Capítulo Único
Em um mundo de fim dos tempos, as hierarquias reais haviam voltado à tona, trazendo com sigo mais conflito e desordem entre aqueles bem afortunados e os que não tinham sequer onde caírem mortos.
A desigualdade era grande e parecia que seu rei não enxergava, já que sequer deixava seu castelo para ver seus súditos. Ele ignorava o conselho real e também as coisas que sua filha dizia. O único a quem dava ouvidos era ao filho mais velho, que não era boa influência para o pai.
— Princesa — o guarda real, que guardava a porta do grande trono, tentou impedi-la de entrar —, seu pai não está em um bom momento, os conselheiros estão lá dentro e ele não quer ser incomodado por ninguém.
— Como se eu não fosse parte de tudo isso — ela riu, áspera. — Deixe-me passar.
— Não tenho permissão! — ele disse olhando para o lado direito e checando se o vulto que havia visto não era algo de sua mente.
A Princesa sempre havia sido criada para lutar fisicamente e foi exatamente isso que fez. Ela precisou de um momento de distração do guarda para deixá-lo inconsciente por alguns minutos.
— Meu Deus, eu serei julgado mal por tê-la ajudado nisso — um dos conselheiros não convocados para a reunião que acontecia dentro da cúpula disse, indignado.
— Deus te julgou mal no momento que você decidiu deixar seu cargo de padre para virar um conselheiro real por desespero — ela disse enquanto checava a pulsação do homem caído — Certo, nós temos aproximadamente vinte minutos. Se o plano não funcionar, coloque o plano B em ação imediatamente.
— Vejo a senhorita nas muralhas, não faça muita bagunça — ele disse, lhe entregando uma das adagas sagradas. — Ainda existem pessoas boas nesse palácio.
— Leve-as com você — ela disse firme. — Pois eu não garanto que esse palácio continuará de pé por muito tempo com meu irmão no comando.
— Tentarei — ele respondeu. — Tenha cuidado!
A verdade era que aquele mundo já estava aos pedaços, mas ela não queria ver o que lhes restava da mesma forma. E era o que aconteceria se seu pai continuasse acatando as decisões de seu irmão, Rods.
— Pretende deixar seu povo morrendo de fome pelo resto de seus dias enquanto nossas reservas estão mais do que cheias e nossas plantações, transbordando, papai? — ela disse assim que chutou a porta principal.
O conselho todo que estava reunido e seu pai assustaram-se com o estrondo. Mas seu irmão sequer piscou de forma diferente, ele sabia que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde.
— Ora, ora, veja quem decidiu se rebelar — o irmão riu alto, fazendo com que seu pai o olhasse confuso e a princesa apenas rolasse seus olhos em tédio.
— O blá blá blá de vilão até combina com você, irmão. — ela respondeu — Mas não gera comoção o suficiente. Você está precisando de mais aulas com Johnas. Ah, me desculpe, esqueci que você mandou matá-lo antes que ele contasse seus verdadeiros planos ao Rei.
— Do que você está falando, ? — O rei finalmente disse alguma coisa.
— Parece que o grande rei realmente não sabe de tudo — a filha respondeu sarcasticamente. — Depois dessa conversa, dê uma olhada debaixo de uma de suas vinhas favoritas.
— Sua fedelha — O irmão disse de repente — Guardas!
— O que você está fazendo, Arthur? — o rei perguntou, indignado com a ação do filho.
— Ela é uma desertora, Pai! — ele disse em fúria — Tem tramado um golpe contra você há dois anos.
— Você quis dizer, você, certo? — ela disse rindo — Não sou eu quem está com um numeroso exército nas terras ao lado, pronto para atacar, quando o rei mesmo proibiu exércitos particulares. Sem contar as compras em massa de armas da grande cidade.
— Calúnia! — disse um dos conselheiros.
— Oh, irmão — a caçula disse em tom irônico —, você precisa de cães de guarda agora?
