Finalizada em: 12/06/2022

Capítulo Único

sempre correu atrás de seus sonhos!

Desde muito jovem, sabia que queria obter sucesso profissional, ser alguém na vida e dar uma vida melhor para sua mãe. Ainda no colégio, resolveu que seria diretora de cinema e não só uma diretora, a melhor diretora, aquela que as garotas se inspirariam no futuro, que faria discursos tão maravilhosos que refletiria em como as pessoas a viam e, mais que tudo, aquela de quem sentiria orgulho e daria orgulho a sua família.
E trabalhou duro para aquilo! O foco nos estudos foi algo primordial e mesmo depois, quando teve que trabalhar em vários empregos de meio período enquanto nenhuma produtora acreditava no seu potencial, não desistiu em nenhum momento e não vacilou naquela decisão de correr atrás e só parar de correr quando a última possibilidade estivesse esgotada.
Começou a escrever seus próprios roteiros e começou na indústria cinematográfica vendendo suas histórias, depois passou a roteirista com suas obras originais e adaptando obras de terceiros, e, depois de alguns bons anos e muita luta, finalmente chegou onde almejava: virou diretora de cinema. E era realmente muito boa.
Havia recebido o Oscar de melhor direção, filme estrangeiro e melhor filme – que era o maior prêmio da cerimônia, filme que, além de dirigir, escreveu e produziu, fora, é claro, os muitos prêmios dentro e fora do país onde cresceu e viveu tantos anos. Tinha alcançado enfim seu objetivo: tinha dinheiro, fama, um emprego que possibilitava, para sua mãe e para ela mesma, estabilidade, além de uma casa linda onde vivia atualmente e algumas outras em outros países para as férias e quando queria tirar um tempo.
Com cinco prêmios brilhantes de ouro em formato de homem careca em pose, havia chegado ao ápice de seu sonho, mas, mesmo assim, sentia que algo faltava dentro de si. O relacionamento com sua mãe sempre foi incrível, tinha amigos incríveis, que torciam pelo seu sucesso e por sua felicidade. A vida era boa, não tinha do que reclamar e era aquilo que a incomodava, e ela sabia muito bem o que faltava.

ELE!

Não só o amor. Ela poderia englobar uma coisa mais específica, como o amor da sua vida, aquele que ela amou e ainda amava desde que era uma jovem garota sonhadora.

? ― chamou a amiga pela segunda vez no carro em que estavam indo embora do evento.

era a melhor amiga de desde que se entendiam por gente. Viveu muitos momentos com ela, inclusive a época em que ELE aconteceu, e lá estava ela, sendo a melhor assessora que a carreira de poderia ter. Elas eram o par perfeito, brincavam que nunca tinham se casado, pois o destino delas era acabarem velhas, ricas e juntas em alguma ilha grega.
― Não, ! ― sabia o que a amiga ia propor mais uma vez: que fossem a alguma after party para as quais foram convidadas durante toda a premiação.
― Mas é a festa do...
― Se você quiser ir, vai, eu não estou afim. Além do mais, amanhã nosso voo sai cedo e eu não quero passar as muitas horas que vamos enfrentar naquele avião de ressaca. ― estava realmente cansada, queria tirar aquele vestido bufante, aqueles sapatos apertados e ainda estava com aquela angústia apertando a boca do seu estômago e seu coração, e que aparecia de tempos em tempos.
― Se você ficar pensando nele, vai ser difícil beijar a boca de algum hollywoodiano famoso, dona . ― disse, olhando alguma coisa em seu aparelho celular. ― Eu não posso aparecer sozinha na festa, meu amor. Quem foi convidada foi você e eu já ia de gaiata. ― Se esparramou no banco do carro.
― Eu não estou pensando nele, e ele está noivo...
― Daquela víbora! ― interrompeu.
! ― não gostava que a amiga nutrisse rancor pelas pessoas. Yerin era realmente uma pessoa horrível, que estava naquele relacionamento por mídia e interesse, mas odiar ela não anularia o fato de que ela se casaria com ele dentro de poucos meses e aquilo definitivamente não era problema delas há muito tempo.
― Ela é, . ― pouco se importava se a amiga gostava ou não que ela xingasse a outra, ela ia xingar sempre que podia.
― Enfim, não vamos e você vai me agradecer amanhã, quando pegar aquele voo sem enjoos ou dor de cabeça. ― Ela tentou mudar de assunto, sabia que pesaria na dela se desse corda àquele assunto ou sobre o passado.
― Você me odeia, eu sei. ― O drama de era sempre o mesmo.
― Eu te amo, isso sim! ― só queria dormir depois de tomar um longo banho. Sabia que a amiga tinha ciência daquilo e que ela tinha boas intenções quando queria arrastá-la para mais uma loucura que ela encontrava pela frente, mas naquela noite não rolar ia mesmo.

