‘Vai mesmo me deixar esperando? Por quanto tempo mais?
Eu me sinto sufocado assim, ... Por favor...
Estarei aqui.
’
Ela amassou o papel, jogou no chão e vestiu o casaco preto de moletom. Abriu a porta e olhou para a rua, caía uma tempestade pesada, com raios e trovões. Pelo jeito, duraria a noite toda... Colocou o capuz na cabeça escondendo cada fio de cabelo que tinha, trancou a porta e colocou as chaves no bolso, decidida à enfrentar a chuva.
Caminhava de cabeça baixa, para conseguir enxergar melhor. Suas mãos estavam dentro do bolso, ela tentava aquece-las sem muito sucesso. Andava rápido pelos quarteirões escuros de Londres, seu olhar vasculhava o redor por táxis ou qualquer coisa. Já era tarde da noite e as ruas eram iluminadas por alguns postes de luz.
Can't you see that I wanna be there with open arms?
(Você não vê que eu quero estar lá de braços abertos?)
It's empty tonight and I'm all alone,
(Está vazio esta noite e eu estou sozinho,)
Get me through this one...
(Me ajude a superar essa vez...)
se encontrava sentado no canto de sua sala vazia, onde podia se ver apenas um telefone que parecia ter sido arrancado da parede; uma poltrona tão esfolada que a espuma já estava visível; e montes de papéis pelo chão. O garoto não agüentava mais a ausência de em sua vida. Ela não respondia suas cartas, e-mails, telefonemas, nada. Tinha deixado um vazio que não ia ser preenchido facilmente... Densas lágrimas dançavam pelo rosto do garoto, molhando o papel que ele tinha em mãos, e as palavras que ali escrevia. Tinha que decidir o que fazer, e tinha que decidir agora.
Do you notice I'm gone?
(Você percebeu que eu fui embora?)
Where do you run to so far away?
(Para onde você fugiu, tão distante?)
Era isso. Ele não esperaria mais. Não era esse brinquedo facilmente manipulado que ela teria para sempre. Esta seria sua última noite ali. Partiria para sempre, assim como a garota fez com ele. E não daria satisfações... Não diretamente.
I want you to know that I miss you, I miss you so...
(Eu quero que você saiba que eu sinto a sua falta, sinto tanto...)
I want you to know that I miss you, I miss you so...
(Eu quero que você saiba que eu sinto a sua falta, sinto tanto...)
desceu do ônibus completamente encharcada. Sequer sabia aonde estava, tinha apenas uma pequena noção.
Saiu correndo pelas ruas em direção à casa de . Sabia o que tinha feito. Sabia que não era certo. Ela tinha se arrependido de ter quebrado o coração dele. Tinha que encontra-lo, pedir perdão e voltar a ser feliz com ele... Ah, a falta que ele fazia... Seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar, e suas lágrimas agora eram facilmente confundidas com as gotas de chuva que desciam seu rosto. Ouviu um forte trovão e apressou o passo.
I'm writing again these letters to you, aren't much, I know.
(Eu estou escrevendo denovo essas cartas para você, não é muita coisa, eu sei.)
But I'm not sleeping and you're not here...
(Mas eu não consigo dormir e você não está aqui...)
The thought stops my heart.
(Pensar nisso faz meu coração parar.)
‘Eu menti, . Eu não estarei mais aqui...
Estou escrevendo esta última carta caso algum dia, fora dos meus sonhos, você venha me procurar...
Você não sabe o quanto eu sofri sem você do meu lado. Agora é a sua vez. Leve este peso com você.
Onde quer que eu esteja eu vou sentir sua falta.
Eu a amo, apesar de tudo.
’
leu e releu a carta, admirando cada palavra. Olhou para a foto da garota que estava no chão e sentiu ódio. Por que ela tinha que ser tão complicada? Por que não podia simplesmente ficar com ele?
Ele suspirou e tirou um isqueiro do bolso. Colocou a carta no chão, pegou a foto e a incendiou com prazer. Engoliu em seco e assoprou as cinzas que restaram.
