Capítulo Único
Leclerc não conseguia se concentrar, antes daquela viagem ao Caribe, seu foco era todo no treino e na preparação física, tanto que Sainz teve que praticamente arrastar ele de dentro do simulador, mas depois de viver uma experiência totalmente nova, com pessoas estranhas - que ele não era muito fã, não gostava mesmo de estar em lugares "fechados" ou "presos" com quem nunca tinha visto na vida - sua vida mudou, e aquela mudança tinha nome, endereço e falava em um inglês péssimo.
Charles conheceu da maneira mais estranha possível! Tinham levado um golpe juntos, na verdade, Sainz e - a amiga dela - que tinham, porque foram eles que fizeram as reservas, mas os quatro estavam envolvidos, então foi isso, ficaram "presos" em um iate no Caribe, que segundo o cara da agência de aluguel "cometeu um grande erro" e acabaram tendo uma experiência muito boa, uma noite de sexo maravilhosa e mais alguns dias curtindo juntos todo aquele paraíso. Mas eles sabiam que aquele momento acabaria, afinal, era um "romancezinho" de férias e esse tipo de coisa nunca dura, todo mundo sempre diz isso. O que as pessoas não disseram a Leclerc, é que aquela brasileira alugaria um triplex em sua mente.
— Qual é Charles, o que você tem? — Sainz perguntou enquanto jantavam juntos depois de um treino no simulador com toda a equipe observando, em que Leclerc tinha se saído muito mal.
— Eu não sei! — Revirou a comida com o garfo e suspirou, relaxando o corpo na cadeira. — Quer dizer, a gente trocou números e combinamos de nos falar, mas até agora nada e, sei lá, será que não foi tão bom para ela quanto foi para mim. — Estava derrotado, era aquilo, não conseguia parar de pensar na mulher, nem por um segundo.
— Charles, você está apaixonado pelo seu casinho de férias? — Sainz estava surpreso, claro que, sempre que via Charles ele estava namorando sério alguém, mas nunca achou que ele se apegava tão rápido assim em relacionamentos.
— Aparentemente sim, mas não é recíproco, não é mesmo? — Não tinha porque sentir vergonha de assumir aquilo, Carlos conheceu as meninas e sabia de todo aquele drama até ali, e em parte era culpa dele, então nada mais justo do que ele ouvir aquele choramingo.
— Você sabia que seria uma relação difícil né? Ela mora e trabalha no Brasil, que está há pelo menos 9.064 km de distância, com uma diferença de quatro horas daqui para lá! Seria realmente impossível alguma coisa acontecer, eu sinto muito amigo, muito mesmo, mas a gente precisa focar no que temos aqui e agora, que é essa temporada! Vamos dar o nosso melhor, não esqueça do seu objetivo que é chegar em primeiro ao fim. — Sainz também ficou um pouco sentido com o encontro com as meninas, mas desde início sabia que seria coisa de momento, e assim como precisou arrastar o amigo para um descanso, precisava arrastar de volta para o foco. Chegava a ser chato Sainz ter sempre razão, mas Charles sempre colocava a culpa na idade, pelo fato do espanhol ser mais velho, talvez isso o tornava mais sábio. Claro que ele preferia ouvir um "manda mensagem você, às vezes ela não quer te incomodar". Mas realmente sabia que era uma tentativa frustante de relacionamento que tinha tudo para dar errado.
Resolveu então que seu único foco - e talvez o jeito mais eficaz de tirar a mulher da cabeça - seriam as corridas e ele começaria ali, treinando no simulador mais vezes por dia e pegando firme na academia. As pessoas achavam que pilotos não precisavam estar em forma, mas a musculatura e treinamentos físicos eram tão mais importantes quanto os mentais e práticos, tudo tinha que estar em perfeita sintonia.
Começou a treinar sozinho nos simuladores, antes da hora prevista com a equipe e também aumentou o ritmo na academia, começou a correr pela manhã e nas horas vagas saia de bicicleta por aí, só não corria com o carro na pista, porque eles só poderiam fazer aquilo nos treinos livres que aconteciam sempre alguns dias antes da corrida de fato, então estava focado como dava.