— Cortem-lhe a cabeça — o irmão disse em um feroz grito, que não assustou nenhum pouco, mas sim, seu pai.
— Viu só, papai, você o deixou ler Alice quando era pequeno e agora ele se acha a Rainha Vermelha — ela riu descrente. — É uma pena que as cartas estejam comigo — foi pega com força pelos braços pelos mesmos guardas por quem havia passado há pouco tempo. Eles hegaram na grande sala assim que escutaram a voz de seu irmão — Abram os portões.
gritou com força, fazendo com que sua voz ecoasse pelo grande palácio. Escutando em seguida um alto ranger de portões sendo abertos, havia traído o próprio pai para que seu povo pudesse viver. Pelo menos, viver um pouco mais, antes de seu irmão matar a todos com seu governo.
Ele planejara a morte de seu pai de qualquer forma.
— Dê ao povo comida — ela disse, se soltando dos guardas. A garota realmente era forte e ardilosa — Dê ao povo o que eles querem e você terá um governo justo. O povo tem fome enquanto todos estamos fartos; adolescentes são tomados de suas famílias, crianças são vendidas a troco de comida…
Os passos pesados do povo do lado de fora se mostravam cada vez mais próximos.
— Não pode continuar assim, papai — ela disse, dando uns passos para trás. — Não pode continuar assim, meu Rei.
disparou a arma sinalizadora e sorriu para seu irmão, que tinha seus olhos envoltos de raiva.
Outros disparos foram escutados e outro ranger de portas foi escutado. Agora, não apenas o povo entrava para recolher a comida, como o boato que a própria havia levantado entre o povo, como os adolescentes presos ali, de que estavam livres.
— Se você quer mão de obra — ela disse ao irmão e ao pai —, então pague por seu trabalho.
então correu. Ela saiu daquele lugar, pois sabia que se continuasse ali, seria morta pela sua própria família; não que se importasse, um deles já planejava aquilo há um bom tempo. A princesa era querida pelo povo, se saísse daquele lugar morta, seu povo veria, seu povo tomaria o que era deles por direito de um jeito ou de outro.
Seus pés eram ágeis, ela despistou guardas por anos. Sabia como sair daquele palácio e seguir até as muralhas para o lado norte do país com facilidade. Desde que seu mundo havia sido destruído por guerras e ego político, ela aprendera a se virar. A partir do momento em que o pai resolvera que criar uma dinastia em um mundo destruído faria sentido.
Ela nunca concordara com aquilo.
— Eu sei que você está por aqui, irmãzinha — a voz de seu irmão surgiu, ecoando pela biblioteca. — Pensa que eu não sei cada rota de fuga sua nesse palácio?
document.write(Lila) riu. Ele chamava um antigo hotel luxuoso, do velho mundo — que, diga-se, não estava nas melhores condições — de palácio.
— Eu sei que essa sala te leva a sua única escapatória — aquilo era verdade, mas ele nunca veria ela deixando o local.
Seu irmão atirou em qualquer direção e por algum tipo de má sorte, foi atingida. Entretanto, lidaria com aquilo depois - não sentia a dor por conta da adrenalina que corria em suas veias naquele momento.
O alçapão estava a alguns metros apenas e se escondia entre as estantes de livros. Seu silêncio era necessário.
— Vamos, — ele disse mais uma vez, de costas para a última estante que lhe faltava checar —, não se esconda, seja corajosa.
Ele escutou a escotilha ser trancada.
— Sua desertora! — o irmão gritou em fúria.
Ele saiu correndo, juntando todos os guardas que podia para ir atrás de sua irmã - ou, pelo menos, aqueles que não tentavam controlar a confusão fora do palácio.
Os carros que funcionam a energia solar, uma “tecnologia” exclusiva do palácio, estavam prontos quando eles saíram pelas grandes escadarias principais. O povo estava ali, vendo a cena sem entender, recebendo sua comida.
— Ela não pode ter ido longe — o irmão disse em gritos, se acomodando em um dos carros.
