Abre a porta, Mariquinha!
Por Luíza

Eu estava voltando para casa depois de um dia super cansativo na academia de dança em que eu estudo, a rua estava vazia e eu não tinha muita noção da hora, mas imaginava que já havia passado das onze pela falta de movimento.
A academia estava me estressando profundamente nessa última semana e, como era santa sexta feira, eu só estava louca para chegar em casa, tomar um bom banho e botar meus pés pra cima assistindo as quinhentas reprises de “Friends”... Mas para meu desgosto, isso não aconteceu e eu não tinha idéia de que aquela noite mal havia começando para mim...

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Sexta a feira à noite, uma festa daquelas na casa de um amigo, bebida, comida e garotas a noite inteira... O que mais um cara pode querer depois de uma semana daquelas de ensaio com a banda? Exatamente... NADA! Mas infelizmente eu não tinha idéia do que me esperava naquela noite...

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Finalmente tinha chegado em casa! Abri minha bolsa, cinco minutos para achar a porcaria do chaveiro. Nota mental: comprar um chaveiro gigante e verde florescente. Enfiei a chave na fechadura, uma, duas, três... Dez tentativas de dar a volta com a chave e nada! Comecei a bater na porta na esperança de que Mariquinha estivesse acordada para abrir a bendita porta pra mim. Berrei, bati na porta e nada de dona Maria do Carmo abrir a porta! Maria do Carmo trabalhava para meus pais no Brasil desde que eu me entendo de gente, ela sempre cuidou de mim e ficamos bem ‘íntimas’, por isso sempre a chamei de Mariquinha, mas como eu resolvi estudar aqui em Londres, ela veio junto para ‘tomar conta de mim’, só que ela sempre ficava em casa dormindo ou vendo TV quando eu não estava.

********** - , me dá o endereço desse lugar direito fazendo um favor? – Gritei com o imbecil do ao telefone.
- , eu não sei o endereço da festa! Quantas vezes eu vou ter que te dizer isso? – Ele berrou de volta, fazendo com que eu precisasse afastar o celular do ouvido.
- E como você chegou ai, então? – Perguntei, furioso.
- Eu não sei! Já disse que eu vim no carro do James, ele tava dirigindo e enquanto isso tinha uma garota fazendo loucuras no meu pescoço, meu caro... Como você queria que eu gravasse o endereço?
- Ah, então eu não vou à festa, é isso que você tá tentando me dizer?
- , porque eu sou um cara muito legal com você e eu sabia que você ia ficar perdido como sempre, anotei a porra do endereço e coloquei na geladeira, agora pára de me encher o saco!
- Ah então eu vou ter que voltar andando tudo de novo até chegar em casa? – Resmunguei – ? Você tá ai? – Foi a última coisa que eu consegui dizer, depois disso ouvi uma voz feminina dizendo algo como “anda logo amorzinho...” e pá! O desgraçado desligou o telefone na minha cara.
Tentei ligar de novo, mas a droga do celular resolveu me sacanear e acabar com a bateria logo agora.
‘Ótimo, mais um na minha lista de coisas e pessoas contra mim essa semana...’ Pensei metendo o celular no bolso novamente.

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Aquela porta estava me estressando!
- Eu não mereço isso! – Berrei inutilmente em um ato de desespero, mas para minha sorte, ou talvez falta de sorte, ninguém me ouviu.
‘O que uma pessoa que mora em Londres há uns cinco meses, sem família, faz quando uma porta não abre a meia noite em uma rua deserta?’ Pensei rindo de mim mesma por estar em uma situação dessas.
Peguei o telefone e pensei para quem poderia ligar... Resolvi rapidamente pra quem ligaria, e, acreditem, isso não foi uma decisão muito difícil, já que a Blair era minha única amiga em Londres. E não vem dizer que eu sou anti-social por estar morando em Londres há uns cinco meses e só ter uma amiga. Porque eu NÃO sou anti-social, okay? Eu sempre falo com as pessoas, sou educada e sei muito bem me comunicar e puxar assunto quando necessário. Apenas escolho minhas amigas a dedo, pois ninguém me parece interessante o suficiente para manter uma relação... Porém, felizmente eu conheci Blair há uns dois meses atrás na academia de dança, ela não é bem o tipo de pessoa que eu imaginava como a amiga perfeita, aquela com quem eu sempre sonhei poder contar as coisas e ela saberia exatamente o que me dizer, porque ela fala com todo mundo e é bem popular, além de ser linda, mas ela é a pessoa mais legal e sensata que eu já conheci. Ela consegue me entender e me deixar calma quando estou tendo um de meus ataques com a academia, o que anda acontecendo freqüentemente. Mas voltando ao assunto, eu fiquei mais cinco minutos tirando tudo que tinha dentro da bolsa pra descobrir que o celular estava dentro de casa.
‘Anta’, bati na minha cabeça.

