A chuva que batia na janela se misturava com as lágrimas que uma garota deixava cair dentro de um apartamento, no sétimo andar, encostada no parapeito de uma janela. Pensava, por que a vida tem que ser tão injusta? Injusta? Ela acabou de ser aceita em uma ótima faculdade! E para fazer o que ela gosta: cinema. Choro e chuva, isso estava parecendo coisa de cinema. O que mudou rápido, pois ao se lembrar da carta de admissão que recebeu, a garota abriu um sincero e tímido sorriso, enquanto ainda observava as pessoas caminhando na rua logo abaixo dela, correndo para tentar escapar das gotas de água que caíam.
Porém no mesmo momento em que ela sorria, as lágrimas voltavam a desabar. Oh, é. Onde é mesmo a faculdade que ela foi aceita? Ah, claro. Deutschland. Poxa, legal. Onde é isso? ALEMANHA! E onde ela mora? Inglaterra, serve? E com quem ela mora? Com o namorado, certo?
Ela nem ao menos se lembrava de ter mandado uma carta para tão longe. Ah, você deve estar pensando “fácil, deixa essa admissão de lado. Não tem uma faculdade mais perto?” Tem. Mas ela foi aceita? Nota mental dela: “Estudar mais da próxima vez quando achar que é só um teste babaca”.
Sentia raiva de si mesma.
Sentia vontade de socar a primeira coisa que visse na frente. Sua raiva ocupava todos os seus sentidos, não enxergava, ouvia, sentia... só se algo acontecesse muito próximo dela, ela talvez sentisse...
- Hey – uma voz calma soou levemente em seu ouvido, fazendo-a pular.
- ... Oi amor! – ela disse, nervosa.
- Feliz aniversário de dois meses. – ele disse, enquanto entregava-lhe um lindo buquê de rosas vermelhas.
- ... Eu... Nem sei o que dizer. 2 meses? – ela o olhava confusa.
- É. Faz dois meses que você mora aqui, lembra?
- Ah, claro. – ela se distanciou dele e se sentou no sofá, de costas para o garoto. Não conseguia olhá-lo. Como, dizer simplesmente “Querido, eu te amo. Mas estou indo para a Alemanha, tá? Beijos” Era impossível.
- ? Tudo bem? – ele se sentou na frente dela, e a encarava procurando encontrar seu olhar. – Você estava chorando?
- , tem uma coisa que eu quero te falar. Chegaram as respostas das inscrições para as faculdades.
- Sério amor? E aí? – ele pegou as duas mãos dela e ficou acariciando-as. Isso estava matando-a por dentro.
- E aí que eu... Eu... Fui aceita em... Uma. Uma só. Acho que eu me enganei quando achei que era só um teste idiota e não o que iria realmente mudar tudo isso. – ela riu da própria desgraça, com uma lágrima escorrendo.
- Sinto muito, . Mas pelo menos você passou em uma, né? – ele sorriu tentando confortá-la.
- Mas eu não quero ir pra essa... – ela se sentiu uma criança nesse momento.
- Vai sim... pode não ser a melhor, mas você vai. Sempre foi seu sonho estudar cinema! E você conseguiu! Siga seu sonho, amor! – ele passou uma das mãos no rosto dela secando as lágrimas.
- ... – ela riu de novo enquanto chorava – Sabe em qual faculdade eu passei?
- Não, querida. Qual?
- Deutschland.
- Oi? – ele riu – Onde fica isso? Japão? – ele disse em tom de brincadeira.
- Quase – ela chorou mais ainda – Fica na Alemanha, !
Nesse momento ela já não segurava mais as lágrimas. Seu namorado a olhava, esperando o momento em que ela diria “Brincadeira!”. Mas isso não aconteceu. Pelo contrário, ela escondeu seu rosto entre o pescoço e o ombro dele enquanto chorava.
- A-Alemanha?
Ela reproduziu um som que foi abafado pelas lágrimas e por estar com o rosto escondido, som o qual ele compreendeu, afirmativo.
- Você não pode ir. – ele disse, deixando escorrer lentamente uma lágrima.
Ela parou de soluçar. Se distanciou dele o suficiente para ver a sua expressão.
- Como?
- É, você não pode ir.
- E aquela conversa de “ir atrás do meu sonho, mesmo não sendo a melhor opção”? – ela perguntou e ele pode sentir um certo ar de irônia enquanto ela falava.
- EU MENTI, OK? – ele gritou, se levantando do sofá – Aquilo não era para valer. – ele voltou o volume da voz ao normal ao perceber que fez burrada gritando.
- Então é assim, ? As regras que se aplicam aos outros não se aplicam a você quando você vai sair perdendo.
- Exatamente! Pelo menos não quando o que eu perco é parte da minha vida. – ele olhava fixamente nos olhos dela.
sentiu-se vacilar ao ouvir aquilo. Sentiu pena. Ele não tinha nada a ver com aquilo, e sofreria tanto?
- Me desculpe, . Eu sinto tanto!
- Ah, é? Não parece! – ele aumentou o volume da voz novamente.
- ÓTIMO ENTÃO! – ela gritou dessa vez. Percebeu que aquela conversa não acabaria nunca naquele ritmo. – Pelo jeito você não parece interessado em tentar manter tudo bem, não é?
- Pra que perder tempo quando eu sei que NADA está bem?
- Nós poderíamos continuar juntos.
- Acho que não, . Namoros à distância são uma merda, se quer saber. Eu ficaria pensando com quem você está a todo segundo e eu sei que você faria o mesmo, pensando se eu estou com outra pessoa.
- Não, sabe por quê? Porque eu confio em você.
- Duvido - disse, sem pensar - Digo...
- O QUÊ? Vai se foder, ! - a garota gritou antes de sair correndo para o quarto. - Quem você pensa que é pra duvidar disso? - ela disse antes de bater a porta com força.
sentou-se no sofá e escondeu o rosto com as mãos, enquanto lágrimas salgadas escorriam.
Ela se odiava a cada segundo por não conseguir enxergar enquanto lágrimas e mais lágrimas atrapalhavam sua visão por completo. Não sabia o que estava colocando dentro da mala, nem sabia que mala era e aquilo realmente não importava naquele momento, a única coisa que ela queria era sair dali sem ter que olhar na cara do namorado. Ou seria ex? Soluçou alto ao pensar nessa possibilidade, que realmente a assustava. Nunca tinha pensando em como seria sua vida sem ele.
Oh, já tinha pensado uma vez, sim.

