- Harry, sai desse quarto e vem se despedir! - Minha mãe gritou lá de baixo. Me fez lembrar de quando eu morava com meus pais. Ela sempre fazia isso. Coloquei a garrafa de cerveja que estava bebendo no batente da janela e desci. Minha mãe não gosta de me ver bebendo ou fumando.
A encontrei me esperando em frente à porta da casa. Meu pai deve estar lá fora colocando as coisas no carro.
- Amanhã nós voltamos com a sua avó. – Ela falou. Dei um beijo de despedida na bochecha dela.
- Tudo bem.
- Vê se sai com os seus amigos de noite, vai para uma festa. – Lá vem ela com essa história de comemorar aniversário. Já disse que quero ficar em casa descansando, se isso é tão importante poderiam me dar de presente um dia sozinho. - Ah, cuidado com o meu jarro chinês, com o jardim, com...
- Mã-ãe! – Interrompi. O que ela acha que eu vou fazer? - São quatro da tarde e eu já comemorei mais do que devia.
- Ah, meu filho. - Acho que devo anotar para nunca esquecer um aniversário dela. Não quero nem imaginar o que ela faria se eu esquecesse. Ela fica assim por passar metade do meu aniversário longe de mim. Parece até que eu vou ficar em casa sozinho chorando.
- Os filhos da vizinha estão impossíveis! - Meu pai passou por nós reclamando - Dá para acreditar que jogaram uma garrafa de cerveja em cima do meu carro? - Vi pelo espelho meus olhos arregalados. Deveria saber atuar um pouco mais. Até com 22 anos eu repetia os mesmos erros.
- Vocês ainda vão viajar, não vão? - Perguntei só para confirmar. O que fez meu pai parar de andar e me fitar. Ele e seu incrível poder de ler a minha mente. Agora sabia que a garrafa era minha e ainda que eu queria ficar sozinho.
- Quando eu voltar vamos conversar, Harold. - Ele disse com o canto dos lábios encurvados num sorriso. Ele deve achar que eu pretendo fazer uma festa de noite aqui. Meus pais ainda acham que eu tenho 15 anos e a cabeça cheia de merda. Bem, eu não tenho mais 15 anos...
- Já está na hora de irmos, ou senão, vamos pegar a estrada apenas à noite. - Minha mãe interrompeu o nosso momento de cúmplices só por que não entendia nada. Ela sempre faz isso.
- Beleza. – Eu falei dando espaço para o meu pai passar.
- Vê se come direito! Ainda tem bolo na geladeira. Você está tão magro, a calça tá até caindo.
- A calça é que tá larga, deixa o menino em paz! - Meu pai disse. É por isso que é o meu pai. Ele entende o truque da calça para esconder as pernas finas. Até as expressões e a forma de levantar só uma sobrancelha são iguais.
- Tchau mãe. Tchau pai. – Falei acenando para os dois que já estavam entrando no carro.
Fechei a porta e me joguei no sofá. Apenas para esperar. Escutei meu pai ligar o carro. Não ia demorar muito. O barulho que o carro fazia começou a se afastar, afastar... Estava quase na esquina... A qualquer momento... Pronto! O barulho finalmente tinha desaparecido. Finalmente paz.
A campainha tocou. Não era esse o tipo de paz que eu esperava. Levantei do sofá e abri a porta. Danny e Dougie estavam ali, cada um com uma caixa cheia de garrafas de cerveja na mão. Logo atrás veio Tom já bebendo uma.
- O que vocês estão fazendo? – Perguntei. Certeza que arqueei uma sobrancelha.
- Você acha mesmo que vai passar o seu aniversário em casa sozinho? – Danny disse me empurrando para entrar na casa.
- Saturday Night. Pegou? – Tom falou tentando me fazer entender. Eu queria evitar entender.
- Quê?
- Você só fez 22 anos, Harry. Já tá parecendo um velho. É sério. – Dougie disse saindo de casa outra vez, devia estar indo buscar mais cerveja no carro.
- Lembra que quando a gente escreveu "Saturday Night" nós prometemos que um dia faríamos uma festa igual?
- E vocês escolhem o meu aniversário, esse que eu sonhava em ter paz, para fazer? – Agora Dougie já estava voltando com mais uma caixa de cerveja.
