Uma chuva e um amor perfeito
by Feex Jones
betada por Carolis

Capítulo 1
Sabe, aos dessete quase dezoito, eu não fui à formatura em Porto Seguro (como todo mundo da minha idade) ou fazer a festa que queria muito ter. Juntei uma grana, aos poucos e muito poucos, e fui realizar o sonho da minha vida, uma viagem por toda a Europa, começando pela Espanha, passando por Alemanha, Itália e Bélgica.
Acabava de chegar na Inglaterra, em Londres mais especificamente. Era uma sexta meio ensolarada e começou uma chuvinha fina, igual as garoas da minha terra, São Paulo, daquelas que eu mais amo e foi piorando até ficar uma chuva forte. Já estava começando a ficar com saudades de lá. Eu não sabia pra onde ir, desci numa estação de trem e a partir da porta. Fui andando aonde Deus e a Grande Mãe me levassem, fui andando e observando a paisagem em volta, não tava acreditando que eu estava na Inglaterra, um dos meus maiores sonhos estava sendo realizado ali, naquele instante.
Como eu estava feliz.
Andei até ver uma casinha pequena, vermelha e branca numa ruazinha tão simpática e fofa , sentei na calçada daquela casa. Tentei lembrar a letra de uma das minhas músicas favoritas, “That Girl” do McFly, mas não conseguia de jeito nenhum e acabei desistindo.

Dez da manhã de uma sexta. , e estavam vindo pra cá e eu tava tão desanimado. Me estiquei no sofá e fui ver MTV, mas só tava passando aqueles clipes americanos idiotas, foi então que desliguei a TV e fui tomar um banho para me arrumar para mais um ensaio.
Aí começou a chover, eu fiquei muito chateado, e acabamos tendo que ensaiar em casa mesmo.
Quando íamos começar a ensaiar “Baby’s Coming Back” uma das minhas preferidas além de “That Girl” é claro, eu ouvi uma voz tão perfeita, uma tentativa de cantar “That Girl”. Só o começo e o final que estavam certos.
Perguntei-me por um instante de quem seria aquela voz tão linda e fui à janela ver (foi aí é que eu vi como a chuva havia piorado) e vi sentada na minha calçada, uma menina de cabelos curtos e pretos com uma mochila bem grande nas costas, tipo mochila de mochileiros ou escoteiros, sei lá.
Falei pros caras esperarem um pouco, peguei o guarda-chuva correndo e desci escadas abaixo.

No começo da minha tentativa de cantar, eu ouvi um barulhinho de bateria e guitarra, mas nem imaginei da onde vinha o barulho, assim que terminei de cantar. Escutei uns barulhos de alguém na escada e a porta se abrindo. Foi quando eu o vi, ali bem na minha frente, não podia imaginar que aquilo estava acontecendo comigo!
- Oi...
- Oii!
- Eu ouvi você cantando, você canta muito bem. Por favor entre em casa, você tá precisando de um banho e de um travesseiro. Tá com uma cara de quem precisa descansar. - Disse ele, sendo muito gentil.
- Não, não. Eu acabei de chegar aqui em Londres. Acharei rapidinho um lugar pra ficar, não se preocupe! – disse eu, interrompendo ele.
- Por favor, eu faço questão que você entre! Como você disse, você acabou de chegar aqui e nem sabe onde ficar!
- Não se incomode... Eu sei muito bem quem você é. Sou apenas uma desconhecida, não vou ficar atrapalhando a sua vida, desde do começo da minha viagem. Eu sempre dei um jeito nas coisas sozinha, não será agora que eu não vou dar!
Levantei, virei e fui andando, mas ele foi mais rápido e ficou bem na minha frente, olhou bem nos meus olhos com aquela cara de urso fofo e disse: - PELO AMOR DE DEUS, ENTRE! Eu só ficaria incomodado se você não passar por aquela porta agora.


