, talvez tudo pudesse se arrumar com o tempo. Logo ela poderia contar toda a verdade para ele e ser perdoada. Não deveria demorar muito até Chris desobrigá-la daquela promessa ridícula, e, além do mais, nenhuma notícia nova tinha chegado sobre o pai dele, se fosse tão grave Chris já saberia.
null apenas amarrou o cabelo num rabo de cavalo mal feito, foi até o banheiro para lavar o rosto e escovar os dentes sem nem mesmo se dar o trabalho de ver a própria imagem no espelho, já que deveria estar uma bagunça mesmo. Desceu as escadas em silêncio e por falta do que fazer se encaminhou para o porão, o lugar que andava evitando ultimamente. As paredes cobertas por cartazes de bandas, os instrumentos espalhados por todo lugar e o velho sofá cor de areia faziam o lugar parecer um pouco mágico, mas talvez fosse apenas as boas recordações, que ela tinha ali, que davam-na essa impressão tão boa e reconfortante.
Depois de andar um pouco, passando as mãos nas paredes como sinal de desculpa pelos dias afastada, null sentou no sofá abraçando os joelhos, fechando os olhos para apenas sentir aquela emoção que agora parecia gritar dentro dela. Ela viajou em suas próprias recordações dos dias felizes que tinha vivido ali, dos ensaios dos meninos, dos encontros as escondidas com null... Era estranho como todos os momentos bons, que ela conseguia lembrar, tinham null no meio. Seja como amigo, namorado, inimigo, rolo ou qualquer outra definição mais apropriada para explicar o que eles eram um para o outro. Simplesmente ela precisava dele para ser feliz, agora isso era realmente muito claro na sua mente.
- O que você está fazendo aqui? – uma voz masculina tirou null abruptamente dos seus pensamentos fazendo-a abrir os olhos e se deparar com null, em pé, perto do sofá encarando-a com uma expressão vazia no rosto.
- Só pensando um pouco. – respondeu ela sem se mexer do seu lugar.
- E tinha que vir até aqui para pensar? – perguntou o garoto cruzando os braços – Você deveria está no quarto.
- Eu não estou de quarentena para ter que ficar enterrada numa cama. – reclamou ela tentando entender por que ele estava com aquela expressão tão diferente do dia anterior.
- Então, deveria ficar na cama por essa marca aí na sua testa.
- Isso é besteira, eu estou bem.
- Você ainda não respondeu a minha pergunta. Por que teve que descer aqui para pensar?
- Eu gosto daqui, ok? Algum problema?
- Nenhum, eu só acho que seu namorado não gostaria de saber que você escolhe o porão de ensaio da minha banda para pensar.
- O Chris não tem que gostar ou desgostar dos meus lugares preferidos, isso não é da conta dele. - respondeu a garota começando a sentir uma irritação crescente dentro de si. Por acaso null sofria de algum distúrbio bipolar?
- Eu acho que ele não pensa assim.
- null, onde você quer chegar colocando o Chris nessa conversa? – perguntou null soltando os joelhos e sentando de forma normal, no sofá - Em lugar nenhum, eu só estou me perguntando por que uma pessoa com namorado vem ao lugar de ensaio do seu ex amante para pensar.
- Em primeiro lugar... – disse null sentindo a raiva transbordar ao se colocar de pé – Você nunca foi meu amante, em segundo lugar eu acho que você não deveria começar a me atacar antes das sete da manhã.
- Se não era amante o que eu era então? - perguntou null com acidez na voz. Era seu passatempo? Seu bonequinho que você podia brincar até enjoar e depois jogar fora?
- Por que você está me falando essas coisas? – perguntou a garota sentindo os olhos se encherem de lágrimas, que ela tentava a todo custo segurar. – Eu achei que depois de ontem...
- Você achou que agora poderia ficar com os dois? Que poderia brincar com os meus sentimentos?
- Não, eu pensei que...
- Eu não quero ouvir. – disse null virando para encarar a parede por medo de fraquejar, se continuasse a ver os olhos marejados de lágrimas de null – O mundo gira honey, e agora é a minha vez de não querer ouvir suas desculpas. Não foi isso que você fez comigo uns anos atrás?
- Isso, então, é uma vingança? – perguntou null tentando fazer a voz parecer mais forte que um sussurro.
- Com certeza essa é a minha tese, mas a vingança é sua e não minha, não foi você que fez o papel de bobo apaixonado e que depois foi trocado sem motivos por outro, que na realidade, nunca foi o outro. – falou o garoto fechando os punhos com tanta força que parou de sentir o sangue circular nas mãos.
- null, não é assim, mas eu não posso te dizer...
- Me fala uma coisa null... – perguntou ele interrompendo-a – É tudo um tipo de vingança pelo passado ou é só pelo dinheiro dele? Você está tentando garantir um futuro instável ao lado de um futuro milionário, suas viagens internacionais e suas casas de campo cheias de empregados?
- O que? – null não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Como ela podia ter caído do céu para o inferno tão rápido? As coisas não estavam melhorando? O que estava acontecendo?
- Quer que eu repita a pergunta? – perguntou null sentindo um aperto no peito por estar fazendo a pessoa que ele mais amava no mundo sofrer.
- Não precisa. – disse a garota enxugando as lágrimas que agora escorriam ferozmente pelo seu rosto – Vai vê é por que ele não é tão idiota como você. – completou, saindo apressadamente para fora daquele porão tão cheio e impregnado de null por todos os lados.
null desviou os olhos da parede e deixou-se cair até o chão onde colocou a cabeça entre os joelhos para tentar diminuir a dor que sentia. Ele era a pior pessoa do mundo e null tinha razão, ele era um grande idiota. Como conseguiu falar todas aquelas coisas para a pessoa que ele amava? Ele parecia ter o dom de destruir tudo de bom ao seu redor. Vai ver era por isso que seus pais passavam a maior parte do tempo fora de casa, para estarem longe daquela máquina destruidora de felicidade que ele se tornara.

Cap. 44

Com o passar dos dias ficava cada vez mais evidente as bolsas que se formavam em baixo dos olhos de null, por sua falta de sono e por excesso de choro e mesmo com todas as evidências ela tentava se esconder dos amigos. Por outro lado, null passava os dias trancado no quarto escrevendo em seu caderno ou apenas olhando para o teto, sem sair para outro lugar que não fosse a escola. Com a aproximação das férias todos estavam imaginando que ele criaria raízes no quarto quando não precisasse sair dali todas as manhãs.
- Ok null, o que a gente faz? – perguntou null, enquanto os dois tomavam sorvete numa lanchonete. – Eu não agüento mais ficar naquela casa com duas múmias.
- Eu sei, isso tá sendo péssimo para todos nós. – disse null cutucando o sorvete com a colher – A banda não ensaia a quase uma semana, não saímos todos juntos há tanto tempo que perdi a conta e null e null parecem não se interessarem por mais nada no mundo.
- Eu daria tudo para entender esse motivo que ela não pode nos contar.
- Aposto que o seu irmão também daria, mas pelo que parece ela não vai contar.
- Sabe, tem uma coisa estranha em tudo isso. – falou null parando de comer.
- null, difícil é achar uma coisa normal nisso tudo.
- Sim, eu sei. – disse ela revirando os olhos – Mas tem mais uma coisa.
- O que?
- O Chris. Você não acha muito suspeito ele, simplesmente, ignorar a falta de ânimo da null e agir como se ela sempre fosse assim?
- Acho que eu ainda não peguei a idéia.
- Ai null, pensa comigo. Ele parece está se aproveitando dessa situação, eu diria que está até feliz da null não está querendo ficar no intervalo com a gente ou conversar com o null.
- Você acha que ele sabe que algo tá magoando ela, e, mesmo assim, parece estar feliz por isso ser vantajoso para ele?
- Isso. – disse a garota – Eu acho isso muito suspeito.
- Se for assim, ele deve desconfiar da null e do null.
- E por isso está muito feliz dos dois estarem sem se falar, mesmo que isso deixe a null triste. – completou null batendo com força na mesa.
- Caramba, vai que ele sabe de tudo sobre os dois?
- Eu não chegaria a tanto já que os únicos que sabem de tudo somos nós dois, mas ele deve ter suas suspeitas.
- Acho que é hora de investigar o engomado. – falou null com a voz mais baixa – Pronta para ação?
- Já nasci pronta, baby. – riu null batendo na mão do amigo para selar o plano.
- Olha que tá se achando!
- Eu não me acho, null, você que me procura.
- É assim agora? – perguntou ele rindo.
- Sempre foi. – disse null piscando.
- Mas tá muito saliente mesmo... - riu null - Só porque sabe meia dúzia de frases idiotas.
- Ei, idiotas nada. - reclamou a garota - Elas são bem legais.
- Dou oito pela graça e zero pela criatividade.
- Ok, vai ficar julgando minhas palavras ou vai levantar para agirmos?

...

- null, vamos ao cinema? – convidou null, sentada na cama da amiga.
- Não estou com vontade de sair. – disse a garota com a cara enfiada no travesseiro.
- Deixa disso vai, você anda nessa deprê há dias e não me fala o que houve.
- Não é nada null, eu só estou ficando em casa para estudar, o que todos deveriam estar fazendo também, já que temos várias provas antes das férias.
- null, até parece que você está ficando em casa para estudar. – falou null puxando o travesseiro do rosto da amiga – Além do mais, eu só vou me preocupar com as provas do final do ano, essas não são muito importantes.
- Acho que o null está te levando para o mau caminho. – disse null tentando rir.
- Acho que sim, mas já que eu estou no caminho obscuro quero te levar junto comigo, eu não desgrudo de você, ser depressivo! – disse null pulando em cima da amiga.
- Saaaaai! – gritou null, tentando se soltar.
- Só se você falar que vai no cinema comigo. – falou null, rindo.
- Ok, ok, eu vou. – disse null buscando ar para os pulmões.
- Oba!!!!!! – disse a garota saindo de cima da cama num pulo – Nós vamos nos divertir muitão e você vai voltar a ser a null de sempre.
- Mas o filme tem que ser de terror... – disse null com cara de tédio – Com muito sangue e gente morta.
- Olha só, temos uma futura homicida. – riu null jogando uma blusa do armário para a amiga – Coloca essa aqui que tem mais cor.
- Aceita a condição do filme? – perguntou null olhando a blusa vermelha estendida sobre a cama.
- Aceito. – falou a menina fazendo uma careta – Como a senhora quiser.
- Certo. Pelo menos assim eu me livro da visita do Chris.
- Vocês brigaram?
- Não. – null fraquejou na resposta, ela não devia ter dado essa informação – Eu só preciso de um tempo para mim, sem ele no meu pé.
- Sei... – disse null desconfiada – null, você vai ver seus pais nas férias?
- Acho que não, pelo que eles me falaram no último telefonema o plano era eu ir passar uns dias lá, mas eu ainda não decidi nada.
- Se você abandonar a gente eu te mato, guria! – ameaçou null apontando uma escova de cabelo como se fosse uma arma – Os meninos estão planejando gravar um CD caseiro e nós já prometemos ajudar no que for possível. Você não pode perder essas férias por nada.
- Vou pensar nisso. – disse null vestindo a blusa vermelha – E não me olhe com essa cara de assassina – brincou ao ver o olhar da amiga.

...

- null, qual é? Você não vai mesmo me dizer? – perguntou null pela décima vez naquela tarde. Os dois garotos estavam jogados no chão do quarto de null olhando para o teto e comendo salgadinhos.
- Eu já falei que não sei do que você está falando. – replicou o garoto com esforço, null tinha passado tanto tempo calado, que, agora, falar parecia dar muito trabalho.
- Sabe sim. Você e a null estão estranhos há dias e eu tenho certeza que não são casos isolados. Vocês voltaram a brigar?
- Você, por acaso, me viu discutir com ela?
- Não. – disse null relutante – Mas isso é só porque não vejo mais vocês juntos. O mais próximo que chegam é estudarem na mesma sala e, mesmo assim em lugares totalmente opostos.
- Só por isso você acha que nós brigamos?
- Dude, não subestime a minha inteligência, para isso que servem as mães. Você está trancado nesse quarto mofando e a null, idem. Só saiu agora porque a null praticamente arrastou ela porta a fora.
- Ela saiu? – perguntou null finalmente interessado na conversa.
- Saiu. – respondeu o amigo confuso – Eu e a null viemos com a missão de tirar vocês de casa, mas parece que ela foi mais bem sucedida.
- Você acha que elas demoram quanto tempo?
- Bem... acho que elas devem voltar lá pelas sete ou oito, mas é só um palpite.
- null, tchau! – disse null levantando num salto.
- O quê?
- Eu sei que você prometeu que arrumaria seu quarto há mais de uma semana, acho que esse é o momento perfeito. – falou o garoto sentando na cama com um papel no colo.
- Você tá me expulsando? – perguntou null já de pé.
- Não coloque a coisa assim. Digamos que eu estou devendo um favor para sua mãe que sempre manda comida decente para ninguém nessa casa morrer de fome.
- Eu vou, só porque você tá muito chato, mas não pense que nossa conversa acabou. – resmungou null saindo do quarto – Eu volto amanhã.
Durante os últimos dias, null tinha sido perseguido por sonhos loucos onde ele via null indo embora com Chris para sempre e ele ficava para trás, apenas acenando, sem fazer nada. Ele não estava disposto a perder a mulher que ele amava assim, sem luta, sem esforço. Ele continuava machucado pela atitude dela, mas ele também não era nenhum santo, então, quem sabe um não pudesse perdoar o outro.
null e null tinham saído juntos para sei lá onde. null suspeitava que os dois estavam tendo um caso secreto ou algo assim, andavam muito misteriosos. Mas isso era bom, a casa estava vazia e ele podia pensar melhor e executar seu plano melhor, tinha apenas que checar alguns pontos para tudo sair perfeito. Seu coração estava batendo rápido à medida que os ponteiros do relógio mudavam de posição de forma acelerada. Para não enlouquecer andando de um lado para outro da casa null resolveu tomar um banho para acalmar seus próprios pensamentos.
- null. – disse null ao telefone enquanto se vestia.
- Lembrou do amigo foi? – respondeu null carrancudo.
- Qual é dude, ainda está chateado? – perguntou null cinicamente.
- Imagine, eu nem fui expulso da sua casa.
- null eu te convido para vir aqui amanhã... – disse null já com certa pressa – Mas eu preciso de um favor seu.
- Viu, só ligou para pedir alguma coisa e além do mais, eu já ia amanhã ai com ou sem convite.
- Dude, é sério, me escuta. Você precisa ligar para null e pedir para ela não entrar com a null em casa. – disse null tentando parecer um pouco normal – Mas ela precisa ser discreta, a null não pode desconfiar.
- Eu deveria perguntar o motivo desse pedido? – falou null confuso.
- Agora não. – respondeu null – Mas se tudo der certo você logo irá descobrir.
- Ok dude, mas você fica me devendo uma.
- Fechado.
- Espera um pouco. Uma não, duas, uma você já está me devendo por ter me expulsado daí.
- Certo null. – concordou null olhando para o relógio, que marcava sete horas em ponto. – Agora liga logo para null e não esquece de dizer para ela ser discreta.
- E se ela perguntar o motivo?
- Você inventa qualquer coisa ou então fala que diz depois, se vira... – completou o garoto já desligando o telefone e correndo para janela, que mostrava uma noite estrelada no céu. Agora não deveria demorar muito.

Cap. 45

- Vai entrar? – perguntou null quando as duas desceram do taxi em frente a casa dos Flechers naquela noite .
- Hã... não – disse null lembrando do estranho telefonema de null – Vou andando até a casa da null, prometi ajudá-la com matemática.
- Certo então – Falou a garota olhando para o próprio pé. – null...
- Sim.
- Obrigada pela tarde de hoje, eu realmente estava precisando.
- Não precisa agradecer nada, guria. – Disse null abraçando a amiga – Fiz um bem a toda humanidade trazendo pelo menos parte da velha null de volta.
- O que seria de mim sem vocês?
- Um ser menos lesado intelectualmente? - Perguntou null rindo.
- Bem... Talvez – Confessou a amiga parando para pensar. – Mas, às vezes, ser lesada é legal.
- Viva aos lesados, então! – Gritou null antes de começar a descer a rua rumo a casa de null.
Assim que viu a amiga se tornar apenas um borrão na rua, null teve que encarar a realidade sentindo uma pontada no estômago por isso. Essa tarde a tinha alegrado e por alguns poucos momentos ela pôde fingir que estava tudo bem, ela dizia para si mesma que tudo tinha sido apenas um pesadelo e que agora as coisas tinham voltado ao normal. Porém, ficar sozinha a fazia lembrar de todos os seus problemas e do aperto que ela sentia no coração que, por vezes, até deixava-a sem ar. Amar deveria ser proibido por ordens médicas, disso ela tinha certeza.
null abriu a porta da frente sem se dar o trabalho de acender as luzes. O silêncio facilmente denunciava a ausência de outras pessoas, o que não era nada surpreendente já que null tinha saído misteriosamente com null e disse que voltaria tarde. Quanto a null, bem, ultimamente ela nunca sabia onde ele estava, talvez estivesse até no quarto dormindo, mas ela não iria checar. Depois de subir as escadas entrou no próprio quarto colocando a bolsa sobre a cama onde tinha um pequeno pedaço de papel rabiscado numa letra familiar.

Eu te amo, sempre amei e nunca vou deixar de amar.
null
O quarto girou rapidamente e null teve que sentar na cama para não cair. Sua mente estava bloqueada e tudo que ela conseguia fazer era ler e reler o pequeno bilhete para ter certeza do seu conteúdo , ela não estranharia nada se estivesse imaginando aquelas palavras ou até mesmo aquele bilhete. Ela estaria ficando louca ou coisa do tipo? Mas, assim que as letras bagunçadas entraram em sua mente, ela só precisava de uma coisa, falar com null. null correu até o quarto do garoto mas tudo que encontrou foi o vazio, então desceu a escada de dois em dois degraus para procurar no andar inferior. A cozinha estava deserta assim como a sala então com as mãos tremendo ela segurou a maçaneta que abria a porta do porão, respirando fundo antes de entrar.
- null? – Chamou tateando no escuro. O nome dele parecia agora tão estranho saindo de sua boca.
A luz foi acesa e null pôde ver null sentado num banquinho com sua calça dois números maior que ele, seu moletom dos Beatles e o cabelo todo bagunçado caindo um pouco sobre os olhos. Ela teve que morder o lábio inferior para não ficar de boca aberta, ele era tudo que ela queria, isso era fato indiscutível. A garota deu alguns passos ainda segurando o bilhete nas mãos quando ele finalmente olhou-a nos olhos e sem nenhuma explicação apontou para que ela sentasse no sofá. Contendo o instinto de chegar mais perto e abraçá-lo forte null fez o que ele queria, vendo o garoto colocar o violão no colo e então começar a cantar.

