Capítulo Único
— Qual a probabilidade de encontrá-la? — Jungkook perguntou desconfortável.
— Definitivamente ela estará lá, vocês iriam comparecer ao evento juntos, mas...
— Eu sei! — interrompeu um de seus assessores. — Não quiseram abrir mão dela? — revirou os olhos.
— Receio dizer que não. — o homem respondeu.
Voltar a Nova York não era a pior coisa que poderia acontecer a ele, pois, sempre precisava estar nos Estados Unidos para shows, campanhas publicitárias, desfiles para grifes e ensaio de fotos para marcas que o contratavam, mas, reencontrar Angel, definitivamente, seria um martírio. Meses atrás, com toda certeza era motivo de uma grande euforia, porém agora o único sentimento que habitava em si era o do desprezo.
Jamais esqueceria do dia em que a encontrou, tão ingênua, em uma agência de modelos, e como seu coração palpitou assim que seus olhares se encontraram, era obvio que ela o conhecia, ficou muito perceptível, a garota não conseguiu disfarçar, mas, isso não o repeliu como sempre acontecia, pelo contrário, ele só pensou em como poderia se beneficiar para ganhar a atenção dela.
“— Eu quero ela! — Angel ouviu quando a voz suave saiu da boca dele.
— Mas, ela não é contratada da nossa empresa, é uma das nossas funcionárias. — o gerente negou o seu pedido.
A garota observa a situação com medo de que perdesse seu emprego, a maior razão de estar trabalhando naquele local era que haviam a prometido um portfólio para que ela pudesse atuar na área. Mesmo que um dos maiores ídolos da Coreia estivesse requisitando a presença ao lado dele, a insegurança tomava conta do seu corpo naquele momento.
Se fosse demitida estaria ferrada.
— Senhor, eu não posso! — ela tentou intervir.
— Só farei as fotos se ela estiver ao meu lado. — o rapaz a ignorou, direcionando seu olhar para Kyle.
— Jungkook, a política da nossa empresa não aceitará isso e você sabe. — o gerente rebateu.
— Pois, pode dizer a eles que estou indo embora. — acenou com a cabeça e deu as costas.
A moça de cabelos longos engolia seco, ele realmente estava tentando destruir a carreira dela que mal havia começado?
— Kyle, diga a ele que eu faço! — Angel disse preocupada.
— O problema não é você! — bufou.
— Vamos perde-lo dessa forma? Ele está indo embora! — soou aflita.
— Ele é muito complicado! — passou uma das mãos pelos cabelos. — Sempre temos que fazer o que ele quer. — falou irritado. — Um tremendo marrento!
— Deu pra perceber, mas, é um dos maiores nomes que temos agora, Liam vai te matar se deixa-lo ir dessa forma. — o fitou nervosa.
— Parece que é seu dia de sorte então! — retrucou, deixando ela um tanto confusa. — Jungkook! — chamou a atenção do rapaz antes que ele abrisse a porta do enorme estúdio.
A grande oportunidade da garota havia finalmente chegado, não achou que Kyle aceitaria com tanta facilidade, pois, de fato ia contra a política da agência, pensou em como o ídolo coreano deveria valer muito dinheiro para que ele mudasse de ideia apenas com duas frases dela.
Ela realmente iria fazer parte de algo gigantesco dessa forma?
Não podia acreditar.
— Vamos ajeitar tudo, ela estará ao seu lado assim como você deseja. — a voz do seu chefe a tirou do devaneio que a rondava.
O rapaz não parava de encará-la enquanto Kyle falava sobre os looks que seriam utilizados, a maquiagem que seria feita e entre outras coisas, mas, os olhos dele a devoravam de um jeito que a prendeu em uma hipnose onde sentiu que não conseguiria mais sair dali até ele ter o que tanto queria.
ELA.
— Jungkook! — sorriu e estendeu a mão.
— Angel... Angel Güler. — respondeu, retribuindo o aperto de mão.
Ele gostou do fato dela não dizer que sabia quem ele era.
— Güler? — ele franziu o cenho.
— É turco. — soltou uma risada fraca.
— Você é turca?
— Meu pai, na verdade.
O semblante dele pareceu menos perdido.
— O que significa? Quero dizer seu sobrenome. — a fitou curioso.
— “Sorridente”. — a garota abriu um enorme sorriso após responde-lo.
Por consequência desse ato ele pode perceber que nenhum outro nome faria sentido para ela, se não “anjo sorridente”. A luz imediata que ricocheteava seus olhos e a paz que ele sentia era diferente de tudo que já havia experimentado, mas, achava difícil descrever com palavras.
— Por que eles não te escalaram antes? — aproximou-se da garota e falou mais baixo para que Kyle não percebesse.
— Eles me prometeram um portfólio assim que comecei a estagiar aqui, então entendi que eu precisaria ter paciência e que seria difícil. — desabafou.
— Isso significa que eu fui seu “anjo”? — ele arqueou uma das sobrancelhas.
Güler não evitou a gargalhada por causa do trocadilho com seu nome e recebeu um olhar de repreensão do seu chefe. Talvez ele não fosse tão marrento quanto havia escutado das pessoas dentro da agência antes da chegada dele, e talvez gostasse de fazer birra para conseguir as coisas, como ela acabara de presenciar, mas, ele era diferente.
— Foi uma bela tentativa! — ela cessou a risada para não receber outra reclamação.
— Funcionou? — questionou, estreitando os olhos.
— Talvez.
— Talvez? O que acha de ser minha Angel? — insistiu e ela segurou a vontade de rir que subiu instantaneamente.
— Você precisa parar com isso! — apontou o dedo indicador para ele.
— Vamos jantar depois daqui, o que acha?
— Eu não acho que seja uma boa ideia...
— Nunca vai saber se não tentar. — deu de ombros.
Como dizer não para o maior astro que ela já tivera visto em sua frente?
