Sunset,
by Rafaela.

Era um quarto de hotel. Último andar. “Oh famosa cobertura”. Ela observava o final da tarde através da grande janela de vidro, sentada naquela cama de casal ‘king size’, que o quarto oferecia. O sol ainda não começara a se pôr, mas em alguns minutos começaria, o céu já estava naquele tom roxo-laranjado. Do seu quarto era possível ver a torre Eiffel e seus visitantes, que eram minúsculos por causa da distância. Pensou pelo que passou durante o dia e resolveu tomar um banho, como se a água fosse levar embora todas as suas preocupações. Ter que aturar quatro horas seguidas, sem intervalos, de reunião não fora uma tarefa fácil, mas sim cansativa, ainda mais com a voz estridente e aguda de sua chefe, que, aparentemente, a única coisa que sabia fazer na vida era reclamar e botar defeito em tudo quanto é acontecimento dentro de sua própria editora. Mas não reclamava, gostava do seu trabalho, era jornalista, ganhava até mais do que um dia sonhou em ganhar como salário e ainda podia viajar pelo mundo para realizar seu trabalho com mais profissionalismo, como hoje, chegara em Paris poucas horas antes da tediosa reunião.

Lavava cada parte do seu corpo com leveza e cuidado, queria que a água levasse embora cada mínimo detalhe de sua frustração com a famosa Sra. Carolynn. Deixou a água corrente cair em sua nuca enquanto respirava o perfume de jasmim do sabonete que espalhava pelo corpo. Quando começou a se sentir mais leve ela desligou o chuveiro, o vapor quente da água subitamente deixou de existir, o que fez com que ela se arrepiasse por causa do frio e puxasse a toalha que estava pendurada no Box para por em volta do seu corpo e se aquecer enquanto se enxugava. A tolha era macia como veludo. Enxugava o corpo com calma, não fazia questão que o tempo passasse rápido.

Quando terminou de vestir seu pijama de seda escutou a barriga roncar. Estava com preguiça de comer, mas sabia que precisava, afinal passou o dia sem uma alimentação sustentável e era possível que, se não comesse, pudesse acabar desmaiando no simples ato de por os pés no chão na manhã seguinte. Observava o cardápio enquanto ligava para o restaurante do hotel. Pediu o que lhe chamou atenção, Spaghetti Integrali Vegetariani, um prato italiano. Era o que ela gostava, massa e ainda os vegetais. Mesmo estando em Paris, não fez questão de pedir uma comida da cozinha francesa. Foi até o frigobar do quarto após pedir o jantar, observou três garrafas de água e o champagne francês. Pegou uma das garrafas de água e sentou-se à mesa esperando pelo jantar que não demorou a chegar.

Acordou na manhã seguinte com o som do telefone, ela pediu à recepção que a acordasse no horário. Eram sete horas. Teria mais um, realmente, longo dia com a Sra. Carolynn pegando no seu pé com matérias sobre isso e matérias sobre aquilo. Apenas desejava que a mulher calasse a boca e a deixasse pensar com calma enquanto escrevia.

- - • - -


Fora deixado acordar sozinho mais uma vez. Queria saber porquê os amigos sempre o deixava na mão na hora de acordar para trabalhar, seja o trabalho ensaiar, escrever mais músicas ou até mesmo verificar o som da aparelhagem para o futuro show. Encarou o relógio e percebeu que não era tão tarde quanto pensou que fosse. Espreguiçou-se, passando as mãos pelos lençóis macios da cama do hotel. Foi tomar banho, não sabia o que iria fazer pelo resto do dia, era apenas questão de encontrar-se com os amigos para decidirem, a menos que os próprios já tivessem tomado alguma decisão, afinal apenas ele não estava lá para compartilhar os horários que seriam cumpridos.

- - • - -


Enquanto caminhava pelo corredor, ela ajeitava as coisas dentro de sua bolsa e segurava algumas pastas do trabalho, não conseguia prestar atenção no caminho que tomava. Ele abotoava sua camisa, com o casaco por cima, e cantarolava qualquer coisa que vinha em sua mente. Foi quando se esbarraram. Com tanta força que ela caiu no chão e ele caminhou alguns passos para trás na busca do equilíbrio. Ficaram assustados. Todas as folhas voaram das pastas. Alguns dos objetos que estavam na bolsa dela também caíram no chão. Ele ficou com o botão que tentava abotoar durante o caminho na mão.

- Desculpa! – Eles pediram ao mesmo tempo. Soltaram uma risada em seguida. Não tinham ficado estressados um com outro. Sabiam que, talvez, o dia poderia ser pior.

Ele chegou próximo dela, que estava ajeitando os papéis dentro das pastas, e ajoelhou-se para ajuda-la. Não trocaram uma sequer palavra após terem pedido desculpas um ao outro. Nada passou de olhares trocados. Enquanto ele juntava os papéis em uma única pilha e a observava, ela deixou o sorriso tomar conta de seu rosto, como resposta ao olhar do garoto. Ele era bonito. Tinha um olhar penetrante e fora do comum. Entregou a pilha de folhas que fez à ela, que as ajeitou dentro de uma das pastas e agradeceu. Ajudou ela a levantar e caminharam até o elevador. Estavam no quadragésimo quinto andar esperando o meio de transporte, que parecia uma lesma, entre os andares chegar. Fizeram uma parada na metade do caminho, alguma família, provavelmente de férias, precisava, assim como eles, do elevador. Entraram e posicionaram-se exatamente entre os dois, que agora ficaram separados.

No térreo, ele observou que a garota saía do prédio com pressa de chegar em algum lugar. Hesitou, por isso não conseguiu chamá-la para alguma conversa. Nem conseguiu perguntar seu nome. Sendo assim, resolveu tomar seu rumo ao espelho do lobby do hotel, para ajeitar seu disfarce antes de sair pelas ruas de Paris e encontrar-se com os amigos que estariam na rádio, esperando para mais um programa ao vivo.

- - • - -


- Como assim não perguntou pelo nome dela? – exclamou incrédulo, esse era o garanhão dos quatro amigos, sempre se saía na melhor com as mulheres. – Essa é a primeira coisa que se faz quando se encontra com uma mulher tão bonita quanto você diz, num acidente desses.
- Pelo menos ela está hospedada no mesmo hotel que nós estamos. – Ele deu de ombros.
- Vocês entram no ar em cinco minutos. – Uma jovem com sotaque francês os avisou.

