Terapia Para Casais


Revisada por Cami





- Bom dia, doutor! - null disse, sentando-se.
- Bom dia, senhor e senhora null. - Doutor Phillips respondeu com um sorriso no rosto.
null se sentou em uma das poltronas verdes de veludo escuro sem dizer uma palavra. Em troca, recebeu um beliscão de sua esposa e murmurou algo não identificado, mas que null interpretou como um "bom dia".
- E então, o que os traz aqui hoje ao meu consultório? - O terapeuta perguntou, pegando sua prancheta e caneta como se fosse anotar algo, mas apenas ficou segurando-os.
- Bem, doutor Phillips, eu e o null estamos casados há três anos e... - null foi interrompida.
- Três anos e oito meses, quase quatro anos. - null disse secamente, sem se mover da posição em que estava desde que chegara ao consultório.
null bufou e continuou:
- Tudo bem, quatro anos quase, mas o negócio é que, de uns meses para cá, as coisas têm ficado insuportáveis lá em casa. Como, por exemplo, o null sempre me trazia mil presentes quando chegava das turnês, era sempre a mesma coisa. Ele chegava aos domingos carregando umas 500 bolsas a mais... - null ia contando com os olhos brilhando ao lembrar das histórias...

*FLASHBACK*

- Querida, cheguei! - Berrou null todo atolado para abrir a porta de casa.
Imediatamente, null se levantou da poltrona, largando seu pote de pipoca no chão, e foi correndo abrir a porta para null. Assim que ela conseguiu abri-la e null pisou em casa, suas malas caíram no chão dando lugar a sua esposa, que pulara no seu colo. Eles iam parar na cama ou, às vezes, quando a saudade era maior, até mesmo no sofá da sala, afinal, eles não tinham filhos e moravam sozinhos, para que se preocupar, certo? Era só o que eles pensavam. Passavam dias deitados na cama conversando e se amando, matando a saudade. De vez em quando, um deles se levantava para ir ao banheiro ou à cozinha comer alguma coisa e lá ia o outro atrás.
null era fotógrafa, ou seja, trabalhava para si mesma, podendo parar quando quisesse, e isso acontecia frequentemente quando null estava em casa. Eles não tinham com o que se preocupar, paravam de trabalhar quando quisessem e dinheiro tinham de sobra por causa da banda de null; null trabalhava mais como um hobby. Eram felizes e não precisavam de ninguém além de um ao outro. Podiam passar semanas enfurnados em casa juntos, fazendo suas bobeiras de sempre.

*FIM DE FLASHBACK*

- null, eu ainda trago presentes para você de todos os lugares para os quais eu viajo! - null reclamou, finalmente descruzando seus braços.
- null, não é uma questão de trazer presentes ou não! Eu gostava do tempo que passávamos juntos depois das suas viagens, mas agora você chega de uma e logo vai para a outra! Não para de trabalhar um segundo! - null disse, alterando um pouco o tom de voz.
- O nome disso é fama, meu bem, FA-MA! A banda está ficando mais famosa, o que você espera que eu faça?
- Que você tire uma semana de folga pelo menos para dar atenção a sua esposa! É pedir demais isso, null? Me diz, é? Hein, doutor Phillips? É pedir demais uma semaninha de férias com o marido?
O terapeuta não falava nada, apenas balançava a cabeça, pedindo silenciosamente para que eles continuassem, e anotava algumas coisas em sua prancheta.
- null, você precisa entender meu trabalho! Quando se casou comigo, você disse que entendia o meu tempo fora...
- null, eu não vou perder meu tempo discutindo essa mesma coisa com você, eu já te expliquei que não é questão das suas viagens! - null bufou.
- Ah, se você vai ficar reclamando de mim eu também tenho meus direitos... Sempre que eu chegava em casa eu era recebido com visual novo, um móvel novo, um jantarzinho especial com a minha comida favorita, sempre tinha um docinho na geladeira e essas coisas todas...

