É engraçado como as coisas mais óbvias parecem ser as mais difíceis de entender.
Talvez eu seja mesmo lerdo como meus amigos dizem, mas nunca imaginei que seria tão cego como fui durante todo esse tempo. Agora a única coisa que tenho certeza é que... Eu não sei de mais nada!


It's hard to believe That I couldn't see You were always there beside me

- Hey, ! – gritou e correu em minha direção, pulando em minhas costas – Como vai meu bagunceiro preferido?
- Feliz! Você me faz assim todos os dias, senhorita ! – Eu disse rindo, enquanto fingia que ia derrubá-la no chão.
- Bom, é meu dever como sua melhor amiga, não? – Ela disse sorrindo daquele jeito só dela que eu tanto gosto.
- Mais que isso – Eu disse fazendo-a descer das minhas costas e ficar de frente para mim – É como uma irmã.
Ela sorriu fraco e me abraçou, mas tinha algo errado. Cara, como eu posso ser tão cego?!
- Vamos? Já bateu o sinal. – Ela correu na minha frente e me puxou pela mão para dentro da escola. Tudo bem, ela pode não ter dito, mas eu a conheço e percebi que aquele sorriso não era o verdadeiro sorriso dela e que algo a tinha incomodado.
- Tá tudo bem, ? Quer dizer, você me pareceu um pouco chateada... Eu disse alguma coisa errada? – Eu perguntei enquanto andávamos pelo corredor lotado de gente.
- Não, , claro que não. – disse sem nem olhar para mim. Eu sabia que tinha algo errado, ela só me chamava pelo sobrenome quando eu fazia algo errado, a chateava, quando estava preocupada comigo ou quando me zoava. E definitivamente não era a última opção. Muito menos a penúltima.
- Você está bem? – Ela perguntou olhando em meus olhos e eu senti meu corpo todo arrepiar. Fiz que ‘sim’ com a cabeça e ela sorriu.
- Pequena, você é muito fofa! – Eu disse fazendo biquinho e apertando a bochecha dela, imitando ela quando me falava isso e me apertava. Ela riu e continuamos nosso percurso até a sala.


Thought I was alone With no one to hold But you were always right beside me

Aquela tarde estava sendo um saco. Estava um tédio. Não sabia o que fazer. Resolvi ligar pro e marcar algo com ele e os moleques para não ter que passar a tarde sozinho. Liguei para ele e ninguém atendeu. Tentei falar com . Nada. Liguei para o e finalmente alguém atendeu: a caixa postal. Joguei o telefone em um canto qualquer e me joguei na cama. Fiquei apenas deitado, pensando, quando me veio na mente. Peguei o telefone e liguei para ela.
- Alôoou? – Ela disse animada do outro lado da linha. Eu comecei a rir.
- , amor da minha vida, razão do meu viver. – Eu disse e ela riu.
- Declarações de amor só após as 22 horas, por favor. Obrigada. – Ela disse e eu voltei a rir – Diga, meu pudim!
- Tá a fim de fazer algo hoje à noite? – Eu perguntei e ela suspirou.
- Desculpe, já marquei de sair com umas amigas. – Ela disse parecendo um pouco chateada por ter que recusar meu convite.
- Não, tudo bem... – Eu disse realmente chateado.
- Huum...tudo bem mesmo? – Ela perguntou e eu apenas respondi ‘ahan’ – Tudo bem então... A gente se vê amanhã.
- Sim, divirta-se! – Eu disse sorrindo fraco, tentando fingir que estava mesmo tudo bem. – Beijo.
- Beijos, amore. – Ela disse e desligou.


