MY GIFT FOR YOU;
written by alê




Um dia a mais, um dia a menos, eram todos iguais. Passam sem gritar, sorrindo fraco, buscando ventos mais agradáveis para escapar do sufoco e da agonia da pergunta. Uma única pergunta que talvez eu tivesse criado no dia do meu nascimento. Talvez eu sempre soubesse que eles me deixariam. Se pelo menos eu pudesse acreditar que não foi culpa deles... Se pelo menos eu lutasse pra acreditar nisso, quem sabe seria menos fria. Quem sabe saberia abrir meu coração como sempre quis, como sempre vi outras pessoas fazendo e como sempre sonhei que, quando crescesse, poderia me tornar alguém mais leve e feliz. Quem sabe se eu não fosse órfã de pai e mãe. Quem sabe... Talvez pudesse sorrir verdadeiramente uma vez na vida.

Fato intrigante era o Natal. Aquele dia que sempre tem um toque de emoção repleta de alegria e momentos perfeitos que poderiam marcar a vida inteira... se em algum dos meus 18 anos eu tivesse vivido isso.
É sempre isso, sempre a mesma coisa: toda noite de natal, eu e os outros nos reunimos, olhamos um pra cara do outro sem quase nada a dizer, enquanto um Papai Noel fajuto tentava alegrar a noite das crianças. Nunca vi graça nesse velho mentiroso que finge realizar sonhos. O meu ele nunca realizou. Depois da sexta tentativa no mesmo eu desisti. Aliás, eu só tive um mesmo sonho a vida toda, e ele nunca fez questão de me ouvir. É só ceninha que esse babaca faz.

outros def: , melhor amiga; , melhor amigo; Aiko, a japonesa que veio morar com a gente depois que os únicos parentes que tinha foram morar fora sem ela; Ashley, a caçula meio patricinha que tenta mascarar a verdade de todas as formas; Emily, a amiga dela; , outro misterioso e na dele, como eu. Talvez eu possa dizer, pecando, que ele poderia ser meu segundo sonho. Incontavelmente distante do primeiro, mas eu também já pedi o de presente pro Papai Noel, não vou mentir. Há uns 5 anos atrás, mas pedi. E pedi só pra testar aquele velho inútil. Eu realmente estava certa.

Parando para explicar melhor: moramos todos juntos numa república – nada luxuosa -, isso depois de passarmos maus bocados no, digamos assim, orfanato. Eu odeio dizer que fiquei num orfanato minha infância e adolescência inteiras, não sei explicar o sentimento, só entenda que não é nada bom. A maioria de nós já é maior de idade, fomos então buscar alguma coisa que tentasse preencher o vazio que aquele orfanato ocupava dentro de nós. Estudando da forma que dava, trabalhando com o que aparecia. Levando tudo dentro do possível.

Todo natal voltávamos para o orfanato para ‘comemorar’ lá. Eu só ia pra comer, sinceramente. Não que fosse lá muito farto, mas a comida de sempre da república cansava. E é isso que estamos fazendo agora. Aqui está nossa ceia de Natal, lá está o velho estúpido roubando pedaços disso e daquilo. O meu único protótipo de alegria momentânea era que sentou-se ao meu lado. Grande merda também. Minha raiva do Natal era tanta que... não sei, meio que ofuscava essa parte mais feliz. Eles todos poderiam explodir. Eu poderia explodir a qualquer momento.

- , você não vai comer? – me cutucou, falando as palavras quase que num sussurro.
- Vou... vou. – Parece que eu viajei encarando o Papai Noel com a roupa vermelha já encardida e a barba amarela. Comecei a fincar a comida com o garfo antes que mais alguém percebesse o quão aérea eu estava. Mais alguém quero dizer , que me perguntaria o que houve até eu inventar qualquer coisa só pra ele parar.
parecia tão distante quanto eu. A história dele era basicamente como a minha, a mãe dele morreu quando ele estava quase completando 14 anos e o pai acabou adoecendo seriamente, falecendo em seguida. No meu caso, meu pai morreu primeiro, depois minha mãe se matou. Depois de tanto explicar isso, talvez seja mais fácil agora isso, ‘minha mãe se matou’. Há quem diga que eu não tenho sentimentos ou que meu coração se congelou com o tempo. Dizem, mas não sabem realmente o que é.
- , por favor, né, todo Natal é a mesma coisa... Você não cansa? Tenta aproveitar um pouquinho!
- Eu não canso porque eu não me esforço pra sofrer, ou você acha que eu sou masoquista? – Ela continuou com a cara preocupada ou triste e eu dei um dos meus sorrisos insignificantes.
- Pelo menos encha a barriga, faça esse favor, ok?

