A garota franziu a testa, negando terminantemente o que seus olhos viam à sua frente. Blergh, foi a primeira coisa que apareceu em sua mente quando ergueu a folha que estava a poucos centímetros dela.
“Definitivamente, eu não herdei o talento do meu
irmão para esse tipo de coisa.” Ela murmurou baixo, como
se estivesse se lamentando. Colocou uma mecha dos lindos cabelos
atrás da orelha, e virou a mesma folha de ponta cabeça, a
fim de enxergar algo mais... decente, na sua opinião.
Haviam inúmeros lápis encima da pequena mesa. A mesma mesa onde ela e
, seu namorado, sentavam-se
todos os dias. A mesma mesa onde eles já haviam se divertido,
seja jogando Scrabbles ou fazendo algo ainda mais divertido. A
mesma mesa aonde eles haviam trocado alianças de compromisso e a
mesma mesa onde comiam comida japonesa e até mesmo panquecas com
mel, feitas especialmente para ela, em domingos pela manhã.
Lápis de todo o tipo ainda preenchiam aquela mesa, coloridos,
pequenos, compridos e de grafite. Um tipo de caixinha, completamente
equipada com diversos tipos de tintas e pincéis, além de
mais lápis, canetas, borrachas, esfumaçinhos, e todo o
tipo de ferramenta utilizada para se fazer arte.
O que certamente, aquele desenho nas mãos de
, não era.
“Droga. Droga, droga, droga. Eu tenho tão pouco
tempo.” A garota reclamou observando rapidamente seu
relógio de pulso, os lindos olhos maquiados fracamente com um
delineador e os lábios secos, devido à falta de
água, já que ela estava naquela guerra contra seu
não-dom para desenhar à horas. A calça jeans com
enormes rasgos nos joelhos, dobrada junto das pernas na cadeira, de uma
maneira desconfortável. O frio lá fora não existia
para
, já que tudo que lhe
cobria o tronco era um sutiã branco. Seus pés cobertos
por pantufas de pingüins protegiam-se do piso gelado da cozinha,
caso a fome aparecesse.
“Ele deve chegar em quinze minutos, talvez.” Ela ficou aflita.
chegaria, ela não
estaria pronta, ele veria o quanto à sala estaria uma zona, ele
ficaria bravo, eles se atrasariam, ele ficaria ainda mais bravo, ela
não teria nenhum presente legal para o namorado, ele ficaria
incrivelmente bravo, ela rebateria, ele a chutaria e nunca mais a veria
na vida.
O-kay, talvez esse drama fosse exagerado.
a amava, certo? E não
ligaria de não receber nenhum presentinho de mil e noventa e
cinco dias de namoro, certo? – Sim, porque eles não
gostavam de contar a duração do amor deles em anos. A
cada dia que se passava, o amor aumentava e eles consideravam esses
dias -.
“Vamos lá,
. É só fazer
alguns riscos para cá, para lá, no meio, colocar duas
linhas aqui, círculos ali. Corações. Coisas
pequenas. Coisas fofas. Coisas. É isso. É tão
fácil. Como você não consegue fazer?”
lutava consigo mesma, continuando
a se preocupar com o horário e com o desenho – ou rabisco,
como quiser – estendido à sua frente. “Respira
fundo. Lembre-se de que os pequenos são para sempre e
faça a porra do coração certo, garota.”
Cinco minutos depois. Nada. Oito minutos. Meia curva. Nove minutos.
Borracha. Nove minutos e vinte segundos. Folha em branco. Onze minutos
e meio. Rabiscos de grafite. Catorze minutos. Computador. Impressora.
“Google. É disso que eu preciso!
Inspiração!” Ela sorriu, alegre, jogando-se na
cadeira do cubículo do apartamento, onde eles haviam montado um
pequeno escritório. O notebook de
estava logo ao lado do computador dos dois, com uma foto divertida deles. Nevara em
, e eles aproveitaram aquele
dia para tirar fotos e namorar. A foto era recheada de dois lindos
sorrisos apaixonados, que mordiam um muffin, no meio da neve, sentados
em volta de um coração feito com dedos congelados. Algum
estranho que passava por ali deveria ter tirado,
não se lembrava no
momento. Seus olhos ainda sorriam junto da foto. Aquele garoto lindo de
boca, olhos, nariz, canelas, mãos, orelhas, cabelos e tudo mais
encantadores era seu. Completamente seu. Seu pequeno, como eles
costumavam se chamar. Sabe, aquela coisa de apelido carinhoso? O deles
era original. O deles era tão deles, que todos que sabiam se
derretiam ao ouvir. Pequenos. É, era totalmente eles.
Voltou-se para o computador e clicou na barrinha de Imagens do Google.
