Certo. Eu tinha terminado com ele mesmo. E daí? O problema era meu e ninguém tinha o direito de ficar dando opinião na minha vida. E também o fato de que eu que tinha terminado não quer dizer exatamente que eu queria isso mesmo. Às vezes eu posso fazer coisas sem pensar e normalmente não dá muito certo. Tá, não dá nada certo!
Eu não sou a garota mais popular da escola, por isso me surpreendi quando dezenas de pessoas as quais algumas eu nem sabia que tinham conhecimento da minha existência, chegaram perguntando o por quê que o tinha terminado comigo. Algumas se ofereceram para deformar a cara dele, como o , meu melhor amigo. Por quê as pessoas acham que só o garoto pode terminar um namoro? Isso não depende só dele, já que se a garota terminar ele não vai namorar ninguém, entenderam? Ai, meu Deus. Nem eu consigo me entender! Mas, de qualquer forma, não foi isso que mais me chateou, e nem o fato de eu ter terminado com ele sem um motivo lógico para isso. O problema é que ele não demorou uma semana para encontrar outra! Por mim, poderia ser qualquer uma, menos aquela vadiazinha da . Argh!
Então, eu já estava cansada de ficar respondendo perguntas como “Por quê o terminou com você? Não! Ele te traiu?”. Acho que nem preciso ressaltar que minhas respostas não foram nada educadas. Principalmente quando a veio toda simpática para cima de mim, só para descobrir o número do celular do . E pelo jeito arranjou outro jeito de descobrir, já que eles vivem se agarrando pelos cantos mais obscuros do colégio. E nem sei por que eu perco meu tempo falando deles.
Como eu ia dizendo, para evitar que eu fosse bombardeada com mais perguntas que eu não estava a fim de responder, resolvi me refugiar na biblioteca, já que ninguém nunca vai por lá mesmo. Talvez os ácaros que passeiam entre os livros me distraiam um pouco, e assim paro de pensar.
Assim que abri a pesada porta da biblioteca, cumprimentei a Srta. Campbell que estava distraída com suas fichas. Ela sorriu gentilmente e fez um gesto para que eu olhasse uma pilha de livros em uma das mesas. Eram os livros que a biblioteca recomendava para os alunos. Peguei algum qualquer, só por educação. Sentei em uma cadeira e coloquei minha mochila sobre a mesa, abrindo-a em busca dos meus cadernos. Já que eu tinha que ocupar a minha cabeça com alguma coisa, pelo menos seria com o dever de casa, que já me pouparia tempo quando eu chegasse em casa. Estava meio inspirada, e acabei fazendo tudo que tinha que fazer e ainda dei uma lida rápida do livro que eu tinha pego na pilha de livros abandonadas da Srta. Campbell. Já eram quase 5 horas da tarde quando resolvi ir para casa. Guardei, sem o menor zelo, minhas coisas na mochila, passando-a pelo ombro. Devolvi o livro para a Srta. Campbell, que sorriu novamente e disse que eu poderia levá-lo para casa se quisesse. Por que não? Ela tirou uma ficha de trás do livro e me entregou o mesmo de volta. Agradeci e fui até a porta.
Saindo da biblioteca, alguns passos depois escuto uma voz bem familiar. Era o Sr. Phillps, meu professor de ginástica que vinha discutindo com alguém.
- Você sabe muito bem a finalidade do material esportivo da escola, não sabe? Pois que seja a última vez que isso aconteça. Vou levá-lo até a biblioteca até que o diretor me informe o que fazer sobre a sua atitude.
- Para a biblioteca? – perguntou o menino, incrédulo.
- Sim! E chega de perguntas, Sr. ! – o professor disse, enquanto passava a mão sobre a camisa com a intenção de arrumá-la de alguma forma.
Mas eu não consegui prestar atenção nos últimos detalhes. O nome causou um certo temor em mim que me fez correr para dentro da biblioteca novamente. Alegando que tinha esquecido algum caderno, passei voando pela Srta. Campbell que estranhou minha reação. Fui até os fundos da biblioteca e me escondi entre as escadas velhas e empoeiradas quando a pesada porta abriu novamente, mostrando Sr. Phillips e .