So good to be seen So good to be heard Don’t have to say a word

Sabe quando você se sente completamente sozinho? Mesmo seus amigos ali, falando com você, mas parece que nada é real, parece que você está completamente sozinho. Era como eu estava me sentindo, como se eu estivesse numa sala, no meio de várias pessoas, gritando a plenos pulmões e ninguém me ouvisse. Estava, até ouvir batidas na porta de casa e sair do meu quarto correndo para atender e dar de cara com a me olhando séria.
- Você tinha dito que ia sair com as suas amigas. – Eu disse abrindo espaço para ela entrar.
- Você estava muito estranho no telefone. – Ela disse entrando e indo até a sala, sentando no sofá – Vim ver o que houve.
Eu me sentei ao lado dela e ela me olhou carinhosa enquanto passava a mão pelo meu cabelo. Não sei o que me deu na hora, mas comecei a rir.
Fiquei tão feliz de saber que tinha alguém me ouvindo, tinha alguém me vendo, tinha alguém que realmente se importava comigo. A me fazia bem apenas com a sua presença. É algo que até hoje não entendo. Mas de que importa?!
- Do que você está rindo? – Ela perguntou estranhando a minha repentina mudança de humor e o fato de eu ter começado a rir do nada.
- Você é linda, sabia? - Eu disse me aproximando do rosto dela e mordendo sua bochecha, deixando-a com o rosto corado e sem jeito.


For so long I was lost So good to be found I’m loving having you around

- ? , tá aí, criatura? – Eu ouvi me chamar e saí do meu transe. Era incrível como eu conseguia me perder naqueles olhos... Cara, o que acontece comigo?! Fico pensando essas besteiras, me sinto nervoso quando estou com a , isso nunca aconteceu! Eu me perco em pensamentos, às vezes me pego pensando se, quem sabe, a goste mesmo de mim. Mas por que é tão relevante?
- Dude, você tá bem? – perguntou me olhando preocupada. Eu mexi a cabeça para ver se aqueles pensamentos todos saíam da minha mente e sorri para ela.
- Tô sim... Eu só tava um pouco pensativo, só isso. – Eu disse.
- Parece confuso... Precisa de ajuda? – Ela disse segurando a minha mão. Dude, pode parecer idiota, mas eu senti um arrepio que foi desde a minha mão até meu rosto, onde ela me deu um beijo.
- E-eu... Não, não foi nada. . – Eu disse e respirei fundo. Nada de gaguejar ! Não na frente dela. Justo dela!
- Certeza? Bom, você que sabe... – Ela deu de ombros e levantou do banco onde estávamos sentados lado a lado na praça que fica perto de casa. Eu peguei no braço dela e a fiz sentar novamente.
- Quer se livrar de mim, é? – Eu disse rindo e ela me olhou sem entender. – Fica aqui, eu gosto de estar com você. – Eu engoli em seco. A expressão dela foi... sei lá, demais, entende? É como se ela tivesse escutado o que ela sempre sonhou escutar. E talvez fosse isso mesmo. Ela ficou vermelha e me olhava nos olhos fixamente. Um sorriso tímido começou a aparecer em seu rosto e eu estava completamente hipnotizado. Como ela conseguia ser tão linda?! E eu tão idiota!


I’ve never had someone That knows me like you do The way you do

- Como você percebeu que eu não estava bem aquele dia? – Eu perguntei curioso para , enquanto ela tomava o sorvete que eu comprei para ela. Ela simplesmente amava o sorvete que vendiam naquela praça.
- ... – Ela virou de frente pra mim, cruzando as pernas em cima do banco e me olhou nos olhos. – Eu te conheço desde que você era um pirralho insuportável, eu percebo quando você está mal ou não. - Eu gargalhei. Era verdade, nós nos conhecíamos há muito tempo e ela sempre sabia o que eu estava sentindo ou até mesmo pensando.
Nessa hora me senti um pouco nervoso. Se ela percebe como eu me sinto, então ela deve ter percebido que eu gosto dela. Pera aí, gosto dela?! Certo, acho que não dá mais pra eu fingir que não. Esses dias que se passaram eu comecei a sentir algo diferente por ela e isso me fazia agir estranho perto dela.
- Parece que você me conhece melhor do que eu mesmo. – Eu disse confuso e ela riu.
- Talvez. – Ela ergueu as sobrancelhas e deu uma lambida no sorvete. Isso foi muito sexy, mas eu tentei o máximo possível deixar esses pensamentos impuros longe da minha cabeça naquele momento.


