Texto e Script por Annelyse Desrosiers
Betada por Estela Hirakuri.
I'm Sorry for Hurt You
- , sai da minha casa! – gritou a plenos pulmões no meio da sala de estar, que estava com a luz apagada. A única fonte de luz que tinha ali era a da lua, que atravessava a janela. A luz era branda, mas iluminava o ambiente todo.
- NÃO! Essa casa também é minha!
- Porra, será que você é surdo? SAI DA MINHA CASA! SAI AGORA – foi pra cima de seu esposo para expulsá-lo.
- , eu te amo! – foi abraçá-la, mas ela o impediu.
- Se você amasse, eu não tinha te visto com uma puta no posto de gasolina dentro do carro!
- Foi sem querer!
- Sem querer, ?! Porra, eu te pedi o carro emprestado, já que o meu tava ruim, pra levar a nossa filha no aniversário da amiga dela. Aí você disse que estaria ocupado com a Role Model. Deixei e fui no carro da mãe da Luana, que por um acaso é minha amiga. Depois da festa, fui ao posto e quem encontro lá? O filho da puta do meu marido trepando no carro com uma prostituta do calçadão de Copacabana. Você acha que eu devo te perdoar? – gritava quase matando o marido.
- , me deixa ficar! Eu não tenho pra onde ir! – ele implorava gritando.
- Duas palavras: FODA-SE!
- Mãe, você tá brigando com o papai? – , filha única de e , chegou à sala chorando e abraçando seu ursinho de pelúcia.
- , sobe agora pro seu quarto! – gritou com a filha.
- Mas, mãe... – mais ainda os olhos da pequena menina se encheram de lágrimas.
- , SOBE PRO SEU QUARTO AGORA! EU TÔ MANDANDO! – gritou chorando com a menina.
Ao ouvir isso, subiu as escadas correndo e chorando.
- , não precisava gritar assim com a menina! – falou assustado olhando sua filha subir.
- Deixa a minha filha em paz! Me deixa em paz e vai embora da minha vida, seu desgraçado – ela empurrou fazendo-o cair no sofá.
- Ô! Não me empurra que você sabe... – ele se levantou – que eu tenho mais força que você – segurou o braço da esposa com força.
- , me solta! – ela tentava se soltar dele, inutilmente.
- NÃO! Eu só quero que você me perdoe.
- Eu nunca vou te perdoar, seu vagabundo. Você me traiu! Agora, sai da minha casa! Eu já mandei – gritou.
- Pára de me xingar! Tenta entender o meu lado!
- Tentar entender o seu lado?! , você transou com uma puta no seu carro sendo que você já era casado comigo. Quando você tava lá, você tentou pensar no meu lado e no da sua filha? Tentou pensar como ficaríamos? NÃO! VOCÊ NÃO PENSOU! – ela apontava o dedo na cara dele. Mais lágrimas ainda começaram a cair de seus olhos.
- Mas...
- Não me venha com “mas é que...”, você sabe que tá errado e ainda tenta me convencer do contrário. Pela última vez, , saia da minha casa! – apontou a porta olhando com raiva para o homem à sua frente.
- Eu não tenho pra onde ir! Pelo o amor de Deus, me deixa ficar! – novamente implorava.
- , vai pra porra! Você é o de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos e seus amigos têm casa. Além de você ser sócio da Role Model. , você ainda tem a audácia de dizer que você não tem lugar pra ir?! Você pode muito bem dormir num hotel cinco estrelas. – ficou mais furiosa ainda.
- Mas eu não sou folgado. Eles têm família, saem juntos e...
- , sai da minha casa agora! – pegou uma almofada e começou a bater fortemente em . – SAI! EU NÃO TE QUERO MAIS! – gritava mais ainda.
- , amor, pára! Tá me machucando! Ai! Aaaai! – andava rumo à porta da casa tentando se defender das almofadadas de .
- Amor é a puta que te pariu! SAI DA MINHA CASA! EU NÃO QUERO MAIS REPETIR! ME DEIXA EM PAZ JUNTO COM A MINHA FILHA! – ela abriu a porta e continuava a bater nele.
- Por favor!
- SAI! – finalmente o empurrou porta afora. Ele caiu no chão e ela tratou de fechar logo a porta.
se apoiou na porta e foi escorregando devagar, chorando com as mãos no rosto até se sentar no chão.
- Por quê, ? Por que você fez isso comigo? Por que você fez isso com a sua filha? – ela chorava com a cabeça apoiada nos braços, que por sua vez estavam sobre os joelhos de suas pernas flexionadas.
