- ! Ou você põe um sorriso no rosto agora, tira essa cara de tédio e para de cochilar ou se prepare para um mês sem ensaios na garagem. - Minha mãe disse entre sorrisos e bem perto do meu ouvido para que as ilustres pessoas sentadas a nossa mesa não ouvissem. Eu queria que ela e todos os engravatados em volta explodissem, eu disse que não queria vim. Disse não, GRITEI! Será que nunca vou me livrar disso? Será que pelo resto da minha vida eu vou estar condenado a participar desses eventos estúpidos? Ela simplesmente não entende que olhar para cara dessas velhas cheia de botox me angustia, e isso tudo porque hoje a galera toda se reuniu na casa da Pamela. DA PAMELA! A melhor bunda de todos os tempos.
Duh e Becki.
Levantei minha cabeça, que estava encostada na mesa, e dei meu sorriso mais forçado ouvindo a conversa daquele pessoal.
- Desse jeito você me incentiva a fugir de casa, mãezinha - Sussurrei pra ela o mais irônico possível, enquanto o careca ao lado explicava sobre a importância da colaboração da sua mega empresa de merda como patrocinador de qualquer coisa estúpida.
- Continue assim e serão dois meses filhinho. - Odeio a minha mãe. Tá, eu não odeio ela, mas agora eu gostaria que ela se afogasse naquele champanhe. Eu queria muito estar admirando a bunda da Pamela com os caras nesse momento.
- Helen! - Uma ruiva com uns 70 anos falou - Nos conte sobre sua viagem a Paris! Tem meses que não vou lá.
Minha mãe abriu um sorriso e começou a contar. Detalhe por detalhe. Ela sempre se empolgava pra contar sobre as viagens que eu faltei pra eu morrer de ciúmes e passar a viajar com ela. Paris? Ela, eu e papai? Fala sério. Prefiro as festas na casa do .
Eu que não iria ficar ali de jeito nenhum, já a ouvi contar isso umas três vezes, aquele tédio já tava me enchendo. Eu precisava de algo pra me animar, me ocupar... Álcool. Era isso que faltava correndo em minhas veias.
Me levantei da mesa com cuidado para não encontrar o olhar de Sra. . Avistei um barman muito eficiente preparando drinks que nunca tinha visto na minha vida. Única coisa boa naquelas festas, as pessoas realmente tinham muita grana e não tinham piedade de torrá-la em boas vodkas e bons caras que ficam atrás do balcão redondo.
Sentei no banco e pedi pra ele preparar o mesmo que um senhor havia pedido, aquele parecia entender muito bem do que valia e não valia a pena por goela dentro.
Fiquei sentado observando o cara fazer malabarismo com as bebidas quando o celular apitou no meu bolso.
Era uma mensagem de .
Aqui tá um pornô grátis, .
Se manda daí e vem logo.
E traz vodka.
Eu nunca senti tanta raiva de ! Ele sabe que Helen NUNCA vai me liberar da despedida de Margot Brenner. Quem é Margot Brenner? Não faço a menor idéia. Mas é bom para os negócios de meus pais e eu sou obrigado a vir quando Sr. não pode comparecer a esses tipos de "reuniões".
Agora ele me manda uma mensagem falando que a festa tá bombando.
Sinceramente essa doeu mais do que um tiro na barriga!
Dei uma bufada alta e apoiei minha cabeça no balcão fechando os olhos gritando mentalmente. Ouvi alguém do meu lado pedindo um drink, o coroa me analisou dos pés a cabeça sem disfarçar, com certeza reparou minha expressão de entusiasmo. Mas o que isso importava?
Eu só queria sair dali!
O barman me entregou a bebida de nome complicado e tomei o primeiro gole. Aquilo era forte. Eu tinha que dar um jeito de escapar dali. Pensei em apelar com minha cara de "cachorro sem dono" e prometer que passaria uma semana lhe fazendo massagens. Com certeza ela cederia, ela diz que minhas mãos são praticamente divinas. Olhei sua mesa ao longe, e a cadeira onde eu havia me sentado agora estava ocupada. Para minha surpresa não era nenhuma pelancuda cheia de maquiagem. A garota era linda!
Ela estava com um vestido preto que ia até os joelhos e seu cabelo estava preso num coque folgado onde vários fios caiam. Ela riu com alguma coisa que minha mãe falou e se levantou mostrando que além do vestido ter as costas nuas delineava suas curvas.
E que curvas!
Pegou seu drink rosa choque florescente e falou com um velho barbudo.
Quem era aquela garota?