Tão logo a volta às pistas chegou, Charles se sentia mais confiante que nunca, tinha feito uma pré temporada magnífica, fazendo o tempo mais rápido, estava determinado e vivia sua vida em prol do objetivo de ser o número 1 naquela temporada. Leclerc só conseguia pensar como era bom estar nas pistas novamente, em um carro de verdade, atingindo altas velocidades e sentindo o coração pulsar forte com a adrenalina, correu naquela pista como se ela fosse em linha reta, como se não existisse mais ninguém ali. Acabou aquele primeiro GP em primeiro lugar e estava satisfeito, mesmo com as muitas pessoas reclamando de sua "imprudência".
— Eu acho que está indo rápido demais, isso é perigoso, tanto para você, quanto para todo mundo. — Carlos entrou no quarto do hotel em que Charles estava lendo algum livro.
— Você pode ou não me seguir. — Ele respondeu para o mais velho. — É emocionante, quando a velocidade louca atinge, eu não consigo moderar, é mais forte que eu e eu conquistei um novo recorde. — Charles parecia até outra pessoa, era a terceira temporada que trabalhavam juntos, e aquela era a primeira vez que o via daquela forma e Carlos não gostava muito daquilo. Sabia que o companheiro ia se empenhar ao máximo devido às condições da temporada anterior, mas percebeu que aquela vontade toda de correr era mais que só querer ganhar a todo custo, estava fingindo de alguma coisa e muito provavelmente era , que tomou conta da cabeça dele.
— Cara, não é sobre isso, você sabe que eu te amo e quero sua vitória esse ano tanto quanto você, seu sucesso é o meu e o de toda a equipe…
— Então porque estamos tendo essa conversa? — Charles não deixou que Carlos terminasse.
— Porque se você vai de cara em um muro ou pior, de encontro com outro carro, um que esteja nos últimos lugares, você pode não só morrer, mas matar alguém, pelo amor de Deus! Não deveria ser eu a te falar isso, você é adulto e profissional o suficiente para saber que o que está fazendo é irresponsável. — Carlos estava sem paciência, sempre confiou no companheiro de olhos fechados, mas estava preocupado não só com o que aquilo poderia respingar na equipe, mas e acima de tudo, na vida do amigo.
Charles não disse nada, embora estivesse cego com aquele objetivo, no fundo do fundo sabia que Sainz estava certo e não queria entrar em um conflito maior com o amigo e companheiro de equipe, embora e nada aquelas palavras valessem, continuou dirigindo e sendo o mais rápido durante os GP's seguintes. Quanto mais corria, mais adrenalina sentia e mais o gostinho do poder, claramente aquele seria seu ano, ele e somente ele iria fazer com que aquilo fosse a verdade absoluta naquela competição.
Ele não ligava em ser manchete dos principais jornais com as pessoas comentando sobre sua postura para aquela temporada, nem que os outros pilotos reclamassem de sua performance, até mesmo seu relacionamento com Carlos estava abalado, porque ele não ouviu o amigo da primeira vez, nem da segunda e nem das muitas conversas que eles tiveram sobre aquilo. Somente duas coisas o pararia, a primeira era ser o grande vencedor da competição e a segunda era uma batida grave, ele esperava que fosse a primeira.
Alguns meses depois estava se preparando para "voltar" para a casa, aquele final de semana o GP seria em Mônaco e ele estava muito feliz, seus conterrâneos o amavam e ele era uma das maiores celebridades do país, além é claro de poder ficar perto de sua família e reencontrar algumas pessoas importantes na sua vida, quando a temporada começava dificilmente conseguia rever sua família e seus amigos. Mônaco era mesmo o lugar dos reencontros, porque ali, parada no meio do box da Ferrari, estava uma pessoa que ele NUNCA imaginou encontrar ali. Estava indo se preparar para o primeiro treino livre daquela corrida, que aconteceria em algumas horas.
— Precisamos conversar! — A mulher disse assim que colocou os olhos nele, que parou estaticamente na entrada do box quando a viu.
— O que? Como? — Leclerc não conseguia entender seus próprios pensamentos, muito menos o que estava acontecendo ali.
— Onde podemos ir, ou quer ter essa conversa aqui mesmo, na frente de todo mundo? — Seu tom era firme e ele percebeu que seu inglês estava muito melhor. Não tinha reparado que estava ali no canto, conversando com alguns dos mecânicos, e nem quando Sainz chegou até aquela conversa.
