I've read about the after Life, but I never really Lived
By Yumi
Script by Bia


(I) - Waking up? Oh shit...

- Acordando!! Vamo filho! Acoooorda!!
Quê? Acordar? Por quê? Dormir é bom... Dormir faz bem... É saudável...
- , filho, você não vai acordar?
- Não, mãe, eu não vou acordar... - enfiei minha cara no meio do travesseiro. Era sábado ainda...
- Filho, hoje tem aula...
- Tem não...
- Claro que tem, seu bobo. Ou a sua escola suspendeu as aulas de quinta-feira?
Quinta-feira? Ó não...
- Vai levantar ou não?
- Vou...
Saí da cama. Apesar de estar tão quente e tão... tão... boa... Ai ai...
Fui pra baixo do chuveiro. Água fria. Por que a essa hora a água sempre fica mais fria? Que saco... Com certeza o dia não vai ser bom... Depois de muita insistência do meu lado correto do cérebro, acordei direito. Lá embaixo, minha mãe e meu irmão, os únicos seres capazes de sorrir às 6 e meia da manhã.

- Bom dia.
- Bom dia dorminhoco! Tome seu café. Acabei de fazer.
Ótimo. Café novo. Sentei de frente pro , meu irmão. Ele, com a boca cheia, me deu bom dia.
- Bhfom diiiagh.
- Bom dia...
- , querido, que horas é o baile mesmo?
- Sete. Da noite.
- Ah, ótimo. Sua vó perguntou hoje que horas era, pra preparar umas coisas antes de você ir.
- Mas ela já vai preparar? - , mesmo entretido no seu pão com ovos, tinha que se meter nos assuntos dos outros.
- Claro que não, sua besta! É só na sexta que vem!- eu e meu maldito mau humor matinal. mostrou a língua e engoliu um gigantesco gole de suco. Depois disso, correu para a sala e ficou assistindo o jornal, enquanto eu tomava meu café. Delicioso, por sinal. O café, não o jornal.
- Você já convidou alguém pro baile? - mas que tipo de coisa é essa pra se discutir às 7 da manhã?
- Não. E... eu acho que não vou.
- Como assim, não vai?
- Oras mãe, eu acho que não vou... só isso...
- Por quê?
- Porque não tem ninguém pra ir comigo e, além do mais, é uma besteira total...
- Mas é o baile da sua formatura!
- Sei disso... mas...
- Mas O QUÊ?
- A formatura mesmo é só mês que vem... Não preciso ir no baile... - minha mãe odiava quando eu dava uma de anti-social. Odiava. Então, pra não piorar as coisas, ela respirou fundo e olhou pra mim.
- Filho, você tem que sair mais. Se divertir. Sabe, com seus amigos...
- É que...
- Você vai. E ponto final.
- Mãe!
- , não discuta comigo! Você vai! Mas que coisa!
Depois de uma bronca no sobre os pés em cima da mesa de centro, ela nos despachou pra escola. Entramos naquele ônibus e fomos pra "escola", que nos últimos tempos tava mais pra inferno. Antes era legal. Antes digo primário. Desde que "crescemos", tudo mudou e não sou mais popular, como era antes. Se minha mãe soubesse o que eu passo... Ai ai... Melhor me calar e enfrentar o dia como ele merece.

(II) - My friends wanna kill me

Entramos e cada um tomou sua direção. foi pra sua sala, com um amigo. eu, fui direto pra minha, no fim do corredor. Pra que pôr a sala nos quintos dos infernos?!
A manhã foi um tanto quanto agitada. Não agüentava mais as aulas. Até que o abençoado sinal do almoço tocou.

- Grande !! - , meu melhor amigo. Um loser, assim como eu. A diferença é que ele tem mais a oferecer. É inteligente.
- Oi, . Que conta de novo? - sentei ao lado dele, na escada. Peguei meu almoço improvisado e comecei a comer.
- Nada realmente bom e interessante. Só que tem uma mocinha que passou a manhã inteira te procurando.
- Mocinha? Desde quando mocinhas me procuram?
- Foi o que eu me perguntei. E perguntei pra ela também.
- Ta, mas quem ta me procurando?
- A Jackie.
- Jackie? Jackeline Burthardt?
- Yep, Jackeline Burthardt.
- O que ela queria?
- Sei lá. Sei que tava te procurando.
- Interessante... - Fiquei processando a informação. Jackie era a garota mais popular daquele antro católico. Cheerleader, último ano, filha de gente importante. O que ela queria comigo?
chegou logo depois, com seu amiguinho estranho. Sentaram do nosso lado pra comer o almoço improvisado deles.