Preparou-se para digitar algo como “Namoro”,
“Amor”, “Fofura”, mas seu pensamento parou de
maquinar por um segundo. Ela fitou a tela à sua frente e o
notebook logo ao seu lado. A foto cobriu todo seu campo de
visão. Click.
Sorriu.
Ela só precisava do telefone de um grande amigo seu. Isso mudaria tudo.
Sentiu como se não fosse ser chutada tão facilmente por
, assim. Finalmente sua massa cefálica serviria para algo além de dormir, comer e pensar em
. Finalmente.
De repente, ela adorava fotografias.
~~~~
coçou a nuca, como de costume quando ficava nervoso. Os olhos
fixos nos pés e a
outra mão batucava no volante. O barulho do escapamento dos
carros atrapalhando terrivelmente sua linha de pensamento.
Ele odiava aquilo. Odiava todo dia ter de pegar aquele transito
infernal para chegar em casa atrasado, em dias como esse, dias
especiais. Infernalmente especiais para a sua pequena. Para os pequenos. Ele queria sair daquela cidade e ir morar no interior.
Comprar uma casa, mesmo que fosse pequena, com cerquinhas brancas em torno e um quintal enorme para os milhares de
e
que teriam. Bem, pelo
menos era o que ele desejava. Os herdeiros brincariam e se divertiriam
como nunca, não tendo de viver naquele ambiente poluído e
triste da cidade grande. Ele compraria um cachorro enorme para sua
pequena, já que ela era adorava raças grandes. E o
nomearia de Tiny. Em homenagem à eles e ao amor que sentia por
ela e vice-versa. Ele já poderia até imaginar acordar ao
lado de
e sentir a língua gelada e gosmenta de Tiny em seu rosto, lhe lambuzando todo.
Um sorriso grande havia ocupado seu rosto.
Ele ainda teria tudo aquilo...
Mas naquela hora, ele precisava chegar no seu bairro, ir diretamente para aquele shopping que
adorava e comprar algum
presente incrivelmente romântico, para que assim, ele não
levasse um fora e acabasse virando padre e sem o amor de sua vida.
Impressão ou
e
insistiam em ser tão dramáticos?
“Vamos looooooooooooogo!”
gritou, buzinando firmemente
para aqueles dez quilômetros de carros e mais carros
começarem a andar. Pelo jeito, ele não sairia dali
tão cedo. É, talvez o sonho de ter um cachorro grande e
lhe rodeando e pedindo panquecas com mel fosse acabar mais cedo do que imaginara.
“Não enche o saco, almofadinha!” O dono de um
caminhão ao seu lado exclamou com sua barba que aparentava estar
um nojo.
o fitou com uma careta.
Suspirou e fechou os olhos
escuros rapidamente. Desejou chegar em casa. Precisava ver a namorada. Sentia falta dela.
Aquela fase do namoro que, se você passasse cinco minutos longe
um do outro, já estaria morrendo de saudades. E ele havia
passado o fim-de-semana inteiro longe dela! Era tortura! Ele queria o
cheiro dela lhe entupindo os narizes e o sorriso dela lhe enchendo os
olhos. Droga.
When I touch your hand
Still I understand
The beauty that's within'
It's now that we begin
You always light my way
But never comes a day
No matter where I go
I always feel you so
Cause you're everywhere to me
And when I close my eyes it's you I see
You're everything I know that makes me believe
I'm not alone
Yellowcard tocava lentamente, preenchendo os ouvidos do garoto. A chuva respingava no vidro do carro e
se viu obrigado a vestir o
casaco que estava no banco do passageiro. As palavras da melodia o
fizeram rir fraco. Ele sempre se lembrava de
quando essa música tocava.
Bem, talvez não houvesse maneira de não se lembrar dela
ouvindo aquele CD. Ela mesma o havia feito de presente de quatrocentos
dias de namoro.
Olhou para a sua frente e percebeu que não sairia tão
cedo daquela rua. Os carros não se movimentavam nem
centímetros e havia um pessoal que já estava do lado de
fora, esticando as pernas e conversando.
Provavelmente ele não iria perdê-la por não ter um presente, mas com certeza se atrasaria.
E ele não queria ver lágrimas em vez de seu doce sorriso quando chegasse em casa.
Mordeu o lábio inferior, ainda ouvindo a voz de Ryan.
“Eu preciso comprar um helicóptero. Seriamente.”
Murmurou para si mesmo, procurando no bolso do casaco o celular e
discando receoso os números conhecidos.
Segundos agoniantes se passaram e nada dela atender.
Será que ela já havia fugido? Cansara de se esperar e o
abandonara? Será que ele havia ficado tanto tempo dentro daquele
carro que ela já fugira com outro?
Secretária Eletrônica.