Os três me fitaram com umas caras de quem vai fazer algo errado. O mesmo tipo de sorriso no rosto dos três não dava para enganar. Arqueei as sobrancelhas e levantei os braços.
- Tudo bem. Eu me rendo.
“With my parents out of town
I got all my buddies round
Said we're gonna have a party tonight…”
Por volta das 10 da noite a casa começou a encher. Quando eram 11 já suspeitava de que não cabia mais ninguém ali. Muitos já estavam bêbados. Tom já tinha se jogado na piscina, apesar do frio. Ele estava bebendo desde que chegou! Outros que já estavam bêbados foram uns que chegaram de caminhão. Isso mesmo. Eu estava vendo as pessoas chegarem quando um caminhão pára em frente à casa dos meus pais e começa a descer gente. Era realmente um caminhão de gente. Como eu sou sem graça, meu Deus.
Peguei uma garrafa de cerveja para mim, cansei de dar uma de organizador. “Ei, tem cerveja na cozinha...”. Na verdade, nem era mais cerveja aquilo. Estão trazendo um monte de bebidas que eu nem sabia que existiam. Vi Danny chegar com o carro cheio. Não sei nem da onde aparece tanta gente. Sério, eu nunca vejo tanta gente assim por aí. Ok, eu sempre vejo muita gente. Eu faço show que lota estádios. Há.
As pessoas estão aproveitando o jardim para conversar. Está cheio de casais. Acho que não conheço nenhum. Dentro de casa é a fonte de bebida, bêbados por toda parte. Lá atrás na piscina está cheio de mulheres. Eu devo conhecer quatro delas.
Apoiei na parede de trás da casa, onde eu tinha uma boa visão de toda aquela área. Até uns caras usando sunga estavam ali. Deve ser um grupo de animação que contrataram. Acho que ninguém sabe do meu aniversário. Não que isso importe, muito melhor assim.
Tudo bem. Até que está sendo legal. Até gente chegando de caminhão teve! Igual a música. Todas as bobeiras que nós planejamos fazer. Eu só não posso continuar sozinho e parado vendo todo mundo aproveitar. Incrível como as pessoas se empolgam tanto num sábado à noite.
“If your dad has the truck
Then I'll come and pick you up
And anyone who wants to come for a ride
And if you wanna have a drink
There's some bottles by the sink
Over twenty-thousand people inside
You know that everybody likes to party on a Saturday Night...”
Comecei a observar as mulheres dançando. Sempre em grupos, não fazem nada sozinhas. Deve ser por isso que dizem que duas cabeças pensam melhor do que uma. Sei lá. Tem duas que não estão dançando. Eu acho que conheço uma lá, a outra eu não faço idéia de quem é. Acho que é a , uma amiga do Danny. Eles sempre vão beber juntos. Vai entender. A outra nem bebendo está. Sozinha ela quebra duas das regras principais, está sóbria e de calça comprida. Complica as coisas.
Esse tipo de festa acontece sempre que os pais viajam. É uma festa que a gente imaginou, mas tudo bem. Tem sempre a hora em que você encontra alguém e vai para o gramado na frente da casa, ou o gramado do vizinho. A música fica mais propícia e a maioria das luzes a gente desliga. É como: Pegue a garota que você está querendo.
Só olhando essa garota conversar com a eu bebi duas garrafas. Não pergunte do que era a segunda. Não lembro nem quem me deu. Já está na hora de ir ver o que ela tem na cabeça. Ou embaixo da roupa...Droga! A bebida já está fazendo efeito. Tenho certeza!
- Oi, . – Cumprimentei a que eu conhecia, não ia sair falando com quem eu não conheço.
- Hey, Harry! Festa legal!
- Valeu. Posso falar com a sua amiga? – Pela cara que elas fizeram devo ter ido rápido demais. O que mais eu ia falar com a ? Mandar ela ir atrás do Danny que tem falado dela mais que o normal? Isso mesmo. – É que o Danny tá te procurando.
- Não está não.
- Claro que está! – Não dava para ela ir atrás dele de uma vez?
- Ele já está muito ocupado. – apontou para o outro lado da piscina onde Danny estava quase engolindo uma outra. Ele só me faz passar vergonha.
