Murder Living
CAPÍTULO I - Cause I mean this more than words could ever say
(Porque eu quero dizer isso mais do que palavras jamais irão dizer)
"Certas pessoas dizem que o amor acontece à primeira vista, talvez seja verdade, talvez não. Mas comigo o amor demonstrou ter varias faces... desde a face do riso até a face do pranto".
Eu soube, inconscientemente, desde o primeiro momento que o vi, que o amava. Só que talvez tenha interpretado esse sentimento de forma errada, mas era amor, sim, sem dúvidas, era e continua sendo amor.
E este amor foi tão arrebatador que, me levou a mais extrema das alturas e me carregou para o mais profundo dos abismos.
Hoje, tomei a coragem de tentar por em palavras o que sentia por muito tempo. Talvez consiga, talvez não... não posso lhes assegurar nada, pois, por muitas vezes, nem ao menos consegui realmente dizer o que senti... os sentimentos podem ser confusos, o amor e o ódio não estão tão distantes um do outro como muitas vezes imaginamos... foi isso que eu aprendi.
A partir daquele dia..."
CAPÍTULO II - I'm so dirty, babe
(Sou tão suja, querido)
"Foi uma época difícil, de dificuldades tão absurdas que queria apenas me recolher em meu quarto, fumar um cigarro e pedir para a humanidade esquecer que um dia existi. Estava distante de minha mãe havia tempo, cerca de três anos, talvez mais, nos falávamos uma vez por mês, não era muito, mas o suficiente. Não havia muitas coisas que gostaria que ela ficasse sabendo, o sonho da pobre garota que vai para a cidade não estava dando certo. Mamãe sempre perguntava como iam as coisas "não muito bem, mas é temporário..." dizia eu, o engraçado era que eu realmente acreditava que seria temporário. Deus nunca nos dá um fardo maior do que podemos carregar, era o que sempre dizia mamãe.
Pobre mamãe, sempre acreditando que a força divina agia em favor dos justos, não era bem assim, Deus definitivamente não existe, eu sei, eu descobri, do meu próprio jeito. A vida me mostrou que Deus não tem nada a ver com suas escolhas, mas sim você, somente você, e a vida te faz ficar tão suja. Eu estou tão suja...
Nunca fui de me deixar abalar na frente dos outros, sempre me mostrei forte, independente. O meu escudo sempre foi o riso, desde pequena, quando me sentia inferior, miserável e mal vista. Escondia-me atrás do riso, e funcionava... Sim funcionava muito bem... Ninguém nunca descobriu ou mesmo desconfiou.
Sempre fui uma pessoa de poucas amizades, porém amizades leais. Suzan foi uma delas. Bonita, alegre... a única que conseguia me tirar dos momentos de depressão. Sim, sofro depressão, descobri há alguns meses e comecei a me medicar... mas isso não vem ao caso agora. Como dizia, Suzan conseguia fazer sentir-me como alguém especial. Segurou muitas barras pra mim já, como a dos dois meses de aluguel atrasado que ela se comprometeu a pagar ou mesmo emprestar uma grana pela erva que eu fiquei devendo para uns caras.
É difícil admitir, mas, sim, eu consumia drogas. Drogas de todos os tipos: desde a mais simples à mais pesada. Não que eu as consumisse dia-a-dia, não, somente quando saia para a noite, era divertido, ficava mais solta e esquecia dos problemas. No dia-a-dia no máximo uns baseados, nada que pudessem comprometer.
Estava com 20 anos nessa época, vim para a cidade grande no intuito de tentar estudar, crescer na vida, fazer fotografia. Estranho, eu sei, mas por trás das lentes de uma câmera eu sentia como se fosse outra pessoa, como se esse mundo cruel e imundo pudesse melhorar de alguma forma. Como se algo lindo ainda resistisse à essa imundice banal e estivesse lá apenas esperando para ser capturado e guardado. O sonho de ser fotógrafa acabou a partir do primeiro dia em que fui em uma das faculdades pedir uma bolsa de estudos para o diretor.
"Você é uma menina de grande potencial para a fotografia sem dúvida" foi o que me dissera, só que havia um preço alto demais para ser pago para que eu pudesse entrar na universidade, alto talvez para os outros. Não para mim. Sim, é vergonhoso dizer isso, mas, dormi com o diretor da faculdade, ele devia ser 30 anos mais velho que eu, talvez mais, me senti imunda, suja. Mas é a vida, sempre me pregando peças. Mas a vida não estava satisfeita, queria mais, muito mais, a bolsa de estudo não veio. Não foi diferente nas outras universidades, nãos começaram a ser as respostas para o meu sonho, sempre não, não, não... até que chegou uma hora que o melhor a fazer foi desistir e tentar viver dignamente.
Foi o que pelo menos eu tentei.
CAPÍTULO III - Well I though I heard you say 'I like you'
(Bem eu pensei ter ouvido você dizer que gosta de mim)
Conheci Suzan por acaso em uma festa heave, na verdade nos conhecemos de uma forma hilária, Suzan nunca escondeu sua opção sexual, ela era bissexual. Na época, para uma garota do interior isso era uma afronta.
- Oi...
- Oi...
- Posso te pagar uma cerveja?
- Claro...
- Hei, Joe, duas cervejas aqui sim? Então como se chama?
-
.
- Oi, eu sou a Suzan.
Não vou negar que Suzan era uma companhia adorável. Até o momento em que ela me beijou. Não gostei nem um pouco do que ela fez. Fiquei assustada, só havia saído com homens em toda a minha vida e a atitude dela foi constrangedora pra mim.
- Olha, Suzan, eu gostei muito de te conhecer, mas acho que você entendeu tudo errado...
- Não tudo bem, eu entendo sim... olha, me desculpa, eu não sabia que... bem... Ora, você entendeu, né?
- Ah, sim... Claro.
- Desculpa mesmo, , eu espero que nós possamos ser amigas.
- Claro, amigas, sim...
E a partir daquele dia nunca mais nos separamos. O fato de Suzan ser bissexual não mais me incomodou, ao contrário, me fez abrir os olhos de como a sociedade em que eu vivia era preconceituosa e má.
Comecei a morar com Suzan, dividindo o aluguel de um apartamento pequeno e barato. Suzan me ajudou muito me arranjando um emprego de garçonete. O salário não era bom, mas ajudava a pagar as contas e me manter viva.
Trabalhava na lanchonete das 8 da manhã às 10 da noite. Nunca saia às 10, sempre depois de fechar a loja, limpá-la e fechar o caixa.
E foi em um dia como qualquer outro que eu o conheci...
- Oi, o que vai querer?
- Hum... acho que o de sempre, torradas, ovos mexidos, café... E o seu telefone.
- Hã?! - não dava pra negar, ele era o cara mais lindo que eu havia visto, com um sorriso cativante, olhos mel, cabelos claros. Mas eu estava a trabalho e sabia o que esses caras querem com as garçonetes, então tentei ser o mais profissional possível - Ah, já volto com o seu pedido.
Quando voltei com o seu pedido à mesa depois de alguns minutos.
- Hum... perfeito... só que...
- Falta alguma coisa?
- Sim... o seu telefone.
- Desculpe, estou no meu horário de trabalho, agora se eu puder te ajudar em mais alguma coisa?
Ao contrário do que pensei, ele deu um sorriso encantador e disse:
- Não, acho que já tenho tudo o que quero... no momento.
No final do expediente, ele estava lá. Que loucura, pensei comigo mesma, mas ele não pareceu se abalar com o olhar gelado e enviesado que eu dirigi a ele. Simplesmente passei reto por ele para voltar para casa.
- Hei, vai me deixar aqui sozinho? Fiquei te esperando todo esse tempo pra nem ao menos saber seu nome?
Nessa hora lembro-me de ter parado, virado e dito:
-
. Agora, boa noite.
- Oi,
, eu sou o Matt. Posso te acompanhar de volta pra casa?
Foi irresistível não ter aceitado, ele era tudo o que uma garota queria, ele parecia ser sincero e companheiro, então o deixei me acompanhar até em casa. Chegamos em casa mais rápido do que esperava.
A partir daquele dia ele ia me buscar toda noite depois do serviço na lanchonete, ele parecia realmente gostar de mim. E eu estava realmente gostando dele.
- Hã... não quer entrar e tomar um café?
- Claro.
Me sentia muito nervosa, não que eu já não tivesse feito isso antes mas sempre me sentia nervosa quando era a primeira vez com uma pessoa, nem ao menos nos havíamos beijado, eu sei que parece estranho mas ele parecia realmente querer algo sério comigo e respeitou o meu tempo.
Quando ele entrou no apartamento, Suzan estava acordada lendo uma revista deitada em uma poltrona velha.
- Hei,
, já chegou... eu preparei a janta pra você, é só requentar e... Oi.
- Hã, oi, Suzan. Bom, esse é o Matt, o amigo no qual eu te falei...
- E aí, Suzan, tudo bom? A
fala muito de você...
- Que bom... - Estava estampado na cara dela de que ela não foi com a cara do Matt.
- Bom, acho que já vou dormir. Foi um prazer, Matt. Até amanhã,
.
Nós dois ficamos em silêncio, vendo-a se retirar da sala e entrar no quarto dela. Não havia gostado da reação de Suzan, Suzan era a minha família em Nova York e era importante pra mim que ela aceitasse o Matt.
Enquanto pensava no que Suzan havia acabado de fazer, senti Matt se aproximando por trás de mim colocando meu cabelo de lado e dizendo:
- Eu sei que é cedo pra dizer isso, mas... eu te amo.
Fechei os olhos e absorvi cada palavra que ele disse, como eu queria ouvir aquilo.
- Também te amo Matt.
Aquilo foi o sinal verde. Matt virou-me com tudo e me deu um beijo ardente e apaixonado. Senti minhas pernas ficarem bambas, meu coração acelerar e senti meu corpo desejando mais. Não demorou muito e fomos para o meu quarto. Lá, me entreguei a Matt de corpo e alma, desejando apenas sentir o momento, desejando ser amada, ser completada. Me entregar a Matt me fez a mulher mais feliz do mundo. Me senti completa. Me senti amada.
Tudo o que eu mais queria.
CAPÍTULO IV - This happens all the time and I can't help but think I'll die alone
(Isto acontece todo tempo e eu não posso deixar de pensar que acho que morrerei só)
As semanas foram se passando e eu estava cada vez mais apaixonada pelo Matt. Ele estava sempre presente na minha vida, sempre sendo participativo.
Ele era mais do que perfeito, sempre de bom humor, receptivo, companheiro. Com Matt ao meu lado parei de fumar maconha e de consumir qualquer outro tipo de droga.
Passaram-se três meses e Matt veio morar comigo e com Suzan. Não foi nem um pouco fácil, pois depois de um certo tempo de relacionamento entre Matt e eu, Suzan disse com todas as palavras: "Eu não gosto dele,
, e sei que ele não é o homem certo para você, ele vai te fazer sofrer." Brigamos muito depois do que ela me disse, ela me magoou muito dizendo aquilo, estava claro que ele me amava e eu a ele. Não entendia a reação de Suzan, até pensei em largar o apartamento, mas Matt achou melhor não, disse que éramos amigas e não poderíamos ficar desta forma. Ele me convenceu e eu fui pedir desculpas por todas as coisas que disse a ela e que, provavelmente, também a magoaram.
Estávamos morando juntos há cerca de três meses e tudo corria às mil maravilhas. Matt estava passando por um momento de dificuldade, não achava emprego e sentia-se muito mal contando comigo para nos sustentar. Não ligava, sabia que mais cedo ou mais tarde ele acharia algo.
Até que certo dia, quando não estava passando muito bem, o dono da lanchonete resolveu me dispensar mais cedo. Havia dias que eu não melhorava, acreditava ser alguma virose ou algo do gênero. Suzan achava que eu não estava me alimentando direito e estava me ralando no trabalho. Talvez fosse verdade, já não era fácil me sustentar com o salário da lanchonete, o que dirá sustentar duas pessoas. Cheguei em casa mais cedo, querendo tomar um banho e ir direto pra cama, quando abri a porta do apartamento e não encontrei Matt, deduzi que estivesse no quarto descansando, o que eu não esperava era que estivesse descansando com outra mulher. O choque foi horrível, minha cabeça começou a doer, fiquei com nojo de onde dormia. Uma loira oxigenada tentava se cobrir enquanto Matt levantava-se e tentava me explicar o que estava acontecendo.
-
, amor... eu, eu posso explicar...
- Cala a boca, Matt!! Quem é ela, hein? Há quanto tempo vocês estão juntos, me fazendo de trouxa, hein? Seu... seu desgraçado! Sai já do meu apartamento! Você e essa vadia!
A única coisa que me lembro é que vi minha vista escurecer, agüentei firme, me segurei na porta e fui pro banheiro, onde me tranquei e fiquei por horas. Horas de inconsciência. Tenho uma vaga lembrança de escutar Matt batendo na porta e me chamando, as batidas persistiram, persistiram e... de repente, cessaram. Não sei quanto tempo mais fiquei ali, trancada, olhando pro nada. Creio eu que adormeci no banheiro. Até ouvir um barulho e ver Suzan junto com o porteiro arrombando a porta do banheiro com rostos preocupados. Não entendia nada. Só lembro que me veio a memória tudo o que eu havia visto, então senti uma dor aguda no coração, de decepção. Um soluço brotou em minha garganta, seguido de vários e vários, que pareciam não cessar nunca.
Suzan estava lá, comigo, me abraçando. O porteiro se fora, não me lembro quando.
- Suzan... como você estava certa, Suzan... como pude ser tão... estúpida!
- Shhh - silenciou-me Suzan - não pense nisso agora,
, eu tô aqui com você, eu vou cuidar de você, eu juro.
E ela cumpriu, ficou comigo até eu pegar no sono.
Os dias se arrastaram, eu estava definhando. Pouco a pouco, fui voltando à antiga vida, à antiga rotina, à antiga medíocre existência. Foi a vida novamente... com suas peças...
Sempre a vida.
CAPÍTULO V - Singing songs that make you slit your wrists
(Cantando músicas que fazem você cortar os pulsos)
Não demorou muito. Voltei a consumir drogas e bebia sempre que podia. Talvez isso fosse um sinal de uma pessoa depressiva, afinal, não são todos que ficam tão pra baixo por causa de um relacionamento. Talvez eu usasse esse pretexto para me afundar mais e mais. Não foi difícil ser despedida da lanchonete na qual trabalhava. Decepcionei a todos: minha mãe, que não sabia o que na verdade acontecia, a Suzan, que sempre me deu um voto de confiança e a certeza de um amanhã melhor, e a mim mesma por acreditar que um dia conseguiria me erguer desse buraco no qual cada vez mais me afundava.
Não havia mais razão.
Não havia mais vida. Não mais vivia, só existia. Uma existência medíocre.
Não agüentava me olhar no espelho. Não me reconhecia, quem era aquela estranha no espelho? O que ela fez com a
que um dia existiu?
Não havia respostas. Não havia mais dúvidas. Não havia mais incertezas.
Só havia coragem para pôr tudo a baixo...
CAPÍTULO VI - And they found you on the bathroom floor
(E eles te encontraram no chão do banheiro)
Estava nervosa. Sentia meu coração batendo contra o peito, parecendo querer fugir. Não ouvia nada nem ninguém, apenas ouvia minha respiração ofegante. Não pensava em mais nada.
Mas não demoraria muito... não agora.
Tranquei-me no banheiro, nenhum lugar melhor para o que eu ia fazer. Peguei algumas toalhas e deixei no vão da porta para que nada chamasse a atenção de Suzan. Olhei-me no espelho, uma última vez, e vi terror em meus olhos.
Abri o armário do banheiro. Lá estava. Pronta para ser usada.
Logo em seguida, abri o chuveiro. Parei em frente ao espelho do armário, com as mãos em cima da pia.
Peguei a lâmina que havia guardado, pressionei-a contra meu pulso esquerdo. Doeu, então parei. Será que era isso mesmo o que queria fazer? Sim, disse uma voz, sim, o que mais haveria neste mundo para você? A voz estava certa, metade de mim estava certa, a outra metade, incerta.
Não poderia continuar muito com isso.
Com rapidez passei a lâmina em meu pulso esquerdo, tão rápido que nem eu mesma tive tempo de perceber o que havia feito. O sangue começou a escorrer pelo meu pulso e cair na pia. Havia muito sangue. Quente, pegajoso... e vital.
Já estava feito, tinha que ser acabado. Com a mesma lâmina cortei meu pulso direito, não doeu tanto quanto esperava.
Não sentia dor apenas medo, desespero. O sangue saía em grandes quantidades. Comecei a me sentir zonza e com medo. Iria morrer, meu Deus, estava morrendo! Comecei a chorar silenciosamente, esperando que acabasse logo. Não sabia que tinha tanto sangue.
De repente, como uma cortina negra, tudo ficou escuro. Me senti flutuando.
Estava voando... para longe dali.
Estava terminando...
CAPÍTULO VII - Pain in my heart for your dying wish, I'll kiss your lips again...
(Dor em meu coração por seu desejo de morrer, beijarei seus lábios de novo)
Lembro-me apenas de ter acordado e não lembrado de onde estava. Pensei, pensei e não me recordava o que havia acontecido. Fiquei um tempo parada. Olhando, observando. Nada.
De repente veio-me uma imagem. Sangue. Muito sangue. Então me recordei o que havia ocorrido.
Olhei para os meus pulsos. Estavam enfaixados, ambos. Então eu realmente fiz, pensei comigo mesma, neste instante entrou uma enfermeira com uma cara não muito boa.
- Vejo que acordou. Como se sente?
- Hã, bem. Só sinto sede...
- Claro... Bom, você tem visita. Posso mandá-la entrar?
- Sim! Por favor...
Só podia ser Suzan.
-
?! Oh,
, você está bem? - perguntou Suzan, correndo em minha direção. - Você não tem idéia de como me preocupou! Nunca mais faça isso, ok?
Comecei a chorar incessantemente.
- Desculpe... eu não quis... nunca quis te preocupar, Suzan. É apenas que... que, eu não tinha nada a perder, sabe?
- Claro que tinha... você... você poderia perder o meu amor.
Suzan veio lentamente ao meu encontro. Sabia que ela iria me beijar, sempre soube que ela me amava mais do que uma amiga. Ela nunca disfarçou isso, mas sempre respeitou meus sentimentos. Não sei o que me deu na hora, de repente foi tão bom sentir-me amada. Senti-me tão segura e sabia que Suzan jamais me magoaria. Em meio as minhas tristezas era ela quem sempre estava comigo, me amando, me consolando... e nunca pedindo nada em troca. Eu queria dar mais pra ela.
Suzan beijou meus lábios levemente. Com tanta delicadeza, como se tivesse medo de me machucar, como se eu fosse tão frágil. Mas eu queria mais, não sabia o que acontecia comigo. Senti uma força maior do que eu que, simplesmente, se apossou de mim.
Com força fui de encontro aos lábios de Suzan. Nunca havia beijado outra mulher antes. Foi bom. Os lábios dela eram macios, suaves, carinhosos... diferentes dos de um homem.
- Eu te amo tanto,
- foram as palavras de Suzan sussurradas em meu ouvido.
- Também te amo, Suzan... Nunca me deixe...
- Com licença? - pediu a enfermeira de cara mal humorada. - Não estava com sede? Trouxe água para você... - ela disse, apontando para uma jarra com água.
- Ah, claro... - respondi com certa timidez, afinal a enfermeira presenciara um momento nunca ocorrido antes.
- Pode deixar que eu mesma a sirvo. Obrigada - respondeu Suzan, um pouco grossa, mas imagino que foi por causa da interrupção da enfermeira.
- Com licença. - pediu a enfermeira, em seguida retirou-se.
Enquanto Suzan me servia veio-me uma dúvida.
- Suzan... como você soube que... eu... bem...
Suzan olhou-me nos olhos, entregando-me o copo d'água.
- Hã... acho que você desmaiou,
, e com a queda, você puxou tudo o que havia ao seu redor, fazendo o maior estardalhaço. Te chamei, te chamei e nada de você me responder. Na hora... - disse ela acariciando o meu rosto. - Não sei... me veio uma sensação estranha, de medo ou algo parecido... então senti, ou melhor, soube, que você havia feito algo... pedi ajuda e... bem... aqui está você...
- Hum... - Senti- me tão mal com aquilo que fizera, naquela hora coloquei-me no lugar de Suzan e da horrível experiência que proporcionara a ela.
- Hei... que carinha é essa? - disse Suzan, aproximando -se. - Só me prometa que nunca mais fará isso, okay?
- Eu sinto tanto...
- É... eu sei... mas não importa agora... porque eu tô aqui... - disse Suzan, encostando os lábios levemente aos meus, como se fosse o selo de uma promessa.
CAPÍTULO VIII - Take my fucking hand and never be afraid again
(Pegue minha maldita mão e nunca fique com medo de novo)
Depois de tudo o que ocorrera não parei para pensar no rumo em que minha vida havia tomado. Primeiro Matt, depois a tentativa de suicídio e por último o romance com Suzan...
Suzan era perfeita. Nunca pensei que pudesse me apaixonar por outra pessoa que não fosse Matt, principalmente quando se tratava de outra mulher.
Suzan foi me cativando pouco a pouco, e o sentimento de carinho foi se tornando paixão, o sentimento de paixão foi se tornando amor.
Eu amava Suzan.
Continuávamos a sair juntas. Arranjara um emprego de recepcionista numa gravadora, com a ajuda de um dos muitos amigos de Suzan. Finalmente havia achado algo em que gostasse de trabalhar, me empenhei bastante e não demorou muito para eu ir crescendo na gravadora, fazendo especializações e enfim chegando a ser assistente de produção. O emprego consistia em ajudar o produtor com detalhes fúteis mas importantíssimos, como iluminação, maquiagem, ou até mesmo atender as vontades dos nossos clientes ou dos artistas.
Todas as sextas e sábados saíamos, para bares, festas e shows.
Assumimos nosso relacionamento para poucos. Não queríamos sair espalhando aos quatro ventos o que se passava conosco, e estávamos felizes com isso. Quando saíamos, geralmente, agíamos apenas como amigas íntimas, bem íntimas por sinal.
Com Suzan, descobri sentimentos que nunca descobrira em mim. Uma deles era o ciúme. Não que fosse super enciumada, mas tinha um ciúme enorme de Suzan com os outros rapazes. Porra, Suzan era uma garota perfeita, que deixava todo cara babando. Ela era linda e extrovertida, cativava a todos que estavam por perto. Principalmente os homens.
Me sentia super insegura com isso. Sabia que era difícil comparar o afeto de um homem e de uma mulher, e muitas vezes tinha medo de perder o bem mais precioso que achara para um homem.
- Demorou tanto pra eu ter você... você acha realmente que eu te trocaria por outro?!?! - era o que sempre dizia Suzan.
Isso me reconfortava, mas bastava aparecer e lá estava eu novamente enciumada. Era difícil. Tinha que disfarçar. Afinal, agíamos como amigas em todos os lugares, que mal há em Suzan ficar com um cara sendo que ela não está acompanhada? Aposto que era o que todos pensavam...
E sempre me controlei... amava Suzan, ela era minha. Eu era dela. E nada e ninguém iam tirar ela de mim...
Era o que achava... Até o destino me pregar outra peça.
CAPÍTULO IX - And as we falling down...
(E enquanto nós caímos...)
Tudo aconteceu naquela semana. Em apenas uma semana minha vida mudou completamente.
Era uma manhã fria do mês de junho, minha época favorita entre o outono e inverno, lembro-me de ter aberto os olhos e não saber onde estava. Não foi difícil lembrar, bastava olhar para o lado e vê-la lá, deitada, ao meu lado. Linda e serena. Era incrível como conseguia me esquecer de todos os problemas quando estava com ela. Dei um sorriso e pensei no quanto era feliz e não sabia. Ela dormia tranqüilamente. Abracei-a dando-lhe um beijo suave. Ela abriu os olhos preguiçosamente e correspondeu rindo.
Era sábado, meu dia favorito, nem eu nem Suzan precisávamos trabalhar. Suzan voltou a dormir em poucos minutos, fora uma noite longa.
Levantei-me, coloquei um roupão e fui preparar o café.
Fui à cozinha, acendi um cigarro e coloquei água para ferver. Oito e meia da manhã. Sentei-me à mesa e fiquei lendo o jornal. Vi uma propaganda, de uma banda. Desconhecida por sinal. Um show, era o que dizia, com cover de algumas bandas como Iron Maiden, The Misfits e Morrisey fora algumas músicas de própria autoria. My Chemical Romance. Esse era o nome da banda.
Lembrei-me subitamente que Suzan havia comentado algo a respeito.
"É uma banda punk gótico, muito boa por sinal, começaram a carreira há pouco, mas já estão fazendo o maior sucesso! E o melhor de tudo. Consegui entradas para o show." Na hora me pareceu ótima a idéia, mas naquele momento, de manhã, tudo o que queria era ficar uma longa e relaxante tarde de sábado ao lado de Suzan vendo filmes antigos na tv e comer muita pipoca debaixo das cobertas. Quem sabe ela não mude de idéia, pensei comigo enquanto levantava e preparava o café, que fazia questão de levar na cama pra Suzan.
- Acorda, preguiçosa! Você sabe que eu odeio cozinhar, né? Olha o que eu fiz...
- Hein?! - disse Suzan, olhando espantada para mim. - Você cozinhou hoje é,
? Que maravilha!
Ao contrário de Suzan, eu odiava cozinhar. Simplesmente não tinha o dom, mas tentei fazer uma surpresa para Suzan.
- Hum... vejamos o que você preparou. Café, torradas e... bem... o que que é isso, hein?
- Ah, bem, eh... omeletes! Só que um pouco... queimadas?
- Claro... estava bom demais pra ser verdade! - disse Suzan, rindo da minha cara.
- É assim, é? Eu me dou ao maior trabalho pra tentar cozinhar pra você e você dá risada das minhas omeletes? - disse eu fingindo estar magoada.
- Oh, minha linda! Fica assim, não! Adorei a surpresa! - disse ela, se levantando e me beijando.
Como eu gostava de Suzan. Era uma sensação maravilhosa estar com ela. Sentia-me tão bem. Tão completa. Tão feliz.
- Amor... - disse eu olhando pra ela.
- Hum? - respondeu ela tomando um gole do café que preparara.
- Ah, bem que a gente podia ficar o dia todo aqui, né? Quentinha, juntinha...
- Mas,
, você esqueceu, é? Hoje tem o show do My Chemical Romance, aquela banda, lembra?
- Ah, sim lembro, sim... mas sei lá, queria te curtir hoje, você só pra mim...
- Oh, honey, você sabe o trabalhão que eu tive pra arranjar esses convites, faz esse esforço por mim vai?!
- Você sabe que eu não consigo negar nada pra você, né?
- Aham... e é por isso que eu te amo!
Nosso dia passou sem preocupações. A noite estava chegando, o show tão esperado por Suzan também. O esperado show da banda que estava começando a agitar a galera. My Chemical Romance.
Mas havia algo errado. Sentia que, por motivo desconhecido, seria a pior noite da minha vida.
Estava certa...
CAPÍTULO X - You told me this gets harder, well, it did!
(Você me disse que ficaria difícil, bem, ficou!)
Chegamos cedo naquela noite. Percy, o cara que havia arranjado os ingressos, disse que precisava chegar mais cedo para a preparação do show, estava fazendo um favor pros caras já que ele era amigo do vocalista da banda, e disse também que iria aproveitar a oportunidade para ver se os caras eram tão bons mesmo. Quem sabe não haveria a chance deles gravarem um CD?
Percy era um cara muito legal, sempre foi um ótimo amigo de trabalho, saímos várias vezes juntos. Percy, Suzan e eu. Percy e Suzan já eram amigos de longa data, foi ele que deu uma força para arranjar um emprego para mim na gravadora. O local estava vazio, via-se no balcão uma ou duas pessoas solitárias bebendo. Mas, segundo Percy, o local iria bombar.
Vi que havia um pequeno palco, com duas caixas de retorno e três microfones nos seus respectivos pedestais. Vi que havia alguns caras lá, arrumando os instrumentos e testando o som.
Sempre fui muito detalhista. Vi que havia dois guitarristas, um deles, que parecia ser bem jovem de cabelos arrepiados com uma tatuagem no braço e alargador nas duas orelhas, tocava baixo sua guitarra. O outro de cabelos armados parecia afinar a sua, mais ao fundo vi que tinha um garoto magricela de óculos, de aparência tímida tocando o baixo. E havia dois caras, um conversando com o outro, um tinha baquetas na mão e outro segurava o microfone.
- Som. Teste. Som...
Deve ser o vocalista, pensei comigo, ele tinha uma voz linda. Suave e envolvente. Era também lindo, do seu modo, mas era. Cabelos compridos quase até os ombros, negros, que davam todo o charme ao seu rosto angular. Com sobrancelhas bem posicionadas, em olhos de um castanho esverdeado, mais abaixo um nariz reto, fino e delicado, seguido por uma boca bem formada, de lábios finos, mas muito sensuais. Tinha também um estilo próprio, original é o que diria. Usava uma calça jeans, toda rasgada em partes bem comprometedoras, uma camiseta preta e uma jaqueta de couro. Fiquei hipnotizada, admito, fiquei observando-o, em cada detalhe.
Vi-o sorrir, um sorriso cativante. Não foi difícil deduzir que devia ter todas as mulheres que desejasse.
- Nossa ele é realmente muito bonito não? - perguntou Suzan, me tirando do devaneio de pensamentos em que me mergulhei.
- É, é verdade... muito bonito, sem dúvida.
Fomos em direção ao bar, com Percy junto. Pedimos nossas bebidas, bebia o meu drink distraída. Absorta. Enquanto Percy e Suzan batiam um papo sem notar o meu devaneio.
- E aê, Percy? Tudo certo?
Percy virara-se para a voz que o chamou.
- Ah, Gerard! Cara, como você está? Foi mal não ter ido lá falar com você, eu vi que você estava ocupado e tal...
- Tranqüilo. Já estamos com tudo quase pronto pro show desta noite.
- É, meu irmão, finalmente chegou a noite tão esperada.
- Pois é... e elas quem são? - disse ele dando um sorriso encantador na nossa direção, mas não pude deixar de notar que seus olhos se voltaram para Suzan, que era realmente espetacular.
- Ah sim, deixa eu te apresentar as minhas acompanhantes desta noite... esta é Suzan, uma grande amiga minha, e esta é
, uma colega de trabalho, grande amiga minha também.
- Poxa, elas são muito lindas - disse ele olhando fixamente para Suzan - Prazer em conhecê-las, espero que curtam o show.
- Ah sim, claro. Fizemos questão de vir - respondeu Suzan, dando um sorriso encantador. Não sei se foi impressão minha, mas achei que Suzan estava flertando com ele também, aquilo me subiu a cabeça. Não disse nada apenas sorri.
- Que bom... espero que curtam realmente, e espero ver vocês depois do show.
- Claro, por que não?! - disse Percy - Quem sabe não comemoramos depois?!
- É, tomara - disse Gerard em meio a risos - bom, mas já vou indo. Vejo vocês mais tarde. E se retirou.
Se já estava me sentindo mal, a sensação desagradável piorou mais ainda. Se esse tal cara, Gerard, fosse dar em cima de Suzan que fosse longe de mim. Fiquei muito magoada com a atitude de Suzan para com ele. Pareceu-me que ela havia gostado.
- Puxa, ele é super simpático, não? - perguntou Suzan.
- Porra, muito simpático. Tão simpático que, se você pedisse...
- Ora, , não me venha com ciúmes, tá? - disse Suzan, cortando o que eu ia dizer; ela parecia irritada.
- Ah! Agora vai me dizer que ele não tava dando em cima de você? Fala sério, Suzan! Eu vi e percebi que você gostou também!
- O quê?! Como você tem coragem de dizer isso?
- Minha querida, não precisa ter coragem é só ver o que ocorre. Só um idiota não teria visto.
- Hei, meninas, qual é? Não vamos brigar por causa disso não. Eu sei que vocês se gostam e isso não é motivo certo? - disse Percy, sendo ele um grande amigo e sendo um dos poucos que sabiam de Suzan e eu.
- É, Percy, você está certo - disse - mas não dá pra negar o que aconteceu aqui. E a Suzan sabe melhor do que ninguém que eu estou certa!
- Eu? Oras,
, já tô cansada de seus ciúmes idiotas!
- Pois bem - disse Percy - o show já vai começar e desse jeito vocês não vão curtir o show, que tal se cada uma pedir desculpa pra outra, hein?
- Não mesmo - disse eu. - Vou fumar um cigarro e, caso Suzan mude de idéia, eu estarei perto do palco fumando e esperando ela vir me pedir desculpas!
- Então é melhor você comprar mais alguns maços de cigarro,
, porque eu não vou pedir desculpas por algo que eu não fiz!
- Ótimo, você é quem sabe!
Levantei-me e fui em direção ao palco onde havia um espaço aberto para o famoso "bate cabeça". Estava nervosa e chateada, sabia que não deveríamos ter vindo, pensei comigo. Sabia, sabia!! Peguei o maço de cigarros, trêmula, e o abri. Droga, havia apenas um cigarro. Peguei-o e tentei acendê-lo, estava tão nervosa que mal conseguia acender o meu cigarro.
- Droga! - disse, soltando toda minha frustração.
- Hei, quer ajuda aí?! - ofereceu-se uma voz vinda de cima, atrás de mim.
Virei-me e dei de cara com um dos guitarristas, o mais jovem. Tinha um rosto jovem, demonstrando inexperiência, um sorriso, olhar ingênuo. Mas sua voz era firme, grossa, segura. O que mudava totalmente a idéia de que ele era tão inexperiente quanto parecia. Era um cara muito bonito e charmoso. Não sei o que me deu na hora, mas como uma adolescente idiota, imaginei-me beijando aqueles lábios em que havia um piercing e um sorriso maroto.