I’ve never had someone As good for me as you No one like you

- Mas quando eu cheguei na sua casa você não parecia tão mal. – Ela disse terminando o sorvete e jogando o palitinho no lixo.
- Quando eu te vi parada na minha porta, no meio da noite, preocupada comigo... Não tinha como eu me sentir mal, não é? – Eu disse sorrindo e ela sorriu tímida, sentando de lado novamente e olhando para os pés.
- São mais interessantes que eu? – Eu perguntei e ela me olhou sem entender. – Seus pés – Ambos rimos.
- De jeito nenhum. Nada é mais interessante. – Ela disse sorrindo, mordendo o lábio inferior em seguida e eu senti meu coração acelerar. - Vamos indo? – Ela disse se levantando e eu a segui. Eu a acompanhei até a casa dela e depois fui para a minha.


So lonely before I finally found What I’ve been looking for

De noite eu não pensava em mais nada, apenas nela. Quanto mais eu pensava nela, no rosto dela, no corpo dela, no sorriso dela, no jeito dela... Quanto mais eu pensava nela como minha amiga, companheira... Eu percebia o quanto ela era perfeita. Claro, tinha seus defeitos. Era irritante quando queria e estressava muito fácil, mas são apenas detalhes e que me faziam gostar ainda mais dela.
E pensar que durante todo esse tempo eu estive sozinho... Bem, na verdade não estava, ela sempre esteve comigo. E só agora percebi o quanto ela é especial, o quanto ela me faz bem, o quanto ela me faz feliz todos os dias. O quanto eu gosto dela. E cheguei à conclusão de que ela precisava saber disso, eu não ia conseguir esconder isso dentro de mim por muito tempo. Decidi que iria resolver isso no dia seguinte, sem falta, sem desculpa. Ela precisava saber que eu gostava dela e que ela era o que eu procurava.


This feeling’s like no other I want you to know

- ! – Eu a puxei para um canto do corredor, onde não passava ninguém.
- O que houve, ?? – Ela me perguntou sem entender. Eu respirei fundo e segurei nas mãos dela. Ela continuou sem entender e eu queria muito saber o que passou na cabeça dela quando eu simplesmente me aproximei e a beijei nos lábios. Ela não resistiu, não tentou me afastar, ela retribuiu e abriu a boca devagar para dar passagem para nossas línguas se encontrarem.
Exagero? Talvez, mas foi o melhor beijo da minha vida.
Não faço idéia do que passou na cabeça dela, mas na minha?! Tantas coisas... O quanto ela era linda, tanto por fora quanto por dentro, que ela era perfeita, que eu gostava tanto dela e que ela parecia gostar de mim também e que talvez nós pudéssemos levar isso muito mais à sério.
Eu parti o beijo e olhei nos olhos dela.
- Eu te amo, . – Eu disse e por incrível que pareça, não estava nervoso. Me senti calmo e confiante e disse tudo o que estive pensando durante esses últimos dias. E ela ouviu tudo enquanto me olhava fixamente.
- ... – Ela disse dando o sorriso mais lindo que ela ou qualquer criatura na face da Terra já deu na vida (Ok, preciso parar com isso.). – Eu te amo tanto!
Senti aquela sensação ótima de algo muito quente invadir meu peito e tomar conta de todo o meu corpo. Sorri, colocando uma mão na cintura dela e a outra em seu rosto, puxando-a mais para perto e a beijei novamente.
Bom, a gente teria feito mais, mas estávamos na escola e tínhamos aula. Ah, e daí?! Logo depois desse beijo nós saímos da escola. Matar algumas poucas aulas que ainda restavam para terminar o período de aula do dia não faz mal. Nós fomos para a minha casa e lá voltamos a nos beijar.
Sorríamos feito bobos, estávamos mais felizes que nunca, finalmente juntos.