- E aí, do que vocês tavam falando?
- Você e a sua mania de se meter no assunto dos outros...
- EEEEI! - me empurrou. Quase me fez cair, o desgraçado.
- Jackeline Burthardt tava procurando ele. - sempre o e sua matraca.
- Jacke... JACKELINE BURTHARDT?? - deu um berro, naquela voz de falsete de 15 anos dele.
- Porra, não grita meu!
- Ta, desculpa... - ele baixou a voz. - Jackeline Burthardt? Cara, o que ela ia querer com VOCÊ?
- E você acha que eu sei?
- Hey, !
Ouvi uma voz doce me chamando. Virei e era Jackie, ali, viva, inteira e rosa, falando comigo.
- Ah, olá Jackie.
- Posso falar com você, em particular?
- Ah, claro... claro... - me levantei e fui até o canto que ela me levou. - Fale.
- Você quer ir ao baile comigo? - nossa, como ela era direta...
- Baile, com você? - minha vontade era falar que não, porque não ia. Então o rostinho angelical de minha mãe apareceu na minha frente.
- É, baile, comigo. - ela tinha um sorriso malicioso.
- Eu acho que... Não.
- Não? Como assim não?
- Não, eu não quero ir ao baile com você. Simples assim.
- Você ta me dispensando?
- Acho que sim.
- Não acredito.
- Ta, eu digo com todas as letras se é necessário. Eu estou te dispensando.
- Oras, vai se ferrar então, seu...
- Loser?
- Pateta!
Ela saiu pisando duro e com passos rápidos em direção ao grupinho das loiras e altas. Eu voltei para a escada, meio abalado, me perguntando se tinha feito a coisa certa.
- Então, o que ela queria com você? - perguntou , acabando de engolir um pedaço do meu sanduíche.
- Queria ir comigo no baile.
- E você disse que sim, né?
- Não.
- Como assim não? - arregalou os olhos.
- Eu falei que não queria ir com ela e ponto final.
- Ai que irmão burro o meu!!! - começou a se descabelar, batendo as mãos na cabeça. estava em estado de choque, e até o amiguinho estranho do , o tal de , balançava a cabeça. Se pudessem, bateriam minha cabeça na parede.
passou o resto do dia revoltado com o que eu tinha feito. Mas, era tão errado assim? Dispensei ela porque... bem... na verdade nem eu sei, mas dispensei mesmo e não foi erro nenhum! Será? Bem, tarde demais.


(III) - Nice to meet you

A sexta-feira foi a mesma tragédia de manhã, não fosse por algo que mudaria o resto do dia.

Depois de levar uma bronca da professora por estar dormindo em plena aula de geografia (um grande mistério porque eu estava dormindo), ela me mandou pegar os exercícios na secretaria. E lá vou eu, naquele corredor mal iluminado, em direção a secretaria. Pedi os malditos papéis, empilhei-os nos dois braços e fui pra sala. Olhando pra baixo, nem vi aquela figura na minha frente. Resultado, trombamos um com o outro.

- Ai, me desculpa! Deixa eu te ajudar.
- Ah, não tem problema. Pode deixar.
- Não, eu te ajudo. - a figurinha insistente e baixinha começou a me ajudar a arrumar os papéis. Ela era rápida. Em instantes, já tínhamos arrumado tudo.
- Ah, muito obrigado...
- Não há de quê. - ela pôs o cabelo pra trás da orelha e olhou pra baixo. Eu já estava virando as costas para voltar a aula de minha amada professora quando ela me chamou. - Hey, você é o né, do último ano?
- Anh... sou... e você?
- , do primeiro ano. Prazer. - apertamos as mãos um do outro.
- E... como você me conhece?
- Ah, conhecendo, oras. - ela corou levemente. Bem levemente. - Então, a gente se vê! - e voltou correndo para a sala, na direção totalmente oposta a minha. Eu peguei todos os papéis e voltei para a sala também. E a nova bronca da professora não foi suficiente para me abalar e me parar de fazer pensar naquela garota. Ela era muito educada. E simpática. Acho que um era conseqüência do outro. Tentei desenhar o rosto dela, ou o pouco que lembrava. Desisti quando me distrai e daquele rostinho saiu um vampiro.

