Fanfic finalizada.

Capítulo Único

3h07am

— Você quer saber? Essa é a verdade. Essa é a verdade que eu carrego dentro de mim há anos. Era o que queria ouvir, não era? — despejei todos os meus sentimentos para cima dela.
Era o correto? Não. Era o que eu queria estar fazendo? Não. Era o que ela precisava ouvir? Talvez.
Mordi meu próprio lábio inferior, ao mesmo tempo em que sentia meus olhos arderem como se aquele momento fosse derradeiro em nossas vidas.

3h00pm

Não prestava a mínima atenção no quadro. O que o professor de Matemática estava passando? Trigonometria? Geometria? Não fazia ideia, aliás, já havia passado naquela disciplina. Não precisava me preocupar, então preocuparia apenas em olhá-la.
Mexia o lápis entre os meus dedos, e meu olhar era apenas dela. Não de hoje. Desde sempre, tendo em vista que nem me lembro quando foi a primeira vez que a vi, só sei que ela estava na minha vida. Bom, não realmente.
O sinal tocou um tempo depois e só consegui prestar atenção nas últimas palavras do professor de Matemática.
— A prova ficou marcada para a próxima aula. Estudem!
— Ei. — senti um toque em meu ombro e me virei, era meu amigo retirando os seus óculos e os limpando na camiseta branca. — Vai almoçar aqui?
Meus olhos foram até o relógio colocado na parede em cima do quadro. Fiz um bico rápido e comecei a guardar meu material.
— Vamos. — disse, por fim.
Assim que voltei meu olhar para o local onde ela se sentava anteriormente, senti meu peito doer por não encontrá-la. Olhei em volta da sala, passando meus olhos por todos ali.
— Ela já foi. Vamos.
Senti Arthur dar um tapa em meu ombro e acabei soltando uma risada fraca, e mordi meu próprio lábio inferior. Alguns poucos passos e estávamos fora da sala de aula, andando pelo corredor cheio de alunos que iam de um local para o outro, sempre apressados.
— Quais são seus planos para o recesso?
— Hm, não sei. — respondi sem ânimo, meus pais não eram de viajar, então provavelmente ficaríamos em casa durante o Natal e Ano Novo. — Provavelmente ficar em casa. E você? — o olhei.
Arthur deu de ombros antes de responder, no entanto, fui surpreendido por um bater de corpos com outra pessoa. Não.
Kevin.
Engoli seco ao parar no meio do corredor.
— Parker!
Dei um passo para trás.
— Oi?
— Preciso chamar um professor? — ouvi a voz de Arthur e queria negar com a cabeça, mas Kevin se aproximava e tocou o meu peito com o dedo.
— Não. — respondi baixo.
— Sabe, vai ser chato o próximo ano aqui sem você. — Kevin disse firme.
Queria perguntar que próximo ano, já que estávamos no último ano do ensino médio, contudo me contive.
— Vai ser horrível. — acabei dizendo e dei de ombros.
Até que do nada alguém se aproximou, tomei um susto. Acabei sentindo meu coração palpitar, e quando meu cérebro entendeu que era ela, fiquei paralisado.
— Para de encher ele, Kevin!
Seus cabelos estavam jogados para a frente, bagunçados como sempre, as bochechas coradas e a calça jeans rasgada que era tão característica dela. Observei seu All Star desamarrado e logo voltei meu olhar para os dois, mesmo não sabendo falar meu próprio nome.
Kevin a olhou e deu um suspiro pesado, não demorando a sair dali.
— Não liga pra ele. — sorriu.
Seu sorriso fez com que meu corpo estremecesse por completo, senti um arrepio tão forte que quase me movimentei, no entanto, tentei me controlar. Não sei como, mas apenas balancei a cabeça concordando com o que ela havia dito.
Ayla.
Ela mordeu o próprio lábio inferior e concordou com a cabeça mais rapidamente do que eu e saiu dali, me deixando ao lado de Arthur. Momentos que passamos nos últimos anos brotaram em minha mente, apesar disso, não pude aproveitá-los, pois senti a mão do meu amigo em meu ombro.
Meus batimentos cardíacos ainda estavam altos, praticamente os sentia em meu peito, e engoli seco.
— Tá passando mal? — Arthur riu.
Chegamos ao refeitório cerca de poucos minutos depois, o local estava cheio, com alunos em suas respectivas mesas, outros em pé próximos à janela e outros com suas bandejas e pegando o alimento que era servido no dia de hoje. Eu e Arthur fomos para o fim da fila até que fomos surpreendidos.
— Vocês vão, né? — uma garota indagou do nada, com um papel em mãos.
Arthur pegou o papel e me aproximei mais dele para conseguir ler o que estava escrito. Era algo sobre uma festa hoje, na casa de alguém que eu não conhecia.
— Com certeza vamos. — ele respondeu tão ligeiramente, que não tive o que fazer.
Peguei a bandeja ainda pensando na proposta e na festa que poderíamos ir. Eu odiava festas, odiava socializar com pessoas estranhas e aquele ambiente com bebidas e comidas vindas de pessoas que não conhecia me dava agonia.
— Você é chato. — Arthur disse assim que sentamos e eu franzi o cenho.
— Sou, mas você pode me dar algum contexto? — abri a garrafinha de água e tomei um gole.
— Não vai querer ir à festa, né? É uma oportunidade...
Pensei a respeito enquanto pegava o pedaço de pizza que estava em meu prato.
— Não sei se é uma boa.