— , você conseguiu chegar! — Carlos a abraçou e abriu um belo sorriso.
— Agradeça a , porque ela conseguiu as passagens de última hora! — foi receptiva, mas seu tom era um pouco ríspido, Charles sabia que ela estava incomodada com alguma coisa e provavelmente era com ele.
— E onde ela está? — Carlos também não ligou, sabia que a mulher era estranha daquele jeito.
— Ali, conversando com aquele homem bonitão ali de macacão vermelho. — aprontou para onde a amiga estava e Carlos saiu daquela conversa da mesma forma que entrou, rápida e subitamente.
— O que vocês estão fazendo aqui? — Carles conseguiu recobrar os sentidos depois de todo aquele papo entre e Carlos e perguntou o que queria saber desde o início.
— Aparentemente eu vim chamar a atenção do marmanjo! — Ela cruzou os braços e fez biquinho.
— Ah, o Carlos que te chamou! Ele não aguentou o tranco sozinho e teve que pedir ajuda, se era para falar as mesmas coisas que ele me fala todos os dias, acho que já pode voltar para o Brasil.
— "Deus, me dá paciência" — disse em português, revirando os olhos.
— Em inglês, , o Montegato aí não entende nosso idioma, lembra? — disse alto para a amiga escutar, mesmo que ela estivesse relativamente longe.
— Charles, vem aqui meu lindo, vamos conversar!
pegou o homem pelo braço e o puxou para o fundo, algum lugar ali devia ter algum lugar para sentar. Assim que acharam um lugar ela se sentou e ele a seguiu.
— Você está nos assuntos mais comentados do twitter global, você sabia? As pessoas estão tensas e incomodadas com a sua postura e com o fato de qualquer deslize dessa sua imprudência pode te custar a vida, e eu já estava incomodada com essas notícias antes mesmo de Carlos entrar em contato comigo. — Seu tom era cansado, estava mesmo preocupada com aquele merdinha.
— Eu estou correndo atrás do campeonato mundial, eu só…
— Me desculpa! — Ela interrompeu, o pegando de surpresa. — Eu sei que eu devia ter mandado uma mensagem pelo menos, mas cara, quais as chances de uma pessoa que vive essa realidade… — estendeu os braços movendo seu corpo de um lado para o outro — …Esperar alguma coisa de uma mera mortal como eu, eu pesquisei sobre você e sobre para quem você trabalha e o quanto você trabalha também e eu fiquei apavorada, é demais para a minha realidade e não consigo te sentir a mesma pessoa que eu e contei nas pesquisas que fiz e…
— É por isso que eu me apaixonei! — Ele falou tão baixo que ela quase não entendeu.
— QUE? — Arregalou os olhos, ficou sem nenhuma reação.
— Porque você foi grossa comigo, me pôs no meu lugar, não ficou me bajulando e eu pude me sentir como uma pessoa normal, só o Charles, que gosta de tomar uma cerveja vez ou outra, que dança em uma boate várias músicas diferentes, que cai em golpes em países paradisíacos, o que chora, o que ri, que sente medo, vergonha, tesão, o que deixa os amigos pagar a conta, sabe, alguém normal. Eu me senti mais eu aquele tempo que eu passei ao seu lado e eu sei que não demorou muito, mas me marcou com toda certeza. — aquilo saiu um tom mais alto que a última coisa e . Não sabia como responder aquilo.
— Você… Eu… — Os olhos dele estavam presos nela, esperando alguma reação. — Como que você me fala isso assim, na lata? — Deu um tapa forte no braço dele, que estava com uma camiseta branca e o macacão da Ferrari vestido e amarrado na altura da cintura.
— Ué, não tinha outra forma. — Ficou minimamente tímido.
— E porque você não me mandou mensagem também? — Ela ficou um pouco confusa, se ele tinha se "apaixonado" mesmo por ela, teria mandado uma mensagem ou algo do tipo, não?