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Fui andando com as mãos no bolso pelas ruas frias, vazias e escuras da minha cidade amada, Londres. Morrendo de ódio do por me fazer andar de novo até em casa, já que ele tinha pegado meu carro para não usar.

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Comecei a chutar a porta de um ato total de desespero, pois era minha última chance! Até que finalmente uma alma viva resolveu passar naquela rua!

********** - Hey você! – Uma sujeita maluca me chamou.
- Hey... – Respondi meio inseguro sem entender qual era a da garota.
- Você é forte? – Ela perguntou.
- Er... Sou?! – Respondi não acreditando que estava dando corda para uma conversa como aquela. No mínimo ela era apenas uma bêbada chutando a porta da casa do namorando que acabou de dar um chute na bunda dela, e agora ela quer que eu bata nele.
- Ótimo! – Ela disse enquanto me puxava para perto da porta.

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Bom, eu pedi a ajuda daquele garoto que estava passando, porque não estava realmente a fim de ir andando pra casa da Blair, sabendo que quando chegasse lá ia ter que ficar chutando a porta por mais uma hora até ela acordar.
No início achei que o garoto ia pensar que eu era maluca, também coitado, não era pra menos. Quem não pensaria que uma descontrolada como ela batendo na porta não é uma doida qualquer? Eu pensaria que era uma jovem problemática que havia sido expulsa de casa pelo pai quando ele descobriu que ela estava grávida de seu namorado punk. Mas eu viajo demais, isso é fato.

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- Você não quer que eu bata no seu namorado não, quer? – Perguntei sem querer, percebendo depois que agora ela sabia o que eu pensava dela.
Eu achei que ela fosse me xingar e inverter a historia, chamando o namorado dela pra me bater. Mas não, ela apenas riu. Isso acontece freqüentemente comigo, sabe? Eu imagino as coisas demais, meus amigos me chamam de drogado por isso, mas tudo bem.

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Depois da primeira frase que ele conseguiu dizer, eu tive certeza de que ele pensava que eu era uma maluca. Mas não uma maluca comum... Uma maluca que estava tentando espancar seu ex-namorado!
Eu não tive como evitar, e comecei a rir. Acho que ele ficou sem graça, e quando eu percebi isso, parei de rir, mas que fique claro, fiz isso com dificuldade, porque foi realmente engraçado a cara de assustado que ele fez quando perguntou se eu queria que ele batesse no meu ex.

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Depois que a criatura percebeu que eu estava constrangido com a situação, ela parou de rir e me explicou que apenas queria que eu a ajudasse a abrir a porta, porque ela não estava conseguindo.
Eu analisei a garota enquanto pensava em o que poderia fazer. Ela estava usando uma calça preta com um desenho de uma bailarina, estava de tênis, um casacão e carregava uma mochila. Realmente não parecia uma maluca tentando bater no ex, parecia apenas uma cidadã comum. Mas, por via das dúvidas, resolvi perguntar.
- Ham, mas de quem é a casa?

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Eu me expliquei e ele me veio com outra demonstração de que me achava maluca.
- De quem é a casa? – Ele me perguntou. - Noooossa! Mas você bateu os recordes, hein?! Nem te conheço e nesses dois minutos de conversa você conseguiu me chamar de psicopata tentando se vingar do ex e de assaltante! Eu tenho cara de problemática assim? – Respondi rindo, pois percebi que ele era viajante como eu por estar imaginando aquelas hipóteses, coisas que eu fazia muito.

