I Think We Are Alone Now



não se animou muito quando seus pais anunciaram que ela precisava de mais responsabilidades e que ela deveria trabalhar.
Ela não queria trabalhar. Queria se dedicar totalmente a sua faculdade de jornalismo, que já exigia muito dela. Até parece que ela conseguiria agüentar aqueles dois infernizando por causa daquele assunto.
Quando soube que trabalharia para um antigo amigo de seus pais, Matthew Fletcher, ela se animou um pouco. Fletch, como ele era conhecido, era um dos mais influentes empresários musicais do reino unido e ela seria sua assistente.
Na verdade, seu cargo estava mais para secretária, mas ele insistia em chamá-la de assistente. Era para manter a auto-estima do funcionário alta ou qualquer coisa do tipo.
Sua função era passar quatro horas por dia sentada na mesa da recepção do escritório de Fletch. Ela atendia telefones, marcava reuniões, anotava recados e abastecia o chefe de café; entre outras atividades.
Fletch estava especialmente agitado hoje. Esperava que alguém entregasse o novo demo que o McFly, uma das principais bandas que ele empresariava, tinha acabado de gravar.
Ele já tinha ligado para umas quatro vezes, desde que ela chegara há pouco mais de uma hora, perguntando sobre o tal do cd.
escrevia cartões de agradecimento em nome de Fletch, quando finalmente viu o entregador se aproximando da porta de vidro que ficava a sua frente. Ela correu para receber o maldito cd logo.
- Finalmente! – Ela falou para o entregador enquanto abria a porta. Ele era bonito, muito bonito para um entregador.
Ele abriu a boca para falar alguma coisa, mas ela o interrompeu já pegando a caixinha de cd de sua mão. Por que ela ficava tão nervosa na frente de caras bonitos?
- Tem que assinar em algum lugar?
Ele discordou com a cabeça e tentou falar de novo. Porém, foi interrompido novamente. Ela já sabia o que ele queria.
- Aqui! – Ela falou enquanto tirava quatro libras de seu bolso e entregava para ele. – Obrigada, viu? – Ela falou fechando a porta na cara do entregador e correndo para a sala do chefe.


- Mr. Fletch? – Ela bateu na porta do chefe chamando-o.
- Chegou? – Ele perguntou abrindo a porta com tudo e fazendo morrer de susto.
- Sim, chegou! – Ela entregou o cd.
- Mas, cadê o ? – Ele perguntou. ? Quem era ?
- Como?
- ! – Ai. Meu. Deus. – Ele falou que entregaria o cd pessoalmente.
se sentou na cadeira em frente ao chefe pensando na besteira que tinha acabado de fazer. Estava difícil de respirar... Por isso que o “entregador” era tão bonito!
- ? Você está bem? – Fletch a tirou de seu “coma”.
- Mr. Fletch! O senhor vai me matar... – Como ela explicaria que tinha dado gorjeta para um dos membros da banda de maior sucesso do país? Parabéns, sua primeira burrada no trabalho! Ok, não era a primeira, mas isso não vem ao caso.
- Você pensou que ele fosse só o entregador e o dispensou, né? – Ele parecia tão calmo. Ele estava rindo?
concordou com a cabeça.
- Mas eu dei quatro libras de gorjeta pra ele! – Como se isso melhorasse a situação. Pelo menos ela não tinha sido mão de vaca.
Fletch gargalhava enquanto discava alguns números no telefone.
- ? – Fletch gritou no telefone. – Minha assistente acabou de te dar uma gorjeta? – Fletch gargalha de novo e pensava nas diversas maneiras de se enforcar com o próprio cabelo. – Já falei pra você não sair por aí igual um mendigo! – Ele não parecia um mendigo! Parecia um entregador muito fofo e estiloso. – Ok então, ! Juízo!
- Ele está bravo? – perguntou realmente preocupada.
- Não! – Fletch riu de novo. Por que ele ria tanto? – Só achou engraçado!
deu um sorriso amarelo quando, na verdade, queria bater a própria cabeça na parede.
- E o senhor? Está bravo? – Ela perguntou com a certeza de que ele gritaria com ela. Aquele ataque de riso tinha sido fofo e tal, mas ele cairia na real a qualquer segundo.
- Olha, ... – Ele falou sério. Ela com certeza seria despedida agora. – Se fosse outra pessoa, estaria em maus lençóis, mas como seus pais são grandes amigos meus, vai passar dessa vez... – Pronto, agora ele iria ligar pros seus pais e eles dariam todo aquele discurso sobre “como você é desatenta”. Ela concordou com a cabeça. – E a sua sorte é que você confundiu o que é um cara legal e como um filho pra mim. Se fosse alguém mais arrogante, nós realmente teríamos problemas.
- Mil desculpas, Mr. Fletch! – Ela finalmente se manifestou. – Isso nunca mais vai acontecer, eu vou prestar mais atenção – realmente se sentia mal. – E eu vou me desculpar com o também. – Seria totalmente humilhante, mas ela teria que se desculpar.
- Faz o que você achar melhor, . – Ele falou sorrindo e a garota agradeceu por ter um chefe tão legal! – Você já terminou os cartões? – Ah sim, os malditos cartões de agradecimento que pareciam não ter fim.