- Hey , fala alguma coisa cara! - lá vem o ...
- Que você quer que eu fale?
- Sei lá! Você tá quieto demais...
Era intervalo e nós estávamos sentados no mesmo lugar de sempre, a escada. e seu amiguinho estranho estavam desfrutando conosco a felicidade de uma futura aula vaga.
- É mesmo... Fala alguma coisa gordo.
- Mas não tenho nada pra falar! Que coisa...
- Se me permitem expressar a minha opinião, eu acho que ele tá pensando em alguém. - o amiguinho estranho só se manifesta pra falar esse tipo de coisa. Haja!
- Não é nada disso! Eu só to... quieto!
- Aí é que tá. Você nunca fica quieto. - ele falava baixo, mas as palavras dele eram profundas.
- Uh... concordo com você aí, baixinho. - também sabia se manifestar nas horas erradas.
- .
- O quê?
- Meu nome é .
- Ah tá. Concordo com você, . Quem é, hem?
- Mas que coisa! Não é ninguém! Eu não estou pensando em ninguém e nem tenho nada pra falar! É tão difícil assim entender isso?
- Nossa... foi mal...
- Ah, tudo bem... Licença... - passei por cima deles, quase pisando no . Fui direto pra cantina, comprar um suco. Chegando lá, encontrei comprando um suco também.
- Um suco de , por favor. Ah, oi !
- Oi! Gosta de suco de ? - inexplicavelmente, senti o bater do meu coração até nas orelhas.
- Hum... é meu favorito!
- Aqui, moça. - a mulher da cantina entregou o suco pra ela.
- Ah, brigada. E tchau, né, . Até mais. - ela saiu correndo para se juntar a suas amigas. E todas elas ficaram me encarando. Bobas.
- E você rapaz, vai querer o quê?
- Um suco de , por favor.

(IV) - Arrested on a Saturday afternoon

- Sr. , você poderia me dizer como calcular essa raiz?
- O que, professora?
- Essa raiz aqui.
- Bem...
- Você estava prestando atenção na aula?
- Pra ser sincero, não.
- Ah, isso é ótimo... simplesmente ÓTIMO. - a professora começou a ficar vermelha. - EU VENHO AQUI, TODO DIA, ME ESFORÇO PRA DAR TODA ESSA MATÉRIA E O SENHOR FICA AÍ, NO MUNDO DA LUA. ÓTIMO MESMO, SR. !
- Calma professora! Eu juro que presto atenção agora!
- O que ta acontecendo aqui?? - a coordenadora apareceu na porta, melhorando demais minha situação. - ALI! O SR. ESTAVA VIAJANDO TOTALMENTE! NÃO PRESTOU ATENÇÃO NUMA PALAVRA DO QUE EU DISSE!
- É verdade, ?
- Não é bem assim...
- Você tava prestando atenção?
- Não...
- VÊ? ADMITE!! DETENÇÃO!!! EU QUERO DETENÇÃO PRA ELE!!!
- Acalme-se, Srta. Brown.
- EU TO CALMA!!
- , venha comigo, por favor... - a coordenadora me chamou para fora da sala e conversou comigo no corredor.
- Olha, eu juro que não fiz nada de errado! Não sei o que aconteceu com ela!
- Não se preocupe. A srta. Brown anda meio alterada ultimamente. - olhei para dentro da sala e a professora estava debruçada sobre a mesa, chorando.
- É, percebo...
- Eu acho um exagero te dar uma detenção, mas eu serei obrigada a dar.
- Anh???
- É... Se eu não der, vai dar um rolo danado... E a srta. Brown vai surtar de novo... Da próxima vez ela pode até pedir a sua suspensão...
- Tudo bem então! Pode me dar a detenção...
- Okay. Esteja aqui amanhã, às duas da tarde. Tem uns troféus da escola para limpar.
- Quê? Eu vou ter que limpar tudo aquilo sozinho????
- Não... Tem uma outra pessoa que pegou detenção e vocês trabalharão juntos... Hehe, não se preocupe...
Voltei para a sala e a professora já tinha se recomposto. Pra me garantir, não tirei os olhos dela ou da lousa.

(sábado, duas horas da tarde)
Quando contei pra minha mãe sobre a detenção, ela quase morreu. Mas expliquei a história toda. Aí ela ressuscitou.
Na escola, cheguei no horário certo e o inspetor já me jogou na sala de troféus para começar a limpá-los. Sozinho.