Mesmo a contragosto, foi para o hotel e as duas estavam em pé no horário certo para chegarem a tempo ao aeroporto que não ficava muito longe de onde se hospedaram. Preferiram um lugar mais perto do aeroporto que da premiação, conseguiriam entrar no Oscar o momento que fosse, agora no avião não, e todo o caos do trânsito da cidade fez com que elas tomassem aquela precaução. Mas estava com uma dor de cabeça terrível, parecia que estava de ressaca, o corpo doía um pouco também e seu estômago estava extremamente enjoado.

― Se a gente tivesse saído, pelo menos você teria beijado alguma boca! ― disse para quando viu que a amiga não estava bem, entregando um remédio bom que ela sempre tomava quando estava de ressaca. E mesmo sabendo que a amiga não tinha bebido todo o whisky do frigobar, os sintomas eram os mesmo de quando ela bebia.
― Cala a boca, , pelo amor de Deus, você não está me ajudando. ― Ela enfiou o comprimido goela abaixo e tomou um bom gole de água para ajudar a descer.
― Não tô falando isso para te ajudar não, mas espero que melhore. Temos aquela entrevista com aquele site que eu detesto assim que pousarmos, porque eles não quiseram fazer por telefone. ― Ela anotava algo em seu tablet, e só queria não ter que viver no próximo mês, estava realmente se sentindo mal.

Dormiu a viagem toda, o que não foi de todo ruim, mas quando acordou depois de muitas horas dormindo, não tinha melhorado absolutamente nada. Até mesmo ficou preocupada, geralmente quando a amiga ficava daquele jeito, dormia muitas horas e depois acordava como nova. Podia ser alguma virose ou intoxicação alimentar. Então, assim que pousaram, enquanto o resto da equipe pegava as malas e esperava os carros de transporte, resolveu desmarcar todos os compromissos que tinham pelo menos aquele dia, até que o médico visse o que tinha.

― Tudo que eu precisava! ― disse vendo e Yerin vindo na direção delas, de mãos dadas e com aquele sorrisinho vitorioso da outra mulher nos lábios, como sempre vestia quando encontrava com elas.
― Acho que alguém jogou uma praga em você e dessa vez eu juro que não fui eu. ― disse olhando a mesma cena que a amiga, depois de desviar o olhar do tablet quando a amiga falou aquelas palavras.
― Oi, meninas. ― Ele disse, muito educado e cordial. ― , você está bem? Está pálida...

E assim que ele tocou o braço dela, tudo se apagou, um grande preto tomou conta da visão e da mente de .

Já era de manhã quando despertou. Achou estranho o toque do despertador, seu celular não tinha aquele toque, mas como, pelo que se lembra, desmaiou no aeroporto no dia anterior, provavelmente estava na casa de e nunca sabia qual era a música de despertador da amiga, sempre acordava antes dela e a chamava, fazendo com que ela desligasse o som antes mesmo dele tocar. A música tocou mais uma vez e fez a cabeça de pulsar, não estava mal como no dia anterior, mas sua cabeça ainda estava doendo. Quando o alarme soou pela terceira vez e ela enfim se levantou, notou que aquela não parecia a casa da amiga, estava retrô demais e assim que os olhos bateram no poster da boyband que ela era apaixonada quando era mais nova, o Backstreet Boys, soube que definitivamente não estava na casa de , ela preferia mais o Boyzone.
Quando olhou para o lado, viu um walkman também muito parecido com o que tinha, um Sony sports amarelo com preto que ela tinha desenhado um L com esmalte para não misturar com o de sua melhor amiga, que era igual. Falando em sua melhor amiga, uma foto das duas abraçadas, que tinham tirado no verão antes de ela comprar o telefone transparente azul claro que ficava exatamente do lado da imagem, estampava o porta-retratos vermelho do Mickey.
Pensou que aquele fosse o sonho mais bizarro que já tinha tido na vida, mesmo parecendo real demais para ser um sonho, e gostou de estar naquela atmosfera, lembrava o passado e ela simplesmente amava sua vida naquela época. Não que não gostasse agora, mas era definitivamente melhor, não tinha tantas responsabilidades assim. Voltou a se deitar, talvez se pegasse no sono no sonho, acordasse na vida real, e precisava cumprir os compromissos, sabia que não estava bem, mas precisava ficar.