- - • - -


- E então, o que você vai fazer? – perguntou.
- Esperar, certo? Ele pode ter um rosto familiar, mas eu nem, ao menos, sei o nome do príncipe dos olhos . – Ela respondeu, sonhadora.
- Como não sabe? Ele não se apresentou? Não fez nada?
- Me ajudou com o que eu deixei cair no chão. – Agora ela abriu um sorriso.
- Ao menos é cavalheiro. Está hospedado no mesmo hotel, certo?
- E provavelmente mesmo andar.
- Ótima oportunidade para entrar no quarto errado. – Ela fez uma cara, supostamente, sexy.
- Ai, ! Para de pensar coisas. Anda, temos uma Carolynn para enfrentar.

- - • - -


Conseguiu um pedaço da tarde de folga. A mulher chegou no hotel para retirar sua chave na recepção e dirigiu-se para o bar, próximo a entrada do hotel.

- Ouviu falar do assassinato no hotel ao lado? – A bartender perguntou ao perceber a cara de espanto da mulher ao ver a quantidade de policiais rondando pela rua e pelo hotel.
- Não. – Tomou um gole da água que pediu.
- Alarmaram um bom pedaço da polícia francesa e estão revistando todos os homens solteiros.

Lembrou-se do garoto com quem se esbarrou pela manhã e pensou se ele estaria acompanhado de alguém.

- E você? Está acompanhada? – A bartender perguntou após algumas horas de conversação sobre o crime. Desviou o olhar da cliente para a porta. – Ah, meu Deus. – Disse como se fosse derreter.
- O quê? – Virou o rosto para a porta e viu ele. Aquele mesmo com quem se esbarrou pela manhã. Ele acabara de ser interrompido pela polícia, queriam revista-lo. Sorriu para a bartender, que caia em pedaços pelo garoto sem ao menos perceber que policiais o interrogavam.
- Vous êtes seul, monsieur? (Está sozinho, senhor?) – Um policial perguntou, em francês, enquanto outro passava a mão pelo corpo do garoto, sem censura, buscando por alguma pista, revistando ele. Ele, por sua vez, levou as mãos ao ar e olhou para frente, os amigos já tinham voltado para o hotel, ele foi o último a voltar, encarou ela. Olhos fixos um ao outro. Sem ao menos piscar. Os policiais perceberam o contato dos olhares. – Vous êtes accompagné? (Vocês dois estão juntos?)
Percebendo que ele não entendia uma sequer palavra do que os policiais diziam, ela tomou uma iniciativa.
- Oui, monsieurs, il est avec moi. (Sim, senhores, ele está comigo) – Virou o rosto para o garoto. – Venha. Aonde passou o dia todo? Pensei que tivesse entendido o horário! – Fingia brigar com o “marido” para se livrar dos olhares suspeitos dos policiais.

- - • - -


- Obrigado. – Dentro do elevador ele agradeceu. Ela apertou o botão do quadragésimo quinto andar.
- De nada. Que andar?
- O mesmo. – O mesmo silêncio da manhã tomou conta do elevador. O silêncio estranho, que fazia ambos se sentirem constrangidos. – Erm... – Ela virou o rosto para ele. – . , ou apenas . – Ele esticou a mão para a garota.
- . , ou apenas . – Observou o botão que faltava na camisa do garoto, sorriu e apertou a mão dele.

- Ah, mas isso é, realmente, ótimo! – disse quando chegaram ao andar dos seus apartamentos e viram mais um policial rondando pelo corredor.
- Deve ter um por andar. Anda, vem! – Ela pegou na mão dele, como se fossem namorados, e o levou para seu apartamento, sem, ao menos, decidirem se eles iriam para o apartamento dele ou dela.

Fechou a porta atrás de si enquanto ela largava a bolsa por cima de uma das cadeiras da mesa que tinha no quarto e tirava o casaco. pôs o ouvido contra a porta para tentar escutar alguma coisa, mesmo que isso, provavelmente, não aconteceria. Lembrou dos amigos.

- Eu queria saber como , e vão sair dessa. – Pensou alto.
- Quem?
- Ah, uns amigos meus. – Sorriu simples. Ela assentiu e foi até a janela. Como no dia anterior, já era final de tarde. Enquanto abria as cortinas, esperava poder ver o mesmo céu de ontem... e viu. Parecia tudo tão calmo lá em cima. As luzes começavam a acender pouco a pouco. caminhou até , ficou em pé ao lado dela. – Do meu quarto não se tem essa visão. É realmente bonito aqui. – Ele tentava puxar assunto, mas a garota parecia silenciosa, parecia não querer conversa. sentou-se na cama e tirou os sapatos. – Olha, se você não estiver gostando da minha companhia, eu posso sair, vou pro meu quarto e te deixo aqui sozinha. – Ele parecia chateado, mas sabia que não tinha motivos. Eles não se conheciam. Ela soltou uma risada bufada, como se estivesse tirando com a cara do garoto.
- Como? Com o policial ali fora? Que te viu entrando no quarto comigo pensando que nós fossemos um casal?
- Ah, é. – parecia ter esquecido tudo o que acontecera com ele na entrada do hotel. – Mas então, o que vamos fazer? Eu não te conheço e você não me conhece, mas deve estar pensando que eu sou uma matraca que não sabe calar a boca. – Ela encarou as pernas, estava sentada, e soltou uma risada. Olhou para o garoto que ainda estava próximo a janela.
- Sente aqui. – Ele apalpou a cama, mostrando onde ele poderia sentar. Na frente dela. Esticou a mão e sorriu. – Muito prazer, meu nome, como você já sabe, é , ou , descendente de , brasileira... – Ele pareceu espantando. – O quê?
- Brasileira.
- É. Moro em Londres desde os 18 anos, sou jornalista e estou aqui em Paris para aturar minha chefe, Sra. Carolynn – Fez voz fanha ao falar o nome da chefe -, em milhões de reuniões que parecem durar o dia inteiro. Essa sou eu. E você? – Ele riu do jeito ‘cara de pau’ que ela se apresentou agora.
- Bom, eu, como você, também, já sabe, me chamo , mas, na verdade, têm mais nomes entre o nome e sobrenome, mas eu estou com preguiça de falar eles... – Ela riu. – O quê?
- Todas as palavras extras, que você disse não querendo dizer seus outros nomes, você poderia ter usado para, justamente, dizer seu nome completo.
- Agora já é tarde demais. Nasci em , na Inglaterra, mas moro em Londres e... – Não sabia se falava o verdadeiro motivo de estar em Paris, que logo explicaria sua profissão.
- E... – parecia curiosa com o que o garoto iria dizer.
- Você não tem cara de que seja uma daquelas fãs loucas que vão berrar até as cordas vocais ficarem gastas.
- Mas eu posso fazer isso, se você quiser.
- Por Deus, não! – Ele gargalhou de leve do jeito cômico da garota que acabara de conhecer. – Continuando, sim?
- Fique à vontade. – Ela assentiu.
- E estou em Paris por que tenho uma banda...
- Ahá! Sabia que te conhecia de algum lugar! - Ela passou a mão livre pelos cabelos. – Desculpe, pode continuar.
- McFLY, é a banda.
- Mais alguma coisa?
- Hum, acho que não. – Sorriu. Ainda estavam de mãos dadas. Ficaram sem jeito e se soltaram num rápido ato.
- Eu vou... Vou tomar banho.
- Claro.
- Pode assistir TV, se quiser.
- Obrigado.