Fitei o chão pensando no que dizer. Agora não fazia idéia de como tirá-la dali. Por sorte no chão estava uma das minhas baquetas. Ou azar, isso realmente não é um bom sinal. Peguei a baqueta.
- Não seja por isso. – Finalmente respondi. Mirei em Danny e acertei a baqueta nele, o fazendo soltar a garota e olhar para os lados procurando quem jogou. Acenei o vendo me olhar com uma expressão de ódio. Também preciso anotar para não esquecer de ser eternamente grato a , se ela não tivesse do meu lado o Danny teria me matado. – Agora acho que ele não está mais ocupado.
- Não acredito que você fez isso. – A estranha finalmente falou alguma coisa.
- Agora já dá para a gente conversar? – Perguntei sorrindo. Típico sorriso que uso toda vez que quero forçar alguém a fazer algo para mim. – Por favor? – Quando a gente implora elas sempre acham que são especiais.
“We'll have every girl in school in the deep end of the pool
If you wanna take a dip
Bring your trunks
And when we start to dim the lights
Gotta find a girl you like
And you better hope she's already drunk...”
Ela aceitou ir comigo até o jardim para conversarmos. Deixamos Danny tentando se explicar para e fomos por dentro da casa. No caminho ia pegar alguma coisa para a gente beber, mas ela nem quis.
Sentamos no gramado, Tom estava ali perto conversando com duas garotas, falando de suas habilidades e as fazendo derreter a cada sorriso. Não que eu tivesse levado a garota até ali para ver o Tom dar em cima de outras. Não mesmo!
- Qual o seu nome? – Perguntei sentando mais perto dela, para que ela me escutasse.
- Me chama de .
- O meu é Harry. – Me apresentei. Provavelmente ela sabia, faz anos que eu não me apresento.
- Eu sei. – Ela disse - Feliz aniversário! – Agora acho que ela é uma fã do McFLY. Não é possível, sabe o meu nome e o dia do meu aniversário. Umas das poucas aqui – A me contou. – Ela acrescentou.
- Ah. Você não bebe, por quê? – Mudei de assunto. Conversa de aniversário fica para quando a minha mãe voltar.
- Não sinto vontade. Cadê seus pais? Hoje é o seu aniversário, você está comemorando com um monte de gente que nem sabe disso.
- O que importa? Nem era para comemorar. – Dei de ombros e olhei para o outro lado da rua, evitando seu olhar. Agora nem tinha mais chances com ela. E quem disse que eu queria ter?
Um cara estava arrastando alguém para vomitar no gramado da casa da frente. Não era exatamente o que eu esperava ver. Eles deviam fazer isso o mais longe possível. É nojento.
Virei novamente para ela. O silêncio estava me irritando.
- Você sabe...todo mundo quer uma festa sábado à noite e...
- Ah, é! – Ela interrompeu – Esquecer seu aniversário por isso é ótimo, hein?
“And if somebody's feeling sick
Get them in the garden quick
'Coz we don't want them to spoil the fun
You know that everybody wants to party on a Saturday Night...”
O som de um carro começou a tocar bem alto do meu lado. Quase que eu infarto. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde a festa na rua começaria, mas não imaginava que ia ser tão cedo. Levantei junto com todas as pessoas que estavam sentadas no gramado. já tinha me deixado sozinho ali. O som de um rock animado tocava lá no fundo da casa dos meus pais e agora a batida de um hip hop animava a rua.
Peguei a cerveja de Tom, que tinha acabado de ser agarrado por uma garota, e fui para a rua entre as pessoas que agora circulavam aqui. Ouvi alguém xingar por pisar no vômito. Se ferrou.
Quando dei conta já tinha caído no chão. Meu nariz começou a doer e vi que estava sangrando. Olhei para ver o que me fez cair. Era o filho do vizinho da casa da frente. Ele passa a tarde inteira numa academia. Minha mãe contou a vida da vizinhança inteira no almoço. Isso é ótimo para mim. Aqueles músculos dos braços a mostra por causa do pijama sem manga me faziam querer sair correndo dali. Eu mal conseguia ouvir o que ele falava por causa da música.