*FLASHBACK*

null estava deitado no sofá com os pés para cima, vendo o noticiário de futebol, como sempre xingando os resultados e tudo mais.
- Amorzinho, o jantar está pronto! - null disse, ainda preparando alguma coisa no balcão da cozinha.
null esticou seu pescoço para o lado do sofá e viu sua mulher linda virada de costas para ele, preparando alguma coisa. Ela estava vestida com um camisão branco e uma calcinha preta, rebolando e cantando alguma coisa. null suspirou, pensando na sorte que tinha, desligou a TV e foi andando até null. Ele a abraçou por trás e aconchegou sua cabeça no ombro da menina, fazendo com que ela se arrepiasse toda, como sempre acontecia.
- O que temos hoje? - null disse, dando uma espiada no trabalho de null.
- Adivinhe! - null se soltou de null, pegou os pratos e foi colocando a mesa.
null se sentou no balcão.
- Hum, deixe-me ver... - Ele fez cara de pensativo. - Essa está dificil, hein? Com o cardápio variado que costumamos ter nessa casa, eu suponho que seja macarronada, ou... É, eu fico com a macarronada!
- Ah, muito engraçadinho você! - null deu um soquinho no braço de null. - Se vai ficar de gracinhas, pode mudar o cardápio que eu não me importo mesmo de ficar te esperando deitadinha assistindo minha novela, meu bem.
- Ah, não, eu não estou reclamando... Longe de mim! - null puxou null para cima do balcão e a abraçou por trás. Eles ficaram assim em silêncio por minutos, apenas aproveitando o toque um do outro. Tanto tempo que se conheciam e desde sempre namoraram, mesmo assim nunca enjoaram um do outro.

*FIM DE FLASHBACK*

- Agora nem mais a macarronada de sempre você faz para mim! Eu estou vivendo de miojo, tem noção? MIOJO! - null reclamou.
- null, então vá pedir para suas fãs putinhas que ficam te seguindo, te mandando cartas e te ligando, declarando juras de amor eterno por você, para fazerem um super jantar todas as noites. - null ironizou.
Doutor Phillips pigarreou e resolveu se pronunciar.
- Por que vocês não tentam lembrar o porquê do início da briga de vocês?
- Ah, mas isso é muito fácil de se lembrar! Tudo sempre começa por causa dos ciúmes estúpidos da null, que começaram de uns tempos para cá... - null debochou, começando outra história.

*FLASHBACK*

- null, outra calcinha cheia de beijinhos de batom? - null disse, retirando mais uma calcinha fio dental preta decorada.
- Pessoas jogam isso no palco toda hora! O que você quer que eu faça com elas? - null entrou no banheiro apenas de boxers.
- Que tal jogar fora? - null berrou, já que null se encontrava embaixo do chuveiro.
- null, você sabe que não tem nada a ver! Eu só fui educado, já que a menina foi ao camarim só para me entregar isso.
- Ah, ela foi até o camarim de vocês só para te entregar isso PESSOALMENTE? - null falou com ênfase.
Ela pegou a calcinha junto com uns ursinhos vestidos com uma camisa com a foto delas e jogou tudo no lixo.
- null, pare de encrencar com as fãs! Uma das garotas amiga delas foi VESTIDA com o presente do null, se você quer saber. - null disse, saindo do banho.
- Acontece que o null está solteiro, livre e solto! Ao contrário do senhor... - null ainda arrumava a mala de null, quando achou uma foto de uma fã vestida apenas com a calcinha que deu a null - ! COMO ASSIM ELA TE DEU UMA FOTO APENAS DE CALCINHA? - null berrou.
- Amor, pare de gritar. - null apareceu no quarto com uma toalha enrolada na cintura - eu nem tinha visto essa foto aí! - null pegou a foto da mão dela, deu uma olhada e jogou no lixo com as outras coisas - Pronto, satisfeita?
- Não! Não estarei satisfeita enquanto você continuar mentindo para mim! Eu sei que você dorme com qualquer umazinha que aparece no camarim, null.
- null, você me irrita com esses ciúmes bobos. - null jogou a mala que estava em cima da cama no chão, deitou-se e puxou a coberta - boa noite.
- Isso mesmo, finja que não tem nada acontecendo, como você sempre faz! - null bufou.
null não respondeu mais, apenas fingiu que nada estava acontecendo e dormiu.