O povo estava em fúria também. Eles sabiam que aquele era um plano arquitetado por ela pelo bem deles e que ela tinha seus aliados.
“BULNORIYA” uma voz gritou de fora dos portões enquanto estava escondida, aquele era o sinal de que ela precisava: ele indicava que os carros de seu irmão já haviam passado dos portões centrais, o que significava que ela poderia deixar a ala leste. estava ali para ajudá-la com a passagem. Não que seu cabelo fosse algo que passasse despercebido, mas aí era que estava a graça de toda a situação: ninguém duvidava da lealdade dos soldados magenta, os soldados do exército privado de seu irmão.
E , mesmo sendo o mais novo, era o líder deles.
— Suas vestes, vossa majestade — ele disse, entregando a roupa cor magenta para que ela se camuflasse como um deles.
A era do reinado de seu pai era denominada primaverística, por isso, flores eram o principal símbolo do reino.
A flor escolhida por seu irmão, que representava os soldados magenta, era a “clavel lanudo”. Então, seu uniforme, uma calça de couro cor magenta e uma blusa de mangas largas do mesmo tecido e da mesma cor, tinha um enorme detalhe no centro de seu peito, carregando o símbolo de sua nação e uma enorme clavel.
— Alguém já disse a ele que esse uniforme é bonito demais para uma guerra? — ela brincou enquanto amarrava suas botas de cano alto.
— Nós comentamos que a mobilidade não era tão boa quando ele apareceu com os uniformes — disse, revirando os olhos. — Mas ele nos fez treinar por mais de cinco dias campo a fora com eles.
— Meu irmão realmente é um filho da… — ele arregalou os olhos, tapando a boca da garota com cuidado e a colocando com pressa para dentro do quarto que estavam próximos.
— O que faz aqui, capitão? — um de seus soldados apareceu, apavorado com a situação de fora. espiava pela fresta, tentando analisar se era algum aliado ou não.
— Inspecionando o local. Pedido do próprio príncipe para checar se a princesa não está escondida por estas habitações — ele respondeu, mantendo sua postura.
— Certo — o soldado retribuiu. — Estarei tentando ajudar com o controle de fora, está um caos enorme pela distribuição de comida e pela liberação dos trabalhadores.
— Sim, siga o protocolo quinze — o outro disse, se referindo ao controle de caos das regras que eles tinham entre eles.
— Onde está ? — perguntou, saindo e andando ao lado de , com seu pano cobrindo seus cabelos e boca, deixando apenas seus olhos à vista.
— Foi designado para acompanhar o conselheiro à muralha sagrada junto de seu esquadrão — Ele respondeu. — está monitorando as câmeras e rádios da estação. E está com os outros supervisionando a entrada do velho muro.
— Certo. — ela respondeu — Vamos!
No mundo daqueles tempos, coberto por terra e ondas de calores absurdas, era comum que a maioria das pessoas usassem panos que as protegessem do clima árido, então seria muito difícil que alguém reconhecesse a princesa. Se não fosse pelo guarda real que a garota havia nocauteado mais cedo.
— Desertores! — o guarda, com seu uniforme azul, gritou com o dedo apontado para a sua direção, saindo das portas do palácio principal com o rádio de comunicação direta com seu irmão em mãos.
— Droga! — grunhiu, andando um pouco mais rápido até o carro que estavam indo.
— Vamos! — disse alto enquanto corria por causa de alguns soldados que vinham atrás deles.
— , você será nossos olhos — o garoto disse assim que sincronizou o rádio do carro e deu partida — A neblina está muito forte e eles estão bem atrás de nós.
, do outro lado, escutava com atenção, monitorando todas as telas à sua frente.
— Certo — ele respondeu. — Eles estão exatamente a noventa graus. A entrada do oriente está a quatro quilômetros e eles não podem saber onde ela está — entendeu o recado imediatamente, desviando o carro para o leste, onde as construções dos shoppings do velho mundo ficavam. — Você precisa levá-los para a entrada momento cinco, os garotos estão com as armadilhas prontas.