- Ainda não.
- Certo, termine eles e depois você pode ir para casa! Afinal, hoje é sexta-feira, certo? – Fletch era realmente o melhor chefe do mundo. Eram quatro horas e os cartões intermináveis provavelmente estariam prontos antes das seis!
- Obrigada, Mr. Fletch! – Ela saiu da sala com um sorriso do tamanho dum cabide na boca.
- Ah! ! – Ela ouviu a voz do chefe antes que pudesse fechar a porta. Estava muito bom para ser verdade. Ela se voltou para Fletch atenta. – Pode me chamar apenas de Fletch, tá?
Ela concordou de novo com a cabeça e agradeceu a São Longuinho por Fletch ser o chefe dos sonhos. Também agradeceu por ele e seus pais terem sido ambientalistas radicais juntos na faculdade.


Pronto. O último cartão de agradecimento estava selado e a caminho do correio. Eram apenas 5:45 e ela já poderia ir para casa!
Não tão cedo.
!
Ela quase se esquecera daquele episódio. Fuçou na lista de endereços de Fletch e achou o do menino. Era melhor fazer aquilo pessoalmente para não correr o risco de entrar em pânico e desligar o telefone na cara dele. Talvez se ele a visse novamente, poderia achá-la menos estúpida.
pegou sua gigantesca bolsa preta e saiu do escritório. Passou na Starbucks do outro lado da avenida e comprou uma infinidade de muffins. O orgulho do cara estaria abalado e talvez ela tivesse que comprar seu perdão.
Ela tomou um táxi e em pouco mais de vinte minutos estava em frente a casa de . Era numa típica rua residencial londrina. Todas as casas eram iguais e perfeitas.
pagou o táxi e juntou toda a coragem e cara de pau que tinha para subir os cinco degraus da escada de entrada e tocar a campainha.
- To indo! – A voz de saiu do interfone. Ela não podia mais fugir.
Ouviu passos e o barulho de algo sendo revirado. desconfiava que estava à procura das chaves. Logo depois, ouviu o barulho da fechadura e a porta se abriu. Um sorridente estava ali. Como ela pode confundi-lo com um mero entregador? Ele era totalmente irresistível.
- Olha quem ta aqui! A secretária do Fletch que me confundiu com um entregador! – Isso não tinha sido muito legal da parte dele e imaginava se machucaria bastante se ela se jogasse nos arbustos ao lado da porta.
- Pois é! – Que vergonha. – Vim aqui por isso mesmo, me... – a interrompeu.
- Que cabeça a minha, entra! – Ele abriu espaço para ela passar. – Sempre tem fotógrafos aí fora.
se viu em um pequeno hall. Uma mochila estava aberta no chão, com algumas coisas para fora - a chave deveria estar lá dentro. Do seu lado direito, uma comprida escada inteiramente branca levava para o andar de cima. Do lado esquerdo estava uma espaçosa cozinha com móveis modernos e eletrodomésticos que ela desconfiava nunca terem sido usados, com exceção da cafeteira que estava ligada.
Ela e seguiram em frente, por um corredor de parede brancas e vários quadros com fotografias. Os dois chegaram na sala da casa. Tinha uma janela gigante no fundo, de onde se podia ver o Big Ben -era uma vista e tanto-, e uma televisão quase tão grande quanto a janela.
O cômodo era todo bem decorado e estava impressionantemente arrumado. Os únicos sinais de que aquilo era a sala de um homem eram os tênis de no meio do tapete e uma lata de cerveja na mesinha.
indicou uma confortável poltrona vermelha para que se sentasse e se sentou no sofá ao lado.
- Então, eu vim aqui para me desculpar por ter te confundido mais cedo. – Ele a olhava de cima a baixo, deixando-a mais nervosa do que ela já estava.
- Ta tudo bem! – Ele falou sorrindo. Por que ela queria arrancar as roupas dele? Oh! O que ela estava pensando!?! – Nem sei seu nome ainda! – completou. Era verdade, ela nem tinha se apresentado.
- Ah sim! Sou Rangel! – ela falou estendendo a mão para ele.
- ! – Err, jura?
- É, agora eu sei. – Ela sorriu sem graça.
- O que você tem nessa sacolinha? – apontou para a sacolinha da Starbucks.
- São muffins! Eu trouxe caso precisasse comprar o seu perdão!
- Acho que eu vou ter que retirar o meu perdão, então! – Ele falou rindo e pegando a sacolinha que estava em cima da mesa. – Chocolate, baunilha, morango, café... – Ele falava com a cara metida dentro da sacolinha. – Você trouxe um monte! – Ele parecia uma criança de tão feliz.
- Não sabia qual era o seu favorito, então trouxe um pouco de cada!
- Morango é o meu favorito, mas eu como qualquer um, na verdade. E você?
- Chocolate!
- Ótimo, assim a gente não briga! – Ele sorriu. – Vou à cozinha buscar café e guardanapos pra nós! – falou já sumindo pelo corredor branco.
ficou reparando nas fotos que estavam na mesinha ao seu lado. e o que ela imaginava ser o resto do McFly, com o que parecia ser sua mãe e sua irmã (eram todos muito parecidos). Não tinha nenhuma foto, digamos assim, romântica. Será que ele estava descomprometido?!