Dougie me ajudou a levantar enquanto uns outros caras bem fortes da festa o afastaram de mim. Foi tudo tão rápido que eu mal percebi. Num momento estava andando com a cerveja, no outro no chão com o nariz sangrando e no outro no meu quarto com uma garota tentando fazer um curativo em mim enquanto Dougie perguntava várias vezes se eu estava bem.
- Tá bem, cara? – Dougie perguntou. Devia ser a décima vez.
- Já disse que sim. – Respondi mais uma vez. Meus olhos estavam fechados enquanto a garota fazia o curativo. Não lembrava quanto isso doía.
- Pronto. – A garota disse. Finalmente abri meus olhos. Droga de luz que não me deixa ver direito.
- Tá doendo, cara? – Vai se ferrar, Poynter!
- Não tá não. Imagina. – Respondi. Levantei da cama e... O que essa garota tá fazendo na minha frente? – Desculpa! – Abaixei para segurá-la e ela não cair. Tava quase passando por cima dela. – ? – Garota legal, foi fazer o meu curativo. Devia ser a única sóbria para conseguir.
- Oi outra vez, Harry. – Ela estava sorrindo. Agora estava feliz?
- Agora que você já está com o seu nariz outra vez, eu vou voltar para a festa. – Como se eu tivesse perdido o nariz. Ele já bebeu muito.
Virei e fui até a janela. O Sr. Wilson estava com a careca para fora da varanda do quarto xingando os meus convidados e mandando diminuir o volume da música. veio e apoiou no batente da janela ao meu lado.
- Acho que agora ele vai pagar por deixar os filhos deles gritando de noite quando eu tinha prova de manhã. – Falei rindo enquanto via o Sr. Wilson ficar roxo de tanto gritar.
- Alguém tá ouvindo o que ele tá falando? – Ela me olhou arqueando uma sobrancelha ao perguntar. Igual a mim. Gostei disso.
- Acho que não. Tão oferecendo bebida para ele. – Apontei para um cara de cueca xadrez erguendo uma garrafa para ele.
- Não é o Danny? – Ela perguntou e eu apertei os olhos para enxergar melhor. Danny já tinha bebido muito. Até a roupa tinha tirado, não quero nem imaginar o que ele já fez.
- É. Ele é louco. – Falei rindo junto com ela.
- A letra do rap que tá tocando lá na frente deve deixar os vizinhos loucos.
- Bater no bumbo da bateria de noite já é o bastante. – Falei e nós rimos outra vez. Até que ela não era tão estranha.
“We're waking everyone asleep
When we start to party in the street
We want the neighbors to complain
'Coz our music’s driving them insane...”
- Estamos sozinhos. – disse, me fazendo sorrir. A única coisa que eu consegui fazer.
Ela estava usando um all star amarelo, depois poderia conversar com o Tom. A calça preta combinava com a cor do all star. E a blusa branca...combinava com ela. Eu estava mordendo o lábio, acho que estava hipnotizado. Meus olhos se recusavam a mudar o foco. Sorri ao ver que ela parecia estar na mesma situação. Eu não deveria estar tão longe.
Cheguei mais perto tirando uma mecha de cabelo que insistia em cair no rosto dela e atrapalhar a minha visão, depois deixei minha mão segurar seu pescoço, apenas para puxá-la para mais perto. A blusa branca já estava encostada na minha pólo azul-marinho. Ela mordia o lábio inferior. Fechei os olhos sentindo sua respiração quente na minha pele. Acho que sentia o coração dela bater acelerado, ou devia ser o meu. Senti seus lábios tocarem os meus, sem conseguir esperar mais abri a boca deixando nossas línguas se encontrem. O que eu estava fazendo?
partiu um dos beijos algum tempo depois, segurando as minhas mãos que já tentavam tirar sua blusa. Deixei que segurasse, mas não parei. Deslizei os lábios até o pescoço dela, a deixando arrepiada. Deveria desistir de me impedir. Beijei o pescoço dela, a força que fazia para segurar minhas mãos diminuíram. Continuei beijando, passando os lábios pela pele dela, a fazendo arrepiar e perder o controle a cada toque. Nossos lábios se encontraram novamente, e o nosso beijo tinha mais vontade. As mãos dela me soltaram e foram até o meu peitoral, e as minhas para parede ao lado dela. Ela mordeu de leve a minha língua, depois o meu lábio inferior. Passou os lábios pela pele até o meu pescoço, mordendo-o. A respiração quente no meu pescoço fez algo estranho percorrer o meu corpo.