Depois da ceia, faríamos um amigo oculto só entre nós, claro. Até parece que as crianças ou o Papai Noel abusado entrariam na brincadeira. Eu tirei a Aiko, não foi difícil lembrar que eu estava devendo uma pulseira à ela – já que a que ela tinha quebrou e que, aliás, eu tinha uma igual – e fiz uma para presenteá-la. É, não pense você que a brincadeira seria pra presentes caros ou sonhados por nós, eram lembranças tão fartas quando a nossa ceia. Pobres, mas bem vindos.

- É melhor irmos lá pra cima, não? – chegou já praticamente subindo as escadas. Decisões de são decisões definidas, o mais velho manda.
- Sim, é. – Ashley disse subindo, levando todos nós como uma fila atrás dela.
Pelo visto, o presente do era o maior. Não era grande, mas era o maior. Todos tinham praticamente o mesmo jeito, tamanho, embalagem. Cada um com o seu presente na mão. Menos , o único de mãos vazias. Ótimo, sempre tem aquele que esquece o presente.
Mas tudo bem, só alegria. Até que não está sendo tão chato, eu dava umas risadinhas de leve de vez em quando. O é bem retardado e serve pra alguma coisa nesse aspecto.
às vezes não continha a empolgação, ela olhava pra e seus olhos saltavam. Os dois namoraram, mas terminaram há uns dois anos. Eram fofos e eu odeio admitir que morria de inveja. Eu nunca tive algo parecido, meus casos eram casos e só. Óbvio, ninguém quer uma menina que não saiba sorrir, que não retribua o carinho e que não saiba que a vida passa sem pedir permissão. Eu quero mesmo é que passe rápido. Ninguém quer alguém tão pra baixo assim e eu entendo. Eu queria alguém que me entendesse também, mas é outra coisa que já desisti.

Aiko com a mesma cara meio risonha, meio fofinha, meio estranha. Ela também tinha um ar de mistério, mas não como eu e . Ela gostava de conversar, de se distrair. Era quase como as outras, menos Ashley que era bem normalzinha até. Saía, ria, brincava, conversava, bebia, gritava, pulava, se divertia e chorava com o travesseiro quando ia dormir. Ainda não se acostumou. Eu não chorava mais há anos, mas o caso dela ainda é um pouco recente. Compreensível.