— Certo! — ele disse, acelerando o carro assim que escutou as indicações.
— Tenho uma tarefa para a princesa e melhor atiradora desse país — ele disse, rindo, e sentiu falta do amigo. Ela havia ajudado ele a fugir há alguns meses com os outros e não entraram em contato desde então para que não tivessem pistas dele.
— Já está na mão — a princesa respondeu, ajustando o cartucho da arma.
— Você sempre foi a mais inteligente de todos nós — disse, ainda rindo. — Óculos com visão precisa estão embaixo do seu assento. E amarre bem o pano entre o nariz e a boca ou comerá terra, assim como quando éramos crianças.
— A única pessoa que eu lembro que comia terra aqui é você — ela respondeu, rindo também, e amarrando bem o pano em seu rosto. — Deseje-me sorte — disse, beijando as armas que tinha em mãos.
então passou para o branco de trás, fazendo com que abrisse o capô do carro para que ela pudesse fazer o que fosse necessário. Ela apontou sua MK 12, mirou ela precisamente no motorista do carro mais próximo deles e acertou em cheio uma bala no meio de sua testa. Isso fez com que o carro capotasse com todos que estavam dentro dele, mas, óbvio, a princesa não comemorou. Havia outros para atrasar até chegarem nas ruínas dos antigos shoppings.
— Estou ficando sem munição, quanto tempo temos? — ela disse, voltando sua atenção a ele por segundos — Ah, droga! — exclamou de dor quando sentiu um tiro atingindo seu braço direito.
— Você está bem? — ele perguntou, preocupado, e ela balançou a cabeça positivamente, mirando na pessoa ao lado de seu irmão no carro apenas para assustá-lo. — Atravessamos em dois minutos precisamente.
— Okay — ela gritou, tirando a arma de onde estava apoiada e voltando para a posição original ao lado de , pegando o comunicador — , se prepare.
— Dez — ele começou a contar — nove, oito, sete, seis — ele foi contando junto dos outros, que esperavam pela passagem — cinco, e a princesa passaram, preparem-se — ele disse olhando o monitor — AGORA!
A explosão podia ser escutada a quilômetros e as pedras caíram, formando um paredão, que fez com que os outros carros não conseguissem passar. Era a cena mais raivosa para o príncipe, que via a irmã sorrir de longe, fugindo.
O povo nobre não sabia, mas havia uma cidade e uma comunidade sendo construídas a horas dali, além das muralhas. E era exatamente para lá que eles estavam indo. A entrada do Oriente era a única escondida que levaria o seu povo a essa comunidade assim que eles pegassem todos os suprimentos na confusão que criaram na cidade.
Ela queria seu povo livre, confortável e com esperança de vida, mesmo que aquele já fosse o final do mundo.
Foi por isso que, nas ruínas, ela deixou com que liderasse o caminho. imaginava que aquele poderia ser o momento dele protegendo o futuro de um povo, pois sabia que seu irmão não desistiria.
E teve a certeza quando ouviu o grande estrondo atrás de si depois de passar de uma janela para a outra, a deixando por último. Aquelas instalações não eram confiáveis o suficiente, por isso passavam de um prédio para o outro até chegarem na saída secreta para o outro lado da muralha. Seus pés tocaram a madeira apressadamente assim que o alto barulho veio atrás de si e começou a aumentar.
Pareciam passos raivosos, que ela imaginava de quem seriam.
— Chega de fugir, Irmãzinha — ele falou, vendo ela no meio da travessia. — Você não vai mais conseguir seguir com seu planinho sem fundamento. No final, eu ganhei e você perdeu, fim de conversa — ele disse, apontando sua arma. Todos olhavam assustados do outro lado, sabiam o quão irracional era o príncipe herdeiro.
— Vão! — ela disse, olhando na direção deles — Vocês ainda tem muitas coisas para fazer e sabem o que são.
— Não vamos deixar você — , que durante toda a viagem permaneceu calado, disse, dando um passo à frente.
