Era uma quarta-feira como outra qualquer, eu ouvia meu estômago roncar (quem mandou eu perder a hora e não ter tempo de tomar café da manhã?) enquanto “assistia” a segunda aula seguida sobre tabela periódica. Eu fico pensando, há matérias que não deveríamos aprender, alguém, algum dia, se matou de estudar pra organizar todos aqueles elementos na tabela periódica, e ela ainda serve pra uma porção de coisa, e em uma ou duas horas, o professor chega e conta todos esses segredos, devia deixar para quem vai usá-la de fato, você não acha? Mas isso não é, na verdade, importante para aquela quarta-feira. Ela tinha algo diferente de todas as outras, não de TODAS, mas das últimas quatro quartas. não tinha ido à escola.
‘Cadê o , ?’ A idiota da Emily me perguntou assim que sai para o intervalo. Não bastava o fato de eu saber que eles haviam ficado um mês um ano antes, eu ter que aturá-la dando bom dia frenético pra ele todos os dias, ela tem que estragar ainda mais minha quarta-feira.
‘Está viajando.’ Respondi mal-humorada.
‘Ihhhh’ Ela deu um daqueles agudos irritantes. ‘Já está confiando assim, a ponto de deixá-lo viajar sozinho?’
‘Ele está na casa de um tio...’ Eu tentei afastar todos os pensamentos ciumentos que ela tentou enfiar na minha cabeça.
‘Sei...’ Ela disse com uma ar superior. ‘Você diz que eu mandei um beijinho...’ ela fez biquinho nessa hora ‘... ele bem sabe onde’ Ela fez a cara mais safada que uma ‘garota de vida fácil’ poderia fazer. Foi o suficiente para eu voar nela e cravar minhas unhas no pescoço dela até sangrar.
Seria bom, mas eu não fiz, porque a Diretora Hollyann me chamou à sala dela.
‘Pode se sentar ai. Bom Dia, !’ Além dos meus amigos, só a Diretora me chamava assim na escola. ‘Eu queria conversar sobre a sua carreira?’
‘Carreira?’ Eu ergui a sobrancelha. Eu tenho 16 anos e estou no primeiro mês do 3º colegial, sua velha louca! Eu bem que pensei, mas não falaria isso pra diretora.
‘É, você sabe, suas notas dizem muito sobre você’ Ela me olhou de um jeito estranho. Deu medo, acredite, odeio essa mania que as pessoas têm de achar que podem fazer escolhas por você sem que você perceba.
‘Ah, eu bem sei, por isso vou esperar todas as notas desse ano pra me decidir.’ Eu sorri falsamente e me levantei, antes que ela desembuchasse que queria que eu fizesse direito, engenharia, ou... medicina! Nada contra quem faz medicina, mas é uma daquelas faculdades que a pessoa tem que querer desde que nasce, o que não era meu caso. ‘Tchau, diretora Hollyann’ Eu acenei e abri a porta rapidinho. Imagino que ela não esperasse essa fuga, porque se manteve estática olhando para a cadeira vazia.
Dizem que desgraça pouca é bobagem, eu não costumo exagerar meus problemas, eu sou romanticamente realista, mas no momento que eu consegui chegar à cantina, pra comer alguma coisa, o sinal toca. No meu colégio eles têm a terrível política de não vender nada depois disso.
‘Por favor!’ eu supliquei, estava quase subindo no balcão e encostando meu estômago no ouvido da mulher do caixa pra que ela o ouvisse roncando.
‘Não, ordens da direção.’ Maldita Hollyann!
Depois de um recreio com fome, o que qualquer pessoa precisa? Aula dupla de biologia sobre... Digestão!
Foi uma verdadeira tortura que o professor fez ao descrever todo o processo pós visita ao McDonalds, e ele ainda descreveu o sabor da batata com detalhes. Eu mereço, viu!
Estou tendo aula de biologia =/
Mandei pro
, ele sempre me enviava mensagens engraçadas durante as aulas de biologia, não
falava com ele desde sábado, quando ele me ligou dizendo que havia chegado à casa
do tio. Droga de saudade, eu só queria tê-lo perto de mim novamente.
Encostei a cabeça no livro de biologia encarando o celular esperando a resposta.
‘!’ Claire berrou no meu ouvido.
‘Ai!’ Eu levantei esfregando minha orelha, sentia meu rosto muito quente.
‘Sua cara está amassada.’ Donna e sua sinceridade podem ser deprimentes.
‘Brigada’ Eu passei a mão no rosto tentando desamassar. ‘O que houve?’ Eu olhei para os lados estranhando a classe vazia.
‘Já acabou a aula, esperta, você dormiu desde o intervalo.’