Ela entrou no banheiro e encostou-se à porta ao fecha-la, escorregando até o chão. Estava com as pernas trêmulas. Respirou fundo e foi ligar o chuveiro.

No quarto, ele escutou o chuveiro ser ligado e ficou pensando em como conseguiu se meter numa situação dessas. Quer dizer, ele sabia, mas ainda não acreditava que estava sentado em uma cama, assistindo TV em um quarto de hotel de Paris sem ao menos saber realmente quem era a mulher que acabou de conhecer. Bom, sabia seu nome e sua profissão e ela o salvou de uma, provavelmente, grande confusão. Ela era bonita. Tinha os cabelos e os olhos... Agora ele ficou confuso, pela manhã aqueles olhos estavam tão escuros que pareciam ser pérolas negras, mas agora pela tarde eles estavam incrivelmente claros.

A porta do banheiro abriu e de lá saiu , uma com cabelos molhados, com perfume de jasmim e vestindo a camisola rosada de seda. Caminhou até a cama. Eram passos leves, passos de bailarina. Sentou-se ao lado dele. Ele ficou paralisado.

- Quer tomar banho?
- Quê? – Ele saiu do momento de transe.
- Queres tomar um banho? – Sorriu.
- E colocar a mesma roupa depois? O problema não é nem a roupa, o problema é... Você sabe.
- A cueca.
- É.
- Lava a cueca no banho e depois me dá ela, tem secador no banheiro.
- HAHA, fala sério. – Ele riu irônico.
- To falando a verdade. Ou então fique com a cueca usada.
- Não, vou ficar com a primeira opção. – Ela gargalhou. – Tá rindo do quê?
- Nada.

caminhou até o banheiro e fechou a porta, sem trancar. Viu o sabonete de jasmim de e percebeu de onde vinha perfume dela. Procurou por outro sabonete pelo banheiro e viu, em cima da pia, o sabonete que o hotel oferece à todos os hóspedes.

- ! – Ela estranhou o chuveiro ainda não ter sido desligado, mas foi até o banheiro.
- O quê? – Perguntou do outro lado da porta.
- Entra.
- Mas tu ainda tá tomando banho.
- Entra! – entrou no banheiro e viu a cueca dentro da pia. Teve que rir. – Por que você só RI?
- Porque é uma situação engraçada. Quer dizer - Ela torceu a cueca e ligou o secador -, eu nunca imaginei que eu estaria secando a cueca de um cara que eu mal conheço. – Ele terminava o de enxaguar o cabelo. Desligou o chuveiro e riu.
- Um dia você vai se casar com alguém, eu acho. – Enrolou a toalha na cintura e saiu de dentro do Box.
- Mas quando esse dia chegar, eu vou conhecer meu marido, não acha? – Virou seu rosto, encarou o tórax nu e molhado do garoto. Voltou a atenção para o secador, antes que fizesse algo de errado. Ele ficou parado atrás da menina.
- É um certo “treino” secar a cueca alheia. – Ela gargalhou mais agora. Olhou para o espelho embaçado. Na borrada imagem refletida ela percebeu que a mão de ia em direção do corpo dela. O garoto tocou, com sua mão úmida, o ombro nu dela. sentiu um arrepio passear pela sua espinha e virou seu rosto, como se fosse apoia-lo na mão de , mas apenas acariciou a mão. Voltou a prestar atenção no secador.
- Pronto. – Alcançou a cueca para o garoto e saiu do banheiro, deixando ele trocar de roupa sozinho.

voltou a assistir TV. Nem ela sabia o que estava passando de interessante naquele canal, estava apenas pensando naquele garoto dentro do seu banheiro. Ele saiu de lá escancarando a porta, deixou escapar pela mão, sem querer. Ela encolheu as pernas, de susto, quando a porta bateu com força na parede.
- Merda! – Ele exclamou. Estava usando apenas a samba canção e a blusa que faltava um botão. – Desculpa. – Caminhou até a cama e aconchegou-se na ponta da mesma, ao lado de . – Então – ela virou o rosto da TV, que mudava de canal freneticamente -, durmo onde? Você provavelmente não quer um estranho dormindo ao seu lado. – Ela pensou. Não tinha nada contra aquilo, mas preferia se prevenir.
- Eu achei estranho, mas tem um colchonete dentro do armário.
- Sério? – Ele falou indo até o armário. – Por que diabos um hotel teria um colchonete dentro do armário? – tirou o colchonete do armário e esticou na frente do corpo.
- Vai saber. Talvez saibam que duas pessoas que nunca se viram na vida um dia resolvam dormir num mesmo apartamento de hotel. – Ela deu de ombros rindo indo ajudar ele ajeitar o colchonete próximo da cama.

Ela foi deitar na sua cama enquanto ele pegava uma coberta que, também, tinha no armário.