, você está doente? ― Escutou Louis, seu irmão mais novo, perguntar e algo dentro de si se encheu de um sentimento estranho. Tinha tanto tempo que não via o rapaz que quis chorar de saudades ali mesmo. Ele era 11 anos mais novo que ela, e quando estava crescendo, ela estava ocupada com os trabalhos, e depois que ela se estabilizou, mandaram ele para estudar fora, que era seu sonho, e eles se viam muito, muito pouco. Ele tinha se mudado para os Países Baixos e as agendas dos dois eram muito corridas.

― MAMÃE, ACHO QUE A MORREU! ― Ele gritou, saindo do quarto da irmã que não se mexeu.
― Não fale isso, Louis. ― Ela ouviu a mãe falar, repreendendo o garotinho.
― Mas mamãe, ela ainda está na cama, ela nunca falta a aula. E ela não mandou eu sair do quarto quando eu entrei lá. ― O tom preocupado dele era real.
― Ela só deve ter estudado até tarde de novo, meu amor. ― O tom dela era mais terno. ― Eu vou lá ver o que ela tem, não mexa nas panelas.

E escutou a mãe subindo as escadas. Por mais que ela quisesse, não conseguia acordar daquele sonho.

― Filha, você não vai para a escola? ― A mais velha se sentou na cama dela e fez carinhos nos cabelos dela, constatando que não estava quente, então não era febre.
― Posso faltar hoje, mamãe? Não estou me sentindo bem. ― Quando era menina nunca faltava às aulas, nem doente. Mas como aquele era um sonho e ela podia fazer o que quiser, não estava afim de ir para a escola, não naquela realidade.
― Posso ligar para o seu professor e ver se a gente pode remarcar seu teste, sei que é um importante, mas para você não querer ir, deve estar realmente mal. ― Ela se levantou. ― Vou fazer aquela sopa que você gosta, pergunte a se ela pode trazer a matéria depois para você, eu deixo um lanchinho pronto. ― sorriu e saiu do cômodo.

estava impressionada com como aquele sonho parecia real. Era cheio de detalhes e de memórias afetivas, queria muito se lembrar dele quando despertasse, ia enlouquecer e incentivar que ela o transformasse em roteiro, com a maior certeza.
Ficou com uma estranha vontade de ir ao banheiro, o que não era difícil de acontecer quando sonhava, então resolveu se levantar e ir ao banheiro para que não molhasse a cama. Talvez se ela se movesse, finalmente despertasse.
Ao colocar o pé no chão, pisou sem querer em um dos cartuchos do Super Nintendo que dividia com o irmão, cada final de semana ficava com um.

― AAAU. ― Ela deu um grito, doía demais pisar naquilo, mas o que mais assustou foi sentir aquela dor. Como poderia ser um sonho se estava sentindo aquela dor?

Começou então a se beliscar e sentir dor. Se deu pelo menos dois tapas na cara, antes de notar o irmão parado na porta de seu quarto com a boca aberta. Ela não disse nada, só olhou para ele com cara de poucos amigos e ele saiu correndo dali para seu quarto.

— Eu ainda lembro o antigo número da ? Preciso ligar para ela, mesmo que seja um sonho. Vamos, , pensa... — Ela disse sozinha, puxando o telefone até ela e sendo impedida de ir muito longe devido ao fio que o grudava na parede. — 576... hmm isso, final 96. Atende, , atende...
Alô? — Ouviu a voz da pequena June atender o telefone.
— Oi, June, sua irmã tá por aí? — tinha se esquecido de como a irmã mais nova de adorava atender ao telefone.
— Ela tá, espera aí...

Ouviu a criança largar o telefone no móvel e sair correndo e gritando a irmã pela casa, sem dar tempo para que agradecesse.