Ele nem esperou eu aceitar a sua ajuda. Esticou sua mão direita em direção aos meus lábios. Tirou o cigarro de minha boca e pegou o isqueiro de minha mão. Colocou o cigarro na boca e tragou-o, acendendo-o assim e logo após me passou o cigarro já aceso.
- Ah... er... Obrigada...
- De nada. Mal dia? - perguntou ele, sentando na beira do palco.
- É, um péssimo dia.
- Todos temos. Mas você vai se sentir melhor depois do show - disse ele dando um sorriso brincalhão - nós sempre ajudamos os outros com nossas músicas.
- Hum, bom saber. Porque sinceramente não queria ter vindo.
- Ah, mas já que está aqui... não vai perder o show certo? Precisamos de público, sabe? De preferência garotas, e se forem tão bonitas quanto você, melhor ainda...
- Que belo mentiroso você! - disse eu melhorando meu humor.
- Eu? Claro que não, sinceridade é o meu segundo nome.
- E qual seria o seu primeiro?
- Putz, que fora! - disse ele dando uma risada e batendo com a mão na testa - Meu Nome é Frank Anthony Iero, mas pode me chamar de Frank, guitarrista do My Chemical Romance, e você?
-
, mas pode me chamar de
, assistente de produção de uma gravadora.
- Uma gravadora, hein,
? Bem do que nós precisamos... para qual gravadora você trabalha?
- Para a Eyeball Records.
- Que legal, na verdade, o Gerard - disse Frank, apontando para o vocalista motivo da discussão com Suzan - conhece um cara de lá... só não lembro o nome dele...
- Percy.
- Isso! Você o conhece?
- Sim. Trabalho com ele... Bom, mas acho que você precisa se preparar para o show.
- Hum, você está me dispensando,
?
- Bem, na verdade, não... é que... parece que o tal de Gerard tá te chamando, olha! - disse eu fazendo com que Frank se virasse e visse Gerard o chamando.
- Ah, é verdade. Como sempre Gerard me atrapalhando...
- Pois é... mas relaxa, eu vou estar aqui embaixo o tempo todo vendo você tocar...
- Que bom. Assim eu toco olhando pra você...
- Por favor. Não faz isso, eu vou ficar dando risada.
- Que má você é! Tô fazendo a maior dedicação pra você e você vai dar risada de mim? Eu...
- Hei, Frank, será que eu tenho que vir te buscar é? - disse Gerard ao lado de Frank em pé, interrompendo nossa conversa.
- Caralho, Gerard! Dá um tempo! Já tô indo, porra!
- Então vem logo, caralho. Será que você só pensa em foder?
- Fica de boa! Seu...
- Hei, Frank, tudo bem... vai lá, eu entendo... - disse eu interrompendo o que o Frank iria chamar o Gerard e tentando evitar brigas. - Vá se preparar...
- Hã... okay... a gente se vê depois,
...
Conversar com Frank naquela hora melhorou o meu estado de humor. Senti-me melhor, mas subitamente me veio à cabeça Suzan. Olhei ao redor e não a encontrei. Fui em direção ao bar pedir mais uma bebida e comprar mais um maço de cigarros, já que os meus haviam acabado.
Acendi outro cigarro, mais calma, e sentei-me no balcão, olhando para o palco. Frank parecia estar discutindo com Gerard. Só esperava que não fosse por minha causa. Creio que estava enganada, porque nessa hora eu vi Gerard apontando descaradamente pra mim. Senti-me sem graça e achei que ele fora muito grosso em dizer que Frank queria apenas "foder" comigo, como ele mesmo dissera.
-
?
- Hein... - quando me virei dei de cara com Suzan.
- Olha... eu... eu sei que eu fui um pouco grossa com você mas sabe, eu já tô cansando do seu ciúmes,
, eu te amo. Você sabe disso, e a sua desconfiança me mata!
- Tudo bem, Suzan. Sei que não tenho 100% de razão, mas do mesmo jeito se eu tenho ciúmes é porque eu te amo muito também.
- Fico tão chateada quando a gente briga, paixão...
- Eu também, Suzan... eu também... - disse me aproximando dela. - Será que eu posso dar um beijo na pessoa que eu mais amo nesse mundo? - perguntei aquilo, pois o bar já estava cheio e sempre disfarçávamos o que sentíamos uma pela outra. Suzan sorriu meigamente.
- Claro que pode... - e aproximou-se de mim beijando-me de um jeito selvagem.
Esquecemo-nos de tudo e de todos, apenas preocupei-me em beijar Suzan, o amor da minha vida. Quando nos separamos de nosso beijo vimos que todos olhavam tentando disfarçar e surpresos com nossa atitude. Suzan e eu ficamos sem graça. Olhei em direção do palco e vi, que os caras da banda também estavam olhando pra nós, inclusive Frank que me pareceu desapontado por saber que namorava e Gerard surpreso por não desconfiar que éramos parceiras.
O show já estava próximo de começar. Já tinham ido lá anunciar. Realmente Percy estava certo, o lugar estava lotado. Como Suzan e eu chegamos cedo ficamos bem na frente para não perder nada.
O palco estava às escuras. Só se ouvia o delírio da platéia e o som de duas guitarras. Não se via absolutamente nada. Até que uma rajada de luzes ofuscou nossa visão e Gerard chegou pulando no palco e berrando.
Os caras eram muito bons... estava curtindo ao máximo o show, a música alta com letras profundas e algumas doses de bebida me fizeram viajar no show. Suzan e eu curtimos ao máximo...
- A música que a gente vai cantar agora é para os que estão amando... é uma prova de amor... espero que vocês gostem... "Demolition Lovers"!!
Foi a música mais linda que eu já ouvira na minha vida. Nesta hora lembro-me de ter parado e ficado olhando para o Gerard e prestando atenção no que a música dizia. Ele cantava de olhos fechados, concentrado. Aquela música dizia tanto... de repente Gerard abriu os olhos e deparou com os meus olhos. Ele ficou me olhando fixamente, não conseguia desviar o olhar. Lembro-me de olhar dentro daqueles olhos castanhos esverdeados e ouvir o que a música dizia, nada mais parecia existir. Saí do transe quando senti Suzan abraçando-me e beijando-me.
Fiquei sem graça, não consegui corresponder com a mesma paixão que Suzan ao nosso beijo. Separei-me dela, sorri e me virei para continuar a ver o show. Vi que Gerard agora olhava fixamente para Suzan, abaixou-se e ficou cantando o mais próximo possível dela. Segurei firme e não fiz nenhuma cena de ciúmes. Senti-me queimando de raiva naquele momento, olhei para Frank que parecia estar concentrado fazendo um solo de guitarra. Ele era muito bonito, foi o que pensei, e foi tão gentil comigo... me aproximei mais ao palco, as pernas deles estavam bem a minha frente, ao meu alcance. Estiquei uma mão e toquei no tornozelo dele. Ele se assustou e olhou para baixo querendo saber quem o havia tocado.
Quando ele olhou, vi que ele sorriu para mim, e desta vez ele começou a tocar olhando pra mim. Sabia que estava fazendo isso para dar ciúmes a Suzan. Olhei para o lado e vi que Gerard deixara de "dar em cima" dela fazia um tempo e agora ela estava parada olhando para Frank e eu.
A música, acabou repentinamente: "And as we're falling down, I'll see your eyes. And in this pool of blood, I'll meet your eyes. I mean this forever". O silêncio surpreendeu-me, não esperava que a música acabasse assim. Era uma música realmente maravilhosa, o público começou a bater palmas e mais palmas. O show acabara.
- Nós somos o My Chemical Romance. Espero que tenham gostado, pois estamos prontos para o mundo nos ouvir gritar. Até o próximo show!!
Gritos, aplausos e assovios... a multidão pareceu adorar o show. Foi realmente muito bom, me senti bem, mesmo não tendo gostado de Gerard, mas era inevitável: o cara tinha o dom da música.
- Nossa! Foi muito bom o show, né? - perguntei a Suzan.
- Sim... eu vi que você gostou demais até...
- Não entendi, o que você quis dizer com...
- Meninas! Então como foi o show? Gostaram? - perguntou Percy, interrompendo.
- É, foi muito bom - respondeu Suzan.
- Sim, gostei muito das músicas dos caras...
- Então vamos lá falar com eles? - propôs Percy.
Seguimos em direção ao palco, onde os rapazes estavam desmontando a bateria, os cabos, a guitarra e tal. Gerard estava dando autógrafos para algumas garotas. Achei a cena ridícula.
- Gerard! Cara! Foi ótimo o show, hein?
- Yeah, Percy! Foi muito bom, parece que a galera adorou... e vocês adoraram? - disse Gerard olhando para Suzan e eu.
- Sim... foi melhor do que eu imaginava, Gerard. Parabéns - disse Suzan, novamente parecendo flertar com ele.
- É, as músicas foram muito boas... quem as compõe?
- Ah, eu mesmo...
Na hora me surpreendi, aquele cara não parecia ter nada na cabeça e de repente chega dizendo que escreveu aquelas músicas? Realmente ele era bom, não como pessoa talvez, mas tinha o dom.
- Uau, parabéns.
- Então... ainda está de pé aquela comemoração depois do show? - perguntou Percy.
- Por mim... - respondeu Gerard - depende de quem vai - disse isso olhando para Suzan - e se os caras vão querer ir também...
- Lógico que os caras vão junto... é bom porque assim aproveito e conheço melhor eles - disse Percy. - E vocês, meninas, vão com a gente, né?
- Hã, não sei, Percy eu acho que...
- Claro que nós vamos! - disse Suzan. - Vamos, não vamos,
?
- Bem, pode ser...
- Então está certo - disse Gerard. - só dá um tempo pra gente arrumar nossos equipamentos e já vamos.
- Hei, então quer dizer que você vai com a gente comemorar,
? - perguntou Frank.
- Pois é, mais uma vez não tive escolha...
- Vai ser divertido, eu prometo.
- Já que você diz...
- Então... vamos pra onde? - perguntou Gerard já na saída da boate.
- Bom, eu sei que não é comum isso mas eu estava pensando... e se fosse em casa? - ofereceu Percy.
- Ah, na sua casa? - perguntou Gerard um tanto duvidoso. - Por mim, tudo certo?
- Por nós também, Gee - respondeu Mikey, o irmão mais novo de Gerard.
- Certo, mas eu faço questão que vocês vão na nossa van... ela é clássica! - ofereceu Gerard, arrancando gargalhada dos demais da banda.
- Hum, por quê? O que a sua van tem de tão especial? - perguntou Suzan.
- Ah, nada demais. Apenas que é ela que nos carrega para os shows e é um presente de minha avó... sem falar que ela é muito original.
- Bem, rapazes, eu tô de carro... - disse Percy - mas se as garotas quiserem ir com vocês...
- Eu... eu não sei, Suzan, acho que a van vai ficar apertada e...
- Não, não... é tranqüilo, cabe todo mundo. Vocês não vão fazer uma desfeita dessas vão? - disse Gerard.
- É verdade,
, poxa vai ser divertido! - disse Frank.
- É verdade,
, não pega nada! - disse Suzan.
- É que... bem, a gente mal se conhece e...
- Não seja por isso. - disse Gerard - Esse aqui é o Mikey, o baixista e meu irmão. Esse aqui é o Ray o outro guitarrista. E esse aqui é o Matt o nosso baterista. E o Frank que você já conhece...
Fiquei super sem graça na hora, não gostei da forma como eu estava chamando a atenção, todos estavam quietos olhando fixamente para mim, esperando uma resposta.
- Hã... Prazer pessoal, eu sou a
...
- Mas podem chamar ela de
- disse Frank.
- É, e esta é... minha... amiga Suzan...
A galera cumprimentou a gente com um aceno.
- Mas então, vocês vão com a gente? - perguntou Gerard.
- Vamos, sim... - respondi.
Chegamos no estacionamento e demos de cara com uma van em condições não muito boas, estava toda "pichada" e parecia ser bem velha.
Quem iria dirigir a van era Matt, o baterista. O restante dos rapazes foi atrás conosco. Suzan, como sempre, já estava se adaptando com as pessoas, conversando, rindo e brincando. Eu fiquei quieta naquele momento só observando.
Os caras não paravam de zoar um instante sequer. Colocaram um som alto na van e abriram umas garrafas de cerveja. Não sabia se os caras estavam drogados ou não. Desconfiava que estivessem, estavam muito alegres pro meu gosto.
- Então... - disse Gerard enquanto acendia um cigarro - vocês são namoradas, é?
- Somos... - disse eu, encarando-o; vi que Suzan ficou sem graça com minha atitude.
- Ah, é? - disse ele dando um gole na cerveja - então... por que vocês não se beijam pra gente ver, hein?
Frank, Ray e Mikey ficaram quietos nessa hora. Mas ficaram olhando com curiosidade, esperando que a gente fosse se beijar.
- Porque, na verdade, não estou com vontade. Mas não se preocupe, Gerard, eu te chamo pra ver, ok? - respondi, rispidamente.
Ao contrário do que pensei, Gerard riu.
- Claro, me chama, tá? Quem sabe eu não ajude participando...
- O quê?! Cara, como você é folgado...
- Calma,
, ele está bêbado, não dá bola pra ele não - disse Suzan, segurando o meu braço.
O silêncio reinou na van, todos ficaram sem graça, vi que Gerard ficou quieto, bebendo e fumando, mas não deixou de me encarar. Sentia tanta raiva dele que acho que estava soltando faíscas pelos olhos.
- Er... bem... então... - disse Frank- mas vocês moram juntas?
- Sim - respondeu Suzan dando um sorriso cativante, tentando voltar a ter uma conversa civilizada com todos.
Frank e Suzan começaram a conversar, não demorou muito e todos começaram a conversar como se nada tivesse acontecido. Menos Gerard e eu.
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Ele ficou lá sentado fumando e eu sentada de frente pra ele fumando também.
Não demorou muito e chegamos a casa de Percy. Lá, entramos, bebemos um pouco e conversamos. Eu e Gerard mantivemos a distância. Fiquei junto a Percy - quando ele não estava junto de Gerard, de Frank ou dos outros rapazes, que eram muito legais. Só fiquei afastada de Suzan, pois Gerard não desgrudara dela nem um instante sequer.
Notei que depois de beber mais do que o recomendado, Gerard e Suzan estavam fazendo muita questão de se tocar e coisas do gênero. Estava morta de ciúmes.
- Então,
, quer dizer que não tenho nenhuma chance com você... - disse Frank.
- Por que você tá falando isso?
- Você é lésbica!
- Não, não sou.
- Bissexual?
- Acho que sim... Na verdade, não sei, Frank, Suzan é a primeira mulher com quem me envolvo, sabe...
- Ah, isso é normal. Sabe, já me envolvi com pessoas do mesmo sexo que eu...
- Sério?
- Sério. Mas descobri que o bom mesmo é sair com mulheres. Mas eu acho que a gente tem que experimentar de tudo nessa vida pra depois não se arrepender de ter feito ou não ter feito, não acha?
- É verdade... Hey, onde está Suzan? - perguntei, notando repentinamente que ela não estava em lugar nenhum. O que me assustou ainda mais foi constatar que Gerard também não estava em lugar nenhum.
- Ah, eu não sei,
... - disse Frank, olhando em volta para ver se os achava.
- Hã, acho que vou procurar Suzan. Já está ficando tarde...
- É... é verdade - disse Frank, parecendo notar o meu desespero. - Quer que eu vá com você?
- Não... não precisa...
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Procurei por Suzan na cozinha, na sala... e nada. Na hora meu coração acelerou, olhei escada a cima... Será? Pensei comigo mesma. Senti minhas pernas enfraquecerem. Não, tenho que procurar melhor...
Olhei em direção a cozinha e vi a porta dos fundos, que davam pro quintal. Andei apressadamente em direção à porta.
Percy sempre fora um cara sonhador, romântico. Nunca se casara, mas sempre planejou. casar e ter filhos. Sua casa era uma típica casa de família.
Nos fundos havia uma churrasqueira com piscina. Tudo muito bem iluminado.
Em uma mesa, perto da churrasqueira. Vi Suzan com Gerard, é claro. Senti o sangue subir por minha face.
Sem dúvida alguma, Gerard estava dando em cima de Suzan.
Eles estavam tão perto um do outro. Vi que Gerard quase sussurrava ao ouvido de Suzan, e via que ela ria, meigamente. Aquele sorriso lindo que ela dava só para mim...
- Suzan? - chamei-a, interrompendo-os.
-
! Que susto!
- É mesmo?! - disse eu sarcasticamente. - Vim aqui pra te chamar pra irmos embora...
- Mas já?! - disse Gerard. - Ainda é cedo, e amanhã é domingo...
- Eu sei! - respondi seca - acontece que estou cansada, e queria curtir um pouco minha namorada esse final de semana...
- Você pode curtir ela sempre, e não precisa ir pra casa pra curtir ela... - disse ele com um sorrisinho sarcástico.
- Pois é.. acontece que eu quero curtir ela sozinha... se é que você me entende?
- Ah sim... claro... - disse ele, já completamente bêbado. - Você quer dizer que você e a Suzan vão...
- Já chega!! Será que você não se toca? - disse eu irritada, pegando no braço de Suzan. - Vamos embora Suzan, a "festinha" acabou!
Nem deixei Suzan dizer nada, estava nervosa. Oras, quem ele pensava que era para ficar se intrometendo na minha vida pessoal?
Entrei na sala bufando.
- Hei, pessoal. Suzan e eu já estamos indo...
- Mas já,
? - perguntou Percy, meio bêbado. - A noite é uma criança...
- Eu sei, querido, mas estou cansada... Quem sabe numa outra ocasião?
- Claro.. isso seria ótimo - disse Percy.
Nos despedimos de todos, vi que Suzan estava emburrada. Dane-se, pensei comigo mesma, não era ela que tinha que suportar toda aquela humilhação pública.
- Hei,
! - era Frank.
- Hei!
- Hã... foi legal te conhecer hoje. Espero que haja mais vezes...
- Verdade, Frank, adorei te conhecer também... Você é um cara muito legal.
Nesse momento, Gerard apareceu, vindo dos fundos, ele aparentava estar nervoso.
- Ora, as garotas iam embora sem se despedir de mim é?! - disse ele.
Ele disse isso enquanto vinha em nossa direção. Dava para ver que ele estava completamente bêbado...
Ele veio, e me abraçou com força. Não me mexi. Como ele era babaca.
- Mas como você é nervosinha... - ele disse rindo, enquanto me abraçava.
Ele me largou e virou-se para Suzan. Abraçou-a tão forte quanto havia me abraçado. Largou-a, olhou-a nos olhos e lhe deu um beijo na boca. Rápido e brusco. Não tive reação, foi rápido demais. Vi que Suzan ficou vermelha. Talvez de vergonha, talvez de excitação...
Não suportei o que vi. Virei-me bruscamente, abri a porta e saí. Batendo-a logo atrás de mim. Não demorou muito e ouvi sons de passos vindo correndo em minha direção. Era Suzan.
Não disse nada durante todo o percurso de volta para casa. Não havia o que dizer. E aquilo não era nada. Era apenas o começo do meu pesadelo...
CAPÍTULO XI - "I fall out of grace"
(Eu caí das graças)
Passamos o domingo todo no nosso apartamento. Não fizemos nada de especial. O que ocorreu na madrugada passada nem ao menos foi comentado. Agi como se nada tivesse acontecido. Claro que não agi normalmente, fiquei na minha, à distância.
A semana começou, e eu estava cheia de serviço para fazer. Telefones, agendamentos, reuniões, encontros, propostas... Tudo caía em minhas costas.
Foi numa quarta-feira quando o telefone tocou em minha sala.
- Eyeball Records.
, boa tarde.
- Oi...
?
- Pois não?
- Hum.. não tá reconhecendo minha voz, não é?
- Não...
- Aqui é o Gerard, nervosinha.
- Ah, claro. Em que posso ajudá-lo?
- Hum, infelizmente nada, querida. Percy está?
- Claro, um minuto. - Como ele conseguia me irritar!
Não dá para negar que o resto do meu dia foi uma droga, aquele cara conseguia me irritar com qualquer coisa!
A semana passou voando. Graças a Deus, tudo tinha dado certo e o excesso de obrigações que eu tinha que fazer foi feito em menos tempo do que esperava. Foi bom, pelo menos na sexta-feira pude voltar mais cedo para casa.
Quando entrei em casa, vi que Suzan estava no telefone entretida. Quando ela me viu, pareceu assustar-se e mudou o tom de voz.
- Então... como eu ia dizendo, Megg... Bem... tenho que desligar... adivinha quem chegou?!
... Sim... pode deixar... Mando, sim... Pra você também... Outro, querida... tchau.
- Quem era? - perguntei.
- Ah... era... a Megg.
- Megg?
- Sim, você não conhece. Ela é nova no trabalho, mas já sabe de você...
- Hum, que bom...
Passados alguns dias. Em um dia de sábado, vejo que havia uma rosa em frente ao tapete de nosso apartamento. Era uma rosa vermelha, com um cartão. Não agüentei a curiosidade, abri-o e li.
"Su,
Infelizmente não tenho dinheiro para te comprar dúzias de rosas. Mas espero que esta seja suficiente para que saiba o quanto te gosto.
GW"
Quem era esse tal de GW?
- Suzan... venha aqui.
- O que é, amor?
- Você recebeu isso aqui, ó.
- Hum... flores... - Vi Suzan lendo e se espantando.
- Quem é GW, Suzan?
- Oras, você não sabe,
?
- Não...
- É o Gerard... Gerard Way lembra? GW...
- Ah, claro. E desde quando ele tem te mandado rosas, Suzan?
- Pra sua informação, dona
... esta foi a primeira vez.
- Ótimo...
- Tá com ciúmes, né?
- Eu? Daquele babaca? Eu não!
- Ainda bem...
Pensei que fosse apenas aquilo que estava acontecendo... estava enganada.
Certo dia, voltei do serviço e dei de cara com ele, sim, Gerard. Sentado no meu sofá conversando, ou melhor, xavecando a garota que eu amo.
- Hei,
, já chegou do serviço, querida? - perguntou Suzan.
- Já...
- Hum.. olha que legal, o Gee veio aqui pra chamar a gente pra uma outra apresentação deles.
- Nossa, mas quanta gentileza! - disse eu sarcástica. - Por favor, me dê licença que eu vou tomar um banho.
Suzan e eu discutimos muito depois disso. E acabamos nem indo na tal apresentação deles. Não sabia o que estava acontecendo, Suzan estava mudada. Diferente. Distante.
Não parava de falar com a tal de Megg no telefone, saía e não me dizia aonde ia...
Estávamos cada vez mais distantes. E eu, cada vez mais desesperada.
Uma noite dessas, o telefone tocou. Suzan, agitada, foi atender.
- É pra você,
.
- Pra mim? Quem é?
- É o Frank...
- Alô?
- Oi,
, é o Frank, tudo bom?
- Oi! Tudo bom e você?
- Melhor agora! E aí? O que me conta?
- Ah, na mesma, né? Só trabalhando... mas e vocês?
- Poxa, a gente está indo bem. Fazendo muitas apresentações, a galera parece estar curtindo a gente...
- Que legal... nossa, Frank, como você conseguiu o meu telefone?
- Ah, foi o Gee que me passou...
- O Gerard? Mas como?
- É, ele disse que um dia desses telefonou pro Percy e pediu...
- Ah, sim...
Conversamos sobre como estávamos, e prometemos que, assim que tivéssemos tempo marcaríamos algo para fazer.
O que me havia perturbado era saber que o Gerard tinha pegado o nosso número de telefone. "Suzan" foi o que me veio a cabeça.
"- Ah, claro. Em que posso ajudá-lo?
- Hum, infelizmente nada, querida. Percy está?"
Mas é claro. Ele ligou para pegar o meu número de telefone com o Percy... E não havia resposta mais óbvia por ele estar querendo o número de casa... Suzan.
Mas não ia ficar assim... Ahh, não mesmo! Esse desgraçado ia ver só...
CAPÍTULO XII - "Well, if you wanted honesty..."
(Bem, se você queria honestidade...)
No dia seguinte mesmo, fui trabalhar e conversar com Percy.
- Hei, Percy, posso falar com você por um instante?
- Claro,
...
- Bom, eu sei que é estranho eu estar pedindo isso, mas eu queria que você me passasse o endereço daquele seu amigo, Gerard Way, sabe?
- Ah, sei... Mas posso saber o que você quer com o cara?
- Não é nada demais, Percy, eu juro... apenas conversar com ele.
- Não me traga problemas, hein?
- Ok... eu juro.
- Boa menina.
- Valeu, Percy... te amo!
Peguei um táxi na saída do serviço. Liguei para Suzan avisando que chegaria tarde. Que tinha negócios a resolver...
Gerard não morava num lugar melhor que o nosso, dava pra ver que o cara estava passando dificuldades e tal.
Era um apartamento barato, no subúrbio da cidade. Onde ele provavelmente dividia com o resto dos caras.
Bati duas vezes na porta. Ela demorou a ser atendida. Quando vejo, Gerard aparece de calças, sem a camiseta. Parecia que ele estava dormindo...
- Você aqui?! - disse ele, olhando surpreso para mim, como se não estivesse acreditando.
- É...
- Ah, meu Deus, o que você quer, hein?
- Hã... posso entrar?
- Pode, né? - falou ele, abrindo passagem para eu entrar.
Não tinha outra, o apartamento estava uma bagunça.
- Ah... desculpa, eu não tenho nada pra te servir... - começou ele.
- Não precisa. O que eu tenho pra dizer é rápido.
- O que você tem pra dizer?
- É simples: deixa a Susan em paz, está me ouvindo?
- O quê?
- É isso mesmo. Eu sei dos seus telefonemas, das flores... o que você pensa que está fazendo, hein?
- Eu? Nada demais... - disse ele, dando um riso debochado.
- Pois saiba que está! E eu já tô cansada, eu vim aqui por um ponto final nessa palhaçada tua, você está me entendendo?! - falei, me exaltando. Levantei-me, e fui em direção à porta.
- Sabe o que eu acho? - disse ele, me fazendo parar.
- O quê?! - perguntei, virando-me em direção a ele.
- Eu acho que você não tem ciúmes da Suzan.
- O quê?! Como você pode dizer isso? Ela é a pessoa que eu amo... e por sua causa nada é a mesma coisa...
- Sei... - disse ele, se levantando e vindo em minha direção. - Mas mesmo assim, eu acho que você não tem ciúmes dela...
- Ah... não?!
- Não...
- O que é, então?
- É isso... - disse ele, me puxando e me dando o beijo mais maravilhoso que eu lembro ter recebido.
Lembro que na hora, tentei empurrá-lo, mas ele era mais forte. Com força, me puxou pela cintura para que eu ficasse mais perto dele, enquanto que com a outra mão ela segurava minha cabeça para que não pudesse fugir.
O beijo dele era maravilhoso, arrebatador... estonteante.
Não resisti e me entreguei.
Repentinamente, do mesmo jeito que veio o beijo, ele interrompeu o beijo e me afastou, ainda me segurando, e olhou para os meus olhos.
- Não disse? - ele falou, dando um risinho de "ganhei".
- Seu desgraçado! Quem você pensa que é? Me larga! - disse, me desvencilhando.
- Ah!! Que droga - ele resmungou, parecendo nervoso. - Vai dizer que não gostou?
- Não! Não gostei! Odiei!
- Ótimo! - disse ele, me soltando e empurrando. - Pode ir... já me diverti hoje...
- Seu idiota! Eu te odeio!
- Oh, que surpresa. Por favor, me diga algo que eu não saiba...
Não tinha mais o que dizer. Tremendo de raiva, virei-me e fui embora.
Droga, por que tudo tinha que dar errado? Fui lá para dar um fim nessa palhaçada e quem acaba sendo lesado sou eu?!
Voltei a pé pra casa, estava nervosa demais. Caminhadas sempre me ajudavam a pensar, a relaxar.. quem sabe esta não ajudasse...
CAPÍTULO XIII - "The damage you've inflicted temporary wounds..."
(Com os danos você abriu feridas temporárias...)
Creio que se passaram dez dias desde o dia em que eu fui à casa de Gerard. Parecia que ele tinha sumido, mas mesmo assim, via que Suzan não estava feliz. Ela andava séria, não era mais a mesma Suzan que me fazia rir, que me apoiava... Ela estava virando uma estranha.
Eu estava perdendo Suzan... e eu não podia fazer nada, estava de mãos atadas...
Havia dias em que mal conseguia dormir de desespero, pensando o que poderia fazer, mudar, falar, descobrir...
Não demorou muito para que o dia que eu tanto temia chegasse.
- ?
- Oi... - era Suzan, me olhando com um olhar triste.
-
, eu... eu preciso falar com você...
- Ah... pode falar. - Naquela hora meu coração soube, senti medo.
-
, eu te amo tanto...
- Eu também, Suzan... sempre.
- Mas,
, tudo tem seu tempo... nada é para sempre...
- Não tô entendendo, Suzan.
-
, eu não poderia fazer escondido de você...
- Fazer o que, Suzan?!
-
, eu... eu... me apaixonei por outra pessoa.
A partir daquele momento, não lembro de ouvir mais nada. Já sabia o que viria... já estava cansada de ouvir aquilo.
- Chega, Suzan! Eu não quero ouvir!
-
... por favor, me escuta...
- Não... depois a gente se fala... eu... eu tenho que ir... É isso, eu tenho q ir...
- Não faz isso,
, por favor!
- Desculpa... eu tô atrasada... num dá... chega... tá bom?
Eu sabia o que estava acontecendo, mas fingia não ser comigo... não podia ser comigo... não de novo...
Saí de casa. Como isso pôde ter acontecido? Não acreditava, tudo parecia tão distante e surreal. Deveria ser um sonho. Só podia ser um sonho!! E logo eu estaria acordando...
Mas não acordei...
Não sabia para onde ir, o que fazer... Estava completamente perdida.
Percy...
Percy foi a primeira pessoa que veio a minha mente, sim, Percy... ele me ajudaria. Falaria com Suzan e a faria esquecer essa loucura que estava me dizendo... isso... tudo daria certo... tudo TINHA que dar certo.
Fui a pé, no trajeto sempre pensando que tudo não passava de um mal entendido... como se tudo não passasse de um sonho... surreal...
Cheguei à casa de Percy. Eram 7:50. Percy abriu a porta com cara de sono. E pareceu assustado ao me ver lá, em pleno sábado.
-
?! O que você faz aqui à uma hora dessas? - Na mesma hora ele se arrependeu de ter perguntado. Vi isso em seus olhos. Acho que ele percebeu que não estava bem. Tanto que a primeira coisa que fez foi me abraçar forte, enquanto eu soluçava em seus braços.
Percy me colocou sentada no sofá e foi buscar um copo com água e açúcar. Estava nervosa por demais pelo que me acontecia.
- Calma,
... Agora, me conte... o que aconteceu, hein?
- Oh, Percy... é... é a Su... a Suzan...
- A Suzan? O que aconteceu? Vocês brigaram?
- Não, Percy... foi muito pior... Ela... ela quer terminar comigo!
- O quê? Mas por quê?
- Eu... eu não sei. Ela simplesmente disse que está apaixonada por outra pessoa...
- Não é possível... Ela sempre foi louca por você,
...
- Parece que não é mais, Percy... - Olhei profundamente em seus olhos. Meus olhos estavam marejados e mostravam frustração. - Eu a perdi, Percy... perdi o amor da minha vida!
Não havia muito o que Percy poderia fazer. Ele simplesmente me abraçou e me consolou pelo resto da manhã. Não conseguia dizer mais nada. Apenas chorar, por pra fora tudo o que sentia, tudo o que me corroia, tudo o que me afligia... Se chorar resolvesse alguma coisa...
-
, você precisa falar com a Suzan...
- Não! Eu não quero... eu não posso... eu, eu... não conseguiria...
- Você não pode fugir dela pra sempre,
.
- Talvez você esteja certo... mas não estou pronta para ver Suzan ainda.
- Você é quem sabe...
- Posso ficar aqui hoje?
- Você sabe que sim,
.
- Obrigada...
Percy me levou para um dos quartos do andar de cima e fez eu me deitar. Acredito que já era hora do almoço, mas não tinha fome.
Percy fechou as cortinas da janela, deixando o quarto em sombras. Ele me deixou no quarto, sozinha... para poder refletir melhor no que acontecera.
Só, no quarto. Comecei a pensar tudo o que passara em minha vida. Desde o início. Quando cheguei em Nova York. As coisas que fiz, não fiz, que errei... eram tantas...
Como pude perder Suzan? O bem mais precioso que a vida me dera, e que eu deixei escapar por entre os meus dedos...
Senti um buraco enorme dentro de mim... como se tudo o que eu tinha de bom, de esperança, de vida... tivesse sido sugado. E mais nada restava, apenas dor.
Levantei os meus pulsos, e os olhei. Vi as cicatrizes que ali tinham, da última vez em que tentei me matar.
Parecia que foi há tanto tempo...
Pensei, pensei, pensei... e de repente, senti uma névoa escura embaçando os meus olhos. Senti meu corpo flutuar, senti-me leve e feliz... senti-me segura e aquecida... estava adormecendo...
Dormir... o único momento em que os fantasmas não perseguiam.
CAPÍTULO XIV - " You are never coming home... never..."
(Você nunca está voltando pra casa... nunca...)
Silêncio... silêncio... silêncio... e, então, escuto. Consigo ouvir meu coração batendo, sem parar. Num ritmo acelerado. Batendo. Batendo. Batendo... e então, mais uma vez, acordo.
Abri os olhos. Depressa, sentia meu coração batendo forte contra o peito. Olhei ao redor. Olhei para mim mesma. Onde estava? O que acontecia?
Então, tão rápido quanto o susto. Voltou-me a memória. Suzan... e meu coração continuava a bater... forte contra o peito, sentia medo.
Desci as escadas, tudo estava no mais absoluto silêncio. Onde estava Percy? Olhei ao redor e nada. Fui em direção à cozinha. Eram três da tarde. Dormira cerca de três horas. Vi que a secretária mostrava ter uma mensagem não escutada. Coloquei para escutá-la.