I never meant the things I said
To make you cry
Can I say I'm sorry
It's hard to forget


(Nunca quis dizer as coisas que eu disse
Para fazer você chorar
Posso dizer que sinto muito?
É difícil esquecer)


And yes I regret
All these mistakes
I don't know why you're leaving Me
But I know you must have your reasons
There's tears in your eyes
I watch as you cry
But it's getting late


(E sim, eu me arrependo
De todos esses erros
Eu não sei por que você está me deixando
Mas eu sei que você deve ter suas razões
Há lágrimas em seus olhos
Eu assisto enquanto você chora
Mas está ficando tarde)


Was I invading in on your secrets
Was I too close for comfort
You're pushing me out
When I'm wanting in
What was I just about to discover
When I got too close for comfort
Driving you home
Guess I'll never know


(Eu estava invadindo seus segredos?
Eu estava perigosamente perto?
Você está me afastando, quando eu quero entrar
O que eu estava a ponto de descobrir,
Quando eu cheguei perigosamente perto?
Levando você para casa de carro
Acho que nunca saberei)


Remember when we scratched our names into the sand
And told me you loved me
But now that I find
That you've changed your mind
I'm lost the words
And everything I feel for you
I wrote down on one piece of paper
The one in your hand
You won't understand
How much it hurts to let you go


(Lembra quando nós escrevemos nossos nomes na areia
e disse que me amava
E agora que descubro
Que você mudou de idéia
Perdi as palavras
E tudo o que eu sinto por você
Eu escrevi em um pedaço de papel
Esse na sua mão
Você não entenderá
O quanto dói te deixar partir)


Was I invading in on your secrets
Was I too close for comfort
You're pushing me out
When I'm wanting in
What was I just about to discover
I got too close for comfort
Driving you home
Guess I'll never know

(Eu estava invadindo seus segredos?
Eu estava perigosamente perto?
Você está me afastando, quando eu quero entrar
O que eu estava a ponto de descobrir?
Eu cheguei perigosamente perto?
Levando você para casa de carro
Acho que nunca saberei)


All this time you've been telling me lies
Hidden in bags that are under your eyes
And I when I asked you I knew I was right
But if you took it back on me now
When I need you most
But you just let me down, down, down


(Todo esse tempo você esteve me dizendo mentiras
Escondidas em bolsas que estão debaixo dos seus olhos
E quando eu te perguntei, eu sabia que estava certo
Mas se você descontar em mim agora,
Quando eu mais preciso de você
Mas você só me desaponta, desaponta...)


Was I invading in on your secrets
Was I too close for comfort
You're pushing me out
When I'm wanting in
What was I just about to discover
I got too close for comfort
You're pushing me out
When I'm wanting in


(Eu estava invadindo seus segredos?
Eu estava perigosamente perto?
Você está me afastando, quando eu quero entrar
O que eu estava a ponto de descobrir,
Quando eu cheguei perigosamente perto?
Você está me afastando, quando eu quero entrar)


What was I just about to discover
When I got too close for comfort
Driving you home
Guess I'll never know


(O que eu estava a ponto de descobrir?
Eu cheguei perigosamente perto?
Levando você para casa de carro
Acho que nunca saberei)


null não conseguiu se mover um milímetro no sofá durante toda a música e quando null colocou o violão de lado ela parecia ter sido grudada ali. Ele tinha conseguido fazer uma música linda de uma história desastrosa e ela não conseguia nem ao menos parabenizar o ótimo trabalho. Seus olhos simplesmente se encheram de lágrimas e ela não conseguiu controlar o choro que veio em seguida.
- Não, null – disse null correndo para sentar ao seu lado no sofá com o rosto preocupado – Não era para chorar.
- Por favor... – pediu ele ao ver que a garota continuava chorando ao seu lado apertando fortemente o bilhete na mão.
- Ah, null... – Disse ela entre as lágrimas – Eu nunca quis te magoar .
- Calma, está tudo bem... – Falou ele puxando a menina para mais perto – Eu também disse coisas que nunca deveria ter dito. Deixei me levar pela raiva do momento.
- Não tente aliviar o meu lado, null, eu errei por não ter te falado a verdade, e qualquer outro no seu lugar faria o mesmo.
- Mas qualquer outro não te amaria como eu amo. – Respondeu ele no seu ouvido.
- null a verdade é...
- Shiiii – Repreendeu o garoto – Você não precisa me falar nada agora .
- Eu preciso te dizer – Falou null soltando-se do abraço – Eu te deixei porque o Chris está passando por um problema muito delicado, sobre o qual ele pediu segredo e eu não tive coragem de magoá-lo nesse momento, mas eu não o amo, na verdade nunca amei ninguém como amo você.
- Eu fico aliviado de ouvir isso da sua boca – disse o garoto passando a mão pelo rosto dela – Mas mesmo que fosse por vingança ou qualquer outro motivo você já estaria perdoada e não pense que é só por você – completou vendo novas lágrimas se formarem nos olhos da menina – É por mim também, eu não posso mais viver sem você.
- O que nós faremos agora? – Perguntou ela agarrada ao pescoço de null como se estivesse com medo dele ir embora e nunca mais voltar.
- Olha, null, – Disse ele respirando fundo – você decide a sua parte, o que fazer com Chris é escolha sua, mas eu sempre estarei aqui te esperando.
- Eu devo ser a pior pessoa do mundo. – confessou null colocando o rosto no peito de null.
- Por que está falando isso?
- Estou fazendo você esperar que eu resolva os meus problemas com uma pessoa que eu não amo para finalmente ficarmos juntos. Isso é no mínimo doentio.
- Eu diria que você não gosta de magoar as pessoas ao seu redor.
- Mas te magoei com o meu silêncio.
- E eu te magoei com as minhas palavras, estamos quites então.
- Você não vai brigar com o Chris, não é? Afinal ele não têm culpa de está passando por todo esse problema, ele nem sabe sobre nós dois.
- Fica tranqüila null, como disse Shakespeare "Lutar pelo amor é bom, mas alcançá-lo sem luta é melhor."
- Acho que alguém andou estudando para a prova de literatura. – Riu a menina sentando no colo de null e passando os braços pelo seu pescoço.
- Às vezes é preciso. – Disse null rindo ao abraçá-la pela cintura.
- Eu não estudei nada essa semana – Confessou null - Espero não me ferrar muito nas provas.
- Naquele tempo todo que você passou no quarto ficou fazendo o quê? – Perguntou o garoto brincando distraidamente com o cabelo dela.
- Bem... A verdade?
- Sempre – Disse null beijando seu pescoço.
- Na maior parte do tempo eu fiquei pensando em você – Disse a menina num sussurro envergonhado.
- Se o diretor descobrir que eu fui o culpado da aluna nota A tirar nota baixa, eu sou até banido daquela escola. – Brincou o garoto.
- null? – perguntou a menina minutos depois .
- Sim
- Seus pais vão vir nas férias? – Perguntou null medindo o tamanho da sua mão na mão dele.
- Não – Falou null com um pouco de ressentimento na voz. – Parece que eles estão ocupados demais fazendo palestras pela América para virem ver se estamos vivos. – Você vai ver seus pais?
- Acho que não – Disse ela com o pensamento distante. – Meu pai estava disposto a me levar para uns dias num vilarejo africano, mas minha mãe parece tê-lo convencido que a maior diversão que eu teria era ouvir gente tocando uns instrumentos estranhos ao redor de uma fogueira e pelo que parece ela acha que eu mereço mais que isso depois de meio ano letivo.
- Já que está livre que passar as férias ajudando a banda?
- Com o cd caseiro?
- Com ele e, talvez, até com umas visitas a umas gravadoras.
- Mas é claro! – Falou ela animada – Vai ser emocionante ver todas as músicas de vocês gravadas.
- null, você acha que isso pode mesmo dar certo? – Indagou null observando o rosto sereno da garota encostado no seu peito.
- Se eu não tivesse certeza disso não seria sua maior fã. – Falou ela rindo.
- Mas tem tanta banda de porão por ai lutando por uma vaga no mercado.
- null, você tem fé? – Perguntou a menina mordendo o lábio inferior enquanto esperava a resposta .
- Tenho – Disse ele um pouco confuso com a pergunta.
- Então pronto – falou null esfregando a bochecha dele com o polegar – Quando alguém nasce com a estrela nada pode tirá-la... Nada, nem ninguém.
- Eu já disse que te amo? – Perguntou null segurando-a com mais força.
- Com todas as palavras – Respondeu null mostrando o papel amassado que ainda estava na sua mão. – Acho que é a minha vez agora. – Completou levantando o rosto para encostar nos lábios de null puxando-o para um beijo.


Cap. 46

- O que você fez durante meu aniversário do ano passado? Quando disse que estava doente... – perguntou null sentada, no sofá da sala, ao lado de null enquanto os dois comiam sorvete de colher direto do pote.
- Essa é tão humilhante... – reclamou o garoto ficando levemente corado.
- Agora mesmo que eu quero saber. – falou null sentando mais ereta motivada pela curiosidade.
- Bem, eu fiquei a maior parte do tempo andando pelas ruas, chutando latas. – confessou ele depois de um longo suspiro.
- Chutando latas?
- Não precisa fazer essa cara, também... – riu null – Tem gente que joga bola para relaxar, eu costumo chutar latas.
- Ok, vou fingir que nunca ouvir isso para não estragar o momento. – brincou null analisando o sorvete, que ainda restava no pote, como se ainda tivesse decidindo entre comer ou não, o resto.
- Agora é minha vez. – disse null enchendo mais uma colher – O que você estava fazendo quando se recusou a ver uma apresentação da banda, algumas semanas antes dos seus pais mudarem?
- Eu fui. – respondeu ela engolindo a maior quantidade possível de sorvete para manter-se ocupada.
- Não, não foi, não. Eu lembro bem que as meninas fizeram de tudo para te levar.
- Eu fui só. – disse ela após ficar com o sorvete tempo demais na boca antes de engolir – Fiquei de longe só ouvindo, não queria que ninguém me visse lá.
- Por quê?
- Pelo mesmo motivo que você ficou chutando latas pelas ruas enquanto todos estavam comemorando o meu aniversário... acho.
- Nós somos dois idiotas. – riu null colocando o pote de sorvete no chão enquanto puxava a menina para seus braços.
- Ei, pelo menos eu não chutei lixo... a minha idiotice foi bem mais digna!
- Só não vou discutir isso porque você está sexy demais com a boca toda suja de sorvete, mas depois voltamos a esse assunto. – riu null passando o polegar pelos lábios da garota.
- Eu acho que tenho um jeito melhor de fazer isso. – falou null passando os braços ao redor do pescoço de null, beijando-lhe os lábios. Ele, por sua vez, trouxe a cintura dela para mais perto inclinando-a no sofá enquanto segurava seus braços sobre sua cabeça.
- Você agora é a minha refém, baby. – falou ele com um olhar maroto.
- Devo temer alguma coisa? – perguntou null, rindo.
- Talvez. – falou ele pensativo – Mas só se você não for uma boa garota.
- Eu sou uma ótima garota. – disse ela mordendo o lábio inferior – Você que é mau e está me prendendo.
- Vou provar que não sou mau... – falou o garoto, em seu ouvido, descendo a boca pelo pescoço da menina, que sentiu a respiração saindo do seu pulmão rapidamente.
- Isso... é a... prova? – perguntou null tentando prestar atenção no que falava, era difícil se concentrar assim.
- Só o começo. – confessou null deixando seu peso cair um pouco mais sobre a garota enquanto voltava a beijar sua boca. null conseguiu soltar seus braços, já que null parecia distraído com outras coisas, mais importantes, então passou a mão pelo cabelo do rapaz enquanto tentava continuar respirando, atividade que ficava mais difícil a cada segundo e pelo o que parecia, o garoto se divertia com aquilo. null girou sutilmente no sofá deixando a garota sobre o seu corpo, para não machucá-la, analisando detalhadamente todo seu rosto antes de voltar ao beijo. null aproveitou a nova posição para segurar os braços do garoto, como ele a segurava antes.
- Agora você é o meu refém, honey. – disse ela, triunfante em seu ouvido.
- Aposto que você não consegue me segurar assim, nem por um minuto. – ele desafiou.
- Qual o meu prêmio? – perguntou null sentando inclinada sobre o corpo de null, segurando sua cintura com as pernas.
- O meu prêmio... – sussurrou null mordendo o lóbulo da orelha da menina – É você. – completou rolando novamente e pondo-se facilmente sobre ela.
- Hey, você roubou. – reclamou ela como uma criança – Me distraiu.
- Na guerra e no amor não existem regras, por isso estou duplamente anistiado. – riu null antes de ouvir o barulho próximos de vozes – Senta e tenta agir normalmente. – sussurrou ele antes de sair de cima da garota.

...

- Por que hoje? – perguntou uma voz masculina, vindo da entrada.
- Porque você fez isso se estender por tempo demais. – respondeu outra voz masculina parecendo irritada – Se tem um culpado aqui, é você.
- Mas não foi a minha intenção eu ia...
- Todos tem boas intenções. – foi a vez de uma terceira voz falar, enquanto um barulho de chaves sendo testadas soava ao fundo – E é assim que o inferno tá mais lotado do que o London Eye, em alta no turismo.
- Vocês ainda têm que fazer piadinhas? – perguntou a primeira voz.
- Cala a boca, ok? Sua hora de falar está bem próxima. – retorquiu a segunda, parecendo mais impaciente. – E onde está a droga dessa chave?
- Eu tô testando. – disse a voz mais delicada – O problema é que tá escuro e eu tenho umas dez chaves aqui.
- Dez chaves e nenhuma serve?
- Só não achei a chave certa, ainda. Calma, já estamos próximo.
- Não podemos resolver isso amanhã de manhã?
- NÃO! – responderam duas vozes juntas ao mesmo tempo em que a porta da frente rangia, ao abrir, dando passagem às três figuras que antes discutiam na soleira da entrada.

Cap. 47

null e null prenderam a respiração por alguns segundos enquanto viam as três figuras, com roupas encharcadas pela chuva fina, que caía lá fora. Entraram na sala em silêncio. null vinha na frente e logo que avistou os dois amigos sentados no sofá. Parou, esperando null, que vinha logo atrás, tirando o casaco molhado. Parado um pouco depois da porta, Chris esperava com o olhar preso no rosto assustado de null, com uma expressão ilegível. Uma mistura de raiva, vergonha e amor.
- Alguém pode explicar isso? – perguntou null, após vencer seu dilema pessoal entre temer o que Chris teria a falar ou festejar a felicidade contida nos olhos de null e null.
- Acho que o engomado aqui precisa falar com você, null. – disse null cruzando os braços – Ele estava louco por essa oportunidade de direito a voz.
- Que palhaçada é essa? – perguntou null segurando instintivamente a mão da garota na sua.
- null, deixa ele falar. – alertou null ao irmão.
- Eu posso ao menos ter um pouco de privacidade? – perguntou Chris dando alguns passos em direção ao grupo.
- Não. – falaram três vozes em coro que logo calaram-se com o olhar desaprovador de null.
- Será que eu posso ficar a sós com o Chris por alguns minutos? – perguntou ela numa voz irritada, seja lá o que ele tinha a dizer ela não precisava de proteção, podia agüentar sozinha.
- Certo. – disse a amiga por fim – Mas qualquer coisa estaremos na cozinha. – completou praticamente arrastando null e o irmão consigo. null, ao passar, deu uma olhada em Chris com olhos furiosos e ameaçadores como um pequeno lembrete para que este não ousasse machucar a garota, que se mexia nervosamente no sofá esperando uma explicação.
- Pode sentar. – disse ela quando os outros já desapareciam do seu campo de visão pela porta da cozinha.
- Eu prefiro ficar em pé, se você não se importar. – disse Chris andando em círculos.
- Fique a vontade. – falou null mordendo o lábio inferior com tanta força que quase pôde sentir gosto de sangue.
- Eu não sei o que dizer. – confessou o rapaz parecendo frustrado – Eu disse a eles que não saberia.
- Eu não estou entendendo nada. – disse a garota tentando ver algum sentindo em tudo aquilo. null e null pareciam felizes, mas também irritados. Chris, este não tinha nem classificação, estava uma confusão só.
- Certo. – falou Chris parando de rodar pela sala abruptamente – Vou tentar te explica de uma forma resumida. Eu menti, quer dizer, não menti, mas acabei mentindo por não falar tudo que eu sabia, mas quando te falei, eu realmente não sabia, então não foi omissão, pelo menos não quando eu falei.
- Chris, isso não faz o menor sentido para mim. – disse a garota envergonhada por ainda não ter pego a idéia.
- null... – falou ele respirando fundo – Meu pai foi fazer uns exames de rotina há pouco tempo e por causa de uns resultados alterados os médicos alarmaram-se, deixando toda família de sobre-aviso para o caso de qualquer complicação.
- Sim, você me falou que ele poderia estar muito doente. – disse null lembrando daquele dia em que toda sua vida tinha virado de cabeça para baixo.
- Mas os médicos estavam enganados. – falou Chris voltando a andar em círculos – Meu pai está bem, não corre risco de vida...
- Mas isso é uma ótima notícia. – disse a garota saltando do sofá, mas antes que pudesse falar mais alguma coisa seus pensamentos tomaram outro rumo – Mas o que a null e o null têm haver com tudo isso? Como eles ficaram sabendo?
- Acho que eles me seguiram até um restaurante no centro da cidade, onde eu esperava uns amigos. – disse o rapaz rapidamente como se cada palavra doesse ao sair da garganta – Eles me ouviram no telefone pedindo que meu pai não viesse a Londres, agora, para não estragar tudo.
- Estragar tudo... – balbuciou a garota começando a entender – Você já sabia. – falou num sussurro enquanto dava alguns passos para trás.
- Já. Eu soube dois dias após ter te falado, mas não quis desmentir logo, porque estava gostando das coisas como estavam. Você ficava mais tempo comigo, não ficava de risinhos com o null. – confessou Chris numa voz mais alta – Você pensa que eu não percebi como vocês estavam mais próximos, como se olhavam? Eu não quis te perder para ele. Você era minha e eu não quis por isso em risco contando a verdade, mas eu ia contar.
- Algum dia. – riu null com um sarcasmo que não lhe pertencia.
- Sim, algum dia. – repetiu Chris envergonhado – Eu não ia viver numa mentira, não ia te enganar para sempre, era só uma medida temporária.
- Isso realmente me deixa mais tranqüila. – disse ela sentindo a raiva pulsar nas veias – Quem sabe na nossa noite de núpcias você me contasse, ou talvez fosse muito cedo, quem sabe após uns cinco anos de casamento.
- null, não fala assim. – pediu ele vendo a raiva na voz da garota.
- Assim como? Como alguém que foi enganada? Que viveu uma mentira? – gritou ela fazendo null quebrar um copo entre as mãos na cozinha – Você sabe que eu não te amo mais. Depois de tudo que você me falou agora eu sei que você sabe. Você sabia que eu amava outro, que ia te deixar... você tentou me prender.
- Não, eu só queria ter uma chance de te provar meu amor.
- Que amor Chris? Quem ama não prende, liberta. – disse ela tentando se acalmar – Isso não é amor.
- Então o que é? – perguntou ele exasperado.
- Você só não queria me perder porque foi acostumado a não perder nada, você sempre teve tudo que quis enquanto quis. As pessoas não são assim, eu não sou como um dos seus mimos caros que te distraem nos momentos de tédio.
- Você ama ele? Você ama o null?
- Amo! – respondeu a garota sem hesitar – Amo como nunca amei ninguém, mas mesmo assim fiquei ao seu lado porque achava que você precisava e merecia uma boa namorada. Agora vejo como estava enganada.
- Não! – disse Chris num grito – Eu ainda preciso de você, null. Você me faz uma pessoa melhor. Antes de você eu não via valor em nada que não fosse dinheiro, agora você me parece o mais valioso bem.
- Chris você está enganado. – falou null passando a mão no seu rosto. – Você também não me ama, um dia você vai amar alguém e eu não quero estar no seu caminho, te atrapalhando.
- Como você sabe que eu não te amo? – perguntou ele frustrado – Você não tem como saber.
- Eu sei. – disse ela sentando no sofá por temer que as pernas não conseguissem mais ficar firmes – Se você sentisse o que eu sinto pelo null, preferia sumir da face a Terra, a me ver sofrer por estar com você por obrigação. Eu faria qualquer coisa para ver o null feliz, qualquer coisa.
- Você realmente ama ele? – perguntou o rapaz com acidez.
- Não sei nem se a palavra amor consegue definir o que eu sinto por ele, Chris. – confessou null abaixando a cabeça nas mãos – Eu não sei nem explicar como é forte o que eu sinto por ele.
- Ele não vai te dar nenhum futuro. O que ele vai ser? Um cantor de porão? Sonhos adolescentes não sustentam uma casa.
- Chris, eu não me importo com o que ele vai ou não ser, vai ou não ter. – disse ela levantando o rosto – Tudo que eu me importo é quem ele é.
- A idéia de virar dona de casa cercada de filhos e afazeres domésticos então não te incomoda? Saber que seus filhos poderiam ter um nome, poderiam ser alguém.
- Nada disso me assusta. – disse a garota – O que eu sinto é tão forte que nem ao menos preciso de filhos para me sentir completa.
- Você é impossível. – disse Chris irritado com a teimosia da menina – Eu posso te dar tudo e você simplesmente se nega a receber.
- Se quiser me dar sua amizade. – falou null juntando forças para continuar – É tudo que poderei aceitar.
- Eu estou indo para Alemanha amanhã, vou terminar o último ano lá para dar maior assistência aos negócios do meu pai naquela parte da Europa – disse ele olhando para o chão – Estarei esperando você mudar de idéia, eu sei que vai mudar, pode não ser hoje ou mês que vem, mas um dia você vai me querer de volta e eu estarei te esperando – completou Chris caminhando até a porta sem olhar mais para trás.

