O MANICURO
Escrito por Thaiana
Betado por Pinki



Naquele dia eu entrei meio correndo no salão, estava com pressa, afinal, eu ia me formar no 2º grau; eu estava saindo do colégio. Ou seja era muita coisa pra fazer.
_ Oi, Luzia! Será que tem alguma hora pra eu fazer o pé e a mão ainda hoje, aliás... - abaixei a cabeça com vergonha por não ter marcado hora antes - Ainda agora.
_ Oh, querida. - Luzia olhava o caderno de horários decepcionada - A Carmem não está trabalhando hoje, lamento!
_ Mas tem mais alguém disponível?
_ Eu tenho um horário com o daqui a meia hora, e a Marilu em 15 minutos!
_ ?!- eu fiquei horrorizada com aquele nome masculino em meio aquela frase e aquela circunstância - Desde quando temos um homem trabalhando aqui de manicura? Manicuro? Sei lá oO’!
_ Desde a semana passada!
_ Aown! - Pus a mão no peito arrasada - E você me recomenda ele? - :T – É por que a Marilu me arranca as carnes, bonito!
_ Ah, sim, tem um talento incomparável! - Ela fazia cara de ‘o nosso novo neném é uma graça’ como se fosse uma enfermeira de berçário.
_ Puxa! E pelo jeito ele é o novo xodó daqui também! – eu ironizei com verdade – Bom... Mas então, eu vou fazer um lanche e em meia hora eu volto - eu fui me retirando e da porta gritei: - Ponha meu nome aí!
_ Estaremos te esperando, gatinha! – Luzia acenava por dentro do balcão.

Depois disso fiz o que havia dito realmente, lanche, e uma passadinha na Renner (n/a: foi a única loja ‘universal’ – pra não dizer ‘brasileiral’- que eu podia dizer) pra buscar o sapato que eu tanto desejava há um bom tempo. Voltei para o salão.
_ Oláá, Luzia!!!
_ Sente-se querida, fique à vontade!
_ Obrigada!
Sentei-me, puxei uma revista Caras, enquanto eu a folheava, observei, esticando os olhos, Luzia que interfonava para a ala de ‘Mãos e Pés’ dizendo:
_ , sua cliente já está aqui...

Claro que não pude ouvir o que ele dizia do outro lado, aah, como eu queria um viva-voz naquele interfone naquelas alturas. Apesar de todas as besteiras que eu já tinha dito através dele (n/a: se considerem clientes do salão desde a infância). Mas minha curiosidade fervia, eu precisava saber se ele era gay! Claro, minha razão dizia: ‘é óbvio que ele é, ! Não seja tola!’, mas sabem-se lá as surpresinhas que não me aguardavam...
_ Olá, miss ! - Uma voz máscula ecoava através das cordas vocais que saiam de dentro do elevador, obviamente as cordas vocais trajavam um belo homem que, por sua vez, trajava uma pólo branca (n/a: será que essa escritora é Fletcher?! oO’), com o emblema do salão, calças jeans caídas, que revelavam boxers com estampas de ursinhos polares usando gravatinhas borboletas vermelhas. Eu achei aquilo babavelmente sexy. Mas, obviamente, pensei nisso apenas nos 2 segundos que tive entre respirar e responder pra ele.
_ Err... Olá, !
_ Vamos passando... Você deve estar com pressa. - ele colocou a mão no meu ombro, conduzindo-me
e levando-me a um intenso orgasmo mental (n/a: UUUH! Enfia mais :O *-*).

Entramos no elevador e eu vi aquela cena em câmera lenta: enfiando aquele dedo enorme, daquela mão forte, botão do elevador adentro. “Enfia, enfia, enfia, tira, tira, tira, saiu pra fora :(, enfia pra dentro da calça, digo pro bolso da calça, oh gosh! Voltemos à realidade e tira esse itálico irritante de ler!’’; Orgasmo mental 2! Que homem mais excitante! E eu bem sabia que era por causa da dúvida. Ele é gay ou não?! Grr.

