Valentine's Day - parte
2
by: Lilah Aoki
betada
por: Carolis
Estar sozinho é realmente um problema? Acho que quando estamos sem ninguém por perto, podemos ter mais tempo pra pensar, pra tentar rever fatos, fazer escolhas, decidir quais pedras tirar do caminho. Estar só pode significar que precisamos de espaço, de alguns minutos para nós mesmos. Bem, às vezes é bom ficar sozinho, mas não depois do dia dos namorados.
continuou apoiado na bancada da varanda, ajoelhado e sentindo uma dor
insuportável. Tudo o que ele mais queria era poder ter um relógio para parar o tempo e voltar atrás. Mas se o tivesse, quem garantiria que não cometeria a mesma bobagem? Olhou pela centésima vez a rua, rezando para que ela voltasse e ele pudesse se desculpar. Tinha sido um idiota! Não era hora de demonstrar o que sentia, era cedo demais, talvez tarde demais, mas não era o momento certo! Pensou em tudo. Pensou nela, no que ela estaria sentindo. Talvez estivesse com ódio dele agora, por ter feito o que fez, talvez estivesse com raiva de si mesma, por ter traído o namorado no Valentine's Day. Tantos pensamentos lhe vieram à cabeça, o fazendo chorar e não o deixando sequer levantar dali.
Estava passando mal, seu estômago parecia ter sido atingido por um grande e forte soco e ele estava até tonto. Ouviu a porta do quarto bater e numa questão de segundos, a esperança de que fosse ali novamente se esvaiu.
- ? Você está brincando do que? - perguntou ao dar de cara com o amigo. só sacudiu a cabeça - Você está bem, cara? Parece mal...
- Eu... Eu a perdi, ... - disse baixinho, soluçando.
- Perdeu? Perdeu quem? - começou a se desesperar com a situação - ! O que aconteceu?
- A ! Eu a perdi... Pra sempre...
- O que? Do que você está falando? A ? Ela não...
- Cala a boca! - disse sério - Por favor... - pediu com a voz falha e se sentou na varanda.
- Me conta direito. Vocês ficaram? - perguntou pela décima vez, sem acreditar. já estava mais calmo, mas ainda assim, não deixara de sentir o peito doer. Era uma sensação horrível. Coçou a cabeça e se levantou, rumando até seu armário.
- Foi isso mesmo, e eu fui um babaca, sabe? - ele respondeu, começando a jogar suas roupas em cima da cama. franziu a testa.
- O que você está fazendo? Vai fugir de casa?
- Não. - disse - Vou arrumar meu armário!
- Arrumar o armário? , você nunca faz isso... - estranhou - Você está mal mesmo, hein?
- Eu... Eu tenho que esquecer, ... Esquecer...
observou o amigo, que arremessava as roupas e tralhas pelo quarto. Não queria estar no lugar dele. Saber que você perdeu alguém muito importante doía pra valer. não sorria, estava concentrado em arrancar cada calça, cada gravata, cada camiseta. Viu bocejar e se despedir, saindo e voltando pra casa. Passou a noite toda acordado.
abriu os olhos vendo o quarto claro por conta da luz que o invadia pela janela. A porta da varanda estava aberta e ele estava dormindo no tapete, abraçado à caixa de fotografias que havia encontrado. Seu corpo doía um pouco. Ele se levantou, vendo que tinha feito um ótimo trabalho - Seu armário estava impecavelmente limpo agora. - E caminhou até o banheiro para tomar um banho. Logo depois, vestiu uma roupa
qualquer e desceu para a cozinha, onde sua mãe estava preparando o almoço.
- Bom dia, filho. - ela disse animada, sem notar a cara amassada do garoto - Onde você vai?
- Eu volto num instante, mãe...
saiu colocando as mãos nos bolsos e encarando os sapatos. As ruas estavam calmas, monótonas como aquela cidade sempre foi. Andou pensativo até a pracinha, onde se sentou em um banco e encarou as poucas folhas amareladas das árvores. Elas pareciam tão tristes quanto ele. Iriam cair a qualquer momento, sem ter chances de apreciar os ventos que ainda soprariam.