- Vai dormir agora? – perguntou observando ela pelo canto do olho.
- Acho que sim? Tem algo de interessante pra fazer, porque parece que vai chover e eu odeio chuva à noite.
- Odeia chuva de noite? É a melhor coisa pra dormir. – Ele pegava o travesseiro que ela alcançava para ele ajeitar sua “cama”.
- Na verdade é medo dos relâmpagos, raios, trovões e medo de escuro às vezes. É um trauma de infância. Uma vez caiu um raio na casa na frente da casa em que eu morava, quando eu tinha 5 anos. Desde lá isso se tornou um trauma.
- Caramba. Mas não te assusta, nada vai acontecer. – Caminhou até o outro lado da cama, onde se preparava para dormir. - Boa noite. – Ele desejou dando um beijo na testa da garota ao perceber que ela já estava se ajeitando por debaixo da coberta.
- Boa noite, . – Ele sentiu os pelos da nuca arrepiarem ao escutar ela falar seu nome. Soava tão bem. Queria que aquilo repetisse, pra toda vez ter a mesma sensação.

Durante a madrugada a chuva começou. Eram duas e trinta e sete quando foi acordado por um toque em suas costas, junto com um gemido, como se alguém estivesse se escondendo de algo perigoso. Ele se virou e viu se encolhendo próxima ao seu corpo após um trovão, que por sinal fez um estrondo. Soltou uma risada bufada.
- Já entendi.
- Não ri da minha cara. – Ela escondia o rosto no peito do garoto a cada trovão que escutava.
- Não vou rir da sua cara. O problema é que é engraçado ver você, uma mulher já feita, com medo de trovão.
- Ah! – soltou um grito quando percebeu que o raio caiu próximo do hotel e tudo lá fora escureceu.
- Isso é o que o seu medo provoca. – falou abraçando , que estava mais assustada do que antes. – Vem cá, esse colchonete é meio desconfortável para uma pessoa como você, não acha? – Ela olhou nos olhos do garoto que refletiram o clarão do relâmpago, deixando os olhos mais claros ainda. Escondeu o rosto de novo. – Assim você me lembra uma avestruz, só esconde o rosto.
- Há-há-há! Queridiiinho. – Puxou as bochechas dele.
- Ai, ai, ai, pára! Não puxa com força.
- Descul... – Soltou mais um gemido e escondeu o rosto no peito dele de novo. Ele a abraçou com mais força.
- Eu vou repetir a pergunta: esse colchonete é meio desconfortável para uma pessoa como você, não acha?
- Eu vou ficar sozinha na minha cama e ter que bancar a avestruz, como você diz, no travesseiro.
- Vem, - ele se levantou do colchonete – quando você dormir eu volto pra minha posição inicial de ‘colchoneteiro’. – Ela riu e o acompanhou até a cama. Ambos deitaram naquela cama ‘king size’ e ele a cobriu. – Vai ficar calma?
- Vou tentar. – Mais um relâmpago caiu do lado de fora fazendo com que ela se escondesse em , mas dessa vez o impulso de querer se esconder foi muito forte, ele perdeu a força no braço em que estava apoiado e caiu no colchão com por cima de seu corpo. Olhou nos olhos dele enquanto aproximavam os rostos.
- . – Ele parecia sem ar.
- . – Ela suspirou.
Os lábios colidiram. Ela colocou as mãos no rosto do garoto enquanto, com uma mão, ele aprofundava o beijo e, com a outra, acariciava as costas dela. Ambos sentiam que era um beijo violento, porém cauteloso. As línguas brincavam uma com a outra. Os lábios dele eram macios, os dela pareciam mel. Parecia vício. Foi bem recebido e correspondido com vontade. Segurou a cintura dela com mais força. Ela desceu a mão até o samba canção que ele usava e ficou por lá, apenas provocando o garoto que soltava leves gemidos de prazer. Na sua vez, foi escorregando sua mão, que estava na cintura, pela coxa de , acariciava o corpo da garota. Foi puxando de vagar a camisola rosada dela até a cintura, onde parou junto com o beijo. Se encararam e sorriram, não deixaram que nenhuma palavra tomasse conta daquele momento. Ela fechou os olhos e esperou, esperou que ele a beijasse de novo. De repente, a puxou pelo cabelo e virou-a na cama, deitando-se sobre ela. Colocou as mãos nas pernas dela, fazendo com que os corpos se encaixassem e ele pudesse ter mais controle da situação. Sentiu ela tremer com o toque dele. Tirou a camisola dela.
Olhando nos olhos de , ele sutilmente tirou o samba canção, ela pôde sentir que ele pedia por aquilo. mordeu o lábio inferior e sorriu quando sentiu as mãos dele tirando sua própria calcinha.
Ao sentir ele entrando em seu corpo, soltou um gemido de prazer. Agora nada importava ou sequer existia, nem mesmo os trovões lá fora faziam ela ter sentimento algum fora o êxtase. Escorregou as mãos para as costas de , onde as unhas, às vezes, o arranhavam, sem querer. Ele estava sendo gentil com ela, não queria machuca-la, manteve a velocidade num modo em que ambos não paravam de sentir aquilo que pareciam tanto querer. De repente, despencou ao lado de . Ele a abraçou ao perceber o clarão do relâmpago, pensando que ela pudesse estar sentindo algum medo.
- Ainda está com medo?
- Não mais. – E sorriu, roubando um selinho do rapaz que a aconchegou ainda mais em seus braços logo rendendo-se ao sono.


this is just the first met...


Vou agradecer todas vocês que leram (er oO) e dizer que tem continuação :D
na verdade eu nem sei o que dizer, porque essa fic foi escrita ano passado e eu não tinha feio nenhum agradecimento nela, tipo, era uma das minhas primeiras fics e foi a primeira que eu finalizei (óbvio, Rafaela, é short fic! só um retardado e débil mental não terminaria um short fic) UHFOSADIFHUOIFHAOSDFHIUAH ta certo... acho que é isso. se quiserem elogiar, xingar, reclamar, comentar, etc, mandem um e-mail, ou apenas pensem o que acharam. ENFIM, fiquem à vontade, a fic é para vocês, right? (:

xoxo Rafaela,

Sunset,
by Rafaela.