Cerca de vinte dias para o Natal. O frio havia chegado para valer, no entanto, as decorações estavam impecáveis. Enquanto voltava para casa de bicicleta, no meio da tarde, sempre passava em algumas ruas que me faziam parar um pouco para contemplar toda a beleza.
Não demorei muito para chegar, e assim que entrei em meu quarto, já que minha mãe estava trabalhando e a casa em silêncio, me joguei em minha cama e acabei capotando. Fui acordar horas depois, ou minutos, não fazia ideia, com alguém batendo na porta lá embaixo.
Assim que desci as escadas, enquanto bocejava e me espreguiçava, notava como estava um pouco escuro e aquilo fez com que eu ficasse levemente confuso. Cheguei à porta, a destrancando e abrindo. Era Arthur.
— Entra.
Deixei que ele entrasse e percebi como estava arrumado, ou pelo menos cheirava bem, e isso fez com que eu franzisse o nariz.
— Vai se arrumar.
— Hã?
— Vamos! Nós vamos pra festa.
Tombei a cabeça para trás quando ouvi essa frase.
— Sério? Tá um frio insuportável e...
Ele continuou me olhando por longos segundos e sabia bem o que aquilo significava. Arthur simplesmente falava e depois de algum tempo eu entendia que deveria seguir o seu conselho, sua dica ou qualquer coisa que falava.
Concordei com a cabeça, seguido de um suspiro forte, e caminhei até o meu quarto. Lá, fui ao banheiro, tomei um banho rápido e me vesti. Passei as mãos pelos meus cabelos e tentei deixá-los arrumados.
— Sua mãe não está em casa hoje? — ele me perguntou assim que me aproximei.
— Tá no plantão hoje.
Sabia que a minha mãe não voltaria pra casa antes das oito horas da manhã, que era quando acabava o plantão dela no hospital. De qualquer forma, me aproximei da geladeira e deixei um recado. Assim como também mandei uma mensagem no celular, sabendo que ela veria só durante um dos seus intervalos.
No carro de Arthur, fomos aproveitando uma música qualquer que tocava na rádio e conversando sobre como seriam os próximos meses, os últimos no ensino médio. Aquilo não me deixava nervoso, nem ansioso, queria que acabasse logo. Um novo ciclo estava para começar.