— Achei que poderia estar invadindo seu espaço, ou que você não tinha gostado de mim por isso não deu sinal de vida e…
— Daí o bonito invés de mandar um "Eai gatinha, seu pai é pedreiro? Não? Então quem foi que fez essa obra?" — Fez uma voz afetada quando disse a cantada — Preferiu ser irresponsável e colocar não só a sua vida como as dos outros pilotos em risco? — não conseguia não falar com ele daquele jeito, ficou imensamente preocupada com ele, e sabia que precisava falar aquelas coisas ao vivo, tinha descoberto recentemente sobre aquilo, vendo nos noticiários e com o contato de Carlos com elas, então resolveu tirar uma licença no trabalho só para ir lá e se precisasse, dar uma coça naquele homem.
— Não é bem assim…
— Se poupe e nos poupe Charles, para de ser teimoso homem, só assume que estava sendo irresponsável. — falou alto de onde estava, sim, eles estavam ouvindo a conversa dos dois descaradamente.
— Obrigada miga! — respondeu para a amiga. — Por favor Charles, eu sei que deve ter ficado confuso e focado no seu trabalho, eu também tive que pegar umas horas extras para tirar você da minha mente, mas a gente tem que saber a linha tênue entre o foco e a imprudência. — Ela pegou na mão dele e começou a fazer carinhos no lugar.
— Eu só… — Ele respirou fundo e suspirou derrotado.
— Eu sei! — Começou a fazer carinhos nos cabelos dele e sorriu.
— Me desculpa! — Finalmente conseguiu aceitar que estava errado em seus atos.
— Não é para mim que tem que pedir desculpas, meu anjo, mas se prometer que vai dar o seu melhor, dentro dos limites eu já fico feliz e aliviada. Sabe, como eu vou tentar um romance com um piloto de Fórmula 1 todo quebrado e pior, Deus me livre, morto? Eu não gosto de coisas paranormais, já vou avisando. — Ela deu uma risadinha e olhou profundamente dentro dos olhos dele.
— Você quer tentar um romance comigo? — O semblante dele mudou imediatamente, parecia que ele estava brilhando e seu sorriso lindo mostrando aquela covinha charmosa estava presente naquele momento.
— Se você quiser e a gente combinar direitinho, no momento eu não tenho como sair viajando com você para todos os lugares, porque meu serviço é muito presencial, mas se conseguirmos dar um jeito, acho que pode dar certo. — O sorriso no rosto dela também iluminava sua feição, não podia mentir, criou sentimentos por aquele homem também e ficou um tempão pensando nele, agora que sabia que tinha alguma chance real, porque não aproveitar.
— Não custa nada tentar!
Leclerc disse, aproximando seus rostos e acariciando o rosto de , antes de encostar seus lábios e dar espaço para que ela entrasse com a língua em sua boca, tinha se acostumado a beijar daquela maneira por causa dela e de tudo o que rolou naquela viagem em que se conheceram e mais que nunca, sentiu falta da língua dela enroscada na dele e do gosto que a aquela boca linda tinha, parecia até que ele estava sonhando e que alguém o acordaria a qualquer momento.
— Eu não quero atrapalhar o casalzinho não. — A voz de Sainz se fez presente naquele momento e eles tiveram que separar os lábios.
— Diga meu bonitão corta clima favorito! — disse ainda com o corpo perto do de Leclerc, mas com a cabeça virada para o outro.
— Sempre muito bem humorada, não é mesmo, ? — Ele deu um sorrisinho afetado para a mulher. — Acontece que a corrida não vai demorar para chegar, e temos muito a fazer. — Infelizmente ele era portador de notícias ruins para o casal, mas eles sabiam que era uma interrupção necessária.
— Te vejo mais tarde? — Charles encostou a testa na de , quando ela virou para ele novamente, dessa vez com um biquinho de despedida nos lábios.
— Com certeza! Ainda teremos alguns dias juntos, até que eu volte para o Brasil. — Ela fechou os olhos por um segundo, sentindo os carinhos que Charles fazia na cintura dela e aproveitando aqueles últimos instantes, antes dela e da amiga irem para o Paddock e ficarem na área reservada junto das outras pessoas da família e álbuns famosos.