Ele pode ouvir a voz doce dela, rindo de alguma piadinha besta que ele
falara para o recado antes do bip. Ele amava a voz dela. Sentiu mais
saudades e vontade de ouvir a voz dela perto de seu ouvido.
“Uhm, amor... é... é o
. Eu vou me atrasar. Um pouco.
É, um pouco... Eu acho... Espero. Ta um puta trânsito aqui
e não tem como eu sair. Droga...” Ele afundou a
cabeça no volante, culpando-se. “Me desculpe, eu sei que
hoje era importante e que eu prometi estar ai. Mas.. não se
preocupe, eu vou chegar logo, okay? Me desculpa, pequena. Erm, acho que
é isso. Vejo você daqui a pouco. Amo você,
tchau.” Apertou o botão de desligar e continuou com os
olhos fixos na tela.
Ela estava enfeitada com uma foto dos dois. Tirada a pouco tempo.
Não fazia nem um mês. Ela segurava um bichinho de
pelúcia marrom, dentro de uma loja infantil. Parecia-se com um
muffin de pelúcia. É, era um muffin. Ele estava com os
braços entorno de sua cintura e com o nariz colado na bochecha
da garota. Ela sorria sapeca com o brinquedo em suas mãos.
Ele queria abraçá-la. E comer muffin’s com ela.
Eles adoravam muffin’s. Era o doce preferido deles e era
portátil como eles.
Amaldiçoou-se por não ser um namorado bom e não
comprar um presente no dia de seu aniversário de mil e noventa e
cinco dias de namoro. Fitou novamente a foto com um sorriso apaixonado
esboçado no rosto. Plim.
Uma idéia. Ele era um gênio. E agora, não mais um péssimo namorado.
Só precisava do telefone de Kirsten e virar naquela rua a alguns
metros. Provavelmente não chegaria tão tarde e com
presentes.
De repente, ele adorava fotografias.
~~~~
“Obrigada, Assshhhhh! Você me salvou! Mesmo!”
gritava ao telefone, agitada e
com os dentes a mostra. “Certo, eu anotei tudo aqui. Não
se preocupe. Acho que vai dar certo. Você é um anjo,
Ashy.” Ela pegou o caderninho onde havia uma receita anotada e
correu para a cozinha, com o telefone pendendo entre o ombro e o ouvido
direito. “Obrigada mesmo, meu amor. Ainda vou te retribuir isso,
junto da Rachel!” Riu divertida “Preciso desligar. Vou
começar o meu plano. Beijo, baby.”
Correu até a dispensa, não muito cheia, e se trancou
lá com o caderno em mãos e olhos seguindo os escritos.
Precisaria de chocolate, banana, aveia, ovos...
Ela não era a melhor cozinheira do mundo, mas acreditava que se pensasse no sorriso de
quando visse aquilo, talvez aquele poderia até ser o melhor presente de aniversário do mundo. Talvez.
Com as mãos cheias de latas e ocupadas com outros ingredientes,
voltou á correr até a bancada e jogou tudo ali. Pegou
algumas panelas no armário embaixo da pia e respirou fundo,
alisando o pequeno avental que usava para não se sujar e ter que
tomar outro banho.
Rezava para que ele se atrasasse e para que o forno coopera-se aquele dia.
Precisava que tudo estivesse pronto em pouco tempo.
Ouviu o telefone tocar e dirigiu-se até lá, torcendo para que não fosse
.
olhou no visorzinho e reconheceu o numero imediatamente. Fechou os olhos e abanou as mãos, pedindo ajuda para si mesma.
Não teve coragem de atender o próprio telefone e encarar
avisando que estaria estressado
e chegando em casa em poucos minutos. Ele iria ficar tão triste
se não ganhasse presentes naquele dia.
Secretária Eletrônica.
“Uhm, amor... é... é o
.” Desejou que a linha caísse. “Eu
vou me atrasar. Um pouco. É, um pouco... Eu acho... Espero. Ta
um puta trânsito aqui e não tem como eu sair.
Droga...”
sentiu o coração diminuir os batimentos e afrouxar-se. Sorriu. Graças à Deus.
Aquilo era ÓTIMO!
Sentiu vontade de apertar seu pequeno. Ele deveria estar realmente
triste com tudo aquilo, já que podia se ouvir o tom frustado em
sua voz.
“Me desculpe, eu sei que hoje era importante e que eu prometi
estar ai. Mas.. não se preocupe, eu vou chegar logo, okay? Me
desculpa, pequena. Erm, acho que é isso. Vejo você daqui a
pouco. Amo você, tchau.”
Ele não tinha noção do quanto ela o amava também. E o quanto ela estava feliz com tudo aquilo.