Oi, Percy... aqui é a Suzan... Ah... eu sei que.. é estranho eu estar te ligando, mas... você... Você sabe onde está a
? Ela saiu hoje cedo e... bem... ainda não voltou. Ela parecia... preocupada. Desculpe incomodar. Se souber de alguma coisa... me avisa, tá?
Fim da mensagem.
Meus olhos encheram-se de lágrimas. Só de ouvir a voz de Suzan me dava um aperto no coração.
Olhei a casa, vazia. Sentei-me no sofá, e fiquei olhando ao redor.
Vi minha bolsa. Talvez ainda estivesse lá... já fazia tanto tempo...
Levantei-me, e fui em direção a minha bolsa. Procurei, procurei... e quando já havia perdido as esperanças de encontrar... ali estava.. ainda cheio.
Parara de tomar quando comecei a ficar com Suzan. Tomar aquilo com ela não fazia mais sentido... mas agora...
Olhei em direção ao balcão de bebidas de Percy.
Fui lá e preparei uma dose dupla de uísque. Bebi junto com duas pílulas. Tomei em um gole. Ardeu minha garganta, doía... mas logo melhoraria... sempre melhorava.
Fui em direção ao sofá e deitei-me, não demorou muito... sentia-me leve, feliz... sem nenhuma preocupação... consegui. Consegui. Fugi do que tanto temia...
Comecei a achar graça nas coisas. Ainda deitada, comecei a dar risada da vida, das minhas atitudes... de tudo o que via.
Nem percebi quando Percy chegou em casa.
-
... você está bem?
- Eu? Ah... claro que sim... - disse com a voz embargada.
- O que você fez,
?!
- Eu? Nada...
Percy viu o copo em minha mão e do lado as drogas.
-
! O que você pensa que está fazendo?! - disse ele, me puxando e me carregando para cima.
- Ah, Percy... qual é?!
Ele abriu o banheiro. Ligou o chuveiro em água fria.
- Se você pensa que se drogar vai ajudar em alguma coisa,
, está muito enganada. Não adianta fugir!
Não conseguia falar nada. Estava tão mole. Via tudo em câmera lenta, e não ouvia mais uma palavra do que Percy dizia.
Só senti a água gelada escorrendo pelo meu corpo. Dei um grito. Tentei sair de lá, mas Percy não deixou. Me fez ficar lá até que eu me acostumasse com a água, e voltasse um pouco do "transe".
Percy me tirou do chuveiro, secou-me e levou-me para o quarto. Sentia como se estivesse morrendo. Sentia uma dor física e mental tão forte. Comecei a chorar, desesperada. Como um bebê...
- Shhh...
, calma... calma... eu tô aqui pra te ajudar... lembra? Não vou deixar você afundar,
, porque eu tô aqui...
Lembro que chorei até minhas lágrimas cessarem. E adormeci, mais uma vez... e mais uma vez... fugi dos fantasmas que me perseguiam.
CAPÍTULO XV - "I'll photocopy all the things that we could be..."
(Eu vou copiar todas as coisas que nós poderíamos ter sido)
Não vou entrar em detalhes do que me ocorreu durante aquele longo e angustiante final de semana na casa de Percy. Pedi para Percy não avisar a Suzan que eu estava lá. Talvez eu tenha feito isso por maldade, ou quisesse que ela ficasse com peso na consciência. Mas mesmo assim, pedi... ou melhor, implorei para Percy não dizer nada a ela.
Foi no domingo à noite que eu resolvi ligar para ela e dizer que estava bem.
- Alô?
- Suzan... sou eu.
-
! Graças a Deus! Eu estava desesperada... quase chamando a polícia.
- Você sabia que eu estava bem.
- Não... não sabia... da forma que você saiu de casa no sábado.
- Não importa! - disse eu, sendo brusca. - só estou ligando pra avisar que estou bem.
- Onde você está?
- Prefiro... não te dizer...
- Por que você está fazendo isso comigo,
?! Me fala! - Ela parecia desesperada.
- Não tô fazendo nada, Suzan...
- Está, sim.
- Desculpe... não foi minha intenção.
-
... volta pra casa...
- Não!
- A gente não conversou tudo o que tinha pra conversar...
- E não precisa, Suzan. Tudo o que você me disse no sábado está bem esclarecido.
- Eu.. eu não queria que fosse assim...
- Mas foi, Suzan... - Estava controlando-me para não chorar.
- Eu sinto tanto... - disse ela, sua voz parecia trêmula, como se estivesse prestes a chorar.
- Não tanto quanto eu, Su... - Não dava, já estava chorando.
-
...
- Suzan... - disse eu, interrompendo-a - Tenho que desligar.
- Não...
! Onde você está? Quando você volta?
- Não sei, Suzan... Depois nos falamos.
- Não faz isso comigo. Eu...
- Desculpa... - E desliguei na cara dela.
Desliguei o telefone e comecei a chorar. Como doía perder a Suzan.
Percy apareceu do meu lado. E mais uma vez, como um irmão mais velho. Me segurou em seus braços e disse palavras reconfortantes.
- Percy... eu te amo tanto... obrigada por tudo...
Percy olhou em meus olhos. Com uma bondade de um pai... um pai que eu nunca tivera ou conhecera...
E sorriu. Sorriu-me e disse:
- Eu também,
...
A única coisa que me consolava nisso tudo. Era saber que, no meio de tantas dificuldades e atribulações, eu achara uma pessoa, um amigo de verdade. Que eu podia contar sempre... E esse amigo era Percy.
Segunda-feira, de manhã, por volta das oito horas da manhã.
Perguntei a Percy se podia chegar um pouco mais tarde na gravadora. Precisava passar em casa e decidi passar na hora em que Suzan estivesse no trabalho... era mais fácil assim. Percy deixou.
Quando eram oito e meia, saí da casa de Percy. Fui andando lentamente aquele percurso. Parei, comprei um maço de cigarros. E prossegui. Observando tudo ao meu redor. Era uma manhã bonita. O sol batia contra as folhas amareladas e alaranjadas dando um ar de outono. Geralmente, dias assim me deixavam animada. Mas hoje, era uma exceção.
Estava quase chegando no apartamento. Subi as escadas, peguei o molho de chaves na minha bolsa e entrei.
Tudo estava como deveria estar. Só faltava Suzan.
Creio que fiquei parada uns quatro ou cinco minutos. Olhando, pensando... acordei do transe e fui para o quarto. Não havia ninguém, como era de se esperar.
Sentia um peso tão doloroso no coração... uma mistura de tristeza e desespero... eu procurava algo a me segurar, para me manter segura... mas não achava apoio nenhum... estava só. Este era o meu destino talvez... sofrer... ser só...
Mas eu não quero ser só!
Eu preciso de alguém... que me ajude... que me escute... que me entenda!
Como aquela que passa por uma multidão e não é notada... estou só... e guardar tudo o que eu sinto é tão difícil... dói tanto. Se ao menos alguém me ouvisse... ou... se a dor sumisse...
A dor é boa... ela te faz sentir-se vivo. Mas essa dor que eu sinto é dilacerante... corrói a alma... abriu mais uma ferida. E eu não acho a cura.
Peguei algumas roupas, troquei-me e fui trabalhar. Afinal, a vida continua. Infelizmente... continua.
A semana passou lentamente. Quase parada. Os dias perdiam o sentido. Estava fora de mim... perdi a noção de tempo. O que eu fiz hoje parece que foi feito há anos. A separação de Suzan parecia ter acontecido há tanto tempo...
Nesse meio tempo, Suzan ligou várias vezes para a gravadora. Eu nunca atendi.
Ficar sem ela doía. Mas vê-la e não tê-la era muito pior.
Certo dia, achei uma foto de nós duas juntas. Estávamos abraçadas, sorridentes. O mundo era nosso...
Vê-la foi um misto de alívio e dor...
Como poderia viver sem ela? Longe dela? Qual o sentido da vida sem ela? Como eu vivia antes de conhecer Suzan? Não havia respostas...
Chegou sexta-feira, sabia que não poderia adiar mais o encontro com Suzan. Precisava ir em casa e... quem sabe.. conversar.
Depois do expediente, fui direto para minha antiga casa, onde morava com Suzan.
Não me dei ao trabalho de bater. Simplesmente peguei minhas chaves e abri. Abri com a esperança de ver Suzan sorrir para mim, correr em minha direção e dizer que tudo não havia passado de uma grande besteira.
Abri a porta. Parei. Estarrecida. Suzan olhou em direção a porta. E olhou-me surpresa.
-
- murmurou ela.
Olhei para quem estava sentado a seu lado. Gerard olhava para mim com uma cara de surpreso.
- Hã... oi... desculpe interromper - disse, fingido-me de indiferente ao que via. - Só vim pegar minhas coisas...
-
... eu...
Não a deixei terminar. Passei por ela e fui em direção ao quarto. Doía tanto. Peguei minhas coisas mecanicamente, sem prestar atenção no que estava fazendo. A única coisa que vinha em minha cabeça era a visão de Gerard com Suzan.
Então era ele...
Um silêncio mórbido caiu sobre nós.
Gerard estava na sala em silêncio, Suzan estava na porta do quarto me olhando e eu apenas pegando minhas coisas. Todos em silêncio, pensando consigo mesmos.
Finalmente, terminara de pegar minhas coisas. Peguei a mala e saí do quarto, passando mais uma vez por Suzan sem lhe dizer uma palavra. Parei em frente à porta. Abri-a. Mas antes... sem me virar, disse:
- Desculpe por ter incomodado. Acho melhor eu deixar a chave com você... Quando eu precisar, eu telefono dizendo quando venho. - virei e deixei a chave na mesa do lado da porta.
Saí de lá. Sem esperar pela resposta de Suzan.
Descobrira... Agora sabia... o que havia tirado Suzan de mim...
Como eu o odiava... O odiava tanto quanto minha própria vida.
CAPÍTULO XVI - "These hands stained red from the times that I've killed you"
(Estas mãos manchadas de vermelho das vezes que eu te matei...)
Ódio. O ódio me corroia. Me queimava. Fazia com que tivesse pensamentos horríveis sobre eles, sobre mim... O ódio era tanto que chegava a dar vontade de matá-lo. Como pude ser tão estúpida?
Maldito o dia em que nós nos conhecemos! Maldito! Maldito mundo... Maldita vida. Maldito destino que me tira tudo.
Estava no apartamento de Percy, só. Ele saíra. Fumava nervosamente enquanto pensava.
Tudo se ligava. Os telefonemas estranhos, as flores, o dia em que o Gerard estava em casa quando eu voltei mais cedo... Tudo fazia sentido!
Talvez eu estivesse cega demais para ver.
Acendi mais um cigarro. Eles não estavam adiantando. Olhei para minha bolsa. Elas ainda estavam lá... Mas não! Não podia me entregar àquilo tudo novamente... mas... só hoje...
Levantei-me e peguei minha bolsa. Lá estavam.
Na mesma hora, a voz de Percy veio-me a memória. "Se você pensa que se drogar vai ajudar em alguma coisa,
, está muito enganada... não adianta fugir!" Talvez ele estivesse certo. Mas...
Os problemas se foram. Tudo parecia ser tão tranqüilo... A vida era tão calma. Tudo era tão perfeito... Pensei em Suzan, junto a Gerard.
Não doeu! Ao contrário. Foi engraçado. Engraçado... sim, engraçado.
Danem-se eles. Dane-se o mundo. Porque, agora, eu estava livre! Livre...
Acordei no dia seguinte. Dormira, ou melhor, apagara em minha cama, com a roupa do dia anterior. Estava atrasada! Não, não estava... era sábado.
Finais de semana eram o meu alívio e o meu martírio. Eram nos finais de semana que percebia o quanto Suzan me fazia falta. Senti um vazio tão grande em meu peito. Uma ferida aberta, que sangrava e corroia.
Olhei o relógio, eram oito e trinta e três. Estava cedo. Podia voltar a dormir, mas sabia que não conseguiria.
Resolvi dar uma caminhada. Longas caminhadas faziam com que eu pensasse melhor, refletisse sobre os prós e contras de certas ações. Caminhar me fazia parar para pensar que rumo tomar na vida.
Vesti-me, coloquei jeans velhos, uma camiseta branca e uma camisa de flanela xadrez por cima. Peguei meu maço de cigarros e saí.
Era uma manhã fria, onde o sol batia preguiçosamente contra as árvores. Apesar de fazer sol, havia um vento gelado cortante.
Caminhei sem rumo, sem saber para onde minhas pernas me levavam. Quando dei conta, estava perto de uma praça que havia próximo do apartamento onde eu e Suzan morávamos.
Sentei-me em um dos bancos. O banco onde já me sentara várias e várias vezes com Suzan.
Saudades... Memórias... Recordações... Momentos mágicos que se foram.
Era incrível como só vivia depressiva. Ri com a idéia.
Permaneci lá, sentada, fumando, não sei por quanto tempo, até que veio-me sons de risadas. Risadas felizes. Risadas tão...
-
?!
Olhei em direção a voz que chamara. Era Suzan, junto com risada. Sabia que aquela risada não me era estranha.
-
, o que você faz aqui? - perguntou ela, espantada.
Reparei que os dois estavam de mãos dadas. Doeu. Senti ciúmes.
- Hã... nada. Não se toma um ar quando se está injuriada?
- Não... na verdade, não. Só achei estranho de te achar aqui. Você não costuma acordar cedo - disse ela, rindo meigamente para mim.
- É... é verdade. - Sorri tristemente - Bom... acho que já vou indo.
- Foi bom te ver,
...
- É... digo o mesmo...
Levantei-me e saí. Não havia mais nada a falar.
CAPÍTULO XVII - "And it's hard to say I'm shaken by the choices that I make"
(E é difícil dizer que estou abalada pelas escolhas que eu fiz)
Quarta-feira, de manhã.
-
, reunião imprevista, na sala do Percy, daqui a quinze minutos.
- Ok, Roy, já vou.
Entrei na sala de Percy.
- Bom dia,
. Por favor, sente-se. - Era incrível como Percy podia ser formal em horário de trabalho.
Sentei-me de acordo como ele pedira.
- Bom, eu sei que vocês devem estar achando estranha essa reunião, mas é que aconteceu algo imprevisto.
Todos olharam curiosos uns para os outros.
- Bem... - disse Percy, continuando - nesta manhã, decidimos fechar um contrato que promete dar certo.
Percebi que todos estavam ansiosos por saber.
- Como é de costume, estou passando as informações a vocês.
- Mas para quem estamos fazendo um novo CD, Percy? - perguntou Roy.
- Para o My Chemical Romance.
Pensei não ter ouvido direito. Será que estava errada ou ouvira dizer que nós, da Eyeball Records, havíamos feito um contrato com o My Chemical Romance? Não podia ser verdade... só podia ser brincadeira.
- Mas o que é isso?! - disse, exaltando-me.
- O que é isso o quê,
? - perguntou Percy.
- Você... você fechou contrato com essa banda?!
- Marcarei outra reunião para maiores detalhes. Podem ir - ele disse, dirigindo-se aos outros do grupo - Quero que você fique,
. Precisamos conversar.
Todos saíram da sala. Ficaram apenas Percy e eu. O silêncio caiu sobre nós. Estava nervosa e irritada. Sentia-me traída. Comecei a conversa.
- Você não disse nada sobre um contrato, Percy. Nem ao menos sobre eles...
- Desculpe,
, não queria que fosse assim, mas foi melhor. Você já estava sofrendo demais com o caso da Suzan, e te deixar envolver com esse caso seria pior. Resolvi ter certeza do fechamento do contrato para depois te avisar. Por favor, entenda...
- Entender, Percy?! Como você quer que eu entenda? Você sabe o que aconteceu!
- Sei, mas também recebo ordens, e temos que ser profissionais,
. Eu sei que é difícil te pedir isso, mas, por favor, você terá que trabalhar para eles.
Fiquei quieta. Não havia o que responder. Na hora, sentia tanta raiva de Percy, que estava quase quebrando minha caneca de café na cabeça dele.
- Desculpe,
, - disse ele, depois de ver que eu não responderia - mas isto não é uma opção. Espero que você seja profissional. Daqui a dois dias marcaremos uma reunião com eles, e quero que tudo corra certo...
Terminado o que disse, ele se retirou. O que mais poderia acontecer?
Dois dias depois, como Percy avisara, houve a reunião com a banda.
A reunião estava marcada para as dez da manhã.
Nove e cinqüenta. Eu e Percy estávamos na sala, à espera deles. Como era uma reunião formal, Percy e eu estávamos vestidos socialmente. Odiava vestir-me de social. Aqueles saltos finos e maquiagem em excesso me enfadavam.
-
, eles estão entrando. Por favor, comporte-se.
- Sim, papai.
A secretária abriu a porta para que eles entrassem. Todos eles estavam bem vestidos. Gerard foi o primeiro a entrar. Estava bem vestido, muito bonito. "Como você é idiota.
!". Ele entrou confiante na sala. Percebi que ele me olhou de uma forma cínica, com um sorriso nos lábios.
Veio e cumprimentou Percy calorosamente, logo em seguida me cumprimentou secamente, como se nunca tivesse me visto antes.
Vi Frank, pelo menos alguma coisa boa aconteceu! Ele também estava tão bonito. Quando ele me viu, deu um sorriso lindo, que fez meu coração, por alguns instantes, se alegrar.
Sentamo-nos à mesa e começamos a velha ladainha de sempre. Não participei muito. Só respondia quando Percy perguntava, apenas anotava tudo. Gerard fingiu me ignorar. Melhor assim.
- Bom, então creio que estamos combinados, rapazes? - disse Percy.
- Claro... - falou Gerard, parecendo satisfeito.
- Ótimo! Então vou pedir pra minha secretária fazer o contrato para, mais tarde, vocês assinarem.
- Perfeito.
- Enquanto isso, não gostariam de conhecer a gravadora?
Todos pareceram se animar com a idéia.
- Ótimo - disse Percy. -
poderá mostrar a vocês.
Olhei para ele, assustada. Ele apenas olhou para mim e sorriu; um sorriso de "vamos... só mais um pouquinho". Suspirei, resignada àquela tarefa chata!
- Claro - disse eu seriamente. - Se os senhores quiserem me acompanhar...
Todos levantaram e seguiram-me.
Frank foi o que mais puxou conversa comigo. Sem dúvida, ele era uma pessoa maravilhosa.
- E, aqui, é o melhor estúdio que nós temos, senhores - disse, mostrando para eles.
- Nunca estive em um estúdio antes - disse Gerard. Ele virou-se e olhou para mim, sorrindo. Seus olhos brilhavam de paixão e deu para notar que a música era muito importante para ele.
Por um instante, todo o ódio que eu sentia dele desapareceu. Ele não deveria ser má pessoa... a não ser pelo fato de que me tirou Suzan.
A visita ocorreu como esperada. Consegui me controlar, e os garotos pareceram satisfeitos e felizes quando deixaram a gravadora. Missão cumprida. Por enquanto...
Pelo fato de estarmos fazendo documentação de contrato e vendo o que precisaríamos para fazer o novo CD, o dia foi muito cansativo. Nem ao menos tive tempo para almoçar, e saí bem mais tarde do que previra. Percy era muito dedicado e resolveu ficar mais um tempo no estúdio para dar alguns telefonemas e resolver alguns outros detalhes. Mas ainda faltava muito que fazer.
Percy disse que eu poderia ir. Estava tão cansada, e não tinha carona de Percy para voltar para casa. Resolvi pegar um táxi. Saí do prédio. Estava frio. Uma brisa gelada passou por mim, fazendo-me arrepiar. Andei em direção à calçada e vi que havia uma pessoa lá...
- Gerard?!
- Hã... oi!
O que ele estaria fazendo ali à uma hora dessas?
- Puxa... como você demorou pra sair... - disse ele, rindo meigamente.
Falso!
- É... tive que trabalhar mais do que o esperado.
- Pois é, mas, mesmo assim... eu te esperei.
- Esperou? - eu perguntei, olhando cinicamente pra ele.
- Esperei - disse, dando um sorriso zombeteiro. Aquilo me irritava.
- E esperou pra quê?! Eu acho que você tem mais o que fazer.
- Talvez... mas tinha que falar com você.
- Você já está falando.
Ele riu.
- Como você é cínica.
- E como você me irrita...
- Ora, ora... Olha só como você fala com o seu novo cliente!
- Pois é. Você é o meu cliente dessa porta pra dentro - eu disse, apontando para a porta da gravadora. - Agora, não me venha querer fazer chantagem, okay?
- Além de cínica é irritadinha.
- Acho que tenho os meus motivos.
- E é por isso que eu vim aqui hoje.
- Pra quê?
- Te pedir desculpas... - disse ele, sussurrando e chegando mais perto.
- Desculpas? Acho que é tarde demais - disse, olhando para baixo, para que ele não percebesse o quanto sentia com isso tudo.
- Talvez... Mas, mesmo assim... Sinto muito.
- Por que você não pára com isso? - disse, chorando. - Desculpas não vão fazer as coisas voltarem a ser o que eram antes.
Ele viu que eu chorava. Enquanto chorava eu olhava para o chão. Gerard veio tentar me abraçar.
- Não! - eu disse, empurrando-o. - Me deixa em paz!
Ele foi mais forte, e me puxou, abraçando-me. Carinhosamente, colocou sua mão em meus cabelos e começou afagá-los. Aquilo pareceu ter feito minha vontade de chorar ainda maior.
Não sei quanto tempo fiquei ali, abraçada com ele. Eu o odiava... mas me sentia tão segura nos braços dele. "O que você pensa que está fazendo?!" Separei-me dele.
- O que você pensa que está fazendo, Gerard? - disse, olhando-o nos olhos pela primeira vez, mostrando toda a minha fraqueza para ele.
- Te consolando...
- Me consolando por algo que você roubou?
- Não se roubam pessoas,
...
- Eu te odeio - disse, olhando nos olhos dele e chorando mais ainda.
- Eu sei... - disse, abraçando-me de novo.
Por mais idiota que pareça, aceitei de novo seu abraço.
- Vamos, eu vou te levar pra casa... - disse ele, abraçando-me de lado, fazendo com que caminhássemos lado a lado.
Não respondi. Simplesmente o deixei me guiar. Olhava para baixo, sem entender o que eu acabara de falar ou fazer.
Pegamos um táxi e fomos para casa de Percy. Não conversamos nada durante o trajeto de volta, apenas ficamos abraçados.
Chegamos à casa de Percy. Gerard acompanhou-me até a porta.
Olhava fixamente para o chão quando disse:
- Obrigada por ter me trazido.
Ele levantou meu queixo e respondeu:
- Por nada...
Vi que ele se aproximou um pouco de mim e me deu um beijo suave nos lábios. Eu fiquei parada. Não o rejeitei nem o aceitei.
Ele se distanciou e olhou em meus olhos. Vi que seus olhos fitavam fixamente os meus. Depois, passaram para o nariz e ficaram lá, fitando meus lábios.
-
... - disse ele, olhando ainda fixamente para minha boca.
- O quê?
- O que você diria se eu dissesse que eu quero te beijar na boca?
- Eu diria que você é um idiota...
Ele riu.
- E o que você faria se eu te beijasse na boca?
- Eu te odiaria mais do que odeio agora...
Ele ficou em silêncio por um segundo. Logo em seguida, olhando em meus olhos.
- Acho que vale a pena o risco.
Não tive nem tempo de pensar no que aquela resposta queria dizer. Gerard me puxou bruscamente ao encontro de seus braços. Prendendo-me, beijou avidamente a minha boca. Beijou com rudeza, sem se importar o que eu sentia ou se eu queria.
Ele beijava com tanta ansiedade, com tanto desejo... Não foi difícil entregar-me àquele beijo. Gerard encostou-me na parede e me beijou mais e mais. Sugava minha língua, mordia meus lábios. Aquele beijo parecia me trazer vida.
De repente, me dei conta. Ele estava com Suzan. Fez Suzan me largar, e agora estava ali, me beijando?
Empurrei-o, com as duas mãos em seu peito. Ele se afastou um pouco e me encarou. Estávamos ofegantes por causa daquele beijo apaixonado.
Olhei para ele.
- Você é um idiota!
- O quê?! - disse ele, fazendo cara de surpreso.
- É isso mesmo! Quem você pensa que a Suzan é, hein? Você não vale nada! Vá embora daqui! - falei, abrindo a porta da casa de Percy.
- Você é maluca?
- NÃO! - gritei. - Simplesmente te odeio! E, se você acha que as coisas acontecem assim, meu querido, você está muito enganado. Agora... me deixa!
- VOCÊ É LOUCA! - disse ele, também se exaltando. - Você já reparou que você adora os meus beijos? - ele perguntou, fazendo aquela cara de cínico.
- Seu beijo? Faça-me o favor! E se ENXERGUE!
- Por que você está falando isso? - disse ele, puxando-me de dentro de casa e prendendo-me em torno de seus braços.
- Me larga!
Mais uma vez, Gerard me prendeu na parede. Eu me debatia e o xingava de tudo quanto era nome, mas ele não me soltava. Até que ele me segurou os braços e com a outra mão pegou no meu queixo... fazendo com que nos fitássemos.
Ele olhou no fundo dos meus olhos. Eu estava ofegante.
Ele veio e me deu outro beijo, segurando meus braços e meu queixo. Meu coração acelerou.
E tão rapidamente quanto ele me beijou, ele se afastou de mim. E começou apenas a roçar seus lábios contra os meus. Aquilo era uma tremenda tentação. Era um convite explícito para um próximo beijo.
Enquanto ele roçava seus lábios levemente nos meus, eu fui pra frente, querendo beijá-lo mais uma vez. Só que em vez de Gerard ficar parado e aceitar, ele fugiu do beijo e me largou.
- Sabia que você gostava... - disse, sussurrando em meu ouvido e soltando uma risada de deboche.
- Sai daqui! - disse eu empurrando ele.
Ele só sorriu. Aquele sorriso que eu odiava e que me encantava... Virou-se com as mãos nos bolsos e foi embora, sem dar mais explicações.
O que eu estava fazendo?! Estava ficando louca. Completamente louca...
CAPÍTULO XVIII - "Can we settle up the score?"
(Nós podemos acertar as contas?)
Domingo. Acordei com dor de cabeça. Não me lembrava de nada que aconteceu no sábado. Somente na sexta. Também, não seria difícil. Aquele beijo repassava várias e várias vezes em minha mente. Lembrava de cada detalhe. Como se tudo aquilo que acontecera fosse um misto de sonho e realidade.
Lembro-me de ter brigado com Percy, ele achou os meus "comprimidos" e simplesmente os jogou ralo abaixo.
- Quem você pensa que é pra fazer isso?
- Seu amigo,
!
- Não! Por que você não cuida da sua vida?
Estava arrependida de ter brigado com Percy. Puxa vida, fazia cerca de uma semana que estava morando com ele e ainda por cima não respeitava as regras de sua casa...
Desci as escadas. Percy, pelo jeito, ainda não acordara. Com um roupão felpudo aconchegante e pantufas, sentei-me uma poltrona. Acendi o cigarro. Não havia problemas, pois Percy também fumava.
Olhava para o nada. Pensava em nada. Até que acordei do transe.
O que eu poderia fazer em pleno domingo de manhã? Hum... que tal ler o jornal? Boa idéia...
Levantei-me preguiçosamente da poltrona e fui em direção à porta. Abri a porta e dei um grito. Gerard, por sua vez, também deu um grito.
- Você aqui? - perguntei ofegante e risonha pelo susto.
- É... - disse ele, rindo.
Comecei a rir na cara dele.
- Hey... o que aconteceu de engraçado?
- Haha... Eu sabia que você grita muito e tal, mas... que gritinho fino você deu agora, hein? - questionei, não me agüentando e rindo descontroladamente.
Ele olhou com uma cara de desentendido e começou a rir junto comigo. Não sei o que me deu na hora, mas não parava de rir, e ríamos juntos como se fôssemos amigos e estivéssemos nos divertindo...
- Chega,
...
- Desculpe... - disse, controlando o riso. - Mas, então, o que você aqui a essa hora em pleno domingo?
- Eu sei que é estranho, mas não consegui dormir e pensei em vir aqui pra te chamar pra dar uma volta comigo...
Não sabia se devia ou não. "O que está acontecendo com você,
?!" Eu ainda cogitava a idéia de querer dar um passeio com ele. Será que havia esquecido de tudo o que aconteceu?
- Vou me arrumar... - Droga! A merda já estava feita. - Não quer entrar e esperar?
- Ah... acho melhor não... O Percy pode me ver.
- É verdade...
Subi as escadas sem pressa. Fui ao quarto e peguei as primeiras roupas que vi. Jeans rasgadas com uma baby look preta, tênis velhos...
Apareci, logo em seguida, fechando a porta.
- Como você está diferente de quando eu te vejo normalmente - disse ele, zombando.
- Pois é. Esta - falei, apontando para mim mesma -, é a verdadeira
! Sem frescuras, sem etiquetas. Simplesmente eu! - disse, brincando. Era engraçado como me soltava com ele.
- Prazer,
...- disse ele, me dando a mão educadamente. - E este - disse apontando para ele mesmo -, É o verdadeiro Gerard.
- Prazer, Gerard... - falei, entrando em sua brincadeira.
Começamos a nossa caminhada em silêncio. Mas era engraçado. O silêncio não era constrangedor, pelo contrário, era confortador. Como se não houvesse palavras para serem ditas, apenas sentimentos a serem vividos...
-
... - disse Gerard subitamente.
- Hum?
- Posso te levar para um lugar onde gosto muito de ir?
- Pode...
Durante todo o trajeto, ele não quis me dizer para onde íamos. Até que, finalmente, chegamos. Ficava num bairro de periferia. Um antigo teatro, fechado há tempos, de construção antiga.
- O que é isso aqui? - perguntei.
- Calma... já te mostro.
Ele pegou em minha mão e me puxou em direção a uma porta. Entramos.
- Você pode estar entrando aqui, Gerard?
Ele ficou em silêncio por um instante, dentro do teatro. Olhando para as altas paredes antigas e imponentes.
- Gee... - ele disse.
- O quê?! - perguntei, não entendendo o que ele queria dizer com aquilo.
- Gee... - disse ele, olhando para mim - Me chama de Gee,
.
- Claro...
- Eu conheço o cara que cuida daqui. E, bem, ele me deixa vir aqui, às vezes.
- Hum... e o que você vem fazer aqui?
- Vou te mostrar.
Ele, me puxando pela mão, foi passando por entre as poltronas do teatro, seguindo em direção ao palco. Subimos as escadas e entramos no palco. Gerard me levou para bem no centro do palco.
- É isso que eu faço aqui...
- Isso?
- É! - disse ele, parecendo empolgado - Olhe,
... - ele disse, apontando para onde deveriam estar a platéia - O meu público...
Olhei para ele e sorri.
- Eu sei que parece estranho - continuou -, mas eu venho sempre aqui para q eu nunca me esqueça o que eu quero ser na vida...
- Famoso?
- Não... a fama é uma conseqüência. Eu quero ser músico,
... músico! Quero que as pessoas ouçam a minha música e que minha música as faça se sentir diferente, que as façam se sentir melhor do que já são!
Era lindo o que ele dizia...
- Então é isso... - disse, sorrindo para ele.
- É... - disse ele olhando do centro do palco para mim, que estava um pouco mais no canto do palco.
- Fique aí - disse a ele, descendo as escadas do palco.
- Aonde você vai?
- Você já vai ver... - Desci as escadas do palco e me sentei em uma poltrona, em frente a ele. - Vamos, Gee, cante para mim. Sou o seu público.
Gerard olhou com surpresa para mim e sorriu.
E começou a cantar. Sim, cantar aquela mesma musica que me levou ao delírio: Demoliton Lovers.
Se fosse em outra circunstância, estaria rindo, afinal, não havia microfone ou até mesmo música acompanhando Gerard. Mas, mesmo assim, era lindo.
Gerard não parecia se preocupar. Com as mãos nos bolsos de sua calça, ele cantava, suavemente, de olhos fechados.
Uma hora, enquanto cantava, com o dedo indicador, ele me chamou. Levantei-me e fui lá, em direção ao palco. Minha cabeça estava na altura de seus tornozelos. Gerard se abaixou e me puxou para cima do palco, ainda cantando. Ele me abraçou e ficou cantando, sussurrando em meu ouvido aquelas palavras lindas. "I mean this forever", foi o que ele disse, logo em seguida, abaixando a cabeça lentamente em direção aos meus lábios.
Com as mãos em sua nuca, o puxei para mais perto. Beijando-o com vontade. Deus! Como o queria! Não sabia o que estava acontecendo comigo!
-
... - começou Gerard, suspirando e interrompendo nosso beijo.
- Eu sei... - disse tristemente.
- Sabe?
- Sei...
- Sabe o quê? - ele perguntou, rindo zombeteiramente de minha cara.
- Eu sei que... está errado! Que droga! - falei, me largando dele e me virando.
- Não está errado,
.
- Como não, Gerard? E a Suzan?
- Eu não posso fazer nada...
- Não pode? Como você tem coragem de dizer isso?
- Eu já disse,
, não se manda nas pessoas... ou em seus corações.
- Eu... eu tenho que ir, Gerard. Não está fazendo bem a gente se ver...
- Espera,
- disse, me puxando. - Eu não vou desistir de você.
- É... - falei, quase chorando. - Não vai desistir de mim, vai conseguir o que quer e, depois que se enjoar, vai me mandar embora... assim como você fez com Suzan.
Gerard olhou tristemente em meus olhos.
- Não...
E me beijou com tanto carinho. As lágrimas começavam a rolar livremente pelo meu rosto. Gerard parou de me beijar e começou a beijar as lágrimas, secando-as.
- Você não pode fugir de mim,
. Não agora que eu a encontrei.
Separei-me dele. O que estava acontecendo? Eu estava gostando dele... mas... e Suzan? Onde ela fica nessa história? Como poderia fazê-la sofrer tanto quanto eu sofri?
- Desculpe, Gerard... não temos escolha. - E saí.
Fui pra casa, fugir.
