It's summer, everybody's out
And you're right over there
I'm staring while you play around
With that pencil in your hair
estava sentado no fundo da sala, encolhido em seu canto escuro como sempre fazia em dias de aula. Felizmente, aquele seria o último de muitos. Ele estava finalmente se formando e em breve teria uma banda famosa como sempre quis. O professor de Física divertia a classe com algumas curiosidades, não adiantava ensinar nada de qualquer modo. Primeiro porque ninguém iria prestar atenção e segundo porque as provas já haviam passado, então, não fazia diferença, quem tinha que passar já tinha passado.
De seu canto, quieto, o jovem observava uma garota sentada na primeira carteira ao lado da janela alta e larga da sala, de onde se viam todos os alunos que já estavam em recesso no pátio da escola, lendo, assinando anuários, esse tipo de coisas que os jovens faziam no último dia de aula. A jovem, contudo, parecia alheia à tudo e todos, enrolando o cabelo em um lápis qualquer.
- . - um garoto que sentava-se ao seu lado o chamou, tinha o cabelo castanho com uma enorme mecha vermelha na franja.
Não era muito diferente de seu próprio cabelo. Olhou-o, reconhecia-o como Daniel Hall, dividiam aulas de Física e Álgebra desde o primeiro dia no colegial.
- te mandou. - completou, entregando a ele
um pequeno papelzinho lilás, assim como as folhas de fichário da garota. Quer que eu tire uma foto e te entregue?, dizia o bilhete. engoliu em seco. Quem lhe dera ela soubesse que ele já tinha inúmeras fotos suas guardadas em uma caixa no fundo falso de seu armário. Amassou o papelzinho e guardou-o no estojo, olhando a garota, que o encarava de volta.
It's said
In your eyes
I'm just one of the guys
I'm so into you
You don't have a clue
There's nothing you can do to stop me now
Deu um sorrisinho sarcástico e gesticulou com a boca um "Não preciso disso", o que, convenhamos, era verdade. Não que ela soubesse, ele esperava que não. Estava escrito na cara dela que ele era somente mais um dos muitos garotos que ela já tinha seduzido, mesmo que sem intenção. Ele sabia que ela era uma utopia. E o pior, ela não sabia que ele estava tão caidinho por ela.
Pela cara com que Danny o olhava, este realmente sabia pelo que estava passando. lembrou-se que, no primeiro dia de aula do segundo ano, o garoto conversara muito baixo com ela, defronte ao seu armário, até que, assustando todos no corredor, ele berrou "Vagabunda!", deixando claro que era o que ele pensava sobre ela. E ela nem piscou. Talvez porque, de certo modo, ela tivesse conhecimento desse seu status.
Realmente, ele não queria uma garota dessas para si. Infelizmente, ela era simplesmente perfeita. Todas as coisas que ela fazia, por menores que fossem, pareciam perfeitas. Ela não era sua, realmente, mas como ele gostaria que fosse. Sua . Só sua. Até parece.
O sinal tocou, decretando o fim da jornada de aulas que eles vinham seguindo desde pequenos. Decretando, consigo, o início de uma nova era.
You got me falling
Through noticing the little things you do
Putting a hold right over me
Funny as it seems
You make me dream
Doing the little things, these little things you do
Mais de um mês de férias de verão e ainda não havia encontrado parceiros de banda, a não ser por seu antigo
vizinho de carteira em aulas de Física e Química, Danny Hall, que era seu novo baterista. Ainda faltava, infelizmente, todo o resto da banda. Estava jogando uma bolinha de pano azul para cima e para baixo, com os pés apoiados na escrivaninha e a cadeira apoiada apenas nas pernas traseiras. Voltou a cadeira em seu devido lugar e tirou os pés da mesinha, deixando a bolinha onde os eles se encontravam anteriormente. Podia ouvir gritinhos vindos da casa ao lado, assim como risadas. Andou lentamente até a varanda para observar e suas amiguinhas, todas vestidas em micro shortinhos, jogando Badminton*.
Estavam na quadra de Tênis, obviamente. A garota, basicamente, tinha o quarteirão inteiro como moradia, salvo a casa de . Cheio de quadras, piscinas, áreas de lazer no geral, sem contar a casa. Porcaria, onde estavam os binóculos, perguntava-se ele, voltando para dentro do quarto e revirando seu armário em busca dos mesmos.
I saved up for binoculars
I bought them last weekend
To watch you playing badminton
With all your slutty friends
Maybe it's time I gave up, drew the line
My friends say i should
I wish that I could
But there's nothing they can do to stop me now
Retornou a varanda e apoiou os cotovelos na mureta, a fim de ter um melhor foco através dos binóculos. Podia ver agora todos os detalhes das garotas e não pôde deixar de perceber que as amigas da garota eram tão venenosas quanto a própria. Ouviu a porta do quarto se abrir e logo em seguida fechar, ouvindo Danny reclamando sobre algum fato qualquer.