Cap. 48

null ouviu a porta da frente bater com força e tudo que conseguiu fazer foi, escorregar do sofá para o piso frio da sala, onde deixou-se dominar por seus pensamentos. Uma onda de sentimentos antagônicos invadiram sua mente, de uma vez só, mal deixando espaço para o cérebro controlar a respiração ou as lágrimas que escorriam pelo seu rosto. Por um lado, a raiva de ter sido enganada, o arrependimento pelos erros que cometeu em prol de uma mentira, por outro a dor causada pelas palavras de Chris e o medo de um futuro tão incerto. Para completar, uma mistura de felicidade por, finalmente, poder ficar com null, sem nenhum empecilho e a dor que o amor gerava em seu peito. Antes ela, apenas, sentia o amor, mas depois de ouvir sua voz falando nele, tudo parecia grande demais. Era intimidante o crescimento daquele sentimento dentro de si mesma. Quando parecia ser impossível alguém sentir mais amor, vinha um novo dia, para lhe provar que ela podia amar ainda mais que no dia anterior.
- null! – disse null, correndo até a garota, que estava sentada no chão, abraçando os joelhos enquanto chorava silenciosamente - Está tudo bem agora, ele já foi. – completou sentando ao lado da menina abraçando-a contra o peito.
- null, eu não terminei de limpar o corte... – disse null saindo da cozinha com um pano sujo de sangue nas mãos.
- Eu acho que já terminou. – disse null soletrando cada letra enquanto mandava um olhar irritado para irmã.
- Acho que ele quer que a gente vá embora. – sussurrou null no ouvido da garota enquanto observava o estado crítico em que a amiga estava.
- Mas e a null...
- Deixa o null ser útil uma vez na vida. – falou null puxando null pela mão – Voltamos depois. – completou sem nenhuma necessidade já que as únicas pessoas que ficaram na sala, não escutavam mais uma palavra ao seu redor.
- null amor, está tudo bem, eu estou aqui com você. Não há motivo de choro. – disse null passando o polegar para enxugar as lágrimas que não paravam de brotar de seus olhos – Você está me ouvindo?
- null... – falou null, por fim, soltando os joelhos para abraçar o garoto – Agora eu sei, na realidade eu sempre soube, mas só agora fui entender.
- Entender o que? – perguntou ele encostando a cabeça no cabelo da garota para sentir seu cheiro adocicado.
- Entender que eu preciso de você. – disse null entre lágrimas – Jura que enquanto me amar vai estar ao meu lado?
- Eu sempre vou estar ao seu lado. – corrigiu null se afastando um pouco para olhar em seus olhos.
- Sua mão. – disse a garota percebendo o corte aberto na palma esquerda – Está machucada.
- Isso não é nada. – falou ele escondendo a mão dos olhos preocupados da menina – Como você se cortou? – perguntou null ignorando a fala do rapaz – Está doendo muito?
- null, não foi nada. – disse null se amaldiçoando por não ter deixado a irmã terminar o serviço – Só um copo que escorregou.
- Mas se o copo escorregou, como... – começou a garota antes de ser interrompida por um beijo apressado dele.
- null... – disse a menina se afastando com dificuldade – Você tá com a mão machucada, deixa eu fazer um curativo.
- Acho que antes a gente precisa voltar ao ponto em que estávamos antes de sermos interrompidos. E de qualquer forma, eu não preciso de curativos, tenho você para me fazer sentir mais forte. – disse ele voltando ao beijo.
Depois de alguns minutos, o chão frio começou a ficar desconfortável, então, null pegou null nos braços e subiu a escada interrompendo o beijo, apenas, para abrir a porta do seu quarto. null não sentia nenhuma parte do seu corpo que não estivesse em contado com os lábios de null. E onde seus corpos se encontravam parecia correr uma corrente elétrica que fazia os dois estremecerem. null colocou a garota na cama e deitou delicadamente sobre ela tirando seus lábios de sua boca e indo para o pescoço, percorrendo até o seu ombro direito. null colocou as mãos dentro da camisa do rapaz fazendo seu abdômen contrair com o toque gelado, o que a fez sorrir. Passou as mãos, para as costas do garoto que resolveu tirar logo a camisa. null não conseguiu mais apoiar os braços na cama, para não pesar sobre a menina, por isso deitou entre suas pernas fazendo ela corar e perder o fôlego momentaneamente. O garoto riu da cor rosada que se formou no rosto de null, deixando-a muito parecida com as bonecas de porcelana que sua irmã tinha quando criança, todas com as bochechas bem vermelhar e o olhar brilhante, mas foi quando null parou para ver o olhar dela, percebendo o caminho molhado deixado pelas lágrimas minutos atrás, que foi puxado de volta a realidade.
- Preciso de um banho. – disse o garoto arfando, sentando na cama de uma vez.
- O quê? – perguntou null um pouco zonza.
- Água, água fria sempre ajuda. – falou null balançando a cabeça para tirar certos pensamentos de dentro dela.
- Água? Do que você está falando? – perguntou a garota sentando no seu colo.
- null eu não posso. – disse ele fechando os olhos com força – Não agora.
- Do que você está falando? – disse null beijando seu pescoço enquanto escutava a respiração do garoto voltar a acelerar.
- Nós não podemos continuar com isso hoje... – falou ele tirando a garota com cuidado do seu colo – Você está confusa, não está em condições de escolher nada agora.
- Eu sei bem o que eu quero. – disse a menina bufando – Eu quero você.
- Eu também te quero, mas do que qualquer outra coisa nesse mundo. – falou ele passando a mão pelo cabelo.
- Então qual é o problema? Nós dois estamos livres, não devemos nada a ninguém. – falou ela ainda incrédula com a palavras do garoto.
- O problema é que essa não seria a minha primeira vez. Com certeza a única com sentimentos, que vão além do desejo, mas mesmo assim não a primeira de todas, mas seria a sua e eu não quero que suas lembranças estejam misturadas com o que aconteceu a pouco.
- Eu já nem lembro mais o que aconteceu antes disso. - disse ela com cautela para não ser traída por sua própria voz tremendo.
- Você é uma péssima mentirosa. – falou null fechando as mãos em punhos para não correr o risco de abraçá-la novamente – Seus olhos sempre te entregam.
- O que têm meus olhos? – perguntou ela passando a mão pelo rosto tentando achar alguma coisa.
- Nada de errado. – tranqüilizou ele – Só estão molhados por causa das lágrimas.
- Isso é injusto. – reclamou null passando a mão no braço nu de null – Eu não estou triste.
- null, eu realmente preciso de um banho. – disse o garoto sentindo um arrepio correr por sua espinha fazendo-o levantar.
- Não. – disse a menina segurando sua mão antes que ele se afastasse – Não me deixa sozinha, eu prometo ficar quieta.
- null...
- Eu juro. – falou ela fazendo beicinho – Vou ficar quieta.
- Aiiiii, eu fico então. – disse null revirando os olhos dando-se por vencido – Mas você vai para o seu quarto e eu fico lá um pouco... depois vou tomar o meu banho.
- Fica até eu dormir? – perguntou ela levantando de um pulo da cama.
- Fico. – disse null respirando fundo enquanto mentalizava “Tenha controle, tenha controle”. Enquanto seguia a menina atravessando o pequeno corredor, que dividia os dois quartos, teve uma inundação de idéias que praticamente cantavam na sua cabeça enquanto via a garota de sua vida deitar entre as cobertas grossas de sua cama.


“Looking in your eyes
Hoping they won't cry
And even if you do
I'll be in bed so close to you
Hold you through the night
And you'll be unaware
But if you need me I'll be there”



(Olhando em seus olhos
Esperando que eles não chorem
E mesmo se você chorar
Eu vou estar na cama tão perto de você
Para te abraçar pela noite
E você vai estar inconsciente
Mas se precisar de mim, eu estarei lá)


Cap. 49

Na manhã seguinte todos fizeram as últimas provas do semestre, exceto Chris, que já tinha embarcado no primeiro vôo para Alemanha, ainda de madrugada. Perto do meio dia, uma multidão de alunos passou correndo, pelos grandes portões de ferro, rumo à liberdade das tão esperadas férias de verão. O sol brilhava fracamente sobre as espessas nuvens que cobriam o céu, mas a temperatura continuava agradável para os padrões londrinos. Conversas calorosas enchiam o estacionamento enquanto alunos se despediam dos colegas e relatavam seu itinerário de férias com muita animação, e professores com expressões cansadas agradeciam, mentalmente, a folga que teriam, daquele lugar, infestado de hormônios juvenis.
- FÉRIAS!!!!!!!!!!!! – gritou null correndo com null pendurada em suas costas.
- Nem acredito, que estamos livres dessa prisão, por um bom tempo! – disse null girando o caderno no dedo como se fosse uma bola – Hasta la vista escola.
- Então, vamos comemorar o primeiro dia de liberdade fazendo o quê? – perguntou null parando de andar.
- Lá em casa. – disse null abrindo seu carro – Preciso falar com todos vocês, hoje.
- Dude, se for falar de algum assunto relacionado à banda, não dá para esperar até amanhã? – perguntou null colocando a namorada no chão – Não vamos falar de trabalho na primeira hora de liberdade, por favor.
- Não é sobre a banda. – falou null olhando significativamente para null – É muito importante.
- Vamos logo galera, a gente aproveita e faz uma festa ao estilo McFly na casa do null. – sugeriu null abrindo um sorriso enorme por suspeitar do que o amigo queria falar. Ele não tinha tido tempo a sós com nenhum dos dois e por isso ainda não sabia o que tinha acontecido na noite anterior.
- Se vai ter festa precisamos de comida. – lembrou null – Lá em casa tá faltando até água.
- Eu e o null passamos no supermercado e compramos salgadinhos, bebidas e todo besteirol engordante que acharmos... – disse null – Enquanto isso, vocês pedem alguma coisa para o almoço.
- Pode deixar comigo. – riu null – sou muito boa pedindo comida por telefone.
- Não sei como eu viveria, se não ignorasse cada besteira que ela fala. – riu null revirando os olhos.
- Admite que você me ama. – falou a amiga dando língua.
- Às vezes. – riu null, correndo para se proteger, atrás de null.
- Certo, certo acabou a macaquice. – disse null puxando null para dentro do carro de null – Eu estou com fome, vamos logo.
- Você vive faminta. – acusou null entrando no carro em seguida – Parece que não come em casa.
- Eu preciso comer por dois, ok? – defendeu-se a menina.
- ! - disse null arregalando os olhos – Você não...
- null? – perguntou null num sussurro.
- Ei! Calma vocês dois... – disse null – Preciso comer por mim e pela solitária que vive na minha barriga.
- Só podia ser. – falou null voltando a respirar após alguns segundos.
- Se um dia eu morrer por problemas cardíacos... – disse null com a mão no peito – A culpa é TODA dela.

...

- Então? – disse null ao ver que todos já estavam espalhados num círculo mal feito pela sala – Pode falar null.
- E, por favor, seja breve. – pediu null mandando um olhar de desejo para cozinha que já estava abastecida com as compras do supermercado.
- Tem outra pessoa que também quer falar. – disse null sentando no centro do círculo – null.
- Ah, que ótimo. – riu null – Virou um comício.
- Cala boca ! – disse null jogando uma almofada no amigo.
- Obrigada, hon. – agradeceu null sentando ao lado de null – Prometemos ser o mais breve possível.
- Podem começar, então. – falou null.
- Bem, é um pouco complicado para vocês entenderem... – começou null – Mas até terminarmos de falar tudo, ninguém interrompe para fazer nenhum comentário, ok?
- Ok. – falaram seis vozes juntas.
- Primeiramente... – falou null vendo o olhar incentivador de null – Quero dizer que ontem à noite terminei com Chris.
A reação da sala foi instantânea, todos pareciam felizes em ouvir aquelas palavras, as meninas até tentavam disfarçar como forma de solidariedade, mas os garotos nem se deram o trabalho de tanta sutileza. Apenas ficaram rindo como se estivessem parabenizando a amiga, pela decisão inteligente. Quando null parecia querer falar alguma coisa null interrompeu para continuar com as revelações.
- Eu e a null... – disse null segurando a mão da garota – Nós estamos namorando.
Todo barulho evaporou para algum lugar desconhecido, todos os presentes simplesmente perderam a respiração, a fala, o pensamento. Ninguém sabia se aquilo tudo era uma piada ou se era uma alucinação maluca que estavam tendo. null e null eram os menos chocados, pois já esperavam alguma coisa do tipo, após os acontecimentos da noite anterior, mas mesmo assim a surpresa era inevitável. Os amigos simplesmente não conseguiam processar a idéia de que, duas pessoas que só faltavam se matar, estarem diante de seus olhos, de mãos dadas, assumindo um relacionamento. Tudo parecia utópico demais até para aqueles que já sabiam alguma coisa do passado dos dois amigos.
- Nós já terminamos. – disse null vendo que os amigos pareciam num estado de hipnose há minutos.
- HÃ? – foi tudo que null conseguiu murmurar enquanto piscava algumas vezes para ter certeza do que via.
- Qual é gente? Não estamos confessando que matamos a rainha nem nada do tipo... – brincou null numa tentativa de relaxar o ambiente.
- Vocês... – balbuciou null – Puta que pariu, esse é o fim do mundo.
- Deixa de ser dramático null. – disse null fazendo uma careta.
- Mas como? – perguntou null incrédula – Foi rápido demais. Você estava namorando há menos de vinte quatro horas.
- Digamos que isso já era uma coisa certa, só faltava tirar uma peça do jogo para tudo se oficializar. – disse null sem querer dar muitos detalhes.
- Isso é loucura. – null falou depois que recuperou a voz – Vocês andaram bebendo?
- Não! – responderam os dois quase rindo das caras de espanto dos amigos.
- Vocês nos enganaram muito bem... – disse null com a boca ligeiramente aberta – Esse tempo todo fingindo que se odiavam e na realidade estavam apaixonados.
- Eu não diria que o ódio foi mero fingimento. – riu null – Tem horas que eu tenho vontade de matar o null.
- Ah, obrigado por me avisar. – riu null – Agora vou procurar ficar bem longe quando você estiver zangada.
- Acho bom tomar cuidado, mesmo, null! – disse a garota fingindo uma cara maquiavélica.
- Alguém tem mais alguma coisa a dizer? – brincou null – Que diga agora ou se cale para sempre.
- Depois disso tudo eu poderia até dizer que sou gay... não seria chocante para ninguém. – disse null entrando no jogo, eles precisavam parecer tão surpresos quanto os colegas.
- Como assim você não é gay? – falou null arregalando os olhos – E todas as vezes que você disse me amar? Era tudo mentira?
- null você nunca soube guardar um segredo. – reclamou null fazendo uma cara gay.
- Vocês querem parar? – falaram juntas null e null.
- Por quê? – perguntaram os meninos contendo o riso?
- Porque eu fico constrangida ouvindo que meu namorado é gay. – disse null irritada.
- Qual é a sua desculpa, null? – perguntou null, que adorava colocar a garota em situações delicadas.
- Não é da sua conta. – respondeu null, corando.
- Ok, que tal a gente comer, agora? – sugeriu null levantando do chão.
– Vamos lá gente, esse é o nosso primeiro dia de férias, temos que aproveitar.
- As pizzas! – disse null dando um pulo ao ouvir a campainha – Deixa que eu pego.
- Esse é o espírito da coisa. – riu null levantando também – Vamos lá gente, fechem essas bocas e parem de me olhar com esses olhos arregalados, ok? Temos uma festa pela frente.