Assim como o lance que tiveram naquela viagem de férias no Caribe, a única certeza que tinham era que estavam se curtindo ao extremo, não poderiam prever o dia de amanhã, mas fariam com que ele e tantos outros valessem a pena para o casal e esperava que Leclerc cumprisse com a promessa dela de dar o seu máximo pela vitória, mas preservar o limite e correr de maneira responsável até o fim do campeonato.
— Qual é Charles, o que você tem? — Sainz perguntou enquanto jantavam juntos depois de um treino no simulador com toda a equipe observando, em que Leclerc tinha se saído muito mal.
— Eu não sei! — Revirou a comida com o garfo e suspirou, relaxando o corpo na cadeira. — Quer dizer, a gente trocou números e combinamos de nos falar, mas até agora nada e, sei lá, será que não foi tão bom para ela quanto foi para mim. — Estava derrotado, era aquilo, não conseguia parar de pensar na mulher, nem por um segundo.
— Charles, você está apaixonado pelo seu casinho de férias? — Sainz estava surpreso, claro que, sempre que via Charles ele estava namorando sério alguém, mas nunca achou que ele se apegava tão rápido assim em relacionamentos.
— Aparentemente sim, mas não é recíproco, não é mesmo? — Não tinha porque sentir vergonha de assumir aquilo, Carlos conheceu as meninas e sabia de todo aquele drama até ali, e em parte era culpa dele, então nada mais justo do que ele ouvir aquele choramingo.
— Você sabia que seria uma relação difícil né? Ela mora e trabalha no Brasil, que está há pelo menos 9.064 km de distância, com uma diferença de quatro horas daqui para lá! Seria realmente impossível alguma coisa acontecer, eu sinto muito amigo, muito mesmo, mas a gente precisa focar no que temos aqui e agora, que é essa temporada! Vamos dar o nosso melhor, não esqueça do seu objetivo que é chegar em primeiro ao fim. — Sainz também ficou um pouco sentido com o encontro com as meninas, mas desde início sabia que seria coisa de momento, e assim como precisou arrastar o amigo para um descanso, precisava arrastar de volta para o foco. Chegava a ser chato Sainz ter sempre razão, mas Charles sempre colocava a culpa na idade, pelo fato do espanhol ser mais velho, talvez isso o tornava mais sábio. Claro que ele preferia ouvir um "manda mensagem você, às vezes ela não quer te incomodar". Mas realmente sabia que era uma tentativa frustante de relacionamento que tinha tudo para dar errado.
Resolveu então que seu único foco - e talvez o jeito mais eficaz de tirar a mulher da cabeça - seriam as corridas e ele começaria ali, treinando no simulador mais vezes por dia e pegando firme na academia. As pessoas achavam que pilotos não precisavam estar em forma, mas a musculatura e treinamentos físicos eram tão mais importantes quanto os mentais e práticos, tudo tinha que estar em perfeita sintonia.
Começou a treinar sozinho nos simuladores, antes da hora prevista com a equipe e também aumentou o ritmo na academia, começou a correr pela manhã e nas horas vagas saia de bicicleta por aí, só não corria com o carro na pista, porque eles só poderiam fazer aquilo nos treinos livres que aconteciam sempre alguns dias antes da corrida de fato, então estava focado como dava.
Tão logo a volta às pistas chegou, Charles se sentia mais confiante que nunca, tinha feito uma pré temporada magnífica, fazendo o tempo mais rápido, estava determinado e vivia sua vida em prol do objetivo de ser o número 1 naquela temporada. Leclerc só conseguia pensar como era bom estar nas pistas novamente, em um carro de verdade, atingindo altas velocidades e sentindo o coração pulsar forte com a adrenalina, correu naquela pista como se ela fosse em linha reta, como se não existisse mais ninguém ali. Acabou aquele primeiro GP em primeiro lugar e estava satisfeito, mesmo com as muitas pessoas reclamando de sua "imprudência".
— Eu acho que está indo rápido demais, isso é perigoso, tanto para você, quanto para todo mundo. — Carlos entrou no quarto do hotel em que Charles estava lendo algum livro.