— Angel! — a voz da maquiadora veio à tona do outro lado do estúdio. — Cinco minutos!
— Então? — ele insistiu nervoso.
Jungkook poderia ser maior que qualquer oportunidade que pudesse surgir para ela. Odiava pensar dessa forma, mas, não é como se ele não quisesse usá-la por uma única noite e depois fingir que nada aconteceu. Então por que não se tornar alguém que o mesmo jamais poderia ter?
— Eu acho melhor deixarmos isso apenas profissional. — disse cínica.
— O que? — perguntou exasperado. — Está me dizendo não?
— Não misturo pessoal com profissional e, para te lembrar, você quem quis que eu estivesse ao seu lado como modelo, não foi? — levantou as sobrancelhas.
— Você ‘tá brincando comigo? Sabe que posso te tirar da mesma maneira que te coloquei, não sabe? — foi presunçoso.
— Então, pode fazer!
O rapaz não sabia como reagir, Angel parecia doce no início, se odiou por acreditar que seria fácil conquista-la, afinal não era como se precisasse de muito para alguma garota querer ficar por perto dele ou ao menos ter uma noite ao seu lado. Mas, ela era diferente.
— Não se importa que não vai mais posar comigo? — indagou confuso.
— Como você disse, da mesma forma que me escolheu pode me tirar, o que vai ser?
Ele estava atônito com a audácia da garota.
— Angel! — Lauren a chamou novamente para se maquiar.
— Jungkook? — ela o encarou.
— Pode ir! — mordeu o lábio.
A garota ameaçou deixar o espaço entre eles.
— Angel! — falou o nome dela baixinho, mas, o suficiente para que ela olhasse para atrás. — Você ainda vai ser minha!”
A sua memória falhou assim que alguém tocou delicadamente seu ombro, o fazendo despertar do transe em que se encontrava. A mulher repetia a mesma pergunta, mas, ele sentia como se nada fosse real, era algo que sempre acontecia quando Angel vinha a sua memória.
— Senhor? A sua máscara. — ela disse mais uma vez.
— Sim, sim! — respondeu, ao mesmo tempo que colocava o acessório no rosto.
A marca Calvin Klein estava proporcionando mais uma de suas festas e dessa vez seria um baile de máscaras, fazendo referência a última campanha que o astro havia estrelado, justamente com Güler, por isso a ansiedade, ter que estar ao lado dela era perturbante, esse projeto, inclusive, tinha sido uma tortura.
“— Como se você fosse uma vítima? Pelo amor de Deus! — a garota reclamava.
— Odeio ter que fazer essa merda de trabalho com você, se eu pudesse voltar no tempo, eu nunca...
— Nunca o que? — Angel o enfrentou. — Pode continuar! — disse com os olhos marejados.
— Esse choro fingido não me convence mais. — aproximou-se da garota.
— Te convencia quando estava me fodendo, não é? — travou o maxilar.
— Como se sente sabendo que sua fama sempre vai estar ligada a mim, deve doer não é mesmo? — foi sarcástico.
— Você deve se achar muito bom mesmo! — riu nasalado.
— Quanto você vale? Acho que não muito pelo visto! — questionou de forma cínica e na mesma hora recebeu um tapa em seu rosto.
— Nunca mais fale dessa forma comigo! — Güler retirou-se do local, fazendo questão de bater seu ombro com o dele.
— Jk, por favor! — o empresário dele implorava. — Precisamos terminar essa porcaria de ensaio, vocês assinaram a porra de um contrato, você poderia me ajudar e ser profissional? — bufou.
— Quando se trata dela eu não consigo! — rebateu.
— Olha, a Calvin Klein não tem culpa de vocês terem terminado a merda desse relacionamento, esse é o último ensaio que precisam fazer juntos, você pode fazer uma forcinha e contornar a situação?
O rapaz apenas assentiu com a cabeça, odiava ter que dar o braço a torcer, baixar a guarda para ela era como se humilhar por migalhas de pão e ele repugnava isso de forma tremenda. A ideia de ter que pedir algo para Angel, era simplesmente horrível, desde o término conturbado tudo o que eles faziam era trocar farpas.
Jungkook dava passos lentos pelo corredor, tentando adiar sua conversa com a garota, para que ela voltasse e eles finalizassem suas obrigações, mas, foi em vão quando a silhueta de Güler apareceu na sua frente e foi inevitável não olhar para as pernas dela que estavam expostas por causa do mini roupão que a mesma usava.
— O que está olhando? — ela perguntou.
— Onde estava indo?
— Voltando para o estúdio.
— Perdi meu tempo então?
— Eu não sei Jungkook, veio ser um babaca novamente?
— Não era mais fácil assumir que ficou comigo pela fama?
— Porque ainda insiste nisso?
— Porque é a porra da verdade Angel!
— Alerta babaca! — levantou as sobrancelhas. — Só vamos acabar com isso!
— É tão difícil assumir? Fere seu orgulho? É só que não faz sentido para mim, todo o jogo psicológico no início para eu correr atrás de você!
— Jk...
— Não queria desaparecer depois do primeiro ensaio, não é? Queria continuar em evidencia e nada melhor do que o Jungkook correndo atrás de uma, na época, desconhecida. — mordeu o interior da bochecha.
— Não é dessa forma! — tentou tocar o ombro dele e o mesmo esquivou-se.
— De que forma seria então Angel?
— Você tornou o caminho mais fácil, eu nunca vou negar isso, mas...
— Mas? Eu te dei todo meu dinheiro, investi em você.
— Então eu era um produto?
— Não Angel! — disse exasperado. — Eu te dei a porra do meu coração! — engoliu seco.
— E eu te amei Jk, não era minha intenção no início porque sempre achei que você só quisesse me usar, mas, eu me entreguei como nunca havia feito em minha vida, é muito injusto você falar assim.
— Ah sim! — arregalou os olhos. — A culpa é toda minha...