Deus abençoe à hora do rush em cidades grandes.
ajeitou seus cabelos em um
rabo-de-cavalo posicionado para o lado e voltou para a cozinha,
passando antes pela mesa onde o material de artes estava espalhado.
Olhou marota para lá e pegou rapidamente alguns lápis de
cor e algumas folhas de papel.
Aquilo estava saindo melhor do que ela imaginara.
~~~~
sentiu vontade de dançar
quando percebeu certa movimentação alguns metros à
sua frente. Ajeitou-se no banco do carro e fechou o zíper do
casaco, cantando algo como “Aleluia”, ao poder ligar seu
carro novamente, após meia-hora brincando com os dedos e
esperando ansioso para poder ir até a casa da amiga e ganhar o
sorriso mais lindo do mundo como recompensa.
Conseguiu pegar um atalho, desviando-se do ainda inconveniente transito
e seguiu rapidamente para a casa de Kirsten, ainda ouvindo aquele CD
que
havia feito.
“Nada como mais Yellowcard para acalmar os nervos. E claro, as habilidades como vendedora da Kirsten.”
riu sozinho de si mesmo, ouvindo a voz de Ryan Key novamente surgir na melodia doce da música que agora tocava.
I'm just so tired
Won’t you sing me to sleep
And fly through my dreams
So I can hitch a ride with you tonight
And get away from this place
Have a new name and face
I just ain’t the same without you in my life
Aquela não era exatamente uma música que lembrava
em todos os sentidos. Mas
aquele pequeno trecho, transmitia algo familiar com o ele se sentia em
relação à ela. Sorriu desejando poder saber o que
aconteceria aquela noite. Queria que fosse perfeita.
“Hey, Kirst. Tudo bem?”
ergueu a cabeça assim que viu a porta da casa ser aberta e uma Kirsten ruiva e sorridente aparecer a sua frente.
“Hey,
!” A garota exclamou aproximando-se e cobrindo-o com um abraço. Kirsten era linda. Cheirosa. Fofa.
Mas
simplesmente destruía a garota.
era mil vezes mais bonita. Mil vezes mais cheirosa. Mil vezes mais fofa que Kirsten. Aos olhos de
. “Quanto tempo, querido.” Ela sorriu amável e
também. Kirsten era uma
ótima amiga e quebra-galho. “Entre, eu já separei
alguns para você escolher. Até peguei um par da minha
irmãzinha, porque acho que combina demais com vocês
dois.”
Ela o conduziu até a sala e
sentiu-se feliz. Por ter amigos tão bons como ela.
“Você não sabe como você é
incrível, Kirsten. Obrigado. Mesmo. Você me salvou!”
exclamou beijando-lhe a bochecha e observando a pequena mesa coberta por várias coisas.
O sufoco havia passado.
Deus abençoe os amigos que quebram galhos.
~~~~
riu divertida com os desenhos
à sua frente. Satisfeita, até. Bem, qualquer
criança com cinco anos faria algo mais bonito mas a
intenção era ficar infantil e engraçado mesmo.
O colorido dos desenhos que faziam-na ficar orgulhosa de si mesma. Pelo
menos ela sabia pintar alguns espaços.
“Eu já me convenci de que realmente não nasci para
isso, como o Peter.” Se referiu ao irmão, um artista,
praticamente. Arrumou os desenhos empilhados e correu até a
sala, procurando arrumar a mesa também.
Após uns cinco minutos, o projeto de madeira que ocupava parte
da sala estava ajeitadinho como antes. Sorriu, orgulhosa novamente e
calma, agora.
Só faltava terminar de se arrumar e o presente ficar pronto.
Andou em direção ao seu quarto e pegou uma das blusas que
gostava e dizia que combinava
com ela. Se dirigiu ao banheiro para terminar de se maquiar, passar
algum perfume cheiroso e pentear os longos cabelos. Sentiu o cheiro que
vinha da cozinha invadir suas narinas do seu quarto e deu pulinhos de
alegria.
Queria que tudo fosse perfeito.
Terminou de calçar os tênis e foi em direção
à cozinha, terminar de fazer sua façanha e partir para o
próximo passo do plano. Ela já conseguia imaginar
surpreso e feliz com tudo aquilo.
Pelo menos, era o que esperava.
~~~~
Please forgive me if I seem forward
But I've never been in front of anything like you
Its the last place I ever thought I'd be
When I woke up this morning
Is it true?
And that you're always this breathtaking
And your smart and you're willing
My God this is killing me
jogou seu corpo no banco do
motorista, e fechou a porta rapidamente, ainda com um grande embrulho
em seu colo. De imediato, a música começou a soar e ele
riu. Aquilo o perseguia. Músicas românticas e melosas que
lhe lembravam sua menininha portátil.