Quando desci, eu vi o quanto ela era bonita. Alta, magra, mas nem tanto, cabelos pretos curtos e os olhos escuros. Algumas espinhas no rosto, o que dava um ar de rebeldia nela. Ela era perfeita, nunca tinha visto uma menina tão linda como ela em toda a minha vida. E olha que eu, Rock Star famoso da Inglaterra já vi muitas meninas bonitas, principalmente nos meus shows, mas não como ela. Convidei-a para entrar em casa, mas ela se recusou, disse que daria um jeito nas coisas sozinha. Fiz de tudo para ela entrar, e ela acabou aceitando, afinal eu queria muito que ela não fosse embora, a conduzi até a sala onde os caras estavam. Ela jogou a mochila bem no cantinho do sofá, tirou o All Star preto todo escrito, que estava usando, foi até a cozinha comer algo e logo depois foi tomar um banho bem quente enquanto nós, garotos, ficávamos conversando na sala, já que eu já tinha interrompido o ensaio mesmo.

No banho eu fiquei pensando: “Não tô acreditando que eu estou aqui, na casa dele!” e agradeci a Deus e a Grande Mãe por isso. Estava num paraíso. Eu, meramente uma garota paulistana qualquer, estava na casa de , um dos caras do McFly. Saí do banho, coloquei uma roupa e fui pra sala, onde lá estavam eles, conversando. Quando eu entrei, , e olharam pra mim, e saíram fechando a porta bem de leve.
- , a gente continua o ensaio outra hora! Te ligamos mais tarde. Eu olhei para ele, ele olhou pra mim
- Bom, vi que já tomou seu banho. A cama lá do quarto de hóspedes já tá arrumada para você.
- Muito obrigada! Só entrei porque você insistiu muito. - disse eu abaixando a cabeça.
Peguei a minha mala e coloquei-a no quarto onde eu iria ficar, abrindo ela achei uma foto do Felipe, meu gato, fazia bem uns dois anos que não o via. Nem minha família e muito menos os meus amigos e a saudade estava apertando. Uma lágrima escorreu pelo meu rosto e ele viu aquela cena.
- Tá chorando por quê? Eu te magoei de algum jeito?

- Não, não, você foi muito gentil. Tô assim pela saudade que estou dos meus amigos e da minha família. Esse aqui é o meu gato, Felipe, quando eu voltar pra casa ele não vai nem me reconhecer.
- Que lindo! Eu adoro gatos, tive um persa preto, mais ele morreu faz alguns anos já.
Ele virou e foi pra sala e voltou para frente da porta do quarto.
- Esqueci de me apresentar, .
- , e como eu disse há algum tempo, você não precisava se apresentar.


Aquele dia foi muito especial. No dia seguinte nós conversamos muito e ela me contou a sua história, tinha feito vinte anos alguns meses atrás, brasileira de São Paulo, decidiu dar um presente diferente a ela mesma, fazer uma viagem pela Europa toda, sozinha e sem roteiro de viagem.
Eu não teria coragem de fazer isso que ela fez.
Ela disse no dia seguinte que só iria ficar aqui até achar um lugar pra ficar. Foi ficando, ficando... Já havia passado alguns meses, eu já tinha me acostumado com o jeito dela. E olha que ela tinha muitas características de um gato, e acho que era aquilo que eu mais gostava nela. Ela fazia tudo aqui em casa, e gostava de fazer as coisas. Eu e os garotos começamos a chamá-la de gata Purple, por ela ser misteriosa como um gato e diferente como a cor roxa.
E assim fui percebendo que a minha vida não fazia mais sentido algum sem ela. Sem seu sorriso de manhã, sem seus biscoitos e seu vício por coca-cola. Até quando ela estava brava, o que era raro, eu gostava porque ela ficava toda vermelha e ela ficava linda daquele jeito mesmo.