O celular de ambos tocou desenfreadamente o som de várias notificações e eles não evitaram por se entreolhar, definitivamente, viria uma bomba das grandes. Sempre ocorria alguma merda quando eles estavam juntos e dessa vez não seria diferente, Güler observou atentamente quando o rapaz, a sua frente, revirou os olhos após ler algo.
— O que? — ela questionou curiosa e logo, em seguida, olhou o que tinha em seu telefone. — Merda!
— Filmaram a gente no set e postaram no twitter, era só isso que faltava. — disse com raiva.
— Estão dizendo que sabiam desde o início que a gente não se suportava e o que o namoro foi puro marketing.
— Eles não sabem o que dizem.
Angel pôde sentir o que ele queria dizer. De fato, ninguém sabia como havia acontecido as coisas entre eles dois, a forma como ele se apaixonou por ela primeiro e que não demorou muito para que a garota ignorasse a ideia de que estar com ela a traria muitos benefícios para sua carreira profissional.
Ela, realmente, o amou. Poderia dizer que ainda o ama se as coisas não tivessem terminado de forma tão catastrófica ou se Jungkook não agisse de forma tão estúpida e acabasse a prejudicando de alguma forma com a mídia, eles ainda poderiam estar juntos.
— Vem! — ela estendeu a mão. — Vamos mostrar a esses idiotas que eles estão errados!”
Seguiu em direção ao bar, precisava encher a cara o mais rápido o possível, não ficaria sóbrio aquela noite se tivesse que encontrar o anjo sorridente mais uma vez. A ideia de encarar as coisas como elas são o cortava demais por dentro para ele ter que lidar com aquela dor estupida, como sempre fazia, então apenas decidiu que ficaria anestesiado até o outro dia se pudesse.
— Um manhattan, por favor! — falou com o garçom referindo-se ao drink.
— Você ainda bebe isso?
Ele reconheceria aquela voz em qualquer lugar.
— Não pensei que você prestasse atenção. — virou-se.
Imediatamente, a silhueta dela tomou forma e o vestido vermelho curto e apertado o chamou atenção, pensou na porcentagem de álcool que teria que tomar para ter que aguentar tudo aquilo. Por mais que uma máscara preta escondesse o rosto da garota, ele sabia muito bem a quem pertencias aquelas pernas.
— Como não? — ela o respondeu.
— Como sabia quem eu era? Foi o drink?
— Na realidade, suas costas.
— Sério? — Angel não conseguia discernir as expressões dele, pois o rosto do mesmo estava escondido, mas, jurou que ele ficou surpreso.
— Conseguiria identificar cada traço do seu corpo em qualquer lugar, Jk.
— Digo o mesmo. — virou a bebida.
— Vai ficar bêbado assim! — disse preocupada.
— Esse é o objetivo, meu anjo! — sorriu de lado, irônico.
Güler ficou desconfortável com a reação dele, Jungkook havia mudado mais do que o normal desde o fim do namoro e quando os dois se viam sempre estavam nesse caminho de discussões eternas. Por mais que negasse até a morte, a garota sabia o quanto ele sempre iria culpa-la por não escolhê-lo e que, talvez, nunca a perdoasse por isso.
— Parece que minha companhia não é algo que vai ajudar! — ela falou.
— Eu vou ter que concordar. — assentiu com a cabeça e balançou o copo chamando a atenção do garçom para outro drink.
— Então é isso! Eu acho melhor eu ir...
— Não é como se fosse a primeira vez. — ele deu de ombros.
E por um momento, a lembrança do que ele estava falando bateu a memória dela.
“— Quantos anos você tem? Cinco? — Angel questionava irritada.
— Só foi a porra de um cigarro! — E você foi filmado Jungkook! O mundo inteiro te viu e agora as pessoas estão me atacando nas redes sociais como se eu fosse a sua mãe, isso é ridículo.
— E como isso seria minha culpa?
— Não pensou em mim por um segundo? Em como isso me afetaria?
— Por que te afetaria? É a minha vida! Güler suspirou.
— Você sabe que eu não sou coreana, nossas culturas são diferentes, os outros estão dizendo que sou uma má influência para você. — o fitou indignada.
— Você liga demais para o que os outros pensam.
— Está prejudicando minha carreira, nesses últimos três dias tive que deixar os comentários do meu instagram fechados, porque as pessoas estão justificando sua atitude com o fato de você me namorar.
— Claro! — ele revirou os olhos.
— Jk, eu posso perder contratos, você não imagina como a agência tem pego no meu pé por sua causa.
— Então é tudo por causa do seu trabalho?
— Não seria do mesmo jeito para você se a situação fosse contrária?
— Por que seria? — a encarou sério. — Eu não menti quando disse que te amo, o amor não deveria estar acima de todas essas coisas?
— Vou fingir que acredito que realmente abandonaria sua carreira por mim. — levantou as sobrancelhas e sorriu em tom de deboche.
— Sim Angel, eu faria, mas, pelo visto não é assim que você pensa.
O silêncio predominou por uns segundos.
— Me desculpa! — a garota sussurrou.
— O que quer dizer?
— Não é a primeira vez que faz isso e não acho que vai ser a última. — engoliu seco. — Sempre apenas pensando em você e não em como as coisas que você faz pode nos afetar como um casal, eu não vou deixar que seu mal comportamento interfira na minha vida profissional.
— Você quis dizer na carreira que eu te dei? — soltou uma gargalhada.
— Como consegue ser tão passivo agressivo assim? — ficou cara a cara com ele. — Você me ama mesmo ou só ama o fato de me ter por perto para preencher a porra desse vazio que existe dentro de você? — Não diga isso nem de brincadeira!
— O que? Será que realmente você consegue amar alguém além de si mesmo?
— Eu acho melhor pararmos por aqui Angel!
— Então só você pode falar o que quer?