- Ok, podemos começar? – Emily deu uma pausa no assunto com Ashley para perguntar.
- Tudo bem, algum voluntário querendo começar? – tentou mostrar um tom autoritário.
- Eu começo! – Aiko veio saltitando.
Combinamos de falar as características contrárias às da pessoa. Aiko falou, falou e descobriram que era sobre a Emily. Presente vai, presente vem, abraços, beijinhos, aquilo tudo. Emily tirou e esse presenteou com um macaquinho de pelúcia que ele tinha desde criança (mas não pense que é todo encardido, ele sempre teve um carinho por esse bicho que até enchia) e sempre foi, tipo, desesperada pelo macaco. Pobre Dylan. Dois apaixonados por um macaco só, quase saíram na porrada uma vez. Se os olhos dela pulavam só de olhar pro , agora rodavam em torno da cabeça dela, tipo Terra e Lua, entende? Irritante, porém fofinho.
- O DYLAN! Não, ele é seu.
- Mas eu quero te dar.
- Mas eu não posso aceitar!
- Vai fazer essa desfeita comigo?
- Mas ele era o amor da sua vida!
- Agora o amor da minha vida é outro. – Ó, é agora.
- Mas...
- E macaco nenhum vai conseguir superar o que eu sempre senti por você. – Não disse? A chorona deu sinal de vida.
- Eu amo você, . – Ela correu pra abraçar ele, enxugando as lágrimas na camisa dele, já que sua cabeça estava enterrada no espaço entre o pescoço e o ombro dele.
- Então pára de chorar, ta triste? Eu achei que você quisesse que o Dylan fosse nosso, já que a gente voltou e...
- A gente voltou? – Olhos em órbita de novo, ali, dá pra ver de longe. Agora tem até estrelinha pra completar.
- Não? Digo, você não quer? – Ai, idiota.
- Quero... – Quando ela faz essa voz mansa, só quer dizer que... Ali, não disse? Pulou em cima dele e pláft, quase caíram no chão. Ai, que melação. Ai, que inveja imbecil.
- Ta, ta bom, vamos continuar. – Primeira vez que eu falava alguma coisa. O bom é que eu fui prontamente atendida.
prosseguiu a brincadeira, dando o seu presente à Ashley, que deu seus gritinhos básicos tipo ‘ah, tudo que eu mais queria, amiga!’. É agora, Ashley, por favor, diz que você me tirou!
- Então, a pessoa é suuuper falante, todo mundo sabe tudo sobre a vida dela... Ai, não sei! A pessoa é... morena! – Droga, droga, droga, droga…
- ! – e gritaram juntos. Aliás, eles pareciam um só de tão agarrados que estavam.
- Finalmente, não sabia o que dizer! – Ai, não acredito que, pra completar, não vou ganhar nada. É óbvio que do velhote lá embaixo é garantido que nada ta reservado pra mim, mas nem do amigo oculto é sacanagem.
- Só restou eu e você, ! – Aiko era ansiosa demais, cruzes, quase acabava com as unhas dela. Pronto, é agora. Ele abriu a boca.
- Bom… - era raro ouvir ele falando, talvez isso fizesse com que eu sentisse cada vez mais calafrios quando ouvia. Ele estava nervoso, definitivamente. – Eu posso falar sem ser ao contrário? Eu tentei pensar, mas...
- Pode, , só fala. – sorriu.
- Ok. Bem, ela é... intimidadora. O mistério que a circula é tão frio quanto é, ao mesmo tempo, muito fascinante. Ela é estranha, quieta, sentida, calma e angustiada assim como eu, nós vivemos praticamente a mesma coisa e talvez ela me entenda tão bem quanto eu a entendo e... eu queria que ela soubesse disso. – Meu Deus, eu... Calma, desmaiei. – É a .
Bem, claro, ninguém falou nada, nem eu. Falar o quê? fez um sinal com os olhos para que eu fosse até ele, mas eu tremia. Muito. Ele parecia tremer também e estava completamente sem-graça ali na frente. Depois que percebi isso, fui ajudá-lo. Era o mínimo que podia fazer, mesmo que estivesse tremendo mais que um vibrador.
- Obrigada, . – E eu, não sei como – não sei mesmo -, cheguei mais perto e lhe dei um beijo na bochecha, tremendo mais ainda, conseqüentemente fazendo-o tremer mais ainda. Isso pôde ser amplamente percebido pela voz dele logo depois.
- Eu tentei, tentei mesmo, achar alguma coisa pra você, mas...
- Tudo bem, eu não ligo. – mas só porque você falou coisas que... bem, me tocaram.
- Mas eu tenho um presente pra você, só acho melhor você dar o seu primeiro.
- Ahm... Ta. – Mesmo sem entender, lá vamos nós.

-x-x-x-

- Então...
- É... Seu presente…
- Ahm, sim… - Gente, que absurdo, será que dá pra eu conversar decentemente com ele UMA vez na vida?
- Então, ele... Tá aqui. – Ele pôs a mão no bolso, procurando o tal objeto. Provado, o meu era o menor presente de todos. Que mania de ficar comparando, também.
- É... uma carta?
- Não, na verdade… Não ria, por favor.
- Alguma vez você já me viu rindo?
- É... pois é.
- É... – Silêncio. – Então…
- Vamos ali pro canto? – Tipo assim, o ta me chamando prum canto? – Não, não é nada do que você ta pensando, eu me coloquei mal. – Acho que ele notou minha cara de confusão.
- Ta, então... Vamos?
- Isso, vamos.