— É uma ordem! — retrucou em tom autoritário. Sabia que eles não seriam loucos de desobedecer uma ordem, afinal, ela era uma princesa e mesmo que fossem amigos, a respeitavam.
— Temos que obedecer — disse, tocando o ombro do amigo, que parecia raivoso no momento. Eles trocaram um olhar sincero, no qual silenciosamente ordenava que eles deveriam se reencontrar em poucos minutos. Ele sabia que poderia ganhar por ser mais inteligente.
— Diga a que comeremos dumplings juntos em breve — ela disse antes de se virar de frente para o irmão, que trazia um sorriso irônico no rosto.
— Sempre soube que você era um traidor — ele disse a , que não ficou para escutar suas lamentações — Ah, o amor jovem… — o mais velho comentou debochado ao ver a última troca de olhares entre e — Ele é tão devastador.
Seu irmão era narcisista. Ele gostava de falar de si mesmo, o que deu tempo suficiente para que ela pensasse no que faria. era inteligente; ela sabia que o irmão viria atrás dela e, por isso, durante o caminho, pegou escondido o dispositivo que ativava as bombas que havia deixado pela trajetória.
— Sabe, irmão, você deveria se esforçar mais — ela disse, olhando ele e seus capangas, que haviam chegado e se acomodado atrás dele. Ela sorriu para alguém no andar de baixo e ele ficou confuso.
A verdade era que ela tinha aliados que realmente eram fiéis a ela, fazendo papéis de traidores. Ótimos atores, por sinal.
— Agora! — ela disse alto, e ele viu a figura de roupas azuis atravessar de uma janela para a outra no andar de baixo — Você precisa parar de confiar em pessoas que aceitam seu comportamento egocêntrico e narcisista, irmão.
— Não, não, não, não — ele disse, gritando a última palavra — Não o meu melhor soldado, !
Ela sorriu vitoriosa por saber que ele preservava tanto aquele que acabara de finalmente passar para o seu lado.
O soldado , o mesmo que havia supostamente nocauteado logo quando invadiu a reunião entre seu pai, irmão e os conselheiros, era parte de todo o plano - e, ele era tão fiel a seu irmão que ninguém desconfiaria. Foi por isso que ele a acompanhou em uma de suas saídas do palácio para o povoado e descobriu a verdade escondida na escassez do povo fora do palácio, se propondo a ajudá-la com o que fosse preciso.
Ela não podia confiar nele de início, mas fez o possível para testar sua lealdade e ela foi aprovada quando ele ajudou e outros a fugirem.
Nesse dia em que tudo estava preparado, ela sabia que ele estaria na porta do grande salão. Eles haviam treinado por semanas a cena dele desmaiando depois de um golpe dela. Nem sabia que aquilo era um plano, porque eles tinham noção de que seu irmão colocaria espiões ao redor do palácio e que alguém iria presenciar aquela cena.
E foi o que aconteceu.
não estava preparada para o plano C entrar em ação, já que era o mais perigoso de todos, mas ainda sim precisava. Como aquela rota não era a do oriente, a original passagem em direção ao outro povoado, ela poderia fazer aquilo sem problemas, contanto que realizasse tudo de forma meticulosa. Para isso, ela contava com a ajuda de . Dispositivos foram espalhados pelo lado oposto do prédio, havia muitas plantas que cresceram sobre as paredes dos prédios, então não eram visíveis. atravessaria uma das janelas mais próximas do andar de baixo e ela determinaria aquele como o momento. Por isso, seu olhar sínico ao irmão.
— Adeus, irmão! — ela disse, apertando o botão ligado à pulseira que estava em seu pulso e fazendo com que ele arregalasse os olhos em sua direção.
A intenção não era uma grande explosão, mas sim uma explosão que os assustasse e soltasse fumaça pelo local. E foi o que aconteceu.