Ela aproveitou que eu estava vulnerável para me afastar. Tudo bem, eu não deveria tentar continuar outra vez. Encostei na parede para me recuperar. Não sei muito bem onde eu estava com a cabeça. Mal conhecia a garota. Estamos no meu quarto, não no jardim. Deve ser esse o motivo dela ter me parado. É o que diz a música. Boa maneira de me convencer.
“And if it's going to your head
Get behind the garden shed
It's where everybody goes to get laid…”
Nós ficamos sem assunto. Ela ficou completamente calada depois daquilo. Eu não entendi direito. Só decidi dar uma volta lá embaixo, parecia estar animado. Chamei a e fomos juntos, mesmo sem trocar nenhuma palavra.
Tom tinha bebido tanto que estava tentando fazer algo como nado sincronizado na piscina, não tinha isso na letra da nossa música. Passei por Danny que estava com a e o Sr. Wilson bebendo e conversando sentados no gramado. Que medo do Danny, ainda usava a cueca xadrez. Melhor do que pelado. Na frente da casa eu encontrei Dougie, ele estava tão ocupado com uma lá que nem me viu.
Sentei com a no banco da casa de um vizinho. A música de um outro carro colaborava para a mistura de sons e animava por ali. Já estava quase ficando tipo no filme "Velozes e Furiosos". Falando nisso, eu ainda nem vi o último.
continuava calada como se estivesse pensando em algo. Traumatizei a garota.
Olhei para o céu pela primeira vez naquela noite, vi que estava estrelado. Até o céu se preocupa com o meu aniversário. Acho que por estar parado e por falta da bebida o frio voltou. Devia voltar a beber. A música também não ajudava, alguma calma do Akon. Ótimo para o meu momento, se eu não for prestar atenção na letra. Precisava fazer alguma coisa.
- Está tudo bem com você? – Perguntei. Ela estava tão quieta.
- Está sim. – Ela sorriu, cruzando os braços e olhando para mim. Isso é um bom sinal.
- Você conhece o McFly? – Pergunta idiota. Deveria esquecer a minha banda.
- Claro. Vocês são bons.
- Eu principalmente.
- Concordo. – Ela ficou com as bochechas vermelhas. Depois daquilo no quarto ela ainda conseguia ter vergonha. Adoro o efeito que eu causo nas pessoas.
- Eu preferia você com o moicano. – Ela passou a mão pela minha semi-careca. Segurei a mão dela e mordi de leve.
- Uma hora tem que mudar, né?
- Por favor, não deixe mais o Danny tocar no seu cabelo. – Ela sabia dessa história! Ela conhecia muito bem o McFly.
- Há! Você é fã da minha banda?
- Tudo bem, você me pegou. Eu sou.
- Te peguei duas vezes. – Ela ficou corada outra vez. Passei o braço por trás do pescoço dela e a puxei para perto. – Você não é daqui, né?
- Brasil. – Eu achava que as brasileiras eram boas. Agora tenho certeza.
- Ahhh... Percebi pelo sotaque. – Eu percebi?
- Percebeu nada. – Ela mordeu a minha bochecha.
- Claro que percebi.
Uns cinco garotos passaram pela gente. O mais alto devia bater no meu ombro. Impossível ser um amigo meu, também não devia ser fã. Penetras na minha festa. Que legal. Pensando melhor, a festa já está tomando conta da rua e... 98% das pessoas são penetras.
- Harry? – Ela me chamou. Tinha esquecido da coitada.
- Calma aí. – Levantei e fui até os garotos. – Ei, vocês!
- Ferrou! – Um deles falou para o outro.
- Ahhh tio, deixa a gente ficar aí. – Um outro falou. Depois do “tio” eu quase joguei ele para fora chutando.
- Só...vim dizer que lá dentro tem bebida. – Apontei para a casa. – Não tem ninguém para ver a idade de você aqui.
“If you want another beer
Then there's plenty in the rear
No one here to check if you're underage…”
apareceu do meu lado segurando o meu braço.
- Vou ter que ir. – A festa mal começou!
- Quê? Tá cedo!