- Er... a coordenadora disse que teria mais alguém aqui...
- E tem. Mas essa pessoa ainda não chegou.
- Ah... tá...
E, sozinho, comecei o trabalho. Peguei o pano e o produto que sei lá do que era feito e comecei a polir os troféus. Fiquei ali, sentindo cheiro de mofo, espirrando e vendo meu sábado escapando. Depois de meia hora, o inspetor jogou na sala a outra pessoa.
- E você, senhorita, vai ter que ficar meia hora a mais. Se atrasou, então...
- Ai, que maldade...
- Hehe...
- ! Você por aqui!
- ?
- Sim! - ela correu para sentar do meu lado. - O que você fez pra vir parar aqui??
- Ah... me pegaram... bebendo. - quê? que mentira deslavada!!! Por que não falar a verdade?? Ai ai...
- Uh... Perigoso! - ela deixou os olhos semi-abertos e baixou o tom da voz. - Sabe por que eu estou aqui??
- Por quê?
- Eu escondi um corpo no terreno da escola!
- QUÊ????
- Haha!! Brincadeira!! Só pra ver a sua cara! Hahahaha!
- Ah, ótimo...
- Na verdade eu tô aqui porque bati numa menina.
- Que menina?
- Jackeline Burthardt. - quê?
- Você bateu nela?!?!
- Aham.
- Por quê?
- Ah... Ela me disse que eu não conseguiria fazer uma coisa... Assim... E tirou sarro de mim... Aí eu dei um soco nela.
- Nossa...
- É... - ela olhou pra mim, e minha cara devia estar assustadora pela reação dela. - Calma! Eu não bato em todo mundo não! Ha ha ha ha...
E depois daquela risada gostosa que ela deu, meu coração sossegou.

(V) - Let's run

- Hey, .
- Diga.
- Vamos sair daqui?
Eram só três e dez e ela já queria sair de lá. Alô! A gente tá cumprindo detenção... Mas não disse nada a ela.
- Mas eu só posso sair às quatro.
- E eu às quatro e meia. Mas tô cansada...
- Mas... - eu também já não agüentava mais olhar praqueles troféus gigantescos. Olhei bem pra ela. Aquela cara de doida. - Vamos, então.
Ela pôs a cabeça pra fora da sala, viu se o inspetor não estava lá e me chamou com o dedo. Andamos nas pontas dos pés para sair dali. Dois fugitivos. Mesmo que tivesse nos visto, o inspetor não nos pegaria. E foi o que ele fez, provavelmente. Pois nós dois éramos péssimos fugitivos. Derrubamos coisas, tropeçamos e exclamamos. Mas, enfim, saímos.
- Ufa! Conseguimos!
- É! Mas... O que a gente faz agora? Minha mãe acha que eu vou sair da escola às quatro. E chegaria em casa às quatro e meia.
- Ah, então a gente ainda tem uma hora!
- Pra quê?
- Huhu... nem te conto! - ela me olhou maliciosamente.
- Você ta falando de...
- Claro que não, seu bobo. Vem comigo. - ah, que bom... Conseguiu me enganar. Andando pela rua, os primeiros sinais da primavera. Flores brotando dos lugares mais inesperados. O mundo ficando rosado e amarelado. Ela andava no meio da rua, meio que cambaleando, se jogando dum lado pro outro, toda serelepe. Balançava a saia comprida e sapateava com o tênis todo gasto. Pra onde estava me levando?
A cidade ficava cada vez mais silenciosa. As casas, os prédios, tudo, ia desaparecendo. Os lados da rua começavam a ter mais árvores. Foi então que me toquei. Ela estava me levando para a ponte. Chegamos lá e ela se apoiou no parapeito. Embaixo, mas não muito, o rio corria gelado.