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Bom, ela me respondeu dizendo que eu estava a acusando de várias coisas, mesmo nós nos conhecendo há dois minutos, e era verdade... Qualquer um estaria ligando pra policia ou me batendo, mas ela não... Ela me respondeu isso rindo, como se estivesse brincando.
- Verdade, foi mal ae, viu? – Me desculpei com ela – Mas eu nem sei seu nome...
Eu comecei a dar uma olhada na fechadura, e peguei a chave da mão dela.

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Ele se desculpou pelas acusações, acho que ele levou a sério o que eu disse, mas deixa pra lá né. Pelo menos ele pegou a chave da minha mão e começou a olhar a fechadura e enquanto isso a gente conversou um pouco.
- Me chamo , e você? – Disse observando aquele garoto. Reparei somente agora que ele era extremamente lindo. Usava uma roupa de festa, não me lembro muito bem qual era, mas o deixava realmente sexy.
- , mas como eu odeio meu nome me chama de , beleza? – Ele disse.
- Okay, . Mas é um nome bonito sim.
- Que seja, mas me diz o que você tá fazendo na rua uma hora dessas e sozinha ainda por cima?
- Ih, meu querido, já estou acostumada... Eu nunca consigo sair cedo da academia mesmo...
- Academia de quê? – perguntou, mas não me deixou responder – Ops...
- Como assim ‘ops’? O que você fez, meu filho? – Perguntei o empurrando e dando uma olhada na fechadura.

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A gente conversou um pouco, descobri o nome dela e que ela estudava ou trabalhava em uma academia sei lá de que. Grade passo, não?
Bom estava indo bem até, eu acho, com a chave dela, mas daí a porcaria emperrou lá dentro e não queria sair por nada! Nós tentamos de tudo pra tirá-la de lá... Foram várias tentativas de idéias mais malucas do que a outra, até tentamos enfiar um grampo lá como nos filmes, mas como eu imaginei também não deu muito certo... Acabou que depois de todo nosso esforço, já era uma e meia da manhã, eu havia desistido de ir à festa e a chave estava mais presa que não sei o que.
- , que tal você ir pra casa de um parente ou amigo assim pra passar a noite? Amanhã você chama um chaveiro e ele dá um jeito... – Propus.
- Você acha que já não pensei nisso, ? Acorda né! Foi minha primeira idéia, mas acontece que eu não tenho familiares aqui, e minha única amiga demoraria até amanhã pra perceber que tem uma pessoa batendo na porta dela. – Ela bufou.
- Nossa, há quanto tempo você mora em Londres?
- Mais ou menos uns cinco meses... Vim aqui pra estudar na Academia de Dança Frida Cosgrove.
- Percebi que você era dançarina... Mas você é de onde?
- Do Brasil... E você é daqui mesmo?
- Sou sim. – Respondi me levantando. – Vamos dar um jeitinho nessa porta, minha cara! Nem que eu fique aqui até amanhã!
riu.
- Esse animo todo só por que disse que sou brasileira, né ? – Ela se levantou também.
- Tá vendo porque nunca digo meu verdadeiro nome a ninguém... – Desconversei, e nós rimos.

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Ah, nós ficamos algumas horas tentando tirar a chave de dentro da fechadura, já que o fez questão de emperrar, mas depois cansamos, sentamos e conversamos... Até que eu disse que era brasileira e ele tratou logo de se levantar e dizer: “Vamos abrir essa porta de qualquer jeito!”
Claro que ele não admitiu que foi por isso, mas eu sei que foi...
Então começamos a chutar a porta em conjunto, e isso foi realmente muito engraçado... Sorte nossa que eu acho que apenas uma pessoa passou por ali àquela hora, e pelo que eu pude ver ela não parecia muito consciente, ou então estava apenas com medo da gente.

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Ficamos tentando empurrar a porta de todos os jeitos, mas que portinha forte hein?! Até que...
- Parados aí, vocês dois! – Ouvi uma voz grossa dizendo isso e um homem se aproximando de nós.
- , o que tá havendo? – me perguntou assustada.
Eu virei a cabeça para trás e só tive tempo de ver um guarda correndo atrás de mim.
- Corre, ! – Foi a única coisa que eu consegui gritar... Idiota? Estúpido? Eu seu que foi... Mas quando se esta sobre pressão, não se tem muito tempo para pensar, entende? Não me culpe, mas foi a única coisa que eu consegui pensar a tempo... Acho que Tom está certo, eu deveria parar de ver tantos filmes de ação.
- Correr de quê, ?! Eu tô na frente da minha casa! – dizia enquanto era algemada também.