Seus pensamentos foram interrompidos por que equilibrava duas canecas imensas de café e os guardanapos nas mãos.
- Obrigada. – Ela respondeu depois dele lhe entregar a caneca. – Suas fotos são bonitas!
- Obrigado! São as pessoas mais importantes para mim! – Ele falou sorrindo adoravelmente. – Você viu como a minha família é linda? – Ele indicou a foto da mãe e da irmã.
- É mesmo. Vocês se parecem, sabia?
- Eu sei, todo mundo fala!
Os dois continuaram conversando e enchendo a cara de muffins. O de morando era realmente muito bom. se sentia muito a vontade com . Nem parecia que tinham acabado de se conhecer e ela nem lembrava porque estava tão nervosa antes de chegar ali.
Contou para ele que cursava jornalismo na Universidade de Westminster, contou que seus pais a obrigavam a trabalhar...
ficou todo assanhadinho ao saber que era brasileira. A fama das brasileiras o atormentava.
Os pais de eram brasileiros, mas estudaram em Westminster e acabaram morando no UK por algum tempo. Quando voltaram para o Brasil, a filha nasceu. Eles moraram lá até completar 16 anos, quando os negócios os trouxeram de volta a Londres.
- Você tem compromisso pra hoje à noite? – perguntou. Hum... sexta-feira a noite: normalmente ela chamaria algumas amigas para assistir algum dvd.
- Na verdade, não! – Sair com seria bem melhor do que chorar assistindo Um Amor Para Recordar.
- Então, tem uma festa de um amigo meu, queria que você fosse comigo! – Que fofo!
- Eu não sei... – era a maior doceira do mundo.
- Vamos, por favor! – insistiu. – Se você quiser eu te devolvo as suas quatro libras! – Ele falou sorrindo. Obviamente não esqueceria disso tão cedo.
- Ta bom, vai! – Oh, que sacrifício... – E você pode ficar com a sua gorjeta, ta? – parecia feliz.
- Eu vou tomar banho e depois a gente já vai, ok?
- ! Olha pra mim! – Ele a olhou de cima a baixo e ela se arrependeu de ter dito aquilo. – Não posso ir assim pra uma festa!
vestia uma mini saia xadrez, uma camisa branca e um suéter preto por cima. Para completar, botas pretas de cano alto e salto fino e altíssimo.
Ela poderia ir a qualquer festa daquele jeito, mas não queria.
- Você ta linda, ! – falou e a garota perdeu o chão que pisava.
- Obrigada, mas eu estou com essa roupa desde cedo! Deixe-me passar em casa e me trocar! – Ela fez cara de pidona. – Por favor!
- Ta bom, eu tomo banho e depois a gente passa na sua casa. Não tem muito horário pra chegar na festa mesmo.
deixou assistindo uma reprise de Gilmore Girls e foi tomar banho.


Lorelai discutia com Emily quando sentiu um perfume vindo do corredor. Era fresco, refrescante e totalmente maravilhoso.
Alguns segundos depois apareceu e aparentava tão bem quanto cheirava. Ele usava uma calça jeans escura, camisa vermelha para fora da calça, um blazer preto e um tênis também preto.
- Vamos? – Ele perguntou, mas simplesmente concordou com a cabeça sem conseguir pensar direito. Ele estava tão perfeito.
Os dois seguiram pelo corredor até a porta. remexia os bolsos. Ele tinha perdido as chaves de novo.
- Você tem um problema com chaves, né ? – perguntou rindo e pegando a chave no balcão da cozinha, onde as tinha deixado quando abriu a porta para ela.
- Obrigado! – Ele agradeceu rindo. – Eu realmente tenho problemas com as minhas chaves!
abriu seu carro com o controle remoto. nem tinha reparado no carro dele quando chegara. Era um modelo esportivo, daqueles super caros. Era lindo. Parecia o carro que seu pai comprou quando passou pela crise dos quarenta.
A menina estava prestes a abrir a porta quando deu a volta e a abriu para ela. Ela poderia agarrá-lo ali mesmo. Que fofo.
- Que menino educado! – Ela comentou se sentando.
- Minha mãe que me ensinou. – Ele respondeu piscando.
começou a dirigir e se deu conta de que ele não sabia para onde deveria ir.
- Por um acaso você sabe onde eu moro, ?
- Ah é! Ia te perguntar agora mesmo, mas acabei me distraindo! – olhava para suas pernas e ela queria enfiar a cabeça no porta luvas de tanta vergonha.
- Eu moro na Westminster mesmo, em um dormitório. – Hum... celebridade no meio de um prédio lotado de pós-adolescetes?
- É pertinho.
- Será que não tem problema você ir lá? – Ela perguntou e a olhou, confuso. Ai cristo, agora ele achava que ela não o queria lá! – Quer dizer, tem um monte de Barbies siliconadas que vão querer te atacar.
sorriu parecendo aliviado.
- Eu to acompanhado. – Ele lançou um olhar significativo para . – Elas costumam respeitar.
A menina estava a ponto de ter uma síncope no fígado, se é que aquilo existia. Esse cara realmente decente, além de bonito e que fazia parte de uma banda, estava realmente interessado nela? Respira.