*FIM DE FLASHBACK*

- null, se você vasculhasse minha bolsa e achasse uma foto de um homem nu ou de cueca, que seja, o que você pensaria? - null disse calmamente, olhando para seu marido.
- Pensaria que é apenas mais um dos seus trabalhos, ué! Afinal, você trabalha para isso... - null rapidamente respondeu.
- É aí que você se engana, meu querido... - null começava mais uma história.

*FLASHBACK*

- Alô? - null atendeu o telefone furioso, pois estava assistindo a um filme.
- null null está? - O homem perguntou.
- Ela está ocupada, posso ajudá-lo? - Respondeu null secamente.
- Bem, aqui quem fala é Robert, é da revista "Fame", e nós queríamos saber se ela já pode nos dar a resposta da nossa proposta de emprego conosco.
- Hum... - null pensou um pouco. - Você poderia me informar que tipo de fotos são essas? Porque eu não estou me recordando dela ter comentado sobre o nome da revista, mas ela comentou sobre algumas fotos... - Ele tentou enrolar, mas achou que não obteria sucesso.
- Bem, as fotos que ela faria são para a coluna de roupas íntimas femininas, masculinas e infantis.
- Fotos de homens pelados, é o que o senhor quer me dizer? - null falou, alterando um pouco o tom de voz.
- Er, mas não são apenas fotos masculinas... - Robert tentou se explicar, mas null o cortou no meio.
- Não, muito obrigado pela proposta, mas a null não está interessada nesse tipo de trabalho, fui claro?
- Sim, senhor, mas...
- Mas nada de "mas"! Até mais. - null desligou o telefone e ficou sentado no sofá esperando null chegar em casa.
Alguns minutos depois, null entrou pela porta carregando um monte de sacolas.
- Amor, trouxe muita coisa boa para a gente comer e super fácil de fazer para você não reclamar da minha macarronada! - null despejou suas sacolas em cima da mesa e foi até null.
- null, por que você não me contou sobre a proposta de trabalho da "Fame"? - null rejeitou o selinho de sua esposa.
- Ih, o Robert me ligou, foi? - Ela se sentou ao lado dele no sofá. - Não contei por dois motivos, um: eu não sei se vou aceitar ainda; e dois: porque eu sabia que você ia ficar assim estressadinho...
- Mas que dúvida é essa? É claro que você não vai aceitar isso! Está maluca?
- null, tudo bem, eu não ia pegar esse trabalho se você não quisesse, estava planejado conversar com você hoje à noite, pode deixar! Só não precisa ser estressado assim, ok? - null se levantou e foi andando em direção à cozinha.

*FIM DE FLASHBACK*

- Ah, null, isso nunca mais aconteceu, foi só uma vez... Diferentemente dos seus ataques de ciúmes.
- Claro que só aconteceu uma vez, null! Eu nunca aceitei esse tipo de trabalho por sua causa mesmo. E as suas fotos, declarações de amor e roupas íntimas não param de chegar lá em casa!
Os dois estavam completamente estressados um com o outro, nem sequer olhavam mais na cara do outro, apenas estavam sentados lado a lado de braços cruzados, olhando para o terapeuta, como dois adolescentes em crise.
- Então, o motivo da briga é sempre ciúmes? De ambos os lados? - O doutor perguntou, ainda anotando algumas coisas.
- Não, têm também as brigas de quando o null esquece das datas especiais.