- O que nós viemos fazer aqui? - perguntei.
- Curtir um pouco a natureza, sabe. E na hora certa. - ela veio até mim e me puxou. - Olha lá.
De onde ela apontou saíram dezenas de pássaros. Talvez centenas. Eles começaram a fazer um círculo no céu e aos poucos sumiam num ponto perto das árvores.
- Nossa... que lindo isso...
- Não é perfeito? - ela então subiu no parapeito da ponte e abriu os braços. Ficou ali, em pé, estática. O vento balançava as árvores, mas ela continuava na mesma posição.
- Como você faz isso?
- Isso o quê?
- Ficar aí, parada. Você tá em perfeito equilíbrio.
- Ah, é porque eu sei voar. - e sorriu pra mim, inocentemente, mostrando duas covas, uma em cada bochecha. - Quer aprender?
- Nah... Eu já passei da idade...
- Ai, seu velho. Vem logo. - ela desceu e me fez subir ali também.
- Eu não consigo!
- Claro que consegue! Todo mundo consegue.
- Não eu!
- Bobo. - ela me mostrou a língua e me abraçou por trás. - Claro que consegue. - eu já estava me sentindo totalmente envolvido pelo momento, quando percebi que ela só tinha feito aquilo pra me pôr no lugar certo. - Agora abre os braços.
- Assim?
- Isso.
- E agora?
- Solta minha mão.
- Quê?
- Solta minha mão!
- Não. Eu vou cair.
- Confia em mim. Pode soltar.
Soltei. O vento veio firme e forte em direção a mim. Eu ia tomar o maior capote, isso sim. Mas ao ouvir a voz dela mais uma vez, me equilibrei.
- É só pensar em coisas boas.
E ali, me apaixonei por ela. Porque ela me fez voar.

(VI) - I love you this much!

- O que a Jackeline te disse pra você bater nela?
Andando de volta para casa, nós andávamos na calçada. Começava a anoitecer e as luzes estavam se acendendo. O comércio noturno abria aos poucos.
- Ah, não vou dizer...
- Fala vai...
- Não.
- Fala, ! Por favor!
- Tá bem... Eu queria convidar uma pessoa pra ir comigo ao baile, mas ela disse que eu não conseguiria. E indiretamente disse que eu era feia.
- Nossa, como ela é má.
- Muito...
- E que pessoa era essa que você queria convidar?
- AAAH! Aí já ta pedindo demais né...
- Fala!
- Não, isso eu não falo.
- Posso tentar descobrir?
- Pode... Vai passar o dia inteiro tentando... hehe.
E passei. Fomos até a casa dela e eu tentando descobrir quem ela queria convidar.
- Poxa... O Patrick, aquele capitão do time de futebol?
- Você já falou do Patrick... Foi o primeiro. Aliás, o que te faz pensar que eu gostaria de ir com ele?
- Ah, ele é o Patrick, né... Capitão do time... E pá...
- Pára com isso! Você já falou com ele? Um completo idiota.
- HÁ! Eu sempre soube disso. Como pode atrair tantas garotas?
- Anh... Braços fortes, talvez?
- É?
- É...
- Que droga... Okay, agora eu acerto. O Pete, do clube de natação?
- Não...
- O Jon, do teatro?
- Também não.
- Ah, só me resta o , então!
- Quem é ?
- Meu amigo, ...
- Ah, o de óculos?
- Ele mesmo.
- Não...
Ela parou na porta da casa e virou para mim. Fechei o casaco e pus as mãos no bolso.
- Muito obrigada por vir até aqui.
- Ah... Por nada... E mais uma coisa...
- O quê?
- Você por acaso ia levar o meu irmão?
- Não! Pára...
- Então o ?
- Aquele amigo esquisito do seu irmão? Muito menos!
- Então quem?!?
Ela parou por um momento. Parecia que estava respirando toda a coragem ao redor, porque parece que todo o resto também parou.
- Você, bobo.
Ela se inclinou para mim e me deu um selinho, com aqueles lábios macios e rosas.
- Isso é sério?
- Uhum. Eu te amo um tanto assim! - ela abriu os braços. - Tchau! - virou as costas e entrou. Então ela me amava aquele tanto? Poxa...
Depois que ela entrou, as criaturas voltaram às suas funções. Folhas caindo, cachorros latindo, o vento soprando. Menos eu, que parei de raciocinar.


(VII) - I think I'm afraid

O domingo pareceu muito mais tedioso e chato que os outros domingos. Mal podia esperar pra chegar segunda-feira. Mas, o que faria quando ela finalmente chegasse, me despertando, devastadora, de todos os meus sonhos e peripécias mentais?

Ela enfim chegou, arrasadora, me despertando dos meus sonhos e peripécias mentais. E chegou na forma da minha mãe gritando, mais uma vez.
A ida para o colégio foi mais longa que nunca. Apesar disso, não tive tempo de pensar no que dizer quando a visse. Queria encontrar mais uma vez, mas não sabia o que fazer. É, sempre fui esse sem atitude.
E lá estava ela, parada na frente da escola, no topo da escada, com o vento balançando seu cabelo. Tão doce, mas tão intimidante. Senti medo, pela primeira vez em muito tempo. Desviei o olhar antes que ela me visse. Corri para o lado do , peguei um livro da mão dele e enfiei minha cara nele. Começamos a subir as escadas.