— Não é isso, é só que...
— Quando vai crescer? — o interrompeu.
— Pare de ser tão injusta!
— Injusta?
— Eu amo você, não consegue ver isso?
— Eu também amo você Jk, eu só não consigo mais...
— O que? — a fitou assustado. — Por favor, para com isso! — segurou a mão dela.
— Vamos nos auto destruir? — o encarou com os olhos marejados. — Somos tóxicos demais.
— Não fala isso!
— Mas, é a verdade, sabe disso!
— Eu não...
— Apenas me deixe ir!
— Não! — a puxou para seus braços e abraçou com toda força que podia.
— Jungkook... — Angel caiu em lágrimas.
— Me perdoa! Isso não vai mais acontecer, não farei mais nada que possa te prejudicar. — choramingou.
— Sabe que vai fazer!
— Eu prometo que não vou! — ele a encarou sério enquanto tentava secar o rosto molhado.
— Não adianta fazer promessas que não vai cumprir! — ela soluçou em meio ao choro.
— Não vá Angel!
— Me desculpa Jk! — respirou fundo.
— Angel! — implorou.
— Eu sinto muito! — a garota pegou sua bolsa que estava no sofá e apressou os passos em direção a porta sem olhar para trás.
— Se você sair por essa porta não precisa mais voltar! — o rapaz disse, engolindo seco.
Güler segurou a maçaneta, a girou e saiu do quarto de hotel, completamente frustrada e despedaçada, sentir-se dessa forma era a pior coisa e deixá-lo foi talvez a decisão mais difícil que ela já tomara em sua vida, não sabia lidar com o Jungkook inseguro que fazia as coisas para chamar sua atenção.
Encostou a cabeça na porta, mordeu o lábio tentando se controlar para não correr novamente para os braços dele, e, lembrou de todas as outras vezes em que a mesma coisa aconteceu e eles sempre voltavam para o mesmo lugar, não poderia permitir que isso sucedesse mais uma vez.
Ao mesmo tempo que Jungkook encontrava-se dentro repreendendo o desejo de ir atrás da garota ou espera-la, eram segundos de tortura que pareciam mais horas, lembrou de todas as vezes que se sentiu dessa maneira, onde a culpa o consumia e ele queria acusar a garota de ter usado da sua boa vontade para se dar bem na vida.
Porém, mal sabia o mesmo que ela estava do lado de fora querendo que tudo fosse diferente, mas, quando ele ameaçou ir em sentido a porta, algo o parou. Do mesmo jeito Angel segurou a maçaneta, mas, alguma coisa não deixou que ela seguisse com sua atitude.
Foi nesse momento que eles entenderam. Era o fim.”
— Você está certo! — assentiu com a cabeça. — Aproveita a festa!
— Pode deixar! — fechou a cara após um sorriso forçado.
As horas se passaram rapidamente e Angel parecia bem animada com todos os contatos que conseguiu fazer durante a festividade, as coisas pareciam bem promissoras até um grito escandaloso chamar a atenção de todos no salão, era Jungkook e a garota já temeu pelo pior.
— Cadê o anjo sorridente quando mais preciso? — gritava em cima do balcão.
— Jk, você está fazendo uma cena, as pessoas estão filmando. — o assessor dizia impaciente.
— Eu não me importo!
— Que lunático! — alguém cochichou com a pessoa ao lado.
Angel transitava entre as pessoas, na tentativa de chegar mais perto e entender o que estava acontecendo, logo deu de cara com o seu ex namorado bêbado com a camisa social, completamente, desabotoada e com um copo com algum liquido de teor alcoólico, nunca o viu tão bêbado.
— Aí está você? Como se sente sabendo que destruiu meu coração?
— Jungkook! — ela sussurrou.
— Você é a pessoa mais egoísta que eu já conheci! — o rapaz disse engolindo o choro.
— Desce daí! — tentou te aproximar. — Vai terminar se machucando!
— E agora se importa?
— Por favor! — suspirou.
— Essa daqui é a mulher mais escrota que já conheci galera! — ele apontava para Angel que no mesmo momento sentiu-se desconfortável com todos os olhares voltados para ela.
— Eu posso ser o que você quiser, apenas desce daí. — pediu enquanto ele negava com a cabeça e dançava em cima do balcão.
— Que louco! — Angel percebeu quando uma pessoa soltou as palavras enquanto filmava a situação.
— Desce, por favor? — ela o fitou de forma amorosa.
O rapaz acabou cedendo, pois, não resistiu com o jeito que ela o encarava.
— Levo ele para casa! — Güler falou para o assessor do rapaz que estava ao lado.
Após muita insistência, Jungkook, finalmente acabou entrando no carro, Angel colocava o cinto de segurança no mesmo quando ele começou a encarar de maneira profunda, o que fez com que ela parasse a sua ação, era inevitável não olhar para ele.
— O que foi?
— Odeio como fica linda de vermelho. — ele sussurrou contra os lábios dela.
— Jk! — a garota disse baixinho tentando repreende-lo.
— Parece que é minha noite de sorte, não acha?
— Você não sabe o que está falando, vou te levar para casa! — ela tentou sair do carro com o intuito de ir para o banco do motorista, mas, Jungkook a segurou.
Angel não conseguiu se manter em pé por muito tempo e acabou sentando no colo do rapaz, que não demorou muito para entrelaçar seus dedos entre os cabelos dela e em seguida beijá-la, por mais que tivesse resistido de primeira, logo ela devolveu o beijo.
Tinha esquecido do sentimento que era ter a língua dele passeando por dentro da boca dela, rapidamente a garota posicionou-se melhor em cima do colo fazendo com o que mesmo tomasse a atitude de fechar a porta do carro e deixá-los com um pouco de mais privacidade.
— Está tudo acabado, não é mesmo? — ele disse entre um sorriso segurando o rosto dela.
Güler não respondeu.