Caminhei rapidamente para casa. Gerard, Gerard, Gerard... Ele não saía da minha cabeça um instante se quer! Como isso pôde ter acontecido tão rápido, meu Deus?
Será que amava Gerard? Não, não podia ser, devia estar louca...
Mas e aqueles beijos? Nunca me senti assim antes... nem com Suzan, a mulher que eu dizia amar com todas as minhas forças... Então, por quê? Por que estava acontecendo isso?
Dúvidas, quantas dúvidas...
Não podia largar tudo para ficar com Gerard. Havia muitas coisas em jogo, muitas vidas em jogo...
Eu perdi o que mal havia conquistado.
Larguei mão de Gerard...
Segunda-feira, mais um dia de trabalho, mais um dia no qual a "verdadeira
" tinha que se disfarçar com maquiagem e saltos altos. Mais um dia ter que sorrir, quando, na verdade, queria gritar...
Desci as escadas da casa de Percy. Ele estava sentado, lendo um jornal e tomando uma xícara de café.
Ainda estava brigada com ele. Bom, na verdade, acho que ele estava brigado comigo. No final de semana, nem dirigiu a palavra a mim.
Cheguei por trás e o abracei.
- Me perdoa, Percy... - disse, sussurrando.
Ele ficou em silêncio, fingindo que ainda lia o seu jornal. Não disse mais nada, apenas continuei abraçada a ele, em silêncio. Até que ele pegou em minha mão e bateu nela levemente.
- Só quero o melhor pra você,
... - disse, virando-se e olhando para mim.
- Eu sei... - disse, sorrindo para ele.
Nos abraçamos e fomos para o serviço juntos, como sempre. E nos tratamos como se nada houvesse acontecido.
Chegamos ao prédio da EyeBall Records em menos de vinte minutos. Cumprimentamos as pessoas do primeiro andar e dirigimo-nos ao elevador. Havia muito trabalho naquele dia.
- Como estão as coisas com os novos clientes,
? - disse Percy, me olhando de esguelha. Claro que ele estava se referindo de como iam as coisas com Gerard Way.
- Ah, vamos bem. Quero dizer, estamos sendo profissionais...
- Ótimo,
, você tem sido uma boa garota.
- Obrigada, papai - disse, rindo para ele.
O elevador chegou ao nosso andar. Descemos e nos encaminhamos para nossas respectivas salas.
- Não esqueça,
, você precisa telefonar para os garotos e marcar um horário para fazerem as fotos.
- Okay...
Só esperava que não tivesse que falar com Gee...
Liguei para lá à tarde. Depois do almoço, os caras não tinham atendido telefone celular. Então, liguei para a casa deles mesmo. O telefone demorou para ser atendido. Quando foi atendido, só dava para ouvir vozes. Pelo jeito, estavam discutindo.
- Alô?! - disse a voz do outro lado, gritando.
- Oi... aqui é
, da gravadora.
- O quê? - disse ele - Desculpa... não tô ouvindo.
- É da gravadora!
- Quem tá falando?
-
!
-
! - Não reconheci de quem era a voz. - Aê, seus bando de viado, calem a boca aí! - Oi,
, é o Frank...
- Oi, Frank! Tudo bom?
- Tudo. Melhor agora...
- Que bom. Eu estou ligando para marcar com vocês um horário para tirarmos as fotos para o CD.
- Puxa, que bom! Mal posso esperar para ir aí tirar as fotos e ver você...
- Ah... obrigada.
- Você sabe que é verdade... - De repente, ele pareceu ser interrompido. - O quê? Sai fora, Gerard...
- Alô,
? É o Gerard... - Como não poderia reconhecer aquela voz?
- O-oi... - No fundo, só conseguia ouvir o Frank reclamando e chamando o Gerard de tudo quanto era nome.
- Eu ouvi o Frank dizer que vamos fazer as fotos.
- Sim. Na verdade, eu estou ligando para marcar uma data.
- Por mim... Se fosse hoje mesmo, eu faria...
Fiquei quieta, sem ter o que dizer...
- Estou com saudades... - disse ele, baixinho.
- Ah... bem... então... o que vocês acham dessa semana mesmo?
- Perfeito! Eu e a galera não temos nada mesmo...
- Ótimo... bom, hoje é segunda-feira... tudo bem para vocês na quarta?
- Acho que sim...
- Perfeito, então. Qualquer coisa retorno mais tarde...
-
...
- Sim?
- Desculpa... Essa não é a
que eu conheço, essa é a
... cheia de frescuras. Eu quero falar com a
.
Foi inevitável eu não ter dado risada.
- Fala, Gerard.
- Não, você não é a
. A
me chama de Gee...
- Eu estou no serviço, Gerard.
- Me chama de Gee.
- Não posso.
- Por favor? - Mas que voz mais 'piduxa' foi aquela?
- Tá bem... Gee - eu disse, sussurrando o nome dele.
Gerard deu uma risada satisfeita.
- Posso sair com você hoje?
Pensei por um instante em aceitar, mas não podia.
- Desculpa, Gerard... ops, quero dizer, Gee... mas não posso. Não podemos.
- Por que você tem que ser tão difícil? - disse ele, rindo zombeteiramente.
- Não estou sendo difícil...
- Eu sei que você quer sair comigo.
- Não! Não quero.
- Claro que quer. E, se você ouvisse agora sua própria voz, saberia o que eu estou dizendo.
- Às vezes você é tão chato...
- Eu sei, e persistente também. Vamos sair hoje?
- E eu sou teimosa. Já disse que não
- Ótimo. Você é quem sabe. Até mais. - E desligou na minha cara.
Fiquei sem reação. Como uma hora ele pode ser tão atencioso e na outra ser tão rude?
Trabalhei o dia todo com um peso no coração pela forma na qual o Gerard havia me tratado. Estava com um misto de raiva e arrependimento.
O dia passou rápido. Fui para a casa de Percy. Já estava cansada de ficar na casa de Percy e decidi que, quando tivesse tempo, procuraria um apartamento para eu morar e parar de atormentar Percy. Ele já fizera muito por mim...
Cheguei a casa antes de Percy, pois ele sempre demorava um pouco mais. Fui à secretária eletrônica dele. Havia duas mensagens.
"Oi,
, é o Gee. Sinto muito por hoje. Espero que seja você que esteja ouvindo essa mensagem senão..." Ele riu. "Eu sei que é estranho, mas não consigo parar de pensar no dia do teatro. Preciso te ver e falar com você. Até mais"
Fim da primeira mensagem.
"Oi. Ah... é a Suzan... já faz tempo que não nos falamos, não é? Tem acontecido tanta coisa... e... sinto sua falta. Eu tentei ligar pra gravadora, mas você nunca estava disponível. A gente precisa conversar,
... eu... eu..." Ela suspirou. "Sinto muito por tudo o que aconteceu... Te amo. Tchau"
Fim da segunda mensagem.
Fiquei boba com a mensagem que Suzan deixou para mim. O que será que aconteceu com ela para ela ter me ligado? Será que Gerard e ela haviam terminado?
Escutei um barulho na porta, ela estava sendo aberta. Provavelmente deveria ser Percy...
- Já chegou? Pensei que fosse demorar mais tempo na grava... - Virei-me e dei de cara com Gerard rindo para mim - Gerard?!
- É! - disse ele, rindo. - Sempre desconfiei que as pessoas escondessem uma chave reserva atrás do vaso ou debaixo do tapete. - disse ele, com cara de vitorioso.
- O que você está fazendo aqui?
- Vim te ver...
- E se o Percy estivesse aqui?!
- Eu não sou tão burro, né,
? Eu liguei pra lá e verifiquei que o nosso amiguinho ainda estava trabalhando.
- Você não presta! - disse, ainda espantada com a ousadia dele.
- É... talvez não preste...
Fiquei olhando para ele sem saber o que dizer. Até ele quebrar o silêncio.
- Já jantou? - disse ele.
- Já - menti.
- Mentirosa... - disse ele, olhando com olhos avaliadores.
- Não tenho motivo para mentir...
- Claro que tem.
- E qual seria?
- Fugir de mim.
- Não preciso fugir de você, Gerard...
- Precisa, sim... - disse, vindo em minha direção, era incrível! O andar dele, o sorriso dele... Tudo me deixava extasiada, fora de mim...
- Sabe qual é o seu problema? - disse, sem esperar uma resposta. - Você se acha demais...
- E sabe qual é o seu problema? - disse ele, arrebatando a minha crítica - Você teme demais...
Virei. Tinha que me afastar dele, e fui indo a direção à cozinha.
- Não é verdade,
?
- Não!
- É, sim... - disse, me virando e levantando o meu rosto para que pudesse ver meus olhos. - Você é linda.
- Pára com isso! - disse, me afastando dele - Não sou bonita...
- É, sim. Você é mais do que bonita, é especial.
- Claro, eu e a metade do mundo.
- Por que você é tão amarga,
?
- Não sou amarga, apenas realista, Gerard. Eu sei que você não é o bom samaritano, pelo contrário, deve ter toda mulher que deseja.
- De que vale o universo se eu só quero uma pessoa?
Ele foi se aproximando de mim, respirando ofegantemente perto de minha orelha.
- Pára, Gee...
- Não posso, não consigo,
... Será que você não percebe que você é minha? Que você vai ser só minha? Que o destino assim o quer... Eu te quero,
!? Quero tudo, te quero toda pra mim...
Afastei-me e olhei em seus olhos. Naquele dia, seus olhos estavam mais claros do que o normal; um verde lindo...
Coloquei minhas mãos em seu peito e senti seu coração batendo descompassadamente. Subi minha mão para seu pescoço, para seu rosto. Fitando-o cegamente, passei a mão por aqueles lindos cabelos.
Daquela vez, foi mais forte que eu. Coloquei as duas mãos no seu pescoço, segurando-o, e o puxei para mim. Gerard correspondeu ao meu beijo. Entreguei-me àquele beijo, sem medo. Foi maravilhoso. Era maravilhoso sentir os braços de Gerard me envolvendo num abraço forte e protetor, era maravilhoso sentir nossos corações baterem acelerados, era fantástico como o mundo parava de girar quando eu estava com ele...
Com Gerard era tudo tão maravilhoso... Parecia-me que havia nascido naquele instante e que tudo ao meu redor era novo. Como conseguia viver antes sem conhecer Gerard?
Sentia que cada célula do meu ser necessitava loucamente dele para viver.
Aquilo era mais que paixão. Só podia ser amor...
Eu estava amando...
- Você não ouviu uma palavra se quer do que eu disse, né?
- Desculpe... - disse, rindo sem graça.
- Não faz mal... - disse ele, me abraçando, fazendo com que apoiasse minha cabeça em seu peito - Está feliz?
Levantei minha cabeça e fitei seus olhos.
- Feliz? - Não sei o que me deu na hora, mas comecei a chorar. Gerard me abraçou fortemente até que os soluços cessassem...
- Desculpa, Gee... não sei o que aconteceu...
- Arrependimento?
Olhei para ele, espantada. Como ele podia dizer aquilo? Mas, na mesma hora, vi que, em seus olhos, havia um misto de brincadeira. Ele simplesmente riu, me levou para o sofá e lá deitamos.
Ficamos em silêncio. Apenas ouvia sua respiração.
- Como o mundo é louco, não acha? - disse ele, olhando para o teto.
- Louco?
- É... A vida tinha tudo para poder nos fazer ficar separados, mas, mesmo assim, não conseguiu.
- O que você quer dizer com isso?
- Que o que sentimos um pelo outro foi mais forte que o destino.
- Mais forte que o destino? - disse, rindo.
- É! Você não acredita no destino?
- Não, nunca acreditei nessas coisas. Acho que cada um rege sua vida.
- Não,
... O destino rege nossas vidas. Cada encontro, palavra, ato... Tudo já estava previsto pelo destino... Era do destino que nos apaixonássemos.
- Então, quer dizer que tudo o que acontecer entre nós dois é obra do destino?
- Mais ou menos. Não é porque é coisa do destino que temos que simplesmente nos sentar e esperar acontecer.
- Faz sentido...
- Faz, mas eu sei,
, que o destino te pôs no meu caminho.
Ri para ele. Gerard demonstrava ter uma idéia completamente diferente do que eu imaginava dele. Era um sonhador, e eu adorava cada detalhe dele, cada pensamento...
A partir daquele dia, acreditei que existisse destino, e deixei o nosso futuro nas mãos dele...
CAPÍTULO XIX - "I'm climbing out right now"
(Estou superando agora)
Gerard foi embora logo em seguida. Não poderia se demorar muito, afinal, Percy logo chegaria. Com tremendo pesar, me despedi dele. Esperando e torcendo por nosso próximo encontro.
Estava louca. Havia tantas coisas a serem resolvidas, tantas coisas a serem esclarecidas e discutidas... mas com ele era tão diferente, não pensava em mais nada. Apenas deixava os sentimentos fluírem...
Sem pensar no que fizera ou no que acontecera, fui tomar um banho demorado. Merecia aquilo. Fazia tanto tempo que não me sentia bem comigo mesma, satisfeita.
Não sabia quando seria nosso próximo encontro, mas esperava que fosse o mais rápido possível.
No dia seguinte, quando cheguei na gravadora, recebi que mensagem de que Suzan havia me ligado três vezes querendo falar comigo urgentemente.
Roy, que me passou a mensagem de Suzan, disse que ela parecia estar muito mal. Fui para a minha sala e de lá liguei para ela. Talvez não a encontrasse em casa, provavelmente, estaria trabalhando, mas, mesmo assim, liguei para deixar uma mensagem na sua caixa postal.
Disquei o meu antigo número de casa e esperei o telefone tocar. Até que, estranhamente, ele foi atendido.
- Alô?
- Suzan? É a
...
-
! Que bom ouvir tua voz! - disse Suzan, parecendo agradecida.
- Suzan, você me ligou hoje?
- Liguei.
- Você não deveria estar no serviço à uma hora dessas?
- Sim, mas eu... Eu perdi o emprego
- O que está acontecendo com você, Suzan?
- E-eu... preciso falar com você,
.
- Não sei quando isso será possível, Suzan...
- Por favor,
! Eu preciso muito falar com você. É importante.
- Bom, se é assim...
- Que tal almoçarmos hoje?
- Hoje? - disse enquanto conferia em minha agenda - Claro. Hoje, então.
- No lugar de sempre? - perguntou Suzan, parecendo animada
- No lugar de sempre...
- Ótimo! Te vejo às 12:30, tudo bem?
- Perfeito, Suzan.
- Até mais tarde.
- Até.
O que será que Suzan queria falar comigo de tão importante? Ela parecia agitada, fora que ela disse que não estava mais trabalhando...
A manhã se passou rápida, sem complicações e, quando menos esperei, já era horário do almoço.
Saí do prédio e peguei um táxi. O "lugar de sempre", como Suzan dissera, era um pequeno restaurante italiano chamado Rizzie. Suzan e eu sempre íamos lá.
Cheguei lá um pouco mais de 12:30. Suzan já estava sentada lá. Olhava ansiosamente para mim. Vi Suzan. E, ao contrário do que eu imaginava, não senti nenhuma dor ou angústia ao vê-la. Será que Gerard havia me mudado tanto assim a ponto de ter-me feito esquecer de Suzan?
Suzan estava diferente. Pelo seu rosto, ela parecia estar cansada. Os olhos fundos e tristes, a boca, que antes sempre dava sorrisos lindos e cativantes, agora estavam mostrando-me um sorriso triste, sem vida. Os cabelos, antes lindos e brilhosos, agora pareciam sem vida e opacos, presos num rabo de cavalo simples.
Por Deus, o que havia acontecido com a Suzan que eu conhecia?
- Que bom que você veio... - disse ela, sorrindo para mim.
- É...
- Sente-se - disse ela, apontando para uma cadeira em sua frente.
Pedimos o almoço. Quando o garçom se retirava. Perguntei a Suzan:
- Suzan, o que há com você? - estava seriamente preocupada com ela.
- Estou tão mal assim? - disse ela, dando um sorriso debochado.
- Está... - disse séria, fazendo com que Suzan parasse de rir.
Suzan ficou quieta por alguns instantes, olhando para o vago.
- Sinto muito,
... - disse repentinamente.
- Pelo o quê?
- Por tudo... por você... por nós... pelo que eu te fiz passar... Tudo foi um erro.
- Um erro, Suzan?
- É - disse ela dizendo tão baixo que mal conseguia ouvi-la - Você sabe do que eu estou falando. Estou falando "dele".
- Gerard?
- Sim... - disse ela, com os olhos marejados de lágrimas.
- Você fez sua escolha, Suzan - disse segurando-me para não chorar também.
- Eu sei! Mas... fiz a errada...
- Do que você se arrepende, Suzan?
- De tudo! - disse ela, repentinamente, se exaltando - De ter te deixado... de ter ficado com ele... de ter me apaixonado por ele...
- Não foi sua culpa - falei. Era eu, realmente, quem estava dizendo aquilo?! - Não controlamos as pessoas, ou seus sentimentos. - Lá estava eu, repetindo a fala de Gerard.
- Não, não controlamos. Mas acontece que estou pagando um preço alto demais.
- Por que, Suzan?
- Ele me deixou...- disse, abaixando a cabeça. - Há uma semana... não sei por quê.
Nessa hora, meu coração acelerou e doeu. O que eu fiz com ela?
- Me deixou, sem nada para dizer, apenas disse que nossos caminhos não eram para serem juntos... - disse ela, continuando. Eu não conseguia dizer nada. - Será que ele não entende que eu gostava dele?
- Desculpa, Suzan, mas por que você tá me dizendo isso?
Suzan olhou assustada para mim, como se estivesse surpresa com a forma na qual eu me dirigi a ela.
- Por que você é tudo o que eu tenho...
- Você não me tem mais, Suzan. Você não me quis mais.
- Você sabe que não é bem assim...
- É, sim, Suzan. Você fez sua escolha, e está pagando por ela...
- Por que você está sendo desse jeito comigo,
?
- Porque você me trata como se eu fosse uma idiota, Suzan! - disse, me exaltando. - Você acha que eu vou estar sempre aqui te esperando, Suzan? Não! Eu não vou estar! E sabe por quê? Porque eu descobri que, quem não me quer, não me merece... - Olhei para baixo e percebi que estava botando todo aquele sentimento de dor que guardei durante todo aquele tempo para fora. - Você não sabe o que me fez passar, Suzan. Você... você me traiu! VOCÊ era tudo o que eu tinha! E sabe o que você fez? Simplesmente se foi, Suzan. E agora quer vir aqui, se consolar comigo?
Suzan começou a chorar silenciosamente.
- Eu te amo, Suzan... - continuei. - Você era tudo o que eu tinha, e te perdi. Doeu, mas eu aceitei o fato. E, agora, estou erguendo minha própria vida, sem depender de ninguém; estou fazendo meu próprio caminho, fazendo minha própria vida. Mas, sabe o que mais me surpreende?
- O quê?
- Você ter se arrependido...
Ela me olhou, sem entender o que eu queria dizer com aquilo.
- Isso mesmo, ter se arrependido. Você acha que, se não tivesse ficado com Gerard, você estaria bem? Talvez estivesse, mas seria por pouco tempo, porque, mais cedo ou mais tarde, você perceberia que não somos feitas uma para a outra. Eu pensava que fossemos, mas, agora, eu vejo que não... e vejo que Gerard foi uma peça fundamental, que me magoou muito, mas que foi a chave para decifrarmos que nossas vidas não eram para serem juntas. Então, Suzan, não me diga que se arrependeu do que aconteceu, até mesmo porque eu sei que, se ele não tivesse terminado com você, você não estaria se queixando da vida ou até mesmo se arrependendo de tudo o que aconteceu...
- Desculpe... - disse ela, sussurrando, parecendo envergonhada.
- Não tem que me pedir desculpas, Suzan... apenas siga o teu rumo, siga a tua vida.
- Não encontro mais sentido nela,
...
Sorri meigamente para ela.
- Eu achava a mesma coisa quando te perdi. Mas aqui estou eu, tentando dar um rumo à minha vida. Vamos, há muito a se viver.
- Você esta realmente mudada,
. Não é mais a
que eu conhecia...
- E você não é mais a Suzan que eu conhecia. Mas mesmo assim, fizemos parte da vida uma da outra, e isso nunca mudará.
- É...
Continuamos a conversa e nos tratamos como se nada houvesse acontecido. Doeu muito ver que Suzan sofria por Gerard. No caminho de volta para o escritório, pensei em tudo o que conversamos, e admito que cheguei a sentir um certo misto de ciúmes e raiva do Gerard.
Ainda estava confusa a respeito dele, afinal, ele lutou com unhas e dentes para tirar Suzan de mim e agora chega simplesmente terminando tudo e tentando ter algo comigo.
Havia muitas coisas a serem resolvidas; coisas sérias demais.
Que quanto antes fossem desvendadas, melhor.
CAPÍTULO XX - "Just me and you, we're here alone..."
(Só eu e você, nós estamos aqui sozinhos...)
Fazia já três dias que não via Gerard, nem falava com ele. Pareceu-me que ele e seu irmão Mikey tiveram que ir a Nova Jersey. Não sabia o motivo pelo qual eles tiveram que fazer essa viagem repentina. Só sei que ele não me ligou e não me procurou.
O incrível foi que eu fiquei morrendo de saudades dele. Saudades de tudo. De seus beijos, seu cheiro, seus abraços... Quem me ouvisse pensando isso pensaria que eu sou uma louca completamente apaixonada por um cara que eu mal conhecia, e o pior: que, no início, eu odiava...
Porém, esses três dias me foram bons para botar os pensamentos em dia. Nesse mesmo final de semana, peguei um jornal de classificados e fui em busca de um apartamento para mim. Já estava abusando da boa vontade de Percy...
Não foi difícil encontrar um que me agradasse, mas o que eu escolhera era especialmente fantástico. Tá certo que era pequeno, mas eu morava só.
Ele ficava numa zona residencial perto do centro, mas, ao contrário do que eu imaginava, era um lugar tranqüilo, sossegado, sem problemas ou movimentação demasiada. Há umas duas quadras havia uma pequena praça. O bairro me oferecia tudo o que eu precisava: farmácia, padaria, locadora, mercado e, é claro, uma pizzaria.
O apartamento era pequenininho, mas se eu o mobiliasse direitinho, ele ficaria perfeito! Ficaria bem aconchegante...
Ele tinha uma cozinha grande, um quarto, um banheiro e uma sala razoável. Estava bom demais. As janelas eram bem posicionadas, do jeito que eu gostava, recebiam os cálidos raios de sol da manhã e a suave brisa da noite...
Fechei o contrato assim que o vi. Foi de primeira, nem pensei duas vezes! Só estava preocupada com a renda, afinal, eu não tinha nada para mobiliar o apartamento, nem um copo eu tinha!
Mas eu já estava guardando dinheiro há certo tempo... e nada que algumas prestações não ajudassem...
Semana que vem eu iria me mudar para o meu apartamento. Até que estava indo bem; já tinha um colchão, uma televisão e alguns utensílios de cozinha.
A semana recomeçou, e nada de Gerard aparecer. Eu estava realmente acreditando que ele tinha feito comigo o mesmo que ele fez com Suzan... e aí me bateu um desespero. Até chegar uma quarta-feira...
Estava de saída do prédio da gravadora, indo para casa de Percy, faltava pouco para me mudar.
Quando saio, dou de cara com Gerard. Como ele conseguia me encantar? Meu coração disparou... de felicidade... de excitação... sei lá.
Ele estava lindo. Parecia um anjo de preto. Estava com um cachecol enrolado no pescoço e as mãos dentro dos bolsos de sua calça. Seu cabelo estava desgrenhado pelo vento e seus olhos estavam mais verdes do que o normal... pareciam estar inchados... Reparei também que estava mais pálido do que normal.
Com as pernas trêmulas, fui andando em direção a ele, tentando entender o que se passava com ele. Parei em sua frente.
- Gerard, tá tudo bem com...
Gerard não disse nada, apenas me puxou e me beijou, sem ao menos me deixar terminar o que iria dizer. Na hora, nem pensei nisso, só senti felicidade em estar em seus braços, mas, mesmo assim, senti que ele estava estranho.
-
... - disse ele, me largando e me abraçando fortemente - que saudades eu senti de você...
- E-eu também, Gee. Aconteceu alguma coisa?
Gerard me largou e olhou em meus olhos. Aqueles lindos olhos esverdeados encheram-se de água. E vi que ele suspirou fundo.
- Aconteceu - ele respondeu, sussurrando, como se, caso falasse alto, ele mesmo não agüentaria e choraria.
- Gee... - Passei a mão no rosto dele.
- Não quero falar sobre isso,
... - ele disse, olhando tristemente para mim. - Tudo o que eu quero é estar com você.
Sorri para ele, um sorriso de compreensão.
Gerard simplesmente me puxou e me deu mais um beijo. Em frente à gravadora mesmo.
- Gerard... - comecei, me afastando de seus lábios - aqui não, né?
- Desculpe... - disse, dando um sorrisinho.
- Muito bem... O que vamos fazer hoje? - Estava tentando fazer Gerard sorrir.
Eu,
, fazendo "palhaçadas" para fazer alguém feliz? Quem diria...
- Não sei,
... - disse ele, suspirando.
Na hora, não sabia aonde irmos. Até que...
- Já sei! - exclamei, rindo contentemente.
- O quê?
- Hum... Você não é fresco, não é?
- Eu? - perguntou ele, com cara incrédula. - O que você acha?
- Ótimo, senhor Way, vou te levar pra conhecer meu apartamento.
- Hum... e o que isso tem a ver com frescura?
- Tudo. É que você ainda não viu como ele está.
- Nossa, o apartamento é tão ruim assim? - Ele riu.
- Não... é lindo! Só que não tem mobília...
- Aff... nem pega nada,
. Vamos conhecer o seu apartamento...
Pegamos um táxi e fomos para o meu apartamento. Não conversamos durante o trajeto, apenas ficamos abraçados. Palavras para mim, naquele momento, não eram necessárias. Apenas estar abraçada a ele já valia a pena.
Chegamos ao apartamento. Abri a porta e o deixei entrar.
- Tcharam! - disse, mostrando para ele.
- É pequeno... - disse ele, analisando.
- É, mas sou só eu, né?
- Será? - disse ele, virando-se e olhando zombeteiramente para mim.
- Não entendi... - falei, fazendo cara de desentendida.
Nisso, ele veio e me beijou fortemente, arrancando um gemido de minha garganta. Seu beijo parecia fogo. Irresistível...
Ele me encostou em uma parede e continuou a beijar minha boca, com um desejo. Desceu para o pescoço, dando leves mordidas. Seu hálito cálido contra minha pele me deixava arrepiada. Ele percebeu isso. Subia para minha boca e descia para o meu pescoço, até que chegou a hora de beijar minha orelha. O que me deixou mais extasiada. Ouvi-lo suspirando no pé do ouvido, mordendo-o, estava ficando louca. Arranhava suas costas por cima da blusa mesmo e passava a mão em seus cabelos.
Insatisfeita, coloquei minha mão dentro de sua blusa. Minha mão estava gelada, e a sensação daquela pele macia e quente era estonteante.
Arranhei suas costas, agora com as mãos por dentro da blusa. Gerard gemeu baixinho e continuou me beijando.
Passei minha mão em sua barriga, como ela era gostosa! Senti que sua barriga se contraiu ao contato de minhas mãos. Subi minhas mãos para seu peito.
Arranhando levemente, enquanto beijava aquela boca maravilhosa.
Gerard, muito maior que eu, me levantou e fez com que enroscasse minhas pernas em torno de sua cintura, enquanto me empurrava mais para a parede.
Essa posição - com as pernas em volta de sua cintura - fizeram com que sentisse melhor nossos corpos, e foi inevitável que não sentisse a ereção que Gerard estava tendo.
Gerard começou a me empurrar mais contra a parede, fazendo um quase movimento de vai e vem. Só aqueles movimentos já me faziam delirar. Meu Deus!
Estávamos quase transando de roupa!
-
... - disse Gerard, enquanto me beijava.
- Ah... - foi o máximo que consegui dizer.
- Você... não tem... uma cama?
- Só o colchão...
Gerard parou de me beijar e fitou meus olhos.
- Pra mim, isso já está bom demais.
Dei uma gargalhada.
- Pra mim, também...
Eu já estava com as pernas em volta de sua cintura. Gerard simplesmente me pegou no colo e me levou para o quarto, que estava às escuras. Com dificuldade, ele acendeu a luz.
Logo em seguida, me deitou no colchão que estava no chão.
- Puxa, como você é pesada! - disse ele, fazendo cara de cansado.
- Seu bobo! Me carregou porque quis.
- Eu sei... - Ele riu e deitou ao meu lado.
Estávamos rindo. Mas, de repente, ficamos em silêncio, mirando um ao outro. Olhei cada detalhe de Gerard, cada traço, cada movimento. Guardando tudo em minha mente, para que nunca me esquecesse desse dia com ele.
Passei a mão em seu rosto. Ele pegou minha mão e a beijou.
-
... - ele sussurrou.
- Oi... - respondi, no mesmo tom de voz.
- Por que você está sussurrando?
- Porque você também está - respondi rindo.
- Como a gente é bobo.
- Só um poquinho...
Desta vez, foi minha vez de tomar a iniciativa. Puxei Gerard para mim e o beijei. Ele pareceu surpreso com minha ação, mas logo entrou no jogo.
Continuamos mais uma vez com aqueles beijos maravilhosos que me incendiavam. Fiquei por cima dele e o beijei com uma veracidade. Beijei seu pescoço, mordi-o até arrancar um grito de dor e prazer de Gerard. Beijei sua orelha, seu rosto, sua boca...
Já não me controlava mais. Meu Deus, estava acontecendo...
Gerard, repentinamente, me deitou e ficou por cima de mim. Levantou meus braços acima da cabeça e os ficou segurando lá, me deixando impossibilitada de fazer nada.
Gerard beijava tão bem. Não demorou muito para que eu começasse a suspirar mais alto e, uma vez ou outra, soltasse um gemido.
-
?
- Hum?
- Faz amor comigo? - ele perguntou, beijando-me e olhando em meus olhos.
"Amor?", pensei na hora. Definitivamente, não imaginava o Gee falando desse jeito.
- É tudo o que eu quero, Gee. Eu te quero, Gee... - disse, beijando-o.
Gerard sorriu e correspondeu ao beijo.
- Você é minha,
, só minha...
- Sim... sou somente sua...
Gerard, lentamente, tirou minha blusa, me deixando só de sutiã. Vi que ele parou e ficou olhando o meu corpo - ou pelo menos parte dele. Fiquei sem graça na hora, mas não me mexi, deixei ele me ver...
- Você é linda,
.
Sorri para ele, um sorriso incrédulo.
- É verdade,
. Você é linda - ele disse, me beijando.
Parecia um sonho tudo aquilo. Como eu estava feliz!
Gerard beijou meu pescoço e foi descendo. Desceu até chegar aos meus seios. Ainda estava de sutiã, mas isso não o impediu de beijar meus seios. Gemi alto. Vi Gerard olhando para o meu rosto, enquanto levemente mordia-os.
Gerard continuou seu caminho, e desceu mais um pouco. Beijou minha barriga toda, deixando-me arrepiada e fazendo com que minha barriga se contraísse entre uma mordida e outra.
Gee parou e abriu o botão de minha calça. Puxou minha calça para baixo lentamente. Agora, eu estava de calcinha e sutiã.
Gee, mais uma vez, fitou meu corpo. Via em seus olhos o desejo crescente.
-
, você não sabe o quanto eu tô me controlando pra não acabar logo com isso...
- Por que não acaba? - perguntei, me desesperando.
Já não agüentava mais de tesão. Queria sentir Gerard. Queria saciar-me. Gerard, para mim, era como se fosse uma fonte da qual eu bebia e nunca me saciava.
- Porque essa é nossa noite, e eu quero te curtir ao máximo.
Gerard voltou a me beijar. Senti suas mãos começarem a explorar meu corpo. Suas mãos começaram de meus joelhos e foram subindo, até chegarem à virilha. Lá suas mãos ficaram. Soltei um gemido de protesto... queria mais.
- Calma,
- disse ele, rindo meigamente enquanto me beijava.
Suas mãos foram subindo pouco a pouco até chegarem no meio de minhas pernas. Por sobre a fina renda que eu usava, Gerard começou a me acariciar. Mordi meu lábio e suspirei fundo. Os movimentos, por fora, oram se intensificando até que percebi que estava me movimentando contra seus dedos, querendo ainda mais.
Comecei a desabotoar a camisa de Gerard rapidamente, não agüentava mais. Precisava sentir pele com pele. Tirei sua camisa e o puxei de encontro ao meu corpo. Senti sua pele quente contra a minha.
Gerard parou de me acariciar e começou a desabotoar meu sutiã, deixando agora meus seios livres. Gerard desceu sua cabeça, e senti sua língua tocando um de meus seios enquanto o outro era acariciado por sua mão.
Como ele era bom... Estava completamente entregue a ele. Não pensava em nada, apenas sentia.
Peguei um punhado de seus cabelos e o puxei levemente, fazendo-o parar.
Empurrei-o o suficiente para que pudesse tirar seu cinto. Vi que Gerard também estava super excitado. Tirei seu cinto e abri sua calça, deixando-o só de cuecas.
Mais uma vez, fiquei por cima dele. Agora, eu tinha todo o seu corpo para eu poder beijar. E foi isso o que eu fiz.
Comecei pelos seus mamilos, o que o deixou gemendo baixinho. Desci para aquela barriga maravilhosa, na qual mordia e beijava sem parar. Gerard, pelo jeito já, não estava mais agüentando. Mas ele fora uma mal menino comigo, me provocando... Então, retribui na mesma moeda.
Subi minhas mãos por suas coxas, parando na virilha e lá fazendo movimentos leves. Subia a mão lentamente, em direção a seu membro.
Delicadamente, acariciei seu membro por fora da cueca.
Gerard gemeu alto. Me pegou com força e me deitou na cama.
- Não faz isso,
... Apenas ri zombeteiramente.
Ele puxou minha calcinha para baixo, fiz o mesmo com sua cueca. Agora estávamos nus.