*FLASHBACK*

Mais uma vez, null chegou de sua turnê, mas, dessa vez, carregando apenas sua mala de sempre e um embrulho, que null, ao ver, logo pensou que seria seu presente de aniversário.
- null! - Ela pulou do sofá e foi dar um abraço em seu marido.
- Oi, null... - Ele respondeu desanimado.
- Que houve?
- Ah, nada de muito importante, não, apenas umas brigas com os caras da banda mesmo.
null ficou parada na porta esperando que o de sempre acontecesse, ou pelo menos um beijinho, né? Já que a briga não era nada, ela achou que pelo menos merecia um mísero abraço ou um "senti sua falta". Mas nada, apenas ficou observando null sentar no sofá e ligar a TV.
- Sério, o que houve? - Ela se sentou ao lado dele.
- Já disse, apenas problemas com os caras! Eles andam brigando muito por causa de umas músicas e umas bobeiras assim, e sempre acaba atrapalhando um pouco, mas agora eu só queria descansar mesmo, null. A gente se fala mais tarde, eu vou dormir. - null se levantou e foi andando até seu quarto, onde passou a tarde inteira.
null, pelo contrário, passou a tarde inteira se arrumando, imaginando mil desculpas para null ter esquecido duas vezes o seu aniversário: uma quando não ligou no dia por estar em turnê, e outra por nem ter dado parabéns atrasado hoje.
"Ele deve ter esquecido de ligar no dia, ou estava muito ocupado com shows, e agora, para recompensar, deve ter preparado uma surpresinha", pensava ela.
Mas isso não aconteceu e, pelo contrário, null passou O DIA INTEIRO deitado, roncando, e de noite saiu da toca para pegar um copo de suco.
- null, o que está rolando com você?
- Como assim o que está rolando comigo? Eu estou cansado, não tenho direito?
- Você nunca fez isso! Quer dizer, nunca chegou em casa cansado para passar o dia inteiro dormindo, a gente sempre aproveitou esses dias! E eu achei que hoje seria mais especial ainda, devido à semana que passou...
- Por que seria diferente dos outros dias? Quer dizer, melhor? - null disse, pegando uma garrafa de suco na geladeira e a fechando com o pé.
- null, você é a criatura mais insensível desse mundo! - null saiu correndo para dentro do quarto e se trancou lá.

*FIM DE FLASHBACK*

- Ah, mas no dia seguinte eu te retribuí, null! E eu estava muito cansado, passando por um momento de crise! O que você esperava de mim?
- Que você fizesse um esforcinho para se lembrar que uma vez ao ano sua esposa faz aniversário!
- Eu já disse que estava perturbado e você nem quis saber qual era meu problema!
- null, como você é idiota! Eu te perguntei quinhentas vezes se tinha alguma coisa de errado com você, e você só me dizia que era cansaço! - null bufou novamente.
- Tudo bem, mas o que os trazem aqui hoje são apenas as brigas frequentes, certo? - O terapeuta perguntou.
- Há! Mas espere um pouco, doutor... Nós nem chegamos na última briga, que foi definitivamente a gota d'água! - Mais uma história saía da boca de null.

*FLASHBACK*

- null, eu estou saindo. - null disse, pegando a chave do carro.
- Vai aonde, meu amor? - null perguntou, olhando para ele, que já estava na frente da porta.
- Sair com os caras da banda. - null mandou um beijo no ar e saiu.
No mesmo momento em que a porta se fechou, null pulou do sofá onde se encontrava e foi para seu quarto vestir uma roupa.
Meia hora depois, ela estava em um bordel. Mas não para diversão, ela estava lá apenas a trabalho mesmo, para tirar fotos dos homens e mulheres dançarinos que dançavam na bancada. Esse trabalho foi pedido a ela para ser feito com restrição, pois os dançarinos estariam concorrendo para uma seleção de modelos. Então, ela não tinha contado a null sobre seu novo trabalho, até porque, se contasse, ele com certeza não aceitaria.
E por isso lá estava ela, tirando suas fotos, como uma profissional digna em serviço. É claro que, com homens nus dançando em cima da bancada e vários drinks sendo servidos de minuto em minuto, ficou um pouco difícil se concentrar no seu trabalho, mas, para uma pessoa em seu estado (um pouco alegrinha), ela estava indo muito bem.
E foi aí que ela viu...
Ela ficou paralisada, completamente estática, sem reação alguma. Como assim?
Como seu marido poderia estar sentado em uma das mesas de canto de um bordel, enchendo a cara e, ainda por cima, com uma morena peituda e estrangeira em cima dele? Não podia ser verdade!
- null null! - Ela berrou.
null estava tão imóvel quanto ela.
- O que você está fazendo aqui? - Eles berraram juntos.
- Eu que pergunto, não acha? - Ele chegou mais perto da menina.
- Ué! Não era você que ia sair com os caras da banda? Eu só estou vendo uma morena PUTA sentada na mesa onde você estava, quer dizer, sentada em cima de você, né. - null olhou para a mesa de null.
- E você, que ia ficar deitada em casa vendo filmes e comendo pipoca a noite inteira? - null imitou a voz de sua esposa, que havia lhe falado aquilo mais cedo.
- Acontece que eu estou trabalhando, null! Ao contrário de você...
- Fique sabendo que eu também estou aqui obrigado... - null a puxou para fora do bordel e eles ficaram parados, olhando-se por um tempo na saída daquele lugar.
Nenhum dos dois tinha mais nada a dizer. null começou a chorar. null a abraçou.
- Saia daqui, null! - Ela o empurrou de leve. - Você só sabe mentir para mim. - Ela ainda estava chorando.
- Não fale assim, você sabe que eu te amo... - null a abraçou de novo e, dessa vez, ela não negou o abraço dele. Ficaram os dois abraçados, null ainda chorando, reconfortando-se nos braços de quem arrancara suas lágrimas.