--x-- Flashback --x--

- , quer namora comigo? - um garoto perguntava, do alto de um morro onde se via o sol sumindo entre os prédios, pontes e torres. Podiam enxergar toda Londres dali. Era mágico, segundo ela.
Seus olhos se encheram de água enquanto se enchiam de lembranças dos momentos que passaram juntos, tudo o que falaram, a primeira vez que ficaram. As lágrimas que escorriam representavam toda a felicidade que ela sentia naquele momento.
- QUERO! - ela gritou ao mesmo tempo em que pulava no pescoço dele, quase o derrubando e enchendo-o de beijos no rosto – Quero, quero, quero!
Eles se beijaram calma e apaixonadamente.
Ao se separarem, falou pela primeira vez, o que seria dito mil vezes mais tarde.
- Eu te amo.
Ela sorriu mais ainda e beijou-o novamente.
- Também te amo, . Promete nunca me deixar, nem me magoar?
- Claro que sim, linda. Eu nunca te magoaria. Isso me mataria...

--x-- End Flashback --x--
Chorava ainda mais por se lembrar das últimas palavras dele, quando socou a cama de casal, onde dormiam sempre juntos, abraçados. Ela realmente amava aquele idiota.
Acabou de arrumar algumas coisas. Para onde ela iria? Provavelmente para a casa de sua melhor amiga, . Mas ela queria ter certeza, primeiro, que teria um vôo apenas de ida para a Alemanha logo para o dia seguinte. Pegou uma das bolsas e colocou nas costas, e outra mala levou na mão. Saiu do quarto. Talvez ele tivesse saído. Oh Deus, como ela agradeceria se isso acontecesse!
Mas ao chegar à sala, ela pôde vê-lo sentado no sofá, de costas para ela. Parecia estar chorando.
- Eu... Já vou - ela disse, odiando-se por ser tão fraca a ponto de não conseguir ir embora sem falar com ele e por sua voz sair trêmula. - ? - ela chamou-o, sentindo-se totalmente patética. - OK. - ela disse ao perceber que ele não responderia. - Adeus.
sentia uma vontade enorme de levantar correndo do sofá e abraçá-la como nunca havia feito. Queria poder dizer “Eu te entendo, me desculpe por duvidar de você” ou até mesmo “É pouco tempo, podemos sobreviver JUNTOS”, mas foi fraco demais para mover um músculo sequer.
Ouviu a porta de entrada bater e sentiu seu chão cair. Havia acabado? Ela saiu de sua vida assim, simplesmente? Assim como havia entrado?
Perdido em pensamentos, ele se lembrou da primeira vez que ficaram juntos.