Mais uma vez, ele me acariciou lá, arrancando gemidos ainda mais altos dos que de antes.
Encravei minhas unhas em suas costas e pedi, na verdade, quase supliquei:
- Gee... honey... eu não agüento mais...
Gerard deu um risinho satisfeito e me penetrou.
Foi uma sensação maravilhosa. Não tive noção, gritei alto de prazer.
Gerard começou lentamente aquele movimento de vai e vem, ambos gemendo baixinho. Até que Gerard começou a ir mais forte, mais rápido. E eu cada vez mais louca de paixão, o acompanhava, querendo mais e mais.
Nossos corpos se amaram, uniram-se, virando um só.
Não demorou muito.
- Gee... ahhhhh... Gee... eu... eu preciso...
-
... - disse ele, gemendo alto também.
Gozamos juntos, nos satisfizemos juntos. E fora maravilhoso.
Caímos exaustos na cama, mas continuamos abraçados. Estava tão feliz. Tão leve...
Estava com minha cabeça apoiada no peito de Gerard, ouvindo-o respirar lentamente. Provavelmente dormira. Mas eu não consegui, estava feliz demais lembrando dos detalhes e das palavras ditas... Deus! Estava amando...
E era ninguém menos que Gerard Arthur Way...
Adormeci em seus braços, mas logo acordei. Nem sabia que horas eram, deviam ser duas ou três horas da manhã. Não importava... nada importava... Apenas estar lá, abraçada, sentindo a respiração de Gerard, já era o suficiente.
Gerard ainda dormia. Gee começou a se mexer. Virei-me e ficamos deitados assim. Deitados de lado, com Gee colado em meu corpo. Podia sentir todo seu corpo contra o meu.
Foi instintivo, de costas para ele, comecei a me aproximar mais de Gerard. Talvez ele nem percebesse, mas valia a pena, comecei a me empurrar contra seu corpo, lentamente. Até começar a sentir a ereção de Gerard outra vez.
- É melhor você estar acordada... - disse ele, sussurrando.
- Seu maníaco...
- Sua safada...
Nisso, Gerard me virou e me beijou meigamente. Um beijo puro e lindo, logo em seguida me abraçou forte. Fiquei com minha cabeça em seu pescoço, traguei seu cheiro. Como ele era bom. Amava o cheiro de Gerard. E, enquanto o cheirava, prometia a mim mesma nunca esquecer-me de como era bom esse cheiro.
- Feliz? - perguntou ele.
- Se melhorar, estraga...
Gerard abriu um largo sorriso para mim.
- Também estou muito feliz, m-meu... a-amor... - disse ele, ficando ligeiramente vermelho.
- Hum... que gaguejada, hein? - Eu ri, zombando de sua cara. - É tão difícil assim?
Gerard começou a ficar mais vermelho. Na verdade, estava começando a pegar uma forte coloração arroxeada.
- É que... eu... eu nunca chamei ninguém assim...
- Sério? - perguntei, surpresa
- Aham... - ele respondeu, ainda com as faces coradas.
- Que lindo - disse, aproximando-me dele e lhe dando um selinho demorado.
Gerard sorriu meigamente.
- Meu amor... - ele sussurrou, olhando em meus olhos, agora, sem nenhuma vergonha.
- Gee?
- QUÊ?
- Me beija...
Nos beijamos e, mais uma vez, a chama do desejo se reacendeu. Senti as mãos de Gerard passearem pelo meu corpo. Centímetro por centímetro, explorando cada detalhe, começando pelas costas, subindo até a nuca, me deixando arrepiada. Passou sua mão para frente, em minha barriga, fazendo-a contrair-se de desejo. Foi subindo até chegar aos meus seios, onde lá ficaram, maliciosos, brincando com meus mamilos e extraindo gemidos de minha garganta. Gee me puxou ao seu encontro, fazendo-me ficar por cima dele, como se fosse cavalgar.
Agora, com as duas mãos, Gee pegava os meus seios, mexendo-os e apertando-os. Inconscientemente, comecei a fazer o movimento de ida e vinda, sentindo sua ereção contra minha virilha.
Peguei em seu membro, Gerard gemeu alto e olhou para mim com olhos ardentes. Fui colocando seu membro dentro de mim, pouco a pouco. Fui descendo até começar a sentir-me preenchida por Gee. Gemi alto e mordi os lábios.
Gerard mordia seu lábio inferior de uma maneira super sexy, soltando baixos gemidos de prazer. Gee pôs suas mãos em minha cintura e começou a me guiar para frente e para trás. Segui esses movimentos, no início, lentamente, até que a paixão tomou conta de nós e comecei a me movimentar selvagemente, por cima dele, gemendo e chamando por seu nome.
Gee sentou-se, enquanto eu continuava montada nele. Me pegou no colo, sem deixar de me penetrar, e me deitou, ficando assim por cima de mim.
Gee colocou minhas pernas de lado e começou a me penetrar mais uma vez, dessa vez rápido e forte. A cada estocada, eu gemia alto.
Gerard começou a se movimentar mais rápido e a gemer mais alto, mostrando que logo gozaria. Gerard voltou minhas pernas na posição de antes e deitou em cima de mim, me beijando fortemente enquanto sentia seu corpo dando espasmos de prazer junto com gemidos mais altos.
Gee caiu cansadamente por cima de mim, ofegante.
Sorriu.
- Ainda não acabei,
... - disse ele, sussurrando ainda ofegante. - Agora falta você...
Ele começou a me beijar. Beijou minha orelha, meu pescoço. Até chegar aos meus seios, nos quais eram mordidos e lambidos. Seus lábios foram descendo por minha barriga, arrancando suspiros. Desceram até chegar ao meio de minhas pernas.
Com carinho, Gerard abriu minhas pernas e passou seu dedo lá, levemente, me deixando arrepiada. Começou a me acariciar até colocar um dedo. Começou a me masturbar com seu dedo, me deixando louca. Gerard parou subitamente me fazendo olhar para ele.
Gee sorriu para mim, aquele sorriso safado. E começou a beijar lá, começou beijando por fora, até sentir ele me abrir com a língua.
Era fantástica a sensação. Movimentava sua língua em movimentos circulares e uma vez ou outra com mais pressão.
Não demorou muito para que eu me satisfizesse.
Gemendo alto, segurei em seus cabelos e gritei seu nome. Caí, exaustada, na cama, saciada. Gerard subiu até a altura de minha cabeça e me beijou. Nos abraçamos e voltamos a dormir. Desta vez, adormeci imediatamente. Feliz.
CAPÍTULO XXI - "We'll go so far, far as we can"
(Nós iremos bem longe, tanto quanto pudermos)
Fui acordada, na manhã seguinte, da melhor maneira possível. Com um beijo de Gerard. Sorri, feliz. Tudo fora tão incrível e maravilhoso que parecia um sonho, uma fantasia. Mas não era. Gerard estava ali comigo, me beijando. E eu descobri. Deus! Como o queria!
O que estava acontecendo? A vida deu tantas voltas e eu acabei parando aqui, nos braços de Gerard. O amor e o ódio não estão tão distantes um do outro assim...
Pelo menos, era isso o que eu estava vivendo.
Gerard me abraçou, fazendo-me apoiar minha cabeça em seu braço. Ele se espreguiçou, ainda deitado e olhou para mim. Ainda não havia dito uma palavra sequer. Apenas me olhava com um leve sorriso nos lábios.
- Foi ótimo ontem à noite,
... - ele disse, fazendo uma voz manhosa com um sorriso maroto nos lábios. - Acho que temos que repetir mais vezes.
Dei uma gargalhada.
- Seu maníaco sexual! - falei, empurrando-o.
- Eu?! Maníaco sexual?! - disse ele, fazendo cara de ofendido e me puxando para perto dele. - Você que é uma maníaca sexual! Você viu como me deixou cansado esta noite?
- Mentira... - Fiz bico.
- Vem cá, vem? - ele chamou, me puxando e me abraçando. - Você tem que ir trabalhar hoje? - Ele fez cara de pena.
- Tenho... - respondi, ficando subitamente chateada com a idéia de ter que ir trabalhar.
- Ah... e o que aconteceria se você faltasse? - ele perguntou, fazendo uma cara de moleque.
- Eu levaria um puta xingo do Percy. - Ri.
Comecei a me levantar. Estava constrangida, então, me enrolei no lençol que havia naquele colchão.
- Não tô entendendo porque você está se cobrindo,
... - disse Gerard, ainda deitado, olhando pra mim com uma cara de safado. - Eu conheço cada detalhe do seu corpo agora... tudinho.
- Gerard... você às vezes é tão chato...
Gerard levantou uma sobrancelha e perguntou:
- Você acha, é?
Ainda nu, Gerard levantou-se da cama e veio em minha direção. Senti meu rosto ficar quente.
- Humm... você tá vermelha,
... - disse ele, com aquele risinho malicioso.
- T-tô?
- Aham.
- Também, né...
- Que foi? - ele perguntou, fazendo cara de desentendido.
- Nada...
- Tá com vergonha de me ver pelado, é?
- Mais ou menos...
- Que coisa... - disse ele, fazendo uma cara de inconformado. - Desse jeito não dá,
.
Ri. Gerard se fazendo de indignado era muito engraçado.
- Ah, pára com isso, Gee...
- Paro, não. Você vai ter que se acostumar com isso.
- E posso saber o que você pretende fazer?
- Muito simples... isso!
Nisso, Gerard tirou com tudo o lençol que cobria o meu corpo, me deixando nua. Na hora gritei, mas ele não estava nem aí, tirou o lençol sem dó nem piedade. Tentei correr em direção do banheiro, mas não deu. Ele era mais rápido que eu e me alcançou. Puxou-me para seus braços e me pressionou contra a parede, me deixando sem escapatória.
- Gerard! Você é um chato!
Gerard riu alto, sem se importar com o meu protesto. Logo em seguida, começou a me beijar. Com uma paixão... Será que ele não se cansava nunca?!
Não demorou muito e comecei a sentir Gerard ficar, mais uma vez, ereto. Fizemos amor lá mesmo. De pé, encostados na parede.
Gerard pegou uma de minhas pernas e a segurou do lado de seu quadril, para que assim pudesse me penetrar melhor.
Se fosse com outra pessoa, provavelmente já estaria cansada. Mas não com Gerard, ele me dava um tesão...
Logo depois de transarmos, pela terceira vez, fomos tomar um banho juntos.
- Vixi... essa água está muito fria - disse ele, colocando a mão na água que corria pelo chuveiro.
- Eu tenho que comprar um chuveiro novo. Esse daí veio junto com o apartamento. Acho que mereço um banho melhor, né?
- É... - ele falou, me beijando - Mas, por enquanto, este aqui serve.
Ele me beijou novamente, me empurrando para debaixo do chuveiro.
Dei um pequeno grito por causa da água morna, que estava mais para fria. Mas que chuveiro vagabundo era aquele...
- Tá com frio? - ele perguntou, enquanto a água escorria por seus cabelos, fazendo-o passar a mão neles e deixá-los para trás.
- Tô... muito! - disse, tremendo os lábios.
- Vem cá que eu te esquento... - Ele me puxou para perto dele.
Gerard começou a me beijar apaixonadamente debaixo do chuveiro enquanto a água passava por nossos rostos.
- Tá esquentando? - perguntou ele, com uma voz safada.
- Aham... - respondi rindo.
- Sua safada... - disse ele, zoando com minha cara. - Tá pensando besteira, né?
Sim, estava.
- Eu? Claro que não!
- Hum... bom mesmo, porque eu não sou de ferro, né?
Encarei-o.
- Será?
Peguei o sabonete que havia ali e comecei a lavá-lo. No início... nada demais.
Comecei pelo seu peito, subi e lavei seu pescoço, voltei a lavar seu peito descendo um pouco mais, na barriga. Lá, fiquei por um certo tempo. Enquanto lavava a barriga de Gerard eu fitava seu rosto. Via ele me olhando e mordendo levemente seus lábios inferiores. Sentia sua barriga se contrair uma vez ou outra. Beijei-o de leve nos lábios.
- Tá quase limpinho... - eu disse rindo e provocando. Aproveitei e dei uma mordida em seus lábios.
Fui descendo mais e mais até chegar no meio de suas pernas. Senti "Gerard" ficar ereto pouco a pouco em minhas mãos.
- Você não presta,
... - disse Gerard, me puxando e, sem mais nem menos, me penetrando.
Sem dó nem piedade! Não que eu não tivesse gostado... Ao contrário! Adorei, pois não esperava que ele fizesse aquilo.
Fizemos mais uma vez amor. Só que dessa vez, debaixo da água. Sentia meu corpo tão quente e aquela água fria batia contra nossos corpos que se amavam loucamente.
Acho que Gerard estava certo... estava ficando uma maníaca sexual.
Terminamos de tomar banho, nos arrumamos e saímos do apartamento.
De um orelhão, liguei para Percy.
- Alô?
- Alô, Percy? Sou eu...
-
? Por Deus! Onde foi que você se meteu? Fiquei preocupado, estava quase ligando para a polícia! Onde você está?
- Calma, Percy. Eu dormi no meu apartamento essa noite. Desculpe a preocupação.
-
... você não é mais uma criança para ficar desaparecendo sem avisar.
- É, Percy, não sou mais criança. Portanto, posso muito bem dormir fora de casa. Tá certo, papai? - Ri, zombando de sua cara.
- Assim você me deixa louco!
- Desculpe... só estou ligando para avisar e dizer que vou direto para a gravadora.
- Okay... até mais tarde.
- Até.
- Puxa, o Percy mais parece um pai - disse Gerard rindo.
- É... Na verdade, ele é um pai.
- Haha. Eis um lado que eu nunca vi dele.
- Pois é - disse, me "gabando". - Euzinha aqui consigo fazer as pessoas mostrarem um lado nunca visto antes! - Ri à beça.
Ao contrário do que eu imaginava, Gerard não riu, ficou sério.
- É... talvez seja verdade - disse, passando sua mão pelo meu rosto carinhosamente.
Sorri, sem graça.
- Ahh, então... vamos comer alguma coisa? - perguntei, tentando mudar de assunto.
- Vamos.
Fomos para uma lanchonete perto da gravadora, e lá tomamos o nosso café da manhã.
Gerard e eu conversamos sobre diversas coisas: teatro, musica, economia... e artes.
- Um dia... - começou ele - eu quero te pintar.
- Quê? - disse, quase engasgando com meu café.
- É isso mesmo, quero te pintar.
- Você pinta?
- Aham.
- Desde quando, que eu não tô sabendo?
- Ah, têm muitas coisas que você não sabe de mim.
- Como, por exemplo... que você pinta!
- Eu estudei isso.
- É?
- É... estudei na escola de artes visuais de Nova York.
- Uau... estou impressionada.
- Só isso te impressionou? - perguntou ele, rindo e dando uma piscadinha.
- Bem... - comecei, me aproximando dele e sussurrando em seu ouvido. - Quatro vezes numa noite também me impressionou bastante.
Nós dois caímos na gargalhada, o que acabou chamando a atenção dos demais que estavam na lanchonete. Gerard nem ligou, me puxou e me beijou.
- Pois é,
... - ele sussurrou, para não sermos ouvidos - você me deixa tarado!
- Hum... - disse, fazendo uma cara de safada. - Isso é bom... não é?
Gerard riu.
- Acho que sim. Agora... você tá perdida.
- Mas que perdição mais tentadora. Faz tempo que quero me perder assim... - disse, beijando-o.
Olhei para o relógio. Já estava quase na hora de ir para o trabalho.
- Gee... tenho que ir.
- É... estava torcendo pra você não reparar e perder a hora. Que droga!
- Seu malandro.
- Tudo pra ficar com você.
- Engraçado te ver falando isso.
- Engraçado? Por quê?
- Você tá dizendo coisas que eu jamais imaginei. Me chamar de meu amor ou querer ficar comigo...
- Eu tenho sentimentos, sabia?
- Sabia. Só que eu tenho medo deles.
Gerard olhou para mim. Pelo jeito, percebera o que queria dizer.
- Não foi só sexo,
, foi mais que isso. Muito mais.
Abracei-o. Como queria que fosse verdade. Como queria que aquilo nunca acabasse. Como queria sempre estar assim.
Mas... como saberia se Gerard estava sendo verdadeiro? Tinha tanto medo...
- Desculpa, Gee - disse, logo após beijando-o. - Eu... eu tenho que ir.
- Tudo bem.
Gerard me acompanhou até a saída da lanchonete. Lá, ele me beijou mais uma vez.
- Não menti quando disse que você é minha...
Sorri e fui para a gravadora. Porque talvez, pela primeira vez, tinha pensado que poderíamos ir bem longe, tanto quanto pudermos.
Cheguei à gravadora. Percy já estava lá. Ele não disse nada, apenas me deu uma olhada de esguela.
A manhã correu sem mais detalhes. Coisas rotineiras.
- Bom dia,
.
- Olá, Roy.
- Ah... o fotógrafo chega às duas e meia e o cenário ficará pronto por volta das três.
- Hein?
-
... - disse Roy, olhando-me com cara de desentendido. - Hoje... fotos do My Chemical? Entendeu ou quer que eu desenhe?
- Puta merda! - disse, dando um tapa na minha testa. - Me esqueci completamente...
- Ótimo... Que bela memória, não?
- Aii, não enche, Roy. Tenho que ligar pra eles.
- Tá bom, tá bom... relaxa!
- Alô?
- Frank?
- Sim... quem está falando?
- Sou eu...
.
- Oi,
. Puxa... há quanto tempo!
- Pois é...
- Se esqueceu de mim, né?
- Claro que não! É que... estou meio ocupada ultimamente.
- Sei...
- Verdade!
- Haha. Tô brincando. Mas que milagre fez você ligar?
- Hum... Na verdade, tô ligando pra relembrar que hoje é o dia das fotos.
- Ah, claro... Você acha que a gente ia se esquecer disso?
- Não sei... eu...
- O Gerard não parou de lembrar a gente um instante sequer. Disse que quer ir de novo na gravadora.
- Ah... isso é ótimo. Eu precisava que vocês viessem um pouco mais cedo... pra ver roupas, maquiagens, cabelo...
- Té certo. Quem escuta isso pensa que a gente é um monte de bichona.
Ri. Frank era tão espontâneo... Impossível não gostar dele.
- Claro que não, Frank! Mas mesmo assim... gostaria que vocês chegassem mais cedo.
- Hum... que horas?
- Por volta das duas.
- Beleza. Ow... vai ser você quem vai "cuidar da gente"?
- Aham... eu mesma.
- Legal. Hoje você não me escapa.
- Como?
- Nada, não. Depois a gente se fala. Tenho que avisar o resto das bibas... para elas se arrumarem.
- Claro, vai lá.
- Até mais.
- Até.
- Beijo? - perguntou ele.
- Beijo.
- Aêê. Finalmente consegui tirar alguma coisa desse coração cruel!
- Ai, Frank! Tá de marcação comigo hoje, né?
- Desde quando te conheci,
... Você que não reparou.
- Ah... - Não sei o que ele quis dizer com aquilo, mas me deixou muito sem graça. - Okay... até mais tarde, então.
- Até.
Nisso, já eram por volta das onze. Tinha muita coisa pra fazer. Como pude ter me esquecido da tarde de fotografia deles? Como? Ah, claro... só podia ser... ELE.
Mas ainda havia tempo. Chequei tudo e acertei os outros detalhes pendentes. Chequei o cenário, a iluminação, as roupas, conversei com os cabeleireiros, assistentes, liguei para o fotógrafo... Isso tomou a manhã inteira.
O que acabou sendo minha culpa, afinal, eu, cabeçuda, consegui me esquecer dos meus clientes. Ai, ai... O que será que Percy pensaria se soubesse que eu estava dormindo com o cliente? Que sou uma puta, é claro.
Enfim, terminei tudo por volta da uma e pouco. Pedi para Cathy, a secretária, me providenciar algo para comer. Um sanduíche ou algo. Almocei em minha sala mesmo, sozinha.
Fui ao banheiro, retoquei a maquiagem e dei um trato no cabelo. Pensei que estaria com enormes olheiras por causa da noite anterior em que mal dormira, mas me enganara. Meus olhos estavam brilhantes, demonstrando felicidade, passando vida, minha pele estava impecável e meu sorriso espontâneo e sincero... Uau... Gerard fizera tudo aquilo?
O telefone tocou. Era Cathy, avisando que os garotos haviam chegado. Mandei-a deixá-los entrar. Todos entraram e pareciam entusiasmados, falando alto e rindo alto, como se eu fizesse parte do grupo deles. Frank veio e me abraçou.
- Que saudades, sua sumida!
- Também, Frank.
Vi Gerard olhando desgostosamente de esguela para nós dois. Afastei-me de Frank e sorri.
- Bem, eu vou levar vocês pra se trocarem.
Todos pareciam animados com a idéia. Não que ao dizer "se trocarem" significasse algo. Os caras quiseram se manter neutros quanto ao estilo, então haviam separado peças de roupas simples como: jeans rasgadas, camisetas e tênis.
Todos seguiram adiante de mim, por um corredor estreito e longo. Gerard ficou logo atrás de mim; podia sentir seus olhos em mim.
Mostrei aonde eles iriam se trocar. Todos entraram e pareceram esquecer-se de mim. Mais pareciam crianças.
Foi a oportunidade de agir. Gerard, disfarçadamente, me puxou e me levou para o banheiro que havia no corredor.
- Gerard! Você é louco?! - perguntei, protestando.
- Sou... e estou... - disse, trancando a porta.
- Abre já essa porta! Alguém pode ver ou ouvir a gente.
- Não importa... eu quero que eles se danem... - ele falou, me puxando de encontro aos seus braços.
Admito que quase tive uma recaída. Gee estava tão cheiroso, e não fazia nem cinco horas que nós havíamos nos encontrado e já estava com saudades.
- Pára, Gee...
- Sua boca pede pra eu parar, mas seu corpo me quer,
. - Gerard me beijou selvagemente, como que demonstrando que tinha domínio sobre mim. E não era que ele tinha?
- Gee... - sussurrei, entre um beijo e outro.
- Shhh - disse ele, me silenciando. - Eles podem nos ouvir. - Ele deu um sorriso sarcástico.
Fiquei quieta e o continuei beijando. Gerard estava com uma mão na minha cintura e a outra segurando minha cabeça. Sua mão segurava forte em minha cintura, me puxando mais para perto de seu corpo. Deus! No meu próprio serviço.
- Gee - disse baixinho. - Vamos parar...
- Daqui a pouco...
Gerard me calou com um beijo. Começou a descer sua mão para dentro de minha blusa, colocando sua mão gelada ao encontro de minha barriga quente.
Tremi.
Gerard continuou me beijando e sutilmente começou a me acariciar no meio das pernas, or cima da calça, arrancando um gemido ou outro de vez em quando.
- Pára, Gee... - falei, mas, no fundo no fundo, querendo mais.
- Já disse... Já, já.
Gerard me sentou na pia do banheiro e abriu minhas calças. Estava pouco ligando para o serviço naquela altura do campeonato. Só queria sentir Gee.
Gerard abaixou um pouco minha calça e minha calcinha. Começando a mexer firmemente lá, em movimentos circulares. Gemia uma vez ou outra, mordendo os lábios para segurar e não ser ouvida. Gerard começou a colocar um dedo dentro de mim, iniciando assim o movimento de ida e vinda. Comecei a rebolar na mão de Gerard, seguindo seus movimentos.
Estava à beira de gritar.
-
... - disse ele, falando tão baixo que eu mal o ouvia. - Se controla e fica quietinha...
- É fácil pra você dizer, né?
Gerard riu e começou a fazer mais rápido e mais forte, fazendo com que eu quase gritasse.
Como ele era mau! Estava fazendo aquilo de propósito.
Estava cerrando meus maxilares e mordendo o lábio com força. Mas mesmo assim não conseguia me controlar. Puxei um pedaço da blusa de frio de Gerard e mordi. Fiquei ali, mordendo a blusa dele para não gemer alto. Funcionou.
Comecei a me contorcer por sobre a mão de Gerard, até começar a ter espasmos violentos e gozar, na sua mão mesmo.
Estava ofegante, com o coração acelerado.
Gerard tirou a mão, parecendo satisfeito com o que fizera.
Me deu um beijo. Me tirou de cima da pia do banheiro, fechou minha calça e disse:
- Pronto, agora a gente pode sair.
Fiquei muda. Apenas assenti. Gerard foi se dirigindo à porta para abri-la, mas antes me deu mais um beijo, como se estivesse sugando toda a minha vontade própria.
Saímos, um de cada vez, disfarçando.
Gerard se encaminhou rapidamente para onde estavam os outros rapazes e se arrumou. Logo em seguida, levei-os para o salão. Estava trêmula e nervosa com o que acontecera.
Fora até que engraçado ver os rapazes arrumando o cabelo e fazendo maquiagem. Querendo ou não, inconscientemente, meus olhos sempre se direcionavam para Gerard.
Todos ficaram lindos! Inclusive o Gerard, é claro.
- Puxa vida! - disse Gerard. - Ficamos tão legais assim que eu acho que vou fazer o show assim mesmo.
- Porcão! - Mikey riu.
- Vai se foder! Folgado...
- É, Mikey - disse Frank. - Eu sei que você adora tomar banho... com sua torradeira. Mas a idéia do Gee não é má, não!
- Agora é sua vez de ir se foder, Frank! - disse Mikey.
- Ai, ai... o Mikey é muito sensível, gente. Não pode ficar falando da vida pessoal dele com a torradeira na frente da
- Ray falou.
Todos rimos. Menos Mikey, é claro.
- Caralho, viu? O que ela vai pensar de mim? - perguntou Mikey, fazendo cara de coitado.
- Que você é um pervertido - disse Gerard.
- Haha, faz-me rir... E você não é, né? - retrucou Mikey. - Gerard cata tanta mulher que nem se dá ao trabalho de perguntar o nome delas. E depois eu que sou pervertido né? Fudêncio...
Todos riram. Menos Gerard e eu, claro. Gerard olhou assustado para mim. Com um olhar meio que dizendo "não acredita no que ele tá falando". Fiquei triste. Então era assim que Gerard era? Tinha todas que queria... inclusive eu! Também, não é por menos. Começando a fazer sucesso e ainda por cima lindo do jeito que era?
- Cala a boca, Mikey! - disse Gerard, dando um tapa na cabeça dele.
Todos entraram na brincadeira. Dando tapas uns nos outros. Claro, isso devia ser normal. Afinal, eles estavam zoando... Mas aquilo para mim não havia tido nenhuma graça... Ao contrário, me deixou desanimada.
Fiquei quieta e os levei para o estúdio.
Lá, eles começaram a fotografar.
Ate parecia que Gerard já nascera acostumado àquilo. Na verdade, todos pareciam. Eles posavam para a câmera com uma segurança!
E ver eles posando para as lentes das câmeras, trouxe-me a saudade e a recordação de que viera para Nova Iorque com o sonho de estudar fotografia... mas junto com esta recordação, veio-me também o que fizera para tentar o que queria... e o preço alto demais que paguei por aquilo.
O ensaio fotográfico demorou cerca de três horas, mas claro que houve intervalos para retoque de maquiagem e coisas do gênero.
Terminada as sessões de fotos, eles foram se arrumar. Vi que Gerard olhava sério para mim, com uma cara de que havia feito algo errado e que queria se desculpar. Provavelmente era sobre o que Mikey dissera.
-
... - disse Frank se aproximando, rindo.
- Hum?
- Então... hoje a gente tem uma apresentação.
- Puxa, que legal.
- É... e você tá convidada.
- Ah, não sei, Frank...
- Por que,
?
- É que... eu tô meio cansada.
- É por causa do Gerard, não é?
- Hã?
- É... pelo que aconteceu com você e a Suzan.
Claro... Frank pensava que eu odiava Gerard. Talvez devesse mesmo.
- Ah... bem...
- Eu sei que é
... mas, poxa, a gente podia manter um relacionamento de trabalho legal, né?
- Não é isso, Frank... é que...
- Sem desculpas,
. Você vai e fim de papo.
- Assim? - disse, apontando para minha roupa social.
- Haha... claro que não, né? Passa em casa e se arruma. Dá tempo.
- Ai, Frank! Você me mete em cada uma...
- É... Agora, pára de reclamar.
Ri. Pobre Frank, sempre tão meigo... Cheguei até a ficar com peso na consciência por mentir para Frank. Mas, o que eu falaria para ele?
"Hei, Frank, Gerard roubou minha namorada, me deixou na maior fossa, mas eu descobri que amo ele! E o melhor: nós estamos dormindo juntos!"
Não! Definitivamente, essa não era uma boa idéia. O melhor a se fazer era fingir que nada acontecia...
Os meninos voltaram para casa para pegar os equipamentos e ficaram de passar na casa de Percy por volta das oito e meia.
Terminei meu serviço e fui para casa. Tomei um banho e coloquei uma roupa simples. Uma velha jeans rasgada e desbotada, com uma baby look preta e tênis pretos. Deixei meu cabelo solto e fiz uma maquiagem básica. Apenas lápis preto nos olhos, uma sombra escura e um gloss cor de pele para dar um brilho.
Fiquei esperando os garotos sentada no sofá da casa de Percy. Ouvi quando eles estavam na esquina, afinal, aquela van fazia um barulho.
Foi Frank quem veio me chamar. Saí da casa de Percy, mas antes deixei um bilhete para avisá-lo para onde ia.
Entrei na van. Não sabia o porquê, mas estava sem graça. Acho que era por causa de Gerard, que estava sério e parecia estar viajando, pensando ou estando em outro lugar menos lá, conosco.
Frank foi sentado do meu lado. Uma vez ou outra ele mexia comigo, querendo me enturmar no grupo. Vi que Gerard não estava gostando daquilo, até parecia que ele tinha ciúmes do Frank.
Chegamos no local. Na verdade, chegamos bem mais cedo do que o planejado, mas era porque os meninos precisavam arrumar as coisas antes do show. O local já estava começando a encher. Via que havia algumas garotas paquerando os meninos... inclusive Gerard.
Ai! Que vontade me deu de abraçar Gerard, beijá-lo e mostrar para aquelas piranhas que ele era meu! Mas nada podia fazer, só observar e guardar tudo pra mim.
Depois que eles montaram os equipamentos, se reuniram atrás do palco que havia ali. Era uma espécie de "pré-show", no qual eles se preparavam para entrar no palco.
Foi muito lindo ver a união que aqueles caras tinham. Eles ficaram abraçados em circulo, se incentivando com pensamentos positivos... eles eram mais que amigos... eram uma família! Do nada, senti uma vontade enorme de fazer parte daquela família.
Depois disso, ainda abraçados em círculos, eles começaram a pular. Dei muita risada com aquilo. Eles pulavam e gritavam.
Logo depois disso, Frank veio em minha direção, vendo que eu ainda ria do que eles acabaram de fazer.
- Relaxa,
... isso é um aquecimento pro show.
- Ótimo! Dei muita risada!
- Engraçadinha...
Frank me abraçou e disse em meu ouvido:
- Hoje... eu vou tocar pra você,
.
- Puxa... - disse sem graça. - Valeu.
- Você me deixou muito feliz vindo aqui hoje.
Frank começou a se aproximar de mim. O que será que ele estava fazendo? Vi que ele veio se aproximando de mim sério, olhando em meus olhos. Aquela franja caída de lado lhe dava um charme... Frank colocou sua mão em meu pescoço. Não sei por que, não conseguia me mexer. Talvez, já soubesse o que ele iria fazer. Mas algo fazia com que eu não me movesse, como se eu quisesse confirmar que ele iria realmente fazer aquilo.
Ele deu um sorriso sem graça, e foi se aproximando mais e mais, segurando meu pescoço e fazendo carinho nele com seus dedos.
- Frank... - disse uma voz chamando-o. Quando me virei, dei de cara com Gerard olhando com fúria nos olhos. - Estão te chamando.
Frank olhou desanimado para mim. Eu fiquei sem graça e com um peso no coração. O que eu quase havia feito? Olhei para Gerard sem graça, ele apenas olhou para mim com um ódio no olhar que quase me matou de remorsos e foi embora, para junto dos outros.
Me deu uma vontade de chorar naquela hora.
Saí de lá. Fui para frente do palco, acendi um cigarro e comecei a fumar. Tentei disfarçar, mas vi que Gerard estava fumando um cigarro nervosamente perto na mesa de som. Pensei se deveria ir falar com ele ou não.
Resolvi arriscar. Fui andando, nervosamente em direção a ele. Ele virou-se e me viu. Pareceu irritado ao me ver, mas já era tarde demais. Eu não podia virar e ir embora, tinha que ir adiante e falar com ele.
- Gee... - disse baixinho.
Ele não me respondeu, deu uma tragada no cigarro e exalou a fumaça para o outro lado, virando o rosto para mim.
- Gerard?
Gerard olhava para o chão. Levantou sua cabeça e olhou para mim com cara de desinteresse.
- O quê? - perguntou desanimado.
- Eu... eu quero falar com você...
- Já está falando... - disse ele sério.
Olhei assustada para ele. Como ele foi grosso! Me senti magoada e com vergonha; queria ir embora, mas daria muito na cara.
- E-eu sei, mas... mas eu quis dizer que queria falar com você... a sós.
Gerard apenas olhou pra mim e ficou quieto por alguns instantes. Olhou para os fundos do lugar e me puxou pelo braço.
Ele levou-nos para a saída dos fundos do lugar. Era numa rua sem saída, onde ninguém passava, provavelmente apenas os lixeiros, para recolher lixo.
Ele fechou a porta de metal e encostou-se à parede, jogando o cigarro no chão e pisando nele.
- O que você quer falar? - ele perguntou, cruzando os braços e olhando para mim como se estivesse esperando eu começar a falar.
- Ah... - Não tinha o que falar, não sabia como tocar no assunto.
Apenas me aproximei dele, querendo o abraçar, coloquei meus braços em torno de seu pescoço, mas ele não deixou. Delicadamente tirou meus braços de seu pescoço. Fiquei sem ação.