*FIM DE FHASHBACK*

- E é basicamente por causa dessa briga que estamos aqui... - null disse sem dar muita importância.
- Pois, então, depois dessa discussão, eu deixei bem claro ao null que, se ele pretendia salvar nosso casamento, era bom que ele tirasse férias e frequentasse a essas sessões comigo.
- E então, ela não acredita em mim, doutor! Isso está me irritando profundamente... Eu já te disse mais de mil vezes, null... Quando você vai acreditar que aquela morena estrangeira me perseguiu na minha última turnê o tempo inteiro dizendo que ia acabar com meu casamento e eu só estava tentando fazer ela sumir da minha vida? Mas eu não tenho culpa e nem controle sobre as fãs descontroladas e com problemas mentais que resolvem perseguir pessoas famosas! - null bufou.
- Quando você me der nome completo, endereço e tudo mais para que eu possa ter uma conversinha com aquela... VADIA! - Doutor Phillips tossiu ao ouvir a última palavra de null, como se dissesse delicadamente "olhe os modos, sra. null".
- Serena Thompson Phi... Pho... Phe... - null se enrolava. - Ah, não me lembro exatamente o sobrenome inteiro, né! Mas ela me deu o telefone, se você quiser também. - null pegou seu celular, procurando o telefone da tal Serena.
- Com licença, você quer dizer Serena Thompson Phillips? - O terapeuta perguntou, engrossando seu tom de voz.
null e null se entreolharam, um com uma cara mais espantada do que a outra.
- Er.. Eu devo ter me enganado, acho que o nome dela é Serene... - null tentou consertar.
null não se controlou e começou a rir da situação. null olhou para a cara da menina rindo e os dois desandaram a rir, deixando o doutor Phillips cada vez mais vermelho.
- Bom - null disse enquanto caminhava pela sala, acompanhada de null -, a gente se vê por aí, doutor...
- É, até a próxima, Phillips. - Os dois saíram pela porta do consultório, deixando uma secretária sem entender nada, eles só conseguiam se olhar e dar gargalhadas extremamente escandalosas.

Algum tempo depois, já sentados no sofá de casa...
- null, como você me dá uma mancada dessas? - null já estava controlando seu riso.
- null, você me deixou nervoso, ué! Eu só queria provar para você que não tinha nada com aquela mulher e que nós estávamos em um bordel porque a vadia trabalha lá. - null fazia carinho no cabelo de null, que estava deitada no colo dele.
- Ah, esquece isso, vai! Eu já te perdoei depois dessa, lindinho - null beijou a mão de null, que deslizara sobre o rosto dela.
- É, eu também te perdoo pelas suas crises de ciúmes, ok? Eu as acho muito sexy.
Alguns minutos de silêncio, os dois apenas aproveitando um ao toque do outro e null resolveu se pronunciar.
- Sabe o que eu estava pensando?
Ela recebeu um "hum" como resposta e prosseguiu.
- O Phillips só fez a gente lembrar das nossas brigas, cara! - null se sentou ao lado do marido, sendo acompanhada pelo olhar deste. - Até parece que em três anos de casados nós tivemos mais brigas do que bons momentos...
- É verdade, nós sempre nos entendemos muito bem, hum? - null lançou um sorriso safado. - Se lembra de quando ainda estávamos namorando escondidos e... - Mais uma história começava a ser relembrada...