PODE DESLIGAR, EU JÁ ATENDI! gritou e quase deixou surda do outro lado da linha. — Olá, flor do dia, por que se tá me ligando? Não me diga que está doente e não vai para a escola. Você sabe que o teste de hoje é primordial para nossas férias de verão, não sabe? O professor de gramática odeia a gente e vai fazer de tudo para prolongar seu tempo na escola e vai atrasar nosso simulado de férias, o que vai atrasar o tempo que eu vou passar beijando a boca do primo gato do seu não namorado, que vai vir passar as férias na casa dele. despejou sem nem ouvir o que a amiga queria e respirou fundo atrás do ar que faltou devido à forma rápida que falou.
??? — riu. — Tinha esquecido de como você era desesperada na nossa adolescência!
Como assim era? Ainda somos adolescentes, inclusive, esse é nosso último verão como adolescentes normais antes de toda a loucura de faculdade e empregos de meio período, então, por favor me diz que não tá doente! — Era engraçado como a amiga parecia muito desesperada por aquelas férias. Pelo que se lembra, foram as piores férias da vida dela, seus pais se separaram, e embora a tivesse pedido em namoro naquela época, foi um relacionamento difícil na vida da amiga.
— Ai, , você vai ter tempo de beijar a boca do quantas vezes quiser, vai até enjoar. E quando ele te pedir em casamento no segundo ano de faculdade e quiser que você vá para a China com ele, vai tudo desandar, então vai ter bastante tempo para ficar grudada no primo do meu não namorado. — Ela riu, mas não foi acompanhada pela amiga.
Do que você está falando? Você por acaso bebeu o vinho da sua mãe escondido de novo? Eu vou contar para a tia, não tem graça nenhuma, o não é emocionado. geralmente tinha um humor maravilhoso, mas antes de uma prova, ainda mais aquelas últimas antes das férias, ela estava vivendo praticamente por aquilo nas últimas semanas.
, o sonho é meu. Por favor, me deixe em paz. — disse, querendo socar a amiga por fazê-la lembrar do episódio vergonhoso da vez que tomou o vinho da sua mãe e ligou para cantando uma música que ele nunca disse para ela qual era, mas ela sabia que tinha feito aquilo.
Sonho? Com quantos graus de febre você está? Que delírio é esse? Você nunca foi boa inventando desculpas, amiga. A gente estudou para essa prova, não precisa ter medo e eu sei que passou a noite estudando, por favor, por favor...
— Ai, , tá bom. Pede para a sua mãe passar aqui que eu vou.

E ela desligou antes que a amiga falasse mais alguma coisa, e claro, talvez acordasse antes de ter que fazer prova. Ela detestava como as provas mexiam com as emoções das pessoas, e eram medidas falhas para medir se uma pessoa assimilou ou não o conteúdo. Todo mundo ficava nervoso, dava branco, o desgaste emocional nunca era levado em consideração.

Não acordou...

Lá estava ela, sentindo o frio na barriga e a vontade de vomitar antes do teste começar, mesmo já tendo estudado aquilo e feito aquela prova. Fazia tantos anos e ela se arrependeu em não repassar a matéria na hora do almoço, quando propôs, jurava que ia acordar a qualquer momento. Mas ali, sentindo aquela náusea tão forte, pensou que aquilo poderia não ser um sonho, o que seria loucura, porque a outra opção era viagem no tempo. Um pânico se instalou no sistema nervoso dela e tudo o que ela não precisava naquele momento era aquele surto.

? Você está bem? — perguntou nervoso quando viu que ela estava com os lábios brancos e percebeu que ela estava um pouco gelada quando colocou a mão sobre a dela. — Quer que eu te leve para a enfermaria?

E mais uma vez sentiu vontade de chorar quando o ouviu falar e tocar nela. Tinha passado a manhã toda fugindo dele, sabia que mais cedo ou mais tarde aquele sonho a levaria até ele e ela não precisava vê-lo naquele cenário, acordaria triste e nostálgica. E ali percebeu o quanto realmente sentia saudades dele e tentava esconder.

, acho que ela não está bem. Quando passei para buscá-la, a tia disse que ela acordou se queixando que estava mal, achei que era o nervoso pela prova, mas por essa cara dela, acho que era verdade. — estava nervosa, poucas vezes viu a amiga passando mal daquela maneira.
— Vamos levá-la para a enfermaria. — O rapaz disse, colocando um dos braços dela no ombro dele e segurou sua cintura para auxiliar o apoio do corpo.
— O que está acontecendo aqui? — O professor disse olhando quando levantou o corpo de e abriu caminho para que saíssem do local.