- Bom dia !
- Ah, oi, ! Bom dia...
- Eu... Queria falar com você...
- Ah, sabe o que é, eu to meio ocupado agora. Depois, okay?
- Ah, tudo bem!
Ela nem pareceu se importar muito. Saiu correndo para junto das amigas, que riam aquelas risadinhas irritantes de menininhas encalhadas. Não que eu não achasse engraçado, mas naquela hora estavam me deixando nervoso.

O resto do dia foi a mesma coisa. Ela tentava falar comigo, mas eu só dava um oi, fingia que não tinha visto ou dizia que estava muito ocupado. E assim fiz na terça e na quarta. Na quinta, um dia especialmente quente demais para o começo de primavera, vi que ela não agüentava mais aquilo. Muito menos o , já que por causa disso eu tinha ficado muito mais grudado nele.
- Porra, ! Você ta me irritando!!
- Cala a boca !
- Meu! Essa menina linda querendo falar com você e você nem dá bola!
- Não é isso! É que... Ela disse que me ama!
- Te ama é? Deve te odiar agora, isso sim! Até eu to odiando essa sua atitude!
- É que eu não sei o que fazer!!!
- , amigo, colega, camarada de tanto tempo...
- Fala.
- Quando ela se declarou?
- Sábado.
- E hoje é?
- Quinta.
- PORRA, E VOCÊ AINDA NÃO SABE O QUE FAZER?!?!?!?!
- É que...
- É que o quê? Você já sabe o que sente por ela?
- Sei...
- Então vai lá e fala pra menina!!!!
- Mas e se ela me dispensar? Já é meio tarde pra eu falar isso, não é não?
- Deixa eu ver se entendi. Você ta com medo de se magoar?
- É...
- Ô, tadinho... Então deixa eu esclarecer algumas coisas pra você...
- Fala.
- Primeiro: no amor, a gente tem que se deixar machucar às vezes... Quando se ama, você tem que se sacrificar um pouco pela felicidade do outro, o ser amado...
- Nossa, ... Que lindo isso...
- É, mas deixa eu continuar. Segundo: ela já não disse que te ama?
- Já...
- Então, as chances de alguém sair machucados são mínimas!
- Poxa, é verdade...
- Ta vendo?
- Pô , valeu mesmo cara... Você é um amigão...
- É... Só mais uma coisa .
- O quê?
- DESGRUDA DE MIM, FILHOTE DE CRUZ-CREDO!
E com o encorajamento do , decidi me declarar pra ela também.

(VIII) - I need you to know how much you mean to me

Faltando pouquíssimo tempo para acabar o almoço, procurei por . Não foi difícil acha-la, pois era tão escandalosa quanto suas amigas quando ia contar alguma coisa. Ouvir a voz dela me confortou. Cheguei mais perto do grupinho, esperando que elas se calassem para que eu pudesse falar com . Vi que a única saída era interromper.
- Oi, desculpa... , posso falar com você um minutinho?
- Quê?
- Eu... Queria falar com você...
- Agora?
- É, agora.
O maldito sinal bateu.
- Desculpa, mas o sinal bateu. Depois, quem sabe. A não ser que eu esteja OCUPADA.
Ela virou as costas e começou a andar com suas amigas para a sala. Okay, levei um fora. Mas não podia deixar por isso mesmo.

Entrei correndo na sala, pronto pra ouvir um monte, mas graças aos céus o professor ainda não tava lá. , passando pela porta, fez sinal perguntou como tinha sido. Acenei que NÃO tinha sido. Ele fez a pior cara possível e foi pra sala dele. Não, eu definitivamente não ia deixar a situação daquele jeito. Peguei a última folha do caderno e escrevi apressado.
"Eu preciso te falar algo importante. O tanto que você significa pra mim. Posso?"
Assinei e fiquei esperando a aula acabar. Batia os pés com tanta ansiedade que chamaram minha atenção umas três vezes. Desistiram, vendo que eu não ia sossegar. E, antes do próximo professor chegar, corri até a sala dela, joguei o papel no estojo e saí correndo. Porém, antes que eu chegasse na minha sala, me alcançou.
- .
- !
- Toma, não quero saber disso. - ela me estendeu o papel.
- Como assim?
- Não quero saber de você ou de bilhetinho seu. Toma. Não era você que estava ocupado demais?
- Mas...
- Dá licença que eu tenho que voltar pra minha aula. - a voz dela estava chorosa. E aquilo tinha doído demais. Por que fazer isso comigo naquela hora?