Era um quarto de hotel. Último andar. “Oh famosa cobertura”. Ela observava o final da tarde através da grande janela de vidro, sentada naquela cama de casal ‘king size’, que o quarto oferecia. O sol ainda não começara a se pôr, mas em alguns minutos começaria, o céu já estava naquele tom roxo-laranjado. Do seu quarto era possível ver a torre Eiffel e seus visitantes, que eram minúsculos por causa da distância. Pensou pelo que passou durante o dia e resolveu tomar um banho, como se a água fosse levar embora todas as suas preocupações. Ter que aturar quatro horas seguidas, sem intervalos, de reunião não fora uma tarefa fácil, mas sim cansativa, ainda mais com a voz estridente e aguda de sua chefe, que, aparentemente, a única coisa que sabia fazer na vida era reclamar e botar defeito em tudo quanto é acontecimento dentro de sua própria editora. Mas não reclamava, gostava do seu trabalho, era jornalista, ganhava até mais do que um dia sonhou em ganhar como salário e ainda podia viajar pelo mundo para realizar seu trabalho com mais profissionalismo, como hoje, chegara em Paris poucas horas antes da tediosa reunião.

Lavava cada parte do seu corpo com leveza e cuidado, queria que a água levasse embora cada mínimo detalhe de sua frustração com a famosa Sra. Carolynn. Deixou a água corrente cair em sua nuca enquanto respirava o perfume de jasmim do sabonete que espalhava pelo corpo. Quando começou a se sentir mais leve ela desligou o chuveiro, o vapor quente da água subitamente deixou de existir, o que fez com que ela se arrepiasse por causa do frio e puxasse a toalha que estava pendurada no Box para por em volta do seu corpo e se aquecer enquanto se enxugava. A tolha era macia como veludo. Enxugava o corpo com calma, não fazia questão que o tempo passasse rápido.

Quando terminou de vestir seu pijama de seda escutou a barriga roncar. Estava com preguiça de comer, mas sabia que precisava, afinal passou o dia sem uma alimentação sustentável e era possível que, se não comesse, pudesse acabar desmaiando no simples ato de por os pés no chão na manhã seguinte. Observava o cardápio enquanto ligava para o restaurante do hotel. Pediu o que lhe chamou atenção, Spaghetti Integrali Vegetariani, um prato italiano. Era o que ela gostava, massa e ainda os vegetais. Mesmo estando em Paris, não fez questão de pedir uma comida da cozinha francesa. Foi até o frigobar do quarto após pedir o jantar, observou três garrafas de água e o champagne francês. Pegou uma das garrafas de água e sentou-se à mesa esperando pelo jantar que não demorou a chegar.

Acordou na manhã seguinte com o som do telefone, ela pediu à recepção que a acordasse no horário. Eram sete horas. Teria mais um, realmente, longo dia com a Sra. Carolynn pegando no seu pé com matérias sobre isso e matérias sobre aquilo. Apenas desejava que a mulher calasse a boca e a deixasse pensar com calma enquanto escrevia.


- - • - -


Fora deixado acordar sozinho mais uma vez. Queria saber porquê os amigos sempre o deixava na mão na hora de acordar para trabalhar, seja o trabalho ensaiar, escrever mais músicas ou até mesmo verificar o som da aparelhagem para o futuro show. Encarou o relógio e percebeu que não era tão tarde quanto pensou que fosse. Espreguiçou-se, passando as mãos pelos lençóis macios da cama do hotel. Foi tomar banho, não sabia o que iria fazer pelo resto do dia, era apenas questão de encontrar-se com os amigos para decidirem, a menos que os próprios já tivessem tomado alguma decisão, afinal apenas ele não estava lá para compartilhar os horários que seriam cumpridos.

- - • - -


Enquanto caminhava pelo corredor, ela ajeitava as coisas dentro de sua bolsa e segurava algumas pastas do trabalho, não conseguia prestar atenção no caminho que tomava. Ele abotoava sua camisa, com o casaco por cima, e cantarolava qualquer coisa que vinha em sua mente. Foi quando se esbarraram. Com tanta força que ela caiu no chão e ele caminhou alguns passos para trás na busca do equilíbrio. Ficaram assustados. Todas as folhas voaram das pastas. Alguns dos objetos que estavam na bolsa dela também caíram no chão. Ele ficou com o botão que tentava abotoar durante o caminho na mão.

- Desculpa! – Eles pediram ao mesmo tempo. Soltaram uma risada em seguida. Não tinham ficado estressados um com outro. Sabiam que, talvez, o dia poderia ser pior.

Ele chegou próximo dela, que estava ajeitando os papéis dentro das pastas, e ajoelhou-se para ajuda-la. Não trocaram uma sequer palavra após terem pedido desculpas um ao outro. Nada passou de olhares trocados. Enquanto ele juntava os papéis em uma única pilha e a observava, ela deixou o sorriso tomar conta de seu rosto, como resposta ao olhar do garoto. Ele era bonito. Tinha um olhar penetrante e fora do comum. Entregou a pilha de folhas que fez à ela, que as ajeitou dentro de uma das pastas e agradeceu. Ajudou ela a levantar e caminharam até o elevador. Estavam no quadragésimo quinto andar esperando o meio de transporte, que parecia uma lesma, entre os andares chegar. Fizeram uma parada na metade do caminho, alguma família, provavelmente de férias, precisava, assim como eles, do elevador. Entraram e posicionaram-se exatamente entre os dois, que agora ficaram separados.

No térreo, ele observou que a garota saía do prédio com pressa de chegar em algum lugar. Hesitou, por isso não conseguiu chamá-la para alguma conversa. Nem conseguiu perguntar seu nome. Sendo assim, resolveu tomar seu rumo ao espelho do lobby do hotel, para ajeitar seu disfarce antes de sair pelas ruas de Paris e encontrar-se com os amigos que estariam na rádio, esperando para mais um programa ao vivo.

- - • - -


- Como assim não perguntou pelo nome dela? – exclamou incrédulo, esse era o garanhão dos quatro amigos, sempre se saía na melhor com as mulheres. – Essa é a primeira coisa que se faz quando se encontra com uma mulher tão bonita quanto você diz, num acidente desses.
- Pelo menos ela está hospedada no mesmo hotel que nós estamos. – Ele deu de ombros.
- Vocês entram no ar em cinco minutos. – Uma jovem com sotaque francês os avisou.