Capítulo 2


Até um dia, fazendo um pouco mais de seis que ela estava aqui, na hora do almoço:
- você não vai me ver amanhã de manhã...
- Mas por quê?
- Eu tô embarcando hoje mesmo pra São Paulo!
- Por que isso agora, gata purple? Foi alguma coisa que eu ti fiz durante todo esse tempo e você ficou magoada, não é?
- , não é isso, você foi um amor de pessoa comigo. Você e os meninos, mas estou indo porque não agüento de saudades da minha família e dos meus amigos. Principalmente do Felipe.
- Mas como eu vou ficar aqui sem você, gata Purple? Minha vida não tem mais sentido sem você!
- , você tem que compreender que eu preciso ir.
Ela desceu as escadas com a mochila dela e fui caminhando até a estação de trem, eu corri muito e consegui alcançá-la bem na porta da estação de King Cross, a mais perto da minha casa.
- Gata Purple, você não compreende que nada faria sentido algum se você for embora?
- , eu preciso ver o pessoal lá do Brasil, apesar de tudo aqui ter sido muito bom, eu iria voltar uma hora para lá, de qualquer jeito! Porque toda a minha família e muitos dos meus amigos...
Eu pus os dedos bem de leve nos lábios dela, interrompendo-a, cheguei bem perto, olhei bem fundo nos seus olhos assim como no dia em que nos conhecemos.
- A minha vida aqui sem você será um vazio, porque eu te amo, gata purple!

Olhos fechados e nós nos beijamos, um beijo tão perfeito quanto era o nosso relacionamento.
- Eu também te amo, , não por ser sua fã, mas porque convivi com você e conheci o de verdade e não o integrante do McFly.
Eu tenho que ir, já está quase na hora do meu vôo.
- Me deixa pelo menos te levar até o aeroporto, de carro? Por favor.
- Tudo bem!
E lá fui eu de volta à minha terra.


Nos dias que se seguiram ao dia de sua partida, eu não conseguia fazer mais nada. Até a MTV e seus clipes americanos idiotas me faziam lembrar dela, afinal ela gostava de Beyoncé e Rihanna, eu aprendi muito com ela. Principalmente a aceitar as diferenças das pessoas porque ela era muito diferente de todo mundo, parecia um ser de outro mundo, um mais evoluído que o nosso.

Em Sampa eu vi minha família e meus amigos, estava com muitas saudades deles e lhes contei sobre o , , e . não acreditou quando eu lhe contei tudo.
O maninho e meu pai ficaram com ciúmes desse tal inglês chamado que eu não parava de falar, e até as minhas melhores amigas notaram que eu havia mudado durante a viagem. Um segundo após eu deixar Londres, eu já tinha ficado com saudade dos meninos, principalmente do , do sorriso dele, das brincadeiras, da pizza de chocolate que ele fazia e ficava ruim. Até das broncas dele eu tinha ficado com saudade, realmente eu estava gostando do .


Após uma semana que ela tinha ido, numa quarta, eu entrei em casa depois de uma entrevista chata, pois a única pergunta que os caras faziam era: , como você está se sentindo após a ida do seu amor? Sempre se lia notas nos jornais de Londres sobre eu e a gata Purple, o que piorava tudo o que eu estava sentindo. Encontrei um postal de uns prédios e outro de uma praia. Os dois eram dela, fiquei muito feliz por saber notícias, mas logo depois fiquei triste ao ler os cartões:

“Queridos meninos maluketes,

Vocês precisam conhecer a minha terra, ela é muito linda. Estou bem, só sinto falta de vocês. Meu pai está com muito ciúme de um tal londrino chamado que a filha não pára de falar, hahaha.
Sinto muita falta de vocês, mas a saudade será minha companheira durante muito tempo.
Fui convidada para trabalhar numa revista de música aqui de São Paulo, porque a imprensa toda rodava meu nome por eu estar morando com vocês e tal. Tive que aceitar o convite, afinal aqui no Brasil é muito difícil arranjar um emprego, mas pelo menos vou ter um motivo para ir para aí, o meu trabalho.
Com muito carinho, kitty purples kisses.”“.


A cada dia tudo piorava, nem a garoa paulistana me deixava feliz, eu queria estar do outro lado do oceano com os meninos, mas não podia, eu tinha um emprego aqui e não podia largar tudo aquilo assim. Uns carinhas até me deram bola durante umas festas que eu fui, e por tá famosa ate o Zé me ligou, mas eu só pensava no .