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A questão é que meia hora depois disso estávamos sentados na sala de espera da cadeia, ambos sem celular e sem coragem para falar, rir ou xingar um ao outro por estarem naquela situação.
- Er... E então... Desculpe por ter sido idiota... – disse tentando quebrar o silêncio. Acho que ele estava embaraçado.
- Por ter sido só idiota? Você quer dizer que falou a pior coisa que eu já vi alguém falando na pior hora, né? – Eu disse furiosa.
- Hey, perdão, ok? Eu estava sobre pressão, e não sabia porquê estavam nos prendendo, só queria ajudar...
- Eu sei que você não fez de propósito, né... Mas é que eu estou com medo de ser expulsa da academia...
- Olha, eu não vou deixar eles te expulsarem, ok? Eu vou lá falar com alguém e vou explicar exatamente o que está acontecendo, vou dizer que eu estava tentando assaltar sua casa, daí você não... - estava falando rápido demais, acho que por nervosismo. Não sei porquê, mas eu sentia que ele tinha medo de mim.
- Hey vocês, façam silêncio! – Uma mulher fardada o interrompeu berrando no balcão.
- Desculpe! – disse levantando um dedo sem graça, e eu ri.
- Do que você tanto ri, ?
- , me faça um favor, me chama de ! Só minha mãe me chama de , okay? – Respondi ainda rindo.
- OK , mas de que você tanto ri?
- De nada não, deixa quieto...
- Ih eu hein... Você sempre faz isso?
- Isso o que? Rir? Sim, por quê?
- Rir do nada, digo.
- Ah , esquece isso, vai! Já passou, viu? Ai ai...
Mais alguns minutos de silêncio, nenhum de nós se encarava.

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Bom, depois que eu fiz aquela coisa que prefiro não mencionar, fomos parar na cadeia. Acho que a tinha ficado bem puta da vida, porque ela não podia ser expulsa da academia, alguma coisa assim. Mas não parecia estar querendo me matar, acho que ela entendeu. Mesmo assim, eu não a conhecia o bastante pra saber o que estava se passando naquela mente, até então muito misteriosa pra mim. Falando nessa mente misteriosa, eu acho que isso me deixou um tanto intrigado em relação a ela... Sim, porque eu com minha capacidade de observação e minha imaginação sempre consegui meio que decifrar o que se passava pelas cabeças das pessoas, desvendar um pouco mais das vidas delas e seus princípios com algumas poucas frases ditas. Mas era diferente com , mesmo depois de ter passado umas duas horas com ela conversando eu não conseguia saber quase nada sobre ela.

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- Hey, vocês dois! – A mesma mulher fardada apareceu nos chamando.
Eu e nos levantamos e fomos andando até ela. Acho que estava nervoso. “Ele definitivamente não sabe esconder seus sentimentos” Pensei. Demos nossos nomes completos, endereço, telefone e esse blá blá blá todo. Já passava das três horas e eu estava completamente morta. Sentei-me de novo no banquinho esperando alguém aparecer dizendo que eu podia ir para casa, ou que eu tinha direito a uma ligação, qualquer coisa que fosse! Eu só precisava mesmo dormir.

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Depois de responder algumas coisas a guarda, já era mais de três horas da manhã. Eu não estava cansado, porque tinha dormido o dia inteiro, mas eu pude sentir que estava. Ela não parava de bocejar e só respondia as coisas brevemente ou murmurava algo como ‘hum’ toda hora. Ela se sentou na cadeira de espera novamente com os olhos fechados. Eu me sentei ao lado dela.
- , você ainda tá acordada? Porque eu acho que podemos dar uma ligação, não é? Pelo menos é assim nos filmes, e então eu acho que podíamos ir reivindicar, concorda comigo? – Tentei puxar assunto, mas a única resposta que obtive foi um “uhum” e a deitando-se no meu ombro.
Rapidamente tirei minha mão de trás das costas delas e passei por cima do pescoço, deixando-a mais confortável.
Mais uma meia hora esperando, acabei pegando no sono também.