7h00pm

No momento em que colocamos os nossos pés dentro da casa onde estava sendo a tal festa, meus tímpanos doeram e fiz uma careta. Aquela música alta me aterrorizava e odiava festas por inúmeros motivos, no entanto, aquilo estava no meu top 3.
— Todo o pessoal da nossa turma está aqui? — falei um pouco mais alto senão Arthur não iria me ouvir. Ele apenas concordou com a cabeça.
Continuamos andando, passando entre as pessoas e esbarrando em algumas. O calor começou a me incomodar, mesmo que lá fora estivesse nevando, e não demoramos a chegar na parte externa da casa, o frio voltou a tomar conta do meu corpo.
Olhei para o lado, vendo se conhecia alguma daquelas pessoas que estavam ali, no entanto, pelo menos naquele local não. Voltei meu olhar por onde havíamos passado e vi que uma das meninas do nosso grupo se aproximava com um copo nas mãos.
— Não achei que fosse dar certo. — ela olhou para Arthur e riu.
Semicerrei um pouco os olhos ao olhá-los e dei uma risada fraca.
— Vocês estão planejando alguma coisa? — perguntei curioso.
— Nunca faríamos isso. Só estou feliz de ele ter conseguido te tirar de casa, Parker. — ela sorriu.
— Onde tem mais disso? — apontei para o copo que ela segurava.
Ela fez um gesto com as mãos como se pedisse para acompanhá-la. Olhei para Arthur antes de começar a segui-la no meio das pessoas novamente. Uma música animada tocava e notei que a maioria deles estava feliz com isso, pois pulavam e cantavam a plenos pulmões.
— Só uma coca, por favor. — falei assim que chegamos próximos a uma bancada onde havia bebidas e comidas.
Enquanto ela preparava a minha bebida, quer dizer, apenas derrubava coca dentro do copo de plástico, dei uma olhada em geral e não tinha como eu não a procurar, já era algo que fazia parte de mim.
— Relaxa, está tud...
A olhei e um dos rapazes do time de futebol chegou tão rapidamente que fez com que ela derrubasse o conteúdo da bebida em mim, na minha camiseta. Olhei para baixo e resmunguei algo inaudível.
— Que merda!
Ouvi Arthur e nossa amiga rirem e eu sabia bem porque: não era muito de falar palavrões.
— Vou limpar isso. Já volto.
E saí no meio da multidão novamente, passando entre as pessoas, e na maioria das vezes não tendo tanto espaço assim. Cheguei aos pés da escadaria e muita gente se encontrava por ali, desviei de mais alunos e fui subindo, alcançando o corredor e tentando distinguir onde era a porta do banheiro.
Olhei para uma porta branca e me atrevi em abri-la, mas assim que fiz isso, a pessoa que estava dentro, abriu no mesmo instante e me assustei, vendo que ela teve a mesma reação.
— Ah, oi, Parker. É você.
Por que eu sempre desaprendia a falar perto dela? Era o básico. Ela deu um sorriso que sempre me desmanchava, e naquele instante não seria diferente. De longe, ouvia a gritaria do pessoal cantando a música, o chão da casa tremia e o casal próximo à porta do banheiro avançava nas carícias.
Senti a minha boca seca e notei que ela abaixou os olhos e notou a minha camiseta, uma vez branca, manchada pelo líquido.
— Quer ajuda? — ouvi a sua pergunta.
— Por favor. — pedi.
Minha voz saiu baixa e estranhei isso. Pigarreei e falei novamente, a vi entrar no banheiro e a acompanhei, ficando próximo à pia e sorri fechado.
— Tira a jaqueta.
Apenas ouvi e obedeci, como se eu estivesse no automático. Tirei a jaqueta, ficando apenas com a camiseta branca e ouvi uma risada fraca sair entre os seus lábios e acabei sorrindo com aquilo.
— Vou pegar o sabonete líquido, tá?
Com toda delicadeza do mundo a garota colocou uma das mãos por debaixo da minha camiseta, pedindo licença com um sorriso lindo nos lábios. Tive que me controlar, pois meu corpo se arrepiou e gostaria que ela não tivesse percebido. Engoli seco e dei um suspiro rápido entre os lábios enquanto ela me ajudava com a mancha no tecido branco.
— Está ansiosa para as festas de fim de ano? — foi tudo que consegui perguntar.
— Mais ou menos. — ouvi a sua voz doce e aquilo, de certa forma, acalmava meu coração. — Talvez eu vá passar com o meu pai e não gosto muito de ir lá.
— Seu pai não mora aqui?
A curiosidade bateu tão forte em mim que não resisti em fazer mais uma pergunta.