- Você não quer me abraçar? - perguntei, com a voz embargada.
- Não... não quero.
- Mas... Gee... - Aquilo doera.
Novamente tentei o abraçar, só que desta vez não o abracei delicadamente. Passei meus braços em sua cintura e o abracei forte, colando meu rosto em seu peito. Ele, desta vez, não me empurrou. Apenas ficou parado, sem se mexer, com os braços pendentes do lado de seu corpo, sem fazer o mínimo esforço para me tocar.
Olhei para cima tentando olhar em seus olhos. Parecia que ele não queria isso. Ele olhava pra cima, para qualquer outro ponto, deixando sua cabeça erguida. Olhava para o vago.
Peguei seu rosto e o abaixei, fazendo com que nossos narizes ficassem frente a frente. Mesmo assim, ele não olhava em meus olhos. Olhava para baixo.
Aquilo já estava me irritando! Com as duas mãos levantei sua cabeça e o beijei. No inicio ele não correspondeu, mas eu persisti no beijo. Continuei o beijando nos lábios, passei para seu rosto, suas bochechas. Beijei seu pescoço, voltei mais uma vez para seus lábios. Mordi-os levemente. Mesmo assim ele não correspondeu ao meu beijo.
Parei um pouco nosso beijo. Olhei em seus olhos. Eles pareciam estar tristes.
Peguei em sua cabeça e o puxei mais uma vez de encontro aos meus lábios. Me aproximei mais de seu corpo, me encaixando no meio de suas pernas. Peguei seus braços e os fiz me abraçar. Logo em seguida, Gerard me puxou mais para perto dele e, agora, ele que me beijava. Beijava com força, mordia meus lábios com força.
Segurava em minha cabeça e me beijava avidamente. Repentinamente, ele parou nosso beijo e me abraçou forte.
Depois deste beijo me senti melhor, mais segura, mais confiante. O abracei forte também.
- Gee... eu... eu sinto muito...
Gerard nada disse. Apenas se afastou um pouco para olhar nos meus olhos e me beijou levemente.
-
... - disse ele sussurrando, enquanto roçava seus lábios em meu rosto. - Não quero que você faça mais isso... ouviu?
Olhei para ele e sorri.
- Ouvi.
- Pensei que fosse morrer de ciúmes,
. Não faz mais isso... você é minha.
- Não faço... eu prometo.
Gerard riu meigamente e me beijou. Beijou meu pescoço, mordendo-o um pouco, voltou para os meus lábios, beijou minha orelha.
- Melhor a gente parar... - disse ele. - Ou senão a gente vai fazer o que não deve aqui mesmo.
- É... - disse sorrindo, apenas concordando.
- Tô muito feliz por você estar aqui,
.
- Eu também, Gerard.
Entramos. Agora me sentia leve, feliz e segura. O show logo começaria, mas já estava torcendo para que logo acabasse para que, talvez, eu pudesse ficar junto de Gerard.
Eles estavam realmente começando a fazer sucesso, havia uma grande quantidade de pessoas que estavam lá apenas para vê-los, especialmente meninas.
Quando eles começaram a tocar, senti a magia que as músicas deles traziam. A magia que a voz de Gerard trazia para mim... e senti uma dor forte no peito. Tanto física quanto sentimental... porque só de me imaginar sem ele, me sentia desesperada, sem rumo... perdida.
CAPÍTULO XXII - "I'll be with you"
(Eu estarei com você)
O show acabou. Eu estava, como sempre, fascinada por eles. Eles me passavam vida... e, subitamente, me senti grata. Grata por poder estar perto deles, por conhecê-los. Por ter a oportunidade de estar perto deles... por poder tocá-los.
Frank parecia ansioso por me ver. Mas eu tentei afastar-me dele. Seja lá o que ele queria, era melhor não me comprometer, para não ferir a ele ou a Gerard.
A primeira a ser entregue fui eu, claro! Percy já estava dormindo, deviam ser quatro horas da manhã. Tomei uma ducha e fui dormir. Seria sexta-feira e, logo depois, sábado o dia em que os móveis chegariam e eu finalmente me mudaria para o meu novo apartamento.
Sexta-feira, as fotos já estavam prontas. Agora, só faltava marcarmos uma data para a gravação das músicas, o que provavelmente seria para semana que vem, mas, antes, nós, da gravadora, precisávamos das letras das músicas, dos agradecimentos... E adivinha quem foi encarregada disto?! Claro, eu!
Liguei para eles, e dessa vez conversei com Mikey.
- Alô, é a
, da gravadora.
- Oi,
, é o Mikey.
- Oi, Mikey. Bom, preciso marcar um negócio com vocês, e o quanto antes, melhor.
- Pode falar.
- Bom, eu preciso marcar uma data na qual eu possa ir aí, ou vocês virem aqui, para eu estar pegando a letra das músicas e mais alguns detalhes do encarte do CD de vocês.
- Puxa, que legal. Nem pensei no que eu vou agradecer.
- É melhor começar. Mas... então, quando podemos marcar?
- Hum... e se fosse hoje mesmo?
- Hoje? - eu disse surpresa. Quanto antes, melhor. - Claro! Seria ótimo.
- Ah... e se você viesse aqui no nosso apartamento?
- Eu ir aí?
- É, sei lá. Pra você conhecer e... deixar a gente mais à vontade.
- Pode ser, Mikey. Mas... que horas?
- Espera um minutinho só que eu vou ver aqui.
De repente, só escuto Mikey gritando.
- Heiii... a
vai vir aqui hoje pra entrevistar a genteeee. Que horas ela pode vir?
- Puta que pariu! Ela vem aqui? - Só podia ser a voz do Frank.
- Ferrou! - era Gerard. - Vamos arruma essa porra de apartamento agora!
- Tá bom, caralho! - disse Mikey. - Mas que horas ela pode vir?
- Depois do almoço, às três - berrou Gerard. - Agora, desliga essa porra de telefone e vem ajudar a limpar!
Meu, dei muita risada.
- Ahh...
?
- Oi?
- Então... que tal às três horas?
- Perfeito, Mikey. Acha que vocês dão conta até lá?
- Ah, a gente dá uma geral na bagunça aqui.
- Ok, então. Até.
- Até.
Avisei a Roy que iria para casa deles. Antes de sair do escritório, eu peguei um bloco de notas, uma caneta e um gravador... Vai saber o que eles iriam falar?
Dirigi-me a casa deles. Já a conhecia de tempos passados. Mas é claro que deveria fingir que não sabia de nada e que nunca tinha entrado lá.
Cheguei à casa deles um pouco antes do horário marcado. Subi as escadas e bati duas vezes na porta. Ela demorou a ser atendida, mas dava para ouvir passos de pessoas correndo. Provavelmente, eles deveriam ter se matado de tanto correr para limpar a casa. Foi Frank que abriu a porta.
- Hei,
! Pode entrar.
- Ah, valeu.
Os meninos estavam sentados no sofá, assistindo televisão, fazendo cara de que estavam sentados lá faz tempo, mas, na verdade, estavam se matando até agora. Acham que me enganam...
- Boa tarde pra vocês - eu disse. - Uau, o apartamento de vocês está super organizado.
- Claro... - Mikey sorriu.
- Claro o caralho - falou Ray, dando um tapa na cabeça de Mikey. - Esse viado aqui que inventa moda e te chama pra vim ver a zona que é essa casa!
Todos riram. Pelo jeito, Mikey deixou todos muito irritados.
Olhei para Gerard. Ele estava sentado numa poltrona, com um meio sorriso nos lábios. Meu coração disparou.
- Senta aí - disse Frank.
Sentei-me e comecei logo o que tinha que fazer.
Ficamos mais rindo e conversando à toa do que trabalhando, e quando fui ver, já eram sete da noite.
- Gente do céu, eu preciso ir - eu disse desesperada.
- Ah, calma aí, né? Já ficou até agora, que custa ficar mais?
- Não posso, gente. Tá muito legal a conversa, mas eu tenho que entregar isto aqui ainda hoje. Tenho que passar na gravadora só pra entregar isso!
Todos fizeram cara de desanimados, principalmente Frank.
- Eu te levo - disse Gerard.
Vi que Frank olhou feio para Gerard. Gerard o encarou também, mas nem pareceu se importar.
- Vamos,
. Eu te levo na van, está muito tarde pra pegar condução.
- Ah, não precisa, Gee... Ops, Gerard.
Gerard era tão teimoso às vezes. Ele nem me deu ouvidos, apenas pegou as chaves da van e se encaminhou para a porta.
- Vamos? - ele perguntou, rindo para mim.
- Vamos.
Despedi-me de todos, prometendo uma visita com mais calma.
Entramos na van em silêncio. Gerard ligou-a e saiu silenciosamente, rumo à gravadora.
- Gerard, eu... eu não conheço esse caminho.
- É mesmo? - perguntou ele, dando um meio sorriso.
- Pra onde a gente está indo?
- Pra nenhum lugar, só tô indo por um caminho diferente.
Gerard parou em uma rua escura. Desligou a van.
- Enfim sós - disse ele, fazendo uma cara de safado.
- O que você pretende fazer aqui a essa hora?
- Matar as saudades... - disse, aproximando-se de mim.
- Gee... nem pense nisso!
- Nisso o quê?
- É isso mesmo! Nisso aí que você tá pensando!
- Eu não tô pensando em nada, você que está pensando!
- Nã-não tô, não!
- Ótimo! - disse ele, me puxando e me beijando.
Ok, eu tava pensando besteira, sim. Mas, afinal, eu estava com saudades daqueles beijos maravilhosos, daqueles sussurros no pé do ouvido, daquelas mordidas...
-
, eu já disse que você me deixa tarado?
Ri. Ai, se ele soubesse...
- Já.
Ele me puxou para sentar no seu colo. Ele afastou o banco do volante para nos dar mais espaço. Sentei-me no seu colo de lado, como se fosse um bebê.
Beijávamo-nos muito. Uma vez ou outra, mordendo ou deixando marcas de chupões. Tirei a camiseta que ele usava e abri lentamente o zíper de sua calça enquanto o beijava. Senti-o respirando mais forte.
- Isso porque você não estava pensando em besteira - disse ele, sussurrando no meu ouvido.
Apenas sorri. Sorria e olhava em seus olhos, enquanto minhas mãos abriam sua calça. Comecei a acariciá-lo por cima da cueca. Ele já estava ereto. Com rudeza, abaixei sua cueca, deixando-o a mostra. Peguei nele delicadamente, apertei-o. Gerard gemeu.
- Adoro quando você geme assim - eu disse, enquanto o beijava.
Comecei passando os dedos pela cabeça de seu pênis, mexendo levemente. Com toda a mão, peguei em seu membro. Comecei a movimentar lentamente, para cima e para baixo. Gerard segurava forte minha cintura como se estivesse se resguardando para não gemer.
- Gee... geme pra mim, geme? - eu disse, fazendo voz de manhosa.
Gerard, com os olhos semi-abertos, deu um sorrisinho. Comecei fazer movimentos mais rápidos, de subida e descida. Beijava Gerard enquanto sentia-o gemendo de prazer.
Era uma sensação maravilhosa sentir Gerard satisfeito. Agora, eu estava lambendo sua orelha, fazendo Gee gemer para mim, do jeitinho que eu pedi.
-
... - disse ele, entre um gemido e outro. - Eu vou gozar...
- Então goza, honey, goza pra mim.
Comecei a acelerar mais ainda os movimentos. Gerard me apertava de puro de tesão, enquanto gritava de prazer e mordia levemente os lábios. Senti minha mão ficar quente. Ele estava gozando. Parei de movimentar minha mão. Gerard gozara em minha mão. Eu o beijei e limpei minha mão em uma flanela. Gerard apenas riu.
- Vamos nos ver amanhã?
- Não dá.
- Por quê?
- Amanhã chegam os móveis que eu comprei.
- Hum, legal.
- Que horas são, hein? Eu preciso entregar isso na gravadora.
- Ok, já vamos, então.
Gerard parou a van em frente à gravadora. Eu saí correndo da van e deixei os papéis com o porteiro. Pedi para que ele entregasse mais tarde para mim.
Gerard estava lá fora, dentro da van, me esperando. Entrei apressada.
- Vamos? - perguntei, mas percebi que Gee estava em outro mundo. - Gee?
- Oi? - disse ele, assustando-se.
- Tá tudo bem?
- Ah... sim...
- Por que você mente pra mim?
- Muitos problemas,
. Não liga não.
- Problemas? Quais?
- Não importa quando estou com você.
- Importa, sim.
Gerard suspirou. Vi que seus olhos se encheram de lágrimas.
- Gee? - perguntei, pegando em seu rosto e virando-o para mim. - O que há com você?
- Você se lembra quando eu viajei?
Sim, me lembrava, ele havia viajado para Nova Jersey e nem ao menos havia me avisado.
- Sim.
- É que... Bom, minha avó... ela... - vi que Gerard se segurou para não chorar. - Ela está muito doente,
, e... ela está indo embora
! Eu sei que ela está... - Gerard cobriu seu rosto com as mãos.
Não sabia o que dizer. Nunca havia perdido ninguém que eu amava. Tentei me pôr em seu lugar e senti desespero só de pensar em perder quem amo. Só de pensar em perder Gerard...
- Gerard... - eu disse, sussurrando e o abraçando.
-
, ela é tão importante pra mim. Eu... eu não sei se vou agüentar,
...
Gerard estava chorando. Senti suas lágrimas molharem minha blusa. Ele estava tão desesperado... tão aflito. E eu me sentia tão impotente, tão incapaz... tão inútil. E senti dor. Dor por ele, desespero por ele... e chorei. Chorei com ele. Chorei silenciosamente com ele.
Gerard levantou a cabeça com os olhos úmidos e me abraçou. Nossas testas estavam coladas uma na outra, fazendo com que pudéssemos nos fitar de perto.
- Eu sinto muito, Gee. - Suspirei. - Se eu pudesse fazer alguma coisa...
- E você pode,
- disse Gerard. Vi que seus olhos se encheram mais uma vez de lágrimas. - Me promete que nunca vai me deixar. Promete que você vai ficar comigo pra sempre?
- Eu prometo, Gee, eu prometo que vou sempre estar com você.
Eu o abracei forte. Beijei seu rosto, secando suas lágrimas. Por fim, beijei levemente seus lábios, selando minha promessa para com ele.
Fora muito difícil me despedir de Gerard na noite anterior. Ele parecia tão vulnerável... e eu queria tanto estar com ele. Lembro-me de ter chegado à casa de Percy, ter trocado de roupa e ter ido direto para cama. Passei a noite em claro, pensando em tudo o que tinha me acontecido. Pensando em Gerard e em como ele deveria estar sofrendo. Pensamentos sondavam minha cabeça até altas horas da noite quando, repentinamente, o sono veio e adormeci. Na manhã seguinte, acordei e não me lembrei de ter sonhado com nada, mas, no meu íntimo, sabia que meus sonhos haviam sido com ele... Gerard.
Acordei na manhã seguinte cedo. Estava animada com a idéia de que me mudaria para meu apartamento. Esse sempre fora meu sonho desde que me mudara para Nova York. E agora ele estava se realizando!
Havia tantos planos, tantos sonhos... E estavam começando a se concretizar!
Estava passando por complicações financeiras, mas e a felicidade de morar em um lugar que é só seu? Nada comparado.
Algumas semanas antes, eu havia pintado o apartamento. Estava lindo!
Hoje, eu receberia os móveis e começaria a minha decoração.
Levantei-me e pus roupas velhas. Uma calça de moletom, um tênis velho e um moletom velho. Prendi meus cabelos e arregacei as mangas para começar a desempacotar tudo. Comecei pela sala.
Comprei dois sofás: um de três lugares e outro de dois lugares. Eram azuis-marinhos, de cor lisa. Amei-os logo de cara. Eram do tipo em que se afundava quando sentava. Coloquei um tapete cor creme no centro da sala, no qual os pés afundavam quando se pisava nele. Um hack no qual coloquei uma televisão média e, é claro, um aparelho de som com meus CDs. Coloquei também uma mesinha de canto onde havia um pequeno abajur, que, quando ligado, dava uma aparência aconchegante à sala. Por enquanto, a sala estava boa, mas tinha muitos planos, como comprar quadros e enfeites. Eu era muito detalhista.
Logo em seguida, fui para o quarto. Esse era pequeno. Finalmente, não havia mais apenas um colchão no chão. A cama chegara. Era uma cama de casal Queen Size, enorme, maravilhosa e macia! Coloquei dois tapetes ao lado da cama, duas mesinhas de cabeceira, um despertador, dois abajures, um armário para minhas roupas e uma penteadeira com um espelho grande.
Segui para o banheiro, onde havia trocado o maldito chuveiro de água fria. Coloquei meus pertences lá. Era tão lindo!
A cozinha foi que dera mais trabalho. Panelas, talheres, copos, pratos, recipientes, panos de prato, toalhas de mesa, condimentos... Uma canseira só.
Ainda faltava guardar meus pertences pessoais, mas já estava cansada, sentia meu corpo pesado e tenso... Talvez tivesse me esforçado demais. Não estava muito bem. Sentei-me em meu novo sofá e fiquei observando a vista de minha janela. Fiquei olhando o céu enquanto fumava um cigarro e pensava em nada, só esperava aquela dor estranha passar. Até que alguém bateu à porta.
- Gee! - eu disse, dando um enorme sorriso de felicidade. - Não acredito que tô vendo você aqui!
- Pois é, a saudade foi maior.
- Entra - falei, dando passagem para ele entrar.
- Uau, seu apartamento está ficando lindo.
- Puxa, obrigada. Eu também tô achando o máximo.
- Tudo muito chique - disse ele, fazendo uma cara de refinado.
- É, tão chique que vou ter q comer muito miojo nos próximos meses pra conseguir pagar as prestações!
- É isso que dá querer viver no bom e no melhor.
- Pois é, Sr. Gerard Way! - eu disse, enquanto sentava-me novamente no sofá, a dor não havia passado.
- Tudo bem? - ele perguntou, olhando para mim.
- Aham. Acho que só estou um pouco cansada.
- Também, né, olha tudo o que você já fez.
- É. E de pensar que agora vou começar a viver aqui!
- É, um lugar só seu...
Gerard sentou-se ao meu lado. Encostei minha cabeça em seu ombro.
- Tô tão feliz, Gee.
- É? Por quê?
- Porque parece que está dando tudo certo agora. Nunca estive tão feliz na minha vida!
- Que bom,
.
- Obrigada.
- Por quê?
- Por ser parte da minha felicidade.
- Agora, eu sou parte da sua vida,
- disse Gee sério.
- Talvez... - Também fui ficando séria. - Você deixou marcas profundas demais para serem apagadas, Gee. Talvez você seja inesquecível.
Gerard me abraçou e lá ficamos. A dor agora passava... Com Gee, tudo passava.
Passamos a tarde juntos assistindo televisão. Logo depois, Gerard me ajudou a guardar minhas coisas, ou melhor, minhas roupas.
- É assim, Gee... - eu disse, mostrando para ele. - Essa gaveta é só para calças, essa é só para blusas de manga comprida e essa é para as camisetas e shorts. E essas duas gavetas são de calcinhas e essa outra de meia. Entendeu?
- Aham, entendi tudinho. Eu guardo as calcinhas!
- Pervertido!
- Sou mesmo.
Dei muita risada com Gerard guardando minhas calcinhas. Cada comentário que ele fazia...
O problema foi que, junto às minhas malas, haviam 'aqueles' comprimidos que eu tomava quando estava mal.
Gerard e eu estávamos rindo quando ele os achou.
- Que comprimidos são esses? - ele perguntou, pegando-os.
- Dá eles aqui... - eu ordenei, esticando a mão para pegá-los, ficando séria.
- Espera... - começou Gerard, lendo o rótulo com a testa franzida. Ele leu e pareceu surpreso. - O que é isso,
?
- Gerard, me dá eles aqui!
- Isso daqui é droga?
- Não interessa. São... meus remédios! - eu disse, tentando dar uma desculpa.
- Não são, não.
, desde quando você toma isso?
- Pára, Gerard - falei, enquanto ia a sua direção para pegar os compridos.
Gerard levantou-se do chão e esticou seu braço para o alto, onde eu não alcançaria os comprimidos.
- Eu não acredito... - Gerard parecia estar realmente nervoso.
Ele se virou e foi em direção ao banheiro.
- Aonde você vai? - perguntei, correndo atrás dele.
- Vou me livrar disso - disse ele, abrindo o pote e jogando todos meus comprimidos privada abaixo. Logo em seguida, deu descarga. - Pronto! Isso é pra você nunca mais usar essas porcarias!
- Quem você pensa que é pra fazer isso?
- Eu sou uma pessoa que se importa com você!
- Você não tinha o direito de fazer isso!
- Tinha, sim!
- Pára, Gerard! Você está sendo intrometido!
- Eu tô te salvando,
! - disse ele, se aproximando e me chacoalhando.
- Eu não preciso ser salva! Eu sei me cuidar! Sempre soube. Muito antes de você aparecer!
Gerard olhou incrédulo para mim. Seus olhos demonstravam dor e indignação com o que eu acabara de falar. Por um instante rápido, arrependi-me do que dissera.
Gerard ficou, por um momento, mudo. Logo em seguida, retrucou calmamente:
- Você estava morrendo pouco a pouco,
, estava afundando mais e mais. Eu... eu só quero te ajudar.
- É fácil me julgar, não é?
- Não,
, não é.
- É, sim. Não foi você que se viu sozinho no mundo sem nada pra se apegar. Não é você que sempre esteve só... só você e suas dores!
-
...
- Chega, Gerard, não quero ouvir mais nada.
- Não quer... mas precisa! Me ouve,
, eu sei o que tô falando, eu já passei por isso. Eu já usei drogas.
- Já usou?
- Já, e parei. Eu não quero te ver... viciada!
- Eu não sou viciada! - eu disse, me exaltando.
- Não, porque ninguém começa viciado! Mas, mais cedo ou mais tarde, acaba virando.
- Faz... faz muito tempo que não uso isso.
- Então - ele começou, se aproximando e me abraçando - você não ia precisar daquilo mesmo. Não vai fazer falta.
- Talvez... - falei, me acalmando.
-
, eu só quero te ver bem.
- Tá bom.
- Me perdoa, mas tem que ser assim. Eu só quero te proteger...
Na hora, eu chorei com o que ele dissera.
- Por que você está chorando? - ele perguntou, afagando meus cabelos.
- Eu... eu nunca tive alguém que se importasse comigo assim... Gee, sabe o que é ser sempre só? Nunca ter ninguém para se abrir, para extravasar sua dor?
- Não importa agora,
. Eu tô com você, eu vou cuidar de você. Até o fim...
Gerard levantou minha cabeça, segurando meu queixo e beijou levemente meus lábios.
- Eu te amo... - suspirei, sem nem ao menos ter percebido. Como pude ser tão burra de ter me entregado assim? Cem por cento?
Separei-me de Gerard, olhando-o assustada. Creio que meu rosto demonstrava confusão. Virei-me para ele. Senti Gerard aproximar-se a mim. Ele passou os braços em minha cintura, por trás e colocou seu queixo em meu ombro. Ele cheirou meu pescoço, causando um calafrio. Ele, carinhosamente, me virou e fez com que nos fitássemos. Ele passava a mão no meu rosto e cabelo.
- Repete, por favor... - ele pediu, com uma cara de sonhador.
- O-o quê?
- Eu queria tanto ouvir isso,
. Eu... eu não sei o que está acontecendo comigo,
... Eu... eu acho que eu nunca disse isso pra ninguém, mas...
- Eu te amo... - repeti, antes que ele dissesse.
Gerard riu.
- É... acho que eu te amo também,
- disse ele, começando a me beijar. - Só pode ser amor. O que mais pode ser? Jamais senti isso antes...
- Não sei, Gerard, só quero que nunca acabe!
- Nunca... Nunca vai acabar,
.
Aquele foi um dos melhores dias da minha vida. O dia em que a tristeza e escuridão que moravam em meu coração se foram... e que eu desejava que nunca mais voltassem.
Renasci, melhor e mais fiel, mais perfeita, e com mais amor... E a felicidade então veio, tomou conta do meu ser. Fez-me ser a verdadeira
, e nada mais importava. Meu passado, sujo e vergonhoso, caiu no mar do esquecimento onde era proibido pescar. E agora, olhando para frente, o futuro nada importava, apenas o presente, onde tudo acontecia de acordo com o destino, assim como Gerard disse. E que assim seja... da vontade do destino.
CAPÍTULO XXIII - "We never wanted it to be this way..."
(Nós nunca quisemos que fosse desse jeito...)
Gerard me puxou para o sofá. Sentamos lá e ficamos nos beijando, tranqüilamente e apaixonadamente. Conhecia-o há tão pouco tempo e já sentia que era super íntima dele, como se já estivesse com ele, já morasse com ele há tempos. Como se suas manias, atitudes, gestos... tudo fosse normal, conhecido por mim.
E tudo nele me fascinava. O olhar, sua franja - que, uma vez ou outra, tampava seus olhos -, sua boca com seu sorriso sarcástico, suas mãos delicadas e másculas ao mesmo tempo, sua voz doce e sensual, seu cheiro inesquecível, seu corpo que agia graciosamente... Quando digo tudo, é tudo mesmo.
Gerard soube despertar em mim sentimentos jamais sentidos antes, explorou uma parte do meu ser que jamais foi descoberta por ninguém... Talvez nem por mim mesma.
Assistíamos à televisão, passando uma hora ou outra por algum canal chato. Estávamos sentados, eu estava sentada ao lado de Gee, apoiando minha cabeça em seu peito. Sentia seu peito subindo e descendo calmamente, respirando... Incrível como eu prestava atenção a tudo. Mas, em verdade, nem prestava atenção no que passava na televisão. Apenas pensava em Gerard e no quanto eu o amava. Deus! O amava tanto que... aquela dor estranha voltou.
Que droga! Será que ela não me dava sossego um instante sequer? Toda hora ela vinha me incomodar, mas logo passava, sempre passava.
- Tudo bem? - pergunto Gerard, olhando para meu rosto.
- Aham.
- Tem certeza? - ele insistiu, começando a fazer uma cara de preocupado.
- Tenho. - Ri. - Por quê?
- Você começou, do nada, a respirar com mais dificuldade.
- Nariz entupido... - menti e ri.
- Creeeedo! Catarrenta!
- Ai, seu chato! Não sou, não!
- Tô brincando - disse ele, me puxando e me abraçando. - Meu amor... minha querida... minha privada entu--
A campainha tocou.
- Esperando visitas? - perguntou ele.
- Não.
Levantei-me, ainda com aquela dor estranha, e fui atender a porta. Estranho... deveriam ser umas oito horas. Não fazia a mínima idéia de quem seria ou de quem saberia onde me encontrar, afinal, acabara de me mudar para o apartamento. Poucos sabiam. Somente Percy e Gerard.
- Oi! Surpresa! - disse a pessoa rindo para mim e vindo me abraçar.
- O que você tá fazendo aqui?
- Vim te visitar esse final de semana. Deduzi que você estivesse sozinha, então resolvi vir aqui pra conhecer seu apartamento e preparar um jantar. Que tal?
- Eu... eu não sei se é uma boa hora...
- Qual é,
? Não vai me deixar ver seu apartamento? - perguntou a pessoa rindo e já entrando.
Como tinha mudado, estava mais alegre, mais disposta. Parecia até estar voltando ao normal. Mas eu conhecia muito bem para saber que aquilo era só fachada.
- Não é uma boa hora. É que... acabei de me mudar, está tudo uma bagunça.
- Bobagem. Já vi coisas piores... lembra? - perguntou, rindo e dando uma piscadela.
- Suzan, eu...
- Tá com visitas? - ela questionou, indo em direção à sala.
- Espera, Suzan, eu--
Foi inevitável. Suzan entrou na sala sorridente com uma garrafa de vinho na mão e parou atônita, olhando para o sofá vendo Gerard sentado confortavelmente assistindo à televisão. Ele olhou sobre seu ombro para ver quem estava lá e pareceu surpreso.
Suzan nada disse. Virou-se lentamente para mim com uma cara surpresa, inconformada, e fitou-me, parecendo que havia levado um murro na cara e nem sabia de onde viera.
- Suzan... eu...
- Vejo que está com visitas,
- disse ela, fazendo uma cara sarcástica. - Atrapalho? - ela perguntou, sendo o mais falsa possível. Aquilo sinceramente me irritou.
- Eu... eu não queria que fosse assim.
- Não queria, não é mesmo? Mas foi... e foi sua culpa, sua vaca! - Suzan se exaltou.
- Chega, Suzan - disse Gerard, levantando-se e indo ficar a meu lado.
- Chega? Você diz chega? O que foi que ela fez pra te conquistar, Gerard? Foi melhor na cama do que eu?
Fiquei horrorizada com o que ela dissera. Como ela podia falar desse jeito? Como se estivesse se referindo a uma qualquer, como se eu fosse capaz de fazer algo assim para tirar um homem de outra mulher.
- Suzan... por favor... - eu disse, tentando acalmá-la.
- Por favor, o cacete!
, sua... sua... puta! Que foi, hein? A inveja era tanta a ponto de ter tirado a pessoa que eu amo?
- Não é nada disso, Suzan. Por favor, há uma explicação...
- Explicação? - ela perguntou, fazendo cara de incrédula. - Não tem explicação a ser dada. E sabe por quê? Porque eu já vi tudo com os meus próprios olhos e já entendi qual é a tua.
Suzan tinha tanta raiva e rancor nos olhos, em suas feições. Aquilo me doía. Sabia que, mais cedo ou mais tarde, isso aconteceria, mas não queria que fosse dessa forma.
Meus olhos encheram-se de lágrimas... de dor e angústia por mim e por ela, por nós, por Gerard.
- Chorando,
? - ela perguntou suavemente e hipocritamente. - Pobre
, sempre tão coitada. Sempre a excluída, a mal amada, a diferente... - ela falou, rindo falsamente com uma cara de nojo. - Sempre a pobre
rejeitada pelos outros. Até quando vai continuar com essa farsa?
- Suzan - disse eu, entre soluços. - Você não sabe o que diz.
- Sei,
, sei muito bem. Eu te conheço melhor do que qualquer um. - Ela olhou para Gerard, seus olhos transpareciam loucura e ódio. - Sei melhor do que ele. Será que Gerard sabe do seu passado,
?
- Pára, Suzan... - eu disse, dando um grito enquanto soluçava.
Gerard estava ao meu lado me abraçando, mas quando ouviu aquilo que Suzan disse, pareceu curioso.
- Pois é, meu caro Gerard - ela começou. - Há muitas coisas das quais você não sabe sobre ela. E, se soubesse, perguntaria se vale a pena estar com ela.
- Cala a boca, Suzan... Por favor - eu pedi, chorando e começando a entrar em desespero.
- Por quê? Agora que as coisas estão ficando claras!
- O que você quer dizer com isso, Suzan? - Gerard questionou.
- Quero dizer que você caiu nos encantos dela, mas não sabe o quanto esta perdendo nisso tudo. Se você soubesse o quanto ela é suja...
Gerard me virou para fitá-lo, segurando-me pelos ombros.
- Do que ela está falando,
?
Eu não conseguia responder, apenas chorar.
- Ora, ora. Como eu disse... sempre se fazendo de coitada.
- Fica quieta, Suzan! - disse ele.
- Gerard... - Suzan falou - ela não vale a pena.
- Por quê? - ele berrou desesperado.
- Olhe pra ela! - gritou Suzan.
Ela veio se encaminhando em minha direção, me puxou para junto dela e me virou de frente para Gerard.
Meus cabelos agora caiam no meio rosto e grudavam nele por causa das lágrimas; lágrimas de medo e vergonha. Suzan passou a mão em meu rosto a fim de tirar os cabelos que o cobria.
- Está vendo, Gerard? - ela perguntou, puxando meu cabelo da nuca para que pudesse fitá-lo. - Esta daqui veio com uma mão na frente e outra atrás, sem nada, apenas sonhos. Sonhos tão altos que não tinham preço para serem conquistados. Olhe! - ela disse, levantando meus braços e mostrando as cicatrizes de meus pulsos. - Sonhos altos demais, impossíveis... que jamais foram alcançados. E qual foi a solução? Isto! - Ela apontou mais uma vez para meus pulsos.
Gerard olhou horrorizado para minhas cicatrizes.
- Ela não pode ser considerada nem uma prostituta. Se você soubesse o que ela já passou, você não estaria com ela... com essa puta - ela disse, empurrando-me em encontro do sofá.
Caí sentada, onde fiquei encolhida, deixando meus cabelos cobrirem meu rosto.
- E olhe pelo que você me trocou - disse ela, aproximando-se dele. - Nós éramos tão felizes juntos. Só eu e você... mais ninguém.
Gerard parecia estar imóvel, sem entender, ou pelo menos tentando absorver o que Suzan havia acabado de dizer. Suzan aproximou-se dele e passou suas mãos pelos cabelos de Gerard, acariciando seu rosto. Gerard olhou para Suzan, confuso. E depois se afastou dela.
- É melhor você ir embora... - ele disse para ela.
Suzan pareceu não entender o que ele dissera, acho que ela esperava que ele voltasse correndo para os braços dela. Mas ela não fez ou disse nada. Apenas concordou e saiu.
Foi inevitável não ter visto ela passar por mim, encolhida no meu canto, e dar um pequeno sorriso sarcástico de vitória.
Ouvi a porta ser fechada. Permaneci imóvel, meio que como se estivesse esperando não ser notada, ou talvez para que pudesse ser esquecida.
Gerard permanecia no mesmo lugar onde estivera. Ainda parado e confuso, olhando para o vago. Até vê-lo, por entre meus cabelos, virar lentamente sua cabeça em minha direção. Ele nada disse. Apenas caminhou lentamente em direção a porta.
Não o vi, apenas escutei o leve ruído da porta sendo fechada. Suzan se fora. Gerard, após um certo tempo, também se fora. Estava só, triste e com medo.