Cap. 50

- Falando sério, quantas músicas já temos para gravar? – perguntou null durante uma reunião, feita pela banda, no dia seguinte. Os quatro garotos estavam sentados no chão do porão, rodeados de folhas de papel com números de telefone, letras de música e lixo do dia anterior.
- Já com melodia e tudo... – disse null contando as folhas – Temos “All about you”, “Too close for comfort”, “Five colours in her hair”, e só a letra temos mais duas.
- Podemos gravar umas músicas de outras bandas também. – sugeriu null – Só queremos que alguma gravadora veja que temos potencial.
- Boa, dude. – falou null animado – Podemos gravar umas dos Beatles.
- null, que músicas são essas que ainda não têm melodia? – perguntou null pegando duas folhas para dar uma olhada.
- São idéias mais novas. – explicou o garoto – Acho que ficaram boas, só falta achar o ritmo certo.
- Me deixa ver. – disse null, já tomando, as folhas das mãos de null – Você fez essas músicas para a null?
- Não idiota, ele fez para a minha avó. – riu null batendo na cabeça do amigo – Você acha que alguma música que o null fez não foi para ela?
- Isso ainda é um pouco confuso para minha mente, ok? – reclamou null emburrado – Ainda estou processando a informação.
- Porque você é lerdo. – disse null distraidamente enquanto tentava montar os acordes certos para uma das músicas.
- Tenho que admitir uma coisa... – falou null parecendo mais sério – Mas se algum de vocês falar que eu disse isso, nego até a morte.
- Fala logo! – reclamou null impaciente.
- Eu amo a null.
- O que? – perguntaram três vozes, duas em total choque e uma em total fúria.
- Não seus lesados... – disse o garoto revirando os olhos – Pensem comigo, não sendo a null só teríamos a música do sonho louco do null.
- Verdade. – disse null após alguns segundos analisando a fala do amigo – A guria é boa mesmo nisso.
- Ei. – riu null – Eu que fiz as músicas e a boa é a null?
- Desculpa dude, mas todas as vezes que tivermos que escolher um de vocês dois para ser bom... – disse null piscando – Ela sempre vai ganhar.
- Quem sempre vai ganhar? – perguntou null descendo as escadas do porão sendo seguida por null.
- Você. – disse null rindo – Eu sou um perdedor, já me acostumei com a idéia.
- Não fala isso, seu bobo. – disse a garota pulando no seu colo – Meu namorado não é um perdedor.
- Ela diz isso só para não te fazer sofrer, você sabe disso. – riu null sentando no chão ao lado de null.
- Obrigado null, você é uma irmã muito gentil. – rebateu null cerrando os olhos.
- E sincera. – completou a garota rindo.
- O que vocês estão fazendo? – perguntou null olhando a bagunça de papéis.
- Checando o material que já temos para gravar. – respondeu null – Três músicas completas e duas inacabadas.
- Temos músicas novas, então? – perguntou null, curiosa.
- Temos, mas você não vai olhar até estarem prontas. – disse null pegando rapidamente o papel e sentando em cima.
- Eu quero ver! – reclamou null tentando tirar as folhas de debaixo da perna do garoto.
- Não. – falou null segurando as mãos da menina – Deixa de ser curiosa, é surpresa.
- Chato. – disse null dando língua.
- Viu, eu sempre disse que era melhor que ele. – riu null – Mas você sempre me rebaixou ao cargo de amante.
null já estava pronta para responder a reclamação boba do amigo quando o celular de null tocou espantando todos, que estavam entretidos na discussão que se iniciava. Quando o garoto olhou o número no visor pediu silêncio antes de atender, mantendo uma voz profissional ao telefone durante toda conversa que se arrastou por alguns minutos. Cinco pares de ouvidos aproximaram-se para ouvir qual era o assunto tão importante enquanto null respondia com algumas palavras vagas “Temos”, “Certo”, “Seria ótimo”.
- E então... – perguntou null assim que o amigo desligou.
- Quem era? – null soltou em seguida.
- Temos uma pequena apresentação essa noite. – disse null abrindo um sorriso que acabou por distrair null da importância da conversa. Ela sempre acabava perdida com os olhos no sorriso dele.
- Sério? – perguntou null – Já estava com saudade de fazer uma apresentação.
- Nem me fale, ainda bem que estamos de férias. – disse null – A escola restringe muito nossos horários.
- Vai ser hoje mesmo? – perguntou null sentando sobre os joelhos.
- Daqui a exatamente cinco horas. – respondeu null olhando rapidamente rel[ogio – Vai ser num pequeno pub perto do centro.
- Mas como nos acharam? – perguntou null surpreso – Fizemos poucas apresentações até agora. Tirando a galera da escola, quase ninguém conhece a banda.
- Mais uma vez tenho que admitir que sou muito bom, nisso. – disse null se gabando – Falei com as pessoas certas e eles me prometeram arranjar algo, então quando a banda que tocaria essa noite ligou desmarcando por alguns problemas que apareceram, eles não demoraram a lembrar de mim.
- Isso é a oportunidade que pedimos aos céus. – disse null com os olhos brilhantes – Nossa primeira apresentação séria.
- O primeiro passo rumo à fama. - disse null aos gritos.
- Eu... – tentou null sem sucesso enquanto as lágrimas apareciam discretamente nos seus olhos.
- O que foi null? – perguntou null passando os braços ao seu redor, trazendo seu corpo para mais perto – Qual é o problema?
- O deve ter estourado os tímpanos dela. – disse null olhando feio para o amigo.
- Vocês dois querem calar a boca? – brigou null enquanto tentava entender o choro da amiga.
- Vocês vão realmente tocar profissionalmente. – disse null por fim enquanto abraçava null com força.
- Isso te incomoda? – perguntou o garoto confuso.
- Claro que não! – respondeu ela enxugando as lágrimas na blusa de null – Só estou emocionada. As coisas parecem estar ficando mais reais a cada dia.
- Ah guria... – disse null abraçando a amiga também – Você é muito chorona mesmo.
- Abraço coletivo na null! – disse null pulando sobre os três.
- Aewwwww!! – gritaram null e null ao mesmo tempo pulando sobre os amigos num montinho bagunçado e espalhado pelo chão.
- Ok, ok, me deixem respirar! – gritou a menina tentando se livrar do sufocamento.
- Você sempre estraga a brincadeira. – reclamou null saindo de cima de null.
- Temos uma apresentação para fazer, esqueceram? – perguntou a menina já de pé.
- Verdade. – disse null levantando também – Temos que chegar ao pub pelo menos uma hora antes, para checar o som.
- null e null estão aonde? – perguntou null dando por falta das amigas.
- A null me disse que estava fazendo um bolo para o aniversário da tia ou tio... ou sei lá quem. – disse null – Mas ela tem que ir com a gente.
- Mas é claro que ela vai! – disse null – Ela e a null.
- null vai ser mais fácil. – falou null – Ela só está em casa curtindo uma dor de cabeça pela festa de ontem.
- null então você busca ela e vem aqui para casa. – disse null ao amigo – null, você corre até a casa da null e arrasta ela com ou sem bolo pronto.
- Pode deixar. – disseram os dois batendo continência antes de saírem apressados.
- Enquanto eles não chegam vamos tentar arrumar uma melodia para essas músicas. – disse null sentando no sofá com as folhas amassadas nas mãos.
- Eu já tenho uma idéia para essa primeira. – disse null começando a falar algumas coisas técnicas demais para null realmente entender.
- Eu quero ajudar também. – falou a garota impaciente – Não vou conseguir ficar parada esse tempo todo.
- Faz um lanche para a gente, então. – sugeriu null esperançoso.
- Eu quero fazer algo útil para a banda, não para sua barriga.
- Minha barriga faz parte da banda. – retrucou null – Sem minha barriga eu não existiria e sem eu existir a banda não se formaria logo, ajudando minha barriga você estará ajudando a banda.
- null por que você não vai lá em cima e separa umas roupas para usarmos de noite? – perguntou null ignorando o discurso do amigo e aproveitando essa desculpa para tirar os ouvidos da garota do porão.
- Mas vou achar só roupas suas. – disse ela relutante em sair de perto – E os meninos vão usar o que?
- Eu faço apresentação até pelado. – riu null – Isso não é problema.
- Um dia quem sabe. – disse null rindo – Mas até eu beber o suficiente, para não me importar de te ver pelado, a null separa umas roupas minhas para vocês usarem.
- Certo, eu vou arrumar as roupas. – disse a garota por fim – Mas não vão se acostumando com essa moleza toda não, é só dessa vez.
- Vamos te pagar por ser nossa estilista, assim que ficarmos ricos. – prometeu null vendo a amiga subir as escadas rumo a sala.

Cap. 51

- Todos os instrumentos no carro? – perguntou null com uma lista na mão.
- Confere. – respondeu null checando na mala dos dois carros parados em frente à casa dos null’s.
- Roupas? – perguntou null após riscar o item “instrumentos” do papel.
- Confere. – disse null com um sorriso vitorioso no rosto.
- null, null?
- Aqui. – disseram as duas meninas levantando as mãos no ar.
- Chaves?
- Na mão. – disse null girando dois chaveiros entre os dedos.
- Ok. – disse null depois de riscar todos os itens da lista – Vamos lá galera.
- Temos um probleminha, ainda. – disse null cortando a animação.
- O que? – perguntaram todos, já irritados com a demora.
- Temos que nos dividir em dois grupos para caber nos carros. – lembrou o garoto – Metade vai no carro do null e metade no carro do null. – completou gesticulando exageradamente para os amigos.
- Qual é o problema disso? – perguntou null sem entender a dificuldade de dividir oito pessoas em dois grupos de quatro. Tudo bem que os garotos nuca foram bons em matemática, mas isso já era demais.
- O problema é que nós quatro temos que ir juntos para terminar de pensar nos últimos detalhes. – disse null parecendo um pouco incomodado.
- Vão em um carro só. – disse null.
- Mas se formos num carro só, nenhum de nós vai no outro. – rebateu null, tentando medir as palavras com cuidado, ao mesmo tempo que olhava cuidadosamente seu carro, parado, a poucos passos de distância.
- E? – perguntaram as meninas sem paciência.
- Resumindo... – disse null – Nem o null nem o null querem deixar uma garota dirigir seus carros.
- Como? – perguntaram as quatro irritadas.
- Vocês acham que não sabemos dirigir? – perguntou null ficando ligeiramente vermelha.
- É só por precaução. – justificou-se null, rapidamente.
- Sem falar que eu já te vi dirigindo, null. – disse null de forma cautelosa – Você é péssima no volante.
- Vocês estão generalizando, então? – perguntou null cruzando os braços.
- Claro que não, amor. – respondeu null tentando abraçar a garota que virou de costas.
- null? – perguntou null.
- null nós não estamos generalizando... – disse o garoto já planejando mil e uma formas de matar null quando estivessem longe dos olhos das garotas. – Mas da última vez que a null pegou um carro, o coitado saiu destruído, você lembra.
- Então está tudo certo. – disse null puxando um chaveiro da mão de null – Se não é uma generalização a null não dirige, mas eu sim.
- De qual carro é a chave? – perguntaram null e null rapidamente.
- null, vamos ter um prazer enorme de dirigir seu belo carro durante nosso tour. – disse a garota sorrindo enquanto girava o chaveiro na mão.

...

- Mostra para eles como uma garota dirige, null. – disse null do banco traseiro enquanto a amiga colava na traseira do carro de null.
- Se eu fosse fazer isso, eles já estariam muito atrás. – riu null piscando para amiga pelo retrovisor.
- Quanto tempo temos até chegar lá? – perguntou null jogando as pernas por cima de null para se esticar no banco.
- Levando em consideração o trânsito nesse horário... – disse null pensando um pouco – Mais ou menos uma hora.
- Se vamos ficar esse tempo todo no carro, vamos nos divertir um pouco... – disse null do banco de passageiro, ligando o som – Vamos ver o que está tocando por aqui.
- Depressiva demais. – disse null mudando de emissora.
- Música de corno. – falou null mudando novamente.
- Música de marginais. – disse null passando rápido para outra música.
- Hey, não fala assim. – brigou null – Eu sou do gueto, ok?
- Ah, tá bom. – falou null rindo – E eu sou a bala que matou John Lenon, prazer.
- É sério. – rebateu a menina – Sinto muito, ser eu a te informar, que moramos no subúrbio londrino.
- Nós moramos apenas distante, mas isso não nos inclui no gueto.
- Essa! – disse null acabando a discussão das amigas ao aumentar o som assim que começou a tocar Girls Just a Wanna Have Fun.

“I come home in the morning light
My mother says when you're gonna live your life right
Oh mother dear we're not the fortunate ones”


- Vamos lá meninas, todas juntas! – gritou null tirando as mãos do volante e levantando-as no ar.

“And girls they wanna have fun
Oh girls just wanna have fun”


- O que essas loucas estão fazendo? – perguntou null olhando o carro de null, pelo retrovisor, andar fazendo curvas na pista, enquanto as quatro meninas pulavam com os braços para cima.
- Porra! – gritou null olhando o motivo da preocupação do amigo – Meu carro!!!!
- Eu quero ir para lá! – disse null encostando o rosto e as mãos no vidro traseiro.
- Cala a boca, seu idiota. – brigou null colocando os braços para fora tentando fazer as quatro pararem.
- Assim elas vão bater. – disse null buzinando.
- Dude, elas parecem estar cantando... – disse null colado no vidro traseiro, também.

“The phone rings in the middle of the night
My father yells what you're gonna do with your life
Oh daddy dear you know you're still number one
But girls they wanna have fun
Oh girls just wanna have”


- Acho que eles querem falar alguma coisa. – disse null olhando o carro da frente.
- Relaxa null, eles só estão com medo de perderem a corrida. – disse null rindo ao aumentar ainda mais o som.

“That's all they really want
Some fun
When the working day is done”


- Que corrida? – perguntaram as três de uma vez.
- A que começa agora. – disse a menina acelerando.

“Oh girls... they wanna have fun
Oh girls just wanna have fun
Wanna have fun
Girls wanna have...”


- O que é isso agora? – perguntou null aumentando a velocidade para não ter a traseira do carro amassada.
- Acho que elas querem nos ultrapassar. – disse null tentando conter o riso.
- Mostra para elas como se dirige, dude! – falou null pulando no banco traseiro – Vamos mostrar quem são os melhores.
- Não!!! – gritou null – null pára esse carro agora, essas malucas vão destruir meu carro, meu lindo e único carro, que eu economizei desde os sete anos para comprar!
- Exagerado. – acusou null batendo na cabeça do amigo.
- Eu também quero me divertir... como elas. – reclamou null colocando a cabeça entre os bancos da frente – Vamos jogar também.

“Some boys take a beautiful girl
And hide her away from the rest of the world
I wanna be the one to walk in the sun
Oh girls they wanna have fun
Oh girls just wanna have”


- Por que eles não aceleram ou simplesmente saem da frente? – perguntou null frustrada com as tentativas falhas de ultrapassagem.
- Acho que eles ainda estão decidindo entrar ou não na corrida. – disse null olhando os olhos furiosos de null pelo retrovisor.
- O meu celular. – disse null assim que o aparelho começou a vibrar no seu bolso – Alô?
- null, o que vocês estão fazendo? – perguntou null, quase aos gritos, para poder ser ouvido com o som tão alto do carro de null.
- null, querido... – disse a menina rindo – Isso é uma corrida, não percebeu? Vocês querem uma intimação para participarem?
- null isso não tem graça, o null está a um passo do enfarte olhando o carro dele correr desse jeito...
- Sendo dirigido por uma garota... – completou null- ele só está preocupado porque é uma mulher que dirige. null, não estamos fazendo nada demais, só nos divertindo.

“That's all they really want
Some fun
When the working day is done
Oh girls... they wanna have fun
Oh girls just wanna have fun,

Wanna have fun
Girls wanna have...”

- Teimosa! – bufou null tendo que se afastar de null para este não arrancar o celular da sua mão.
- Eu também te amo. – riu null – Agora você decide, ou sai da frente e libera a passagem... ou tenta ganhar, o que eu acho uma possibilidade bem remota.

“They just wanna.... (girls)
They just wanna.... (girls just wanna have fun)
They just wanna have fun...”



- null...
- Tchau null, que o melhor vença. – disse a menina antes de desligar sobre aplausos e gritos da amigas.
- Que saber? – disse null dando mais uma olhada pelo retrovisor.
- null, você não vai fazer o que eu estou pensando que você vai fazer e... - disse null com raiva.
– Desculpa, dude. - disse null olhando mais uma vez pelo retrovisor - Que se dane! –completou acelerando o carro até ouvir seu motor gemer.

“When the working
When the working day is done...
When the working day is done...
Oh girls...
Girls just want to have fun...

They just wanna.... (girls)
They just wanna.... (girls just wanna have fun)
They just wanna have fun...”
They just wanna.... (girls)
They just wanna.... (girls just wanna have fun)
They just wanna have fun”

Cap. 52

- GANHAMOS! – gritaram as quatro meninas descendo do carro, assim que ele parou na calçada, de um movimentado bairro da cidade.
- Losers. – disse null fazendo um “L” com no ar.
- Por isso não queriam entrar no jogo. – riu null dando pulinhos - Estavam com medo de perder.
- Hey! – disse null saindo do carro – Nós deixamos vocês ganharem. Não forçamos muito a velocidade só para vocês não tentarem ir mais rápido...
- E acabarem com o MEU carro! – completou null pondo-se ao lado do amigo.
- Nem ao menos sabem perder. – disse null fazendo uma cara de reprovação – que coisa feia meninos, a mãe de vocês nunca disse que isso não é legal?
- Vocês não chegaram na frente... – falou null emburrado – Nós só deixamos vocês estacionarem primeiro, somos cavalheiros, ok?
- Amorzinhooo, corta essa. – disse null, rindo – Vocês não são cavalheiros nem quando devem ser, imagine num jogo.
- A null é demais, pampampam, a null é demais, pampampam, a null é sensacionaaaaal! – cantavam null e null enquanto faziam caretas para os meninos.
- Ok, chega. – disse null pegando a chave do carro do null das mãos da namorada – Todo mundo entrando pela porta dos fundos agora!
- Certo general. – riu null batendo continência.
- Todos menos você. – disse ele no ouvido da garota para que ninguém mais ouvisse – null, null e null vão levando os instrumentos lá para dentro, null, null e null levam as roupas.
- E vocês dois não fazem nada por quê? – perguntou null levantando uma sobrancelha.
- Nós vamos ficar e checar se nada foi esquecido em nenhum carro. – disse null – Estaremos lá dentro em dois segundos se vocês forem eficientes e levarem tudo.
- Mandão. – saiu resmungando null, para o irmão.
- O que foi null? – perguntou a menina assim que todos entraram pela pequena porta dos fundos.
- null... – disse ele abraçando-a pela cintura – Nunca mais faça isso.
- Isso o que? – perguntou a menina confusa – Ganhar de vocês? Mas eu nem me esforço, sai naturalmente...
- Não, sua boba... – disse ele tentando não rir – Estou falando em fazer uma besteira dessas... sair correndo por ai, a mais de 100Km em um carro.
- Mas você também correu. – rebateu a menina fazendo manha.
- Eu sei. – falou null fazendo uma cara estranha que fez a garota morder o lábio inferior para não rir – Mas eu sou o idiota aqui, você é a sensata. Você poderia ter batido o carro, e antes que fale alguma coisa, eu não estava preocupado com a droga do carro do null, estava preocupado com você.
- null, a gente só estava se divertindo, babe... nada aconteceu. – disse a menina encostando o rosto no peito dele – Não precisa ficar se preocupando com besteiras no seu grande dia.
- Isso não é besteira, eu realmente fiquei com medo de você bater e se machucar, eu me sentiria culpado.
- Culpado? Eu praticamente te obrigo a entrar na corrida e você se sentiria culpado? – perguntou null sem acreditar – Achei que eu devesse ser a sensata.
- Mas como você não foi eu deveria ser. – explicou null – Dois idiotas em carros com velocidade em cento e vinte não resultam em boa coisa.
- Cento e trinta para ser mais exata. – disse a menina olhando para os pés fazendo cara de anjo.
- null...
- Esquece isso, null – disse a menina soltando-se do abraço – Hoje tudo vai dar certo, nada tem o direito de atrapalhar esse dia.
- Como você sabe disso? Eu posso desamarrar o tênis, pisar no cadarço, tropeçar, cair, bater a cabeça e morrer.
- Dramático. – disse null batendo no braço do garoto – Não fala besteiras.
- Mas como você sabe que tudo vai dar certo se nem mesmo eu sei? Você parece sempre tão segura enquanto meu estômago dá mil voltas e minhas mãos não param de suar.
- Eu sinto que vai. – respondeu a garota olhando para o céu como se pudesse ver além da neblina que encobria a cidade – Eu sei que vai. Mas isso não significa que não estou nervosa.
- Você não parece nervosa. – rebateu o garoto analisando seu rosto – Está apenas eufórica pela corrida.
- Como é bobo. - riu null sem acreditar que realmente tivesse o convencido de uma falsa tranqüilidade.
- Ei, vocês dois! – gritou null colocando a cabeça para fora da porta – É para hoje ou não?
- Nunca temos um momento sozinhos. – resmungou null – Parece que nascemos colados com mais seis pessoas.
- Ei, vocês! – gritou null mais uma vez.
- Já vamos!!!! – responderam os dois antes de null puxar null para um beijo.

...

null desistiu de esperar e entrou na frente, sendo seguida minutos depois por null e null, que entraram pela porta dos fundos de mãos dadas. A entrada dava para um corredor que ficava atrás do palco, o que deveria ser o backstage improvisado, tendo apenas uma porta entreaberta de onde podiam ouvir a conversa animada dos amigos. null soltou a mão de null e andou analisando cada parte da parede, rodeou o palco e encarou as mesas vazias, que em poucas horas estariam lotadas de pessoas, pessoas que ouviriam pela primeira vez a banda a qual ela tinha tanto carinho e orgulho. Olhou as paredes revestidas de madeira que davam um ar antigo ao local, que não tinha nem um ano, reparou nos quadros e instrumentos que enfeitavam e quebravam a monotonia do marrom, viu o bar com os copos virados para baixo e quando percebeu que o namorado a seguia deu um sorriso, entrelaçou a mão de volta a sua e sem falar nenhuma palavra caminhou rumo à porta entreaberta.