Apenas sorriu, exatamente como um anjo sorridente faria.
— Definitivamente ela estará lá, vocês iriam comparecer ao evento juntos, mas...
— Eu sei! — interrompeu um de seus assessores. — Não quiseram abrir mão dela? — revirou os olhos.
— Receio dizer que não. — o homem respondeu.
Voltar a Nova York não era a pior coisa que poderia acontecer a ele, pois, sempre precisava estar nos Estados Unidos para shows, campanhas publicitárias, desfiles para grifes e ensaio de fotos para marcas que o contratavam, mas, reencontrar Angel, definitivamente, seria um martírio. Meses atrás, com toda certeza era motivo de uma grande euforia, porém agora o único sentimento que habitava em si era o do desprezo.
Jamais esqueceria do dia em que a encontrou, tão ingênua, em uma agência de modelos, e como seu coração palpitou assim que seus olhares se encontraram, era obvio que ela o conhecia, ficou muito perceptível, a garota não conseguiu disfarçar, mas, isso não o repeliu como sempre acontecia, pelo contrário, ele só pensou em como poderia se beneficiar para ganhar a atenção dela.
“— Eu quero ela! — Angel ouviu quando a voz suave saiu da boca dele.
— Mas, ela não é contratada da nossa empresa, é uma das nossas funcionárias. — o gerente negou o seu pedido.
A garota observa a situação com medo de que perdesse seu emprego, a maior razão de estar trabalhando naquele local era que haviam a prometido um portfólio para que ela pudesse atuar na área. Mesmo que um dos maiores ídolos da Coreia estivesse requisitando a presença ao lado dele, a insegurança tomava conta do seu corpo naquele momento.
Se fosse demitida estaria ferrada.
— Senhor, eu não posso! — ela tentou intervir.
— Só farei as fotos se ela estiver ao meu lado. — o rapaz a ignorou, direcionando seu olhar para Kyle.
— Jungkook, a política da nossa empresa não aceitará isso e você sabe. — o gerente rebateu.
— Pois, pode dizer a eles que estou indo embora. — acenou com a cabeça e deu as costas.
A moça de cabelos longos engolia seco, ele realmente estava tentando destruir a carreira dela que mal havia começado?
— Kyle, diga a ele que eu faço! — Angel disse preocupada.
— O problema não é você! — bufou.
— Vamos perde-lo dessa forma? Ele está indo embora! — soou aflita.
— Ele é muito complicado! — passou uma das mãos pelos cabelos. — Sempre temos que fazer o que ele quer. — falou irritado. — Um tremendo marrento!
— Deu pra perceber, mas, é um dos maiores nomes que temos agora, Liam vai te matar se deixa-lo ir dessa forma. — o fitou nervosa.
— Parece que é seu dia de sorte então! — retrucou, deixando ela um tanto confusa. — Jungkook! — chamou a atenção do rapaz antes que ele abrisse a porta do enorme estúdio.
A grande oportunidade da garota havia finalmente chegado, não achou que Kyle aceitaria com tanta facilidade, pois, de fato ia contra a política da agência, pensou em como o ídolo coreano deveria valer muito dinheiro para que ele mudasse de ideia apenas com duas frases dela.
Ela realmente iria fazer parte de algo gigantesco dessa forma?
Não podia acreditar.
— Vamos ajeitar tudo, ela estará ao seu lado assim como você deseja. — a voz do seu chefe a tirou do devaneio que a rondava.
O rapaz não parava de encará-la enquanto Kyle falava sobre os looks que seriam utilizados, a maquiagem que seria feita e entre outras coisas, mas, os olhos dele a devoravam de um jeito que a prendeu em uma hipnose onde sentiu que não conseguiria mais sair dali até ele ter o que tanto queria.
ELA.
— Jungkook! — sorriu e estendeu a mão.
— Angel... Angel Güler. — respondeu, retribuindo o aperto de mão.
Ele gostou do fato dela não dizer que sabia quem ele era.
— Güler? — ele franziu o cenho.
— É turco. — soltou uma risada fraca.
— Você é turca?
— Meu pai, na verdade.
O semblante dele pareceu menos perdido.
— O que significa? Quero dizer seu sobrenome. — a fitou curioso.
— “Sorridente”. — a garota abriu um enorme sorriso após responde-lo.
Por consequência desse ato ele pode perceber que nenhum outro nome faria sentido para ela, se não “anjo sorridente”. A luz imediata que ricocheteava seus olhos e a paz que ele sentia era diferente de tudo que já havia experimentado, mas, achava difícil descrever com palavras.
— Por que eles não te escalaram antes? — aproximou-se da garota e falou mais baixo para que Kyle não percebesse.
— Eles me prometeram um portfólio assim que comecei a estagiar aqui, então entendi que eu precisaria ter paciência e que seria difícil. — desabafou.
— Isso significa que eu fui seu “anjo”? — ele arqueou uma das sobrancelhas.
Güler não evitou a gargalhada por causa do trocadilho com seu nome e recebeu um olhar de repreensão do seu chefe. Talvez ele não fosse tão marrento quanto havia escutado das pessoas dentro da agência antes da chegada dele, e talvez gostasse de fazer birra para conseguir as coisas, como ela acabara de presenciar, mas, ele era diferente.
— Foi uma bela tentativa! — ela cessou a risada para não receber outra reclamação.
— Funcionou? — questionou, estreitando os olhos.
— Talvez.
— Talvez? O que acha de ser minha Angel? — insistiu e ela segurou a vontade de rir que subiu instantaneamente.
— Você precisa parar com isso! — apontou o dedo indicador para ele.
— Vamos jantar depois daqui, o que acha?
— Eu não acho que seja uma boa ideia...
— Nunca vai saber se não tentar. — deu de ombros.
Como dizer não para o maior astro que ela já tivera visto em sua frente?
— Angel! — a voz da maquiadora veio à tona do outro lado do estúdio. — Cinco minutos!