Capítulo 3


No dia seguinte, eu mostrei pros meninos os cartões dela, eles ficaram felizes por lê-los
- Caras, tomei uma decisão, eu vou agora pra São Paulo, encontrar com ela porque eu não agüento mais não viver perto dela. Está muito difícil para mim isso tudo. Principalmente com a imprensa sempre falando dela e tals. Vou viver por lá ou arrasto ela e toda a família para cá.
- , você tá maluco? Ela não vai vir para cá, cara! Ela tem um trabalho lá, ela não pode largá-lo assim, do nada. E você também, você não pode largar a banda assim. – disse isso com um tom de bravo e com aquela cara dele quando fica irritado. e só confirmavam com a cabeça.
- Não se lembra que eu estava na sua pele há cinco anos atrás? Esqueceu-se da Lady ?
- Não, não, não a esqueci Sr. , até porque ela tá a umas três quadras daqui, mas especificamente na sua casa! – Eu acabei gritando com ele porque comecei a ficar irritado com toda essa conversinha
- Bom, se vocês não querem se despedir do seu querido amigo e colega de trabalho, tudo bem, eu vou pro aeroporto sozinho.
- É claro que a gente não vai te deixar na mão, !

Dia 30 de Setembro de 2010, fazia um mês que eu tinha voltado de Londres, e a saudade era muita. O meu chefe me dispensou hoje porque não havia mais assunto para eu escrever nas colunas da revista, já tinha falado de todos os assuntos possíveis e todos eu era boa, principalmente quando se falava de McFly. Tava na cama quando a campainha tocou, eu levantei, vesti um roupão e fui para a porta.
- Oi! Você não vai abrir a porta pra mim não, gata purple?
- O que você tá fazendo aqui, não devia estar com os meninos fazendo shows pela Inglaterra inteira, não?
- Depois de tanto tempo longe de você eu não agüentei e peguei o primeiro avião que pude pegar para cá. A banda tá de férias apenas por minha causa. Eu vim te levar de volta pra Londres ou morar aqui mesmo, só que longe de você eu não fico mais.
- O que deu na sua cabeça? Você endoideceu por um acaso? – disse eu com a cara mais brava que pude fazer.
- O que deu na minha cabeça?! Vamos ver, o amor fez a minha cabeça pirar! Hehehe...
- Estou falando sério, chega de brincadeiras, . Você não pode sair de lá do nada, você tem uma banda famosa pra se ocupar! E eu tenho o meu trabalho aqui... - ele me interrompeu, e isso me deixou mais brava ainda.
- Gata purple, eu levo a sua família inteira pra Londres se for preciso pra gente poder ficar juntos de novo, mas se tem uma coisa que eu não tolero é ficar longe de você!
Uma das minhas melhores amigas entrou na sala e logo perguntou - Quem é esse cara super gato? É ele, o tal inglês lindo de quem você tanto fala?
- Inglês que ela tanto fala... Então quer dizer que você contou sobre os nossos meses juntos lá em Londres?
- É claro que sim! Ela é a minha confidente, a minha maior se você quer saber!
-Desculpa, , mas tem alguém aqui que resolveu largar tudo e inclusive a sua banda em Londres e fugir pra cá pra me levar de volta pra terra do Big Ben ou ficar aqui definitivamente, mas ele se esqueceu que eu tenho um emprego aqui e ele tem o McFly pra cuidar lá! Esse aqui é sim o , e essa aqui é a minha melhor amiga, se você quiser saber , quando você brigava comigo achando que eu estava de caso com outro, e que eu tava falando no telefone com esse ser imaginário seu, eu tava na verdade falando com ela!
- Prazer. Desculpe-me, perdão se desconfiei de você alguma vez. E se você quiser e ela também, ela pode ir junto.
- Você realmente tá maluco!
ficou por uns dias aqui em casa. Logo depois foi para um hotel perto de casa, os meninos acabaram vindo uns dias depois da chegada dele. Conseguiram arrumar uma turnê na América Latina, um motivo para virem para cá.


