Meninas boas vão para o céu, e as malvadas vão para o acampamento

Beta: Mariana


Revisada por: That Pereira


Legal, mais um dia que fui expulsa da sala de aula, vou me esconder no banheiro, ou na sala de limpeza, mas tem um problema, a sala de limpeza é pequena demais, e o banheiro, bom o banheiro é uma putaria, freqüentado pelas patricinhas, aquelas que tem um casinho com os skatistas, mas que ninguém sabe, a não ser eu, que fico o dia inteiro escondida naquele banheiro.
Quando eu estava indo para o banheiro, com aquela minha bolsa azul que é maior que eu, encontrei nada mais nada menos que a Sra. Manson, a diretora. Ela me odiava, mas não sei o motivo. Não sou uma má aluna, a única coisa que faço é esconder as provas da professora, pegar gabaritos e desenhar nas paredes da diretoria de madrugada, mas são apenas foguetes (ou aparelho reprodutor masculino, enfim, como preferir). Bom, voltando a Sra. Manson... Ela já veio gritando ‘FOI EXPULSA DA SALA POR QUE, ?’
Foi aí que ela me puxou pelas orelhas. Acho que já estou muito grande para as pessoas fazerem isso comigo, já tenho dezesseis anos. A Sra. Manson me levou para a diretoria, gritou um pouco, aproximadamente por vinte minutos. Nos outros vinte, ela escreveu uma carta para a minha mãe, claro que minha mãe não vai receber essa carta, como ela nunca recebe as outras cartas, afinal, eu tenho um belo esconderijo embaixo da impressora, ela nunca olha lá. ‘Vou mandar essa carta pelo correio para a sua mãe, Srta. ’.
Droga, essa velha me ama. Vou ter que fazer plantão na porta de casa, esperando o carteiro chegar – tomara que seja bonito. Foi aí que a Sra. Manson continuou a falar: ‘Estamos mandando os alunos, que tem um mau comportamento como o seu, para um acampamento’.
Como assim, eu tenho um mau comportamento? De onde ela tirou isso?
Saí da sala dela e resolvi ir embora também. Aproveitei que era horário da minha mãe trabalhar e resolvi voltar pra casa. Backup (meu cachorro) estava babando no tapete da sala, peguei um pote enorme de sorvete, coloquei o short do meu pijama, uma blusa suja e meias. Esperei dar o horário de termino das aulas e resolvi ligar para a , a minha amiga, talvez a única. Não tenho muitos amigos, mas também não sou excluída na escola, sou apenas mais uma no meio da multidão, assim como também é. A única sorte que ela tem é morar sozinha. Já falei para minha mãe se podia me mudar e morar com ela, mas mamãe não achou uma boa idéia, disse que eu era uma garota não muito responsável. Nunca fiz algo exagerado, só passei uma semana na casa do meu “amigo” e não avisei a minha mãe, mas isso não é nada demais.
À tarde, fui à casa de . Lá podia fazer o que eu quisesse, falamos sobre as mesmas coisas de sempre, bandas, música, bandas e música. Cheguei em casa lá pelas seis da tarde, quando encontrei minha mãe sentada no sofá com uma carta na mão, e pensei ‘Bosta, esqueci de esperar o carteiro’.
, a Sra. Manson veio pessoalmente aqui me entregar isso’
‘Sério mãe? O que é isso?’
‘Uma carta, não esta vendo?
’ Minha mãe não precisava ser grossa também.
‘Que legal, mãe, o que tá escrito?’
‘Sobre seu comportamento, e dizendo que amanhã você vai pra um acampamento. ’
‘Amanhã, já?’
‘Então você sabia dessa carta, ?’ Mamãe estava ficando cada vez mais furiosa.
‘Não sabia de carta nenhuma, mãe’
Bom, deixei minha mãe falando sozinha e subi para o meu quarto arrumar minhas coisas. Então resolvi ligar para , ver se ela ia comigo para o acampamento. Ela disse que até podia ir se a Sra. Manson deixasse. Foi aí que o bicho pegou. ligou para a escola e teve o grande “prazer” de falar com a Sra. Manson, que disse assim: ‘VOCÊ NÃO VAI PRO ACAMPAMENTO COM A PESTE DA ’ E desligou na cara de , um ato de simpatia.
Arrumei minhas trouxas de manhã. Estava eu, naqueles ônibus amarelos, cheio de pessoas da minha idade, alguns que eu nunca vi, outros que eu já vi, que eram bem piores que eu. Dei minhas malas para o motorista, que as coloca no porta-malas (meio obvio, não?). Entrei e sentei no fundão, ah, amado fundão. Uma menina estranha sentou ao meu lado. Tinha um cabelo preto, olhos azuis, a roupa toda preta. Lógico, era do grupo dos góticos era cada um mais diferente ali.
Duas horas até chegar ao acampamento de boas maneiras, o começo do meu pesadelo. Arrastei as minhas malas até um dos chalés, não tinha ninguém da minha escola nele. Tinha uma garota legal, Lilly, ela disse que os pais dela que mandavam era para lá, o que eu achava bem pior.
‘Você já veio aqui alguma vez, ?’
‘Não, nunca vim, e também não quero voltar’ disse, sorrindo.
Não deu nem cinco minutos e um alarme muito alto começou a tocar, horário de almoço.
Saí do meu querido chalé e caminhei até o refeitório. Havia várias pessoas lá, conheci alguns monitores – mas só os bonitos, os feios não me interessam. Sentei em uma das mesas, Lilly se sentou ao meu lado e começou a falar.
‘Hoje vou ficar com o
? Quem é ?’
‘É, esqueci que você é nova. Ele sempre vem aqui, é literalmente o garanhão, mas é hot’ Lilly estava animada demais, estava tão animada que até eu quis conhecê-lo. Ora, homens bonitos na minha vida são sempre bem vindos. Tínhamos acabado de almoçar e começamos a conversar ainda sentadas na mesa, até que um menino loiro e extremamente bonito sentou ao lado de Lilly. Ele colocou a mão na nuca dela e a puxou para um beijo, um beijo meio violento, na minha opinião. Fiquei uns três minutos olhando eles trocarem saliva, até que ele saiu sem falar nada. Lilly deu um longo suspiro.
‘Ai, ele é demais’ Tudo bem que o menino é bonito, mas Lilly só faltava babar.
‘É, percebi que você achou ele demais mesmo’
‘Pena que ele só beija uma vez’ Tá, o cara é um galinha, dos grandes.
‘Você devia ter esperado mais um pouco, a noite é melhor’
‘Se ele fica com uma noite, e dá mais de dois beijos, você tem que se preparar pra ir para cama com ele’ Lilly disse naturalmente. Aquilo era um acampamento de disciplina ou um bordel? Juro que naquela hora fiquei com medo dele, não sei por quê. Vai que ele me agarra assim também?
Descansei um pouco depois do almoço, me bateu aquele soninho depois de comer dois bois, então resolvi dormir, até que senti alguém batendo na porta. Olhei para os lados, nenhuma das meninas estavam. Abri a porta e encontrei nada mais, nada menos do que o .
‘A Anne tá ai?’ ele perguntou e ficou me olhando de baixo pra cima. Acho que é porque eu estava com um short minúsculo de pijama e um top.
‘Eu sei lá quem é Anne, tchau’ Depois daquele olhar tarado para cima de mim, eu fechei a porta na cara dele e voltei a dormir, ou pelo menos tentei. Não deu nem dez minutos e eu ouvi baterem na porta de novo. Abri e encontrei o mesmo menino como eu imaginava: .
‘Pode entregar isso para a Anne?’ Ele me deu um papel. Fechei novamente a porta na cara dele, e não me contive, tive que ler aquele papel.