— Não. Meu pai mora em outra cidade. — completou.
Notei que ela não queria falar daquele assunto, então apenas concordei com a cabeça e desci meus olhos até a minha camiseta que estava ficando branca novamente.
— Uau! Você é uma gênia. — falei e uma risada escapou entre os seus lábios.
— Eu sou, não sou?
Foi a minha vez de rir e acabamos nos olhando por alguns segundos, e aquilo fez com que meu coração voltasse a bater forte. Desviei meus olhos até os seus lábios, eu queria beijá-la e senti-los nos meus. Queria saber qual era o gosto e como ela se sentiria nos meus braços, sentir a textura da sua pele ao estar em contato com a minha...
— Parker?
— Hã?
— Sua camiseta ficou ótima. Espero que seque logo. — a vi sorrir e sorri também. — Vou voltar, tá? Nos vemos por aí.
— Obrigado. — agradeci assim que ela se aproximou da porta.
Fui deixado no banheiro sozinho e dei um suspiro forte, fiz um bico e peguei meu casaco que estava sobre a pia, o colocando e saindo dali a passos rápidos. Desci as escadas, voltando a ouvir a música alta em meus ouvidos e caminhei até onde me encontrava anteriormente com os meus amigos, mas não os vi.
Peguei uma latinha qualquer de Coca-Cola que estava por ali, fechada é claro, e coloquei dentro de um copo. Bebi um gole ao me apoiar de costas na bancada e comecei a observar o comportamento das pessoas, e algumas era bem difícil de engolir.
Pensei nela e em como nosso encontro no banheiro havia sido incrível, meu corpo se arrepiava só de pensar em seu tom de voz, a forma como ela se expressava, sorria e se empunha.
O tempo foi passando e tentei ao máximo me divertir, reencontrei meus amigos mais próximos envolvidos em um jogo qualquer na sala da casa, ri muito de Arthur que era extremamente competitivo em qualquer jogo que se propunha a participar.
— Você pode pegar uma pizza pra mim, Parker? — Arthur se virou para me olhar com as cartas nas mãos.
— Sim, senhor. — brinquei ao falar daquela forma.
Me levantei e segui o caminho até a bancada, que era o local onde estavam as bebidas e comidas. Ao chegar lá, abri a caixa de pizza e peguei uma fatia, mordi e estava fria, mas não me importei, pois sentia fome. Virei meu corpo para observar um pouco das pessoas e vi algo que quase derrubei a pizza da minha mão.
Mastiguei mais lentamente e um embrulho tomou conta do meu estômago, era como se eu pudesse passar mal a qualquer instante. Um arrepio me dominou e fiz uma careta. Bem diante de mim, alguns passos na minha frente, ela estava com outro garoto, da nossa sala, e ambos dançavam juntos e mantinham seus rostos próximos e se beijavam eventualmente.
É aquilo que dizem: a sensação é de uma faca entrando pelo peito e atravessando do outro lado. Engoli a pizza que ainda estava na minha boca, joguei a fatia mordida por ali e passei as mãos pelas minhas calças, sentindo meus olhos arderem.
Andei até a parte externa da casa e respirei fundo. Se controla, era a única coisa que passava na minha cabeça naquele momento.
Mentira.
Passei as mãos pelo rosto e cabelos, os joguei para trás. Olhei para os lados, como se procurasse alguém, mas não encontrei ninguém. Vi outra mesa, igual à de dentro da casa, com bebidas e algumas comidas. Me aproximei sem pensar duas vezes.
Ela beijando ele.
Peguei a primeira garrafa que vi, não fazendo ideia do que era aquilo.
Ele passando a mão pelo corpo dela.
Alcancei um copo e coloquei o líquido dentro, tentei sentir o cheiro e fiz uma careta com isso.
Os dois dançando juntinhos.
Virei o líquido todo. Não sabia se isso era possível, mas fiz. Senti descer, minha garganta ardeu e refiz a careta de antes ao passar as costas das mãos pela boca e acabei tossindo um pouco.
— Que coisa horrível. — resmunguei comigo.
Dei uma olhada para os lados e todos pareciam bem ocupados. Peguei a garrafa nas mãos e saí em passos rápidos em direção às escadinhas que tinham por ali e me sentei.
“Você é uma gênia.”
Enchi novamente o copo e tomei mais uma dose, a careta voltou a fazer parte do meu rosto, porém aquela coisa horrível em meu peito doía menos.
A cada dose virada, a cada careta, a dor diminuía mais e mais. Em determinado momento, a careta não estava mais presente e eu não sentia mais nada.