Quando e entraram no dormitório, acharam Charlotte e Tina na sala. Elas dividiam o dormitório com . Cada uma tinha o seu quarto, mas elas dividiam a sala e a cozinha.
Até ali, tudo corria bem. estava com medo que fosse reconhecido e ela tivesse que organizar uma entrevista coletiva ou coisa do tipo. Porém, só encontraram um calouro que, de tão chapado, não reconheceria nem a rainha.
Charlotte e Tina também não pareciam prestar muita atenção nos dois. Charlotte fazia colagens com macarrões (era parte de seu tratamento, após a crise de stress que tivera no mês anterior) e Tina estava tão ocupada pulando em uma pequena cama elástica imitando uma mulher na tv. Os dois passaram despercebidos e foram direto para o quarto de .
A menina entrou, jogou sua bolsa no sofá e tirou as botas. Ela já não sentia mais seus dedinhos. Enquanto isso, estava embasbacado na porta.
- Pode entrar, viu ?
- Uau! Isso é o que eu chamo de dormitório legal! – Ele falou analisando o cômodo.
O quarto de era mais ou menos do tamanho da sala dele. Tinha tudo lá: uma cama gigante, tv, home theater, sistema de áudio, computador de última geração e móveis de designers famosos.
Quando seus pais são ex-alunos e doam pequenas fortunas para a universidade, você ganha uma suíte tão boa quanto aquela. Além disso, quando seus pais te mimam num nível mais alto que o saudável e dinheiro não é um problema, você ganha tudo o que pode ser comprável.
- Pois é – falou sem graça. – Meus pais... – Às vezes ela se sentia mal com tantas regalias.
- Seu quarto é mais legal que minha casa inteira! – estava meio deslumbrado ainda.
- Ah é? Ok então, senhor vejo-o-Big-Ben-da-minha-janela!
riu. Não tinha como negar aquilo.
- Vou tomar banho então, . Pode ver tv ou ligar o computador, o que você quiser...
-Ok, !
Ela separou sua roupa enquanto se esparramava em sua cama e assistia uma reprise de Friends. Deveriam ser proibidas tantas reprises.


Pouco mais de quarenta minutos depois, já estava pronta e saía do banheiro. Ela vestia uma saia verde musgo e uma blusa preta, tudo combinando com os sapatos pretos e altíssimos.
O cabelo estava solto, como sempre e de alguma maneira, ela conseguira deixar a maquiagem dos olhos mais preta que o normal, se é que isso era possível.
- Vamos? – Ela perguntou para que se divertia com alguma piada de Chandler.
se virou para ela, mas não disse palavra alguma. Até tentou, mas aparentemente, elas não estavam saindo. Ele não tirava os olhos de e ela gostou daquilo, apesar de estar um pouco envergonhada.
- Vamos esperar mais um pouquinho, ainda ta cedo. – Foi o que ele disse quando as piadas finalmente saíram de sua boca. – Vem assistir, a Phoebe vai aprender a andar de bicicleta agora!
A menina se deitou ao seu lado na cama e os dois riram como doidos com Phoebe e sua bicicleta rosa. Divertiram-se tanto que só repararam o quanto próximos estavam quando o episódio acabou. Nem repararam que suas mãos estavam entrelaçadas.
acariciou o rosto de levemente, fazendo-a fechar os olhos por alguns segundos, e disse:
- Eu gosto de você, . – sorriu. Sentia borboletas em seu estômago.
- Eu também gosto de você, .
aproximava seus rostos e seus corpos enquanto ela se dava conta do quanto queria aquilo desde que o vira no começo da tarde e pensara que ele era um entregador.
Ela sentiu a respiração calma do menino e fechou os olhos quando ele fechou os dele.
O celular de tocou quando seus lábios estavam a poucos milímetros de distância. Quem era o vadio que estava ligando? O menino parecia pensar a mesma coisa.
- Alô? – Ele atendeu. – Oi, Tom. – Sua voz estava desanimada. – Posso sim, que remédio? – Ela queria tanto ter beijado ele. – Ta bom, já to indo.
Os dois se encararam, meio que numa compreensão mútua de que aquilo ainda não tinha acabado.
- Vamos? – Ele chamou-a já pulando da cama e dando sua mão para que ela o acompanhasse. – Era o Tom. Parece que a Giovanna ta com cólicas e pediu para a gente passar na farmácia.
- Vamos sim. – Isso é hora de ter cólica?
ajudava a colocar o seu sobretudo quando ela sentiu os lábios do garoto em seu pescoço e arrepios em todo o seu corpo.
Ele a virou de frente para ele e ela beijou o pescoço dele, ficando zonza de novo por causa daquele perfume. A pele dele era tão macia.
- !!! – Ela ouviu a voz de Charlotte vindo da sala.
- Puta que pariu! – Ela soltou baixinho e riu.
- !!!!!
- To indo, Charlotte! – gritou já saindo, mas a puxou de volta e falou em seu ouvido:
- Você ainda me deve um beijo, viu? – As borboletas sapateavam em seu estômago. Ela ia matar Charlotte.
- Na verdade, agora já são dois, . – Ela sussurrou no ouvido dele e foi ver o que Charlotte queria.