Saindo da escola, veio falar comigo.
- Então, falou com ela?
- Não. Ela me deu o fora.
- E você vai deixar por isso mesmo?
- Bem... Ia...
- Ah, senhor ! Você vai à tarde na casa dela, oras!
- Hum... Legal... E se ela me chutar de novo?
- Você não ouviu uma palavra do que eu disse antes, né? Todo o papo de se sacrificar pelo amor e tal...
- Sei...
- E aquilo que eu disse de você desgrudar de mim...
- Ta legal, , entendi... Eu falo com ela.
- Aê! Assim que eu gosto. Anda logo então, hem?

Enquanto eu andava a caminho da casa da , fui tomando coragem aos poucos. É, dane-se que ela tinha me dado o fora! Dane-se que eu ia levar outro toco! Dane-se que ela ia bater a porta na minha cara e me mandar às favas! Eu ia dizer pra ela o que sentia e que se foda! É isso aí.
- !! - bati na porta.
- Já vai, já vai!! - ela abriu a porta vestindo só um short e um blusão por cima daquilo. Extremamente animador. - Ah, você?
- Sim, eu.
- Fala logo o que você quer.
- ... Eu... gosto de você.
Parado na porta da casa dela, me declarei. Assim, limpo, curto e básico.
- GOSTA de mim?
- É. Não!
- Não, você não gosta de mim?
- Não, não é isso!
- Ah, , vai catar coquinhos... - ela começou a fechar a porta, com o mesmo tom choroso na voz.
- Não!! Peraí! Deixa eu explicar direito!! - impedi ela de fechar a porta. - Posso entrar, pelo menos?
- Tá, entra... Mas seja rápido.
Entrei e ela nem fechou a porta. Aliás, eu só pus os pés pra dentro da casa. Ela ficou de braços cruzados na minha frente, esperando eu me pronunciar.
- Eu... Acho... Não, sem acho... Eu... - olhei bem nos olhos dela, que estavam levemente marejados, mas queriam sorrir. As palavras começaram a perder todo o sentido pra mim. Nada mais fazia sentido. Eu só queria estar ao lado dela. Eu estava amando. Então, ao invés de falar coisas confusas e que dariam numa briga, beijei-a. E ela me beijou de volta. Abracei-a e não paramos de nos beijar. Com o pé, fechei a porta. Levantei o blusão dela e pus minhas mãos em suas costas nuas. Ela me abraçou e passeou suas mãos pelo meu pescoço. Não era carnal aquilo. Não era nenhum desejo. Não era paixão. Era amor mesmo.


(IX) - So you're gone

- Isso quer dizer que você me ama?
- É, acho que sim.
Estávamos deitados na cama dela. Um pouco apertados, mas já que eu a abraçava, estávamos confortáveis. Tinha sido o melhor momento da minha vida e agora eu me sentia feliz. Sentia que tinha feito ela minha e que assim seria para sempre.
- Você promete nunca me deixar?
- Prometo.
Realmente, nunca a deixaria. Nunca. Por nada.
- Jura? - as lágrimas começaram a descer salgadas pelo rosto dela.
- Juro... Mas, por que você ta chorando?
- Nada... Felicidade, acho...
- É?
- Uhum... - ela enxugou as lágrimas e olhou pra mim. - , acho melhor você ir... Daqui a pouco meu pai chega em casa e não vai ser legal ele ver a gente assim.
- Opa... Verdade... hehe.
Nos vestimos e ela desceu as escadas comigo, naquele short e naquele blusão.
- A gente se vê amanhã? - Claro... - beijei a boca dela mais uma vez e saí correndo com os tênis nas mãos. Virava às vezes para vê-la; ela só entrou quando um carro apareceu na rua. O pai dela. Hehe...
Ah, que felicidade! Agora, qualquer coisa podia me acontecer! Que me quebrem uma perna! As duas até! Eu não ligo! Já sei como é o amor...


De madrugada, pensando em , tive a idéia mais brilhante e mais óbvia da última semana. Ir com ela ao baile. Perfeito! Eu já tinha uma roupa, ela provavelmente também. Então era isso. A primeira coisa a fazer: convidá-la.