E antes que qualquer um dos dois pudesse responder, sentiu o estômago embrulhar e não conseguiu segurar o vômito, sujando não só o chão, como os mocassins de camurça marrons que o professor usava.

— Santo Cristo, levem ela para o ambulatório, a prova está suspensa até a próxima aula, estão todos dispensados. — O mais velho disse, sacudindo o pé e saindo da sala depois que e saíram com , que estava quase desmaiada de tão mole.

Ela não sabe o que ou quando aconteceu, mas a última coisa que lembrava era de a pegando no colo e correndo mais à frente para pedir ajuda ao médico da escola. Quando abriu os olhos, viu um teto branco com luzes fluorescentes. Não sabia onde estava, sua cabeça ainda girava e latejava um pouco. Pensou que enfim tinha acordado no “mundo real” e estava em algum hospital, aquele teto parecia de um hospital comum, mas percebeu que não era, quando viu no topo da parede, as três listras coloridas com a cor da escola.

“Bordô, marinho e esmeralda, são as cores do sucesso...”

A música tema da escola brotou na mente dela e ela não queria acreditar. Estava mesmo presa no passado, tinha mesmo voltado no tempo, mas não sabia o que aconteceria dali em diante, como voltaria ao futuro e o principal: POR QUE TINHA VOLTADO!

Ela acordou! ...

Ouviu a voz do rapaz que conhecia bem avisar à amiga.

Onde está aquela mulher?

Ouviu ele se manifestar mais uma vez, mas dessa vez ele estava entrando pela porta.

, como você está? O que está sentido? O enfermeiro disse que tava desidratada, sem comer há muito tempo, ficou até tarde estudando e pulou refeição de novo? Você sabe que não deve...
! — Ela o chamou para que ele parasse de falar e respirasse.
— Desculpe, eu não devia fazer tantas perguntas para alguém que acabou de acordar. — Ele fez carinho no rosto dela e, embora não namorassem, eles se tratavam e se comportavam como namorados, se preocupavam e se gostavam como, mas, sabe-se lá Deus porque, não namoravam. Talvez por ela estar sempre ocupada e estudando demais para terem um encontro, talvez por ele ser um dos caras mais populares da escola e estar rodeado de meninas e de atenção.
— Tudo bem, mas e como foi na prova? — A mente dela estava um pouco embaralhada, não lembrava muito bem o que tinha acontecido antes de desmaiar.
— O professor adiou depois que você vomitou seu cereal nos sapatos dele. — disse, entregando uma caixinha de água de coco para ela.
— Meu Deus, que vergonha. — Ela disse e começou a tomar a bebida que a amiga lhe deu.
— Nada tão vergonhoso quanto aquela vez que você ligou bêbada para nosso amigo aqui... — deu dois tapinhas no ombro de .
! — Os dois falaram juntos, em um tom de repreensão.
— Vocês são uns chatos. Tenho ensaio com a banda agora, cuida bem da minha amiga, e , por favor, nunca mais deixe eu insistir que você venha ao colégio quando estiver doente. Amo vocês. — disse apressada e saiu da sala, deixando os dois novamente sozinhos.
, acho que enlouqueci! — Ela disse, quando viu o diretor passar na frente da porta. Ela tinha ido no enterro dele porque sua avó e ele sempre foram grandes amigos e não podia acreditar que estava o vendo vivo novamente.
— Por que, ? Foi só um vômito no sapato feio do professor. Lembra no quinto ano, quando aquele menino da turma 7 começou a vomitar no refeitório e algumas outras crianças vomitaram porque ele vomitou e tivemos que almoçar ao ar livre por uma semana por que o refeitório ficou com aquele cheiro horrível? — Ele riu, fazendo com que ela risse junto.

Pela primeira vez desde que aquela loucura começou na cabeça dela, conseguiu rir e relaxar, e soube que era por causa dele. A presença dele a fazia bem sempre, e em nenhum momento em todos aqueles anos tinha se esquecido da forma como se sentia confortável, animada e segura quando estava com ele.

Depois de duas semanas vivendo um dia após o outro como “ adolescente” já tinha aceitado sua nova condição. Ajudou mais a mãe, ficou mais tempo com o irmão, fez caridade e ia superbem na escola. Nada do que fizesse a levava de volta para o futuro, então passou só a viver e aproveitar cada momento. Quantas pessoas na vida conseguiam voltar para uma das melhores épocas de suas vidas? Mas por mais que aquilo fosse muito legal, sentia que tinha voltado para encontrar um propósito e se sentia incomodada com aquilo.