Falando em Charlotte, ela queria saber se tinha achado o guia de programação da tv a cabo. não tinha a mínima idéia de onde estava o guia de programação estúpido.



- De quem é a festa, mesmo? – perguntou enquanto dirigia.
- É do James, um amigo meu, do Son of Dork, sabe?
É, ela meio que se lembrava da visita que James fizera a Fletch algumas semanas atrás, mas essa é outra história.
- Sei sim!
estacionou o carro em frente a uma farmácia que parecia estar prestes a se fechar.
- Vamos comigo? – Ele a chamou. – Vai ser meio estranho um cara comprando remédios pra cólica sozinho.
Ela riu e o acompanhou para fora do carro. Homens encanam com cada coisa idiota.
Após comprarem o remédio e dirigirem por mais alguns minutos, parou o carro em uma rua bem parecida com a dele.
A casa de James estava toda iluminada e se ouvia música alta. Parecia até uma banda ao vivo. Considerando que a maioria dos convidados eram músicos, isso não seria nada difícil.
Várias pessoas já pareciam mais do que bêbadas, jogadas na escada de entrada. Alguns casais precisavam urgentemente de um quarto.
Antes mesmo que pudesse abrir a porta, abriu-a para ela.
- Sempre um cavalheiro, heim, ?
- Pois é! – Ele falou sorrindo e prendendo-a entre ele e o carro. – Você sabe que todo cavalheiro tem uma princesa, né ?
se aproximou mais ainda e deu um selinho no canto da boca da menina. Os lábios dele eram tão quentes e aquela sensação era tão boa. colocou as mãos na nuca do garoto, mas antes que qualquer coisa acontecesse, um grito os interrompeu:
- !!! – Tom berrou da porta. – Onde você se enfiou? – parecia estar com raiva. – A Gio ta enchendo o saco por causa do remédio!
É incrível como os homens podem ser doces de vez em quando.
- To indo, Tom! – respondeu irritado, mas depois sorriu para .
- Eu te devo três beijos agora, . – Ele sorriu mais ainda.
- Eu vou cobrar! – Ele falou enquanto a puxava pela mão até a porta.


Enquanto tentava ultrapassar todos os corpos bêbados no chão, as garrafas de bebida, aquelas biscates que vestiam tops que mais pareciam band-aids e aqueles caras absolutamente lindos, só conseguia pensar no azar que tinha.
Ok, ela sabia que aquilo não era exatamente azar, afinal ela estava ali, de mãos dadas com em uma festa que muitas meninas morreriam para estar, mas ela simplesmente não entendia porque Deus estava castigando ela daquela maneira! O que custava ele dar um minuto para que ela e se entendessem?
- Esses são , , Dave e ... – apresentava os amigos a , mas empacou na hora de falar sobre suas acompanhantes. – As amigas deles.
cumprimentou todos e simplesmente não entendeu porque caras tão lindos como aqueles estavam com aquelas meninas que pareciam cobrar por hora.
e deveriam ser proibidos de sair de casa por serem tão bonitos.
- Cadê o Tom? – perguntou. – Ele encheu por causa desse remédio e agora some.
- O James levou ele e a Gio lá para o quarto dele. – respondeu. – Ela estava bem mal.
e subiram as escadas. No caminho, mostrou um Steve do Son of Dork caído no chão de tão bêbado, um Danny (também do SOD) na mesma situação e um Chris (sim, do SOD), entrando num quarto com duas garotas.
Totalmente normal.
O quarto de James era imenso e vermelho. Tom e James conversavam no pé de uma cama fofa onde a namorada de Tom estava deitada totalmente infeliz. James estava do mesmo jeito desde a última vez que ela o vira.
- ! Você me salvou! – A menina gritou da cama quase parecendo feliz. – Trouxe meu remédio? Aquele traste do Tom não serve pra nada!
- Trouxe sim! – respondeu beijando a testa dela e lhe entregando o remédio. – Essa é a !
A menina sorriu docemente para .
- Prazer, Giovanna! – As duas trocaram beijinhos na bochecha.
- Hey, ! – James o chamou. – Não vai apresentar a sua amiga?
Será que James não lembrava? Bom, isso até poderia ser bom, na verdade.
apertou mais ainda a mão de e a levou até seus amigos.
- Essa é a . Esses são James e Tom.
- Prazer! – Tom deu um beijinho em sua bochecha. Ele era tão bonito.
- Eu já te conheço! – James falou sorrindo. Ele se lembrava. Isso seria totalmente humilhante. James deu um beijinho na bochecha de . – Você está melhor? – Ele perguntou quase gargalhando. Pronto. Mas era realmente engraçado.
- To sim! – Ela respondeu rindo. Tom e faziam cara de tacho, por isso, explicou-lhes o que tinha acontecido. – O James estava lá na recepção esperando pelo Fletch quando eu tive a capacidade de me engasgar com um tic-tac! – , Tom e até Giovanna começaram a rir. – Não foi engraçado, ta!? – “ralhou”. – Eu podia ter morrido se o James não estivesse lá!
- Pois é, eu a desengasguei. Tipo aquelas cenas de filme, sabe? – James ria e sentia sua bochecha queimando.
- E depois ficou rindo da minha cara! – Ela falou fingindo indignação.