A família dela era uma graça. O ficou apaixonado pela melhor amiga dela, a .(E não é que os dois fazem um belo par?), assim como eu e a gata purple. ficou com saudades da sua Lady e não parava de ligar para Londres para falar com ela. Já o , criança como é, ficou zoando com todos os amigos da gata purple, acabou ficando com uma das amigas dela, uma tal de . Passados alguns messes, lá estavam nós no avião, e , e , , eu, e a gata purple todos indo viver no paraíso chamado Londres.


| Uma chuva e um amor perfeito
Uma chuva e um amor perfeito
by Feex Jones
betada por Carolis

Capítulo 1
Sabe, aos dessete quase dezoito, eu não fui à formatura em Porto Seguro (como todo mundo da minha idade) ou fazer a festa que queria muito ter. Juntei uma grana, aos poucos e muito poucos, e fui realizar o sonho da minha vida, uma viagem por toda a Europa, começando pela Espanha, passando por Alemanha, Itália e Bélgica.
Acabava de chegar na Inglaterra, em Londres mais especificamente. Era uma sexta meio ensolarada e começou uma chuvinha fina, igual as garoas da minha terra, São Paulo, daquelas que eu mais amo e foi piorando até ficar uma chuva forte. Já estava começando a ficar com saudades de lá. Eu não sabia pra onde ir, desci numa estação de trem e a partir da porta. Fui andando aonde Deus e a Grande Mãe me levassem, fui andando e observando a paisagem em volta, não tava acreditando que eu estava na Inglaterra, um dos meus maiores sonhos estava sendo realizado ali, naquele instante.
Como eu estava feliz.
Andei até ver uma casinha pequena, vermelha e branca numa ruazinha tão simpática e fofa , sentei na calçada daquela casa. Tentei lembrar a letra de uma das minhas músicas favoritas, “That Girl” do McFly, mas não conseguia de jeito nenhum e acabei desistindo.

Dez da manhã de uma sexta. , e estavam vindo pra cá e eu tava tão desanimado. Me estiquei no sofá e fui ver MTV, mas só tava passando aqueles clipes americanos idiotas, foi então que desliguei a TV e fui tomar um banho para me arrumar para mais um ensaio.
Aí começou a chover, eu fiquei muito chateado, e acabamos tendo que ensaiar em casa mesmo.
Quando íamos começar a ensaiar “Baby’s Coming Back” uma das minhas preferidas além de “That Girl” é claro, eu ouvi uma voz tão perfeita, uma tentativa de cantar “That Girl”. Só o começo e o final que estavam certos.
Perguntei-me por um instante de quem seria aquela voz tão linda e fui à janela ver (foi aí é que eu vi como a chuva havia piorado) e vi sentada na minha calçada, uma menina de cabelos curtos e pretos com uma mochila bem grande nas costas, tipo mochila de mochileiros ou escoteiros, sei lá.
Falei pros caras esperarem um pouco, peguei o guarda-chuva correndo e desci escadas abaixo.

No começo da minha tentativa de cantar, eu ouvi um barulhinho de bateria e guitarra, mas nem imaginei da onde vinha o barulho, assim que terminei de cantar. Escutei uns barulhos de alguém na escada e a porta se abrindo. Foi quando eu o vi, ali bem na minha frente, não podia imaginar que aquilo estava acontecendo comigo!
- Oi...
- Oii!
- Eu ouvi você cantando, você canta muito bem. Por favor entre em casa, você tá precisando de um banho e de um travesseiro. Tá com uma cara de quem precisa descansar. - Disse ele, sendo muito gentil.
- Não, não. Eu acabei de chegar aqui em Londres. Acharei rapidinho um lugar pra ficar, não se preocupe! – disse eu, interrompendo ele.
- Por favor, eu faço questão que você entre! Como você disse, você acabou de chegar aqui e nem sabe onde ficar!
- Não se incomode... Eu sei muito bem quem você é. Sou apenas uma desconhecida, não vou ficar atrapalhando a sua vida, desde do começo da minha viagem. Eu sempre dei um jeito nas coisas sozinha, não será agora que eu não vou dar!
Levantei, virei e fui andando, mas ele foi mais rápido e ficou bem na minha frente, olhou bem nos meus olhos com aquela cara de urso fofo e disse: - PELO AMOR DE DEUS, ENTRE! Eu só ficaria incomodado se você não passar por aquela porta agora.