- Ta bom aqui? – Ele disse, parando de repente.
- Não sei, ta bom pra você?
- Acho que sim.
- Bom.
- É...
- Então?
- O presente... é…
- Pode dizer, , qualquer coisa seria boa o suficiente pra mim.
- Não seria não... – Talvez ele não quisesse que eu ouvisse pelo volume da voz, mas, bem, eu ouvi. – É que eu rodei tudo, pensei até dar dor de cabeça, mas não achei nada útil. Aí... acho que eu fiz uma coisa mais inútil ainda...
- Fala logo! – Ai, me arrependi. Eu só levantei a voz por curiosidade, não que ele estivesse sendo chato ou sei lá. Droga. – To curiosa.
- Eu fiz uma música pra você. – Oi?
- É... sério? – Tipo, como assim música pra mim? , música, eu. Céus.
- É... – Ele não consegue me encarar, fato. Eu não consigo encará-lo, fato. – Só que eu não consegui um violão ou qualquer coisa que pudesse acompanhar, até porque quando eu resolvi fazer a música já tava em cima da hora e...
- Só canta. – Ele arregalou os olhos e, finalmente, olhou pra mim. Eu o encarei rápido e logo desviei, o mesmo ele fez.
- Mas...
- Não tem mas, canta e eu escuto, eu vou gostar. – Deve ser aquelas músicas bobinhas mesmo. Tem que ser, por favor.
- Eu não vou conseguir...
- Eu fecho o olho.
- Você vai abrir.
- Eu viro de costas! – respirou fundo, já prevendo que não teria saída.
- Ta... – Então, fui me virando de costas pra ele. Nós dois estávamos sentados um ao lado do outro antes disso. – ...
- Sim?
- Se não gostar, só finge, ta?
- Eu já disse que vou gostar. – Ele murmurou um ‘ok’ e respirou fundo mais uma vez. – Fica calmo, ok? – Ele não respondeu. – E pode começar quando quiser.
E ele começou.


My gift is my song and this one is for you
Meu presente é minha música e essa é pra você
And you can tell everybody that this is your song
E você pode contar a todos que essa é sua música
It may be quite simple but now that it’s done
Pode ser simples, mas agora que já está pronta
Hope you don’t mind, I hope you don’t mind
Espero que você não se importe, eu espero que não se importe
That I put down in words
Que eu coloque em palavras
How wonderful life is now you’re in the world
Como a vida é maravilhosa agora que você está no mundo

I sat on the roof and I kicked off the moss
Sentei no telhado e limpei a poeira
Well some of these verses, well they’ve
Bem, alguns desses versos, bem, eles
They’ve got me quite cross
Eles me deixaram um pouco irritado
But the sun’s been kind while I wrote this song
Mas o sol foi gentil enquanto escrevia essa música
It’s for people like you that keep it turned on
É por pessoas como você que eu continuo

So excuse me forgetting, but these things I do
Então me desculpe por esquecer, mas essas coisas eu costumo fazer
You see I’ve forgotten if they’re green or they’re blue
Você vê, eu esqueci se eles são verdes ou azuis
Anyway, the thing is, what I really mean
Enfim, a coisa é, o que eu realmente quero dizer
Yours are the sweetest eyes I’ve ever seen
É que eles são os mais doces olhos que eu já vi

And you can tell everybody that this is your song
E você pode contar a todos que essa é sua música
It may be quite simple but now that it’s done
Pode ser simples, mas agora que já está pronta
Hope you don’t mind, I hope you don’t mind
Espero que você não se importe, eu espero que não se importe
That I put down in words
Que eu coloque em palavras
How wonderful life is now you’re in the world
Como a vida é maravilhosa agora que você está no mundo

Hope you don’t mind, I hope you don’t mind
Espero que você não se importe, eu espero que não se importe
That I put down in words
Que eu coloque em palavras
How wonderful life is now you’re in the world
Como a vida é maravilhosa agora que você está no mundo