- , me deixa entrar! – ele ainda batia na porta com a voz chorosa, mas ela só chorava. - !
- SAI DAQUI! – tirou forças do fundo de seu coração e gritou o mais alto possível.
- ... – chamou com uma voz mais abafada.
- , eu já mandei! – ela gritou ainda chorando.
- Aaaaaah! – ele deu um chute na porta e saiu andando em direção à seu Lamborghini. A única coisa que conseguia fazer era chorar desesperadamente.
entrou no carro e deixou a porta aberta. Ele ficou olhando a paisagem através do pára-brisa. A vontade dele era de se matar pela besteira que havia feito, mas só conseguiu bater milhões de vezes sua cabeça na buzina provocando um barulho irritante. Acabou por acordar os vizinhos, que o xingavam de todos os nomes pela janela, deixando-o mais pra baixo ainda. Ele sabia que estava terrivelmente errado e compreendia o que sua mulher sentia. Permaneceu ali, naquele carro, pensando na vida. pensava em sua mulher e principalmente em sua filha, , que não compreendia o motivo da briga dos pais e chorava em sua cama abraçada com seu ursinho. Ele queria que o perdoasse, mas ele tinha extrapolado demais. Segunda chance era algo que não era digno de merecer.
, por sua vez, ainda estava sentada atrás da porta pensando no motivo que levou seu marido a fazer isso. Será que ela não era boa o bastante pra ele? Será que ela não conseguiu dar tudo de si para ter uma boa relação conjugal? Um bom casamento? Não! Ela simplesmente não compreendia os motivos de seu marido. Até que, nas escadas, apareceu a pequena menininha de longos cabelos dourados e olhinhos inchados com seu ursinho de pelúcia na mão. Uma forte vontade de bater com sua cabeça na parede até sangrar, isso que sentia. Afinal, sua filha não tinha culpa de nada e ela acabou descontando tudo na garotinha.
- Mãe?
– , vem! Vem aqui que eu quero falar com você uma coisa. – chamou a menina. Depois ela correu as mãos pelos cabelos demonstrando arrependimento e raiva de si mesma.
A meninha desceu receosa as escadas e foi até sua mãe.
- Mamãe, por que você tá chorando? – perguntou olhando pra mãe que chorava mais que uma criança que recebera uma surra.
- Nada não, minha princesinha. Senta aqui! – a mulher puxou a menina pela cintura e a fez sentar-se em seu colo.
- Mamãe, por que você e o papai estavam brigando? Por que você bateu nele? – a menina, que também chorava, limpou as lágrimas da mãe com sua pequena mãozinha.
- , olha, existem certas coisas que você só vai entender quando ficar mais velha... – deu um beijo na cabeça da filha.
- Por quê? Fala então com o Dini. Talvez ele entenda! – entregou o ursinho na mão da mãe fazendo-a desabar em lágrimas. [N/a: Eu tinha um amigo imaginário chamado Dini e era vocalista dos Mamonas. *----*]
- Filha, como eu queria que tudo fosse simples como na sua cabecinha. – olhou pro nada pensando na vida e apoiando seu queixo na cabeça da filha.
- Hummmm. – começou a brincar com seu ursinho e ficou olhando a filha já pensando no futuro.
- Filha...
- Oi mãe – voltou seu olhar para sua mãe e sorriu.
- , me desculpa por ter gritado contigo daquele jeito... É que eu estava com raiva e acabei descontando tudo em você. Perdoa a mamãe?
- Claro! Eu te amo, mãe! – a menina abraçou e deu um beijo estalado na bochecha dela.
- Eu te amo também, minha pequena vida! – abraçou a filha com toda a força de seu coração.
Ali, naquele momento, percebeu que deveria tocar a vida pra frente e esquecer o ocorrido. Sua filha precisava dela como mais ninguém no mundo.
- Filha, vamos fazer alguma coisa? Vamos brincar de boneca? – se animou.
- Boneca, mãe? Eu odeio bonecas. Elas são idiotas e tem cara do Chuck, o boneco assassino. – a pequena rolou os olhos e abraçou seu ursinho.
- Então vou ter que dar o Dini. – a mãe pegou o ursinho das mãos da menina pra brincar com ela.
- Nããão! O Dini não! – pegou o ursinho de volta das mãos da mãe.
- Tá - ela riu. - Vamos fazer biscoitos?
- BISCOITOOOOS! – saiu do colo da mãe e começou a pular.