Voltou os olhos ao céu, vendo desenhos formados por nuvens, e sentiu um aperto na garganta. Por que estava sendo tão imbecil a ponto de perder tempo pensando
em nada? Ele já tinha perdido tudo, todas as esperanças. A menos que fosse louco o bastante para ir atrás de . Suspirou com a idéia e até tomou impulso de se levantar, mas desistiu. Não. Ele tinha sido influenciado pelo fato dela estar longe do namorado e ele não queria ser culpado por deixá-la
mal. Ela devia odiá-lo agora. Cruzou os braços e cantarolou alguma coisa. Se ao menos ele pudesse se desculpar, talvez ela pudesse esquecer o que houve e tudo pudesse voltar ao normal. E lá vinham as idéias novamente. Será que seria tão insensato?
Meia hora depois, saltou do banco e seguiu convencido de que ainda lhe restara uma chance.
Ele não conseguia ficar ali parado, sem fazer nada, era seu dever consertar tudo, assim sua consciência não ficaria tão pesada. Entrou numa rua mais movimentada, devido às lojas e conveniências e procurou por uma de artigos infantis. Quando finalmente encontrou, não exitou e pulou para dentro dela.
- Oi, eu queria um urso de pelúcia beeeem grande...
estava na cozinha de sua casa comendo alguns doces, quando ouviu alguns latidos e a campainha. Ela tomou um gole do chá gelado, descansando o copo sobre a pia, e indo até a porta. Quem seria? Pensou. Abriu a porta e deu de cara com um urso gigante.
- Ahhh! - Ela gritou e deu um pulo para trás. abaixou o boneco, com certa dificuldade e sorriu.
- Desculpa, eu...
- ? - ela falou assustada. Não tanto pelo urso, mas sim pelo fato dele estar ali - O que faz aqui?
- Bem, como eu ia dizendo, eu não quis te assustar, desculpa... - ele disse e ela balançou a cabeça.
- Não, tudo bem... - riu, apontando para o brinquedo - Mas o que significa isso?
- Ah! - ele ergueu o urso, meio desajeitado - É pra você...
- Pra mim? - estranhou. Abriu a boca pra dizer algo, mas nenhum som saiu. Escutou um barulho vindo do andar de cima e imediatamente empurrou para fora, fechando a porta - Você ficou doido? Por que um urso tão grande?
- Você me disse ontem... Que... Que sempre quis um igual ao do , mas eu não consegui um igual, desculpa... Esse é do mesmo tamanho. Olha!
parecia abobado falando as coisas rápido daquele jeito. sentiu um aperto ao pensar que ele se lembrava de tudo o que ela dissera, mas riu ao ver a cara de criança do garoto, pedindo pra que ela aceitasse o presente. Ela abraçou o enorme urso de pelúcia e se virou para o "amigo".
- Obrigada. - disse simplesmente. Nenhuma outra palavra saía de sua boca. percebeu o quão babaca estava sendo e tomou postura, arrancando um risinho dela. Sorriu com isso, era bom saber que não estava sendo tão ruim quanto ele imaginara. Pelo menos não o estava enforcando com a mangueira ou o fazendo engolir os fiapos do brinquedo. Respirou fundo e a encarou.
- Eu... Eu arrumei meu armário - disse. Que idiota! Pensou. riu.
- Eu disse que seria uma boa terapia...
- E foi... - ele mexeu nos cabelos - Sabe, sobre ontem, eu queria pedir desculpas...
- Não , não toque neste assunto... - ela começou, mas ele fez uma cara de espanto que a fez parar - O que foi?
- Você... Você me chamou de ... - ele disse - Você nunca me chamou de ...
franziu a testa. Estava confusa sobre o que falar ou não falar. E parecia uma criança que estava vendo o Papai Noel descer pela lareira. Esse era o nome dele, não? O fato é que nunca o chamava assim, só pra lá, pra cá... Ela riu e ele sacudiu a cabeça, voltando ao assunto.
- ... precisamos conversar, por favor...
- Não... ... - consertou, falando baixinho - Não precisamos.
- Por que quer fugir, hein? Me diz! - ele começou a se irritar. Que diabos! Era uma coisa importante! - Eu... Eu devo desculpas...
- Não, não deve! - virou de costas pra ele. Seu coração palpitava tão rápido que ela não sabia se era de raiva ou sei lá o que mais - Eu não sei o que houve ontem, eu quero esquecer está bem?