‘Nossa, eu não...’ Meu estômago roncou tão alto que deu eco na sala vazia. ‘Eu preciso ir pra casa! Tchau, meninas!’ Se eu chegasse viva até minha casa, iria pedir pra minha mãe... er... Minha mãe estava viajando, novamente. Ainda não inventaram batata frita de microondas, droga!
Assim que cheguei a minha casa, enfiei a lasanha no microondas enquanto me trocava, até que eu gostava de ficar sozinha, a casa só pra mim, faço o que quiser quando quiser, era tão bom. Seria melhor se o estivesse aqui e eu pudesse chamá-lo para assistir a um filme.
Comi, enviei outra mensagem ao e dormi.
Às quatro da tarde acordei com o barulho da chuva, é bom estar debaixo do edredom a essas horas. Virei de um lado para o outro, mas não consegui voltar a dormir. Levantei devagar e com o edredom envolto em mim sentei na cadeira do computador.
Acessei alguns sites de universidades, seria mais fácil escolher uma se eu soubesse o curso que queria fazer. Não que eu não tivesse a menor idéia, mas eu já quis tanta coisa nessa humilde vida, como eu vou saber se o que eu quero agora é o que eu vou querer pra sempre. Comecei a pensar nisso e fechei todos os sites. Se eu não enlouquecesse até o fim do ano, nunca mais enlouqueceria.
Entrei no ‘myspace’, sempre há algo a fazer lá. O havia entrado naquele dia, pelo visto, era só pra me enviar mensagens que ele não tinha tempo. Não é fácil ser uma namorada centrada, equilibrada e que não enche o saco quando se tem saudade.
Devo ficar aqui até sábado, juízo.
Xxx
Alguém, por favor, me explica? Onde está o meu namorado carinhoso? Juízo? Juízo? Eu que deveria falar isso! Por atitudes assim que pessoas como a Emily conseguem envenenar uma garota legal como eu. Foi por isso que eu desliguei o computador sem paciência e desci pra assistir televisão, o que era estranho, eu, , abandonar o computador pela TV.
Estourei pipoca, peguei uma barra de chocolate, uma latinha de coca e fui pra sala assistir a “O Diário de uma Paixão”. Novidade. Eu reveso entre ele e “Um amor pra recordar”, eu devo ser masoquista, só pode, quando estou com vontade de chorar, arranjo um motivo a mais, uma música triste, um filme, um livro.
Eu não sei por que estava triste, mas sei que chorei ainda mais em cada parte do filme. Assim que terminou, o filme, a pipoca, o chocolate, a coca, eu subi pra tomar banho. Meus olhos estavam vermelhos e inchados, quando eu vi comecei a chorar ainda mais, eu ficava horrível chorando, jurei pra mim mesma nunca chorar na frente de ninguém, especialmente do . Ele podia fazer o que for, me dar o fora, me trair, ter um filho com outra, mas chorar, só faria sozinha e olhe lá. De que iria adiantar? Era capaz que ele se assustasse.
Tomei um banho bem demorado, e meu estômago ainda parecia doer. Legal, eu havia me tornado um saco sem fundo.
Coloquei uma camisola, ou melhor, uma camiseta gigantemente grande, cabe três s, sem dúvida, mas é tão confortável.
Voltei para o sofá, peguei um livro, não lembro qual. Ah! Era um guia turístico de Paris, eu queria planejar minha viagem, não que eu saiba quando viajarei e SE viajarei, mas não faltarão planos.
Eu não conseguia me concentrar em um único ponto turístico, nem mesmo no Louvre. Desisti, fechei o livro e liguei a tv de novo, mas decidi que assistiria algo alegre. Comecei a mudar de canal, Everwood, mudei, ER, não, mudei, Lado a Lado, ah, não é possível, a tv estava com sérios problemas. Passei dois canais de documentário, estava passando um filme com a Meryl Streep, que ela tem câncer, e morre no fim. Minha mãe, se estivesse comigo, não me deixaria mudar, mas eu não entendo qual é o sentido de ver um filme que a pessoa sofre por uma doença.
No último canal estava passando o fim de Um lugar Chamado Notting Hill, bem a parte que ele chega na sala de imprensa. PeloamordeDeus, isso era mais torturante que aula de biologia. Pensando bem, aula de digestão com fome foi pior.
Verifiquei se estava tudo fechado e liguei o som:
Waiting for your call, I'm sick, call I'm angry
call I'm desperate for your voice
I'm listening to the song we used to sing
In the car, do you remember
Butterfly, Early Summer
It's playing on repeat, Just like when we would meet(like when we would meet)
[Espero sua ligação,
estou doente, ligue, estou irritado
Ligue, estou desesperado pela sua voz
Estou ouvindo a música que costumavamos cantar
No carro, você lembra?