- Finalmente chegaram. – disse null assim que os amigos entraram na pequena sala.
- O que perdemos? – perguntou null sentando ao lado do garoto, num sofá preto encostado na parede.
- Todo o trabalho de carregar os instrumentos. – disse null sarcasticamente fazendo a namorada, que estava sentada no seu colo, revirar os olhos.
- Não falei, que nunca era cavalheiro. – disse null bagunçando o cabelo do garoto – Bruto por natureza.
- Hey, eu não sou bruto! – rebateu null tentando arrumar o cabelo – Só estava brincando.
- Sei, sei, você brinca seeempre, amor. – riu null apertando as bochechas do namorado – Meu pequeno ser brutinho.
- Pára null. – reclamou o garoto segurando as mão da menina – Isso dói.
- O dono do pub disse que a gente podia ir montando os instrumentos no palco e passar o som para checar se está tudo bem. – disse null ignorando os dois.
- E o que vocês ainda estão fazendo aqui... parados? – perguntou null pegando a primeira guitarra que viu no chão – Vamos lá.
- Vocês já resolveram que músicas vão tocar? – perguntou null ajudando null a carregar os cabos.
- Escolhemos só três nossas, porque a galera ainda não conhece as músicas “Five colours in her hair”, “All about you” e a outra... que terminamos a melodia no carro. – disse o rapaz – Mas vamos tocar umas bem conhecidas dos Beatles.
- Vocês realmente vão nos matar de curiosidade com essa nova música? – perguntou null impaciente.
- Vamos. – riu null subindo as escadas do palco – Curiosidade não mata ninguém.
- Por favor. – pediu a garota com uma voz melosa – Me fala pelo menos o nome.
- Desculpa, hon. – disse null piscando para ela – Mas não.
- Que saber? Eu nem queria mesmo... – disse a garota emburrando.
- Ela sempre faz isso quando não consegue o que quer. – riu null vindo logo atrás.
- Mentiroso! – acusou null batendo em sua cabeça com uma baqueta que estava segurando.
- Outch! – reclamou null passando a mão na cabeça.
- null, não faz isso. – repreendeu null tomando as baquetas da amiga.
- Por que não? – perguntou null emburrada – Ele mereceu.
- Ele sim, mas as baquetas não te fizeram nada. – disse null rindo – Da próxima vez que quiser punir o null, faz assim... – completou dando um pedala no amigo.
- Hey! Virei saco de pancada? – perguntou o garoto irritado – Isso é uma nova brincadeira? Vamos ver quem mata mais neurônios do null?
- Acho que não. – disse null rindo – Você não teria mais nenhum se tivessem matando um por pancada.



Cap. 53

- null, pára com isso! – brigou null vendo a amiga dar voltas ao redor da pequena mesa, em que as garotas estavam sentadas, bem em frente ao palco, esperando os meninos começarem a tocar.
- Não consigo. – respondeu null, sem parar de andar – Por que não nos deixaram esperar com eles? Essa espera está me matando.
- Pelo que parece, nós tiraríamos a concentração deles. – disse null, não muito satisfeita – Mas fica calma, eles devem começar em poucos minutos.
- Será que está tudo bem? O null arrumou o cabelo? O null colocou a roupa que eu separei? – perguntou a menina impaciente.
- Pára com isso! – disse null levantando e segurando a amiga pelos ombros – Senta aí, que essas voltas estão me deixando enjoada.
- Desculpa. – disse a garota sentando no banco – Não sei o que está me dando, nunca fiquei assim antes de uma apresentação deles. Não fiquei assim nem quando subi no palco junto com o null, naquele asilo.
- Olhe ao redor, null. – disse null – Você e nenhuma de nós nunca sentimos isso porque os meninos nunca tocaram num lugar assim.
- Eu preciso de uma bebida. – disse null levantando em um pulo – Se o null aparecer enquanto eu estiver sóbria terei um sério problema com os meus nervos.
- Traz o que for tomar para todas! – disse null parando de roer as unhas – Se não amanhã não me sobram nem os dedos para contar notícia.
As luzes do palco já tinham sido acesas quando null voltou, equilibrando quatro taças com um líquido avermelhado dentro. Assim que olhou ao redor mais uma vez, e viu o pub lotado, cheio de conversas e cheiro de cigarro, null pegou sua taça sem nem perguntar o que continha e tomou tudo em três goles rápidos, pousando o recipiente vazio, na mesa, sob o olhar surpreso das amigas. A garota tentou sentir o estômago, mas de tanto girar parecia que ele não existia mais. Sua cabeça ficou mais leve como se tudo aquilo fosse apenas um sonho maluco. Mas assim que viu null aparecendo no meio do palco sendo seguido por null, null e null seu coração bateu com tamanha velocidade que a possibilidade de tudo ser um sonho foi completamente deletada. O garoto conseguia cortar até o efeito do álcool em seu corpo.
- Hey, dudes! – disse null, no microfone, parecendo um pouco intimidado pelos olhares da platéia. – Nós somos o McFly e vamos tocar algumas músicas essa noite.
- Para começar... uma que todos já conhecem. – disse null enquanto null fazia um leve sinal com as mãos, que só as meninas reconheceram, para os acordes de “I Wanna Hold Your Hand”, iniciarem.

“OH YEAH, I´LL TELL YOU SOMETHING
I THINK YOU´LL UNDERSTAND
WHEN I SAY THAT SOMETHING
I WANNA HOLD YOUR HAND
I WANNA HOLD YOUR HAND
I WANNA HOLD YOUR HAND
OH, PLEASE SAY TO ME
YOU'LL LET ME BE YOUR MAN
AND PLEASE SAY TO ME

YOU´LL LET ME HOLD YOUR HAND
NOW LET ME HOLD YOUR HAND
I WANNA HOLD YOUR HAND”



Todos ao redor começaram a mexer os pés ou as cabeças no ritmo da música que invadia o pub numa onda contagiante. Algumas pessoas levantaram das mesas e começaram a dançar no pouco espaço que restava, enquanto no palco, os garotos ficavam mais confiantes, fazendo a música sair ainda melhor. null sentiu o coração bater no ritmo da bateria e tudo que ela conseguia fazer era olhar, olhar maravilhada para a pessoa que já tinha roubado seu coração há muito tempo. Ela podia sentir que as amigas também estavam num estado parecido de transe enquanto ouviam a música, mas não ousou tirar os olhos do palco para não perder nenhum segundo daquele momento.
- Se a minha mãe estivesse aqui, olhando o null...! – disse null aos gritos para ser ouvida – Ela surtaria de uma vez por todas!
- Se minha mãe soubesse que eu estou num lugar assim... – riu null – Eu estaria morta!
- Onde ela pensa que você está? – perguntou null começando a rir sem saber ao certo se era por causa da mentira da amiga, do nervosismo, ou do percentual alcoólico no seu sangue.
- Na sua casa. – respondeu null.
- Ótimo. – disse null rindo mais alto – A minha mãe acha que eu estou na sua.

“OH, PLEASE SAY TO ME
YOU'LL LET ME BE YOUR MAN
AND PLEASE SAY TO ME

YOU´LL LET ME HOLD YOUR HAND
NOW LET ME HOLD YOUR HAND
I WANNA HOLD YOUR HAND

AND WHEN I TOUCH YOU I FEEL HAPPY INSIDE
IT´S SUCH A FEELING
THAT MY LOVE
I CAN´T HIDE
I CAN´T HIDE
I CAN´T HIDE

YEAH, YOU GOT THAT SOMETHING
I THINK YOU'LL UNDERSTAND
WHEN I SAY THAT SOMETHING
I WANNA HOLD YOUR HAND
I WANNA HOLD YOUR HAND
I WANNA HOLD YOUR HAND”


Em seguida foi a vez de “Hey Jude”, e quando “Twist and Shout” já estava sendo tocada um homem chegou perto perguntando alguma coisa que soava como dança ou canga ou alguma outra coisa que null não deu a menor atenção se dando apenas o trabalho de balançar a cabeça em sinal de negação. Depois dessas, começaram as músicas mais esperadas pelas quatro que vibraram assim que null disse ao microfone que agora seria uma de autoria da própria banda. “All about you” fez todo sangue de null se alojar em suas bochechas e “Five colours in her hair” tirou gargalhadas de null, que ria de null enquanto ele piscava para ela como se estivesse lembrando a garota, de que aquela obra, era sua.

“...Everybody wants to know her name.
How does she cope with her new found fame?
Everyone asks me,
Who the hell is she,
That weirdo with five colours in her hair.

do do do do do doo
do do do do do doo
do do do do do dôo”

- Muito bem, galera. – disse null, no microfone, assim que a música acabou – Parece que alguns de vocês já estavam arranhando a música junto com a gente – Completou fazendo o ambiente se encher de risos.
- Para encerrar nossa apresentação essa noite... – disse null sem desviar os olhos de null – Vamos cantar uma música que foi terminada hoje mesmo e é dedicada a pessoa que sempre acreditou em nós, em mim, e em um sonho. Essa é para você, null ... “I've Got You”.

“The world would be a lonely place
Without the one that puts a smile on your face
So hold me ‘til the sun burns out
I won't be lonely when I'm down”
(O mundo seria um lugar solitário
Sem aquela que põe um sorriso no seu rosto
Então me abrace até o sol se apagar
Eu não estarei solitário quando estiver para baixo)


“’Cause I've got you to make me feel stronger
When the days are rough and an hour feels much longer”
(Porque eu tenho você para me fazer me sentir mais forte
Quando os dias são duros e uma hora parece muito mais longa)


“I never doubted you at all
The stars collide, will you stand by and watch them fall? [by and watch them fall]
So hold me ‘til the sky is clear
And whisper words of love right into my ear”
(Eu nunca duvidei de você de forma alguma
As estrelas colidem você esperará para vê-las cair?
Então, abrace-me até o céu ficar limpo
E sussurre palavras de amor bem no meu ouvido)


“‘Cause I've got you to make me feel stronger
When the days are rough and an hour seems much longer
Yeah when I got you
Oh! to make me feel better
When the nights are long they'll be easier together”
(Porque eu tenho você para me fazer me sentir mais forte
Quando os dias são duros e uma hora parece muito mais longa
Sim, quando eu tenho você para me fazer me sentir melhor
Quando as noites são longas, elas serão mais fáceis juntos)


“Looking in your eyes
Hoping they won't cry
And even if you do
I'll be in bed so close to you
Hold you through the night
And you'll be unaware
But if you need me I'll be there”
(Olhando em seus olhos.Esperando que eles não chorem
E mesmo se você chorar.Eu vou estar na cama tão perto de você
Para te abraçar pela noite.E você vai estar inconsciente
Mas se precisar de mim, eu estarei lá)



null sentiu como se o chão tivesse sido arrancado de seus pés. Tudo agora parecia pequeno demais, insignificante demais, perto disso. Não tinha como pensar ou sentir outra coisa, senão o coração acelerar de maneira assustadora dentro do seu corpo enquanto null cantava como se não existisse mais ninguém além dos dois, naquela noite. Ela não tinha a menor idéia de como ele conseguia fazer isso, ele apenas abria a boca e saia tudo que ela não conseguia nem falar, apenas sentir. E ele, ele brincava com os sons e melodias, ele fazia tudo virar harmonioso e perfeito. Quando foi forçada a sentar novamente no banco que a garota pôde sentir que o ar já não entrava como deveria em seus pulmões, o ar faltava e uma pontada no peito a fez arfar. De repente um sentimento de perda se espalhou por todo seu corpo, era como se ela precisasse ser dele antes que ele se fosse. Quando conseguiu voltar a respirar null percebeu que o garoto que cantava já não era só dela, ele era de todos ao seu redor, assim como sua voz e seus braços sentiram uma necessidade imensa de abraçá-lo perto ao seu corpo.

“Yeah I got you
Oh to make me feel stronger
When the days are rough and an hour seems much longer
Yeah when I got you to make me feel better
When the nights are long they'll be easier together
Oh when I got you”

(Eu tenho você
Para me fazer me sentir mais forte
Quando os dias são duros e uma hora parece muito mais longa
E eu tenho você
Para me fazer me sentir melhor
Quando as noites são longas elas serão mais fáceis juntos.
Quando eu tenho você).

Continua...


Cap. 54

- null! – disse null ao entrar no backstage e ir correndo para os braços do garoto, que tombou um pouco para o lado com o abraço inesperado.
- null... – disse ele, surpreso, abraçando a garota o mais perto possível – Como nos saímos?
- Vocês foram maravilhosos! – disse a menina passando o polegar no rosto de null para enxugar o suor que escorria de sua testa.
- Desculpe. – falou o garoto soltando a menina do abraço – Estava muito quente lá no palco, eu quase derreti.
- Não me importo. – respondeu a garota rapidamente voltando a abraçá-lo. Era muito bom sentir os braços de null ao seu redor, era como se naquele momento ela estivesse segura, como se nada e nem ninguém pudesse tirar ele dela mais uma vez.
- O que foi? – perguntou o garoto tirando o cabelo do rosto de null para ver melhor sua fisionomia – Aconteceu alguma coisa?
- Não. – disse ela mordendo o lábio inferior – apenas não quero ficar longe de você.
- Eu nunca mais estarei longe, null – disse ele abraçando-a mais forte – Nunca mais.
- Finalmente chegamos. – disse null arfando quando entrou na sala, onde null e null estavam num abraço silencioso no lado oposto à porta, e os garotos estavam jogados no sofá.
- Lá fora está uma loucura! – falou null fechando a porta, assim que null entrou – Não dá nem para andar de tão cheio.
- A null voou sobre as pessoas, só pode – disse a garota surpresa ao ver que a amiga já estava ao lado do seu irmão.
- Hon, vocês foram ótimos. – disse null sentando no colo de null. – A galera simplesmente adorou.
- Adorou até demais. – disse null revirando os olhos ao se jogar no sofá esticando as pernas sobre null.
- Como assim? – perguntou o garoto tentando não rir da cara que a namorada fez.
- Umas garotas gritando a plenos pulmões, que vocês eram hots. – disse null meio irritada – Por pouco não bato em uma loira siliconada.
- Tá com ciúmes do seu amorzinho? – perguntou null rindo enquanto puxava a garota para seu colo.
- Tô sim, e daí? – disse a garota tentando manter a cara emburrada, esforço que foi por água abaixo assim que null a puxou para um beijo.
- Foi realmente incrível. – disse null sem jeito por ser a única garota que não estava se pegando com ninguém na sala.
- Vai ficar ai em pé? – perguntou null puxando-a pelo braço antes de receber uma resposta – Não paga para sentar não.
- Eu acho que vocês estão perdendo tempo. – disse null do canto da sala de onde observava a cena ainda agarrada a null.
- Perdendo tempo com o quê? – perguntou null sentando na ponta do sofá.
- Todos aqui já são namorados, só faltam vocês dois. – respondeu a garota – null beija logo ela, o que você está esperando? Um pedido por escrito?
- Bem... – disse o null fingindo estar envergonhado antes de puxar a garota para um beijo que fez todos os outros casais pararem imediatamente tudo que estavam fazendo, ficando até mesmo sem respirar por algum tempo.
- Eles se beijaram! – disse null com a boca meio entreaberta quando os dois se soltaram deixando null cair do seu colo para o chão.
- Eu não acredito. – disse a garota sem nem se dar ao trabalho de brigar com o namorado ou mesmo de levantar.
- Só para constar... – disse null rindo – Não foi o primeiro.
- Como? – perguntaram todos com espanto na voz.
- Nós já estávamos meio que ficando. – confessou o garoto ficando levemente corado.
- Vocês, vocês, vocês são dois putos! – disse null incrédulo – Como estão ficando e não falam para ninguém?
- null? – chamou null ainda no chão.
- O que?
- Você não vai falar nada? – perguntou a garota – Sua irmã... o null...
- Libero vocês essa noite para resolverem a relação e vocês me liberam a casa até amanhã de manhã. – disse o garoto naturalmente como se tivesse propondo uma troca de sorvetes.
- Fechado, dude! – disse null deixando null sentada no sofá enquanto levantava para apertar a mão do amigo – Amanhã tudo estará resolvido.
- null... – chamou o irmão fazendo a garota se recompor – Está liberada até uma da manhã e depois vai dormir na casa da null.
- Finalmente. – disse null levantando as mãos para o céu – O garoto ainda tem alguns neurônios.
- Por que a casa pode ser toda de você e da null e eu tenho que deixar a null na casa da null? – perguntou null fingindo indignação.
- Porque como vocês mesmo falaram... – disse null adorando o papel de “protetor” da família – Vocês estão apenas ficando e esse direito é apenas para namorados.
- Mas ... – tentou null
- É isso ou nada, meu caro . – disse null segurando para não rir.
- Está certo, então. – respondeu o garoto voltando para o sofá.
- A casa vai ser só nossa, então? – sussurrou null no ouvido de null, assim que os seis amigos começaram com mais uma discussão boba.
- Você não achou boa idéia? – perguntou o garoto inseguro.
- Claro que achei. – disse ela mordendo o lábio inferior – Nunca temos tempo só para nós dois com a casa sempre cheia.
- Bom... – disse null de um jeito meio bobo ao perder a linha do raciocínio – E, e o que achou da música?
- Perfeita. – confessou null – Ela me lembra a gente, quer dizer, a maioria das músicas me lembra a gente.
- É porque são feitas para você, sua boba. – disse null rindo – Tudo é por você e eu já fiz até música falando isso, quando vai entender?
- Acho que nunca. – admitiu a garota – Parece coisa de filme, às vezes acordo de madrugada pensando que tudo isso é um sonho, sabe?
- Qual é, null, muita gente namora, muitas garotas têm namorados com bandas de garagem e nem por isso acham que estão sonhando.
- O fato não é sermos namorados e você ter uma banda... – disse a menina incrédula com o pensamento de null - O fato é como eu me sinto perto de você, é surreal.
- Eu sei. - disse ele após minutos pensando - É como um entorpecente, me sinto desligado de todo o resto quando estou com você.
- Viu!- disse null triunfante- E você acha isso normal? Quer dizer, quantas pessoas você conhece que tem uma história como a nossa?
- Ok, null... agora você tá me assustando. - disse null rindo - Deixa de besteira e me beija logo! - disse antes de encostar a garota na parede e começar mais uma série de beijos que sinalizavam quão quente seria o resto da noite.

Continua...