Do you notice I'm gone?
(Você percebeu que eu fui embora?)
Where do you run to so far away?
(Para onde você fugiu, tão distante?)
continuava procurando a casa de , exausta. A chuva só piorava e intensificava a escuridão. Caiu de joelhos na calçada e tomou fôlego. Tapou o rosto com as mãos e ao abrir os olhos viu alguns postes se apagando. Se levantou rapidamente e voltou a correr, estava pagando por tudo que tinha feito.
I want you to know that I miss you, I miss you so...
(Eu quero que você saiba que eu sinto a sua falta, sinto tanto...)
I want you to know that I miss you, I miss you so...
(Eu quero que você saiba que eu sinto a sua falta, sinto tanto...)
I want you to know that I miss you, I miss you so...
(Eu quero que você saiba que eu sinto a sua falta, sinto tanto...)
I want you to know that I miss you, I miss you so...
(Eu quero que você saiba que eu sinto a sua falta, sinto tanto...)
decidira seu futuro: não teria futuro. Dobrou a carta, a colocou em um envelope e a deixou diante à porta de entrada. Subiu as escadas até o último andar, passou pelos cômodos vazios, pulou a janela e ficou na laje. Andou até a beirada sentindo a chuva cair pesada em seu corpo. Olhou a vista e ficou observando os fundos de sua casa. Respirou fundo, concentrado e fechou os olhos. Seu coração parecia estar em uma corrida contra o tempo. Tentou se livrar de todos seus pensamentos.
No more looking I've found home.
(Chega de procurar eu encontrei meu lar.)
parou de correr subitamente ao encontrar a estreita casa abandonada. Foi ofegante até a entrada, aliviada. Parou ali e ficou observando a porta, tentando alinhar e ordenar cada palavra que diria à . Encheu o peito, bateu na porta e girou a antiga maçaneta.
Want you to know that I miss you, I miss you so...
(Quero que você saiba que eu sinto a sua falta, sinto tanto...)
I want you to know that I miss you, I miss you so...
(Eu quero que você saiba que eu sinto a sua falta, sinto tanto...)
I want you to know that I miss you, I miss you so...
(Eu quero que você saiba que eu sinto a sua falta, sinto tanto...)
I want you to know that I miss you, I miss you so...
(Eu quero que você saiba que eu sinto a sua falta, sinto tanto...)
abriu os olhos e deu uma última olhada em sua volta. Abriu os braços e sentiu a tempestade o envolvendo. Mordeu o lábio e fechou novamente os olhos, se inclinando lentamente para adiante. Sentiu o vento cortar seu rosto e em um flash sua vida passar por seus olhos. Viu junto à ele, e todos os bons momentos. Sentiu o coração aquecer e... Encontrou o chão, absorvendo toda a dor até apagar e sair rolando o pequeno barranco que havia na parte de trás da casa.
Ela entrou na casa aflita e logo encontrou a carta. Leu rapidamente aos prantos e correu à procura de , gritando seu nome. Procurou em cada canto da casa em vão, e voltou para a sala pensando. Foi até a cozinha, e abriu a porta que dava para o quintal. Viu estatelado no chão e em reflexo fechou a porta atrás de si ligeiramente. Começou a soluçar e chorar mais alto. O que tinha feito?!
Abriu os armários da cozinha e encontrou um recipiente com soda cáustica. Empunhou-a e saiu de encontro ao corpo de seu amado. Ficou paralisada vendo o estado em que o garoto se encontrava. Se ajoelhou no chão, passou a mão pelo rosto dele sutilmente, enquanto balançava a cabeça incrédula. Se inclinou até a orelha do garoto e sussurrou ‘Te encontro no inferno, ’, passou mais uma vez a mão pelo rosto do garoto, entornou o líquido goela abaixo, se deitou abraçada nele e selou seus lábios nos do mesmo, fechou os olhos e deixou que a morte os unisse novamente.
FIM
Nota da autora: Erros, elogios ou susgestões?
Me manda um e-mail. ;D