Ele posicionou o embrulho logo ao seu lado, ocupando quase todo o outro banco e ligou o carro engatando a primeira marcha.
Deu um último aceno com a mão para Kirsten que sorria
sincera da porta, e partiu em direção a sua casa.
Os quinze minutos seguintes nunca pareceram tão agonizantes e
demorados para ele. Ele ainda estava com medo da reação
de
, com seu atraso de quase duas horas.
rezava mentalmente para que o seu tão especial presente, cobrisse toda essa falta que ele acabara de dar em seu namoro.
Não era a primeira vez que fazia esse tipo de coisa e por isso estava se preocupando tanto.
Quando percebeu que aquela rua lhe era incrivelmente familiar, diminuiu
a velocidade e tirou as mãos do volante, arrumando de uma
maneira desconfortável os cabelos no retrovisor. Sorriu,
confiante.
Estacionou o carro, e pegou um chiclete em seu porta-luvas, logo em
seguida, abraçando o presente, saindo do carro e se dirigindo
à porta de casa.
Ele respirou fundo antes de destrancar a porta e girar a maçaneta e fechou os olhos, até desejando que
estivesse dormindo ou... quem
sabe, passando mal. Assim, ele a salvaria e não teria que levar
sermão nenhum. Seria ótimo. Ele se sairia como um herói e namorado perfeito. Certo, voltando a vida real aonde ele não era herói, nem namorado perfeito e seria esfolado dali alguns segundos.
Ele deixou seu par de all stars desgastados entrarem primeiro na casa e
ainda com os olhos cerrados, fechou a porta atrás de si.
Abriu um deles, projetando uma careta e notou que tudo estava escuro.
“Será que eu fiquei cego?” Mentalizou idiotamente e balançou a cabeça negativamente. As vezes os amigos de banda tinham razão, ele era o débil-mental da turma.
Passou pelo pequeno hall de entrada, se perguntando o que havia
acontecido e dirigiu-se até a cozinha, ligando a luz e
iluminando o cômodo. Estava vazio.
“Aonde ela está?” Ele indagou baixo, praticamente
para si mesmo, coçando o topo da cabeça com a mão
livre que tinha. A outra estava abraçando o presente.
“Droga. Será que a minha teoria dela ter fugido com outro
virou praga e aconteceu?”
andou alguns passos lerdos
até a porta que ia em direção à sala-copa
da casa, e notou que estava fechada. E com umas três folhas de
papel coladas sobre ela.
Franziu a testa, estranhando. Um sorriso fraco e debochado surgiu em
seus lábios avermelhados pelo frio de lá fora e ele se
aproximou mais, podendo enxergar o que estava desenhado ou escrito
naqueles sulfites.
“Não acredito!” Ele exclamou como uma
garotinha de quinze anos quando recebia alguma fofoca novinha. Riu
abertamente, correndo os olhos excitados pelos papeis.
No primeiro deles, da esquerda para a direita, havia um muffinzinho com
uma expressão triste e solitária. O desenho lhe lembrava
vagamente os rabiscos de um de seus sobrinhos de três anos, o que
ele achou realmente fofo. Havia um pequeno balãozinho, indicando
a fala do doce.
“Eu odeio homens.” Estava escrito em uma caligrafia bem feita e azul. Ele riu abafado, lembrando-se vagamente de
no começo do namoro.
Fora realmente difícil convencê-la o contrário daquilo que ela achava, mas ele obteve sucesso.
Além de lhe provar que existiam sim, homens que realmente amavam, ele ganhara o melhor amor do mundo. O dela.
Correu os olhos
, no momento brilhando como um diamante, até o último desenho.
Lá estava outro muffinzinho, com um sorriso enorme e um pequeno
topete de cabelo adicionado encima de sua cabeça de chocolate.
gargalhou, notando que este
topetudo com sorriso de um bobo-alegre, era de fato, ele. Havia outro
balãozinho ao lado dele, com a mesma caligrafia azulada.
“I wanna rock’nd’roll all night, and party
everyday.”
A gargalhada dele novamente encheu o cômodo vazio. Ele sorria como nunca.
Era realmente uma verdade aquilo.
Na época em que se conheceram,
poderia se considerar um party-animal total. Talvez, se não fosse por
, ele continuaria assim. Bem, o amor pode mudar tudo.
No terceiro papel, colado um pouco acima dos dois no centro, os dois
muffins estavam de mãos dadas e o de topete, que seria
, estava fazendo uma pergunta para
.
“Quer ser minha pequena?”
leu a frase com os
lábios, sentindo a sua visão ficar levemente distorcida e
borrada. Ele abriu um sorriso sereno e leu o outro balão.
“Só se você for o meu pequeno.” Riu, apertando
o embrulho que estava em torno de seu braço.