- Até você tava rindo!
- Eu sei, mas eu me traumatizei, ta? Nunca mais comi tic-tac! – Ela falou séria, mas os quatro começaram a gargalhar da cara dela. – Que foi? – Ela perguntou meio sem entender.
- To te imaginando engasgada! – respondeu e recebeu um soquinho no braço.
O episódio do engasgo estava no seu top 10 de humilhações e ela costumava se humilhar freqüentemente.
Os meninos começaram a conversar sobre guitarras, amplificadores e coisas que não entendia, por isso ela se sentou ao lado de Giovanna na cama e as duas começaram a conversar.
Falaram sobre como era horrível ser mulher, contaram histórias e riram bastante.
tinha amado Gio, ela era adorável. Pelo menos um dos garotos tinha bom gosto. Aliás, dois, se contarmos !
Os meninos desceram. tinha chamado para ir com ele, mas Gio pediu para que fizesse companhia a ela.
Ele deu um beijo na bochecha da menina e seguiu os amigos.
- E vocês dois? Ta ficando sério? – Gio perguntou assim que as duas ficaram sozinhas. Ah sim, claro.
- Não! – queria que eles estivessem ‘ficando sério’, mas para isso eles teriam que se beijar antes. – A gente se conheceu hoje, na verdade.
- O quê? – Gio parecia espantada.
- É! A gente ainda nem se beijou para ser sincera. – Gio se espantou mais ainda.
- Ele ta de quatro por você! – Huhum, até parece.
- Não, ele não ta! – revirou os olhos.
- Ta sim! Ele nunca apresenta meninas pra nós! Ele geralmente cata qualquer biscate usando um pedaço de pano que nem ele mesmo sabe o nome! – deve ter feito uma cara de espanto, pois Gio continuou. – Não! Não me entenda mal! O é um anjo.
- Ele é demais, não é? – perguntou toda boba e apaixonada. Apaixonada? Ahhh!
- É sim! Eu conheço-o há três anos e nunca vi ele olhar para ninguém igual ele olhou para você!
- Verdade?
Estaria apaixonado por ela? Estaria ela apaixonada por ?
Gio concordou com a cabeça.
- Ele ficou todo ciumentinho com você e o James!
- Ficou nada!
- Já falei, eu o conheço e ele gosta de você!
As duas continuaram conversando e rindo como duas amigas de infância. Gio contou que estava chateada com Tom. Eles estavam brigando muito.


- Hey! – abriu a porta deixando a barulheira da festa entrar. – Ta melhor, Gio? – Ele perguntou.
- To sim, obrigada, .
- Você se importa se eu roubar a sua amiga por um tempinho? – perguntou pegando a mão de .
- Claro, né ? Eu que roubei a sua namorada! – poderia chutar Gio e parecia envergonhado. – Chama o Tom aqui, por favor! – Ela pediu antes que os dois saíssem do quarto.
pediu para que Tom subisse e depois ficou vendo a banda tocar abraçado com . Ela se chamava Sliced Peach e uma menina loira com roupas legais berrava no microfone.
- Gostou da banda? – perguntou.
- Gostei sim! Já conhecia, na verdade.
- Já? – parecia surpreso. – Quer dizer que você conhece uma banda totalmente independente, mas não sabia quem eu era? – Ele falou provocando a garota.
- Eles me adicionaram no My Space, ta? – concordou com a cabeça e tomou um gole de sua cerveja. – E eu sabia quem você era!
- Sabia? – ria.
- Sabia! Eu só não sabia a sua aparência! – Por que olhava para os olhos dela como se estivesse vendo o que ela pensava?
Se bem que, às vezes, ela tinha a impressão de que quase podia ver os pensamentos de através de seus olhos.
- Você é linda, ! – falou em seus ouvidos e ela sentiu as pernas amolecerem.
- Você é apresentável, ! – Ela não falaria que ele estava lindo, apesar dele estar absolutamente irresistível.
- Apresentável? – Ele fez bico e ela concordou com a cabeça. – Eu sei que você não me acha só apresentável, ta ?
- Que convencido! O que te faz pensar isso?
- Bom, não é qualquer entregador que ganha quatro libras de gorjeta!
mordeu seu lábio inferior. Ok, ele estava certo.
- Ah, ...
Ele riu e começou a beijar o pescoço dela, que sentiu sua nuca se arrepiar, mas tudo parecia tão certo.
se virou e olhou nos olhos de . Parecia que eles estavam prontos para tragá-la e ela poderia perder a noção do tempo encarando-os, mas agora, ela encarava os lábios dele. Eles iriam se beijar custasse o que custasse. As mãos de estavam em sua nuca e ela se sentia tão segura. aproximou suas bocas...
Porém, foi aí que Tom desceu as escadas, perturbado e fazendo um barulhão. Ele estava chorando?
James desceu logo atrás dele.
- !? – Ele a chamou. – A Giovanna ta te chamando! Ela ta desesperada!
olhou para que também parecia perturbado. Ela estava totalmente perturbada! Começava a achar que nunca iria beijá-lo.
- Vai lá! – Ele falou beijando sua cabeça. – Eu vou ver o que deu no Tom.
Ela concordou e subiu as escadas correndo.