— Já sei! — disse do nada, fazendo com que quase se engasgasse com o sanduíche.
— Não, , eu não voltei no tempo porque preciso te dar um sobrinho para mimar assim que sair do colégio. Você nem comenta sobre filhos meus no futuro, já disse somos muito ocupadas com nossas carreiras para pensar em sobrinhos ou filhos, e sua irmã vai te dar três, eu já te disse isso mil vezes. — tentava desistir daquele assunto, mas depois que contou e provou para que tinha mesmo vindo do futuro, a amiga lhe enchia de teorias de tempos em tempos.
— Minha irmã é muito nova. O que custa você me dar um sobrinho agora? MAS NÃO É ISSO! — Ela disse um pouco mais alto a segunda parte. — Eu acho que você deve aceitar aquele pedido de namoro que um certo não namorado seu vai fazer...
— Durante as férias de verão! — Elas disseram juntas.
— Como você sabe disso, ? — Ficou intrigada, tinha contado muitas coisas para a amiga, mas nem ela se lembrava direito daquele detalhe, mesmo ele sendo decisivo para que prestasse faculdade em outro estado para não atrapalhar ela e as vidas tomaram nichos diferentes.
— Não é só a senhora “De volta para o futuro” que sabe das novidades antes de acontecerem. Ter um relacionamento não definido com o primo gatinho do seu não namorado tem mais vantagens do que você imagina. — Ela piscou para a amiga e pegou um montinho de batatas fritas no prato dela.
e aquela boca enorme dele. — Riu. — Mas não pode ser, , não pode ser isso. Você sabe que eu não posso me envolver com ninguém até conquistar meu objetivo. — disse derrotada. Nem que tivesse que fazer os mesmos passos, não abriria mão de tudo que conquistou por causa de um amor.
— Você pode ser a grande diretora de cinema famosa ganhadora de um Oscar. — soltou um gritinho quando disse a palavra “Oscar”. — E viver um amor também. Quem sabe com ele ao seu lado as coisas não fiquem mais fáceis? E ele é lindo, vocês me dariam sobrinhos lindos e eu quero sair para passear com crianças lindas. — Ela comeu mais da bandeja da amiga.
— Não vou comentar nada sobre meus futuros filhos e vou garantir que fiquem bem longe de você. — puxou sua comida para si, para que a amiga não comesse mais. — Será? Ele é tão doce, tão maravilhoso, educado, cheiroso, me deixa confortável, me sinto sempre animada e segura ao lado dele, mas será que vai dar certo? — Disse pensativa e deu um tapa de leve na mão de , que aproveitou se seu momento filosófico para tentar roubar mais comida.
— Você não vai saber se não tentar, e se não for, você volta para o passado de novo. — Ela disse dando de ombros.

As férias de verão chegaram mais rápidas do que pôde perceber. Estava empenhada nos estudos e organizando os melhores empregos que teve enquanto cursava a faculdade para otimizar o tempo. Se recusava a trabalhar duas vezes vestida de galinha no “Frango frito do Many” para descobrir depois de um mês inteiro que seu salário eram alguns cupons de descontos para comer na loja. Ou aquele emprego para entregar panfletos que fez com que ela gastasse todo o dinheiro no médico e com remédios pela alergia que pegou por usar aquela fantasia nojenta no calor de mais de 30 graus.

— Está pronta para passar quase duas semanas inteiras longe da sua mãe, com a que não cala a boca? Uma ótima menina, eu gosto muito dela, mas não sei como você não enlouquece. — A mais velha riu, arrumando algumas roupas na mala da filha.
— A senhora sabe que a culpa é toda sua, não sabe? Podia dizer para a tia que eu estava de castigo, ou sei lá, que precisava de mim nessas férias! — se jogou na cama e respirou fundo.
— Não aja como se você não quisesse passar esse tempo com a sua melhor amiga e longe de suas obrigações aqui em casa. Eu posso sentir a sua alegria por não ter que colocar o lixo para fora, ou lavar a louça. — Elas riram. — Quem sabe você não comece a namorar aquele garoto, como é o nome dele mesmo?
!

Ouviram Louis passar gritando pelo corredor.