Balançou a cabeça, abrindo a porta rapidamente e
encontrando-se com uma sala agora com as luzes acesas, mas ainda assim,
vazia.
Ele observou toda ela e desceu os olhos ao chão.
Haviam várias gotas gordas de chocolate, formando um pequeno
caminho em direção à sala de tevê.
Se fosse um dia qualquer, ele provavelmente ficaria bravo por
ter sujado o carpete de doces,
mas como ele estava achando tudo aquilo incrível, o
máximo que conseguiu fazer foi machucar ainda mais as bochechas
por estar sorrindo tanto.
“Cara...” Foi o que soou da sua boca. Estava ainda meio
desnorteado. Aquilo tudo era meio inacreditável. Ele apertou
ainda mais o presente em seus braços e seguiu as gotinhas, indo
em direção à sala e encontrando mais desenhos no
grande sofá que dividiam.
dessa vez correu até
lá e jogou o embrulho no sofá, capturando as folhas com
as mãos e lendo-as rapidamente.
Estava tão ansioso.
Sua visão ficou novamente desfocada ao ler o que estava escrito ali. O muffin
estava abraçando o muffin
, que estava segurando uma
guitarra com um ar de RockStar. Havia uma pequena frase encima do
desenho: “Sou sua maior fã.” Ele desceu o olhar
até embaixo, aonde havia uma pequena nota: “E sua única groupie.”
Mais um inevitável sorriso brotou em seus lábios. Aquilo
era inegável. Ele poderia ter todas as mulheres que quisesse,
mas a única que ele desejava já era dele mesmo. Ele
não precisava de mais ninguém.
Na outra folha, mais um desenho. Aniversário de oitocentos dias de namoro. Ele se lembrava perfeitamente daquele dia.
Eles haviam planejado ir viajar para Paris, mas tudo dera errado e eles acabaram perdidos em alguma cidade do leste europeu.
ainda assim, conseguiu fazer
reservas em um hotel – não dos melhores, mas dava para se
passar a noite – e fora lá que eles haviam dormido juntos
pela primeira vez. Fora incrível. Como todos os momentos juntos
de
. Incrível,
incrível, incrível... A frase que intitulava aquele
desenho era simples e completa: “It’s All About You”.
sentiu a primeira
lágrima pender em um de seus olhos e fungou, colocando os papeis
de volta no sofá e voltando sua atenção para a
parede do outro lado, perto de onde a televisão razoavelmente
grande estava encostada. Um cartaz grande onde havia apenas um muffin,
, estava com os dizeres: “Os melhores Mil Dias da minha vida, eu passei com você, Pequeno.”
tocou o cartaz com o insistente sorriso brilhante no rosto e desejou abraçar
, até ela perder o ar
dos pulmões. Ele procurou novamente as gotas de chocolate e viu
elas irem até o corredor onde estavam o quarto dos dois, o
escritório e o banheiro.
Seguiu até lá, antes pegando o embrulho novamente e parou de supetão na porta do escritório.
Mais um desenho.
Os dois Muffins que estavam enfeitando todas as outras folhas de papel,
agora sorriam abertamente com dois círculos brilhantes entre os
dedos.
Não havia feito nem três meses que eles trocaram alianças e
se lembrou novamente do episodio. Como ele estava nervoso.
Embaixo dos bolinhos coloridos, uma outra frase: “We can live like Jack and Sally if You Want.”
Ele balançou a cabeça negativamente, como se não
estivesse acreditando que tudo aquilo estava acontecendo. Estava
realmente surpreso.
As coisas estavam acontecendo de uma maneira que ele não havia
imaginado. Seu coração parecia sorrir junto da sua boca.
levou os pés novamente
à seguirem o doce no chão e aproveitou para provar um
pouco do próprio, lambendo os dedos e aprovando. Aquilo estava
delicioso. Pensou em como aquele chocolate poderia ser reaproveitado.
Okay, talvez aquela não fosse à hora para se pensar nisso.
Seus olhos pararam diretamente em um último desenho pregado na porta do quarto onde os dois dormiam.
Os dois muffins estavam abraçados engraçadamente, do
mesmo jeito infantil que os outros desenhos, e haviam inúmeros
coraçõezinhos em torno deles. A última frase que
enchia o desenho e cooperou para também encher os olhos de
de água, era:
“Love is when there are a million things you want to say to someone, but you don't even know how to start it.”
havia pegado aquelas palavras da música que
havia feito para ela há
um mês atrás, no aniversário de mil e sessenta e
cinco dias. Até ele, deixando à modéstia a parte
teve de concordar que fora a melhor musica que já havia escrito
na vida. E toda a sua inspiração fora ela.