Borboletas, começo do verão...
Está tudo se repetindo, como no tempo em que nos encontraríamos]
Tudo bem, era um complô de todos os aparelhos eletrônicos contra
a minha pessoa,
o
melhor seria
dormir, fui
com
meu celular
do
lado.
Cara,
como eu sou dependente dele, isso não é legal. Eu estaria bem se ele me
ligasse, e eu pudesse ouvir a voz dele, a respiração, as mesmas
que escuto quando
estamos juntos. Mas ele insiste nessa falta de comunicação.
Boa noite,
!
Peguei no sono rapidinho, até ouvir uma trovoada e um apito estranho debaixo do travesseiro, era meu celular.
Você está sozinha?
Era um número desconhecido, obviamente não respondi, devia ser engano.
Eu sei que está.
Outra mensagem. Franzi a testa, seria duplo engano?
Não precisa franzir a sobrancelha, não é um grande perigo um estranho saber tanto de você.
Cara, fiquei com muito medo, sentei na hora, me cobrindo ainda mais com o edredom, descobri outro ponto negativo na ausência dos meus pais.
Sabe, eu sempre te olhei de um jeito especial, e vê-la assim tão indefesa...
Eu estava prestes a ligar pra polícia quando ouvi alguém bater na janela da sacada. Num relâmpago vi uma sombra gigantesca por trás da cortina.
‘AH!’ Corri pra debaixo da minha escrivaninha, não me pergunte o porquê, eu sei que não havia lugar pior.
A batida ficou mais alta e mais forte. Eu não conseguia digitar nenhum número quando o celular começou a vibrar e tocar, o mesmo número. Devo admitir, eu atendi.
‘QUEM É?’
‘Eu...’ Uma voz grossa e sussurrante respondeu.
‘VOCÊ TÁ ZOANDO DA MINHA CARA?’ Eu disse alterada. Eu não sou o tipo de garota que tem um tarado particular atrás, aquilo só podia ser uma brincadeira.
‘Não...’ Respondeu no mesmo tom.
‘QUEM É? EU VOU CHAMAR A POLÍCIA!’ Eu estava agindo igualzinha àquelas mulherzinhas de filme de medo. Ridícula.
‘Eu voltei mais cedo por sua causa, e você me trata assim?’ Eu conhecia aquela voz de algum lugar.
‘Quem é?’ eu abaixei o tom.
‘E eu pensando que você gostava de mim, nem minha voz reconhece...’ Ele disse sério.
‘Quem tá falando?’ O nervoso atrapalhava meu raciocínio.
Eu ouvi uma risada do outro lado da linha. Aquela risada era inconfundível.
‘ ! Você quer me matar do coração?’ Eu saí de baixo da escrivaninha. ‘Ai!’ Eu tinha que bater a cabeça.
‘Que foi?’
‘Bati a cabeça’
‘Abre a sacada’ ele bateu de novo na porta. ‘Eu faço passar a dor.’ Ele disse meigo. Assim não há braveza que agüente. Eu abri a cortina da porta e olhei pra ele.
“Por favor” Ele sibilou do outro lado o cabelo dele estava encharcado, ele não estava mais debaixo de chuva, mas não deve ter sido fácil subir até ali, e ele não era escalador nem ladrão, imagina o que especialistas podem fazer. Ele estava com uma calça preta e uma camiseta azul escura e me olhava com uma carinha tão fofa.
‘Sabe, eu não devia’ eu disse abrindo a porta. ‘Você me assustou de verdade, e eu...’ Eu não disse mais nada. Ele me envolveu com os braços e começou a me beijar com intensidade. Nossa, ele não costumava ser assim, direto. Não estou reclamando, de forma alguma. Ele bateu a porta da sacada com o pé, e foi me beijando até alcançarmos a cama. Ele me apertava com tanta força que eu vi que não era a única a ter saudade. Eu deitei na cama e o puxei também, baguncei o cabelo dele enquanto o beijava, senti muita falta disso naqueles três dias, de sentir o cabelo dele, o cheiro, o beijo. Ele deitou em cima de mim me molhando mais, nem liguei, estava ali, comigo. Ele desceu a mão das minhas costas a minha perna, e enfiou a mão embaixo da minha camiseta. Ficar longe dele é terrível, mas aquele reencontro, o que eu posso dizer? Estava sendo ótimo.
‘Bela camisola!’ Ele me olhou de cima a baixo rindo.
‘Você gostou?’ brinquei pondo a mão na cintura. Ele concordou com a cabeça com uma cara de safado. ‘Você vai ficar resfriado desse jeito...’ Eu apontei pra camiseta encharcada dele.