- - • - -


- E então, o que você vai fazer? – perguntou.
- Esperar, certo? Ele pode ter um rosto familiar, mas eu nem, ao menos, sei o nome do príncipe dos olhos . – Ela respondeu, sonhadora.
- Como não sabe? Ele não se apresentou? Não fez nada?
- Me ajudou com o que eu deixei cair no chão. – Agora ela abriu um sorriso.
- Ao menos é cavalheiro. Está hospedado no mesmo hotel, certo?
- E provavelmente mesmo andar.
- Ótima oportunidade para entrar no quarto errado. – Ela fez uma cara, supostamente, sexy.
- Ai, ! Para de pensar coisas. Anda, temos uma Carolynn para enfrentar.

- - • - -


Conseguiu um pedaço da tarde de folga. A mulher chegou no hotel para retirar sua chave na recepção e dirigiu-se para o bar, próximo a entrada do hotel.

- Ouviu falar do assassinato no hotel ao lado? – A bartender perguntou ao perceber a cara de espanto da mulher ao ver a quantidade de policiais rondando pela rua e pelo hotel.
- Não. – Tomou um gole da água que pediu.
- Alarmaram um bom pedaço da polícia francesa e estão revistando todos os homens solteiros.

Lembrou-se do garoto com quem se esbarrou pela manhã e pensou se ele estaria acompanhado de alguém.

- E você? Está acompanhada? – A bartender perguntou após algumas horas de conversação sobre o crime. Desviou o olhar da cliente para a porta. – Ah, meu Deus. – Disse como se fosse derreter.
- O quê? – Virou o rosto para a porta e viu ele. Aquele mesmo com quem se esbarrou pela manhã. Ele acabara de ser interrompido pela polícia, queriam revista-lo. Sorriu para a bartender, que caia em pedaços pelo garoto sem ao menos perceber que policiais o interrogavam.
- Vous êtes seul, monsieur? (Está sozinho, senhor?) – Um policial perguntou, em francês, enquanto outro passava a mão pelo corpo do garoto, sem censura, buscando por alguma pista, revistando ele. Ele, por sua vez, levou as mãos ao ar e olhou para frente, os amigos já tinham voltado para o hotel, ele foi o último a voltar, encarou ela. Olhos fixos um ao outro. Sem ao menos piscar. Os policiais perceberam o contato dos olhares. – Vous êtes accompagné? (Vocês dois estão juntos?)
Percebendo que ele não entendia uma sequer palavra do que os policiais diziam, ela tomou uma iniciativa.
- Oui, monsieurs, il est avec moi. (Sim, senhores, ele está comigo) – Virou o rosto para o garoto. – Venha. Aonde passou o dia todo? Pensei que tivesse entendido o horário! – Fingia brigar com o “marido” para se livrar dos olhares suspeitos dos policiais.

- - • - -


- Obrigado. – Dentro do elevador ele agradeceu. Ela apertou o botão do quadragésimo quinto andar.
- De nada. Que andar?
- O mesmo. – O mesmo silêncio da manhã tomou conta do elevador. O silêncio estranho, que fazia ambos se sentirem constrangidos. – Erm... – Ela virou o rosto para ele. – . , ou apenas . – Ele esticou a mão para a garota.
- . , ou apenas . – Observou o botão que faltava na camisa do garoto, sorriu e apertou a mão dele.

- Ah, mas isso é, realmente, ótimo! – disse quando chegaram ao andar dos seus apartamentos e viram mais um policial rondando pelo corredor.
- Deve ter um por andar. Anda, vem! – Ela pegou na mão dele, como se fossem namorados, e o levou para seu apartamento, sem, ao menos, decidirem se eles iriam para o apartamento dele ou dela.

Fechou a porta atrás de si enquanto ela largava a bolsa por cima de uma das cadeiras da mesa que tinha no quarto e tirava o casaco. pôs o ouvido contra a porta para tentar escutar alguma coisa, mesmo que isso, provavelmente, não aconteceria. Lembrou dos amigos.

- Eu queria saber como , e vão sair dessa. – Pensou alto.
- Quem?
- Ah, uns amigos meus. – Sorriu simples. Ela assentiu e foi até a janela. Como no dia anterior, já era final de tarde. Enquanto abria as cortinas, esperava poder ver o mesmo céu de ontem... e viu. Parecia tudo tão calmo lá em cima. As luzes começavam a acender pouco a pouco. caminhou até , ficou em pé ao lado dela. – Do meu quarto não se tem essa visão. É realmente bonito aqui. – Ele tentava puxar assunto, mas a garota parecia silenciosa, parecia não querer conversa. sentou-se na cama e tirou os sapatos. – Olha, se você não estiver gostando da minha companhia, eu posso sair, vou pro meu quarto e te deixo aqui sozinha. – Ele parecia chateado, mas sabia que não tinha motivos. Eles não se conheciam. Ela soltou uma risada bufada, como se estivesse tirando com a cara do garoto.
- Como? Com o policial ali fora? Que te viu entrando no quarto comigo pensando que nós fossemos um casal?
- Ah, é. – parecia ter esquecido tudo o que acontecera com ele na entrada do hotel. – Mas então, o que vamos fazer? Eu não te conheço e você não me conhece, mas deve estar pensando que eu sou uma matraca que não sabe calar a boca. – Ela encarou as pernas, estava sentada, e soltou uma risada. Olhou para o garoto que ainda estava próximo a janela.
- Sente aqui. – Ele apalpou a cama, mostrando onde ele poderia sentar. Na frente dela. Esticou a mão e sorriu. – Muito prazer, meu nome, como você já sabe, é , ou , descendente de , brasileira... – Ele pareceu espantando. – O quê?
- Brasileira.
- É. Moro em Londres desde os 18 anos, sou jornalista e estou aqui em Paris para aturar minha chefe, Sra. Carolynn – Fez voz fanha ao falar o nome da chefe -, em milhões de reuniões que parecem durar o dia inteiro. Essa sou eu. E você? – Ele riu do jeito ‘cara de pau’ que ela se apresentou agora.
- Bom, eu, como você, também, já sabe, me chamo , mas, na verdade, têm mais nomes entre o nome e sobrenome, mas eu estou com preguiça de falar eles... – Ela riu. – O quê?
- Todas as palavras extras, que você disse não querendo dizer seus outros nomes, você poderia ter usado para, justamente, dizer seu nome completo.
- Agora já é tarde demais. Nasci em , na Inglaterra, mas moro em Londres e... – Não sabia se falava o verdadeiro motivo de estar em Paris, que logo explicaria sua profissão.
- E... – parecia curiosa com o que o garoto iria dizer.
- Você não tem cara de que seja uma daquelas fãs loucas que vão berrar até as cordas vocais ficarem gastas.
- Mas eu posso fazer isso, se você quiser.
- Por Deus, não! – Ele gargalhou de leve do jeito cômico da garota que acabara de conhecer. – Continuando, sim?
- Fique à vontade. – Ela assentiu.
- E estou em Paris por que tenho uma banda...
- Ahá! Sabia que te conhecia de algum lugar! - Ela passou a mão livre pelos cabelos. – Desculpe, pode continuar.
- McFLY, é a banda.
- Mais alguma coisa?
- Hum, acho que não. – Sorriu. Ainda estavam de mãos dadas. Ficaram sem jeito e se soltaram num rápido ato.
- Eu vou... Vou tomar banho.
- Claro.
- Pode assistir TV, se quiser.
- Obrigado.