- Gio? – entrou no quarto e viu Giovanna sentada de costas na cama. Ela chorava muito. – O que aconteceu?
- Eu, eu... Eu... – Gio não conseguia falar de tanto que chorava.
- Você o que, querida?
- Eu terminei com ele! – Ao falar isso ela começou a chorar mais ainda e soltou um soluço altíssimo.
- Você o quê? – não acreditava que ela tinha feito aquilo. – Você terminou com ele? – Ela concordou com a cabeça. – Por quê? Você o ama, ele te ama!
- Não tava dando certo! Ele falou umas coisas tão horríveis... – pensou que a menina fosse se afogar no próprio choro. Ela abraçou Gio para tentar confortá-la.
- Obrigada por estar aqui, ! Eu sei que a gente acabou de se conhecer e você queria ficar com o ... – a interrompeu.
- Não se preocupa, Gio. Eu to aqui, e não vou sair daqui! – podia imaginar o quanto não era difícil terminar um relacionamento longo como aquele. Fora que a menina precisava dela. E já gostava tanto dela.
- É que, sei lá... Parece que eu te conheço desde sempre, sabe?
- Eu sei, eu sei. – acariciou a cabeça da amiga. – Vamos, vou pedir para o te deixar em casa.
Para a surpresa de , ela começou a chorar mais ainda.
- Ai meu Deus! Eu não tenho casa! Eu moro com ele!
- Tudo bem, você pode ficar lá em casa essa noite.
- Obrigada, .
- Imagina, Gio. Agora eu vou até a porta pedir para alguém chamar o , ok? – Era melhor deixar tudo claro para que a menina não pirasse de vez.
foi até a porta, onde viu .
- ! – Ela o chamou.
- Oi! Como ela está? – Ele parecia preocupado.
- Mal, e o Tom?
- Desesperado, o foi com ele para casa.
- , chama o aqui, por favor.
Alguns minutos depois e Gio estavam no banco de trás do carro de . não quis deixá-la sozinha lá atrás. Ela já tinha parado de chorar, mas ainda soluçava e seu rosto estava inchado e vermelho.
- Valeu, ! – agradeceu quando entrou em seu dormitório e Gio se jogou na primeira poltrona que viu.
Ainda bem que Charlotte e Tina tinham saído.
- Eu que tenho que agradecer, ... – estava na porta infeliz. – Por cuidar dela.
- Não tem o que agradecer. É o que qualquer amiga faria.
Quem diria que ela conhecia Gio há apenas algumas horas? Quem diria que ela conhecia há apenas algumas horas?
- Então, a gente se vê algum dia? – perguntou. Nada aconteceria entre ela e aquela noite. Era óbvio. Isso a deixava meio frustrada.
- Então... – parecia preocupado e ainda mais infeliz do que antes. – Amanhã começa a nossa tour...
Tour. Depois dessa palavra a menina teve certeza de que nunca mais o veria.
Ela concordou com a cabeça tentando não parecer tão desapontada.
- Mas eu volto em três meses... – Três meses?? Ela realmente nunca mais o veria. Ele nem lembraria mais dela depois de tanto tempo. Ela sempre iria se lembrar dele como quem mais chegou perto do conceito “alma gêmea”, mas que nunca deu certo. – A gente se vê quando eu voltar, então?
- Huhum. – não sabia se já tinha visto muitas lágrimas para um dia só e tinha ficado sensível. O fato era que se demorasse mais um minuto para sair, ela choraria como um bebê bem na frente dele.
Ele deu um selinho em . A essa altura, nenhum dos dois poderia fazer mais do que isso. Se não tinham ficado até agora, simplesmente não era para acontecer. Eram um fracasso total como um casal. Além do mais, Gio estava num estado de semi-coma bem atrás deles.
- Tchau, .
- Tchau, .
No momento que fechou a porta, ela sentiu as lágrimas rolarem pelo seu rosto.
não saberia falar quanto tempo ficou ali chorando encostada na porta. Sentia-se patética por estar apaixonada por um cara claramente indisponível que ela tinha acabado de conhecer. Só saiu de lá quando ouviu um soluço de Gio.
Se ela estava sofrendo, nem se comparava com Gio. a levou até o quarto e a ficou confortando até que ela dormisse.


não sabia onde estava quando acordou na manhã seguinte. A claridade de um dia nublado passava pelas janelas. Ela não teve cabeça para fechar as cortinas na noite anterior.
Ela tinha dormido no sofá e ao olhar para Gio, que dormia na cama, todas as lembranças da maravilhosa e caótica noite passada, voltaram à sua cabeça. Ela teve vontade de chorar.
Era apenas oito da manhã. Se ela tivesse dormido quatro horas inteiras tinha sido muito. não saía de sua cabeça.
A menina levantou e foi até o banheiro. Ela ainda usava a mesma roupa da noite anterior e sua maquiagem era uma mancha só depois de uma noite de choro. Sua imagem refletida no espelho não ajudou a melhorar seu humor. Era parecia uma prostituta viciada.
Seu estômago roncou tão alto que ela ficou com medo de acordar Gio. Ela se lembrou que a última coisa que tinha comido tinham sido aqueles muffins junto com . Isso a fez se lembrar de , o que a fez começar a chorar. De novo. Chorou mais ainda, agora por raiva dela mesma. Ela não se permitia ficar naquele estado.