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Acordei no dia seguinte com um cara chamando nossa atenção. Primeiramente fingi que não era comigo, enfiei minha cabeça novamente no ombro de e tentei voltar a dormir. Mas o sujeito continuou parado na nossa frente, e depois de cinco minutos percebi que ele não ia mais desistir, então falei:
- Posso ajudá-lo? – Perguntei educadamente.
- Bom, vim avisar que um rapaz chamado está a caminho para ajudá-los – O sujeito me disse.
‘Quem é ?’ Fiquei pensando. Pensei em perguntar quem era o tal do , mas se ele estava vindo para nos ajudar eu deveria conhecer, né? Achei melhor não perguntar, porque se não poderiam não deixar o tal nos ajudar se eu não conhecesse a criatura.
- Tudo bem. – Respondi.
O homem saiu andando e nos deixou sozinhos novamente esparramados nas cadeiras de espera. Dei um jeito de me ajeitar sem que acordasse. Abri minha bolsa a procura de algo que pudesse ajudar a melhorar minha aparência, que eu não estava nem um pouco a fim de imaginar qual era. Levantei-me e fui à procura de um banheiro.

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Acordei na manhã seguinte e levei um susto, a principio achei que estivesse sonhando com e a delegacia, tudo mais... Quando realmente acordei e abri os olhos me vi sentado na sala de espera e nada de por perto. Como minha mente não estava funcionando muito bem, como de costume todas as manhãs, eu resolvi apenas esperar que ela aparecesse por ali. E deu certo, sem desespero nenhum apareceu uns cinco minutos depois e disse que tinha ido ao banheiro dar um jeito na cara amassada. Eu não vi cara amassada nenhuma; pelo contrário ela estava radiante com um sorrisão.
- Como você consegue ficar sorrindo a uma hora dessas da manhã, ainda mais acordando em uma delegacia?– Perguntei.
- Não sei, costumo acordar de bom humor... Talvez seja pelo cheirinho de café da Mariquinha que me acorda todos os dias... – Ela respondeu sentando-se ao meu lado.
- Quem é Mariquinha? – Perguntei com uma certa dificuldade ao pronunciar o ‘Mariquinha’.
- Mariquinha é a moça que trabalha lá em casa...
- , como assim tem uma mulher trabalhando na sua casa e você não se indigna nem a chamá-la ontem?
- , meu bem, você acha que eu não tentei? Ela dorme que nem uma pedra! Nem com a gente chutando a porta ela resolveu acordar!
- Verdade... – Falei sentindo meu estomago roncar. – Você não tá com fome não? – Perguntei.
- Morreeeeeeeeeeendo... – disse botando a mão na barriga.
- Beleza. – Disse puxando para a máquina de doces que tinha acabado de reparar.

********** Depois que falou, eu reparei que estava mesmo morrendo de fome, então ele me levou a uma máquina de doces que eu não sei como tive a capacidade de não ver antes, mesmo com esse meu vício por doces.
- Confete ou Suflair? – Ele me perguntou.
Claro que Suflair tem todo seu charme e um gosto incomparável, mas Confete é pra mim indispensável desde que eu nasci!
- Tanto faz... – Falei porque não sabia do que ele gostava né...
- Hum pra mim também... – Ele disse.
Ficamos observando os chocolates por alguns minutos sem iniciativa.
- Er... Acho que fico com o confete mesmo... – disse receoso.
- ALELUIA! – Rimos. - Estou seca por um confete há dias!
- Você é uma comédia, ... – disse pegando o confete da maquina.