Comecei a chorar intensamente desta vez, ainda encolhida no canto da sala. Comecei a chorar e me movimentar para frente e para trás, para frente e para trás, como uma criança que se auto-consola.
O que haveria de ser de mim a partir daquele momento. Em que, mais uma vez na vida, estava só?
Chorava baixinho, ainda me movendo para frente e para trás. Meu rosto já estava banhado de lágrimas. Sentia um vazio tão grande...
Como Suzan pôde ser tão má? Tão fria? Tão insensível... Meu Deus! Com quem eu havia estado? Um ser desprezível e inescrupuloso... que fez tudo para poder ficar com quem gosta, inclusive me humilhar. Eu acreditava de corpo e alma em Suzan. Amava-a ainda. Não um amor de interesse, mas um sentimento de carinho e respeito pelas coisas nas quais passamos juntas.
E tudo o que partilhamos juntas? E as palavras de conforto, carinho e amor? E as noites em claro em que passamos conversando? E o nosso relacionamento? Será que nada disso fazia sentido para ela? Nada fazia sentido para que ela pudesse perceber o que havia dito ou feito? Suzan, naquele dia, me mostrou um lado perverso, desumano... E pior: Gerard se fora. Deixou-me lá. Só, sem esperanças... Parecia ter-se deixado influenciar pelo que ela dissera. Não que não fosse verdade, mas havia explicações. Havia o que ser dito! E ele não me deu a oportunidade desejada.
Minha garganta estava seca, as lágrimas caiam em menor quantidade, enquanto as lágrimas que escorreram pelo meu rosto antes secavam pouco a pouco. Sentei-me no sofá e olhei em minha volta... Tudo estava tão vazio, tão silencioso...
A noite já caía, e o apartamento começava a escurecer. A iluminação estava indo pouco a pouco, enquanto eu era engolida pela escuridão que ocupava o apartamento.
Parei de chorar. Mas toda hora a lembrança de que estava só mais uma vez vinha-me à memória... e uma lágrima ou outra escorria por meu rosto.
Sonhos... Planos... De que adiantavam agora? Qual era o sentido disso tudo? Existir? Era isso? Não queria existir... queria viver! Viver! Sentir o sangue correr por minhas veias, sentir a vida correndo...
Olhei para os meus pulsos. As cicatrizes que sempre me perseguiriam, que sempre me lembrariam daquele dia em que parei de viver e comecei a existir.
Existir... até Gerard aparecer e me mostrar o verdadeiro sentido da vida. O verdadeiro sentido do amor. Mas este sentimento já se fora, mais uma vez.
Comecei a sentir ódio. Ódio de tudo e de todos; todos, menos Gerard. Incrível como não conseguia odiá-lo. Mas sentia muita raiva.
Contraí meus maxilares, tentando conter um grito. Escorreguei do sofá para o chão do apartamento, que estava frio. Cerrei os punhos, contraí os maxilares... mas foi inevitável. Exprimi toda minha raiva em meu grito. Gritei com ódio. Um grito que exprimiu minha angústia, raiva e medo... Gritei até perder o fôlego. E, logo em seguida, comecei a soluçar. A dor voltara novamente.
Sentia meu peito comprimindo-se, apertando-se. Como doía! Parei de chorar e fiquei me concentrando na dor. Aquela dor que parecia um peso empurrando meu coração contra as paredes de minhas costas. Estava ficando sem ar. Deitei-me no chão e fiquei lutando para conseguir pegar um pouco de ar. Mas era tão difícil...
O desespero começou a bater em minha mente.
"Você está morrendo... Está morrendo... Está morrendo..." era uma voz que ecoava em minha mente. Estava morrendo... Como morrer doía! Se fosse assim, não queria morrer. Mas a dor persistia... e o fôlego ia-se, fazendo tudo girar e a dor continuar comprimir meu peito.
A última lembrança que tenho foi do teto de meu apartamento, que, pouco a pouco, foi se apagando... E a escuridão prevaleceu.
CAPÍTULO XXIV - "To the end..."
(Até o fim...)
"Fique comigo... Não se vá... Agüente firme... Não me deixe... Eu preciso de você... Eu te quero... Estou com medo... Fique comigo... Até o fim... Eu te amo... Mais que tudo... O mundo por você... Não se vá... Não se vá... Não se vá..."
A voz ecoava... persistente. Como um alarme que toca persistente até você ir lá e desligá-lo.
Estava tão escuro... Onde estava a luz? Olhava para os lados e nada via, apenas escuridão. Precisava sair dali, daquela escuridão. Mas era tão difícil.
Tentava abrir os olhos, mas eles estavam tão pesados... Estava usando toda minha força para abri-los, mas eles não me obedeciam. Vamos! Abram! Consegui abri-los, pouco a pouco, vendo tudo a minha frente embaçado. Olhava ao redor e não reconhecia o lugar. Não lembrava que dia que era. O que tinha que fazer. O que acontecera...
Olha para os lados. Nada, ninguém. Onde estavam todos?
Escutei ruído de passos e vi finalmente um rosto conhecido. Aquilo me trouxe alívio.
-
...
Como estava agradecida por vê-lo.
- Frank... - eu disse, tentando rir. Minha boca estava seca e minha voz mal saiu.
- Shhh... não diga nada. Você deve estar cansada.
Olhei para ele e me mantive em silêncio, apenas fitando-o. Estava encostada em um travesseiro e Frank acariciava meus cabelos. Não sei por que, mas Frank me fazia lembrar de Gerard. E pensar em Gerard fazia-me recordar o que acontecera, de como o havia visto indo embora... E isso trouxe-me lágrimas aos olhos. As lágrimas apenas acumularam-se em meus olhos, automaticamente. Mas meu rosto nada demonstrava... Inconseqüentemente, duas gotas escorreram pelo meu rosto. Uma de cada olho. Frank secou-as com os dedos. O toque de sua mão quente em meu rosto fez com que fechasse levemente meus olhos. Seus dedos permaneceram lá, acariciando meu rosto meigamente. Aquilo era afeto. Pelo menos, alguém tinha afeto por mim... ou demonstrava ter.
Abri os olhos lentamente e vi Frank me olhando com tanto carinho nos olhos... Mais uma vez, lágrimas acumularam-se em meus olhos. Frank abaixou-se suficientemente perto para que pudesse sentir sua respiração de encontro ao meu rosto. Ele levantou meu queixo com os dedos e me beijou levemente nos lábios. Aquilo não estava certo! Eu sentia isso! Eu sabia disso! Mas me sentia tão só, tão triste, tão desprotegida... Aquele beijo não despertou nenhum sentimento em mim. Talvez tivesse me passado segurança, mas não provocou aquela mesma sensação que sentia quando estava nos braços de Gerard. Mas por que ainda pensava em Gerard? Não foi ele que simplesmente se foi? Virou-me as costas? Mesmo assim... Frank me beijou levemente nos lábios. Creio que para ver qual seria minha reação. Segurei seu rosto com minhas mãos e o puxei delicadamente para mais perto. Frank, dessa vez, aproximou-se mais de mim e me beijou com mais paixão. Mas, mesmo assim, nada em mim despertou. Senti-me culpada pelo que ocorreu, pelo que sentia. Como queria corresponder àquele beijo! Não que Frank não beijasse bem, mas simplesmente minha mente, minha alma, meu ser estavam impregnados com a força, com a química que Gerard me passava. Frank beijava gostoso. Aquele piercing dava um beijo diferente. Ele passava a língua em meus lábios, mordia-os. Uma hora ou outra quase me "engolia".
- Como eu sonhei em tocar seus lábios,
... - disse ele, quando se afastou um pouco de mim, interrompendo nosso beijo. Mesmo assim, estávamos próximos o bastante para que eu pudesse sentir seu hálito contra meu rosto.
Nada disse. Apenas o olhei. Ele sorriu meigamente para mim, parecendo feliz.
- Pensei que fosse te perder...
- O... o que aconteceu? - perguntei num murmúrio; mal conseguia soltar minha voz.
- Eu estava preocupado. Gerard disse que ia fazer uma visita pra você, mas ele demorou, então resolvi ir lá. A porta estava aberta e... você estava caída no chão. Você parecia quase morta,
! Não conseguia sentir sua pulsação, pensei que... - Frank olhou para o lado, percebi que sua voz estava embargada de emoção. Quando ele voltou-se para mim, vi que seus olhos estavam úmidos.
- Frank... - eu disse, passando a mão em seu rosto, como um consolo.
- Não agüentaria te perder,
.
- E não perdeu, é isso o que importa.
Frank deixou escorrer uma solitária lágrima por seu rosto, que foi rolando lentamente.
- Nunca vou perder... - ele disse, aproximando-se de mim, provavelmente para mais um beijo.
Mais uma vez, não me movi. Apenas o esperei se aproximar e roçar suavemente seus lábios nos meus e, logo em seguida, mordê-los. Afastei-me dele. Não conseguiria beijá-lo por muito tempo.
- Quando saio daqui?
- Não sei,
. O que aconteceu?
- Nada... - falei, olhando para o outro lado e fingindo não saber de nada.
- Tem certeza? - ele perguntou, olhando-me desconfiado.
- Sim... Eu... eu me despedi de Gerard e... bem... senti uma tontura e não me lembro de mais nada. - Bela mentirosa eu estava saindo.
- Estou preocupado,
. Gee não apareceu em casa ainda, ninguém sabe onde ele está.
Quem sabe com a Suzan? Foi o que pensei na hora. Por que não? Ele não havia acreditado nela e não havia me deixado?
- Não sei o que aconteceu...
- Vocês brigaram?
- Sim.
- Ele não devia ter ido lá... - disse Frank, parecendo nervoso. - Ele falou que ia conversar com você e desfazer as indiferenças que haviam, que não queria mais brigar com você.
Fiquei quieta. Bela desculpa ele arranjou para ir ao meu apartamento.
- Ele está sumido,
. Faz dois dias.
- Que dia é hoje? - perguntei assustada.
- Segunda-feira.
- Meu Deus! Tô aqui há tanto tempo?
- Sim.
- E ele sumiu há dois dias? Vocês não o procuraram, não?
- Já, sim. Cadeia, hospitais, polícia... Nada - disse ele desolado.
Nessa hora, entrou uma enfermeira que mediu minha pressão, recolheu materiais para exame e saiu. Segundo o que ela dissera, sairia logo do hospital, havia apenas desmaiado.
Frank foi embora pouco tempo depois, dando-me outro beijo nos lábios e sorrindo.
No dia seguinte, recebi alta e fui para o meu apartamento. Percy e Frank vieram me buscar, e nada comentaram sobre Gerard, até eu perguntar.
- Alguma notícia sobre Gerard?
- Sim... - disse Frank. - Ou mais ou menos... Ele ligou, não disse onde estava, mas disse que estava bem e que não era para nos preocuparmos. Provavelmente, ele ligou de um orelhão, porque tava no maior barulho.
- Que bom que ele está bem... - falei, mas perguntando-me se ele não estaria com Suzan.
Chegamos ao meu apartamento. Tudo estava na maior calma. Percy e Frank foram muito gentis de terem me trazido.
- Obrigada para os dois. Vou preparar algo para tomarmos, okay?
- Nem pensar! - exclamou Percy. - A adoentada aqui é você! Deixa que eu preparo um chá... e fuço no seu apartamento.
- Ótimo, Percy, só não liga pra simplicidade.
- Ok.
Percy foi para a cozinha, enquanto eu e Frank ficávamos a sós na sala. Ele estava na janela, por onde dava pra ver a pracinha.
- Que vista bonita você tem aqui... - ele comentou, virando e sorrindo para mim.
- É... acho que essa vista foi um dos motivos para eu ter alugado esse apartamento. Ele é perfeito.
- É, você teve um bom gosto.
- Obrigada... - falei, fazendo cara de moleca.
Frank sorriu timidamente para mim. Um sorriso entre o tímido e o safado. Veio se aproximando silenciosamente e me puxou para seus braços.
- Percy não sabe... - disse ele baixinho e sorrindo safadamente.
- Então é melhor a gente nã--
Frank interrompeu o que eu dizia, dando-me um longo beijo, apaixonado e forte, tirando o meu fôlego. Ele interrompeu nosso beijo e continuou abraçado a mim. Ele sorriu meigamente e passou seus dedos em meus lábios, secando a saliva em volta da minha boca.
- Você tá toda babada,
. Coisa feia! Você não é mais um bebê pra ficar babando.
- Bobo! - Dei um beliscão nele.
- Ai, ai!
Percy parecia nem dar atenção a nós dois. Parecia estar concentrado na cozinha.
- Você é muito folgado, Frank Anthony Iero!
- Você é linda - disse ele, sussurrando em meu ouvido e beijando-o.
Aquilo me deu arrepios pelo corpo.
- Você é muito cara-de-pau!
- Você não viu nada...
Frank me puxou e me beijou de novo. Empurrou-me contra a mesinha que ficava do lado da porta e me fez apoiar nela. Ele encaixou seu corpo no meio de minhas pernas, até eu começar a sentir algo crescendo.
- Melhor parar, Frank! - eu falei, olhando para "ele".
- Não, não... Percy nem está percebendo...
- Pára, agora.
- Espera aí. - Ele se afastou de mim e foi ligar a televisão, deixando-a meio alta. - Agora, ele não escuta a gente.
- E nem a gente o escuta!
- Deixa. Me dá um beijo, vai?
- Não.
Frank segurava em minha cintura e me puxou de encontro ao seu corpo. Pouco a pouco, fui sentindo uma certa excitação. Também não era pra menos, Frank estava me atiçando. Não que eu não preferisse estar com Gerard, mas a carne é fraca.
-
... Se o Percy não estivesse aqui, você estava perdida.
- Nem pense nisso!
- Já pensei e fantasiei isso faz muito tempo.
- Pervertido - eu disse rindo, tentando desfazer o clima.
- Eu te quero... Posso esperar o Percy ir embora? - ele perguntou, olhando-me com uma cara séria de pidão.
- Frank... eu... eu não sei se é uma boa idéia.
- Tudo bem... - ele falou, fazendo uma cara de desapontado.
- Eu sinto muito, Frank. Só acho que num tô preparada.
- Eu entendo. É serio, eu te respeito
.
- Obrigada.
Frank sorriu meigamente, mas vi que seus olhos estavam tristes. Ele me deu um beijo de leve na testa e foi para a cozinha junto a Percy.
Que droga! Eu simplesmente odiava magoar os outros! Odiava tanto, mas tanto, que eu chegava a sacrificar coisas que eu gostava ou que eu queria fazer para agradar os outros. Fiquei tão sentida com a expressão que Frank fizera... Afinal, ele já havia feito tanto por mim...
Percy havia preparado um chá para nós. Sentamo-nos e ficamos lá a tarde conversando até umas sete horas.
- Bom, tenho que ir, afinal, hoje é terça, e já fugi do serviço por hoje - disse Percy.
- Tudo bem. Te vejo amanhã, então.
- O quê? Nem pensar! Tire uns dias de folga.
- Mas, Percy, eu tô bem! Juro.
- Já disse que não e é melhor não me contrariar, ainda sou seu chefe. Descanse... - ele falou, rindo bondosamente e vindo me abraçar e me dar um beijo. - Boa noite.
- Boa noite, Percy. E obrigada por tudo.
Percy sorriu e saiu. Ficamos somente eu e Frank. Será que ele não ia embora? Estava ficando com medo de não conseguir me controlar.
Frank me olhava seriamente, como se estivesse me medindo. Virei-me e fiquei o encarando lá, sentado no sofá. Ele deu um sorriso safado, levantou-se e veio em minha direção. Fiquei parada, pensando no que poderia dizer para dispensá-lo. Eu tinha vontade de ficar com ele, beijá-lo... tinha tesão por ele. Mas eu amava Gerard, gostava dele... e achava que não seria bom brincar com os sentimentos de Frank. Ou dos de Gerard, que provavelmente se sentiria ofendido de saber que passados dois dias de sua ausência eu já tinha me envolvido com seu melhor amigo.
Frank colocou sua mão em minha nuca, fazendo leves movimentos de carinho. Aquilo deu um sono... Ele levantou meu queixo com os dedos e me beijou levemente. Seus beijos foram passando para meu o rosto, meus olhos, minha testa. Foram para minha orelha dando uma mordida ou outra. Desceram para meu pescoço, onde era chupado e mordido. Foi inevitável não ter soltado um gemido ou outro. Frank me apoiou contra a parede e continuou beijando meu pescoço. Senti sua boca descer pouco a pouco e ele começar a beijar meus seios por cima da blusa mesmo. Já estava contraindo meu maxilar de prazer. Ele continuou descendo, até chegar em minha barriga. Ele estava ajoelhado. Parou de beijar minha barriga e levantou a blusa para poder beijar minha barriga melhor. Senti seus lábios em encontro a minha pele. Ele mordia, lambia, beijava... Uma hora ou outra, sentia-o esfregando sua barba por fazer em minha pele delicada, o que aumentava a paixão do momento. Ele foi sutilmente abrindo o zíper da minha calça, e, quando menos percebi, ele estava abaixando minha calça e minha calcinha, deixando-as na altura dos meus joelhos. Pude senti-lo passar um dedo levemente no meio de minhas pernas. Ele subia e descia os dedos, arrancando suspiros de minha garganta. Pude sentir sua boca se aproximando de "mim" e ele começar a me beijar lá. Sentia sua língua quente e úmida me tocando, me sugando, me amando. E aquilo estava no maior frenesi. Eu, de pé com as calças arriadas até o joelho, e ele, ajoelhado, fazendo um oral em mim. Eu segurava em seu cabelo e me contorcia.
Frank, que antes me passava um ar de ingênuo, conseguiu me enganar muito bem. Ao contrario do que eu imaginava, ele era muito safado. Enquanto me chupava, ele olhava para mim com uma verdadeira cara de... puto. Enquanto ele me chupava, sentia-o colocando um dedo dentro de mim. Foi colocando devagarzinho, deixando-me ainda mais excitada. Seu dedo foi indo e vindo lentamente enquanto ele me chupava. Logo, ele começou a acelerar o ritmo, começou a me masturbar forte, indo e vindo com força, do jeitinho que eu gostava. E, ainda por cima, me chupava vorazmente.
O apartamento estava no maior silêncio. As únicas coisas audíveis eram meus gemidos altos e a respiração ofegante de Frank enquanto ele me chupava.
Frank parou abruptamente de me chupar e me puxou para o sofá. Lá, ele me deitou e terminou de tirar minha calça. Agora eu estava apenas de camiseta. Ele me deixou deitada e voltou a me chupar. Agora estava melhor... mais confortável.
Ele era muito bom mesmo, fazendo-me rebolar uma hora ou outra, até que, com espasmos, eu comecei a gozar ali, na boca dele. Ele tirou o dedo de dentro de mim e deu uma última lambida em "mim". Começou a subir os beijos pela minha barriga, seios e beijou-me na boca. Ele sorriu, um sorriso de vitória estampado no rosto. Ele começou a tirar minha blusa e meu sutiã, deixando-me completamente nua, e a desabotoar a camisa dele, ficando com seu peito à mostra, e, mais abaixo, abaixo do umbigo, eu vi uma tatuagem.
Ele parecia com pressa. Tirava rápido suas roupa. Abriu o cinto e o zíper de sua calça e foi logo arrancando sua calça fora. Ele abriu minhas pernas e se encaixou lá. Vi-o pegando em seu pênis e posicionando na entrada da minha vagina. Não sentia mais tesão, apenas queria que ele fosse embora. Gerard não saia da minha mente, ele não merecia aquilo. Eu não queria que fosse desse jeito!
Senti-o encostar sua cabeça e senti-o empurrando pouco a pouco seu pênis para dentro de mim. Estava começando a me sentir preenchida quando o empurrei.
- Pára, Frank... - eu disse ofegante.
Frank parou e olhou para mim, sem entender o que eu havia dito.
- Por favor... - repeti. - Eu... eu não consigo...
Frank ficou sem ação.
- Por que,
? Você... você estava gostando...
- Sim, eu estava, mas... Por favor... vamos parar.
Frank olhava surpreso. Eu me levantei, peguei uma colcha que havia ali perto e cobri meu corpo. Frank ficou imóvel no meu sofá.
- Sinto muito... - eu disse baixinho, olhando para o chão. Não conseguia encará-lo.
-
, eu... eu fiz alguma coisa errada?
- Não! Não, de jeito nenhum, foi ótimo, Frank.
- Então por que,
? - Ele parecia inconformado.
- Eu... eu não tô preparada. Me desculpa, Frank.
Frank se levantou do sofá, vestiu sua calça e colocou a camisa. Ele estava agora sentado no sofá de camisa aberta com uma cara inconformada. Eu ainda estava lá de pé, olhando ele sentado. Ele parecia tão chateado... Caminhei em sua direção e sentei-me ao seu lado. Ele olhou vagarosamente para mim. Ele parecia muito chateado.
Pronto! Havia feito bosta! Mas, como sempre, não querendo magoar os outros, eu fiz uma bosta ainda maior.
- Frank, eu... eu sinto muito. Eu queria muito transar com você, mas... há muitas coisas que eu não consigo assimilar.
Frank olhou para mim e afirmou com a cabeça. No sentido de dizer "compreendo". Passei a mão por seu rosto. Ele fechou levemente os olhos. Virei seu rosto e o beijei levemente. Merda! Fiz merda! Dei esperança pra ele! Tudo por quê? Porque não agüentava ver alguém triste.
Ele deu um leve sorriso e se levantou do sofá, ainda com a barriga à mostra. Levantei-me junto, ele passou seu braço em torno de meu corpo e pude sentir o calor de seu corpo contra o meu. Ele, com a outra mão, puxou minha cabeça de encontro a seus lábios, me beijou e me soltou logo em seguida. Fomos até a porta do apartamento, onde ele se foi, não antes de me dizer adeus com um beijo e uma palavra de carinho: "te amo".
Tomei um banho e fui dormir. Custei a dormir naquela noite, pois Gerard não saia de minha cabeça, e o medo de contar a ele o que acontecera e de como eu me arrependia do que havia feito não pararam de me atormentar. Até que dormi.
Acordei cedo na manhã seguinte. Era cerca de seis e pouco, o sol batia levemente na colcha de minha cama. Tudo parecia estar na maior paz. O silêncio reinava, ou melhor, havia apenas o gorjear dos pássaros. Sentia um vazio tão grande, um arrependimento... Como pude ter feito aquilo com Frank? Como pude ter-me influenciado, ter-me deixado levar pelo momento? Pelo tesão? E Gerard? Não parava de pensar nele rindo para mim, dele acariciando meu rosto, de seus beijos, seu cheiro... Meus olhos encheram-se de água.
Sentia-me desesperada, triste, sem destino... O que faria a partir daquele momento? Será que eu perdera Gerard para sempre?
Virei-me na cama e vi, ali do meu lado, o cachecol de Gerard. Pelo jeito, não havia o visto na noite passada antes de dormir. Ele havia o deixado lá, em cima da cama. Estiquei a mão em direção ao cachecol e o puxei para perto de mim. Abracei-o como se fosse Gerard ali comigo, levei o cachecol para meu rosto e inspirei forte, sentindo o cheiro do meu amor, fazendo com que a dor aumentasse, com que a saudade me dilacerasse mais um pouco. Chorava baixinho, abraçada ao cachecol, e, uma hora ou outra, chamava por ele, como se ele pudesse me ouvir.
Passado esse momento de tristeza, eu me levantei e fui fumar um cigarro. Na verdade, foram vários cigarros. Enquanto fumava, olhava meu apartamento... e percebia que estava só. Completamente só. Ao passo que fumava, sentei-me em uma cadeira de vista à praça. Era uma manhã fria, e estava tudo tão quieto, vazio... Como se todos tivessem tirado o dia para refugiarem-se em suas casas.
Terminei de fumar. Levantei-me e vesti roupas quentes. Antes de sair, enrolei o cachecol de Gee em meu pescoço. Peguei um caderno, um lápis, meus cigarros e fui andar. Andar me ajudou, me acalmou. O vento gelado batia contra meu rosto enquanto eu andava e pensava. Passava por uma praça linda. Grande e tristonha.
Comecei a caminhar por entre as árvores que ali tinha. O vento balançava a copa das arvores e aquele céu acinzentado dava uma impressão de quase noite. Sentei-me em um dos bancos que ali havia, sentei-me onde não pudesse ser notada, onde ninguém pudesse vir e me incomodar. Sentei-me e fiquei lá, observando. Acendi um cigarro e o fumei calmamente, afinal, havia muitas horas para desperdiçar. Estava de férias!
Peguei o caderno. E comecei a folhea-lo. Havia páginas e mais páginas escritas por mim. Quando me sentia triste, eu costumava escrever, assim como faço agora. Escrevia o que pensava, o que sentia, ou escrevia a alguém. E esse alguém foi Gerard.
"Acordei pensando estar morta. Mas quando olho para o lado, vejo uma lembrança sua, e isso me trouxe dor, saudade... O que acabou me provando que eu estava viva. Nada melhor do que a dor para fazê-lo sentir-se vivo.
Ainda é manhã. O vento gélido passa por meu rosto. Fumo um cigarro, para ver se consigo me acalmar, para ver se consigo fazer as horas passarem rápido.
Incrível como a vida corre depressa. Em um punhado de minutos, formamos as horas. E em um punhado de horas, dias. Quando estou com você as horas são tão rápidas... E agora que estou só, sinto cada segundo angustiante. E, às vezes, eu sinto que é mais fácil desistir, deixar de lado o que sinto. Não por ser covarde! Mas por estar cansada de sofrer.
Sabe, eu lutei e luto tão ardentemente por algo que, no fundo, eu sinto que jamais terei. E, por isso, eu sinto que nasci para ser só, meu amor. Mas não só de espírito... de presença também. No meu espírito, eu te carrego comigo, e vejo e revejo nossa história juntos. E ainda sinto tudo... fisicamente e espiritualmente. E quando lembro de nós, eu consigo sorrir! Porque eu me pego no passado, me prendo no que eu vivi de bom. Porém eu sei que as lágrimas virão; virão porque estarei pensando no que eu poderei me transformar. E sei que o medo vai me pegar quando eu pensar no que eu serei.
Não sei por que você se foi... Ou talvez saiba.
Vivi tão pouco e já desejo não estar presente na Terra. Mas é que eu, às vezes, não consigo entender o porquê de certas pessoas existirem no mundo. Pra quê? Pra que existirem? Tem gente que acorda e vive as mesmas coisas, dia após dia, pessoas que não têm um sentido, que não tem uma inspiração. Então... pra quê?
Tenho tantas dúvidas... Como viemos parar aqui? Como conseguimos chegar a esse ponto? Como nos conformamos em viver em um mundo onde uns são felizes e outros desgraçados? Não entendo, Gerard. Não entendo muitas coisas... Inclusive o porquê de eu estar longe de você.
Você já sentiu que amou tanto uma pessoa que, quando você pensa nela, dói? Quando eu penso em você, dói. E essa dor não é física, é lá dentro. E é uma dor tão insuportável que sinto perder toda a minha sanidade"
Acabara meu cigarro e eu já estava ficando mais depressiva. Sinceramente, não sabia por que estava escrevendo aquilo para ele. Sabia que ele jamais iria ler, e que eu jamais entregaria aquilo a ele. Mesmo assim, escrevi, expus-me. Não tinha amigos para me abrir, então eu escrevia. As páginas em branco, que mais tarde eram preenchidas, eram minhas amigas, onde eu relatava toda minha dor. Entre uma carta ou outra, eu escrevia frases sem nexo.
Acendi mais um cigarro e li e reli o que havia escrito. Encostei-me em uma árvore e fiquei observando-as, uma a uma, até ver alguém em cima de uma delas, deitado em um dos galhos, encostado no tronco. Parecia estar adormecido, mas percebi que não, pois via que, em sua mão, saia fumaça, o que indicava que ele estava fumando.
Tentei ver como era essa pessoa, mas não conseguia. Era um homem, de óculos escuros, com roupas grossas de inverno. Estava todo de preto. E era extremamente pálido. Vi-o levando o cigarro aos lábios, tragou suavemente e, logo em seguida, expirou a fumaça cinza de seu cigarro. Parecia pensativo, solitário... Não conseguia tirar os olhos dele. Estava hipnotizada.
Acendi mais um cigarro e fiquei observando-o. Na verdade, fiquei na esperança de que ele me visse, me reparasse. Mas, pelo jeito, nem ao menos havia me visto. Até ele se mover, lentamente. E, com uma graciosidade e leveza, ele saltou da árvore. Desceu dela com apenas um salto; um salto que o fez parecer ser tão leve quanto uma folha.
Estava batendo o pó de sua roupa enquanto segurava o seu cigarro em sua boca. Levantei-me lentamente, inconscientemente. Ele foi seguindo seu rumo, andando devagar e despreocupadamente olhando para o chão. Meu coração estava disparado. Só podia ser...
- Gerard! - gritei. Só podia ser ele.
O estranho nada disse, apenas parou onde estava. Fiz o mesmo. Este virou-se lentamente, fitando-me, ainda de óculos escuros. Tirou seus óculos e pude ver aqueles olhos que, naquele dia, estavam extremamente verdes. Seus olhos estavam tristes. Os meus encheram-se de lágrimas. Ele não se moveu, continuou lá, parado, me olhando.
Fui caminhando em sua direção lentamente. Eu me sentia como uma criança estúpida indo em direção a um amor platônico, que jamais se realizaria. Caminhava trêmula em sua direção, com a respiração ofegante, coração acelerado, olhos úmidos. Parei em sua frente, fitando-o séria. Ele olhava para mim como se não me reconhecesse, ou melhor, demonstrando não sentir nada. Estiquei minha mão e toquei seu rosto. Seu rosto pálido estava tão gelado quanto minha mão. Ele não reagiu ao toque, apenas continuou lá, quieto, fitando-me. Ele não me fitava diretamente nos olhos.
Senti meu rosto ficar quente, e lágrimas se acumularem em meus olhos, até que uma delas apenas deslizou pelo meu rosto. Olhei para baixo, não mostrando a ele as lágrimas que inevitavelmente vieram.
Ele, delicadamente, levantou meu rosto, segurando-o pelo queixo, tão delicado que mal senti o toque de seus dedos. Mesmo assim, fechei meus olhos, tentando absorver o calor, a vida dele para mim, como se aquele pudesse ser o último toque dele.
Ele nada disse. Apenas tirou as mãos de meu rosto, virou-se e foi caminhando lentamente, como se tivesse todo tempo do mundo.
Comecei a chorar incontrolavelmente, soluçando baixinho, no meio da praça, entre as árvores que me faziam sentir-me ainda mais triste, mais só. Chorava, mas, mesmo assim, disse baixinho, quase sem esperanças de que ele pudesse me ouvir, disse sussurrando:
- Te amo tanto...
Ele parou novamente e ficou lá, de costas para mim. Eu ainda chorava, mas olhava para ele, esperando-o dizer ou fazer alguma coisa. Ele virou-se lentamente para mim, e vi que ele estava chorando também, chorando baixinho. Ele olhava para mim e chorava, chorava como uma criança.
Então, ele veio caminhando rapidamente em minha direção, com os cabelos bagunçados pelo vento e os olhos vermelhos. Esperava que ele me abraçasse e me beijasse, mas ele não o fez. Pegou em meus ombros e me chacoalhou.
- Você me ama,
? Me ama realmente? - Ele me olhava com um olhar furioso, desacreditado.
- S-sim.
Ele ficou quieto, olhando-me, analisando-me, medindo-me.
- Eu não me entendo,
, não consigo. Não paro um instante sequer de pensar em você.
Nessa hora, senti como se houvessem tirado um fardo de minhas costas.
- Eu... eu nem sei por que fui dar ouvidos a Suzan... ou nem sei por que fui me importar com o seu passado... ou com que os outros vão pensar de mim, de nós.
Ele me puxou e me abraçou forte, e, novamente, senti vida correr pelo meu corpo. Senti o calor, o sangue em minhas veias. Ele sorriu, um sorriso meigo e sincero, que encheu meu coração de alegria. Sentia-me flutuando. Olhava-o como se tivesse o esquecido. Seus olhos avermelhados por causa das lágrimas, seus lábios, seu nariz, seu rosto, seu cabelo... até seu cheiro.
- Não me deixa, Gerard! Eu não vou agüentar...
Ele sorriu e me beijou. Seu beijo foi gentil, carinhoso. Ele tinha tanto a dar, e eu recebia tanto... Porém eu tinha tão pouco para dar. Sentia-me indigna de estar com ele. Talvez ele não me merecesse.
Fomos logo em seguida para o meu apartamento. Sentia-me numa calma extrema. Sentia-me numa paz. Nada mais me assustada quando eu estava com ele.
Fechei a porta e virei-me para fitá-lo. Ficamos naquele momento por alguns instantes, até ele se aproximar de mim, pegar minha mão e me levar para o quarto. Tiramos as blusas de frio e os sapatos. Sentamo-nos na cama, com as pernas cruzadas, um de frente para o outro.
Gerard colocou sua mão levemente na minha cintura e me puxou para um beijo carinhoso. Logo em seguida, tirou minha blusa, levantando meus braços. Ainda estávamos sentados, eu agora estava de sutiã e calças. Aproximei-me dele e desabotoei sua camisa lentamente. Beijei seu pescoço, seu peito, fazendo ele deitar-se lentamente. Ele me puxou e me virou, ficando por cima de mim. Ele abriu minha calça e a tirou. Arrancou meu sutiã fora e beijou lentamente meus seios, variando entre lambidas e mordidas, arrancando gemidos do fundo de minha garganta. Ele foi subindo seus lábios até chegar ao pé do meu ouvido, onde dizia coisas lindas, sussurrava, respirava forte. Abaixou minha calcinha e me acariciou lá, deixando-me louca de tesão por ele. Ele estava por cima de mim, até que se afastou para abaixar sua calça e sua cueca. Ele ficou de pé, ao lado da cama, nu. Contemplei aquele corpo lindo e gracioso, desejando-o com todo o meu ser.