- A sumiu com o Danny, se eu não for agora vou ficar sem carona.
- Dorme aí.
- Alguém vai dormir?
- Eu te levo amanhã.
- Você vai estar bêbado. – Ela não quer mesmo. Eu desisto.
- Tudo bem. Você vai ficar querendo voltar para cá. Recebi um selinho. Só um selinho?
– É o que a música diz. – Ela falou me fazendo rir.
Observei ela sair andando e sumir entre as pessoas. Legal comemorar meu aniversário, pena que o melhor da festa foi embora. O que essa garota tem? Eu preciso conversar com a também. A não é brasileira? E o que ela está fazendo com o Danny?
Vi o Sr. Wilson sair de casa carregando umas garrafas de vinho. Meu Deus! O velho tá bêbado. Amanhã quando ele vir o resultado vai mandar processar a minha família.
- You know that everybody likes to party on a Saturday Night... - Cantei sozinho. Meus lábios pareciam congelados num sorriso idiota. Preciso beber um pouco mais. Até que não é tão ruim comemorar o meu aniversário.
Sem dúvidas não era a minha cama que estava embaixo de mim. Sentei apertando os olhos por causa da claridade. Eu estava no gramado em frente à casa. O silêncio estava até assustando.
Levantei para ver o estado do lugar. Tinha uma pessoa ou outra jogada no chão. O caminhão ainda estava parado no final da rua. Sinal que o motorista era um desses caídos por aí. Minha cabeça estava doendo, não era o excesso de luz como imaginei.
Um carro apareceu no final da rua. Eu conhecia aquele carro. Dava para ver as caras de assustados dos meus pais lá dentro. Me senti um garoto de 16 anos que acabou de fazer merda.
O carro parou em frente à casa. Eu continuei imóvel olhando para eles. A única coisa que consegui fazer foi sorrir. Um bom sorriso de boas vindas.
- O que é isso, Harold? – Minha avó perguntou saindo do carro.
- Boa pergunta, mamãe. - Foi minha mãe que concordou. Contornando o carro para vir até mim. Meu pai preferiu ficar lá dentro. Esperto ele.
- É que...
- E o seu nariz? – Ela nem me deixou falar. – Cadê a sua roupa?
Quase cavei um buraco no chão e me enfiei quando percebi que só estava de cueca. Uma cueca...xadrez. Igual a do Danny. Eu só lembro de começar a beber com o Poynter. Melhor fingir que eu não percebi esse detalhe.
- Não sei, mãe. – Era a verdade, não era?
- E a minha casa? Espero que ainda tenha alguma coisa inteira! – Ela ia começar a dar um ataque. Ia sim.
- Mãe, é que... Você não vai acreditar no que aconteceu. Meus amigos vieram para cá e a gente tava...tava... jogando baralho.
- Jogando baralho?
- É. Aí começou a cair uns raios, tudo começou a tremer e do nada um homenzinho cabeçudo apareceu na sala. É sério, mãe. Ele era verde. VERDE! Depois não lembro de nada. - Sorri outra vez. Não precisava da desculpa. Eu tenho dinheiro, poderia pagar para um trator arrastar as pessoas para fora dali. Só precisava colocar emoção na história.
- Coloca ele de castigo. – Minha avó mandou, me olhando com uma cara realmente má por baixo dos óculos. Ela realmente dá medo.
- Você é que mandou ele dar uma festa. – Meu pai entrou na conversa para me salvar. Ele é o meu herói! Que gay... – Nós conversamos depois, Harry. Vai se vestir. – Sorri para o meu pai. Tudo o que eu preciso fazer é sorrir, como diz a música.
“When my parents come back home
I'll say we've been alone
But we don't know how the mess got this bad
I'll be grounded for awhile
All I have to do is smile
And I'll get a little talk from my dad...”
Sentei no sofá exausto por ter deixado a sala um cômodo aceitável. Tom, que eu encontrei na cozinha, também estava comigo, sentou no outro sofá. Já Dougie, eu tinha encontrado dormindo aqui no sofá mesmo, servia bem de apoio. Só faltava o Danny.
- Gostou da festa? - Tom perguntou com um sorriso bobo no rosto. Espero que ninguém saiba que foi a minha festa. Alguma coisa me diz que a minha cara no gramado está em todos os jornais como a fofoca do dia.