- , não saia daqui até eu voltar! – disse o professor seriamente a , que afirmou com a cabeça. Depois o Sr.Phillips chamou a Srta. Campbell, ou Liz, como ele havia lhe chamado, para o lado de fora da biblioteca.
- Claro! – ela disse, entusiasmada, levantando da cadeira e passando pela porta que o professor estava segurando para que não fechasse. Quando os dois sumiram, percebi que iam demorar mais do que o previsto. Como as más línguas falam pela escola, o armário do zelador ficava bem distante da biblioteca e eles estariam bem ocupados para se preocupar com o tempo ou com .
Ele tinha jogado a cabeça para trás e murmurava alguma coisa não muito inocente em relação a Campbell e Phillips. E lá estava eu, junto com a pessoa que eu tinha evitado a semana inteira em uma biblioteca esquecida e com ácaros até o teto! Sorte, não?
No meio do meu desespero, acabei por derrubar um livro idiota. Incrível minha capacidade de controle quando estou sobre pressão. Pela fresta na estante, vi que ouviu o barulho e olhava na minha direção. Isso foi o bastante pra que eu derrubasse mais alguns livros. Cassetada!
- Tem alguém aí? – ele perguntou, levantando da cadeira e indo em direção as estantes. Não respondi claro. Só se eu falasse alguma coisa do tipo “Olá, sou o fantasminha camarada. Quer ser meu amiguinho?” Era capaz que ele acreditasse, mas eu não estava disposta a correr mais um risco.
Ele estava nas estantes do lado oposto onde eu estava escondida. Acho que teria tempo suficiente para correr até a porta sem que ele me visse. Ou não. No primeiro passo que dei, acabei pisando num exemplar de Física Básica: Aprenda a entender Newton. Que Newton vá para a China com suas leis! Até esse cara resolveu me atrapalhar hoje.
E como previsto, o barulho que eu fiz foi o suficiente para que aparecesse na minha frente. Uma visão bem agravável para alguém que estava, bom, no meu ângulo.
- Ah , é você! – ele disse oferecendo a mão para que eu levantasse – Eu pensei que era algum fantasma ou coisa do tipo. Achei que estava muito quieto por aqui.
Não disse? O gênio acredita em fantasmas. Sem comentários.
- Hã, oi ! - eu disse, levantando sozinha – Eu só ia pegar esse livro mesmo... - peguei o de Física que era o mais próximo - Agora eu vou indo porque já estou meio atrasada. – falei, passando por ele e indo em direção a porta. Mas senti uma mão impedir que eu continuasse. Não parei porque ele colocou força na mão para me impedir que eu chegasse à porta, e sim porque só o toque dele fez todo meu corpo congelar.
- Espera . É verdade o que a me falou? – ele perguntou, enfiando as mãos nos bolsos.
, minha melhor amiga. E melhor amiga dele também. Que é namorada do meu melhor amigo, o . Ou seja, nada ficava em segredo nesse ciclo. Ela provavelmente contou ao sobre o que aconteceu. Ele não entendeu o porquê da minha decisão e sinceramente, eu também não.
- O que ela disse dessa vez? - perguntei, virando de frente pra ele, encostando na porta. Não sei por que eu ainda conto as coisas pra . Sempre que é sobre o , ele acaba descobrindo.
- Você sabe muito bem! – ele disse, se aproximando. Outra coisa. Quanto mais longe eu estiver dele, melhor para a minha saúde mental.
Virei para a porta e girei a maçaneta da porta. Seria melhor sair dali, mas a porta não colaborava comigo. Girei a maçaneta de novo. Estava trancada.
- Merda! – sussurrei.
chegou para atrás de mim e perguntou qual era o problema. Afastei um pouco e apontei para a porta.
- Acho que estamos trancados aqui.
- Claro que não. Você que não está sabendo abrir direito. É só um jeitinho.
Ele ficou tentando abrir a porta por uns dez minutos, e a essa altura eu já tinha puxado uma das cadeiras e sentado. Mais alguns minutos depois, chegou a mesma conclusão que eu já tinha dito mais cedo.
- Estamos trancados. – ele disse, se jogando numa cadeira do lado oposto da mesa.
- E essa foi a conclusão do dia! – eu disse, com ironia, apoiando meu queixo na mão.