— Isso mesmo! — A mãe fechou a mala e se deitou ao lado da filha. — Ele é um bom menino e parece que vocês se gostam de verdade. — Fez carinho nos cabelos da filha.
— Claro que não, mamãe, eu preciso focar no meu futuro. A senhora sabe como é difícil conquistar as coisas, quando temos tanto para pagar, e eu sei que a senhora não gosta de falar disso, mas a gente sabe...
— Eu sei, meu amor, e eu sei que você sabe e se cobra e se esforça, mas a vida já é tão dura para deixarmos o amor passar. Eu amei tanto o seu pai e nos momentos mais difíceis era nele que eu me apoiava e recarregava as minhas energias. Eu tive que trabalhar duro, mas eu fui muito feliz. Espero que você também tenha isso.

E antes pudessem falar mais alguma coisa, ouviram um barulho alto de vidro se partindo.

— LOUIS! — As duas gritaram junto e correram para o outro cômodo, para ver o que havia acontecido.

As palavras tanto de quanto de sua mãe ficaram rondando a cabeça de durante aquela noite, sabia o que tinha que fazer para ter sucesso, sabia que amava aquele cara, mas sabia que se apostasse naquilo poderia nunca chegar onde chegou ou dar à sua família tudo o que eles tinham no futuro, e aquilo a deixava confusa.

, acho que estamos sobrando aqui! — disse rindo, enquanto e não paravam de se beijar, já tinha uma boa meia hora.

O grupo de amigos, que consistia basicamente em , , , e mais três amigos que sempre viviam juntos, resolveu alugar uma casa em uma cidade do litoral para passar as férias de verão. Como já estavam praticamente adultos, os pais resolveram dar um voto de confiança e eles fizeram por onde, eram boas crianças, tiravam boas notas e viviam juntos, nada mudaria, só não teriam um adulto com eles. Precisavam ser responsáveis e aquilo era meio que um teste para isso.

— Os outros foram no mercado, quer dar uma volta? — Ele disse, olhando que parecia que estava evitando-o desde o momento que saíram da cidade.
— Vamos, não aguento mais a melação desses dois! — Ela respondeu, talvez estivesse mesmo evitando o rapaz, mas só porque não sabia bem como se comportar ou o que fazer.

Saíram em direção à praia e estava feliz que a casa eram muito perto dali, detestava caminhar muito até chegar à areia, porque se cansava e aproveitava menos a brisa do mar, porque sempre queria voltar logo, sabia o quão preguiçosa e sedentária era.

, eu te fiz alguma coisa? — disse depois de algum tempo que estavam caminhando em silêncio. — Eu sei que te peguei de surpresa quando me declarei na feira de ciências, mas achei que conseguiríamos pelo menos continuar com a amizade. Eu entendi que você quer se focar em você e no seu futuro, mas eu não queria te perder.

Ela se lembrava daquele papo, se lembrava de como aquelas férias tinham sido dramáticas e como depois dela, eles se afastaram ao ponto de ele se mudar de cidade para cursar a faculdade e eles se tornarem, no futuro, os colegas de profissão que eram atualmente, ela diretora de cinema e ele, um ator renomado. Sentiu o coração palpitar naquele momento, as palavras que escolhesse usar afetariam seu futuro de qualquer forma.

— Eu sinto muito, , eu não queria ficar assim com você, mas acontece que eu gosto de você e se eu não me afastasse, talvez eu não conseguisse me focar e conquistar meu sonho...
— Eu entendi, , e eu jamais ficaria entre você e os seus objetivos, eu só não queria te fazer mal de nenhuma maneira. — Ele suspirou e ela sabia como ele era sincero. Sabia que ele nunca a impediria de trabalhar ou de estudar ou de fazer o que quer que fosse para conquistar a vida melhor que ela sempre dizia para os amigos.
— Agora eu sei que não vai, e se ficar, eu posso terminar com você, né? A gente não nasceu grudado. — Ela riu e ele deu um sorriso, talvez não fosse a hora para piadinhas, mas não conseguiu conter.
— Não precisa fazer isso por mim, , sério, eu já entendi minha posição na sua vida. — O sorriso lindo ainda estava no rosto dele, e aquilo significava que ele estava mesmo disposto a fazer o que fosse para não atrapalhá-la.
— Eu não vou fazer isso por você, quero fazer por nós, eu sei o que não me deixa plenamente feliz, mesmo eu tendo tudo o que eu almejei por tantos anos. Eu sei, eu só tinha medo de aceitar isso. É você, , você é o que falta para eu ser feliz no futuro.