Eu conhecia praticamente todo mundo ali. Tudo bem que não sabia o nome de ninguém, mas com certeza ela era nova por aqui. Eu teria me lembrado dela.
Fiquei observando ela se afastar do homem e andar até uma porta de vidro que dava pro jardim da casa.
Ok, Essa garota é extremamente sexy!
Era de alguém assim que eu precisava agora. Obrigado senhor ou qualquer força divina que a tenha mandado até aqui.
Sem pensar peguei meu copo e a segui.
No caminho encontrei com tia Glenda que me parou para dar beijinhos e dizer como eu cresci. Por que ela insiste em falar isso? Ela me vê toda semana.
Quando finalmente consegui me livrar dela, que já estava querendo me mostrar pra um tal de Albert, passei pela porta de vidro e ajeitei meu cabelo pelo reflexo.
Ela estava ali parada na beira da piscina com o olhar perdido.
Só tínhamos nós dois no jardim e ele tinha uma biodiversidade enorme de flores, com certeza as mais raras. Também tinha uma pequena cachoeira na piscina com vários animais de mármore.
Quem quer que fosse Margot Brenner, era muito rica.
Me aproximei dela e abri um sorriso.
- Também não agüenta mais isso aqui? - Perguntei por trás dela e me sentei em um banco próximo.
Tinha certeza que ela iria virar com tudo para trás, pelo efeito da minha voz em seus ouvidos. Só que ela simplesmente me deu uma olhada de canto de olho, me desprezando totalmente.
Ok! Isso não foi muito animador.
- Você é nova por aqui? - Resolvi tentar de novo.
- Não se lembra de mim, ? - ? Ela sabia meu apelido e mal tinha me visto. Como eu não conseguia reconhecer aquelas curvas de nenhum lugar? Será que já tinha dormido com ela? Se fosse isso estava perdido.
- Lembro, claro! - Dei um sorriso convincente, um desses que eu já usei muitas vezes. Infalíveis. Qualquer coisa era melhor do que dizer a uma mulher que não se lembra dela, muito menos se você dormiu com ela.
- Você não lembra de mim! - Ela deu risada.
Abri um sorriso. Não sabia se ela tava brincando ou falando sério. Rir era a melhor opção.
- Foram tantas garotas assim, ? - Ela continuou olhando divertida. - Hillman. - Estendeu a mão.
- Você é Hillman? - Ela balançou a cabeça e fiquei estático
Como assim ela era Hillman?
- Filha de...
- Edward e Margie Hillman.
Não acredito! Ela não podia ser a . era uma garotinha perversa que me batia, usava cuecas e adorava arrancar a cabeça dos meus bonequinhos. Ela só andava com meninos e era mais forte do que eu.
Os pais dela eram melhores amigos dos meus até se mudarem pra Alemanha e quando me deram a notícia tudo que eu pude pensar é que eu poderia brincar sem medo de uma pirralha me bater.
- ?
- Não me olhe assim. Eu não podia brincar de macho a vida inteira. - Ela deu um sorriso divertido e envergonhado ao mesmo tempo. Eu ainda estava impressionado. Era como ver seu inimigo de infância se tornar um mulherão. Isso era possível?
- Mas... Mas... O que você tá fazendo aqui?
- Tia Helen não avisou? Vim passar as férias aqui!
- Mas... O que você tá fazendo aqui? - Ainda estava pasmo. Como assim ela era Hillman?
- pare de me olhar com medo. Você tá bem maior do que eu! - Ela se sentou do meu lado e eu pude olhar seus olhos negros. Aqueles olhos que eu tive medo toda minha infância.
- Por que as pessoas têm sempre essa reação? Eu era tão mal assim?
Eu dei uma risada nervosa. Pra falar a verdade aquele olho dela ainda me assustava.
- Não, você só me deixava cheio de hematomas sem motivo.
- Ah , era irresistível fazer isso... Você era tão fraquinho. - Ela pegou no meu trauma de infância. Eu nunca iria esquecer disso, foi tão traumático que logo no começo da minha puberdade entrei em uma academia e malhei que nem um louco.
- Era?
- Hum... - Ela me analisou como se tivesse visão raio-x, não foi nada confortável. - Digamos que melhorou bastante, eu não me atreveria mais arranjar briga com você.
Sabia que todo aquele ferro faria efeito, não foi em vão. Agradeci mentalmente ao deus grego da masculinidade e da testosterona.
- Não se preocupe, não costumo bater em mulheres, muito menos nas bonitas - Não acredito que estava paquerando , a Maria-João da turma.