- Foi bem legal. - Dougie respondeu por mim. Só concordei com a cabeça.
- Quem faz aniversário agora? O Danny? Vai ser a vez dele. – Tom falou. Isso me anima. É estranho. Acho que podíamos fazer outra música tipo “Saturday Night” com outro dia da semana. Que dia cai o aniversário do Danny?
- A festa vai ser realmente na rua toda. O Danny é amigo dos vizinhos. – Dougie falou rindo. Até agora não sei como ele fez o Sr. Wilson desistir de dormir e vir para a festa.
- Mas sempre vai existir um deles para a gente perturbar.
- Então quando os pais de Danny saírem... – Dougie começou, mas foi interrompido por um grito vindo do segundo andar. Pulei do sofá. Não quero nem pensar o que a minha mãe ou a minha avó encontraram lá.
Alguns segundos depois Danny desceu as escadas se cobrindo com uma almofada.
- Só podia ser, né? - Tom falou rindo. Danny parou olhando para gente. Pelo jeito sem idéia do que fazer. Acho que ainda estava dormindo. - Senta aqui. - Tom bateu no espaço vazio ao lado. Acho que a minha mãe joga o sofá fora se ver o Danny pelado sentado ali.
- Danny, cadê o bolo? - Será que até no Natal vão lembrar do meu aniversário? Já é dia 24!
- Que bolo?
- O do aniversário do Harry.
- Aquele bolo do aniversário do Harry que vocês me falaram para comprar e trazer ontem? Que tinha que ser de chocolate e tudo o mais? - Tom e Dougie concordaram com a cabeça. Até que não cairia mal um bolo agora.
- Esse mesmo, Danny. - Tom decidiu falar já que Danny tinha parado olhando para o nada por muito tempo.
- Não sei. - Não deu para não rir. Mesmo com Tom e Dougie com a cara não muito amigável eu não consegui deixar de rir. Eu amo o Danny. Só ele falaria algo assim.
- Como não? Ahhh Danny! - Tom parecia estar aborrecido. Nossa. Que palavra é essa?
- Ahhh! Calma aí! Acho que me entregaram uma caixa cheia de presentes para o Harry. - Danny falou alguns segundos depois.
- E o que isso tem a ver?
- É que uma garota do Brasil me entregou isso e um bolo ontem. Tava escrito "McFly Addiction" lá. Tinha um recado para o Harry no bolo também. Tava escrito...Parabéns? – Sim, ele afirmou perguntando.
- Amo as fãs brasileiras. - Dougie disse. Falando nisso, tenho que perguntar para da minha brasileira. Minha. Olha como eu sou possessivo. Conheci a garota ontem.
- Cadê o bolo então? - Tom perguntou.
- O do Addiction lá?
- É.
- Eu comi.
- QUÊ? - Putaquepariu! Que susto, cara! Dougie não precisava dar um grito desses. Nem queria o bolo. Só a minha caixa, fãs são legais.
- Não podia? – Parabéns, Dougie. Traumatizou o Danny agora. A criança nunca mais vai chegar perto de um bolo. Tudo bem, ele nem é mais uma criança. Ou não deveria ser.
- Era o bolo de 22 anos do Judd.
- Harry. - Corrigi. Aposto que o Dougie só tava querendo ver se as brasileiras cozinham bem.
- Eeei! - Tom interferiu. - Era só um bolo. Não importa muito. Você sabe, everybody loves to party on a Saturday Night...
“And the next time they're away
All my buddy's can stay
Do our best to drive the neighborhood mad
You know that everybody likes to party on a Saturday
Everybody wants to party on a Saturday
Everybody loves to party on a Saturday Night”
N/A:
Hey!
Espero que tenham gostado da fic, eu escrevi direto durante 12 horas, nunca tinha sido tão rápido @_@
Vou começar a estabelecer datas pra terminar minhas fics(?) só assim eu termino. Descobri que funciono bem sob pressão.
Bem, obrigada a quem leu, principalmente a quem comentou xD
Obrigada Bruna e Gege por me agüentarem 12 horas direto no msn e por terem me ajudado.
Obrigada a Jú pela paciência e por terminar de betar.
É, acho que é só. ô/