- Esquecer? - mordeu o lábio. Não pensou que ouviria isso - Okay, eu só queria dizer que sinto muito mesmo... Mas será que dava pra você olhar pra mim?
- Desculpa... - Ela se virou lentamente. Seu rosto estava levemente corado - Desculpa...
- Pára! - ele falou alto e depois voltou ao mesmo tom - Quem veio pedir desculpas sou eu... ... - ele se aproximou pegando suas mãos e olhando bem em seus olhos. A sensação que ela teve foi a de que estava fazendo tudo errado. Era sempre assim! Ela era tonta o suficiente para não entender o que sentia, agora ainda mais. Sentiu o toque de e fechou os olhos por uns instantes, mas os abriu rapidamente - ...
repetiu e lágrimas se formaram.
O nome dela soava tão bonito, delicado. Ele acariciava a pele macia dela e a via sem sorrir em sua frente. O que estava acontecendo? Por que ela o fazia mudar de humor de uma hora para outra sem motivos aparentes? Sentiu-a muito próxima dele, aquele perfume que gostava, que o hipnotizava. Devagar foi puxando a garota para mais perto, sem se importar se ela queria aquilo ou não e num impulso colou seus lábios aos dela, esperando que ela não o recusasse. E ela não o fez, apenas fechou os olhos com força, sentindo todo o arrependimento do menino naquele pequeno beijo. Os dois se separaram e olharam em direções opostas antes de se encararem realmente. Ambos estavam ainda mais confusos. limpou uma lágrima com as costas da mão.
- ... Vai embora... - pediu, mas não se mexeu.
- Por quê? Me dê um motivo? Eu te amo está bem? Eu sei que você está com alguém, mas eu só quero que aceite as minhas desculpas... Cara... - ele riu - Eu arrumei meu armário e sabe o que eu encontrei? A passagem daquela viagem, lembra? A que nós nos conhecemos... Você disse que eu era chato e tudo o mais e sabe o que eu respondi? Você se lembra?
- Que eu era linda... - Ela falou baixinho. Desde aquele dia ela começara a enxergá-lo de outra forma, mas eram só... Melhores amigos. sorriu tristonha, mas ainda parecia transtornado.
- ... Eu vou repetir, me desculpa, eu amo você, eu sempre amei... Você não tem que esquecer, está bem? Não deve!
- E por que não? - ela falou. Seu rosto agora estava encharcado.
- Porque EU não vou! - ele disse e ficaram em silêncio. Agora tinha certeza de que estava tudo perdido. Largou o tom rude na voz, e tentou uma chance de entender
- ... - chamou cauteloso - Por que quer se esquecer?
Ela suspirou e sentiu-se ainda pior. Só ele para remoer as palavras. Ela ia dizer qualquer coisa, mas a porta da frente de
sua casa se abriu e Trevor apareceu. Ele olhou feio para os dois e chamou de volta. A garota o mirou por alguns segundos e em seguida se virou para . Ele balançou a cabeça e os dois se olharam uma última vez, antes dele se retirar. Caminhou sem olhar para trás e decidiu que era um idiota. Nem precisava de diploma.
voltou para dentro da casa, carregando o enorme urso de pelúcia e sentindo uma coisa estranha. Pareciam aquelas malditas borboletas no estômago, mas de um modo ruim, que incomodava. Olhou para a sala e viu Trevor com uma cara não muito boa. O que ela estava fazendo?
chegou e bateu a porta, sem se importar se sua mãe o estava chamando. Trancou-se no quarto e correu para a varanda, onde ficou por pelo menos duas horas. Não iria mais se apaixonar, nunca mais! Estava decidido! Se tivesse ânimo até escreveria um livro para alertar todas as pessoas de como
o amor é ruim, e de como é péssimo o dia dos namorados. Ou o dia depois dele, tanto fazia. Ele só tinha plena certeza de que na próxima encarnação queria ser uma planta, pra não ter coração nem sentimentos. Encostou a cabeça na parede e respirou fundo. Ele era maluco? Não, era só um garoto ferrado no amor, nada mais...
.fim da parte dois.
n/a: Parte
dois finalizada! Ficou pequeno né? Agora vou escrever a parte três
que vai ser a última... espero que
tenham gostado e que não tenha ficado
tão desanimada =P
Thanks a quem passou
por aqui. Beijinhos. Lilah.
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