O gás era forte, por isso ela e , que já estava no andar de cima a esse ponto, usavam máscaras de gás. Seu irmão ficou confuso aos poucos, o gás fazia isso com quem o inalava. Para alguns, servia como entorpecente e para outros, como uma bela borracha em suas memórias. Normalmente, usados em soldados da guerra quando o mundo havia colapsado e todas as nações se colocavam uns contra os outros.
Mas ele não desistiu. Mesmo com sua confusão mental, ele atirou como louco por todos os lados, acertando um dos dispositivos e provocando uma explosão maior ainda, fazendo com que saísse correndo pelo pedaço de madeira que ainda estava em cima entre os dois prédios.
— Você está bem? — perguntou e ela ignorou sua pergunta. Sabia que deveriam sair dali primeiro ou seriam mortos. Não apenas pelos tiros, mas também por futuras explosões provocadas pelos tiros.
Por isso, foram em direção à grande rachadura que servia como saída do local - onde a luz do sol era dolorosa de tão quente que estava, mas era, de alguma forma suportável.
— Vocês conseguiram! — A voz de ecoou em sua mente.
Sua visão turva não deixava com que ela visse nenhum deles direito, mas, ela pôde reconhecer a voz do seu amigos de infância, que amava como muito mais que apenas um amigo. Sua máscara embaçava com a hiperventilação que estava tendo pela repentina dor no abdômen.
— ? — ele segurou o rosto da princesa, sentindo seu corpo desfalecer de repente em seus braços — , me diga o que está acontecendo!
Ele tirou com pressa a máscara de seu rosto e ela pôde respirar melhor. Ao sentir seus pulmões encherem, a princesa percebeu o quanto doía.
— Eu — ela pausou a fala pela dor — eu não sei.
colocou a mão sobre seu abdômen e pôde sentir o líquido quente sobre suas mãos.
— Eu acho que ele me acertou — ela disse lentamente a , que sabia o que havia acontecido — Escute, , você precisa continuar essa jornada! Precisa levar o povo para frente e torná-los um povo digno. Eles merecem o melhor. Você sabe que pode fazer isso com a ajuda de todos.
tossiu. O sangue dessa vez subiu a sua boca e ela se apavorou um pouco quando viu, porque se lembrou de cenas assim nos filmes que via quando era menor. Sabia que não era um bom sinal.
— Aguenta firme — ele disse enquanto eles colocavam-na no banco de trás e um dos carros — Uma princesa não pode abandonar seu posto e muito menos seu povo, eles não irão aceitar.
Ela riu do comentário dele. Sabia que todos eram teimosos, mas ela e sua missão haviam acabado. Seu irmão não teria mais um povo para escravizar, porque a esse ponto todos já haviam esvaziado a cidade com os suplementos rumo a um novo mundo.
Foi por isso que suspirou aliviada, deixou uma lágrima cair e sentiu sua visão escurecer.
Com o sentimento de que sua missão havia sido comprida.
A desigualdade era grande e parecia que seu rei não enxergava, já que sequer deixava seu castelo para ver seus súditos. Ele ignorava o conselho real e também as coisas que sua filha dizia. O único a quem dava ouvidos era ao filho mais velho, que não era boa influência para o pai.
— Princesa — o guarda real, que guardava a porta do grande trono, tentou impedi-la de entrar —, seu pai não está em um bom momento, os conselheiros estão lá dentro e ele não quer ser incomodado por ninguém.
— Como se eu não fosse parte de tudo isso — ela riu, áspera. — Deixe-me passar.
— Não tenho permissão! — ele disse olhando para o lado direito e checando se o vulto que havia visto não era algo de sua mente.
A Princesa sempre havia sido criada para lutar fisicamente e foi exatamente isso que fez. Ela precisou de um momento de distração do guarda para deixá-lo inconsciente por alguns minutos.
— Meu Deus, eu serei julgado mal por tê-la ajudado nisso — um dos conselheiros não convocados para a reunião que acontecia dentro da cúpula disse, indignado.