Vestiu seus óculos escuros, não por causa do sol já que chovia, mas para não assustar ninguém na rua, e seus all stars. Ela não colocaria um salto nem por um decreto da rainha.
Saiu atrás de um café, onde compraria comidas calóricas, e de uma locadora, onde alugaria filmes deprimentes e sem nenhum tipo de romance.
O campus estava vazio. Claro, era oito horas de uma manhã de sábado. Quando achou um café aberto, comprou tudo o que podia carregar, inclusive três potes de sorvete.
Inteligência Artificial foi o primeiro filme que pegou na locadora. Ela pediu que a atendente escolhesse os outros. Ela não tinha a mínima vontade de ficar vasculhando prateleiras.
Ao chegar no dormitório, o encontrou relativamente silencioso. Tina parecia nem ter passado a noite lá e Charlotte dormia, pois conseguia ouvi-la. Sim, além de tudo, Charlotte roncava. Gio também continuava dormindo, mas acordou alguns minutos depois quando enroscou o pé no edredom da cama e se estatelou no chão fazendo um barulhão.
As duas passaram o final de semana comendo e assistindo os filmes. Entre um e outro, Gio tinha crises de choro. Ela parecia não se concentrar em nada a sua volta.
falou que ela deveria ligar para Tom e tentar se acertar com ele, mas ela era orgulhosa demais para isso.
Giovanna foi embora na quarta-feira.
Na quinta-feira, pediu demissão para Fletch. Ela conhecera lá e não queria nada que a lembrasse dele.
É claro, que isso é bem difícil quando ele faz parte de uma das bandas mais populares do país. evitava canais de música na televisão e nunca mais ligou o rádio para tentar se distrair um pouco e acabou ouvindo uma música do McFly.
Na sexta-feira, Tom ligou implorando para que Gio voltasse e no mesmo segundo ela pegou um avião até Amsterdã, onde a banda estava.


Dois meses tinham se passado desde o dia em que e se conheceram. Era Natal agora e ela estava em seu recesso da faculdade e do trabalho.
Tina e Charlotte, assim como o resto dos alunos de Westminster, tinham viajado para passar o natal com a família. Os pais de moravam há poucos minutos dali, por isso, ela só sairia de seu quarto na noite do dia 24.
A menina passava a maior parte de seu tempo dormindo. Se não estivesse dormindo, estaria tomando sorvete e assistindo algum programa ruim na televisão.
Não que ela tivesse muito tempo livre. Após passar quase um mês sem parar de pensar em , ela resolveu mudar sua vida. Ela pararia de sofrer e pronto. O jeito que achou foi se jogar no trabalho. Passou a fazer todas as aulas opcionais na faculdade, assumiu o posto de editora do Westminster Daily News, e escrevia artigos para mais uma dezena de jornais e revistas de pequena circulação.
Ela não tinha mais tempo de pensar em e agora, toda vez que se lembrava dele, parecia algo muito distante. Apesar de ainda doer muito.
No terceiro dia do recesso, já tinha dormido tudo o que precisava para colocar seu sono em dia, por isso, ela se entediava vendo Seinfield na tv enquanto esperava pelo seu almoço.
Sua alimentação tinha se resumido a comida chinesa nos últimos dias. Mr. Chow’s era o único restaurante aberto durante o recesso.
A campainha tocou e ela se arrastou para fora da cama dentro de seu pijama de zebra e de suas pantufas do Bart. Aqueles quinze passos entre sua cama e a porta do dormitório a matavam.
- Já vai! – Ela berrou enquanto vasculhava a sala à procura de sua carteira. - Achei! – Ela falou abrindo a porta e pegando o dinheiro na carteira.
- Você vai me dar uma gorjeta de novo? – Suas pernas viraram gelatina ao ouvir aquela voz, suas mãos começaram a tremer e as borboletas habitantes de seu estômago acordaram. Ela olhou para frente e lá estava ! Tão bonito quanto ela se lembrava, por mais que tivesse tentado esquecê-lo.
- ?! Pensei que fosse o cara da comida chinesa! Mas não era para você estar em Kopenhagen ou algum lugar assim?
- Era, mas o Fletch liberou a gente para o Natal!
Antes de poder continuar qualquer conversa, se pegou divagando pelos olhos de . Assim como da última vez que ela os vira, eles pareciam tragá-la.
O silêncio era completo e conseguia ouvir o próprio coração. Ou seria o de ?
- Acho que nós estamos sozinhos agora! – Foi o que falou antes de beijá-la.
A menina nunca tinha experimentado nada parecido. Percebeu que em todas as centenas de vezes que tinha beijado alguém, estava simplesmente errado. Não encaixava.
Ela e com certeza encaixavam. Suas respirações pareciam sincronizadas.
sentiu o menino se arrepiar. Daí ela se arrepiou por tê-lo deixado arrepiado. Vai entender...
Os dois partiram o beijo sorrindo.
- Eu só consegui pensar em você nos últimos dois meses. – falou.
finalmente entendeu o que todos aqueles poemas, filmes e músicas de amor significavam. Ela e finalmente estavam juntos!

FIM


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