Estiquei minha mão e toquei em sua barriga rente. Fiquei de joelhos na cama e comecei a beijá-la, passando minha língua por seu umbigo, subindo em seus mamilos, mordendo-o, lambendo-o, arrancando sussurros e gemidos baixinhos dele.
Ele ainda estava de pé, e eu de joelhos na cama, beijando sua barriga. Beijei sua boca avidamente, mordi seu pescoço e sussurrei em seu ouvido "como eu te quero... você é só meu".
Peguei em seu pênis enquanto o beijava na boca. Comecei a masturbá-lo. Ele gemia durante nossos beijos, gemia com a boca colada a minha. Voltei a descer minha boca pelo seu corpo esguio. Já estava louca de desejo por ele. Cheguei a altura de seu umbigo e lá fiquei beijando, mordendo, apenas escutando como seu corpo reagia ao meu toque. Olhei para cima e o vi, com os olhos semi-cerrados, fitando-me, com uma cara de puro tesão. Ri safadamente e desci minha boca pouco a pouco. Quase chegando ao seu pênis, senti Gerard prender a respiração, esperando eu finalmente abocanhá-lo. Coloquei minha língua para fora e, ainda segurando seu pênis, lambi sua cabeça rapidamente. Gerard gemeu alto e segurou com força meus cabelos. Com a língua ainda, passei-a desde a base do seu pênis, subindo lentamente até sua cabeça, onde eu lambia em movimentos circulares.Fui colocando-o dentro de minha boca pouco a pouco, sugando-o lentamente, arrancando gemidos de Gerard. Enquanto o chupava, olhava fixamente para sua cara. Uma hora ou outra, ele me fitava, dava um sorriso safado e empurrava minha cabeça de encontro a seu pênis. Comecei a acelerar o ritmo, chupando-o com força. Gerard começou a segurar os gemidos altos. Chupava-o com gosto, uma hora ou outra passando os dentes levemente. Revezava entre o rápido e o lento. Parava às vezes, e apenas o masturbava, logo, chupando-o vorazmente, querendo-o só para mim.
- Ahh...
... - Gerard começou a dizer, segurando com força meus cabelos, demonstrando que logo gozaria.
Apenas o encarei, com seu pênis ainda em minha boca. E sorri. Ele entendeu o recado e relaxou. Comecei a chupá-lo e masturbá-lo, com força, até sentir ele me puxar para perto de seu pênis. Abri a boca e continuei a masturbá-lo, esperando seu gozo. Vi Gerard contrair seu maxilar e senti, quente e pegajoso, seu gozo em meus lábios e minha língua. Continuei masturbando-o e chupando sua cabeça, tirando tudo o que ele tinha para me dar. Ele segurava os cabelos da minha nuca e gritava de prazer. Lambi-o todo, não deixando nenhum vestígio de seu gozo. Terminado, fiquei de joelhos, a sua altura, fitando-o e rindo. Ele me puxou e me beijou calorosamente, arrancando meu fôlego.
- Como você é safada,
- disse ele, com cara de deboche - Eu te amo.
Ele nem ao menos me deu a chance de dizer que o amava também. Beijou-me vorazmente, passando a mão pelos meus seios. Deitou-me na cama e continuou a beijar minha boca, desceu para os seios, mordiscou-os e lambeu-os. Desceu sua mão, passando por meus seios, estômago e umbigo. Descia levemente seus dedos, tão suavemente que mal podia senti-los em minha pele, provocando-me arrepios constantes. Foi descendo até chegar ao meio de minhas pernas. Ele abriu-me lentamente com seus dedos e ficou alisando-me lá. Seu dedo subia e descia lentamente.
- Tá toda molhada... - dizia ele, fazendo uma cara de safado. - Pedindo, não é? Você está louca de tesão, não está? - perguntava ele no meu ouvido. Eu nada dizia, apenas confirmava. - Louquinha pra que eu te penetre, não está,
? - ele continuava falando, enquanto mexia mais forte no meu clitóris.
- Aham...
- Pois bem. Você vai ter o que quer.
Gerard colocou dois dedos dentro de mim. Com força, ele começou a me masturbar, sem dó nem piedade. Gemia alto, alto demais até. Segurava em sua cintura, puxando-o para mais perto de mim. Queria senti-lo todo. Gerard parou subitamente, fazendo com que eu soltasse um gemido de protesto. Queria que continuasse.
- Paciência, minha gostosa. Tudo a seu tempo.
Gerard tirou seus dedos de dentro de mim e se encaixou no meio de minhas pernas. Ele puxou minhas pernas para o lado, fazendo-as ficarem bem abertas. Gerard pegou seu pênis e colocou apenas sua "cabeça" na entrada da minha vagina. Aquilo me fez contrair de tesão, e, com uma rapidez inesperada, ele me penetrou de uma só vez, fazendo-me me contrair de tesão e gemer alto. Ele não se mexeu. Apenas me penetrou fundo e ficou parado me olhando sorrindo. Então, ele pegou em minha cintura e começou a me puxar de acordo com o movimento de seu quadril. Ele me penetrava com força, arrancando gemidos altos e fazendo a cama balançar sem parar. Ele ia e vinha numa velocidade incrível. Estava sendo realmente uma máquina de sexo, no qual eu estava aproveitando ao máximo. Arranhava suas costas, enquanto o puxava a meu encontro, chamando-o e pedindo mais. Ele me provocava constantemente, às vezes, tirando quase todo seu pênis e me penetrando com tudo e com força.
-
, vamos mudar... - disse ele, já me puxando e me levantando. - De costas, honey.
Fiquei de costas, ele me deixou de quatro.
- Empina bem,
.
Senti seu pênis encostando em mim e ele me penetrando novamente. Desta vez, senti mais ainda. Gemia alto, quase gritando de prazer, enquanto ele ia e vinha sem parar, segurando em minha cintura e, uma hora ou outra, dando um tapa na minha bunda. Aquilo me excitou... e como! Gerard estava terrivelmente selvagem naquele dia, me possuía com uma força e um tesão. Estava apoiada nos cotovelos, quando ele puxou meu cabelo da nuca e virou minha cara para ele.
- Olha pra mim, e geme alto... alto e gostoso.
Sorri pra ele e gemi. Gemi olhando para a cara dele. Com aquilo, ele começou a vir com mais força e começou a gemer também. Aquele vai e vem insaciável começou a me fazer querer gozar.
- Gee... Ah... Ai, Gee...
Nessa mesma hora, Gerard parou de me penetrar. Olhei para ele sem entender. Estava quase chegando ao clímax e ele simplesmente parou? Ele sorriu e me beijou. Deitou-me novamente e abriu minhas pernas. Beijou minha boca e sussurrou em meu ouvido:
- Quero sentir o gosto do seu gozo,
Aquilo me excitou demasiadamente!
Ele abaixou-se à altura de minha virilha e me lambeu. Começou a me chupar com força, mordiscando levemente e até mesmo me penetrando com o dedo. Não demorou muito e o gozo veio. Contrai-me toda na boca de Gerard, gozando. Senti-o me lambendo com força logo depois de ter gozado, "bebendo do meu gozo".
Gerard levantou-se e me beijou. Vi que ele ainda estava excitado, então, sem ele pedir, sentei em cima de seu pênis. Sentei em seu colo e fui descendo devagarzinho, deixando ele me penetrar lentamente. Ele gemeu baixinho. Comecei então a ir e vir, subir e descer. Foi uma verdadeira cavalgada. Meus seios, por causa do movimento brusco de subida e descida, moviam-se rápidos. Gerard agarrava-os e apertava-os, arrancando gemidinhos meus enquanto eu trepava nele.
Gerard, uma hora, parou e disse:
- Ah,
... Quero gozar de novo...
- Então goza, Gee, goza dentro de mim... Porque eu sou sua.
Aquelas foram as palavras-chave. Gerard segurou em minha cintura e apertou-a com uma força esplendorosa. Ele gemia alto, enquanto eu ainda trepava devagarzinho em seu pênis, sentindo-o gemer e se contorcer. Desmontei dele, tirando seu pênis de dentro de mim, todo melado por causa de seu gozo. Gerard pareceu não se importar. Na verdade, nem eu. Deitamo-nos e ficamos abraçados, nos esquentando. Era uma manhã fria perfeita agora. Entregara-me a pessoa que eu mais amava no mundo.
- Te amo mais que a vida - eu disse para ele.
Ele sorriu e me beijou na testa.
- Eu também... meu amor.
Deitei, encostando minha cabeça em seu peito. Gerard começou a afagar meus cabelos, fazendo-me ficar sonolenta. Pouco a pouco, adormeci, aquecida pelo meu amor, sonhando... sonhos sem importância. Porque o que eu mais queria e sonhava já estava sendo realizado: o amor.
CAPÍTULO XXV - "What more can I do?"
(O que mais eu posso fazer?)
Ao contrário do que imaginei, não dormi tão bem quanto esperava. Não, tive sonhos estranhos, que sempre me perseguiam, sonhos em que Frank me perseguia, me perseguia sempre cobrando, cobrando o que lhe havia prometido.
E, então, repentinamente, Gerard aparecia, perguntando o que estava acontecendo. Eu nada dizia, só chorava, então Frank esclarecia tudo a Gerard, inventando mentiras e me difamando contra Gerard. Este novamente me olhava com aquele mesmo olhar do dia em que Suzan fora em meu apartamento. Um olhar de repulsa e ódio. Então, Gerard simplesmente ia embora, deixando-me sozinha com Frank, e este tentava me abraçar e pedir "eu quero o que você prometeu, dê-me!", e eu gritava desesperada por Gerard.
Acordei sendo levemente sacudida por Gerard.
- Calma,
, foi apenas um sonho.
Tinha lágrimas em meus olhos e não conseguia parar de chorar.
- Calma, meu amor, eu estou aqui, nada importa agora.
Aquilo não me ajudou muito, ao contrário, deixou-me ainda mais preocupada. Como falaria para Gerard o que havia feito com Frank? E Frank, como diria a ele que sempre amara a Gerard, que sempre o desejara, que ele não passou de um momento de carência? Como eles se tratariam perante mim? Poderia perder a ambos... ou pelo menos destruir a amizade deles? E quem sabe a banda?
Não! Não queria isso! Estava desesperada, dando-me conta do tremendo erro que havia cometido. Mas como lidar com isso? Gerard me perdoaria mais uma vez? E Frank aceitaria minha escolha? Sairia da banda? Deixaria de ser amigo de Gee?
Gerard me abraçava, mas eu estava indiferente, absorta em meus pensamentos. Sai da cama, deixando-o lá a me olhar. Peguei meu maço de cigarros e acendi um, fumando em sua frente, ainda nua. Gerard encostou na cama e ficou me observando, e só de olhá-lo, eu senti que o amava imensamente, que em tudo ele me cativava, que eu amava cada gesto e olhar dele. Que simplesmente perdê-lo de novo me levaria à loucura. Ele me encarou sério.
- Tudo bem,
?
Encarei-o, exalei a fumaça do cigarro e acenei com a cabeça.
- Foi só um pesadelo - eu disse. Quem dera o fosse.
- É... apenas um pesadelo. Volta pra cama.
Sorri.
- Que foi, hein,
? Você está triste, eu vejo isso em seus olhos.
- Não é nada, Gerard. - Deixei o cigarro no cinzeiro e dirigi-me para a cama, onde me sentei do lado dele. - Gerard... - sussurrei.
- Hum... - ele murmurou de olhos fechados.
Virei-me e aproximei-me de seu ouvido, onde sussurrei novamente:
- Não importa o que aconteça, lembre-se que eu te amo e sempre amarei... mais do que tudo.
Gerard abriu lentamente os olhos e fitou-me, encarando-me profundamente. Puxou-me e beijou-me avidamente. Separamo-nos e ficamos nos encarando em silêncio, até ele quebrá-lo:
- Te amo,
, amo tudo que há em você. Você é parte de mim agora.
Sorri e beijei-o novamente. E foi então que descobri que a única certeza que tinha em minha vida era que queria Gerard e o amaria até o fim... Até o fim de tudo.
Voltamos a fazer amor. Fizemos um amor gostoso e calmo, onde as carícias e as palavras de afeto eram mais importantes do que tudo. Gerard me teve lentamente, calmamente... me possuiu com carinho, até eu chegar ao meu ápice de prazer. Logo depois, fomos tomar banho juntos. Ficamos horas de baixo do chuveiro, apenas conversando e nos beijando, fazendo planos e sonhos. Deviam ser cerca de três da tarde, estávamos famintos e o frio ainda persistia.
- Pizza?
- Sem pizza pra mim, obrigado!
- Fresco...
- Sou mesmoooo!
- Então o quê?
- Ah... sushi?
- Não creio... que você gosta de sushi!
- Ué, é bom, oras!
- Ok, sushi. Por telefone?
- Uhum, tá frio demais.
- Ok, você liga.
- Ah, que preguiça!
- Você quer sushi, você liga!
- Você só esqueceu de um detalhe, meu amor. Você não tem telefone.
- Putz!
Caímos na gargalhada.
- Okay - eu disse. - Eu desço e ligo de um orelhão.
- Que bonito!
- Palhaço.
- Gostosa.
- Você apela!
- Eu te quero...
- Ai, fica quieto, Gerard. - Dei-lhe um beijo.
Coloquei uma roupa qualquer, peguei minha carteira e um cartão telefônico.
- Pobre é foda - eu disse rindo.
- Só um pouquinho.
- Quer mais alguma coisa?
- Como assim?
- Ué, eu perguntei se você quer que eu compre mais alguma coisa!
- Você acha que eu vou deixar você ir sozinha?
- Gerard, é aqui do lado!
- Não importa. E se te seqüestrarem?
- Você tem problemas!
- Não, não, nem um pouco.
Gerard já se levantava e punha a cueca, logo seguido de sua calça.
- Você é tão sexy - eu disse, admirando-o.
- Você acha? - ele perguntou, dando um sorriso safado. - E assim? - Ele colocou o dedo na boca, fazendo uma cara sexy.
- Nossa, mais ainda! - respondi, aproximando-me dele. - Desse jeito, eu não saio de casa.
- É, se não fosse o sushi, eu transava com você de novo.
- Pois é, parece uma máquina de sexo! - Eu ri.
- Só com você.
Ele pôs a blusa e calçou os sapatos.
- Vamos?
- Vamos, amor.
Saímos juntos, abraçados. Nunca me senti melhor em toda minha vida. Senti-me protegida e amada. Encarava a todos que passavam por nós com o maior orgulho por estar ao lado da pessoa que amava. Fomos ao orelhão mais perto, de onde Gerard ligou, e compramos ali mesmo algumas garrafas de cerveja e um maço de cigarros. Não demorou muito, voltamos para casa em quinze minutos. Gerard levou as coisas na cozinha e voltou. Ficou parado, olhando para a sala.
- O que foi? - perguntei.
- Hum, tô pensando...
- Percebi.
- Boba. - Ele me mostrou a língua.
- Sou, é?
- Não, você sabe que não - ele disse rindo.
- Então, o que é?
- Tô pensando em como deixar aqui mais confortável ainda.
- Aff...
- É sério! - Gerard olhou pela sala e saiu, em direção do quarto.
Ele voltou, trazendo o colchão do quarto.
- Não acredito nisso - falei.
- Confortável - disse ele, fazendo um esforço tremendo para trazer o colchão enorme que eu tinha no quarto.
Ele o pôs no centro da sala, em cima do tapete fofo que eu tinha. Voltou para o quarto e trouxe os travesseiros e mais um monte de edredons.
- Assim eu durmo, Gerard!
Ele apenas me olhou e sorriu. Como ele era lindo! Ele deixou o sofá como apoio das nossas cabeças e ajeitou a cama.
- Pronto - ele falou meio ofegante. - Confortável.
- Ainda dá pra deixar mais confortável, Gee...
- É? Como?
- Tirando as roupas. Eu me sinto muito mais confortável quando tô pelada, sabia?
- Sério? - perguntou ele, tirando a blusa.
- É.
- Nossa, e pensar que eu perdi isso. Adorei a idéia,
. Não é que eu tô começando a me sentir mais confortável?
Ri. Como ele era sarcástico... e gostoso.
Ele tirou todas as peças da parte de cima e os sapatos, ficando apenas de calça e meia. Uma verdadeira visão do paraíso.
- E você? Não vai ficar mais à vontade, não?
- Não sei... - eu disse, rindo. - É que me dá uma preguiça...
Ele se aproximou de mim e me deitou no colchão.
- É mesmo?
- Uhum.
- Que coisa, não? - disse ele, começando a abrir o botão da minha calça.
Suspirei alto e o encarei. Ele sorriu e continuou a abrir minha calça. Abriu-a e abaixou-a lentamente, junto com minha calcinha. Começou a abrir o zíper da minha blusa de frio e a tirou também. Fiquei só de blusinha. Gerard beijou minha boca com força, tirando-me o fôlego. - E agora? Tá mais confortável?
- Muito... - murmurei.
Gerard abaixou-se e "me" beijou. Abriu-me com sua língua e começou a me chupar com força. Estava muito bom... Eu gemia baixinho, enquanto passava a mão em seus cabelos e, ora ou outra, chamava por seu nome. Eu me contorcia em sua boca, querendo mais, querendo senti-lo mais. Querendo-o.
- Gerard... - sussurrei.
- Hum... - ele respondeu, ainda me chupando e olhando para cima, encarando-me com aquela cara de safado.
- Eu sei que já fizemos bastante, mas... faz amor comigo de novo?
Vi Gerard sorrir e levantar-se com tudo até meu rosto e beijar meu pescoço. Vi que ele abria sua calça com pressa e abaixava sua calça e cueca. Ele nem se deu ao trabalho de arrancá-las. Ele me puxou pela cintura e se encaixou entre minhas pernas. Eu estava ofegante, esperando-o ansiosa.
- Posso,
?
Nem respondi, apenas o puxei contra mim. Ele se encaixou entre minhas pernas e foi me penetrando lentamente, fazendo-me senti-lo entrar em mim, fazendo-me senti-lo penetrar pouco a pouco, sentindo sua carne de encontro à minha. Fui soltando um gemido abafado e suplicante. Um gemido pedindo mais, esperando mais, querendo mais. Gerard pôs "ele" todo dentro de mim, bem fundo, e gemeu junto comigo, encarando-me e mordendo os lábios inferiores. Começou devagarzinho, entrando lentamente em mim e tirando com tudo, tirando e colocando, num movimento ritmado. E eu apenas lá, curtindo, gemendo e o puxando para mais perto. Gerard começava a vir forte, a me fazer gemer alto, quando a campainha tocou.
- Droga! - murmurei.
Gerard pareceu não dar ouvidos, continuou a entrar em mim, continuava a me penetrar com força.
- Gerard, pára... a campainha...
Ele não dizia nada, apenas continuava e me puxava. Aquilo estava me deixando mais louca de tesão. Não queria parar, mas tive. Empurrei-o levemente.
- Pára, amor.
Gerard olhou para mim e me beijou, pouco se importando com meu pedido.
- Eu não consigo,
- disse ele, sussurrando no meu ouvido e continuando o movimento.
A campainha tocou mais uma vez.
- Já vai! - gritei.
Empurrei-o. Ele se separou de mim meio ofegante, levantou-se e fechou a calça.
- Deixa que eu abro - disse ele.
Era a entrega do sushi. O que mais poderia ser? Gerard fez questão de pagar, deu a gorjeta e fechou a porta. Fiquei ainda deitada na cama, no meio da sala, do mesmo jeito que estava há poucos instantes.
- Sua tarada - disse Gerard. - Vamos comer, vamos? Fica assim desse jeito. Parece que você só pensa em sexo!
- Olha quem fala, né?
- Eu? Eu nem penso nisso, nem sei como faz direito. - Ele riu, aquele mesmo sorriso sarcástico que antes odiava e que agora eu apreciava e adorava.
Levantei-me e pus minha calcinha, ficando apenas de calcinha e blusinha. Peguei o pacote que estava em suas mãos e fui para a cozinha. Estava na pia, lavando os copos, quando o senti atrás de mim, segurando em minha cintura e me beijando o pescoço.
- Te amo... - ele disse baixinho no meu ouvido.
Aquilo me deu um arrepio. Apenas fechei os olhos e assenti.
Sentir seu calor... seu cheiro... seu gosto... seu amor... O que mais eu posso querer? O que mais eu posso fazer para resistir a seu amor?
CAPÍTULO XXVI - "And we can settle this affair..."
(E nós podemos acertar este caso...)
Ficamos o dia todo juntos, e nunca me senti tão próxima dele quanto naquele dia.
- Onde você se meteu, Gerard?
- Como assim?
- Depois que nós brigamos.
Gerard permaneceu em silêncio por alguns instantes, então disse:
- Eu sou um idiota,
, eu fui pra Neward, precisava ver minha avó. Geralmente, é ela quem consegue me acalmar e aconselhar.
- Hum... e o que ela te disse?
Gerard simplesmente sorrira, aquele sorriso meigo e ingênuo.
- Que eu estava fazendo uma tempestade num copo d'água, que se eu te amasse de verdade, não ligaria para o que os outros diriam... e não me importaria com o teu passado.
Gerard segurou em minhas mãos, virando meus pulsos para cima. Ele fitava as feias cicatrizes que a tentativa de suicídio deixara. Marcas profundas e inapagáveis. Delicadamente, passou os dedos por sobre minhas antigas feridas e beijou-as suavemente.
- Não me importo mais com o que te levou a fazer isso,
, não importa agora. Eu te amo. E agradeço aos céus por ter te dado mais uma chance de vida e por ter me dado a chance de te conhecer, porque eu te quero.
Fiquei imóvel e muda, fitando-o. Inevitavelmente, lágrimas se acumularam em meus olhos.
- Oh, Gerard, não sei se te mereço. - As lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto.
- Não diga isso,
. - Ele levantou meu queixo, fazendo-me fitá-lo. - Você não pode dizer isso. Sabe, eu também não fui um cara muito bom.
- Não é isso, Gerard. Eu... eu não me importo com mais nada quando estou com você, E talvez... você seja bom demais pra mim.
- Hum... e você também é boa demais pra mim, meu amor. E me arrependo de não ter feito antes.
- Feito antes? Do que você tá falando, Gerard?
- Sabe,
, eu sempre fui um cara muito vadio - disse ele, com um sorriso maroto nos lábios. - Pra mim, mulheres eram apenas divertimento, e como um dia mesmo o Mikey disse... eu, muitas vezes, nem me dava ao trabalho de saber o nome delas. Pra mim, tudo se resumia em sexo.
Ele permaneceu um tempo em silêncio, olhando para o vazio, como se refletisse sobre tudo o que dissera.
- Eu sinceramente acreditava que mulher alguma poderia me oferecer mais do que prazer... até eu te encontrar. - Esta última frase, ele disse num sussurro lânguido. - Eu... eu nunca namorei sério. O meu rolo mais longo foi de uns dois meses. Não mais do que isso, porque nenhuma mulher fez diferença na minha vida. - Ele parou, encarando e sorrindo em seguida. - Você deve estar se perguntando o que isso tem a ver com o que eu quero te falar, né?
Sorri. Realmente, não sabia o que ele queria dizer com aquela história, o que ele tinha para me contar.
- Bom... eu vou ser direto,
: eu quero ficar com você pra sempre, te mostrar pra todos, mostrar a todos que só há você em minha vida, que eu só quero você... mais ninguém.
Será que aquilo queria dizer...
- Eu quero ficar com você,
, quero namorar com você. Não quero ficar com você escondido, com medo do que os outros vão pensar ou deduzir de nós. Eu quero viver uma vida com você... nossas vidas!
Permaneci em silêncio, não crendo no que estava ouvindo. Ficar com Gerard até o fim? A felicidade invadiu meu coração. Sorri e o abracei. Senti seus braços me envolverem e ele acariciar meus cabelos.
- Aceito, Gee, aceito ficar com você. Aceito ir ao inferno com você se precisar.
- Que bom, meu amor.
Alguns dias se passaram e eu já estava na ativa. Voltara a meu serviço, com a maior das correrias. O CD fora lançado. Acho que fora o trabalho mais rápido que nós, da EyeBall Records, havíamos lançado. Mas, em verdade, o mais difícil estava por vir. Fazer a propaganda, propagar o nome da banda pela cidade a fora... quem sabe, pelo mundo a fora, seria o mais difícil. Infelizmente, My Chemical Romance não tinha nenhuma base, não tinha ninguém para recomendá-los, não tinham dinheiro para propaganda, não tinham produtor. Não tinham nada. Não havia dúvida de que a gravadora havia se arriscado e muito em ter aceitado fazer um CD para eles. O futuro deles, para muitos da gravadora, já estava certo. Mas eu ainda tinha esperança.
A resposta veio depois de pouco tempo. My Chemical Romance estava bem, não o suficiente, mas estava conquistando um pequeno espaço, tocando em garagens ou fazendo pequenos shows aqui e ali.
Um telefonema para EyeBall, do agente de uma banda chamada "The Used", que ouvira as músicas do MCR na Internet, onde nós, da gravadora, havíamos colocado. Ele havia se interessado e estava disposto a abrir espaço para o My Chemical fazer um show junto com o The Used. A oportunidade perfeita.
Entrei imediatamente em contato com Gee para contar-lhe as novidades. Claro que a alegria e euforia de todos foi esplendorosa. E eu fiquei muito feliz. Gerard ficou mais feliz ainda quando soube que o produtor estaria vindo para conhecê-los pessoalmente.
- Putz... isso merece comemoração!
Naquele mesmo dia, Gerard resolveu comemorar, chamando a todos para seu apartamento, se é que iriam todos caber lá...
Sinceramente, não estava no clima de ir a uma festa. Não por Gerard, mas sim por ter que encontrar com Frank. Ele tentara me ligar nos últimos dias na gravadora, mas eu nunca estava disponível, ou assim o fazia pensar. Não sabia até quando eu continuaria com esse jogo. Mais cedo ou mais tarde eu tinha que abrir o jogo ou com Gerard, ou com Frankie. De qualquer forma, o encontro seria hoje à noite. Gerard queria me buscar, mas eu não o deixei. Não havia cabimento ele querer me buscar, afinal, para os outros, não éramos nada.
A "festa" fora marcada para cerca das oito da noite em diante. Cheguei em casa, me arrumei, fumei alguns cigarros para matar a ansiedade, enfim, fiquei dando um tempo, tentando pensar no que poderia acontecer naquela noite... Talvez perder Gerard... ou perder a amizade de Frankie. Ou fazê-los brigar, ou acabar com a banda... Deus! Onde estava me metendo? Quanto mais pensava, mais desencorajada estava para sair de casa e ir aquela festa... ou seria massacre?
Eram oito e quarenta e cinco, e eu estava indecisa sobre que atitude tomar. Estava sentada no sofá, pensativa, quando tomei um susto. Alguém acabara de bater na porta. Dei um pulo ao ouvir a porta sendo batida. Levantei-me e fui em direção à porta. Lá vi Gerard ansioso. Abri a porta e o encarei assustada.
-
! O que aconteceu com você? Eu estava te esperando. Aconteceu alguma coisa?
- Ah, não...
- Por que demorou tanto? Fiquei preocupado e vim aqui ver se você já tinha saído. Mas como pude ver...
- Desculpa, Gee, eu... perdi a hora. Nem vi que horas eram.
Ele foi logo entrando e fechando a porta.
- Tá tudo bem? - Ele me media meticulosamente.
- Tá... - Sorri sem graça.
- Por quê?
- Você parece... nervosa.
- Eu? Não, eu só estou... excitada pela conquista de vocês. - Sorriso forçado.
- Tem certeza? - Definitivamente, ele não parecia conformado.
- Tenho, Gee. Que marcação!
- Calma,
, eu... Desculpa! - disse ele, abraçando-me forte e beijando meu pescoço. - Eu quero que você esteja ao meu lado, porque hoje é um dia muito especial pra mim, sugar.
Abracei-o forte, apertando seu corpo junto ao meu. Ele se afastou de mim, sorrindo.
- Vamos indo? Afinal, essa noite... faço parte do centro das atenções.
Sorri e afirmei. Saímos logo em seguida, e lá fora estava estacionada a velha van deles. Subimos e fomos à seu apartamento. Não demorou muito e chegamos. Ele estacionou a van, desligou-a e virou-se para me fitar. Ele estava meigo e lindo, sorrindo, demonstrando toda felicidade que tinha. Será que eu seria a causadora de sua tristeza em breve? Ele me puxou e me beijou carinhosamente, segurando em meu pescoço, fazendo carinho nele, beijando-me e encarando-me.
- Você é linda,
, e eu te amo. - Sorri. Como o queria pra mim!
Continuei imóvel, encarando-o, torcendo para que aquele momento não acabasse e eu não tivesse que descer daquele carro. Gerard lentamente abriu a porta da van e me fitou.
- Vamos?
Senti um frio no estômago, e minhas pernas começaram a tremer. Acenei com a cabeça. Abri vagarosamente a porta da van e desci. Estava trêmula, minhas pernas pareciam duas varas bambas. Gee veio a meu lado e me abraçou, ainda sorridente e me guiou prédio adentro.
Chegamos a seu andar. Deus! Ia ter um ataque de ansiedade! Não estava me agüentando! Gerard estava direcionando a palavra e eu nem ao menos o escutava, apenas concordava ou sorria. Ele abriu a porta de seu apartamento e me fez entrar. Havia várias pessoas lá, o apartamento estava com um som alto e via-se a maioria do pessoal já semi-bêbado. Olhei ao redor para ver se encontrava Frank. Nada. Gerard veio logo atrás de mim, abraçando-me pela cintura e apresentando-me a todos seus amigos. Apresentando-me como sua namorada! E foi então que eu o vi. Frank estava com Mikey, rindo e bebendo. Aquele sorriso infantil dele, meigo. Isso me deu um aperto no coração. O que você fez,
, sua idiota?! Ele levantou seu copo de bebida a sua boca e, nesse instante, virou-se em minha direção. Nossos olhos se encontraram e vi uma certa alegria no seu olhar ao me ver. Fiquei estática, olhando-o. Vi que, logo em seguida, seus olhos pararam na mão que abraçava a minha cintura. Vi-o seguindo o olhar, até deparar com o rosto de Gerard. Vi o desapontamento imediato em seu rosto. Depois disso, Frank virou-se e fingiu se concentrar no que Mikey dizia. Ele estava sério e absorto em seus pensamentos. Nem deveria me perguntar, mas o que ele estaria pensando?
Sentia-me culpada, a pior pessoa do mundo. Em verdade, nem consegui dar a atenção desejada a Gerard. Não conseguia beijá-lo lá e nem mesmo ter uma conversa decente com ele.
Frankie nos observava discretamente. Certas vezes, nem mesmo disfarçando a sua inconformação a respeito disso. Não conseguiria viver desse jeito. Precisava falar com Frank. E com um impulso desconhecido, pedi licença a Gerard e fui em direção a ele. Frank Iero. Cheguei perto de Frankie e ele estava virando mais um copo de bebida. Ele me olhou com o olhar zonzo. Estava começando a se embebedar, isso doeu meu coração.
- Frank...
Ele me fitou e sorriu. Sarcasticamente, eu diria.
- Sim,
?
- Frank, eu... nós precisamos conversar.
- Não é preciso,
, eu já vi tudo.
- Eu sei, Frank, mas isso não é o suficiente. Não para mim... e creio que não é pra você.
- Talvez não,
... - disse ele pensativo - Mas eu não posso fazer a nada a respeito, posso?
Fiquei calada, olhando para baixo, sem realmente ter o que dizer.
- Mas não se preocupe - ele falou, virando mais um gole - Sabe, eu já estou me acostumando com isso.
- Por favor, Frank, não diga isso. Eu... eu nunca quis te machucar.
Frank colocou a bebida no balcão e se aproximou de mim. Estendeu sua mão e acariciou meu rosto, levantando-o para que me pudesse fitar.
- Eu sei,
- ele sussurrou, ainda acariciando meu rosto. - Mas, em verdade, não é cem por cento sua culpa.
Encarei-o, desentendida. Frank continuou.
- Eu sabia de vocês dois,
. Porra, Gerard é meu melhor amigo. Mas eu sinceramente não me conformei com a idéia de que ele tenha tudo o que quer, entende? Eu,
, fui eu quem te olhou aquele dia no bar... e senti por você uma coisa única. E, quando menos percebi, Gerard me apareceu e disse que estava apaixonado. Quando descubri que era por você... imagina como eu me senti?
- Frank, por favor...
- Deixa eu terminar,
. Eu fui um grande filho da puta, sabe? Quase trai o meu melhor amigo, tentando te conquistar. Mas, mesmo assim, eu achei que valia o risco. Mas eu caí, e caí feio,
, porque você também não parava de pensar nele. E eu vi que o que Gerard sentia não era o mais habitual dos tesões que ele tem por qualquer rostinho bonito. Ao contrário, eu vi que, por você, o que ele sentiu foi forte e está sendo verdadeiro. - Frank permaneceu em silêncio por alguns instantes. - Me perdoa por isso. Eu... não quis causar problemas... e não é meu intuito dizer ao Gerard o que nos aconteceu aquele dia.
Concordei. Frank me deu um abraço forte e sussurrou no meu ouvido:
- Você é uma pessoa maravilhosa,
, e isso foi o que me cativou em você. E mesmo eu sentindo algo por você, eu consigo ver claramente que o seu destino é traçado com ele.
Meus olhos encheram-se de lágrimas, e eu o abracei forte.
- Me desculpe, Frank... - Foi a única coisa que pude murmurar para ele.
Ele afastou-se de mim e sorriu, um sorriso dizendo que tudo estava bem e que fez meu coração ficar leve.
Voltei para junto de Gerard, que, ao me ver, me abraçou. Incontrolavelmente, eu o puxei na frente de alguns de seus amigos e o beijei forte nos lábios. Ele corou e sorriu, abraçando-me forte logo em seguida e me fazendo sentir segura. E esta foi a comemoração para o grande e esplendoroso destino que estava traçado para o My Chemical Romance.
Dúvidas, cobrar atualização ou xingar?
E-mail para contato: dolinha15@gmail.com ou carlinhatorre@hotmail.com
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