- ...e então... Uau! , passa esses binóculos, meu filho. Eu também quero ver. - fez ele, ao entrar na varanda e observar o que o jovem estava a ver. - Cara, você está mal. - disse o de mecha vermelha, ao perceber que o amigo estava tão entretido nas pernas de
que nem ouvira o que ele havia dito. - E você devia desistir, ela não vale a pena.
- Cara, chispa. - fez , finalmente notando a presença do amigo. - Eu já disse, eu sei o que eu estou fazendo! Eu queria desistir, mas não dá! Então, chispa! - concluiu ele, deixando os binóculos na mureta da varanda e empurrando o amigo para fora do quarto, sem dó nem piedade.
You got me falling
Through noticing the little things you do
Putting a hold right over me
Funny as it seems
You make me dream
Doing the little things, these little things you do.
Sentou-se na cama encostado na parede. Aquela garota o deixava louco. Ele sabia que ela não queria nada sério, talvez tivesse medo de amar. Era tudo o que
podia concluir sobre ela. Era tarde demais, contudo, para ele. Ele, que havia se apaixonado por seus mínimos detalhes, até mesmo seus defeitos. Ele, que a amava por todas as pequenas coisas que ela fazia. Ele, que conhecia todos os sorrisos, as risadas, os amores. Ele, que sabia tudo sobre ela sem, contanto, tê-la. Ele, que tudo o que queria era ter uma chance de provar a ela seu valor. "É ter por quem nos mata, lealdade", disse o poeta Camões sobre o amor.
E podia perceber que o homem estava certo. Há quanto tempo ele não curtia a vida por amor a ela? Por fidelidade?
Mesmo que não fosse a mesma coisa da parte dela, que podia ele fazer? Esquecê-la. Era tudo o que sua consciência o mandava fazer.
I call up your house
But I'm always outta luck
Keep hanging around
But that1s never good enough
And you don't reply when I talk to you
I shout at you
But you don't blink an eye
It makes me wonder why
Pegou o telefone da base e discou o número que já sabia de cor. Pensou ouvir o toque na mansão ao lado, mas obviamente era somente sua imaginação. O telefone tocou três vezes antes de ser atendido pela empregada da casa. "Inferno!", pensou o jovem, dizendo que era um engano e desligando. Por que diabos aquela
garota nunca atendia ao telefone?
E mesmo que atendesse, será que ela falaria com ele? Na escola, quando ele falava com ela, nem piscava, mesmo que ele gritasse. Talvez ela simplesmente não quisesse falar com ele, ou talvez, simplesmente, ele não fosse bom o bastante para ela. Estar por perto, talvez, não fosse bom o bastante para ela.
You got me falling
Through noticing the little things you do
Putting a hold right over me
Funny as it seems
You make me dream
Doing the little things, these little things you do.
Abriu os olhos, lembrando-se de tudo aquilo e guardando a caixinha de volta no seu devido lugar ao mesmo tempo em que Danny enfiava a cabeça para dentro do quarto. Levantou-se e ajeitou a roupa amassada, indicando que era para o amigo entrar.
- , a está lá embaixo. - disse o que ainda tinha a mesma mecha vermelha no cabelo.
arregalou os olhos, se engasgando. O que ela estaria fazendo lá, depois de todos aqueles anos? Como ela descobrira onde ele morava? E por que justo agora?
You got me falling
Through noticing the little things you do
Putting a hold right over me
Funny as it seems
You make me dream
Doing the little things, these little things you do.
- ? - chamou ele, simplesmente.
A garota se virou para olhá-lo, com um sorriso nos lábios e vestindo uma roupa mais séria e longa do que ela costumava usar da última vez que eles se viram. - O que você está fazendo aqui?
- Só para dizer que eu também notava as pequenas coisas que você fazia, . - ela respondeu, sorrindo e beijando-o na bochecha, referindo-se a uma das músicas do novo CD da banda de . O garoto abriu a boca para dizer algo, mas a garota já estava fechando a porta da casa. Foi então que ele percebeu, ela não era daquele jeito por medo de amar e sim por medo de se comprometer. Porque, afinal, ela o amava. E era só o que importava naquele momento.
Doing the little things, those little you do, do, do
Doing the little things, those little you do, do, do
Doing the little things, those little you do, do, do
Nota da Autora: Primeira fic, corrigida pela Luthy e com capa feita por ela também, espero que gostem e comentem.
Badminton*: É um jogo que parecido com tênis, mas tem uma raquete especial e ao invés da bolinha usa-se aquela peteca.