**********
Depois de algum tempo sentamos de novo, mas dessa vez com três pacotes de confete na mão.
- Cara, sem querer menosprezar o Suflair, mas Confete faz parte da minha vida, e pode me chamar de doido por isso, porque eu sei que só eu acho isso... – Disse me deleitando com os chocolates.
- , você é meu irmão perdido no parto! – disse rindo.
- ? – chegou (finalmente).
- Porra, ! Demoro, hein? – Levantei-me.
- Não reclama não que eu saí da festa do James mais cedo pra vir aqui te buscar, seu trouxa.
Reparei que estava de mãos dadas com uma garota.
Eu e fomos a bancada da guarda que estava ali sentada desde ontem com a mesma feição de nada.
- E então, quando podemos ir? – Perguntei.
- Estamos checando sua história, espere sentado sem barulhos, por favor – Ela disse secamente.
- Que história? Aliás, por que você tá aqui, afinal de contas, comendo confete com alguém que eu nunca vi na vida? – perguntou-me.
- , depois eu te explico, é uma longe historia... O negocio é que eu e a ...– Apontei para que engatava uma conversa animada com a garota que chegou com – Estamos sendo acusados de tentativa de assalto da casa dela... Mas quem é a tal ali?
- Mais respeito com a ‘tal ali’, falou? O nome dela é , conheci ela ontem na festa do James... – disse olhando para a garota.
- Nossa, pelo que eu escutei ontem no telefone a festa foi boa, hein? – Ri da cara de babaca de olhando para a tal .

**********
Finalmente depois de alguns confetes o tal do chegou, mas não chegou sozinho não... Pelo contrário, estava acompanhado de uma menina muito bonita e ambos estavam com roupa de festa. Estranhei a roupa, até que o disse que tinha saído mais cedo da festa para vir salvá-lo, o que me faz crer que a festa foi muito boa por ter acabado às dez da manhã do dia seguinte. e foram tentar resolver as coisas com a mulher fardada que havia me assustado, e eu fiquei conversando com a garota da roupa de festa. O nome dela era .
- Mas então, querida, o que você e o amigo do aprontaram? – Ela riu. - Aprontamos nada... Pra falar a verdade eu conheci o ontem, e estamos sendo acusados por tentativa de roubo na minha própria casa!
- Ah, eu também conheci o ontem... Me apaixonei por aquela carinha de bobo feliz e aquele corpo... – mordeu o lábio inferior ao olhar para que estava de costas apoiado ao balcão – Ui meu Deus!

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Estávamos os quatro sentados na sala de espera comento confetes e esperando a policia descobrir que a casa era de , será que isso era tão difícil assim? Mas eu não me importava com a demora deles, pra falar a verdade eu não me importaria de passar uma semana com naquela delegacia apenas comento confete e tentando descobrir mais sobre aquela garota linda e fascinante. Já havia comentado sobre como ela era linda? Pois é, eu pude perceber isso bem melhor pela manhã com a luz do dia.
- Com licença, vocês quatro. – Todos nós olhamos para a guarda. – A história foi checada e vocês estão liberados, desculpe-nos pelo tormento.
- Ufa! Preciso de um banho! – comentou se levantando e ajeitando seu vestido vermelho decotadíssimo para o qual não parava de olhar.
- Somos duas... – comentou.
- Bom, esperamos vocês lá fora. – disse pegando pela mão e indo para o carro.
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- Mas então... A gente se vê qualquer dia desses? – Perguntei a quando já estávamos do lado de fora da delegacia.
- Se depender de mim, sim... – me respondeu sorrindo.
Estávamos os dois com as mãos no bolso nos olhando sem graça.
- Então, até mais... – Anotei meu telefone no celular dele, que ele havia me dado.
- Até. – Ele respondeu e então virei-me para trás e fui seguindo meu caminho, na direção contrária para onde ele iria. Não olhei para trás, mas acho que ele estava parado ainda, me observando.

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Nos despedimos e eu fiquei ali parado observando enquanto ela ficava cada vez mais longe...
Naquele momento uma dor invadiu meu peito. E se a gente não se encontrasse de novo? E se ela sumisse para sempre e eu nunca mais tivesse a chance de beijá-la? Sim, porque isso era o que eu mais queria desde ontem.
- ! – Berrei na esperança dela me ouvir, embora ela estivesse longe demais.
Ela se virou para trás ainda com a mão no bolso e eu fui correndo até ela.
Quando chegamos perto, coloquei minha mão em seu braço e fui aproximando nossos rostos, até que... Nossos lábios se encontraram docemente em um beijo.


NA: Gente, vou ser rápida pq eu tenho que scriptar a parte dois agoora pra mandar essas duas e mais algumas fics que foram perdidas na mudança do site e tals... Espero que vocês gostem de algumas mudanças (bem poucas mesmo) que eu fiz xD
Beijinhos!

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