Quando desci, eu vi o quanto ela era bonita. Alta, magra, mas nem tanto, cabelos pretos curtos e os olhos escuros. Algumas espinhas no rosto, o que dava um ar de rebeldia nela. Ela era perfeita, nunca tinha visto uma menina tão linda como ela em toda a minha vida. E olha que eu, Rock Star famoso da Inglaterra já vi muitas meninas bonitas, principalmente nos meus shows, mas não como ela. Convidei-a para entrar em casa, mas ela se recusou, disse que daria um jeito nas coisas sozinha. Fiz de tudo para ela entrar, e ela acabou aceitando, afinal eu queria muito que ela não fosse embora, a conduzi até a sala onde os caras estavam. Ela jogou a mochila bem no cantinho do sofá, tirou o All Star preto todo escrito, que estava usando, foi até a cozinha comer algo e logo depois foi tomar um banho bem quente enquanto nós, garotos, ficávamos conversando na sala, já que eu já tinha interrompido o ensaio mesmo.

No banho eu fiquei pensando: “Não tô acreditando que eu estou aqui, na casa dele!” e agradeci a Deus e a Grande Mãe por isso. Estava num paraíso. Eu, meramente uma garota paulistana qualquer, estava na casa de , um dos caras do McFly. Saí do banho, coloquei uma roupa e fui pra sala, onde lá estavam eles, conversando. Quando eu entrei, , e olharam pra mim, e saíram fechando a porta bem de leve.
- , a gente continua o ensaio outra hora! Te ligamos mais tarde. Eu olhei para ele, ele olhou pra mim
- Bom, vi que já tomou seu banho. A cama lá do quarto de hóspedes já tá arrumada para você.
- Muito obrigada! Só entrei porque você insistiu muito. - disse eu abaixando a cabeça.
Peguei a minha mala e coloquei-a no quarto onde eu iria ficar, abrindo ela achei uma foto do Felipe, meu gato, fazia bem uns dois anos que não o via. Nem minha família e muito menos os meus amigos e a saudade estava apertando. Uma lágrima escorreu pelo meu rosto e ele viu aquela cena.
- Tá chorando por quê? Eu te magoei de algum jeito?

- Não, não, você foi muito gentil. Tô assim pela saudade que estou dos meus amigos e da minha família. Esse aqui é o meu gato, Felipe, quando eu voltar pra casa ele não vai nem me reconhecer.
- Que lindo! Eu adoro gatos, tive um persa preto, mais ele morreu faz alguns anos já.
Ele virou e foi pra sala e voltou para frente da porta do quarto.
- Esqueci de me apresentar, .
- , e como eu disse há algum tempo, você não precisava se apresentar.


Aquele dia foi muito especial. No dia seguinte nós conversamos muito e ela me contou a sua história, tinha feito vinte anos alguns meses atrás, brasileira de São Paulo, decidiu dar um presente diferente a ela mesma, fazer uma viagem pela Europa toda, sozinha e sem roteiro de viagem.
Eu não teria coragem de fazer isso que ela fez.
Ela disse no dia seguinte que só iria ficar aqui até achar um lugar pra ficar. Foi ficando, ficando... Já havia passado alguns meses, eu já tinha me acostumado com o jeito dela. E olha que ela tinha muitas características de um gato, e acho que era aquilo que eu mais gostava nela. Ela fazia tudo aqui em casa, e gostava de fazer as coisas. Eu e os garotos começamos a chamá-la de gata Purple, por ela ser misteriosa como um gato e diferente como a cor roxa.
E assim fui percebendo que a minha vida não fazia mais sentido algum sem ela. Sem seu sorriso de manhã, sem seus biscoitos e seu vício por coca-cola. Até quando ela estava brava, o que era raro, eu gostava porque ela ficava toda vermelha e ela ficava linda daquele jeito mesmo.