- ! - cheguei correndo.
- E aí! Falou com ela?
- Ah, foi maravilhoso!! Você nem faz idéia!
- Nossa! Eu disse pra você! Que beleza hem?
- Pois é... Mas, você viu ela por aí?
- Vi... Vi ela entrando.
- Ótimo. Vou lá falar com ela!
Cheguei no corredor e logo vi aquela tão amada figurinha no fim do corredor, de costas. Tamparia os olhos dela. Isso. Mas, antes que eu pudesse fazer isso, a diretora a chamou. Logo atrás de mim. Até pensei que tinha sido comigo. Ela virou e me viu. - Oi, !
- Oi, amor!! Preciso falar com você!
- Srta. ? - era a secretária da escola.
- Er... Podia ser depois?
- Ah, claro. Pode ir.
- Então tá. Tchau.
Tudo bem, poderia falar com ela depois, sem problemas. No entanto, toda vez que eu ia falar com ela, alguém da administração da escola a chamava. Impossível. Não a vi em nenhum intervalo e quando finalmente achei que poderíamos conversar, vejo ela passando com um senhor pela porta da minha sala. Acho que era o pai dela. tinha um olhar tristonho. E estava saindo mais cedo. Será que tinha morrido alguém?

Quando cheguei em casa, minha mãe me entregou um envelope.
- É de uma moça. Acabou de passar aqui. Achou que você já tivesse chegado e me pediu pra te dar isso.
- Brigado...
"Para ". Era a letra da . Linda, toda cheia de floreios. Abri no meu quarto. Devia ser alguma carta de amor e, se abrisse na sala, "alguém" ia me encher o saco.

"Querido ,
Desculpe não ter dito isso a você antes. Peço mil perdões.

Vou embora hoje. Às três e meia saio de casa. Às oito já estarei em Londres, meu novo rumo. Por favor, se puder, passe lá antes da minha saída. Gostaria muito de te beijar uma última vez.
Mas se não for possível, lembrarei da tarde de ontem como nossa despedida.

De quem te ama muito,
"


O quê? Como assim? Ela... ia embora? Claro! Por isso estava tão estranha na escola!
Olhei no relógio. três e quinze. Saí correndo. Descalço, no asfalto quente. Pouco me importava que meus pés estavam sendo queimados. Nada mais me parava. Talvez ainda houvesse alguma esperança. Eu podia pedir pra ela ficar em casa, morar na casa da minha vó, qualquer coisa! Desde que não me abandonasse...

Quando cheguei na rua dela, vi um carro saindo da garagem. Era ela. Corri, para ver se alcançava. Pude ainda ver seus olhos derramarem uma única e solitária lágrima, enquanto os meus derretiam. Mesmo assim, corri, até o fim da rua, até o fim do bairro, até onde perdi o carro de vista. Não queria desistir, mas meus pés e o sol me traíam. Dei meia-volta e fui para casa. Percebi que com a mesma rapidez com que apareceu em minha vida, desapareceu dela, para nunca mais voltar.

Agora são dez horas da noite de sexta. Estou no telhado da minha casa. Daqui consigo ver as luzes do baile e ouvir cada balada romântica tocando. Lá, uns se declaram, outros só dançam. Daqueles que se declararam, alguns conseguiram e estão sentindo que ganharam a noite. O resto está tentando afogar as mágoas no álcool ou com um outro alguém, errado, por sinal. Eu só estou tentando não chorar demais.


N/A: Hola! =D
Como estão?
Bem, tudo o que eu tenho a dizer é obrigada por vocês terem perdido seu precioso tempo lendo a fic. Significou muito *-*
Tá certo que no começo ninguém lia, o que mostra o fracasso dela, aêaêaê (H) Mas, okays xD HAUSHSAUHSA.
Continuando. Helô, Leleka, Mari, Cá, Yana, Júlia, Ana, Kah, Taí, Van, Reeh, muito obrigada mesmo! :D *abraça todas*

Bom, ela tem uma continuação, mas aquela nem dá pra adaptar. É Gerard no posto principal mesmo (afinal, a original é assim). Entãããão, nem posto aqui ^^" E, além do mais, é tããão bobinha :P

De qualquer forma, obrigada de novo por terem lido ^^ Agora minha fic está em mais um lugar, que lindo isso x}
E um obrigada gigantesco à Bia, a tia mais linda ever! *-* Love ya um tantão ansim \__________o__________/³

bjomeliguemfofáás;*
Yumi-chan ^^v

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