- Ah, realmente agora estou me sentindo mais segura para ficar perto de você, sabe fiquei com medo que você tivesse se tornado um garoto vingativo. - Ela falou brincando. Tudo bem que eu era pirralho, mas como eu não havia percebido esse sorriso por trás daquela braveza toda?
- Uhum, pode confiar - Nessa hora ela chegou mais perto de mim. Antes eu ficava nervoso quando ela se aproximava, tinha medo dos seus "soquinhos" amigáveis. Agora o nervosismo era por outras razões.
- Então... - Tentei puxar assunto pra não deixar meus hormônios falarem mais alto - Como andam meus tios e Kyle?
- Kyle largou a faculdade e fugiu com a namorada pro Caribe. Papai tá surtando. - Dei uma risada imaginando a cena. Tio Ed era realmente muito correto pra aceitar isso. - Mamãe está entrando em depressão.
- Por que o Kyle fez isso?
- Eu não entendo as loucuras do meu irmão. Ano passado ele convidou vários mendigos pra almoçarem lá em casa. É pura rebeldia sabe? Pra chamar a atenção de meus pais eu acho, o Kyle não percebe a merda que está fazendo.
- Ele sempre teve bom coração, né? Eu lembro que, quando vocês ainda moravam aqui, ele me confortava dizendo que você também batia nele pra eu não me sentir mal de ser o único garoto que apanhava de mulher.
- Ele falava isso? - Ela perguntou surpresa - Que mentiroso!
- Ah, então isso é mal de família... E parece que eu sempre sou a vítima.
- Como assim?
- Mentirosa e dissimulada - Agora teria a chance de por toda a minha raiva pra fora. Foi a maior humilhação que um garotinho de 10 anos poderia suportar.
- Eu? Eu realmente não sei do que você ta falando, - Cínica! Ela apronta e esquece, claro, não foi ela que levou um fora na frente da sala inteira.
- Vou refrescar sua memória, sabe da professora de artes? Tina?
- Ah... - Ela abafou um risinho, cretina! - Não lembro muito bem dela não...
- Aquela que você me disse que era apaixonada por mim, aquela que tinha lhe confessado que era pedófila e adoraria ter um caso com seu aluno da 5ª série.
- Ah... Tina! Ow , também quem cairia nessa conversa de que uma mulher de 24 anos tinha pensamentos pervertidos com um garotinho de dez? Eu não sabia que você ia acreditar, na verdade, eu só estava querendo aumentar seu ego - Ela sorriu, como se este fato fosse o ato de maior caridade que ela realizou em sua vida. Já a chamei de cretina hoje?
- Ela foi praticamente o meu primeiro amor! E eu fui zoado pela sala inteira quando me declarei. Até hoje me chamam de TinaBoy!
- TinaBoy! - Ela estava rindo alto - Fui eu que inventei.
- E você acha que eu não sei?
Ela só deu um sorriso.
- Sabe... - Me virei pra ela e nossos olhares se encontraram. Um vento frio bateu e ela se encolheu - Olhando pra você agora, não dá nem pra acreditar que já tive medo de você ou que essa garota já destruiu meus bonecos por pura maldade.
- Não foi por pura maldade, ... - Ela bebeu o que restava no seu copo - Eu tinha raiva de você
- Raiva de mim?
- É, você sempre fugindo, nunca participava quando eu brincava com os garotos. Não sei porquê, mas essas atitudes me davam uma raiva sem sentido e eu olhava pra aquele moleque gordo e menor do que eu. Era irresistível lhe pirraçar.
- Ah, então o culpado de sempre apanhar era eu? - Fingi irritação.
- É praticamente isso!
- Nossa quanta justiça...
- Você podia ser gentil, sabe, garotinhas tem coração.
- Ah então, o problema era porque eu te ignorava né, ? - Eu era gostoso e não sabia. Tinha certeza que esse meu charme não tinha sido adquirido na adolescência.
- Não garoto, era coisa de criança...
- É, só que não somos mais crianças, e a baixinha daqui agora é você... - Enquanto falava me perguntava aonde ela havia adquirido aquele bronze? Ela que era irresistível.
- Posso ser a baixinha, mas não sou nem a gordinha, muito menos a medrosa...
- É isso que vamos ver agora...
Puxei sua cintura pra mais perto e fechei meus olhos roçando primeiro meu nariz no dela. Que cheiro era aquele? Meus sentidos já estavam confusos, não sabia se eram pelas mil flores que nos rodeavam ou se era o cheiro daquela garota que me estava deixando tonto.
- Eu nunca tive medo de aproximação , se é isso que você tá querendo saber...
- Não, estava vendo se agora você é a gordinha da história... - Apertei sua cintura e senti meu corpo esquentar - Pelo jeito não... - Me afastei e encarei o rosto confuso da .