A confusão no rosto dele passou assim que os lábios dela encontraram os dele. O beijo – que não era o primeiro entre eles – foi um momento que selou o futuro, colocou o destino no eixo e fez com que sentisse que realmente era sobre aquilo, por aquilo.

O barulho costumeiro de risadinhas e o cheiro doce de café logo pela manhã, sempre enchiam o coração de de um sentimento que ela não saberia explicar se perguntassem.

— Xiiiiiiiiu.

Ouviu alguém sussurrar e mais algumas risadinhas no ar. Queria abrir os olhos, mas também queria prolongar aquele sentimento que preenchia seu peito.

— Ei, volta aqui!

Ouviu outra voz sussurrando, mais perto de si agora.

— O que os amores da minha vida estão aprontando? — perguntou sem abrir os olhos, mas com um sorriso largo nos lábios.
— Nada, mamãe. — escutou Dabin, sua filha mais velha, falar.
— Nada mesmo, mãe. — Dayong disse, com a voz de sapeca que o mais novo tinha.

Não se incomodava mais em ser acordada. Quando mais nova, detestava. Mas depois que teve os filhos, aprendeu que nem sempre ser acordada era ruim, ainda mais se recebesse o carinho dos mesmos. Claro que os beijinhos de Dayong eram mais molhados e demorados, mas porque ele ainda era um neném com seus seis aninhos. Quando Dabin tinha essa idade, era igual, não que com seus quase doze anos não beijasse mais a mãe, mas era um carinho diferente.
então se sentou na cama e abriu os braços para que os filhos chegassem mais perto dela em um abraço em grupo.

— O que eu falei sobre acordar a mamãe? — Escutou falar do corredor enquanto chegava à suíte do casal.
— Está tudo bem, meu amor, eu já estava acordada! — Ela sorriu e o marido se aproximou, selando os lábios.
— Que bom, então vamos tomar café da manhã e comemorar aqueles cinco homens carecas de ouro que estão na estante dos prêmios da mamãe antes que a tia apareça para levar vocês para aquela visita ao museu arqueológico que ela prometeu, e eu sei que o está mais empolgado que ela. — disse olhando para os três amontoados na cama, e abriu aquele sorriso lindo que tanto amava.
— Eba, Eba, a tia vai levar a gente naquela lanchonete, Dabin. Vai ser tão legal. — Dayong disse animado, levantando da cama da mãe e puxando a irmã pela mão.
— Vai, mas só se você se comportar! — A mais velha acompanhou o irmão e os dois foram para a cozinha.
— Como a diretora de cinema mais renomada de todo o país está essa manhã? — perguntou, se sentando ao lado da esposa e abraçando o corpo dela de lado.
— A pessoa mais feliz e sortuda desse universo. Obrigada por me apoiar e por ser o grande amor da minha existência! — Ela disse selando mais uma vez os lábios.

E estava realmente feliz e realizada. Os primeiros anos de namoro com , depois que saíram do colégio, foram difíceis. Lutaram por suas carreiras e por algum tempo ponderaram se realmente era aquilo que eles queriam, mas depois da faculdade conseguiram se organizar melhor e ali, depois de tanto tempo juntos, com carreiras sólidas e filhos maravilhosos, souberam que tudo o que passaram realmente valeu. Eles realmente pertenciam um ao outro.




FIM.



Nota da autora: Ai ai esse plot, sério eu tô muito feliz em ter escrito isso, talvez tenha funcionado melhor na minha mente? Talvez, mas eu gostei do mesmo jeito, sério. E olha, eu nem sei o que eu faria se pudesse voltar no tempo, mas se eu pudesse escolher um super poder, com certeza seria esse. Espero que tenham gostado de ler, assim como eu gostei de escrever.
E LAAAAAAAAY MEU AMOOOOOOOOOOR, muito obrigada por aguentar meus surtos e eu espero que tenha gostado do meu especial Layhyun kkkkkkkk se sabe que eu te amo, né?
ps: Se quiser conhecer mais fanfics minhas, vou deixar aqui embaixo minha página de autora no site e as minhas redes sociais, estou sempre interagindo por lá e você também consegue acesso a toda a minha lista de histórias atualizada clicando AQUI.


AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL, O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE.





Nota da beta: Sinceramente, eu não tô chorando não. Vocês que tão.
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