Acho que os amassos do Sr. Phillips com a Srta. Campbell estavam bem emocionantes pelo tempo que eles estão levando. Pelo menos eles tinham o que fazer.
Já eram quase sete horas e todas as luzes da escola já estavam sendo apagadas. Já tínhamos socado a porta na esperança que alguém ouvisse. Tentamos ligar para alguém, mas esqueci meu celular em casa e o celular do estava descarregado. Então, para me distrair um pouco e não ficar olhando para a cara dele, fui até as estantes e fiquei vendo os livros. Enquanto eu escolhia algum, veio e se apoiou na estante, fazendo-a balançar um pouco.
- O que está fazendo? - ele perguntou, cruzando os braços.
- Escolhendo algum livro. – respondi, sem tirar os olhos da contra capa do livro.
- Ah, que útil! Não seria mais inteligente pensar num jeito de sair daqui?
Como se eu já não tivesse pensado nisso antes. Como não tinha saída alguma, preferia ler um livro mesmo. Até que eu larguei o mesmo e virei para .
- Você não se acha muito esperto? Então pode “pensar” – aspas virtuais – sozinho! - eu disse, indo até as cadeiras e sentando em uma que estava de frente a tal porta que insistia em nos prender ali dentro. Fiquei encarando a porta, até que reparei numa janelinha minúscula que tinha em cima dela. Virei para trás e vi que também encarava a janelinha do mesmo jeito. Idéias a mil.
Levantei correndo e subi em cima da mesa da Srta. Campbell. Estiquei o braço. Faltava pouco para que eu alcançasse a tal janelinha.
- , vem cá! – pedi – Vem logo, vai!
Ele foi com má vontade.
- Ah ! Por quê eu tenho que agüentar o peso todo? – ele perguntou, parando na minha frente, de costas.
- Tenho mesmo que responder essa pergunta? – eu disse, apoiando as mãos nos ombros dele e pulando logo em seguida.
- Ai, como você ficou tão pesada assim? - ele comentou, desequilibrando um pouco.
- Dispenso comentários! - falei, chutando as costas dele. - E não me deixa cair!
- Tá bom! Mas vai logo! – ele disse, parando na frente da porta.
Tentei alcançar a janelinha, mas acabei perdendo o equilíbrio e tombando para trás. tentou me segurar mas acabou caindo junto. Ele me puxou e fez com que eu caísse em cima dele. Pelo menos não foi tão ruim assim. Tá, nada ruim.
- Ah ! – reclamei, batendo no peito dele. Ele fez uma cara estranha. Comecei a rir descontroladamente, e ele também. Ainda estávamos jogados do chão, rindo feito hienas. Supimpa.
foi se aproximando ainda rindo de uma maneira ingênua até demais. Não precisei dizer mais nada. E nem podia. Senti ele me puxando para mais perto dele, e mesmo com a minha cabeça dizendo para empurrá-lo, não conseguia. Ele plantou um beijo no meu pescoço, o que me causou um arrepio. Depois ele passou para a bochecha e então me deu um selinho de leve. Não era o suficiente para matar a saudade que eu tinha dele. Passei os braços em volta do pescoço dele e ele sorriu, entendendo o que eu queria.
Ficamos nos beijando por uns cinco minutos até que a realidade voltou a minha cabeça afastando tudo que estava em volta. Inclusive ele. Me afastei um pouco.
- , eu não posso fazer isso. – disse, encarando a porta. Como eu queria que ela estivesse aberta.
- Como não pode? Você já tem outro namorado? – ele disse, se aproximando de mim, mais uma vez.
- E se eu tivesse? Não foi problema para você, não é mesmo? – disse, irritada, me levantando e indo para os fundos da biblioteca. Ouvi os passos de vindo atrás de mim.
- , você sabe muito bem que eu estava com a para te fazer ciúmes. Já que eu nem sei o por quê do fim do nosso namoro. – ouvi ele dizendo, atrás de mim.
Certo, voltamos ao princípio. Eu também não sabia o por quê.
- Não, eu não sabia que tudo isso com aquela vadia era só um joguinho de ciúmes, tá? – falei, parando antes que eu fosse de cabeça na parede.