— Você pode ou não me seguir. — Ele respondeu para o mais velho. — É emocionante, quando a velocidade louca atinge, eu não consigo moderar, é mais forte que eu e eu conquistei um novo recorde. — Charles parecia até outra pessoa, era a terceira temporada que trabalhavam juntos, e aquela era a primeira vez que o via daquela forma e Carlos não gostava muito daquilo. Sabia que o companheiro ia se empenhar ao máximo devido às condições da temporada anterior, mas percebeu que aquela vontade toda de correr era mais que só querer ganhar a todo custo, estava fingindo de alguma coisa e muito provavelmente era , que tomou conta da cabeça dele.
— Cara, não é sobre isso, você sabe que eu te amo e quero sua vitória esse ano tanto quanto você, seu sucesso é o meu e o de toda a equipe…
— Então porque estamos tendo essa conversa? — Charles não deixou que Carlos terminasse.
— Porque se você vai de cara em um muro ou pior, de encontro com outro carro, um que esteja nos últimos lugares, você pode não só morrer, mas matar alguém, pelo amor de Deus! Não deveria ser eu a te falar isso, você é adulto e profissional o suficiente para saber que o que está fazendo é irresponsável. — Carlos estava sem paciência, sempre confiou no companheiro de olhos fechados, mas estava preocupado não só com o que aquilo poderia respingar na equipe, mas e acima de tudo, na vida do amigo.
Charles não disse nada, embora estivesse cego com aquele objetivo, no fundo do fundo sabia que Sainz estava certo e não queria entrar em um conflito maior com o amigo e companheiro de equipe, embora e nada aquelas palavras valessem, continuou dirigindo e sendo o mais rápido durante os GP's seguintes. Quanto mais corria, mais adrenalina sentia e mais o gostinho do poder, claramente aquele seria seu ano, ele e somente ele iria fazer com que aquilo fosse a verdade absoluta naquela competição.
Ele não ligava em ser manchete dos principais jornais com as pessoas comentando sobre sua postura para aquela temporada, nem que os outros pilotos reclamassem de sua performance, até mesmo seu relacionamento com Carlos estava abalado, porque ele não ouviu o amigo da primeira vez, nem da segunda e nem das muitas conversas que eles tiveram sobre aquilo. Somente duas coisas o pararia, a primeira era ser o grande vencedor da competição e a segunda era uma batida grave, ele esperava que fosse a primeira.
Alguns meses depois estava se preparando para "voltar" para a casa, aquele final de semana o GP seria em Mônaco e ele estava muito feliz, seus conterrâneos o amavam e ele era uma das maiores celebridades do país, além é claro de poder ficar perto de sua família e reencontrar algumas pessoas importantes na sua vida, quando a temporada começava dificilmente conseguia rever sua família e seus amigos. Mônaco era mesmo o lugar dos reencontros, porque ali, parada no meio do box da Ferrari, estava uma pessoa que ele NUNCA imaginou encontrar ali. Estava indo se preparar para o primeiro treino livre daquela corrida, que aconteceria em algumas horas.
— Precisamos conversar! — A mulher disse assim que colocou os olhos nele, que parou estaticamente na entrada do box quando a viu.
— O que? Como? — Leclerc não conseguia entender seus próprios pensamentos, muito menos o que estava acontecendo ali.
— Onde podemos ir, ou quer ter essa conversa aqui mesmo, na frente de todo mundo? — Seu tom era firme e ele percebeu que seu inglês estava muito melhor. Não tinha reparado que estava ali no canto, conversando com alguns dos mecânicos, e nem quando Sainz chegou até aquela conversa.
— , você conseguiu chegar! — Carlos a abraçou e abriu um belo sorriso.
— Agradeça a , porque ela conseguiu as passagens de última hora! — foi receptiva, mas seu tom era um pouco ríspido, Charles sabia que ela estava incomodada com alguma coisa e provavelmente era com ele.
— E onde ela está? — Carlos também não ligou, sabia que a mulher era estranha daquele jeito.
— Ali, conversando com aquele homem bonitão ali de macacão vermelho. — aprontou para onde a amiga estava e Carlos saiu daquela conversa da mesma forma que entrou, rápida e subitamente.
— O que vocês estão fazendo aqui? — Carles conseguiu recobrar os sentidos depois de todo aquele papo entre e Carlos e perguntou o que queria saber desde o início.
— Aparentemente eu vim chamar a atenção do marmanjo! — Ela cruzou os braços e fez biquinho.