Cap. 55

A casa estava na total penumbra, assim como a rua que os rodeava. null abriu a porta da frente e se afastou a fim de dar espaço para null passar. Era difícil enxergar alguma coisa naquela escuridão, então, os dois saíram batendo em tudo enquanto procuravam o interruptor. null sentou no chão tentando fazer as pernas pararem de tremer e deixando o garoto acender as luzes, sozinho. Seu coração batia de forma acelerada e só a idéia de passar a noite sozinha com null já roubara todo seu equilíbrio. Depois de tanto tempo e tantas complicações, agora que tudo estava parecendo tão real, seu coração parecia incapaz de se controlar dentro do peito.
- null... – disse null tentando encontrá-la – null?
- Aqui null. – respondeu a garota balançando os braços no ar como se ele pudesse enxergá-los.
- Não estou te vendo. – disse o garoto a apenas alguns passos de distância.
- Isso porque você ainda não acendeu as luzes, benzinho. - riu null - Você ainda não achou o interruptor?
- Achei você. – disse null tropeçando nas pernas da menina – Pensei que tivesse te perdido. – brincou sentando ao seu lado no chão.
- null, tudo bem que essa idéia de encontro às escuras é meio que... emocionante, mas dá para, por favor, acender as luzes? Não consigo ver nada assim.
- Esse é o problema, null. – respondeu o garoto – Não temos luz.
- Como assim não temos luz? – perguntou null levantando em um salto e tendo que se segurar num móvel próximo, para não cair.
- Pelo que parece, faltou luz. – explicou null levantando também – Por isso a rua estava tão escura, acho que foi não foi só aqui.
- Ótimo. – disse a garota numa mistura de pânico e raiva – Espero por essa noite durante anos e quando tudo está dando certo, algo ruim acontece. Algo conspira contra nós dois, fato.
- null, calma. – falou null achando a garota no escuro e passando seus braços por sua cintura – Eu estou aqui, você também, a casa é só nossa. Não é um simples detalhe que vai nos atrapalhar. – continuou com a voz mais baixa e a boca em seu ouvido – Nunca ouviu falar que as coisas no escuro parecem muito melhores?
- null... – disse null sentindo imediatamente o coração pulsar mais rápido – Eu nem consigo te ver.
- Vamos procurar algumas velas, a null sempre compra para o caso de uma emergência. – disse o garoto segurando sua mão – Devem estar na cozinha, vem comigo.
- Para que lado fica a cozinha, então, senhor sabe tudo? – perguntou null colocando a mão livre, na cintura.
- Bem, não tenho certeza. – disse null um pouco confuso – Mas vamos achá-la, juntos.
- Se não tem jeito... – falou a garota se rendendo – Vamos lá.
- Vem por aqui. – disse null puxando sua mão – Se isso aqui for mesmo o sofá, então a cozinha fica para esquerda. Temos que achar a escada, ela fica entre os dois cômodos.
- Ai! – disse null parando abruptamente.
- Te pisei? – perguntou o garoto preocupado.
- Não, mas acho que achei o primeiro degrau da escada, meu pé acabou de dar uma topada nele.
- Bom trabalho, null, isso significa que estamos no caminho certo. Vamos continuar nessa direção. Acho que meus olhos já começaram a se acostumar com a escuridão, já consigo ver alguns vultos.
- Ali. – apontou a menina – Estou vendo o imã fluorescente da geladeira. Eu sempre disse que ele seria útil um dia.
- Antes tarde do que nunca. - riu null - Eu procuro as velas e você os fósforos.
- Então me solta para eu poder procurar. – lembrou a garota sentindo a mão suada.
- Claro. – disse null fazendo o que a garota pediu.
- Acho que os fósforos devem estar perto do fogão, ou eram para estar. – disse null apalpando os móveis da cozinha.
- Velas onde estão vocês? Velas? – chamou o garoto como se elas fossem simplesmente latir como cães de estimação obedientes.
- Aqui. – disse null balançando uma pequena caixinha nas mãos.
- Acende um para facilitar as coisas para mim. – pediu null esvaziando uma gaveta.
- Prontinho. – falou a garota iluminando uma pequena área da cozinha.
- Hum... Achei. – disse null pegando a embalagem de velas, que estava bem na sua cara o tempo todo. Pode acender.
- E fez-se a luz. - brincou null ao acender a primeira vela.
- Vai subindo com ela enquanto eu ligo para a central de energia e relato o problema.
- Não demora, eu não gosto de ficar sozinha no escuro. – disse a garota mordendo o lábio inferior.
- Não vou demorar. – disse null piscando de um jeito maroto.
null subiu as escadas o mais rápido que pôde sem apagar a vela, que segurava firmemente em uma das mãos. Seus pensamentos voavam numa velocidade alucinante acompanhando sua pulsação que parecia explodir em suas veias. Ficou parada por alguns segundos no corredor tentando decidir em que porta entrar, e assim que a escolha foi tomada, um leve sorriso se formou em seu rosto. Ela podia ouvir null falar apressado no telefone no andar de baixo, e só de pensar nele, seu corpo estremeceu. Pousou a vela na mesa de cabeceira e passou a mão para desamassar o vestido, o que era uma coisa realmente estúpida de se fazer, já que o objetivo era “tirá-lo”.

- null? – chamou null no topo da escada - Por que você sempre some? null?

null segurava uma vela quando abriu a porta do seu próprio quarto, a fazendo ranger, levemente. Piscou duas vezes até ter certeza que ela estava ali, com seu vestido preto, bem na sua frente, sentada no meio da sua cama com um olhar que irradiava brilho. O garoto fechou a porta atrás de si e sem conseguir falar nada, repousou sua vela ao lado da outra. Ficou assim, totalmente imóvel, somente admirando o que tanto lhe agradavas os olhos e que fazia seu coração disparar, como se aquela também, fosse sua primeira vez.
- Vai ficar aí, só olhando? – perguntou null tentando fazer a voz não tremer.
- Não. – disse null de uma maneira meio boba enquanto tirava o tênis e subia na cama - É que você me deixou meio... anestesiado, ou sei lá como isso se chama.
- Bobinho. – falou a garota rindo.
- Você está linda, null, realmente linda. – disse null passando a ponta dos dedos pelo rosto de null.
- Eu estou com a mesma roupa, null. - lembrou a garota tentando achar forças para falar enquanto sentia as bochechas em brasa.
- Eu sei. – respondeu null passando os dedos, agora por seus braços - Às vezes esqueço de te dizer coisas muito importantes por achar que são óbvias demais para serem ditas.
null passou os braços ao redor do pescoço de null, que começou a beijar seu ombro fazendo a garota sentir o sangue ferver debaixo da pele. O beijo foi subindo até achar a boca e quando isso aconteceu, null foi deitando a garota delicadamente na cama para ficar sobre ela. Com as mãos apoiadas na cama, para não pesar demais, o garoto deu continuidade ao beijo, que tirou um suspiro de null. A essa altura já não lembrava de muita coisa além do seu próprio nome. null passou uma das mãos na barra do vestido, com um olhar, que meio que, pedia permissão para tirá-lo e assim que a garota concordou com a cabeça ele foi fazendo-o subir por todo corpo, deixando à mostra uma garota quase nua. null interrompeu o beijo para deixar o vestido passar por seus braços, ficando com um pouco envergonhada por estar apenas de lingerie na frente de null.
- Você quer mesmo? – perguntou null torcendo para não ouvir nada contrário, ao que seu corpo, praticamente, implorava.
- Mais que tudo. – respondeu a garota, timidamente, sem desviar os olhos dos seus.
null sentou de joelhos na cama para desabotoar a camisa de null, enquanto ele tirava do bolso do jeans, sua carteira para jogá-la ao lado da cama. null recomeçou o beijo assim que viu-se sem a blusa, deitando-se novamente sobre a garota, que agora respirava com dificuldade. null podia ver a luz vinda das velas praticamente dançar nos olhos de null como se eles fossem um espelho que refletisse luz. Sem interromper o beijo, o garoto esticou uma das mãos para fora da cama e pegou uma camisinha de dentro da carteira, xingando mentalmente por quase ter se esquecido de uma coisa tão importante.
- Eu te amo. – foi a última frase que null disse no ouvido da garota, antes das coisas, realmente, esquentarem.



Cap. 56

O sol fraco da manhã passava pela janela de vidro, invadindo o quarto de null, sem pedir licença. A faixa de luz iluminava o chão onde algumas peças de roupa estavam repousadas e chegavam até a cama, onde null dormia enrolada num cobertor grosso. O barulho de algo caindo no andar de baixo a roubou da sua inconsciência, mas a garota preferiu manter os olhos bem fechados como que por medo de ao abri-los perceber que tudo não passara de um lindo sonho. Ela lembrava que a noite anterior tinha sido a melhor de toda sua vida e por isso repassava todos os acontecimentos mentalmente: o escuro, as velas, os olhos de null nos seus, suas mãos no seu corpo, sua boca na sua pele... Sua primeira vez nunca seria esquecida. null tateou a cama a procura de algum sinal de null, mas quando finalmente abriu os olhos viu que estava sozinha no quarto.

Depois de conseguir sair da cama e de tomar um banho quente, null desceu as escadas com pressa de finalmente ver null naquela manhã. Assim que colocou os olhos no garoto ela não conseguiu dizer nada, apenas encostou na porta da cozinha e ficou observando ele cantarolar uma música alegrinha enquanto andava de um lado para o outro tentando preparar alguma coisa no fogão. null mordeu o lábio inferior e tentou manter a respiração constante para não chamar a atenção de null. Ele estava totalmente radiante aquela manhã e isso deveria ser um bom sinal, pelo menos ela esperava que sim. Era engraçado como ele mexia sem jeito numa frigideira e fazia uma cara estranha para seja lá o que ele estivesse fazendo. O fato de vestir apenas uma calça de moletom também deixava o ambiente muito mais bonito. Tal pensamento fez a garota rir, depois da noite passada era estranho ela ainda ficar rindo como boba só de vê-lo sem camisa.
- null? - disse null, surpreso ao ver que a garota o observava da porta.
- Bom dia, chefe null. - ela riu sem sair do lugar - O que temos para o café da manhã?
- Bom dia, sua dorminhoca. - respondeu null desligando o fogão e caminhando em sua direção - Como você está?
- Bem. - disse null sentindo as bochechas corarem de imediato - Muito bem. E você, como está?
- Melhor impossível. - respondeu o garoto pegando-a nos braços e girando pela cozinha.
- Pára null!!!!!!!! - gritou null rindo ao ver tudo girar ao seu redor.
- Eu sou o homem mais feliz do mundo!!!!!!!! - gritou o garoto girando sem parar.
- E eu vou vomitar se você não me colocar no chão! - ameaçou null segurando firme nele, por medo de cair.
- Tudo bem, tudo bem... - disse ele, parando de girar - Não queremos uma cozinha suja, logo de manhã... Opa! Cuidado. - disse segurando a garota pela cintura assim que ela quase caiu no chão.
- Tudo ainda está girando. - falou null deixando-se guiar até uma cadeira onde sentou com cuidado - Parece um carrossel.
- Desculpa. - disse null sentando ao seu lado - Foi uma idéia idiota, eu não devia ter girado com você.
- Está tudo bem. - disse null rindo - Eu gostei, só estava com medo de cair.
- null... - disse o garoto segurando seu rosto com a mão - Eu nunca vou deixar você cair.
- Ontem foi a melhor noite do mundo. - falou a garota sentindo o coração acelerar enquanto a cozinha finalmente parava de girar.
- Está no topo das minhas, também. - disse null beijando seu rosto - Então, pronta para o café da manhã?
- Você, realmente, acordou cedo para preparar o café? - perguntou null, surpresa - Você nunca faz isso, deve está doente.
- Quer parar de falar besteira? - disse o garoto rindo ao levantar - O que vai querer?
- O que nós temos? - perguntou ela achando muito estranho a idéia de null cozinhando alguma coisa, em especial, pela manhã.
- Vejamos... - respondeu null colocando uma toalha no braço, imitando um chefe de cozinha - Temos panquecas com formatos estranhos, sanduíches de queijo quente um pouco queimado, suco de laranja meio doce e leite totalmente normal e na caixa.
- Nossa. - disse a garota rindo - Não sei nem o que escolher com tantas opções boas.
- Posso sugerir o prato da casa, senhorita? - perguntou null numa voz formal.
- Mas é claro, mon chef. - brincou null - O que me sugere?
- Panquecas a moda da casa com mel e um copo de leite quente. - disse null parecendo muito feliz consigo mesmo, mas acrescentando em voz baixa - O suco realmente ficou muito doce, nem eu consegui tomar, e o sanduíche... bem, prefiro nem mostrar.
- Então, pode me trazer a sugestão, eu adorei. - disse null sentando ereta na cadeira - Estou morrendo de fome.
- Como a senhorita quiser. - falou null indo buscar a comida.

...

- Você acha que ele vai topar? - perguntou uma voz familiar vindo da sala.
- Mas é claro que vai! - disse uma segunda voz - É uma grande oportunidade.
- Mas e se quiserem um de nós? - uma terceira voz invadiu a cozinha anunciando que a casa estava, mais uma vez, cheia de gente.
- Será que não podemos ficar sós um dia se quer? - perguntou null revirando os olhos.
- Acho que para isso teríamos que fugir para outro planeta. - riu null levantando com o prato sujo nas mãos.
- Aí estão vocês! - disse null invadindo a cozinha - null, precisamos te contar uma novidade.
- A novidade não podia esperar? - perguntou o garoto irritado.
- Sinto muito dude, mas você vai gostar de saber. - disse null - É sobre a banda.
- Panquecas? Suco? - Perguntou null olhando os pratos ao redor - Isso é uma comemoração?
- null! - disse null prestes a matá-lo enquanto null tentava fugir de fininho pela porta, quando foi agarrada por null.
- null? - perguntou null segurando a garota na porta - Vocês...
- null, se você não largar ela, agora, vou fazer um questionário com no mínimo cinqüenta perguntas assim que a minha irmã chegar. - falou null olhando de forma ameaçadora para o amigo.
- Tudo bem, tudo bem. - disse o garoto deixando null sair da cozinha mais vermelha que um tomate - Mas não se iluda, ela vai me contar tudo, a null nunca me esconde nada.
- Ameaçou!- riu null afastando a garrafa de leite para sentar na mesa.
- Vocês querem fazer o favor de falar logo! Qual é a novidade? – pediu null respirando fundo - Se estragaram minha manhã, podem pelo menos ser breves...
- Nossa dude, não precisa tanto drama. - disse null sentando na cadeira, que antes era ocupada por null - Só viemos porque a coisa é séria.
- Então falem logo. - disse null sentando também.
- Seguinte...- começou null - Quando saímos do pub ontem a noite, antes de cada um ir para sua casa, passamos numa lanchonete para comer alguma coisa porque estávamos mortos de fome. Já estávamos saindo de lá quando o meu celular tocou, era um amigo meu que há muito tempo não via, ele largou a escola e resolveu ser agente ou sei lá o que.
- Eu sei quem é. - disse null, surpreso ao lembrar do garoto - Aquele ruivo que morava perto da sua casa, aquele que parecia sempre estar drogado.
- Esse mesmo. - concordou null - Então, ele me ligou dizendo que vai ter um teste para formação de uma banda nova, estão procurando gente que saiba cantar.
- Mas nós já temos uma banda. - argumentou null meio confuso - Não queremos entrar em outra.
- Foi isso que eu disse a ele. - respondeu null - Mas aí veio a sugestão: Dois de nós vão para o teste, fazem um bom trabalho, se destacam entre os candidatos e se nos escolherem recusamos, assim seremos ouvidos por pessoas importantes que poderão ajudar na nossa carreira.
- Isso... – tentou falar null enquanto olhava o rosto dos amigos apreensivos.
- Perfeito, não? - perguntou null esperançoso.
- É. - disse null por fim - É genial! - completou fazendo os amigos soltarem gritos pela cozinha.
- Não falei que ele não era tão idiota quanto parece? - perguntou null, praticamente gritando.
- Falou, falou... - disse null feliz demais para se importar com a careta de null . - É que às vezes ele pensa.
...

- Que barulho é esse? - perguntou null de volta - Eu perdi alguma coisa?
- null... - disse null indo até a garota - Nós vamos fazer um teste.
- Um teste? Algum produtor vai ouvir o McFly? - perguntou a garota tentando pensar no meio de tantos gritos.
- Não. - respondeu null - Vão ouvir parte do McFly.
- Vocês vão se separar? - perguntou a garota exacerbada - Proíbo vocês, não podem fazer isso.
- null, null... - disse null a abraçando - Não é nada disso.
- Mas...
- Isso faz parte de um plano- respondeu o garoto- Senta aqui que eu te explico.




Cap. 57

- Por que? Por que? Por que nós não podemos ir também? – perguntava null andando atrás de null, enquanto o garoto colocava os instrumentos no carro.
- Nós já falamos sobre isso. - lembrou ele fechando o carro e caminhando novamente para dentro da casa.
- Mas eu continuo sem concordar com a explicação boba de vocês. - disse a garota o seguindo - Nós não íamos atrapalhar ninguém. Ficaríamos quietinhas num canto só olhando... se vocês quiserem nem respiramos com freqüência para não gastar todo o oxigênio do local.
- Não é só por vocês tirarem nossa concentração, você sabe que não cabe todo mundo num único carro. - respondeu null parando na porta do porão para gritar - Vamos lá pessoal, já está tudo no carro!!
- Então vamos em dois carros, qual é o problema? - perguntou null voltando a andar assim que o garoto deu os primeiros passos em direção à porta da frente.
- null, que fazer o favor de parar de me seguir? – disse null virando para encarar a garota - Tá pior que a minha sombra.
- Não! – falou a garota emburrada.
- Não o que? - perguntou o garoto confuso - Não tá pior que a minha sombra ou não vai parar de me seguir?
- Os dois. - disse null cruzando os braços.
- Você é a pessoa mais birrenta que eu conheci em toda a minha vida e aposto que é a mais birrenta de toda a galáxia, sabia? - perguntou null parando na porta.
- Vocês que são absurdamente birrentos, não custava nada levar a gente junto. - respondeu null levantando a voz - Eu não quero perder esse momento marcante na carreira de vocês.
- Mas é isso mesmo que vai fazer. Vai ficar aqui, como uma boa garota, e quando sua mãe ligar para saber como andam as coisas, não vai poder se queixar que foi levada para um hotel vagabundo por quatro garotos loucos que tem uns trocados no bolso e uma banda de garagem. - rebateu ele de maneira tão rápida que as palavras pareciam até misturadas.
- Isso não é justo. Nós não nos importamos de dormir no carro se for preciso. - falou a garota repetindo o mesmo discurso que fizera para null na noite anterior quando tentava convencê-lo de levá-las junto.
- Qual é o problema de vocês? – perguntou null querendo passar pela porta - Vocês podem discutir em outro lugar?
- NÓS NÃO ESTAMOS DISCUTINDO! - gritaram os dois ao mesmo tempo.
- Perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado. - riu null aparecendo no hall - Lição de sobrevivência número um, nunca se meta na briga desses dois.
- Isso não era uma briga. - disse null saindo da casa para deixar a porta livre.
- Nós estávamos apenas dialogando. - completou null seguindo o amigo.
- Vocês são loucos, sabiam? – perguntou null fazendo uma cara assustada.
- Que briga é essa, aqui? - perguntou null aparecendo na porta.
- Ouvimos os gritos lá de cima. - disse null seguindo a amiga - Alguém saiu machucado? Algum olho roxo? Braço quebrado?
- Não falei, que parecia uma briga? - disse null - Eu disse.
- Não estávamos brigando. - bufou null - Era apenas uma conversa cordial entre amigos.
- Sei... – disse null - Vocês me dão medo.
- Reunião e ninguém me chama? - perguntou null.
- null!!!!!! - disse null correndo até o garoto - Ela disse que eu dou medo nela. - completou apontando para a amiga.
- Mentira. - defendeu-se null - Eu disse que ela e o null me dão medo.
- Viu, ela ainda confessa! - falou null fazendo manha.
- Acho que alguém está sensível porque vai ficar em casa. - riu null aparecendo novamente, dessa vez trazendo null nas costas.
- Não estou, não! - rebateu a garota.
- Ok, ok, cada um cuida da sua vida agora. - disse null puxando a namorada para mais longe dos amigos - Dois minutos para despedidas e quero todos dentro desse carro.
- Vou sentir saudade. - disse null assim que os dois ficaram fora do campo de audição dos amigos - É incrível a rapidez com que se sai do céu para o inferno. Ontem de manhã tudo estava perfeito, hoje tudo parece errado.
- null, não fala bobagem. - falou null segurando seu queixo para poder olhar seus olhos. - Eu volto em três dias, é só o tempo de fazermos o teste e esperar uma resposta.
- Por que vocês não podem esperar uma resposta aqui? - perguntou ela com os olhos molhados por lágrimas, que tentava segurar o máximo possível. - Por que vocês têm que ficar esse tempo todo... longe?
- Porque lá nós vamos estar cercados de pessoas importantes no ramo da música, vamos aproveitar ao máximo essa oportunidade.
- null...
- O que foi, null?
- Quando você ficar famoso e viajar pelo mundo todo fazendo shows, quando suas músicas forem tocadas em rádios de vários países e todos souberem mais da sua vida do que você mesmo... Ainda vai lembrar de mim? Ainda vai me amar?
- Eu posso ser mais famoso que o próprio Paul McCartney, nunca vou te esquecer, nunca mais vou conseguir viver de outra forma que não seja ao seu lado. Será que finalmente você pode entender que eu te amo?
- Do amor eu sei bem. - disse a garota não contendo mais as lágrimas - O problema é que a vida já me ensinou que nem sempre amar... basta.
- null, eu sei que já errei muito. - disse null desesperado por tê-la feito chorar - Eu não sou bobo, eu sei que por mais que eu tente nunca vou apagar meus erros passados. Eu só quero que você acredite em mim agora, eu não vou mais errar, não com você, porque eu sei como é ruim te perder e eu não quero que isso aconteça de novo.
- Mas você está fazendo algo parecido comigo, você vai ficar longe, é como te perder por alguns dias. - disse null passando as costas das mãos no rosto para secar as lágrimas - Eu não gosto de não te ter perto de mim.
- Eu prometo que isso não vai demorar, assim que a banda tiver um futuro garantido, nós casamos. - disse null segurando-a perto de si - Eu te prometo que casamos. Se eu tiver um contrato casamos amanhã mesmo se você quiser.
- null!!!!! - gritou null do carro - Vai ficar aí o dia todo ou vai com a gente?
- Já vou! - disse o garoto olhando sobre os ombros de null - Eu ligo quando chegar - completou beijando sua testa - Pensa no meu pedido, quando eu chegar quero um “sim”.
null, null, null e null ficaram na calçada acenando para o carro, que começava a descer a rua com quatro garotos, indo para um lugar desconhecido. O sentimento de perda espalhava-se rapidamente pelo corpo. Cada uma reagia de uma forma à medida que o carro ficava menor no final da rua, cada uma sentia uma sensação diferente, mas todas juntas podiam sentir a dor. Ao não poder mais vê-los, tocá-los, ouvi-los, as quatro sentiram o chão fugir de debaixo de seus pés, era como se o ar ficasse de repente rarefeito e tudo ao redor passasse em câmera lenta. O vizinho que tirava o carro da garagem para mais um dia de trabalho, a mulher que passeava com o cachorro, a criança que brincava achando que poderia voar... Tudo parecia estar acontecendo num lugar muito distante, muito mais calmo e feliz.
- Vamos entrar, então? - chamou null minutos depois, quando as primeiras gotas de chuva, começaram a cair do céu, molhando seus casacos - Não adianta ficarmos aqui fora olhando o nada.
- Você tá certa, null. - disse null - Já começou a chover, ficar aqui fora é pedir uma gripe.
- O que a gente vai fazer durante esses três dias? - perguntou null caminhando para dentro.
- Torcer por eles. - falou null dando uma última olhada no horizonte, onde o carro sumira antes de se arrastar para dentro da casa com o pensamento ainda nas últimas palavras de null. Aquilo tinha sido um pedido de casamento? Ele estava mesmo falando sério?
- Não, não, não, isso não está certo. - disse null tirando o casaco assim que sentiu o calor aconchegante da sala. - Eles foram porque quiseram, ninguém os obrigou, eles estão felizes então não tem nenhum motivo para nós ficarmos aqui com essas caras de enterro.
- A gente sabe. - falou null sentando no chão - O problema é que a emoção fala mais alto que a razão nessas horas.
- Então vamos embriagar nossas emoções idiotas. - disse null andando na direção da cozinha - Quem quer beber alguma coisa?
- Você tá mesmo propondo uma embriaguês coletiva? - perguntou null incrédula ao finalmente conseguir ouvir a conversa ao seu redor.
- Claro que estou. - respondeu a amiga, longe já. - Não vou ficar triste por alguém que está feliz.
- Eu concordo. - falou null seguindo a amiga - Vamos curtir esses dias à moda das meninas.
- Como era antigamente? - perguntou null esboçando um sorriso fraco no canto da boca.
- Como era antigamente. - gritaram null e null da cozinha.
- Então estou dentro. - disse null finalmente rindo - null você não vem?
- Dane-se. - falou a garota antes de levantar - Preparem um duplo para mim seja lá o que estiverem fazendo que eu tenho muito o que comemorar.
- Como assim muito que comemorar? - perguntou null, abrindo a porta da geladeira.
- Se eu realmente ouvi o que penso que ouvi acho bom todas rezarem em dobro para um contrato sair dessa viagem. - riu a garota sentindo que finalmente tinha entendido o que null dissera - Acho que vou casar!
- O QUEEEEEEEEEE????