As lágrimas já não eram controladas e as bochechas doíam como nunca. Droga, ela conseguia acabar com ele.
respirou fundo, e girou a maçaneta do quarto deles olhando lentamente para frente.
As gotas de chocolate ainda seguiram até o centro do quarto e cobriram a cama de tamanho queen deles, formando um coração. No meio dele, encontrava-se uma
sorridente e avermelhada.
sentiu o coração
ir à boca. Ela segurava um enorme, enorme mesmo, Muffin de
Chocolate e Banana e um outro cartaz. Nesse último cartaz,
estava desenhado. Com o topete divertido e o sorriso brilhante.
O
verdadeiro riu fraco e fechou a porta atrás de si, vendo
mover-se.
“Não. Não se mexe.” Ele pediu com a voz fraca
e embargada. Ela assentiu notando os olhos marejados dele. Sentiu o
coração acelerar.
No cartaz, além do muffin
, havia um ultimo conjunto de palavras. “Os Pequenos são para Sempre.” Ele leu em voz alta e deixou o embrulho que segurava cair, não sentindo as mãos.
Sorriu mais e correu até a namorada, pedindo para que ela se levantasse.
A garota obedeceu, deixando o grande doce que tinha em mãos
encima da cama, ainda entorno do coração de chocolate e
jogou o cartaz para o chão, sentindo os braços fortes de
lhe envolverem e o perfume dele lhe deixarem tonta. Riu, divertida e feliz. Ela sentira falta dele. Como sentira.
“Eu ainda não acredito.”
sussurrou com a voz mole, no
ouvido dela, fechando os olhos e sentindo as lágrimas queimarem
as bochechas novamente. “Você sempre me surpreende.”
sorriu sincera, apertando-o ainda mais contra si.
“É você que me faz fazer isso.” Murmurou
baixo, sentindo o queixo dele roçar em seu ombro. “A
propósito, parabéns para nós.”
se desvencilhou do
abraço e ainda com a garota envolvida em seus braços,
beijou-lhe os lábios sentindo o estomago subir e descer.
“Parabéns para nós.” Ele sorriu abertamente,
junto com ela. Os olhos sondavam-se brilhando como nunca. “Eu te
amo, minha pequena.”
riu encantada. “Own, eu
também, minha reina Rudolph.” Ela tocou o nariz
avermelhado do homem à sua frente, fazendo-o se divertir. Ele
aproximou seu rosto do dela, roçando o mesmo nariz corado no
dela, num gesto de carinho.
Ela fechou os olhos com um sorriso nos lábios.
Os dois permaneceram assim por alguns segundos, antes de
sentir-se sendo puxada até a cama.
“Me diz, como você conseguiu pensar nisso tudo? Como você conseguiu cozinhar isso?”
já não estava
mais tão surpreso e incrivelmente animado. Seus olhos brilhando
ao encontrarem-se com o enorme doce à sua frente.
“
, você está falando de
.” A garota comentou convencida.
riu com os olhos vidrados no rosto dela.
“
?” Perguntou com uma sobrancelha franzida.
“Mas é claro! Eu sou
e você é
. Ta pensando o quê?” Era incrível como ela conseguia responder tudo de uma maneira doce e divertida.
“Nada. Não estou pensando nada...” Ele riu, encantado. “Hey, isso tudo é pra mim?”
“Os deseínhos sim. O Muffin não. Era só pra
enfeitar. Eu vou levar embora e comer no trabalho.”
respondeu simples, levantando-se e sorrindo sapeca.
“Heeeey! Eu também quero, amor.” Ele fitou-a com uma expressão incrivelmente apertável.
“É claro que o muffin é para você,
.” A garota riu da
ingenuidade do namorado e se aproximou, selando seus lábios aos
dele. “Todinho pra você.” Sorriu.
“Yaaaaay!”
comemorou como uma
criança gorda. “Eu te dou um pedacinho se você
quiser.” Piscou, levando a mão até o doce e
arrancando um pedaço de lá.
“Aw, obrigada, amor.”
agradeceu. “Uhm... o que é aquele embrulho enorme no chão?”
parou de devorar outro pedaço do muffin, e olhou rapidamente para aonde a amada apontava.
“Ah éeeeeeeee!” Ele exclamou de boca cheia.
“Ew,
. Fecha essa boca.”
projetou uma careta e cruzou os braços.
“Ops.”
riu divertido e se levantou, indo em direção ao embrulho que
indicara.
“Foram tantas emoções que eu esqueci dele. Para
você, amor. Feliz aniversário para os pequenos.” Ele
engoliu o que tinha de bolo em sua boca e sorriu infantilmente.
sentiu os olhos marejarem e apanhou o presente rapidamente.