- Sempre se esquivando, não é ? - Ela se levantou, largando o copo vazio no banco e indo em direção a casa iluminada.
Fiquei parado, ainda meio tonto, olhando ela andando de costas pra mim, tava uma ótima visão se é que você me entende.
Mas aí lembrei que ela estava voltando pra festa.
Ah, ela não iria embora agora, não agora que eu nem me lembrava mais da Pamela e do seu traseiro ou das tediosas conversas daquela noite que escutei. Eu só precisava daquela garota, do seu sorriso e da sua boca.
- Ei ! - Corri atrás dela, e quando ela se virou eu a puxei pra trás de algumas daqueles árvores do jardim e a empurrei no tronco enquanto beijava seu pescoço.
Aquilo já estava me deixando sem fôlego, mas ela estava gostando e eu não sou maluco de parar.
Tava passando a beijar seu colo quando ela falou bem baixo:
- Você não vai me beijar não ?
Qualquer mínimo pedido dela era uma ordem.
Subi minha cabeça e a encarei alguns segundos, sorri meio abobalhado, até que ela mordeu o lábio e eu lembrei do que precisava ser feito. Apertei mais a sua cintura e passei uma das minhas mãos por trás da nuca dela. Soltei o seu coque e ela ficou ainda mais irresistível. Me aproximei devagar até que encontrei seus lábios e nos perdemos não sei por quanto tempo. Ela era demais e eu poderia morrer sufocado ali, nem me importaria.
Enquanto descobria que o tempo pode fazer milagres e transformar pessoas, , aquela que eu preferiria broxar ao ter que brincar de sete minutos no paraíso com ela, se afastou.
- Hum? - Perguntei e franzi minha testa sem entender.
- Shhh! - Ela tampou minha boca e eu senti aquela velha força por trás de seus braços fininhos de hoje.
Continuei sem entender nada e doido para voltar ao que estava fazendo, até que ouvi uma voz conhecida.
- !
- É a Tia Helen... - Ela sussurrou e corou na mesma hora.
- Droga!
- ...?
- Vai logo, ... - dava empurrãozinhos no meu abdômen pra ver se eu me mexia. Eu não queria me mexer.
- Helen, estou esperando vocês no carro há muito tempo, cadê o ? - Ouvi a voz de meu pai.
- O tio Charles! - Por que ela estava nesse desespero? Eram só os coroas.
- Certo, eu vou... - Fui saindo de trás das árvores, acontecimentos rápidos me deixam meio zonzo. Avistei aquele casal tão ridiculamente parecidos comigo e senti um beliscão no meu bíceps.
- Aaa... - Ia gritar de dor quando se pendurou no meu pescoço e me deu um selinho forte.
- Garota, você não perde os maus hábitos! - ela deu um tapa no meu ombro.
- Então... - Ela encarou seus pés e... Ah, claro eu sou um estúpido!
- Então eu te ligo amanhã, certo?
- Certo - Fui andando de novo, mas tinha necessidade de voltar.
Voltei e a puxei pra mais um beijo, ela sorriu e eu saí.
Só que eu não conseguia me afastar daquele lugar e voltei.
- Última vez, juro - e mais outro beijo...
Quando ia me virar de novo... Isso tinha virado um vício.
- Chega - Ela estava rindo e eu percebi que eu estava me comportando como o TinaBoy de alguns anos atrás.
- Ok
- É... Não esquece de me ligar?
- Pode ter certeza que não.
- , o que você estava fazendo? Tô te gritando sem nenhuma elegância faz tempo.
- Estava ali fumando uma - Entrei no carro a tempo de ouvir o "Oh!" de minha mãe e os risos de meu pai.
Na mesma hora ouvi o celular tocar. Outra mensagem do .
Cara, a Pam tá doidona aqui.
Cadê você?
Vai perder a oportunidade?
Quem é Pamela mesmo?
FIM.
N/A: Meninas! :)
Nem sabemos o que escrever aqui hoje, mas vamos lá!
Espero muito mesmo que tenham desfrutado do pequeno agarramento com o Mcguy a sua escolha e que o ego de vocês tenham ido lá em cima por ele nem lembrar mais da Pamela do bundão.
Amou, odiou? Comenta na caixinha alii ;]
Nossas outras fics:
É só se permitir
É só se permitir II (III parte em breve) \o/
O cara da poltrona ao lado
Obrigada por todos os comentários lindos nas outras!
Ah, se quiserem um contato maior, podem mandar emails banais :P
Duh: mariaeduarda10@hotmail.com
Becki: rivicam2@hotmail.com
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