- Você sabe muito bem que eu nunca gostei dela, então pode parar de crise! Você ainda não respondeu minha pergunta.
Virei para ele, encarando meus pés. Como eu podia admitir uma coisa que nem eu mesma sabia.
- Eu não sei, . Acho que, ah, não sei mesmo. Deve ter sido coisa do momento ou qualquer coisa do tipo.
Ele ficou olhando para mim, até que me abraçou. Não consegui desviar aquele abraço. Ele abriu o casaco e me colocou dentro, alegando que estava frio.
- Volta para mim? - ele sussurrou.
Sorri quando ouvi essas palavras.
- Mas você já está comprometido, como pode pedir isso? – disse, ainda abraçada com ele.
- Não tem problema. Já resolvo isso para você. - ele falou, tirando o celular no bolso do casaco e discando algum número. Depois mostrou a tela pra mim. era o que dizia.
- Alô? , só estou ligando para terminar. Se você quiser, nós conversamos amanhã, mas pode desistir porque não tem mais volta. Até. – e ele fechou o flip do celular.
Comecei a rir. Cara, era incontrolável.
- Por que você está rindo? – ele perguntou, sorrindo.
- Você não disse que seu celular estava descarregado? – perguntei, rindo.
Ele ficou com a maior cara de culpado. Também, depois desse fora, eu batia a cabeça na parede.
- Okay, okay. E daí? Eu só queria uma desculpa para ficar sozinho com você. É crime? - ele perguntou, me abraçando pela cintura.
- Não, mas sei lá. – eu não conseguia parar de rir.
- Ai, mas como você é feliz. - ele disse, sentado no canto da parede, me puxando junto dele.
- Eu sei. E desculpa ter terminado sem motivo algum. - falei, colocando a cabeça no ombro dele.
- Não tem problema, amor. Isso só ajudou a ver como eu não consigo ficar longe de você. Mas se você me fizer isso de novo, pode esquecer.
Olhei para ele; estava sério. Até que começou rir da minha cara.
- Nossa, quanta dependência! - ele disse, rindo, desviando do tapa que eu tentei dar no braço dele.
- Olha quem fala. - falei, mostrando a língua.
Ele me puxou de volta e me beijou. Já era bem tarde, e ninguém tinha dado por nosso desaparecimento ainda.
Acordei no dia seguinte,com o barulho de um sapato batendo. Abri devagar os olhos e vi a Srta. Campbell de braços cruzados olhando para a gente.
-Er, Bom dia. – arrisquei. Cutuquei que ainda dormia. Ele remexeu um pouco e depois abriu os olhos.
- Meu Deus, nós ainda estamos aqui? – ele disse, até que reparou na presença da Srta. e se assustou um pouco.
- e ! Vocês estão cientes que passaram a noite na escola sem o conhecimento de responsável algum, e agora são encontrados nessa situação? - ela disse, ainda batendo aquele sapatinho irritante dela.
Certo que não estávamos presos ali por vontade própria. me puxou, passando pela Srta. Campbell.
- Desculpa Srta., não vai mais acontecer. - Não estávamos com paciência de discutir de quem era a culpa naquele momento. Srta. Campbell também não disse nada, pois sabia que parte da culpa era dela e do Sr. Phillips. Só assentiu quando saímos da biblioteca. Ainda não tinha ninguém na escola. Estava cedo.
Pegamos nossas coisas e fomos pelo corredor até chegar o portão principal. Passei o braço pelo ombro dele e fomos rindo até nossas casas, onde teríamos muito que explicar para os nossos pais. Mas eu não estava preocupada com isso. E ele também não. Nada iria estragar o momento.
FIM!
Nota da Autora: Olá de novo pessoas! Bom, minha primeira fic dos flyers! Eu fiz essa como Jones, mas sou Judd (H). Só pra deixar claro. Essa fic foi escrita quando eu joguei minhas apostilas de física para o além, e comecei a escrever. Não, jura? Tá parei. Agradecendo a Mariana Tasso e a Frãn que me ajudaram na correção, né meninas? HUSAUHSAHUSAHUSAUHASAS. E claro, a minha beta!
Obrigada pra quem leu :D
Beijos ;*
Mariana Moreira aka Blinka.