Rasgou o embrulho sem se importar com os quase trinta minutos que
Kirsten perdeu embrulhando-o e deparou-se com dois bichinhos de
pelúcia relativamente grandes.
Riu, animada.
coçou a nuca e andou até ela.
“Parece que a gente pensou quase a mesma coisa. Que
coincidência, né.” Ele comentou, olhando dos
bichinhos para os grandes olhos brilhantes da namorada que fitavam dois
Muffin’s de pelúcia.
Sim, dois Muffin’s.
Eles estavam se abraçando e entre o abraço, havia um
coraçãozinho vermelho. Dentro do coração os
dizeres: “Meant to be”.
Ambos os namorados pensaram a mesma coisa no momento. Essa era a verdade.
“Não, amor, não foi coincidência. É
porque nós fomos mesmo, feitos um para o outro.”
sorriu sentindo as lágrimas descerem pelas suas bochechas e olhou para os olhos de
. Ele estava no mesmo estado. Ela apertou os bonecos contra si e sentiu os braços de
fazerem o mesmo sobre ela.
Era isso.
Não precisavam de inúmeras frases, músicas ou
diversos presentes para representar o namoro ou os dias que eles se
amavam. Não precisavam de apelidos diferentes e nem de serem
rebeldes e nada convencionais. Só precisavam ser eles mesmos.
Era aquele tipo de coincidência que comprovava que o amor deles não tinha fim.
Eles pensavam igual. Eles agiam igual. Eles poderiam ser completamente
diferentes e obterem opiniões e temperamentos nada semelhantes.
Mas eles se completavam. Porque eles eram feitos um para o outro.
Aloha!
Bem, como começar? Prometo que vou tentar ser curta, haha. :)
Há alguns meses atrás, num momento de loucura, eu escrevi
uma fic pequena e que praticamente derretia de tão melosa. Eu
havia gostado dela. Eu adoro coisas extremamente românticas, isso
é um fato. HUIAIOAHIOAHAUI. Ela era inicialmente slash, e
baguette. (para quem não sabe, Hott Baguettes é uma
comunidade que apoia o suposto caso do vocalista do Simple Plan,
Pierre, com o baixista, David. \o/ Eu apoio. HAUIHOAUIHAUIO Eles se
amam de uma maneira sexual. :P) Aí, eu resolvi transformar ela
em hétero e mandar para cá.
Dai, eu percebi que ela não precisava ser lida apenas com os
McGuys e sim com qualquer outro personagem. Então, por isso,
agora você encontra a primeira parte dessa fic, a The Sweetness
of a Nickname, na sessão Outros - Finalizadas, igual essa! :D
Muito mais gente do que eu imaginei, comentou. :) Eu fiquei
extremamente feliz que vocês haviam gostado da minha primeira
one-shot. Ante-ontem (sexta, 01/06) do na-da, me veio a vontade de
fazer uma segunda parte. Eu queria fazer essa segunda parte. Só
me faltavam idéias.
É ai que entra a minha Bouvier! Como o aniversário da
minha amiga, Gabi, está chegando e eu já estava pensando
em fazer uma fiction de presente para ela, resolvi fazer essa inspirada
nela. :) Nela e no amor dela pelo Pierrito! HUIAAIHOAUIAUIAHUIAHUI
Parabéns adiantado, amor. Eu amo muito muito muuuuuito você <3.
Essa fic é totalmente dedicada para ela e para o Pierre, mas
você pode ler também, leitora, eu deixo. HAUIUIHAUIOA :D
Eu preciso agradecer, fora o casal Gabierre, o meu príncipe
Sebby! <3 e uhm... vocês. Porque na verdade, a idéia
veio da minha cabeça do nada e foi por que vocês
insistiram bastante que eu resolvi fazer a segunda parte.
Eu ainda estou pensando se vai ter uma terceira. Vai depender dessa
daqui. E agradecer o criador dos Muffin's. OBRIGADA VIU, MOÇO.
HAUIIOAHIOAHAUIOHAUIOHAUI
E... à coca-cola. Que foi isso que me sustentou os dois dias
escrevendo isso aqui. E claro, Chris Carrabba e suas músicas que
escorrem fodice. *baba*
É, é isso.
Eu espero de coração que vocês gostem dessa The
Sweetness II e comentem me dizendo o que acharam, atraves da caixinha
de comentários, no meu orkut ou no meu email ou sei lá
:D.
E como vocês podem perceber, assim como a TS I, essa escorre
açucar quando você expreme, né.
HAUIIAAIOAIOHIOAAHIO. Um melodraminha é sempre bom, né
gente? ;)
Obrigada por tudo, lindas.
Ju Lefebvre. xox
(música usadas na fiction: Everywhere - Yellowcard, View From
Heaven - Yellowcard e Take me with You - Secondhand Serenade)