A porta do elevador abriu, saímos, e, dessa vez, ele não me conduziu. Eu saí e sentei-me na ante-sala daquela ala, enquanto ele apanhava água quente pros meus pés. Ele voltou com as duas mãos ocupadas e me fez um sinal com a cabeça do tipo ‘entra aí, bitch!’. Claro, eu entrei com prazer... Mas preferia ELE entrando com prazer (6).
_ Bom, ... Estamos a sós neste andar, e, eu espero que não me leves a mal, mas podemos ficar a vontade. - ele falava diminuindo e aumentando a velocidade das palavras de uma maneira super sexy. - E, claro, isso não vai me fazer relaxar no meu trabalho. - ele despejou a frase enquanto retirava minhas sandálias.
_ Com certeza! - eu disse. Aliás, por causa daquele impulso, eu acredito que, quem disse isso, foi a bicth que existe dentro de mim! Por isso eu baixei a cabeça e arregalei os olhos com vergonha.
_ Que foi? - ele colocou uma das minhas mãos de molho e me fez levantar a cabeça puxando-a pelo queixo.
_ Aah, eer... - comecei a desconversar. - É que hoje é a minha festa de formatura... - eu comecei a choramingar um assunto que realmente era importante. - ‘droga, ele vai me achar uma idiota problemática’. – E eu tinha que distribuir uns ingressos - me olhava com cara de compreensão enquanto tirava o esmalte que eu já tinha (n/a: oooown! Meu fletchenho me olhando com cara de compreensão!*-*) - Mas eu não consegui convencer nem a minha mãe a ir. A maioria dos meus amigos é da minha turma. - interrompeu a minha fala com olhar de ‘lembrei de ti, bitch!’
_ ! Agora eu me lembrei de ti! Tu não és a rainha do Colégio Houston?
_ É, sou!
_ Mas como a Rainha não tem amigos?...- naquele momento fomos interrompidos pelo toque do celular dele, provavelmente uma música da própria banda. Ele me pediu licença e foi atender: “Oi, Boy! Sim, eu vou pra casa logo! Ta bom chuchu! *risos* Tchau amor! *desliga*” É... Ele é gay! Eu conclui! Mas é legal também... - ...Eu vi tantas fotos tuas lá em casa!
_ Lá em casa? - me espantei com aquilo.
_ Sim. Bom... Eu vou te explicar... Além de fazer unhas, - ele lixava meu dedão. - eu tenho uma banda e moro com os caras. E um deles ainda estuda no teu colégio.
_ ? McFly! Eu sei, eu conheço o som de vocês, ouvi no rádio esses dias! Foi o maior fusuê na escola. Vocês participaram de um concurso, não foi?
_ Isso mesmo! Mas... Voltando ao assunto... Como a rainha da escola não tem amigos pra dar seus ingressos? - *lixa, lixa, lixa*
_ Bom é que... Segundo as minhas amigas, as pessoas têm um bloqueio comigo... Por causa da minha beleza... Bléé... E pelo medo de eu ter ‘nariz empinado’. - pus a língua pra fora e a enfiei na boca de volta olhando pra – Eei! Você não teve bloqueio nenhum!

ficou 5 segundos me encarando em silêncio, e tirando as minhas cutículas, e aquilo foi o suficiente pra eu sentir a merda que eu tinha dito.
_ Viu, só! – ele encarou minha expressão de espanto. - Esse tempo que eu fiquei em silêncio? Poderia ser assim o tempo todo, se eu não driblasse o bloqueio. Mas eu o evitei pra ver se descolo 4 ingressos pra levar o McFly à tua festa e, obviamente, ter uma chance com a cliente mais bonita desse salão! – entre uma pincelada e outra de esmalte obsessão ele piscou pra mim.
Eu olhei pra falando com a maior naturalidade que queria ter uma chance comigo (n/a: PARABENS HEIN MIGZ!).
_ Você está mais perto de ter uma chance, . - sim, eu falei aquilo pra um cara que, pelo que eu tinha entendido, era bi e tinha um ficante homem. - Diferente dos idiotas do bloqueio.
começou a desenhar coroinhas de rainha nos meus dedões, enquanto eu me sentia uma grande oferecida por ter dito aquelas coisas.
_ O é um dos idiotas do bloqueio, mas deixa quieto. Depois daqui você quer ir lá em casa? - Ta ele não é gay e quer trepar comigo... Nossa que rápido! - Pra levar os ingressos pros caras? Gostou das coroinhas, rainha? – eita, podia ter esperado o rapaz molhar o bico!
_ Claro, claro!

--x—

_ Hey, caras! Cheguei! Aliás... – me encarou sorrindo - Chegamos!
contou: 1...2...3... é o 4º. Quem chegamos, então? - ele perguntava pros outros, confuso.
_ e a.... A.... A... - tentou falar mas não conseguiu.
_ O bloqueio de novo! - disse, dando um tapa na própria testa. - Chegamos ‘ e a rainha da escola do ’, !
_ Oi, rapazes! - eu cumprimentei seguida de que tinha o braço direito entrelaçado no meu ombro. - Quem quer ir ao baile de formatura do Colégio Houston levanta a mão por favor! - interroguei-os.
Todos levantaram o braço, exceto aparentemente ainda bloqueado e inclusive , que levantou o braço esquerdo, mantendo o direito me abraçando. Foi quando levantou o braço de involuntariamente. Eu passei por eles distribuindo os ingressos e quando cheguei em , brincou:
_ Olha o que tu ta dando pro meu xuxuzinho! – fez a voz de imitar gay mais mal feita da história!
_ Fica frio txutxuco! Ela vai me dar, mas quem me dá de jeito mesmo é você! - piscou pra imitando um gay um pouco melhor que o outro.
Todos caímos na risada.

Só faltava eu entregar o ingresso de , eu peguei um deles e dei um beijo, marcando-o com o meu batom rosa pink. Entreguei o ingresso para que sorriu e repetiu o gesto no meu rosto (obviamente ele não me marcou com batom rosa pink), claramente eu só tinha feito aquilo por causa do clima aparente entre nós.

E agora, estou eu aqui lembrando disso tudo que começou a acontecer há umas 5 horas. Neste momento está com a língua dentro da minha boca enquanto dançamos aqui no meio da pista do meu baile de formatura.


Fim.



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