‘O que sugere?’ Ele sorriu de lado. Eu não esperei muito e levantei a camiseta dele devagar.
Ele sacudiu o cabelo me molhando ainda mais.
‘Ah, ...’ Eu fiz tipo.
‘Se não quisesse se molhar...’ Ele me abraçou pela cintura, por dentro da minha camiseta. ‘... devia ter me deixado lá fora.’
‘Nem que eu quisesse...’ eu envolvi meus braços no pescoço dele, e o beijei. Dessa vez, comecei devagarzinho, ai a mão dele começou a se mover, eu fui beijando com mais “vontade”. Eu não conseguia respirar, não queria também, nada que atrapalhasse o beijo. Ele desceu o beijo até o meu pescoço enquanto levantava minha “camisola”.
‘AIIII’ Eu gritei. Não, não foi de prazer, foi de dor mesmo, minha barriga doía MUITO. E não era de fome.
‘Que foi, ?’ Ele estranhou.
‘Minha... barriga.’ Eu levei as mãos à barriga e me encolhi na cama. O que havia de errado?
‘Eu não fiz nada, eu só...’
‘Não foi você, . É de dentro.’
‘Dentro da barriga?’ ele arregalou os olhos. O que ele estava pensando que havia lá dentro, um filho? Será que mamãe nunca falou pra ele que beijar não engravida?
‘É...’ eu gemi. A dor passou. Eu respirei fundo e corri pro banheiro.
Legal, cólica era tudo que eu precisava para o que seria A quarta-feira da minha vida. Eu pus um absorvente, procurei um remédio e tomei, sabia bem como minha cara devia estar horrível, cólicas são horríveis.
‘Desculpa, .’ Eu disse triste me arrastando pra cama. ‘Eu estou com cólica.’
‘Ah...’ Ele disse com uma mistura de pena e frustração. Ele parou pra pensar um pouco, fica ai deitadinha que eu já venho.
Eu acho que não faltava nada para aquele dia ser tão... estranho. Cólica? Cólica? Meu namorado chega de viagem e eu tenho CÓLICA!
Ele voltou um pouco depois com uma toalha dobrada na mão. Ele ainda estava sem camisa, pude reparar bem, a dor não me deixava cega.
‘Eu não achei bolsa de água quente, molhei essa toalha um pouco.’ Ele se aproximou atencioso e me deu a toalha, eu enfiei embaixo da camiseta e a puxei pra baixo, agora estava com vergonha dela.
‘Brigada’ Eu sorri fracamente.
‘Namorados também servem pra isso’ Eu sorri de orelha a orelha.
‘Se quiser ir, pode ir.’
‘Não, eu vou ficar aqui até sua dor passar.’ Ele deitou ao meu lado e pôs a mão
em cima da camiseta onde estava a toalha. ‘Os poderes de Dr.
transcendem a psicologia.’ Ele brincou.
‘Eu gosto tanto de você’ Eu pus a minha mão sobre a dele e fechei os olhos tentando dormir.
FIM
Hey Girls!
Que saudade de mandar fic minha!
Porque o que eu tenho feito é só mandar fic da carolis pro site. *faz drama*
E ela ainda tem coragem de reclamar de mim, leio as fics dela, beto, palpito, arrumo, ponho imagem, envio pro site, falo dela na minha n.a., e ela ainda acha que eu sou desnaturada. Eu supero...
Deixa eu fazer um agradeciemnto super rápido: Ali, valeu pelo título
da fic!
Antes ela se chamaria "I need you", mas já havia esse nome,
e a Ali
me deu a idéia
inspirada na música do Secondhand Serenade
Ah, faz tempo que eu quero escrever uma continuação dessa fic, graças às aulas entediantes de Biologia. Desculpa ai quem gosta.
Falando em gostar ou não, preciso saber duas coisas:
1 - Você, por acaso, já sabe q faculdade vai fazer? ou eu não sou a única em dúvida? Pode contar lá nos comments? =D *cara de criança feliz*
2 - vc gostou da fic? Detestou? prefere a primeira? tem mil idéias pra uma continuação? Já sabe, né? Clica ali no link e sinta-se em casa.
Posso mandar beijo? ^^
Hm...
Pra Lucy (que é mais doida que eu),
Mayazinha (pq sonhei que ela vinha pra cá), Lih (que tem ataques Judd),
pra Lolo (Judd que anda comendo direitinho), Isuxa, Carol e Maris, que me aturam
no dia-a-dia, e pra você que leu até essa n.a. sem noção.
Dessa vez sem propaganda das outras fics. ^^
Mimi (camilinha10@hotmail.com)
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