Capítulo 2


Até um dia, fazendo um pouco mais de seis que ela estava aqui, na hora do almoço:
- você não vai me ver amanhã de manhã...
- Mas por quê?
- Eu tô embarcando hoje mesmo pra São Paulo!
- Por que isso agora, gata purple? Foi alguma coisa que eu ti fiz durante todo esse tempo e você ficou magoada, não é?
- , não é isso, você foi um amor de pessoa comigo. Você e os meninos, mas estou indo porque não agüento de saudades da minha família e dos meus amigos. Principalmente do Felipe.
- Mas como eu vou ficar aqui sem você, gata Purple? Minha vida não tem mais sentido sem você!
- , você tem que compreender que eu preciso ir.
Ela desceu as escadas com a mochila dela e fui caminhando até a estação de trem, eu corri muito e consegui alcançá-la bem na porta da estação de King Cross, a mais perto da minha casa.
- Gata Purple, você não compreende que nada faria sentido algum se você for embora?
- , eu preciso ver o pessoal lá do Brasil, apesar de tudo aqui ter sido muito bom, eu iria voltar uma hora para lá, de qualquer jeito! Porque toda a minha família e muitos dos meus amigos...
Eu pus os dedos bem de leve nos lábios dela, interrompendo-a, cheguei bem perto, olhei bem fundo nos seus olhos assim como no dia em que nos conhecemos.
- A minha vida aqui sem você será um vazio, porque eu te amo, gata purple!

Olhos fechados e nós nos beijamos, um beijo tão perfeito quanto era o nosso relacionamento.
- Eu também te amo, , não por ser sua fã, mas porque convivi com você e conheci o de verdade e não o integrante do McFly.
Eu tenho que ir, já está quase na hora do meu vôo.
- Me deixa pelo menos te levar até o aeroporto, de carro? Por favor.
- Tudo bem!
E lá fui eu de volta à minha terra.


Nos dias que se seguiram ao dia de sua partida, eu não conseguia fazer mais nada. Até a MTV e seus clipes americanos idiotas me faziam lembrar dela, afinal ela gostava de Beyoncé e Rihanna, eu aprendi muito com ela. Principalmente a aceitar as diferenças das pessoas porque ela era muito diferente de todo mundo, parecia um ser de outro mundo, um mais evoluído que o nosso.

Em Sampa eu vi minha família e meus amigos, estava com muitas saudades deles e lhes contei sobre o , , e . não acreditou quando eu lhe contei tudo.
O maninho e meu pai ficaram com ciúmes desse tal inglês chamado que eu não parava de falar, e até as minhas melhores amigas notaram que eu havia mudado durante a viagem. Um segundo após eu deixar Londres, eu já tinha ficado com saudade dos meninos, principalmente do , do sorriso dele, das brincadeiras, da pizza de chocolate que ele fazia e ficava ruim. Até das broncas dele eu tinha ficado com saudade, realmente eu estava gostando do .


Após uma semana que ela tinha ido, numa quarta, eu entrei em casa depois de uma entrevista chata, pois a única pergunta que os caras faziam era: , como você está se sentindo após a ida do seu amor? Sempre se lia notas nos jornais de Londres sobre eu e a gata Purple, o que piorava tudo o que eu estava sentindo. Encontrei um postal de uns prédios e outro de uma praia. Os dois eram dela, fiquei muito feliz por saber notícias, mas logo depois fiquei triste ao ler os cartões:

“Queridos meninos maluketes,

Vocês precisam conhecer a minha terra, ela é muito linda. Estou bem, só sinto falta de vocês. Meu pai está com muito ciúme de um tal londrino chamado que a filha não pára de falar, hahaha.
Sinto muita falta de vocês, mas a saudade será minha companheira durante muito tempo.
Fui convidada para trabalhar numa revista de música aqui de São Paulo, porque a imprensa toda rodava meu nome por eu estar morando com vocês e tal. Tive que aceitar o convite, afinal aqui no Brasil é muito difícil arranjar um emprego, mas pelo menos vou ter um motivo para ir para aí, o meu trabalho.
Com muito carinho, kitty purples kisses.”“.


A cada dia tudo piorava, nem a garoa paulistana me deixava feliz, eu queria estar do outro lado do oceano com os meninos, mas não podia, eu tinha um emprego aqui e não podia largar tudo aquilo assim. Uns carinhas até me deram bola durante umas festas que eu fui, e por tá famosa ate o Zé me ligou, mas eu só pensava no .