Ela entrou no banheiro e encostou-se à porta ao fecha-la, escorregando até o chão. Estava com as pernas trêmulas. Respirou fundo e foi ligar o chuveiro.

No quarto, ele escutou o chuveiro ser ligado e ficou pensando em como conseguiu se meter numa situação dessas. Quer dizer, ele sabia, mas ainda não acreditava que estava sentado em uma cama, assistindo TV em um quarto de hotel de Paris sem ao menos saber realmente quem era a mulher que acabou de conhecer. Bom, sabia seu nome e sua profissão e ela o salvou de uma, provavelmente, grande confusão. Ela era bonita. Tinha os cabelos e os olhos... Agora ele ficou confuso, pela manhã aqueles olhos estavam tão escuros que pareciam ser pérolas negras, mas agora pela tarde eles estavam incrivelmente claros.

A porta do banheiro abriu e de lá saiu , uma com cabelos molhados, com perfume de jasmim e vestindo a camisola rosada de seda. Caminhou até a cama. Eram passos leves, passos de bailarina. Sentou-se ao lado dele. Ele ficou paralisado.

- Quer tomar banho?
- Quê? – Ele saiu do momento de transe.
- Queres tomar um banho? – Sorriu.
- E colocar a mesma roupa depois? O problema não é nem a roupa, o problema é... Você sabe.
- A cueca.
- É.
- Lava a cueca no banho e depois me dá ela, tem secador no banheiro.
- HAHA, fala sério. – Ele riu irônico.
- To falando a verdade. Ou então fique com a cueca usada.
- Não, vou ficar com a primeira opção. – Ela gargalhou. – Tá rindo do quê?
- Nada.

caminhou até o banheiro e fechou a porta, sem trancar. Viu o sabonete de jasmim de e percebeu de onde vinha perfume dela. Procurou por outro sabonete pelo banheiro e viu, em cima da pia, o sabonete que o hotel oferece à todos os hóspedes.

- ! – Ela estranhou o chuveiro ainda não ter sido desligado, mas foi até o banheiro.
- O quê? – Perguntou do outro lado da porta.
- Entra.
- Mas tu ainda tá tomando banho.
- Entra! – entrou no banheiro e viu a cueca dentro da pia. Teve que rir. – Por que você só RI?
- Porque é uma situação engraçada. Quer dizer - Ela torceu a cueca e ligou o secador -, eu nunca imaginei que eu estaria secando a cueca de um cara que eu mal conheço. – Ele terminava o de enxaguar o cabelo. Desligou o chuveiro e riu.
- Um dia você vai se casar com alguém, eu acho. – Enrolou a toalha na cintura e saiu de dentro do Box.
- Mas quando esse dia chegar, eu vou conhecer meu marido, não acha? – Virou seu rosto, encarou o tórax nu e molhado do garoto. Voltou a atenção para o secador, antes que fizesse algo de errado. Ele ficou parado atrás da menina.
- É um certo “treino” secar a cueca alheia. – Ela gargalhou mais agora. Olhou para o espelho embaçado. Na borrada imagem refletida ela percebeu que a mão de ia em direção do corpo dela. O garoto tocou, com sua mão úmida, o ombro nu dela. sentiu um arrepio passear pela sua espinha e virou seu rosto, como se fosse apoia-lo na mão de , mas apenas acariciou a mão. Voltou a prestar atenção no secador.
- Pronto. – Alcançou a cueca para o garoto e saiu do banheiro, deixando ele trocar de roupa sozinho.

voltou a assistir TV. Nem ela sabia o que estava passando de interessante naquele canal, estava apenas pensando naquele garoto dentro do seu banheiro. Ele saiu de lá escancarando a porta, deixou escapar pela mão, sem querer. Ela encolheu as pernas, de susto, quando a porta bateu com força na parede.
- Merda! – Ele exclamou. Estava usando apenas a samba canção e a blusa que faltava um botão. – Desculpa. – Caminhou até a cama e aconchegou-se na ponta da mesma, ao lado de . – Então – ela virou o rosto da TV, que mudava de canal freneticamente -, durmo onde? Você provavelmente não quer um estranho dormindo ao seu lado. – Ela pensou. Não tinha nada contra aquilo, mas preferia se prevenir.
- Eu achei estranho, mas tem um colchonete dentro do armário.
- Sério? – Ele falou indo até o armário. – Por que diabos um hotel teria um colchonete dentro do armário? – tirou o colchonete do armário e esticou na frente do corpo.
- Vai saber. Talvez saibam que duas pessoas que nunca se viram na vida um dia resolvam dormir num mesmo apartamento de hotel. – Ela deu de ombros rindo indo ajudar ele ajeitar o colchonete próximo da cama.

Ela foi deitar na sua cama enquanto ele pegava uma coberta que, também, tinha no armário.