— Deus te julgou mal no momento que você decidiu deixar seu cargo de padre para virar um conselheiro real por desespero — ela disse enquanto checava a pulsação do homem caído — Certo, nós temos aproximadamente vinte minutos. Se o plano não funcionar, coloque o plano B em ação imediatamente.
— Vejo a senhorita nas muralhas, não faça muita bagunça — ele disse, lhe entregando uma das adagas sagradas. — Ainda existem pessoas boas nesse palácio.
— Leve-as com você — ela disse firme. — Pois eu não garanto que esse palácio continuará de pé por muito tempo com meu irmão no comando.
— Tentarei — ele respondeu. — Tenha cuidado!
A verdade era que aquele mundo já estava aos pedaços, mas ela não queria ver o que lhes restava da mesma forma. E era o que aconteceria se seu pai continuasse acatando as decisões de seu irmão, Rods.
— Pretende deixar seu povo morrendo de fome pelo resto de seus dias enquanto nossas reservas estão mais do que cheias e nossas plantações, transbordando, papai? — ela disse assim que chutou a porta principal.
O conselho todo que estava reunido e seu pai assustaram-se com o estrondo. Mas seu irmão sequer piscou de forma diferente, ele sabia que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde.
— Ora, ora, veja quem decidiu se rebelar — o irmão riu alto, fazendo com que seu pai o olhasse confuso e a princesa apenas rolasse seus olhos em tédio.
— O blá blá blá de vilão até combina com você, irmão. — ela respondeu — Mas não gera comoção o suficiente. Você está precisando de mais aulas com Johnas. Ah, me desculpe, esqueci que você mandou matá-lo antes que ele contasse seus verdadeiros planos ao Rei.
— Do que você está falando, ? — O rei finalmente disse alguma coisa.
— Parece que o grande rei realmente não sabe de tudo — a filha respondeu sarcasticamente. — Depois dessa conversa, dê uma olhada debaixo de uma de suas vinhas favoritas.
— Sua fedelha — O irmão disse de repente — Guardas!
— O que você está fazendo, Arthur? — o rei perguntou, indignado com a ação do filho.
— Ela é uma desertora, Pai! — ele disse em fúria — Tem tramado um golpe contra você há dois anos.
— Você quis dizer, você, certo? — ela disse rindo — Não sou eu quem está com um numeroso exército nas terras ao lado, pronto para atacar, quando o rei mesmo proibiu exércitos particulares. Sem contar as compras em massa de armas da grande cidade.
— Calúnia! — disse um dos conselheiros.
— Oh, irmão — a caçula disse em tom irônico —, você precisa de cães de guarda agora?
— Cortem-lhe a cabeça — o irmão disse em um feroz grito, que não assustou nenhum pouco, mas sim, seu pai.
— Viu só, papai, você o deixou ler Alice quando era pequeno e agora ele se acha a Rainha Vermelha — ela riu descrente. — É uma pena que as cartas estejam comigo — foi pega com força pelos braços pelos mesmos guardas por quem havia passado há pouco tempo. Eles hegaram na grande sala assim que escutaram a voz de seu irmão — Abram os portões.
gritou com força, fazendo com que sua voz ecoasse pelo grande palácio. Escutando em seguida um alto ranger de portões sendo abertos, havia traído o próprio pai para que seu povo pudesse viver. Pelo menos, viver um pouco mais, antes de seu irmão matar a todos com seu governo.
Ele planejara a morte de seu pai de qualquer forma.
— Dê ao povo comida — ela disse, se soltando dos guardas. A garota realmente era forte e ardilosa — Dê ao povo o que eles querem e você terá um governo justo. O povo tem fome enquanto todos estamos fartos; adolescentes são tomados de suas famílias, crianças são vendidas a troco de comida…
Os passos pesados do povo do lado de fora se mostravam cada vez mais próximos.
— Não pode continuar assim, papai — ela disse, dando uns passos para trás. — Não pode continuar assim, meu Rei.
disparou a arma sinalizadora e sorriu para seu irmão, que tinha seus olhos envoltos de raiva.