Capítulo 3


No dia seguinte, eu mostrei pros meninos os cartões dela, eles ficaram felizes por lê-los
- Caras, tomei uma decisão, eu vou agora pra São Paulo, encontrar com ela porque eu não agüento mais não viver perto dela. Está muito difícil para mim isso tudo. Principalmente com a imprensa sempre falando dela e tals. Vou viver por lá ou arrasto ela e toda a família para cá.
- , você tá maluco? Ela não vai vir para cá, cara! Ela tem um trabalho lá, ela não pode largá-lo assim, do nada. E você também, você não pode largar a banda assim. – disse isso com um tom de bravo e com aquela cara dele quando fica irritado. e só confirmavam com a cabeça.
- Não se lembra que eu estava na sua pele há cinco anos atrás? Esqueceu-se da Lady ?
- Não, não, não a esqueci Sr. , até porque ela tá a umas três quadras daqui, mas especificamente na sua casa! – Eu acabei gritando com ele porque comecei a ficar irritado com toda essa conversinha
- Bom, se vocês não querem se despedir do seu querido amigo e colega de trabalho, tudo bem, eu vou pro aeroporto sozinho.
- É claro que a gente não vai te deixar na mão, !

Dia 30 de Setembro de 2010, fazia um mês que eu tinha voltado de Londres, e a saudade era muita. O meu chefe me dispensou hoje porque não havia mais assunto para eu escrever nas colunas da revista, já tinha falado de todos os assuntos possíveis e todos eu era boa, principalmente quando se falava de McFly. Tava na cama quando a campainha tocou, eu levantei, vesti um roupão e fui para a porta.
- Oi! Você não vai abrir a porta pra mim não, gata purple?
- O que você tá fazendo aqui, não devia estar com os meninos fazendo shows pela Inglaterra inteira, não?
- Depois de tanto tempo longe de você eu não agüentei e peguei o primeiro avião que pude pegar para cá. A banda tá de férias apenas por minha causa. Eu vim te levar de volta pra Londres ou morar aqui mesmo, só que longe de você eu não fico mais.
- O que deu na sua cabeça? Você endoideceu por um acaso? – disse eu com a cara mais brava que pude fazer.
- O que deu na minha cabeça?! Vamos ver, o amor fez a minha cabeça pirar! Hehehe...
- Estou falando sério, chega de brincadeiras, . Você não pode sair de lá do nada, você tem uma banda famosa pra se ocupar! E eu tenho o meu trabalho aqui... - ele me interrompeu, e isso me deixou mais brava ainda.
- Gata purple, eu levo a sua família inteira pra Londres se for preciso pra gente poder ficar juntos de novo, mas se tem uma coisa que eu não tolero é ficar longe de você!
Uma das minhas melhores amigas entrou na sala e logo perguntou - Quem é esse cara super gato? É ele, o tal inglês lindo de quem você tanto fala?
- Inglês que ela tanto fala... Então quer dizer que você contou sobre os nossos meses juntos lá em Londres?
- É claro que sim! Ela é a minha confidente, a minha maior se você quer saber!
-Desculpa, , mas tem alguém aqui que resolveu largar tudo e inclusive a sua banda em Londres e fugir pra cá pra me levar de volta pra terra do Big Ben ou ficar aqui definitivamente, mas ele se esqueceu que eu tenho um emprego aqui e ele tem o McFly pra cuidar lá! Esse aqui é sim o , e essa aqui é a minha melhor amiga, se você quiser saber , quando você brigava comigo achando que eu estava de caso com outro, e que eu tava falando no telefone com esse ser imaginário seu, eu tava na verdade falando com ela!
- Prazer. Desculpe-me, perdão se desconfiei de você alguma vez. E se você quiser e ela também, ela pode ir junto.
- Você realmente tá maluco!
ficou por uns dias aqui em casa. Logo depois foi para um hotel perto de casa, os meninos acabaram vindo uns dias depois da chegada dele. Conseguiram arrumar uma turnê na América Latina, um motivo para virem para cá.


A família dela era uma graça. O ficou apaixonado pela melhor amiga dela, a .(E não é que os dois fazem um belo par?), assim como eu e a gata purple. ficou com saudades da sua Lady e não parava de ligar para Londres para falar com ela. Já o , criança como é, ficou zoando com todos os amigos da gata purple, acabou ficando com uma das amigas dela, uma tal de . Passados alguns messes, lá estavam nós no avião, e , e , , eu, e a gata purple todos indo viver no paraíso chamado Londres.


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