- Vem, vamos. – levantou e foi puxada até à cozinha pela filha.
Na cozinha...
- Vamos fazer biscoito de quê, mamãe? – estava sentada no banco da bancada que tem no centro da cozinha.
- De Dini, se você não largar o urso! – riu.
- Não - a menina riu também. - Biscoito de Dini não. Toma. Leva ele – entregou o urso pra mãe, que foi até à sala e jogou-o no sofá.
CRASH!
- ! – saiu correndo pra cozinha.
- Mãe, eu tava tentando pegar a farinha... – tentava se desculpar de todas as maneiras por causa da farinha que estava no chão, mas a mãe só riu.
- Vem cá, meu anjinho – ela pegou um pano úmido e fez a filha se sentar na pia.
- Desculpa.
- Tudo bem, filhota. Não tenta pegar mais a farinha, tá? – limpava o rosto dele começando pelos olhos.
- Farinha tem um gosto ruim. Eca! – cuspiu farinha, fazendo caretas.
- Eu sei! - a mãe riu de novo.
- MÃE! – repreendeu .
- Desculpa, filhota.
- Já saiu? – perguntou com olhos fechados e fazendo bico.
- Tá saindo. Foi meio pote de farinha na tua cabeça.
- Aaaaah! Agora você pode fazer biscoito de ! Ele vai ser rosa, tá? – A menininha riu.
- Putz! O bom humor é de geração pra geração. Foi do seu... - deu uma breve pausa - pai e de mim - a menina riu.
- Vamos fazer os biscoitos? – perguntou impaciente.
- Vamos, dona apressadinha.
- EEEEEEEEEEEEEEEEH! – ela pulou pro chão e ficou correndo pela cozinha com os braços pra cima e os sacudindo.
- ! - ria.
deixou a filha correr como um peru tonto pela cozinha e foi pegar os ingredientes pro biscoito e os potes que iriam ser usados. As duas colocaram os aventais e começaram a montar a massa do biscoito: iria ser de baunilha com gotas de chocolate e mel pra cobertura. , lá fora, ouviu as risadas da filha e da esposa. Ele saiu cabisbaixo do carro com os olhos inchados e lacrimosos. Seu caminho, do carro até a janela da cozinha, era curto. Ele finalmente se aproximou da janela da cozinha e viu suas razões de viver todas brancas por causa da farinha. Ele riu por um momento achando graça daquela cena, mas a janela ficou embaçada por causa de sua respiração. Quando ele viu isso, desenhou um coração com as seguintes letras dentro: , e .
Lágrimas começaram a cair de seus olhos. Por fim, ele deu um beijo dentro desse desenho. ficou observando o coração esvaecendo, esvaecendo,... até sumir por completo. O homem percebera que sua atitude fora errada e não tinha como reverter a situação. Ele olhou pela última vez pras duas mulheres e escorregou pelo vidro sua mão molhada pelas lágrimas. se virou e saiu andando com as mãos no bolso. O único pensamento que ecoava em sua cabeça era: “Por que eu fiz isso? Por que eu magoei as pessoas que eu mais amo no mundo?”. A culpa pairou em seus ombros. Ele só saiu andando sem rumo ou destino certo no meio daquela trágica noite. Sua tristeza era tanta que deixou o carro ali mesmo, pouco o importava se roubassem ou não seu Lamborghini. Suas últimas palavras antes de ir embora de vez daquela casa foram:
- , I’m sorry to make you cry. I didn’t mean to hurt you.
Fim
Nota final:
Essa é uma fic antiga minha que eu postei no Orkut.
Resolvi expandir e postei acá no Addiction.
Ah! Se vc não entendeu a última linha ali em inglês: Me desculpa por te fazer chorar. Eu não pretendia te machucar.
Agora vamos aos agradecimentos:
Queria agradecer, em primeiro lugar, ao Simple Plan.
Se não fosse por eles, essa fic não existiria. Esses caras me dão inspiração pra muita coisa.
Até parece que eles vão ler isso. Tá em português, ainda por cima! :P
Depois eu queria agradecer à minha mente! Essa fic FOI REAL!
Esses acontecimentos, eu vivi. Não foi comigo. Foi com uma outra pessoa muito próxima de mim.
Essa fic tem um significado especial pra mim. Eu fiz ela pra uma irmã de consideração que eu tenho.
Anyway... Lana, te amo! :') (llll)³
Também queria agradecer à Estela por me agüentar.
Aliás, ela é a minha primeira beta. *-* e muito boa!
Cara, as betas tem uma paciência de Jó.