Cap. 58

Era começo de primavera e o sol parecia brigar com a espessa camada de nuvem, para aparecer no céu, naquela manhã. Todos os dias da primavera daquele ano estavam sendo assim, uma briga entre o sol e a chuva para ver quem era mais forte, podendo ficar por mais tempo fazendo companhia aos londrinos. As flores começavam a abrir por todos os lugares. Até mesmo numa minúscula fresta entre os blocos de cimento da calçada elas podiam ser admiradas por suas cores, alegrando o ambiente, normalmente, tão cinzento daquela cidade. Ignorando o frio, que deixava Londres, aos poucos, após o inverno rigoroso, as pessoas já saiam de casa sem levar seus casacos e luvas. Todos pareciam aquecidos demais para carregar pesadas roupas naquela estação. Bem, pelo menos internamente estavam aquecidas já que nas ruas tudo que se podia ver eram mãos entrelaçadas, abraços tímidos e rostos corados. Como dizem os franceses “l'amour est dans l'air”.
Em uma ampla sala ela estava sentada em frente a um espelho antigo. Mexia nas pontas do cabelo de maneira despreocupada enquanto seus pensamentos voavam longe, estavam soltos numa mistura de passado e futuro. Era uma missão muito difícil de cumprir permanecendo focada no presente, quando cada escolha do passado a levara a este cômodo ligeiramente frio, quando o futuro parecia se dispor a concretizar profecias passadas.
Quando finalmente voltou a si e conseguiu realmente analisar sua imagem no espelho manchado, pelo tempo, sentiu o coração bater de forma acelerada no peito. Era hoje. Após tantas reviravoltas da vida, após tantos sonhos destruídos pela realidade, ela finalmente pôde sentir que seu final feliz estava próximo, muito mais próximo do que ela jamais poderia imaginar aos dezessete. A vida ensina, os anos que passam são como diplomas recebidos, cada dia uma nova lição. A família nos mostra os primeiros passos. Os amigos abrem nossos olhos para o maravilhoso sentimento da partilha. Não partilha material, mas sim uma bem mais difícil e prazerosa, a partilha espiritual. Os amores vêm para abrir espaço em nossos corações ainda tão egoístas e imaturos. E as decepções de que tanto reclamamos, essas tem um papel essencial, nos mostram que somos bem mais fortes do que jamais sonhamos, nos ensinam a levantar mais uma, duas, três... Mil vezes se necessário.
A garota, que não era mais tão garota, afinal de contas, levantou para olhar seu antigo quarto. Estava na casa que fora de seus pais enquanto estes moravam em Londres. Por ter ficado muito tempo fechada tudo aparentava ser muito mais antigo do que realmente era. O papel de parede amarelado, a cortina com o bordado desfeito, as fotos de uma criança sem os dentes da frente, sorrindo ao lado de bichos exóticos e paisagens de tirar o fôlego... Tudo parecia pertencer à outra pessoa, e ao mesmo tempo, era tanto dela, que por anos, implorou aos pais que não vendessem o único local que ela teve a família unida, por mais tempo, e pôde chamar de lar.

Lar, ela lembrou dessa palavra e isso formou um sorriso no canto da sua boca. Aquela casa velha, trazia a lembrança de lar com seus pais, mas não a única lembrança de lar que ela guardava. Ela conheceu outro lar na vida, um que ficava bem perto, por sinal. Era sempre tão barulhento, tão bagunçado, tão cheio de amigos. Sim, ela teve outro lar, um formado não por laços sanguíneos, mas por laços invisíveis de amizade. Deste segundo lar talvez, ela sentiria mais falta até do que do primeiro, mas uma certeza tentava acalmar seu coração irracional, não importava qual escolha ela estivesse feito, não importava qual caminho ela trilhasse, as pessoas que tornaram ambos os lares tão importantes, estariam guardadas em seu coração.
Nem sempre o que sonhamos quando crianças, coincidem com o nosso destino. De tudo nós podemos escapar, a todos podemos enganar, menos ele. Quando o destino bate em nossa porta, não importa o que estejamos fazendo, ou com quem estejamos lá dentro, somos obrigados a abrir a porta. O destino é assim, quando chega, nos suga ao seu encontro e uma vez encarado de frente, e olhado nos seus olhos. Fugir não é mais uma opção.
Ela levantou, olhou pela última vez sua imagem no espelho e deteve seus olhos um pouco mais ali. Os dedos trêmulos deslizaram sobre a seda fina do vestido, sentiram a delicadeza do discreto colar de pérolas, brincaram um pouco mais com as pontas do cabelo e finalmente pararam em seu rosto. Estava na hora, ela podia ouvir o movimento no andar inferior aumentar, pés apressados andando de um lado para outro fazendo barulho no piso de madeira. Estava na hora e ela já não tinha certeza se fizera a escolha certa, tudo que sabia era que aquele era, inevitavelmente, seu destino.

- null, como você demorou. – ela pôde ouvir sua mãe dizendo quando desceu a escada lentamente, com medo de tropeçar no vestido que arrastava um pouco no chão - Estávamos para chamar o corpo de bombeiros para tirá-la daquele quarto.
- Não brigue com ela. - agora era a voz do seu pai que era processada em sua mente - Hoje ela pode tudo. - completou de forma brincalhona abrindo os braços para aconchegá-la junto ao peito - Você está mais bonita que qualquer outra mulher jamais esteve, sunshine.
- Obrigada pai. - ela ouviu-se dizendo enquanto tentava engolir as lágrimas que queriam borrar sua maquiagem - Eu senti tanta saudade.
- Você não imagina a falta que nos fez. - disse sua mãe juntando-se ao abraço - Ficar longe da nossa única filha por quase cinco anos foi a coisa mais dolorosa que fizemos em toda nossa vida.
- Sem exageros, mãe. - disse a garota tentando rir - Vocês vinham aqui sempre que podiam, e eu cheguei a visitá-los duas ou três vezes.
- Deixa você ter filhos para saber como é estar longe deles. - disse seu pai descansando a mão sobre a barriga lisa da filha - Você vai me dizer depois.
- Onde está todo mundo? Quando eu fui me vestir todos estavam aqui na sala.
- Já foram na frente. - respondeu sua mãe sem tirar o sorriso bobo do rosto ao olhar para filha - Você demorou muito lá em cima.
- Acho que perdi a noção do tempo. - disse ela envergonhada - Entre colocar o vestido e me maquiar me distrair um pouco...
- Isso porque você é teimosa e não deixou ninguém ajudar com a roupa. Eu bem que ofereci, a pobre da null faltou implorar para pelo menos vê-la se arrumando, mas você expulsou todos do quarto.
- Eu precisava de um tempo sozinha para pensar um pouco, mãe. Nesses últimos dias eu estive tão ocupada e com tantas pessoas ao meu redor que quase sufoquei.
- Mas valeu a pena, tudo está arrumado do jeito que você sempre sonhou. Simples, porém lindo. E você, você está a coisa mais bonita que eu já vi, meu anjo.
- Então vamos? - perguntou seu pai olhando o relógio - Estamos atrasados, bem atrasados se querem saber.
- Vamos. - falaram as duas juntas antes de começarem a rir uma do nervosismo da outra.
Quando a incerteza nos ronda e o medo de escolher a estrada errada nos sufoca, dizer “não” se torna muito fácil, muito simples, quase indolor. Afinal de contas o que é dor? Apenas mais um sentimento como tantos outros que nos mostram que somos humanos, dor, felicidade, ódio, inveja, medo, prazer, andam sempre lado a lado dentro de cada um de nós. Um “não” dito quando todos esperam um “sim” machuca, mas melhor sofrer por um “não” inesperado que por um “sim” precipitado. Uma negação não significa mudança de plano, nem falta de amor, às vezes é por amor que nos recusamos a dizer um “sim”. É por medo de sofrer e mais ainda de fazer o outro sofrer que optamos pelo “não”.
Enquanto o carro passava pelas ruas fazendo as casas, árvores e pessoas ficarem para trás, ela olhava pelo vidro sem perceber a conversa que vinha dos bancos da frente. O passado parecia correr ao lado do carro, fazendo com que ela se perdesse em pensamentos sobre os últimos anos de sua vida. Os risos dos amigos ainda ecoavam nos seus ouvidos, os acordes de suas músicas preferidas faziam seus pés balançarem levemente e os momentos com ele faziam o sangue correr mais rápido em suas veias, martelando em seu ouvido. Se aos dezessete alguém perguntasse a ela qual seria sua escolha, ela não pensaria duas vezes, mas um dia, um único dia tem o poder de mudar toda uma vida. Ela já tinha feito sua escolha, agora o tempo já passara e a escolha não podia ser repensada. O tempo não perdoa, o tempo não esquece, o tempo não espera ninguém, ele apenas continua no seu ritmo e quem quiser que se adapte a ele.

- Mãe, porque eu não posso simplesmente entrar? – perguntou null, impaciente, quando o carro já estava parado no seu destino.
- Por que nós temos que ver se tudo está pronto, meu bem. - respondeu sua mãe fechando a porta ao sair - Não saia desse carro até eu vim vir buscá-la, entendeu?
- Entendi. - ela falou segurando o impulso de roer as unhas tão bem pintadas.
- Finalmente!!!!!!!! – gritou null aproximando-se do carro. O vestido alaranjado brilhava tanto exposto ao sol que null abaixou a cabeça para proteger os olhos da claridade.
- Você está, literalmente, radiante. - brincou ela assim que a amiga sentou ao seu lado no banco traseiro do carro.
- Tão engraçadinha. – riu null abraçando-a forte - Você que está perfeita, simplesmente perfeita de branco. Quando entrar por aquela porta todos vão perder o fôlego.
- Ele já chegou? - perguntou null rápido demais para disfarçar o nervosismo que impregnava sua voz.
- Claro que sim, sua boba. - disse null, rindo. - Praticamente abriu a igreja.
- E como ele está?
- Quase fazendo um buraco no chão de tanto andar em círculos. Acho bom ele mudar de profissão e ir fazer buracos para alguma construtora.
- Posso saber por que tanta gracinha? Está competindo com o null e eu não fui informada?
- Claro que não, eu sou muito melhor que ele. - riu null - Estou tentando te acalmar um pouco, uma noiva não pode entrar tremendo na igreja.
- Está tão na cara? - perguntou null, preocupada.
- Sim. - respondeu a amiga com sinceridade - A palidez te denuncia completamente, honey.
- null, eu nunca estive tão nervosa em toda minha vida. - desabafou null deixando as lágrimas teimosas escorrerem por seu rosto - Eu estou apavorada.
- Calma null, está tudo bem. - null tentava acalmar a garota, que não conseguindo mais segurar, desabou em lágrimas com a cabeça no seu colo- É normal ter duvida, todos nós temos.
- Se eu tivesse aceitado o pedido de casamento que o null me fez quando voltou daquela viagem... – Lembra?
- Claro que sim, foi logo depois da banda conseguir um contrato.
- Se eu tivesse aceitado já estaria casada, quem sabe com um filho, tudo estaria bem. - disse null entre lágrimas - Por que eu não disse um “sim” naquele dia? Por quê?
- Porque você pensou no futuro, usou a cabeça, null. - falou null lembrando da difícil escolha que a amiga tinha tomado anos atrás - Vocês eram muito novos, imaturos.
- Mas eu o amava. - disse null sem mais se importar com a maquiagem - Ele também me amava, nós deveríamos ter casado logo.
- Se vocês tivessem casado você não teria ido para faculdade, null. Você passaria a vida inteira reclamando de não ter feito nada importante para si mesma. - falou null tentando acalentar a garota com as mesmas palavras usadas por ela própria quando não aceitou o pedido de casamento de null.
- Será que essa foi a escolha certa? Eu não sei mais se foi. - disse a garota com a voz trêmula.
- Claro que foi. null você é nova, linda, saudável, formada, vai casar. Qual a outra prova que você queria para saber que tomou a decisão correta? Sua escolha foi sinal de maturidade, não sinta vergonha dela.
- Mas hoje as coisas não são mais como eram naquele tempo, null. - disse null tentando refrear as lágrimas - Ele agora é famoso, mais famoso do que nós poderíamos imaginar. Se a gente tivesse começado tudo junto seria fácil, mas começar de onde ele está...
- Está tudo bem, ok? Você está me ouvindo null? Tudo está como deveria ser. Até ontem você estava super animada com o seu casamento, com o seu futuro marido e com a vida que vocês vão ter juntos. - falou null enxugando as lágrimas da amiga com um lenço que tinha na pequena bolsa - Você só está nervosa, isso é normal. Tem que parar de chorar, noivas não choram, entendeu?
- Você acha mesmo que poderei ser feliz com esse casamento? E mais importante que isso, você acha que o null vai ser feliz com a escolha que eu tomei?
- Eu vou ter que fazer um cartaz e por em cima do Big Ben? Claro que sim, isso foi melhor para os dois.
- Ela está vindo. - disse null se arrumando no banco assim que avistou sua mãe vir em passos largos até o carro.
- Sorria. - cochichou null guardando o lenço molhado dentro da bolsa.
- Está tudo pronto, meu anjo, mas o que aconteceu com a sua maquiagem? – perguntou ao ver a filha sem cor nenhuma no rosto - Temos que retocar isso antes de você entrar.
- Não precisa mãe, eu estou atrasada. - falou ela saindo do carro. Naquela altura o que ela queria era dizer “sim” e acabar com toda aquela angústia de uma vez por todas.
- Pode ficar parada aonde está. - disse sua mãe pegando uma malinha no banco da frente - Eu trouxe um kit de maquiagem para o caso de uma emergência e isso com certeza é uma.
- Mas mãe... – tentou a garota sem sucesso algum, segundos depois seu rosto estava sendo coberto por várias camadas de blush e rímel.
null ficou do lado de fora da grande porta de madeira enquanto esperava seu pai fazer um primo distante parar de interrogá-lo sobre suas viagens, para buscá-la na porta. A garota ficou observando os arranhões que tinham na madeira, tentando achar alguma seqüência lógica neles. O sol brilhava mais que em qualquer outro dia do ano, parecia ter vencido sua batalha contra a chuva, pelo menos momentaneamente. Ela podia ouvir os ruídos das vozes que vinham do outro lado da porta e isso fazia seu estômago revirar de forma impiedosa, deveria ter uma lei proibindo noivas de sentirem isso no dia do seu casamento, pensou. O medo continuava a espreita, mas a vontade de resolver tudo era maior e vencia a ânsia de sair correndo para um lugar distante e vazio.