*FLASHBACK*

- null... - sussurrou no ouvido dela - acorde, minha preguiçosinha...
- null, pare de ser chato... Eu estou com sono.
- Hey, daqui a pouco sua mãe aparece por aqui e a culpa não vai ser minha, hein? - Ele deu um beijo no ouvido de null.
- Ninguém mandou você me cansar assim ontem, null. Quem disse que eu tenho que fazer alguma coisa hoje? Daqui a pouco meus pais saem para trabalhar e a gente tem a manhã inteira sozinhos aqui.
- Tudo bem, mas depois não venha me culpar, porque eu tentei avisar... - null se deitou mais uma vez e eles dormiram abraçados por mais algum tempo.
- null? - Uma senhora abriu a porta do quarto vagarosamente - null?
null, ao ouvir o barulho, levantou a cabeça para ver o que era e deu de cara com a mãe de null.
- IH, FUDEU! - Ele pensou alto.
- "Ih, fudeu" o quê, null? - null também levantou a cabeça - IH, FUDEU!
- Posso saber o que significa isto? - Ela berrou.
- Calma, mãe! Não grite, não faça escândalos, está tudo bem comigo, ok? - null se enrolou nas cobertas e se sentou na cama, deixando null pelado à mostra. O garoto levantou e se jogou para fora da cama, ficando do outro lado abaixado. null não conseguiu segurar um risinho.

*FIM DE FLASHBACK*

- AH! null, isso não foi engraçado, ok? Eu passei dois meses dormindo na casa da null por causa disso! - null deu um tapinha em null.
- Eu me lembro bem como fomos expulsos daquela casa... Eu nunca mais vi minha blusa depois daquele dia. - null falou com cara de coitadinho.
- Ó, TADINHO DO MEU BEBÊ! - Riu null, apertando as bochechas de seu marido. - Uma outra coisa inesquecível foi aquele dia em que você comprou seu primeiro carro...

*FLASHBACK*

- null, corre aqui! - null berrou do lado de fora da casa recém-comprada deles.
- Peraí - null berrou em resposta. Ela estava na cozinha, comendo sorvete, de pijama, então pegou um casacão e botou a cara para fora da porta.
- Que foi, amor?
- null, você está vendo este carro aqui? - null estava apoiado no teto do carro. Ela respondeu um "uhum". - É SEU! - Ele tacou as chaves para ela.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! - null pegou as chaves e começou a pular e a correr em direção a null.
Os dois estavam pulando abraçados como dois malucos.
Cinco segundos depois, estavam dentro do carro se beijando desesperadamente no banco de trás.
- null, está ficando tarde, amor. - null se levantou - vamos?
- Ah, que horas são? - Ele se sentou também.
- Não sei... - null tentou abrir a porta do carro. - Ué, a porta daqui de trás não está abrindo, null.
- Como assim não? Tem que estar! - null forçou a porta e nada também. Eles tentaram as quatro portas do carro e nada!
- E agora? - null perguntou, olhando para null.
- A gente dorme. - Ele puxou null mais para perto dele e os dois deitaram de novo abraçados e dormiram.

*FIM DE FLASHBACK*

- Nossa! Nem me lembrava direito disso! - null falava em meio a risadas. - Como a gente saiu de lá depois?
- Há, você não lembra mesmo? A chave estava debaixo do banco do motorista... E a gente só a achou no dia seguinte, depois de quebrar um pedaço do vidro do carro para poder respirar.
- Ai, ai... - null soltou depois que conseguiram controlar os risos.
- Mas nada supera nossos momentos aqui em casa mesmo, só nós dois, juntinhos... Passando dias e dias nesse sofá agarrados, sem falar com ninguém, apenas aproveitando as semanas de folga... - null abraçou null fortemente.
- Hum, e o que me diz de relembrarmos os velhos tempos, hein? - null soltou uma risadinha, que foi calada por null, que se deitou em cima dela, selando sua boca com um beijo apaixonado.

FIM


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