- Vai dormir agora? – perguntou observando ela pelo canto do olho.
- Acho que sim? Tem algo de interessante pra fazer, porque parece que vai chover e eu odeio chuva à noite.
- Odeia chuva de noite? É a melhor coisa pra dormir. – Ele pegava o travesseiro que ela alcançava para ele ajeitar sua “cama”.
- Na verdade é medo dos relâmpagos, raios, trovões e medo de escuro às vezes. É um trauma de infância. Uma vez caiu um raio na casa na frente da casa em que eu morava, quando eu tinha 5 anos. Desde lá isso se tornou um trauma.
- Caramba. Mas não te assusta, nada vai acontecer. – Caminhou até o outro lado da cama, onde se preparava para dormir. - Boa noite. – Ele desejou dando um beijo na testa da garota ao perceber que ela já estava se ajeitando por debaixo da coberta.
- Boa noite, . – Ele sentiu os pelos da nuca arrepiarem ao escutar ela falar seu nome. Soava tão bem. Queria que aquilo repetisse, pra toda vez ter a mesma sensação.

Durante a madrugada a chuva começou. Eram duas e trinta e sete quando foi acordado por um toque em suas costas, junto com um gemido, como se alguém estivesse se escondendo de algo perigoso. Ele se virou e viu se encolhendo próxima ao seu corpo após um trovão, que por sinal fez um estrondo. Soltou uma risada bufada.
- Já entendi.
- Não ri da minha cara. – Ela escondia o rosto no peito do garoto a cada trovão que escutava.
- Não vou rir da sua cara. O problema é que é engraçado ver você, uma mulher já feita, com medo de trovão.
- Ah! – soltou um grito quando percebeu que o raio caiu próximo do hotel e tudo lá fora escureceu.
- Isso é o que o seu medo provoca. – falou abraçando , que estava mais assustada do que antes. – Vem cá, esse colchonete é meio desconfortável para uma pessoa como você, não acha? – Ela olhou nos olhos do garoto que refletiram o clarão do relâmpago, deixando os olhos mais claros ainda. Escondeu o rosto de novo. – Assim você me lembra uma avestruz, só esconde o rosto.
- Há-há-há! Queridiiinho. – Puxou as bochechas dele.
- Ai, ai, ai, pára! Não puxa com força.
- Descul... – Soltou mais um gemido e escondeu o rosto no peito dele de novo. Ele a abraçou com mais força.
- Eu vou repetir a pergunta: esse colchonete é meio desconfortável para uma pessoa como você, não acha?
- Eu vou ficar sozinha na minha cama e ter que bancar a avestruz, como você diz, no travesseiro.
- Vem, - ele se levantou do colchonete – quando você dormir eu volto pra minha posição inicial de ‘colchoneteiro’. – Ela riu e o acompanhou até a cama. Ambos deitaram naquela cama ‘king size’ e ele a cobriu. – Vai ficar calma?
- Vou tentar. – Mais um relâmpago caiu do lado de fora fazendo com que ela se escondesse em , mas dessa vez o impulso de querer se esconder foi muito forte, ele perdeu a força no braço em que estava apoiado e caiu no colchão com por cima de seu corpo. Olhou nos olhos dele enquanto aproximavam os rostos.
- . – Ele parecia sem ar.
- . – Ela suspirou.
Os lábios colidiram. Ela colocou as mãos no rosto do garoto enquanto, com uma mão, ele aprofundava o beijo e, com a outra, acariciava as costas dela. Ambos sentiam que era um beijo violento, porém cauteloso. As línguas brincavam uma com a outra. Os lábios dele eram macios, os dela pareciam mel. Parecia vício. Foi bem recebido e correspondido com vontade. Segurou a cintura dela com mais força. Ela desceu a mão até o samba canção que ele usava e ficou por lá, apenas provocando o garoto que soltava leves gemidos de prazer. Na sua vez, foi escorregando sua mão, que estava na cintura, pela coxa de , acariciava o corpo da garota. Foi puxando de vagar a camisola rosada dela até a cintura, onde parou junto com o beijo. Se encararam e sorriram, não deixaram que nenhuma palavra tomasse conta daquele momento. Ela fechou os olhos e esperou, esperou que ele a beijasse de novo. De repente, a puxou pelo cabelo e virou-a na cama, deitando-se sobre ela. Colocou as mãos nas pernas dela, fazendo com que os corpos se encaixassem e ele pudesse ter mais controle da situação. Sentiu ela tremer com o toque dele. Tirou a camisola dela.
Olhando nos olhos de , ele sutilmente tirou o samba canção, ela pôde sentir que ele pedia por aquilo. mordeu o lábio inferior e sorriu quando sentiu as mãos dele tirando sua própria calcinha.
Ao sentir ele entrando em seu corpo, soltou um gemido de prazer. Agora nada importava ou sequer existia, nem mesmo os trovões lá fora faziam ela ter sentimento algum fora o êxtase. Escorregou as mãos para as costas de , onde as unhas, às vezes, o arranhavam, sem querer. Ele estava sendo gentil com ela, não queria machuca-la, manteve a velocidade num modo em que ambos não paravam de sentir aquilo que pareciam tanto querer. De repente, despencou ao lado de . Ele a abraçou ao perceber o clarão do relâmpago, pensando que ela pudesse estar sentindo algum medo.
- Ainda está com medo?
- Não mais. – E sorriu, roubando um selinho do rapaz que a aconchegou ainda mais em seus braços logo rendendo-se ao sono.



this is just the first met...


Vou agradecer todas vocês que leram (er oO) e dizer que tem continuação :D
na verdade eu nem sei o que dizer, porque essa fic foi escrita ano passado e eu não tinha feio nenhum agradecimento nela, tipo, era uma das minhas primeiras fics e foi a primeira que eu finalizei (óbvio, Rafaela, é short fic! só um retardado e débil mental não terminaria um short fic) UHFOSADIFHUOIFHAOSDFHIUAH ta certo... acho que é isso. se quiserem elogiar, xingar, reclamar, comentar, etc, mandem um e-mail, ou apenas pensem o que acharam. ENFIM, fiquem à vontade, a fic é para vocês, right? (:

xoxo Rafaela,

comments powered by Disqus