— Então? — ele insistiu nervoso.
Jungkook poderia ser maior que qualquer oportunidade que pudesse surgir para ela. Odiava pensar dessa forma, mas, não é como se ele não quisesse usá-la por uma única noite e depois fingir que nada aconteceu. Então por que não se tornar alguém que o mesmo jamais poderia ter?
— Eu acho melhor deixarmos isso apenas profissional. — disse cínica.
— O que? — perguntou exasperado. — Está me dizendo não?
— Não misturo pessoal com profissional e, para te lembrar, você quem quis que eu estivesse ao seu lado como modelo, não foi? — levantou as sobrancelhas.
— Você ‘tá brincando comigo? Sabe que posso te tirar da mesma maneira que te coloquei, não sabe? — foi presunçoso.
— Então, pode fazer!
O rapaz não sabia como reagir, Angel parecia doce no início, se odiou por acreditar que seria fácil conquista-la, afinal não era como se precisasse de muito para alguma garota querer ficar por perto dele ou ao menos ter uma noite ao seu lado. Mas, ela era diferente.
— Não se importa que não vai mais posar comigo? — indagou confuso.
— Como você disse, da mesma forma que me escolheu pode me tirar, o que vai ser?
Ele estava atônito com a audácia da garota.
— Angel! — Lauren a chamou novamente para se maquiar.
— Jungkook? — ela o encarou.
— Pode ir! — mordeu o lábio.
A garota ameaçou deixar o espaço entre eles.
— Angel! — falou o nome dela baixinho, mas, o suficiente para que ela olhasse para atrás. — Você ainda vai ser minha!”
A sua memória falhou assim que alguém tocou delicadamente seu ombro, o fazendo despertar do transe em que se encontrava. A mulher repetia a mesma pergunta, mas, ele sentia como se nada fosse real, era algo que sempre acontecia quando Angel vinha a sua memória.
— Senhor? A sua máscara. — ela disse mais uma vez.
— Sim, sim! — respondeu, ao mesmo tempo que colocava o acessório no rosto.
A marca Calvin Klein estava proporcionando mais uma de suas festas e dessa vez seria um baile de máscaras, fazendo referência a última campanha que o astro havia estrelado, justamente com Güler, por isso a ansiedade, ter que estar ao lado dela era perturbante, esse projeto, inclusive, tinha sido uma tortura.
“— Como se você fosse uma vítima? Pelo amor de Deus! — a garota reclamava.
— Odeio ter que fazer essa merda de trabalho com você, se eu pudesse voltar no tempo, eu nunca...
— Nunca o que? — Angel o enfrentou. — Pode continuar! — disse com os olhos marejados.
— Esse choro fingido não me convence mais. — aproximou-se da garota.
— Te convencia quando estava me fodendo, não é? — travou o maxilar.
— Como se sente sabendo que sua fama sempre vai estar ligada a mim, deve doer não é mesmo? — foi sarcástico.
— Você deve se achar muito bom mesmo! — riu nasalado.
— Quanto você vale? Acho que não muito pelo visto! — questionou de forma cínica e na mesma hora recebeu um tapa em seu rosto.
— Nunca mais fale dessa forma comigo! — Güler retirou-se do local, fazendo questão de bater seu ombro com o dele.
— Jk, por favor! — o empresário dele implorava. — Precisamos terminar essa porcaria de ensaio, vocês assinaram a porra de um contrato, você poderia me ajudar e ser profissional? — bufou.
— Quando se trata dela eu não consigo! — rebateu.
— Olha, a Calvin Klein não tem culpa de vocês terem terminado a merda desse relacionamento, esse é o último ensaio que precisam fazer juntos, você pode fazer uma forcinha e contornar a situação?
O rapaz apenas assentiu com a cabeça, odiava ter que dar o braço a torcer, baixar a guarda para ela era como se humilhar por migalhas de pão e ele repugnava isso de forma tremenda. A ideia de ter que pedir algo para Angel, era simplesmente horrível, desde o término conturbado tudo o que eles faziam era trocar farpas.
Jungkook dava passos lentos pelo corredor, tentando adiar sua conversa com a garota, para que ela voltasse e eles finalizassem suas obrigações, mas, foi em vão quando a silhueta de Güler apareceu na sua frente e foi inevitável não olhar para as pernas dela que estavam expostas por causa do mini roupão que a mesma usava.
— O que está olhando? — ela perguntou.
— Onde estava indo?
— Voltando para o estúdio.
— Perdi meu tempo então?
— Eu não sei Jungkook, veio ser um babaca novamente?
— Não era mais fácil assumir que ficou comigo pela fama?
— Porque ainda insiste nisso?
— Porque é a porra da verdade Angel!
— Alerta babaca! — levantou as sobrancelhas. — Só vamos acabar com isso!
— É tão difícil assumir? Fere seu orgulho? É só que não faz sentido para mim, todo o jogo psicológico no início para eu correr atrás de você!
— Jk...
— Não queria desaparecer depois do primeiro ensaio, não é? Queria continuar em evidencia e nada melhor do que o Jungkook correndo atrás de uma, na época, desconhecida. — mordeu o interior da bochecha.
— Não é dessa forma! — tentou tocar o ombro dele e o mesmo esquivou-se.
— De que forma seria então Angel?
— Você tornou o caminho mais fácil, eu nunca vou negar isso, mas...
— Mas? Eu te dei todo meu dinheiro, investi em você.
— Então eu era um produto?
— Não Angel! — disse exasperado. — Eu te dei a porra do meu coração! — engoliu seco.
— E eu te amei Jk, não era minha intenção no início porque sempre achei que você só quisesse me usar, mas, eu me entreguei como nunca havia feito em minha vida, é muito injusto você falar assim.
— Ah sim! — arregalou os olhos. — A culpa é toda minha...