--x-- Flashback --x--

- , olha. O está te secando a festa inteira. - dizia pra amiga enquanto dançavam na pista em uma festa do último ano da escola.
- Pára de falar besteira, . Até parece... - A amiga dizia, forçando uma risada como se o que falasse fosse a maior besteira do mundo.
- ‘Tá bom, vamos fazer um teste. Eu vou ali com aquelas meninas buscar um refrigerante. Duvido que ele não chegue em você. - disse.
- ... Ok vai. Mas não demora. - disse.
Alguns minutos depois de sair, ela ouviu uma voz doce e calma falar em seu ouvido.
- Oi!
Ela se assustou, dando um pequeno pulo.
- ! Que susto! Er... Oi!
- Sozinha por quê?
- A foi... Pegar um refrigerante.
- Hm... Só refrigerante? - ele perguntou irônico.
- Hm? Não entendi.
Ele apontou com a cabeça para um canto da pista, onde se agarrava com , garoto que ela desejava há tempos.
- Ah, ótimo. Realmente, maravilhoso. - ela disse, sarcasticamente. Ele riu.
- Podemos conversar?
- Co-conversar? Claro! Pode falar. - ela disse nervosa.
- Aqui não. Um lugar mais calmo. O que acha?
- Ah... OK.
Ele segurou uma das mãos dela enquanto a puxava pela multidão. Ela estremeceu ao sentir o seu toque em sua pele.
Chegaram à uma das escadas que levava ao segundo andar da pista. Pararam.
- OK. - ela disse. - Então, o que você queria falar?
- Você está bonita hoje, . Quero dizer, não que você nunca esteja bonita, pelo contrário. Você está sempre linda. - ela corou - HAM, o que eu queria falar é que... Eu gosto de você, . Muito. E não é passageiro, eu sei, porque eu já tentei te esquecer e... Não dá, simplesmente. - ele se enrolava com as palavras.
- Tentou me esquecer? Por que, ?
- Porque... Você sabe. Eu sou um loser. E você merece muito mais do que isso.
- Então por que está me contando tudo? - ela ergueu uma sobrancelha.
- Bem, porque... É, você me pegou nessa. Acho que nem deveria estar aqui. Bom, , só queria que você soubesse o que eu sinto, ok? Tchau. - ele se virou para ir embora.
- Sabe, . Você reclama de ser um loser, mas não faz nada pra mudar isso. Se você tivesse atitude não precisava estar virado prestes a ir embora agora.
Ele respirou fundo.
- O que quer dizer?
- Aja, homem! - ela disse quase gritando.
No segundo seguinte, ele sorriu e se virou puxando-a pela cintura e dando-lhe um beijo à la cena de filme hollywoodiano.
E minutos seguintes já não conseguiam mais se desgrudar.

--x-- End Flashback --x--

{No dia seguinte}
estava sentada na sala de espera do aeroporto. Seu vôo sairia em questão de minutos. E por que ela ainda não tinha embarcado? Excesso de filmes de comédia romântica. Talvez, ela achasse que ele apareceria a qualquer momento pedindo desculpas e dizendo que a entendia. Mas ele não apareceu. Pelo menos não até o avião decolar.