— Ah, o Carlos que te chamou! Ele não aguentou o tranco sozinho e teve que pedir ajuda, se era para falar as mesmas coisas que ele me fala todos os dias, acho que já pode voltar para o Brasil.
— "Deus, me dá paciência" — disse em português, revirando os olhos.
— Em inglês, , o Montegato aí não entende nosso idioma, lembra? — disse alto para a amiga escutar, mesmo que ela estivesse relativamente longe.
— Charles, vem aqui meu lindo, vamos conversar!
pegou o homem pelo braço e o puxou para o fundo, algum lugar ali devia ter algum lugar para sentar. Assim que acharam um lugar ela se sentou e ele a seguiu.
— Você está nos assuntos mais comentados do twitter global, você sabia? As pessoas estão tensas e incomodadas com a sua postura e com o fato de qualquer deslize dessa sua imprudência pode te custar a vida, e eu já estava incomodada com essas notícias antes mesmo de Carlos entrar em contato comigo. — Seu tom era cansado, estava mesmo preocupada com aquele merdinha.
— Eu estou correndo atrás do campeonato mundial, eu só…
— Me desculpa! — Ela interrompeu, o pegando de surpresa. — Eu sei que eu devia ter mandado uma mensagem pelo menos, mas cara, quais as chances de uma pessoa que vive essa realidade… — estendeu os braços movendo seu corpo de um lado para o outro — …Esperar alguma coisa de uma mera mortal como eu, eu pesquisei sobre você e sobre para quem você trabalha e o quanto você trabalha também e eu fiquei apavorada, é demais para a minha realidade e não consigo te sentir a mesma pessoa que eu e contei nas pesquisas que fiz e…
— É por isso que eu me apaixonei! — Ele falou tão baixo que ela quase não entendeu.
— QUE? — Arregalou os olhos, ficou sem nenhuma reação.
— Porque você foi grossa comigo, me pôs no meu lugar, não ficou me bajulando e eu pude me sentir como uma pessoa normal, só o Charles, que gosta de tomar uma cerveja vez ou outra, que dança em uma boate várias músicas diferentes, que cai em golpes em países paradisíacos, o que chora, o que ri, que sente medo, vergonha, tesão, o que deixa os amigos pagar a conta, sabe, alguém normal. Eu me senti mais eu aquele tempo que eu passei ao seu lado e eu sei que não demorou muito, mas me marcou com toda certeza. — aquilo saiu um tom mais alto que a última coisa e . Não sabia como responder aquilo.
— Você… Eu… — Os olhos dele estavam presos nela, esperando alguma reação. — Como que você me fala isso assim, na lata? — Deu um tapa forte no braço dele, que estava com uma camiseta branca e o macacão da Ferrari vestido e amarrado na altura da cintura.
— Ué, não tinha outra forma. — Ficou minimamente tímido.
— E porque você não me mandou mensagem também? — Ela ficou um pouco confusa, se ele tinha se "apaixonado" mesmo por ela, teria mandado uma mensagem ou algo do tipo, não?
— Achei que poderia estar invadindo seu espaço, ou que você não tinha gostado de mim por isso não deu sinal de vida e…
— Daí o bonito invés de mandar um "Eai gatinha, seu pai é pedreiro? Não? Então quem foi que fez essa obra?" — Fez uma voz afetada quando disse a cantada — Preferiu ser irresponsável e colocar não só a sua vida como as dos outros pilotos em risco? — não conseguia não falar com ele daquele jeito, ficou imensamente preocupada com ele, e sabia que precisava falar aquelas coisas ao vivo, tinha descoberto recentemente sobre aquilo, vendo nos noticiários e com o contato de Carlos com elas, então resolveu tirar uma licença no trabalho só para ir lá e se precisasse, dar uma coça naquele homem.
— Não é bem assim…
— Se poupe e nos poupe Charles, para de ser teimoso homem, só assume que estava sendo irresponsável. — falou alto de onde estava, sim, eles estavam ouvindo a conversa dos dois descaradamente.
— Obrigada miga! — respondeu para a amiga. — Por favor Charles, eu sei que deve ter ficado confuso e focado no seu trabalho, eu também tive que pegar umas horas extras para tirar você da minha mente, mas a gente tem que saber a linha tênue entre o foco e a imprudência. — Ela pegou na mão dele e começou a fazer carinhos no lugar.