3h00am

Não soube como, mas um tempo depois me levantei. Senti as minhas pernas fracas, ainda assim, caminhei. Joguei a garrafa vazia dentro da piscina e continuei andando, um pouco cambaleante, em direção à parte interna da casa.
A música continuava no mesmo volume e não me incomodava mais, muito menos a quantidade de pessoas. Passei os olhos, meio embaçados, pelo local e muita gente já havia ido embora, então o movimento estava bem menor. Andei pela casa até que a vi sentada no braço do sofá e curvada para o lado.
Caminhei até ela, firmemente e engoli seco. Pela bebida minha garganta estava seca e sentia minha boca ruim. Me aproximei, senti o olhar dela sobre mim e neguei com a cabeça.
— Oi, Parker. — ela sorriu abertamente e cruzou as pernas.
— Você não poderia ter feito isso comigo. Não poderia. — apontei pra ela.
Ayla franziu o cenho e eu entendia a sua confusão. Fechei os olhos momentaneamente, no entanto, a bebida tomava 100% conta do meu corpo e minhas atitudes.
— Eu te amo pra caralho e isso não é de hoje. Pra caralho. — simplesmente falei, sentia meu peito doer.
Passei a língua pelos lábios superiores e recebi de volta um olhar confuso e, ao mesmo tempo, magoado. Algumas pessoas se aproximavam e eu sabia que estava chamando a atenção.
— Você quer saber? Essa é a verdade. Essa é a verdade que eu carrego dentro de mim há anos. Era o que queria ouvir, não era? — despejei todos os meus sentimentos para cima dela.
Era o correto? Não. Era o que eu queria estar fazendo? Não. Era o que ela precisava ouvir? Talvez.
Mordi meu próprio lábio inferior, ao mesmo tempo em que sentia meus olhos arderem como se aquele momento fosse derradeiro em nossas vidas.
A olhei pela última vez e saí dali em passos rápidos, sentindo um calor absurdo tomar conta do meu corpo e fui andando pra fora até chegar na rua. Passei as mãos pelo rosto e puxei os meus cabelos fortemente.
Que merda eu tinha feito?

1h15pm

— Você não quer comer nada? — minha mãe indagou baixo ao se levantar da minha cama.
Neguei com a cabeça e me afundei no edredom, suspirei e pensei que se fosse por mim não sairia dali pelas próximas semanas. Ficaria recluso até a volta da pausa de Natal. Ela concordou com a cabeça e deixou o quarto. Olhei pelo cômodo e comecei a repensar a noite de ontem.
Fui pegar o meu celular e ouvi um barulho na minha janela, estranhei. Havia falado pra Arthur que não receberia ninguém hoje, tanto que peguei meu celular e ligeiramente teclei uma mensagem com ele.
“Eu tô maratonando Homem Aranha com o meu irmão mais novo.”
Outro barulho de leve na janela do meu quarto como se fosse alguém jogando alguma coisa. Me coloquei de pé, caminhando até o local e tirei a cortina da frente. Quando abri, senti uma pedrinha no meu rosto e fechei os olhos com aquilo.
— Cacete! Desculpa! — ouvi a voz de Ayla e franzi o cenho. — Posso subir? Você me deve respostas.
Imediatamente meu rosto esquentou e eu sabia que estava vermelho como um pimentão. Apenas concordei, engolindo seco e saindo da frente, já que sabia que ela conseguiria subir pela lateral da casa que possuía uma escada.
Em poucos segundos ela estava passando a perna pela minha janela e entrando no meu quarto. A olhei de cima a baixo e ela conseguia ficar ainda mais linda com o passar das horas.
Observei ela dar uma olhada pelo meu quarto e rir fraco do poster de O Senhor dos Anéis na parede.
— Você tá bem? Falei com a Julie e ela disse que não estava muito bem.
Me sentei na cama e dei de ombros.
— Fiz muita coisa errada ontem. Na verdade, preciso te pedir desculpas pela forma como agi e me dirigi a você. Sinto muito. — usei um tom de voz baixo.
— Você lembra de tudo que falou pra mim ontem? — Ayla se sentou ao meu lado e indagou.
— Infelizmente sim. — murmurei e ela soltou uma risada fraca.
— Eu te desculpo, de verdade. Já passei por isso. — ela suspirou e franzi o cenho. — Só quero que saiba que você é muito legal, Parker, mas...
Neguei com a cabeça enquanto a olhava.
— Não precisa dizer isso. Eu entendo. Agora entendo.
Ficamos em silêncio e fiquei pensando: em qual momento na festa entendi que poderia dizer a ela o que sentia na frente de todo mundo?
— Podemos ser amigos? — a pergunta dela me surpreendeu.
— Se você quiser. — ri fraco.
— Se você quiser, eu quero.
Apenas concordei com a cabeça enquanto soltava uma risada fraca. Não fazia ideia de como seriam os próximos dias, afinal, eu era apaixonado por ela há muito tempo. Meu coração já entendia aquilo, no entanto, ele teria, com o passar do tempo, que entender que eu e Ayla éramos apenas bons amigos e ficaríamos assim para sempre.




FIM.



Nota da autora: Sem nota.

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