- Já chega! - disse, levantando-se do sofá onde passara a noite inteira vendo fotos, vídeos e simples recordações. Pegou seu agasalho e saiu do apartamento. Enquanto andava pelas ruas, pensava no que diria a ela. Pediria desculpas, claro. Diria que a amava, isso era importante. E o quanto aquele apartamento era vazio sem ela, ou sem pelo menos a esperança de que ela voltaria.
Minutos depois, estava tocando insistentemente a campainha de uma casa com paredes de pedra e o jardim coberto de neve. É, estava nevando, para ajudar.
- O que você quer, ? - apareceu na porta, e não parecia nem um pouco amigável.
- A ... ‘Tá aqui?
- Não. Ela já saiu. Anda logo, você tem 5 minutos pra chegar no aeroporto e consertar a burrada que você fez.
Ele nem respondeu, já estava correndo pelas ruas de Londres, rápido.
Tinha que dar tempo. Não podia perdê-la assim.
Ele olhava no relógio a cada segundo. Não ia dar tempo, faltavam 2 minutos e ela provavelmente já estava no avião. Mas enquanto ele não visse o avião dela voando, não desistiria.
Correu mais alguns minutos e chegou ao aeroporto. Um avião subia, cada vez mais alto. Não podia ser o dela. Seu coração bateu mais forte em pensar que seria o dela. Andava apressado, lendo todas as placas e procurando um rosto conhecido. Até que decidiu perguntar a uma mulher vestida de aeromoça.
- Senhora, com licença. Pode me dizer se o vôo para a Alemanha já saiu?
- Sinto muito senhor, mas saiu há 2 minutos.
Ele sentiu o chão desabar. Havia perdido-a para sempre? Sentou-se num dos degraus de uma escada e deixou as lágrimas rolarem pelo seu rosto, lavando a sua alma e afogando seu coração.
E agora? O que faria sem ela? Sem aquela que deixava seus dias mais alegres, seus pensamentos mais claros e seu coração drogado pelo amor?
- Eu te amo, ! Tanto!
Foram as únicas palavras que ele pode dizer entre os soluços enquanto observava o avião, já a uma altura razoável. Se levantou, conformando-se com a perda, e saiu do aeroporto o mais rápido que conseguiu.
As ruas pareciam vazias, o Sol já não mais o aquecia. O momento carregava toda a desilusão que alguém pode sentir. O mundo havia congelado, e ele tinha certeza, agora, que mares e oceanos eram suficientes para acabar com alguém.

Tokio Hotel - 1000 Meere (tradução)

As ruas vazias, me transformaram
A noite me perdeu
Um frio vento
O mundo congela
O sol esfriou
Sua imagem é definitiva eu a carrego comigo
Sobre 1000 mares de volta pra você
De volta para nós
Não podemos perder a nossa fé
Acredite em mim

Precisamos andar só mais 1000 mares
Através de escuros 1000 anos sem tempo
1000 estrelas puxam-nos
Precisamos andar só mais 1000 mares
Mais 1000 vezes através da eternidade
Então estaremos finalmente livres

Algum lugar é o lugar
Que só nós conhecemos
Correu tudo diferente do planejado
O pulso nas veias é muito fraco
Mas de algum jeito
Nossos corações batem na noite
Acredite em mim

Precisamos andar só mais 1000 mares
Através de escuros 1000 anos sem tempo
1000 estrelas puxam-nos
Precisamos andar só mais 1000 mares
Mais 1000 vezes através da eternidade
Então estaremos finalmente livres

Ninguém e nada vai nos levar
E algum dia olharemos de novo para o agora
1000 mares longe
1000 anos sem tempo
1000 anos longe
1000 estrelas puxam-nos
Deixe-te flutuar até mim
Eu me deixo flutuar até você
Acredite em mim

Precisamos andar só mais 1000 mares
Através de escuros 1000 anos sem tempo
1000 estrelas puxam-nos
Precisamos andar só mais 1000 mares
Mais 1000 vezes através da eternidade
Então estaremos livres
Deixe-te flutuar até mim
Eu me deixo flutuar até você
1000 mares longe


FIM DA PARTE I


N/A: Oiiii pessoas! Tudo bem? Espero que sim!
Bom essa é a primeira fic minha que eu mando pro FFADD *-*
Espero que gostem, ok? Ou melhor, espero que alguém leia. HAHAHA
É, não teve graça. Enfim, obrigada a quem leu!
Se quiserem me matar (?), elogiar ou mandar a lugares inapropriados (??), ou apenas se quiserem, me ad² no msn: intergalactical.frisbee.14@hotmail.com
Ah, claro! Não podia deixar de comentar, vai ter segunda parte a fic! Às vezes os finais são apenas novos começos. Ok, calei! Vejo vocês na parte II! *me senti uma pessoa de programa infantil (?)*
Bejougies! :*


comments powered by Disqus