Cap. 59

Uma porta, uma simples porta a separava do passado e do futuro. De um lado a garota simples, criada em mil lugares, tão indecisa e cheia de sonhos. Do outro uma mulher casada, com responsabilidades e deveres a cumprir. Um simples passo para trás ou para frente teria o poder de mudar tudo novamente, mas será que mudar no que já foi mudado era a melhor opção? Às vezes mexer muito em uma coisa para melhorá-la acaba estragando tudo. Às vezes o passo mais importante que damos em nossa vida é o que demoramos mais tempo decidindo.
- Pronta filha? - perguntou seu pai aparecendo assim que a porta abriu seus primeiros centímetros.
- Calma... - disse null respirando fundo. O ar que continuava frio mesmo com a presença do sol encheu seus pulmões antes dela conseguir responder - Estou.
Assim que a grande porta foi totalmente aberta ela pôde ver vários rostos curiosos virados para entrada entre a delicada decoração de flores do campo e os bancos de madeira escura. Estavam lá alguns antigos amigos de escola, ex professores, parentes distantes, familiares do noivo... Ao lado do altar onde estava posicionado o padre estavam sua mãe, null , null , null , null , null e null , alguns sorrindo, outros chorando, mas todos ao seu lado no seu grande dia. Caminhando lentamente ao som da marcha nupcial null segurava firme no braço do pai para não ser sabotada por suas pernas trêmulas e cair na frente de todos.
Quando chegou mais perto do altar ela pôde ver um par de olhos verdes nos seus, olhos que ela conhecia muito bem. Ele estava ali, esperando ela chegar enquanto sorria de forma encantadora. null podia ver que Chris estava feliz, ela podia ler seus olhos, aquele não era o sorriso diplomático, era o sorriso verdadeiro, aquele que ele guardava para ocasiões especias. Ela foi aproximando-se a cada passo, sentindo o coração acelerado mais alto que os suspiros e elogios dos convidados, mais alto que a música ao fundo. Sem tirar os olhos do altar ela passou por ele esboçando um sorriso tímido que aumentou de forma inacreditável quando avistou null no altar.
Quando seus olhos se encontraram foi como ser sugada por um buraco negro, ela não sabia onde isso iria dar, só sabia que não tinha como não se aproximar mais e mais. Quando viu o sorriso nos lábios dele e o brilho em seu olhar todos seus medos dissolveram, todo o temor de assumir uma casa, as responsabilidades que vinham com a aliança, o medo de não conseguir fazê-lo feliz, tudo desapareceu instantaneamente como se nunca tivesse existido. Ver a imagem de null vestindo terno, com o cabelo penteado, sapato social, desviou toda sua atenção da decoração que a rodeava. Como sempre, tudo, inexplicavelmente tudo, resumia-se a ele.
null sabia de todo o esforço que null fizera para suportar seu “não” e permanecer ao seu lado até ela sentir-se preparada para o casamento. Ele esteve ao seu lado quando ela decidiu ir para faculdade e não para uma casa só deles, quando ela estava ocupada demais estudando para opinar sobre sua nova música, quando ela não podia acompanhá-lo em entrevistas e viagens por causa das provas. Ela por outro lado esteve ao lado de null quando ele assinou o primeiro contrato, quando ele ligava bêbado de madrugada para dizer que sentia sua falta, quando ele estava ocupado demais com a imprensa e com as fãs para ouvir o que ela tinha a falar. Ambos erraram e acertaram ao longo do tempo, sorriram e choraram, foram bons e maus, mas acima de tudo, eles se amaram.
Sem dizer nenhuma palavra null tomou o lugar do pai de null , ao seu lado, e sem tirar os olhos dela beijou sua mão delicadamente como se fosse o primeiro beijo. As pessoas ao redor eram meros figurantes de uma cena bem maior, bem mais complexa que envolvia apenas os dois protagonistas. null percebeu que todos os seus temores não tinham nenhuma validade, pois estando diante do padre percebeu que aquela cerimônia era apenas um ritual a ser cumprido, ela já tinha se comprometido com null muito antes de dizer o “sim”. Ela já era dele e ele já era dela desde a primeira vez que se viram.

-Como conseguiu deixar os paparazzis longe daqui? - sussurrou a garota quando o padre pediu para que todos sentassem.
- O null “deixou vazar” que nós tínhamos fugido para Vegas e nos casaríamos vestidos com calça jeans e blusas rasgadas, esta noite. - sussurrou null tentando abafar o riso - Eles devem estar num vôo para os Estados Unidos nesse momento.
- Eu achei que seria impossível mantê-los longe. - surpreendeu-se a garota sentindo o último peso sair de suas costas.
-Não existe impossível para null null. - disse null com o ar presunçoso antes de completar, piscando para ela – Nada que te faça feliz é complicado o suficiente para eu não conseguir fazer.
As palavras proferidas pelo padre ecoavam por toda igreja, ricocheteando nas grandes vidraças por onde os raios de sol entravam para banhar os convidados de luz. Cada citação, cada simples letra parecia perfeita para a ocasião. Ser famoso tem suas vantagens, até mesmo os padres sabem o bastante de sua vida para falar muito bem dela, melhor do que você. Quando a pergunta mais importante de toda sua vida é feita diante do altar, perante Deus, você simplesmente faz a escolha certa, você esquece todo o resto, você esquece de tudo e apenas o que consegue pronunciar é o “sim”. Quando o padre diz que os declara marido e mulher todos sentem um frio na barriga, mas o beijo do final faz tudo parecer tão correto, tão perfeito, que as dúvidas já não cabem mais. A escolha foi tomada, as alianças trocadas, os noivos casados.
- Viva ao casal!!!!!!!!! - gritaram null, null e null assim que null e null terminaram o longo beijo.
- Viva!!!!! - responderam em coro os convidados num arrojo de felicidade.
- Como está se sentindo, senhora null? – perguntou null aproximando-se da amiga para abraçá-la.
- Completa. - respondeu null, sorrindo, sem soltar a mão do marido.
- Foi o casamento mais bonito que eu já vi em toda minha vida. - falou null aproximando-se do casal - Sintam-se felizes, agora eu não terei a menor chance de ter um casamento melhor.
- Não fala assim, null. - disse null rindo - Nós vamos ter o casamento mais legal de todos, estava pensando em dizermos o “sim” durante uma queda livre de uns duzentos metros, ninguém supera isso.
- Ai está o engraçadinho. - disse null abraçando o amigo - Vocês são os melhores padrinhos que eu poderia ter.
- Repete mais uma vez que nós estávamos longe e não ouvimos direito... - brincou null aproximando-se com null em seu encalce.
- Vocês são os melhores padrinhos do mundo! - gritou a garota levantando os braços. Ser casada não trouxera as mudanças que null temia, eles eram os mesmos de sempre, ela era a mesma, tudo estava como devia ser.
- Eu gostei muito de tudo isso. - disse null praticamente saltitando de alegria - Quem são os próximos a casar?
- Não olhem para mim. - disse null imediatamente - Ela bebeu um pouco antes da cerimônia, deve estar bêbada.
- Não estou, não. - protestou null, que realmente estava um pouco mais alterada que o normal, mas afinal quem consegue ver uma grande amiga casar sem umas doses na cabeça? Ela, com certeza, não.
- E aí? A viagem de lua-de-mel está de pé? - perguntou null batendo no ombro de null - Vocês vão mesmo passar uns dias no Brasil?
- Pode apostar que sim! - respondeu null radiante - Vão ser dias de muito sol, mar, e sossego, meu caro .
- Você não nasceu no Brasil, null? - perguntou null percebendo a coincidência pela primeira vez desde que a amiga lhe contara o destino de sua viagem.
- Nasci. - riu a garota - Vou voltar lá pela primeira vez desde esse tempo, dá para acreditar?
- Desnaturada. - brincou null - Acho bom vocês aproveitarem bastante esses dias de descanso, porque na volta temos um CD para gravar.
- Sem falar em paparazzis furiosos com o casamento feito às escondidas. - lembrou null, rindo - Queria tanto ver a cara deles quando chegarem em Vegas e descobrirem que não tem casamento nenhum lá.
- Vamos dar uma volta, gente. - sussurrou null cortando os risos dos amigos ao perceber que mais pessoas queriam cumprimentar o casal.
- Vamos indo lá para fora. - disse null aos dois - Vamos arrumando “aquilo” - completou piscando para null.
- Deixa eu ir antes que eles me puxem para a conversa também. - falou null já se afastando - Nos vemos lá fora.
- Arrumar o que? - perguntou null confusa antes de ser interrompida.
- Filho... - disse um homem de certa idade, muito bem vestido, aproximando-se do casal sendo seguido por uma mulher que parecia uma versão mais velha de null. - Não vai dar um abraço no seu pai?
- Claro que sim! - disse o rapaz abraçando-o forte - Mãe, como a senhora está fabulosa. - completou abraçando-a em seguida.
-Meu homenzinho. - disse a senhora null apertando suas bochechas da mesma forma que fazia quando ele era menino - Você agora está casado, é um homem de verdade.
- E está mulher linda? - disse o pai de null ao puxar a nora para mais perto - Meus netos serão as crianças mais bonitas do universo.
- Papai. - riu null ficando corado - Não assusta a minha mulher com suas idéias loucas.
- Mas seu pai está certo. - disse a senhora null apertando mais uma vez as bochechas do filho - Nós perdemos tempo demais longe dos nossos filhos, queremos ter outra oportunidade, temos que ter muitos netos para mimar.
- Eu não sei se serão muitos, mas quem sabe um. - disse null rindo sobre as possibilidades que se abriam em sua frente - Um dia.
- Só um? - perguntou a sogra decepcionada - Eu estava pensando em pelo menos três.
- Mamãe o que a senhora achou da cerimônia? - perguntou null, rapidamente, mudando de assunto. Era claro que ele queria ter filhos, mas isso não era conversa para se ter minutos após o casamento.
- Absolutamente linda. - respondeu ela voltando a sorrir como se nada tivesse perturbado seu bom humor - O padre foi maravilhoso, a decoração de muito bom gosto, o vestido da noiva... Nossa...
- Sem querer atrapalhar a animada conversa... - disse o senhor null para a esposa - Acho melhor irmos lá para fora, não podemos monopolizar o casal, meu bem.
- Só mais uma coisinha, - disse ela antes de acompanhar o marido para o lado de fora da igreja onde seria a festa - Eu tenho orgulho de vocês. - Completou dando um beijo na testa de cada um - Nos vemos mais tarde.
-Eles estão tão felizes- comentou null quando os dois se afastaram- Fazia tempo que não via eles assim.
- Fazia tempo que você não via eles de jeito nenhum. - brincou null - É muito bom ter eles aqui nesse dia.
- null!!! - brigou a garota com sua famosa pose com a mão na cintura - Você tinha alguma dúvida de que seus pais viriam para o seu casamento?
- Tinha. - disse o rapaz envergonhado - Eles nunca foram muito ligados em datas comemorativas.
- null...- disse a voz de um homem que andava com dificuldade contra os outros convidados que estavam saindo da igreja.
- Chris? - Perguntou null ficando na ponta dos pés para tentar olhar o dono da voz.
- null, - disse Chris finalmente chegando em frente ao casal- null.
- Oi. - disse null de mau gosto segurando null pela cintura o mais próximo possível do corpo.
- Assim que recebi o convite desmarquei todos os meus compromissos para estar aqui - disse o rapaz sem se deixar abalar pela atitude de null.
- Não precisava fazer isso. - disse a garota preocupada - Espero que não tenha deixado nada de importante para estar aqui.
- Claro que eu tinha que vir. - disse ele ignorando o olhar ameaçador de null. - Eu devia isso a vocês. Eu sinto muito pelo que houve no passado.
- Que bom que sente. - disse null com rispidez na voz - Isso prova que você tem algum caráter, afinal de contas.
- null... – a garota começou a falar, mas foi interrompida por Chris.
- Deixa null, ele tem razão. - falou ele humildemente - Eu poderia ter destruído tudo isso aqui se seus amigos não tivessem te contado a verdade. Eu fui um canalha, mas vim aqui dizer o quanto me arrependo disso.
- Chris você não foi um canalha, apenas agiu sem pensar direito nas conseqüências - disse null sentindo quão insignificante o passado era. Quando uma pessoa te magoa e te faz sofrer, você chora, sente raiva, rancor... Mas com o passar do tempo os detalhes vão se perdendo, outros fatos acontecem e em alguns casos, como nesse, a felicidade é tão grande que rouba o espaço de qualquer outro sentimento. Chris agora não era mais o vilão, o garoto mau, ele era apenas Chris, um velho amigo de escola.
- null eu sinto muito por tudo. Eu só queria o melhor para ela e se o melhor for você, eu tenho apenas que lhe dar os parabéns.
- Está tudo certo. - respondeu null ficando menos tenso - Todos nós cometemos erros na vida, é inevitável.
- Tenho que concordar. - disse Chris rindo. Nunca ele poderia imaginar que fosse concordar com seu rival em algo - Bem, eu tenho que ir, passei aqui só para ver a cerimônia mesmo.
- Eu gostei muito de ter te visto. - falou null sorrindo - Muito mesmo.
- A gente se vê por aí. - disse null apertando sua mão.
- Claro que sim. - respondeu Chris retribuindo o gesto - Em alguns meses será a vez de vocês me visitarem, vou me casar em alguns meses.
- Nossa Chris, parabéns! - disse a garota feliz pelo amigo ter, finalmente, encontrado alguém para amar e ser amado - Nós estaremos lá com toda certeza, não é mesmo null?
- Claro que sim. Pode contar com a nossa presença.
- Então nos vemos lá. - disse ele se despedindo - Meus parabéns mais uma vez.
Após serem cumprimentados por mais algumas pessoas o casal dirigiu-se para o gramado, que ficava ao redor da igreja, onde teria uma pequena comemoração. Uma grande tenda transparente tinha sido posta sobre a parte mais verde da grama. Dentro, estavam dispostas várias mesas que já estavam ocupadas pelos convidados, no fundo foi montado um pequeno tablado de onde os músicos tocariam. Os suportes de sustentação estavam enfeitados com guirlandas de flores brancas e lilás que juntamente com as flores dispostas ao redor da tenda davam um ar aconchegante e perfumado ao local. Já passava das três e as nuvens pareciam brincar no céu, fazendo desenhos engraçados para as crianças rirem. O tempo, normalmente frio, estava bem agradável e os vestidos coloridos alegravam ainda mais o ambiente.
- O que você achou? - perguntou null quando chegaram em frente a grande tenda - Você estava teimando em nada de festa, então me esforcei ao máximo para tudo ficar bem simples.
- Eu mesma não faria melhor. - disse null sem conseguir acreditar no que seus olhos viam. Ela não queria festa e por isso não se envolveu com nada dessa parte, mas agora que via aquelas flores, as mesas cheias de comida, as pessoas sorrindo... Não podia acreditar que chegou a pensar em sair direto da cerimônia para o aeroporto.
- Acho que isso é uma coisa boa. - riu null puxando a garota para mais um beijo.
- Isso deve ter dado muito trabalho! - disse null voltando a admirar tudo aquilo.
- Deixa de besteira, null- falou o rapaz caminhando com ela em direção a entrada da tenda - Ainda tem mais uma coisa.
- O que? - perguntou a garota incrédula - O que mais pode haver? Isso tudo é perfeito.
- Os recém casados chegaram. - a voz de null soou no microfone - Um brinde ao novo casal - disse para, em seguida, todos levantarem suas taças alegremente - Agora que estão todos aqui pedimos que nosso caro amigo null junte-se a nós para uma pequena homenagem.
- O que é isso? - perguntou null, confusa, ao marido.
- null senta lá com seus pais. - respondeu null sorrindo - Você verá.
- Mas...
- Faz o que eu digo sem mil perguntas pelo menos uma vez null? - pediu ele caminhando até o pequeno tablado enquanto a garota ia sentar-se sem entender nada.
- Bem... - disse null no microfone - Como todos sabem eu esperei muito tempo por esse dia, o dia em que eu casaria com essa mulher, a mulher não só da minha vida, mas sim da minha existência. Então eu compus essa música há um tempo, mas esperei por esse dia para dar de presente para ela. null essa é para você, na realidade todas são, mas essa é especial - completou sem tirar seus olhos dos assustados e emocionados olhos dela.
- Em primeira mão nossa mais nova música. - disse null aos convidados enquanto null se posicionava - The heart never lies.

Some people laugh
Some people cry
Some people live
Some people die

(Algumas pessoas riem
Algumas pessoas choram
Algumas pessoas vivem
Algumas pessoas morrem)

Some people run
Right into the fire
Some people hide
Their every desire

(Algumas pessoas correm
Direto para o fogo
Algumas pessoas se escondem
De seus desejos)

But we are the lovers
If you don't believe me
Then just look into my eyes
'cause the heart never lies

(Mas nós somos os amantes
Se você não acredita em mim,
Então olhe dentro dos meus olhos
Porque o coração nunca mente)

Some people fight
Some people fall
Others pretend
They don't care at all

(Algumas pessoas lutam
Algumas pessoas caem
Outras fingem
Não ligar para nada)

If you want to fight
I'll stand right beside you
The day that you fall
I'll be right behind you

(Se você quiser lutar,
Eu ficarei ao seu lado
No dia que você cair,
Eu estarei bem atrás de você)

To pick up the pieces
If you don't believe me
Just look into my eyes
'cause the heart never lies

(Para recolher os pedaços
Se você não acredita em mim,
Olhe dentro dos meus olhos
Porque o coração nunca mente)

Another year over
And we're still together
It's not always easy
But I'm here forever

(Outro ano acabou,
E nós ainda estamos juntos
Nem sempre é fácil,
Mas eu estou aqui para sempre)

Yeah we are the lovers
I know you believe me
When you look into my eyes
Because the heart never lies

(Nós somos os amantes
Eu sei que você acredita em mim
Quando olha dentro dos meus olhos
Porque o coração nunca mente)

'cause the heart never lies
Because the heart never lies

(Porque o coração nunca mente
Porque o coração nunca mente)

No final da música null estava de pé em frente ao tablado. Seus olhos úmidos pelas lágrimas não conseguiam deixar null nem se quer por um segundo, seu coração parecia não conseguir ser mais rápido do que já estava sendo. Era isso, ela já sabia, mas agora a certeza era irrevogável, null era o amor de sua vida, de suas vidas passadas e de suas vidas futuras. Durante a fração de segundos que seguiram o final da música eles se olharam. Algumas pessoas dizem que os olhos são a porta da alma, mas nesse caso ambos poderiam jurar realmente terem a visto. Com um pulo null desceu do tablado para abraçá-la fortemente junto ao corpo enquanto todos ao redor levantavam-se para aplaudir.
Entre as mais de seis bilhões de almas que existem no mundo você só precisa encontrar uma para ser feliz. Vocês vão sorrir, mas também vão chorar. Vão brincar, mas vão brigar. Vão se amar e algumas vezes se odiar. Vão fazer feliz e magoar. O que importa é que no final das contas você olhe para aquela pessoa e continue sentindo como se aquele fosse o primeiro olhar.
Na última foto da festa o sol já estava se pondo, o alaranjado de seus raios coloria o vestido branco da noiva e banhava seu sorriso de luz. null segurava null em seus braços para mais um beijo apaixonado. Nos olhos de ambos ficou registrado o amor. A foto poderia escurecer, eles poderiam envelhecer, mas aquele amor jamais mudaria. Nem as brigas, nem as dificuldades, nem o tempo, nada seria capaz de mudar o que um sentiam pelo outro. Ao fundo estavam os padrinhos, null tentando tomar o buquê das mãos de null , null abraçava null , null enxugava as lágrimas e null ria muito ao colocar seus olhos curiosos no segredo que o vestido de null tinha escondido tão bem durante todo casamento: o All Star rosa que estava nos seus pés.

FIM.


N/A: Nossa... Terminei. Primeiramente queria agradecer a todos que leram I Hate You, que passaram esses dois anos acompanhando a história, apoiando, comentando, mandando scraps, fazendo parte da nossa, como chamamos várias vezes, “família IHY”. Quem quiser fazer algum comentário sobre a fic ou apenas manter contato aqui está o meu MSN: bebelisfr@hotmail.com ou então é só entrar na comunidade. Queria também agradecer a Carolis que sempre foi beta dessa fic e a Octávio que nunca foi beta nem nada, mas queria ter o nome aqui (não seria uma N/A minha sem essas graças). Para finalizar eu uso uma frase de George Byron que simplifica bem a idéia dos últimos capítulos “Todas as tragédias terminam em morte e todas as comédias em casamento.”

Beli Smith

Invasão da beta (Carolis): Essa parte do All Star rosa me lembra “a nova cinderela” (amo aquele filme, dicona :*). PARA TUDO! BELI DO CÉU! Eu ameeeeei a primeira parte, os pensamentos dela, a filosofia daquilo tudo. Admito, chorei. Chorei porque tudo acontece realmente assim. Tudo muda, e no final somos as mesmas pessoas. Mudanças me deixam triste, como me deixou agora que não irei mais betar “I hate you”. Juro que tive minhas dúvidas se ela ficaria com o Tom, já estava querendo te matar :D
Mas parabéns pela a fic, e eu que tenho que agradecer, sério. Amei demais tudo isso. Você está na minha lista de “pessoas que mais admiro”, fica a dica :*.

ps. EU AMO "I HATE YOU"!

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