Anne, me encontre na frente da piscina às 20 horas.


Peguei um adesivo da minha agenda e colei no espelho, para todas verem, e agora sim voltei a dormir.
Fui interrompida de novo, dessa vez por outra sirene, anunciando que ia começar uma atividade disciplinar. Não, atividades disciplinares não! Coloquei um short e uma blusa e resolvi andar pelo acampamento. Lilly me disse que eles não obrigam a fazer algumas atividades. Sentei em um dos bancos na frente de um lago, um garoto sentou ao meu lado. Olhei para ele, como diria ‘um luxo’ ele estava, discutindo com uma amiga dele e estava emburrado. Juro que amei. O nome dele? Bom, eu comecei a chamá-lo de Léo (o nome é meio obvio). Pronto, arranjei outro amigo. Ele passou a tarde comigo, a noite teria festa. O bom desses acampamentos são as festas. Adoro festas, a única coisa ruim é que não tem bebida, mas sempre tem lugares bons para se pegar com alguém. O Léo foi me buscar no chalé e caminhamos até o lugar onde era a festa, até o Léo dar um gritinho. Olhei assustada pra ele.
TÁ UM ARRASO’ Ele levantou as mãos numa atitude gay. Juro, amo. olhou confuso pra ele e sorriu pra mim, um sorriso lindo. Balancei a cabeça e pensei ‘Galinha, , galinha’.
Entrei na festa. Ow, as músicas eram boas, e comecei a reparar mais nas pessoas. Fiquei encostada na parede, observando o Léo se esbaldar na pista. Ri dele, até que senti uma mão em minha cintura, que me puxou. Ele colocou a mão na minha nuca e encostou meus lábios no dele, abri os olhos e vi nada mais, nada menos que o . A cada vez, ele me apertava mais e mais. Claro que eu tentei resistir, mais não deu. Abri a boca e deixei que tudo acontecesse. encostou-me à parede, e a cada vez ficava melhor, até que chegamos a um ponto que não agüentávamos mais. sorriu para mim. Ah, aquele sorriso de novo, não.
‘Oi’
‘Oi’ eu respondi, com a voz falha.
‘Vamos lá fora’ Foi aí que minha cabeça parou de funcionar. Um beijo, dois beijos, cama. Tá, ficamos andando uma hora por lá, e eu acho que eu fui a menina com quem ele mais conversou na vida dele. Sentamos em um banco e ficamos uns vinte minutos nos beijando. Mágico, claro, nunca me esquecendo de que ele é galinha. Foi aí que ouvimos um daqueles sirenes malditas.
‘Hora de dormir, pequena’ me deu um selinho e se levantou. ‘Nos vemos amanhã’ Fiquei um tempo sentada, pensando, até que avistei alguém vir correndo atrás de mim. Léo, só podia ser.
‘Ei, o que aconteceu?’
‘Nada’
‘Não foi pra cama com ?’ Léo parecia cada vez mais surpreendido com o que tinha acontecido.
‘Não, acho que ele não é tão galinha como dizem’
‘Talvez com você não’ Léo estendeu a mão para mim, e me puxou. Ele me levou até o meu chalé. Cheguei lá, as meninas comentavam sobre as festas.
‘Não cheguei a ver o lá’ uma morena baixinha disse, enquanto secava o cabelo. Ah, sim, eu vi o lá.
‘Eu o vi no começo’ a loira, amiga da morena baixinha, disse.
‘Eu o vi com uma menina em um banco’ uma outra morena disse. Tinha cara de ser aquelas patricinhas malvadas.
‘Ih, essa tá comida’ a morena baixinha disse, e eu, lógico, que não gostei daquele comentário. Tomei um banho e fui dormir.