O celular de ambos tocou desenfreadamente o som de várias notificações e eles não evitaram por se entreolhar, definitivamente, viria uma bomba das grandes. Sempre ocorria alguma merda quando eles estavam juntos e dessa vez não seria diferente, Güler observou atentamente quando o rapaz, a sua frente, revirou os olhos após ler algo.
— O que? — ela questionou curiosa e logo, em seguida, olhou o que tinha em seu telefone. — Merda!
— Filmaram a gente no set e postaram no twitter, era só isso que faltava. — disse com raiva.
— Estão dizendo que sabiam desde o início que a gente não se suportava e o que o namoro foi puro marketing.
— Eles não sabem o que dizem.
Angel pôde sentir o que ele queria dizer. De fato, ninguém sabia como havia acontecido as coisas entre eles dois, a forma como ele se apaixonou por ela primeiro e que não demorou muito para que a garota ignorasse a ideia de que estar com ela a traria muitos benefícios para sua carreira profissional.
Ela, realmente, o amou. Poderia dizer que ainda o ama se as coisas não tivessem terminado de forma tão catastrófica ou se Jungkook não agisse de forma tão estúpida e acabasse a prejudicando de alguma forma com a mídia, eles ainda poderiam estar juntos.
— Vem! — ela estendeu a mão. — Vamos mostrar a esses idiotas que eles estão errados!”
Seguiu em direção ao bar, precisava encher a cara o mais rápido o possível, não ficaria sóbrio aquela noite se tivesse que encontrar o anjo sorridente mais uma vez. A ideia de encarar as coisas como elas são o cortava demais por dentro para ele ter que lidar com aquela dor estupida, como sempre fazia, então apenas decidiu que ficaria anestesiado até o outro dia se pudesse.
— Um manhattan, por favor! — falou com o garçom referindo-se ao drink.
— Você ainda bebe isso?
Ele reconheceria aquela voz em qualquer lugar.
— Não pensei que você prestasse atenção. — virou-se.
Imediatamente, a silhueta dela tomou forma e o vestido vermelho curto e apertado o chamou atenção, pensou na porcentagem de álcool que teria que tomar para ter que aguentar tudo aquilo. Por mais que uma máscara preta escondesse o rosto da garota, ele sabia muito bem a quem pertencias aquelas pernas.
— Como não? — ela o respondeu.
— Como sabia quem eu era? Foi o drink?
— Na realidade, suas costas.
— Sério? — Angel não conseguia discernir as expressões dele, pois o rosto do mesmo estava escondido, mas, jurou que ele ficou surpreso.
— Conseguiria identificar cada traço do seu corpo em qualquer lugar, Jk.
— Digo o mesmo. — virou a bebida.
— Vai ficar bêbado assim! — disse preocupada.
— Esse é o objetivo, meu anjo! — sorriu de lado, irônico.
Güler ficou desconfortável com a reação dele, Jungkook havia mudado mais do que o normal desde o fim do namoro e quando os dois se viam sempre estavam nesse caminho de discussões eternas. Por mais que negasse até a morte, a garota sabia o quanto ele sempre iria culpa-la por não escolhê-lo e que, talvez, nunca a perdoasse por isso.
— Parece que minha companhia não é algo que vai ajudar! — ela falou.
— Eu vou ter que concordar. — assentiu com a cabeça e balançou o copo chamando a atenção do garçom para outro drink.
— Então é isso! Eu acho melhor eu ir...
— Não é como se fosse a primeira vez. — ele deu de ombros.
E por um momento, a lembrança do que ele estava falando bateu a memória dela.
“— Quantos anos você tem? Cinco? — Angel questionava irritada.
— Só foi a porra de um cigarro! — E você foi filmado Jungkook! O mundo inteiro te viu e agora as pessoas estão me atacando nas redes sociais como se eu fosse a sua mãe, isso é ridículo.
— E como isso seria minha culpa?
— Não pensou em mim por um segundo? Em como isso me afetaria?
— Por que te afetaria? É a minha vida! Güler suspirou.
— Você sabe que eu não sou coreana, nossas culturas são diferentes, os outros estão dizendo que sou uma má influência para você. — o fitou indignada.
— Você liga demais para o que os outros pensam.
— Está prejudicando minha carreira, nesses últimos três dias tive que deixar os comentários do meu instagram fechados, porque as pessoas estão justificando sua atitude com o fato de você me namorar.
— Claro! — ele revirou os olhos.
— Jk, eu posso perder contratos, você não imagina como a agência tem pego no meu pé por sua causa.
— Então é tudo por causa do seu trabalho?
— Não seria do mesmo jeito para você se a situação fosse contrária?
— Por que seria? — a encarou sério. — Eu não menti quando disse que te amo, o amor não deveria estar acima de todas essas coisas?
— Vou fingir que acredito que realmente abandonaria sua carreira por mim. — levantou as sobrancelhas e sorriu em tom de deboche.
— Sim Angel, eu faria, mas, pelo visto não é assim que você pensa.
O silêncio predominou por uns segundos.
— Me desculpa! — a garota sussurrou.
— O que quer dizer?
— Não é a primeira vez que faz isso e não acho que vai ser a última. — engoliu seco. — Sempre apenas pensando em você e não em como as coisas que você faz pode nos afetar como um casal, eu não vou deixar que seu mal comportamento interfira na minha vida profissional.
— Você quis dizer na carreira que eu te dei? — soltou uma gargalhada.
— Como consegue ser tão passivo agressivo assim? — ficou cara a cara com ele. — Você me ama mesmo ou só ama o fato de me ter por perto para preencher a porra desse vazio que existe dentro de você? — Não diga isso nem de brincadeira!
— O que? Será que realmente você consegue amar alguém além de si mesmo?
— Eu acho melhor pararmos por aqui Angel!
— Então só você pode falar o que quer?
— Não é isso, é só que...
— Quando vai crescer? — o interrompeu.