- , eu... Ei, você está chorando? – eu não consegui, entende. No meio da música eu já estava me debulhando porque nunca, nunca na minha vida alguém fez isso por mim. Não uma música, até porque várias pessoas também nunca tiveram essa oportunidade, mas ninguém nunca me fez sentir importante. Imagina se sentir importante para alguém como ele, alguém que nunca se abriu pra ninguém, alguém que nunca fala com ninguém, alguém que está sempre ali, mas nunca presente. Alguém que você ama sem motivos e que acabou de fazer um motivo concreto demais agora. É recíproco. – Desculpa, eu não queria...
- Não! Foi lindo...
- Mas você...
- Eu só estou chorando porque me emocionou. – Então eu virei de frente e finalmente vi o quão vermelho ele estava.
- Então você gostou?
- Muito.
- E você não vai fugir de mim agora que sabe?
- Que sei de quê?
- Que... – vermelho não era mais a cor certa. Talvez eu pudesse ver um arco-íris ali. Inebriante aos meus olhos e sufocante aos dele. – Que eu gosto de você.
- Eu nunca fugiria de você, .
Silêncio infernal. Eu pensei em levantar, sair correndo, fugir. Pensei em ficar, abraçá-lo, beijá-lo. Pensei na reação dele pros dois casos e ele me pareceu não estar pensando em nada. Era difícil, bastante difícil saber o que ele realmente sentia.
- Eu me sinto um idiota. – deu um pequeno sorriso. Talvez o segundo sorriso dele que eu tenha visto na vida.
- Você não é um idiota.
- Claro que sou! Eu ainda tinha esperanças de ouvir você dizendo que sentia a mesma coisa, mas como? Ninguém quer alguém como eu, que não é nada e não tem nada.
- ...
- Eu devia ter desistido dessa tentativa enquanto podia, mas... Você era a única esperança que eu tinha.
- Mas eu...
- Eu ainda conseguia pensar que um dia eu diria isso pra você da melhor forma que eu pudesse e poderia fazer você gostar de mim também, aí você realizaria meu maior sonho de ter uma família e eu faria tudo diferente do que foi comigo e eu... Talvez pudesse ser a pessoa mais feliz do mundo.
- Será que eu posso...
- Eu pedi você de presente de Natal há uns anos...
- Eu também pedi. – Ele arregalou os olhos. – Mas nunca deu certo.
- Podia ter dado certo agora.
- Por que não pode mais? – Ele me olhou, olhou... Me deixou bem aflita, pra ser sincera.
- Eu percebi agora que eu não mereço você.
- Por eu não ser boa o suficiente ou por você se desmerecer tanto a ponto de dizer a besteira de não ser bom pra mim? – Me olhou de novo e de novo. Mais uma vez e eu novamente aflita. Falei demais? Me expus demais? Percebi que não quando ele se aproximou e me deu um beijo tímido na bochecha.
- Eu não quero que você se sinta obrigada só porque eu fiz essa música pra você e por...
- Eu tenho o seu sonho em mãos e você tem o meu. Eu acho que os nossos pedidos de Natal foram parar nas mãos erradas, o velhote lá de baixo não soube dar nossos presentes.
- Eu acho que ele só quis dar de uma forma diferente.
- Então me dá o meu presente, por favor. Sem ser a música. – Talvez esse tivesse sido meu primeiro sorriso verdadeiro.
- Só se você me der o meu. – E esse talvez tenha sido o dele. O mais bonito de todos.
- Eu te amo.
- Eu também te amo.
E talvez esse tenha sido o abraço que eu mais desejei em anos, tirando os abraços dos meus pais que jamais vão sair da minha memória, mas agora eu encontrei alguém pra fazer a diferença que faltava na minha vida, tornando o meu vazio uma imensidão vasta de carinho que eu queria mais que tudo dar a ele, já que agora eu sei que ele também tem esse presente pra me dar.
Talvez o velhote aproveitador tenha planejado tudo isso. Talvez ele quisesse que eu entendesse que as coisas têm seu tempo e sua distância a percorrer. Talvez ele tivesse visto coisas piores e quisesse me fazer entender que nem tudo está perdido e que nem tudo será como eu quero, mas que eu posso moldar as situações e ajustar meus desejos. Talvez aquele velho Papai Noel não seja tão injusto. Aquele mesmo velhote patético destruidor de sonhos de pouco tempo atrás... E você, como o vê? Agora eu sei que ele é o homem mais sábio, o homem que me fez esperar o tempo certo pra descobrir que sonhos, até os mais distantes e sem esperança como o meu de ter uma família, são feitos com amor, e isso agora é o que não me falta.

FIM;


Nota da autora:
Ooi, eu de novo. Talvez essa tenha sido a fic que eu escrevi mais rápido, eu tive a idéia assim que o ‘myyyyy gift is myyyyy song’ começou a tocar no ipod e, tipo, fez um tléc na minha cabeça, sabeã?
Enfim, espero que gostem, eu gostei do resultado :)
Comentários são super bem vindos! Obrigada a quem leu.
PS: a música original é do Elton John, mas essa versão é do Moulin Rouge soundtrack, Ewan McGregor e Alessandro Safina e o nome é Your Song. No caso de alguém querer saber e tal (y)
Küsse,

alê.

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