Bom, eu e continuamos ficando por três dias, e sem sexo. Lilly parecia estar chateada comigo, ela parecia ser mais uma dessas apaixonadas pelo . Falando em , por incrível que pareça, ele só estava ficando comigo lá, sem sexo (estou dizendo pela segunda vez para vocês perceberem que não fizemos sexo). Estávamos no último dia, morava em Londres também, mas do outro lado da cidade, o que complicava bastante a nossa situação. Não que eu achasse que a gente iria namorar, não mesmo, então como não iríamos namorar, acho que teríamos que aproveitar. Faltavam exatamente duas horas para entrarmos no ônibus e ir embora. As pessoas se despediam, peguei na mão de e entrei em um chalé, que nem estava sendo usado. ficou surpreso, mas parecia ter gostado da atitude. Começamos a nos beijar, parou por um instante, o que me deixou confusa, mas percebi que ele só estava procurando a chave do chalé, até que achou em cima de um armário e trancou a porta. me pressionou contra a parede, enquanto beijava meu pescoço, eu bagunçava o cabelo dele.
‘Você me deixa louco desse jeito’ ele disse, e me conduziu até a cama. Tirei minha blusa quando vi fazendo o mesmo com a dele. puxou a minha saia e começou a beijar todo meu corpo. Tirei o cinto, eu puxei a bermuda que ele estava usando e a joguei bem longe. levantou e pegou a bermuda, colocou a mão em um dos bolsos desesperados até achar a camisinha. Sorriu para mim e tirou o samba-canção, colocando a proteção. Tirei minha calcinha e deixei fazer o que queríamos.
Ouvimos uma sirene, ah, aquela maldita sirene. Pela primeira vez, senti que iria sentir saudades dela.
’Vinte minutos para irmos embora’ disse meio triste, juntando suas roupas e a colocando. Ele me deu um selinho e disse: ‘Agora quero seu telefone, seu endereço e você’ Sorri e o abracei. abriu a carteira e meu deu um papel e uma caneta, anotei tudo que tinha que anotar e saí correndo do chalé para não chorar na frente dele. Encontrei o Léo parado na frente do meu ônibus.
‘Estou te esperando a mais de meia hora mocinha, onde estava?’ Eu enxuguei as lágrimas e dei um sorriso para Léo, que entendeu. ‘Se cuida, pequena, moramos perto e não quero perder sua amizade. E juízo na escola, que eu sei que foi a diretora que te mandou pra cá’
‘Prometo fazer tudo o que você disse’ abracei Léo que deu um gritinho. ‘Volte na próxima temporada’. Entrei no ônibus e vi do lado de fora. Meu ônibus era o primeiro que iria sair. acenou para mim, sorrindo. O ônibus começou a andar e olhei para trás, corria para não perder o ônibus dele.
Coloquei meus fones, e, em duas horas, estava na casa de . Minha mãe eu podia ver depois. Contei tudo para ela, até que meu celular tocou, um número que eu não conhecia. Atendi, e me observava.
‘Estou na frente da sua casa, e parece que não tem ninguém aqui’ Reconheci a voz e sorri.
‘Eu sei o porquê, me espera’ Desliguei sem dar tempo dele falar tchau. Levantei, peguei minhas malas e disse: ‘Bom, tenho que ir pra casa, lembrei que tenho aula de educação sexual amanhã, e não fiz a lição’ sorri marota, e percebeu. Aliás, não tinha como não perceber...


FIM.

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