— Pare de ser tão injusta!
— Injusta?
— Eu amo você, não consegue ver isso?
— Eu também amo você Jk, eu só não consigo mais...
— O que? — a fitou assustado. — Por favor, para com isso! — segurou a mão dela.
— Vamos nos auto destruir? — o encarou com os olhos marejados. — Somos tóxicos demais.
— Não fala isso!
— Mas, é a verdade, sabe disso!
— Eu não...
— Apenas me deixe ir!
— Não! — a puxou para seus braços e abraçou com toda força que podia.
— Jungkook... — Angel caiu em lágrimas.
— Me perdoa! Isso não vai mais acontecer, não farei mais nada que possa te prejudicar. — choramingou.
— Sabe que vai fazer!
— Eu prometo que não vou! — ele a encarou sério enquanto tentava secar o rosto molhado.
— Não adianta fazer promessas que não vai cumprir! — ela soluçou em meio ao choro.
— Não vá Angel!
— Me desculpa Jk! — respirou fundo.
— Angel! — implorou.
— Eu sinto muito! — a garota pegou sua bolsa que estava no sofá e apressou os passos em direção a porta sem olhar para trás.
— Se você sair por essa porta não precisa mais voltar! — o rapaz disse, engolindo seco.
Güler segurou a maçaneta, a girou e saiu do quarto de hotel, completamente frustrada e despedaçada, sentir-se dessa forma era a pior coisa e deixá-lo foi talvez a decisão mais difícil que ela já tomara em sua vida, não sabia lidar com o Jungkook inseguro que fazia as coisas para chamar sua atenção.
Encostou a cabeça na porta, mordeu o lábio tentando se controlar para não correr novamente para os braços dele, e, lembrou de todas as outras vezes em que a mesma coisa aconteceu e eles sempre voltavam para o mesmo lugar, não poderia permitir que isso sucedesse mais uma vez.
Ao mesmo tempo que Jungkook encontrava-se dentro repreendendo o desejo de ir atrás da garota ou espera-la, eram segundos de tortura que pareciam mais horas, lembrou de todas as vezes que se sentiu dessa maneira, onde a culpa o consumia e ele queria acusar a garota de ter usado da sua boa vontade para se dar bem na vida.
Porém, mal sabia o mesmo que ela estava do lado de fora querendo que tudo fosse diferente, mas, quando ele ameaçou ir em sentido a porta, algo o parou. Do mesmo jeito Angel segurou a maçaneta, mas, alguma coisa não deixou que ela seguisse com sua atitude.
Foi nesse momento que eles entenderam. Era o fim.”
— Você está certo! — assentiu com a cabeça. — Aproveita a festa!
— Pode deixar! — fechou a cara após um sorriso forçado.
As horas se passaram rapidamente e Angel parecia bem animada com todos os contatos que conseguiu fazer durante a festividade, as coisas pareciam bem promissoras até um grito escandaloso chamar a atenção de todos no salão, era Jungkook e a garota já temeu pelo pior.
— Cadê o anjo sorridente quando mais preciso? — gritava em cima do balcão.
— Jk, você está fazendo uma cena, as pessoas estão filmando. — o assessor dizia impaciente.
— Eu não me importo!
— Que lunático! — alguém cochichou com a pessoa ao lado.
Angel transitava entre as pessoas, na tentativa de chegar mais perto e entender o que estava acontecendo, logo deu de cara com o seu ex namorado bêbado com a camisa social, completamente, desabotoada e com um copo com algum liquido de teor alcoólico, nunca o viu tão bêbado.
— Aí está você? Como se sente sabendo que destruiu meu coração?
— Jungkook! — ela sussurrou.
— Você é a pessoa mais egoísta que eu já conheci! — o rapaz disse engolindo o choro.
— Desce daí! — tentou te aproximar. — Vai terminar se machucando!
— E agora se importa?
— Por favor! — suspirou.
— Essa daqui é a mulher mais escrota que já conheci galera! — ele apontava para Angel que no mesmo momento sentiu-se desconfortável com todos os olhares voltados para ela.
— Eu posso ser o que você quiser, apenas desce daí. — pediu enquanto ele negava com a cabeça e dançava em cima do balcão.
— Que louco! — Angel percebeu quando uma pessoa soltou as palavras enquanto filmava a situação.
— Desce, por favor? — ela o fitou de forma amorosa.
O rapaz acabou cedendo, pois, não resistiu com o jeito que ela o encarava.
— Levo ele para casa! — Güler falou para o assessor do rapaz que estava ao lado.
Após muita insistência, Jungkook, finalmente acabou entrando no carro, Angel colocava o cinto de segurança no mesmo quando ele começou a encarar de maneira profunda, o que fez com que ela parasse a sua ação, era inevitável não olhar para ele.
— O que foi?
— Odeio como fica linda de vermelho. — ele sussurrou contra os lábios dela.
— Jk! — a garota disse baixinho tentando repreende-lo.
— Parece que é minha noite de sorte, não acha?
— Você não sabe o que está falando, vou te levar para casa! — ela tentou sair do carro com o intuito de ir para o banco do motorista, mas, Jungkook a segurou.
Angel não conseguiu se manter em pé por muito tempo e acabou sentando no colo do rapaz, que não demorou muito para entrelaçar seus dedos entre os cabelos dela e em seguida beijá-la, por mais que tivesse resistido de primeira, logo ela devolveu o beijo.
Tinha esquecido do sentimento que era ter a língua dele passeando por dentro da boca dela, rapidamente a garota posicionou-se melhor em cima do colo fazendo com o que mesmo tomasse a atitude de fechar a porta do carro e deixá-los com um pouco de mais privacidade.
— Está tudo acabado, não é mesmo? — ele disse entre um sorriso segurando o rosto dela.
Güler não respondeu.
Apenas sorriu, exatamente como um anjo sorridente faria.