— Eu só… — Ele respirou fundo e suspirou derrotado.
— Eu sei! — Começou a fazer carinhos nos cabelos dele e sorriu.
— Me desculpa! — Finalmente conseguiu aceitar que estava errado em seus atos.
— Não é para mim que tem que pedir desculpas, meu anjo, mas se prometer que vai dar o seu melhor, dentro dos limites eu já fico feliz e aliviada. Sabe, como eu vou tentar um romance com um piloto de Fórmula 1 todo quebrado e pior, Deus me livre, morto? Eu não gosto de coisas paranormais, já vou avisando. — Ela deu uma risadinha e olhou profundamente dentro dos olhos dele.
— Você quer tentar um romance comigo? — O semblante dele mudou imediatamente, parecia que ele estava brilhando e seu sorriso lindo mostrando aquela covinha charmosa estava presente naquele momento.
— Se você quiser e a gente combinar direitinho, no momento eu não tenho como sair viajando com você para todos os lugares, porque meu serviço é muito presencial, mas se conseguirmos dar um jeito, acho que pode dar certo. — O sorriso no rosto dela também iluminava sua feição, não podia mentir, criou sentimentos por aquele homem também e ficou um tempão pensando nele, agora que sabia que tinha alguma chance real, porque não aproveitar.
— Não custa nada tentar!
Leclerc disse, aproximando seus rostos e acariciando o rosto de , antes de encostar seus lábios e dar espaço para que ela entrasse com a língua em sua boca, tinha se acostumado a beijar daquela maneira por causa dela e de tudo o que rolou naquela viagem em que se conheceram e mais que nunca, sentiu falta da língua dela enroscada na dele e do gosto que a aquela boca linda tinha, parecia até que ele estava sonhando e que alguém o acordaria a qualquer momento.
— Eu não quero atrapalhar o casalzinho não. — A voz de Sainz se fez presente naquele momento e eles tiveram que separar os lábios.
— Diga meu bonitão corta clima favorito! — disse ainda com o corpo perto do de Leclerc, mas com a cabeça virada para o outro.
— Sempre muito bem humorada, não é mesmo, ? — Ele deu um sorrisinho afetado para a mulher. — Acontece que a corrida não vai demorar para chegar, e temos muito a fazer. — Infelizmente ele era portador de notícias ruins para o casal, mas eles sabiam que era uma interrupção necessária.
— Te vejo mais tarde? — Charles encostou a testa na de , quando ela virou para ele novamente, dessa vez com um biquinho de despedida nos lábios.
— Com certeza! Ainda teremos alguns dias juntos, até que eu volte para o Brasil. — Ela fechou os olhos por um segundo, sentindo os carinhos que Charles fazia na cintura dela e aproveitando aqueles últimos instantes, antes dela e da amiga irem para o Paddock e ficarem na área reservada junto das outras pessoas da família e álbuns famosos.
Assim como o lance que tiveram naquela viagem de férias no Caribe, a única certeza que tinham era que estavam se curtindo ao extremo, não poderiam prever o dia de amanhã, mas fariam com que ele e tantos outros valessem a pena para o casal e esperava que Leclerc cumprisse com a promessa dela de dar o seu máximo pela vitória, mas preservar o limite e correr de maneira responsável até o fim do campeonato.
FIM
Nota da autora: Olá Jiniers, como estamos? SIM CHARLES LECLERC ALUGOU UM CONDOMÍNIO NA MINHA MENTE E CÁ ESTMAOS NÓS, COM ESSA BELA CONTINUAÇÃO DA FIC Welcome The Caribbea, espero que gostem.
ps: Se quiser conhecer mais fanfics minhas vou deixar aqui embaixo minha página de autora no site e as minhas redes sociais, estou sempre interagindo por lá e você também consegue acesso a toda a minha lista de histórias atualizada clicando AQUI.
AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE.
ps: Se quiser conhecer mais fanfics minhas vou deixar aqui embaixo minha página de autora no site e as minhas redes sociais, estou sempre interagindo por lá e você também consegue acesso a toda a minha lista de histórias atualizada clicando AQUI.
AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE.
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