Outros disparos foram escutados e outro ranger de portas foi escutado. Agora, não apenas o povo entrava para recolher a comida, como o boato que a própria havia levantado entre o povo, como os adolescentes presos ali, de que estavam livres.
— Se você quer mão de obra — ela disse ao irmão e ao pai —, então pague por seu trabalho.
então correu. Ela saiu daquele lugar, pois sabia que se continuasse ali, seria morta pela sua própria família; não que se importasse, um deles já planejava aquilo há um bom tempo. A princesa era querida pelo povo, se saísse daquele lugar morta, seu povo veria, seu povo tomaria o que era deles por direito de um jeito ou de outro.
Seus pés eram ágeis, ela despistou guardas por anos. Sabia como sair daquele palácio e seguir até as muralhas para o lado norte do país com facilidade. Desde que seu mundo havia sido destruído por guerras e ego político, ela aprendera a se virar. A partir do momento em que o pai resolvera que criar uma dinastia em um mundo destruído faria sentido.
Ela nunca concordara com aquilo.
— Eu sei que você está por aqui, irmãzinha — a voz de seu irmão surgiu, ecoando pela biblioteca. — Pensa que eu não sei cada rota de fuga sua nesse palácio?
— Eu sei que essa sala te leva a sua única escapatória — aquilo era verdade, mas ele nunca veria ela deixando o local.
Seu irmão atirou em qualquer direção e por algum tipo de má sorte, foi atingida. Entretanto, lidaria com aquilo depois - não sentia a dor por conta da adrenalina que corria em suas veias naquele momento.
O alçapão estava a alguns metros apenas e se escondia entre as estantes de livros. Seu silêncio era necessário.
— Vamos, — ele disse mais uma vez, de costas para a última estante que lhe faltava checar —, não se esconda, seja corajosa.
Ele escutou a escotilha ser trancada.
— Sua desertora! — o irmão gritou em fúria.
Ele saiu correndo, juntando todos os guardas que podia para ir atrás de sua irmã - ou, pelo menos, aqueles que não tentavam controlar a confusão fora do palácio.
Os carros que funcionam a energia solar, uma “tecnologia” exclusiva do palácio, estavam prontos quando eles saíram pelas grandes escadarias principais. O povo estava ali, vendo a cena sem entender, recebendo sua comida.
— Ela não pode ter ido longe — o irmão disse em gritos, se acomodando em um dos carros.
O povo estava em fúria também. Eles sabiam que aquele era um plano arquitetado por ela pelo bem deles e que ela tinha seus aliados.
“BULNORIYA” uma voz gritou de fora dos portões enquanto estava escondida, aquele era o sinal de que ela precisava: ele indicava que os carros de seu irmão já haviam passado dos portões centrais, o que significava que ela poderia deixar a ala leste. estava ali para ajudá-la com a passagem. Não que seu cabelo fosse algo que passasse despercebido, mas aí era que estava a graça de toda a situação: ninguém duvidava da lealdade dos soldados magenta, os soldados do exército privado de seu irmão.
E , mesmo sendo o mais novo, era o líder deles.
— Suas vestes, vossa majestade — ele disse, entregando a roupa cor magenta para que ela se camuflasse como um deles.
A era do reinado de seu pai era denominada primaverística, por isso, flores eram o principal símbolo do reino.
A flor escolhida por seu irmão, que representava os soldados magenta, era a “clavel lanudo”. Então, seu uniforme, uma calça de couro cor magenta e uma blusa de mangas largas do mesmo tecido e da mesma cor, tinha um enorme detalhe no centro de seu peito, carregando o símbolo de sua nação e uma enorme clavel.
— Alguém já disse a ele que esse uniforme é bonito demais para uma guerra? — ela brincou enquanto amarrava suas botas de cano alto.
— Nós comentamos que a mobilidade não era tão boa quando ele apareceu com os uniformes — disse, revirando os olhos. — Mas ele nos fez treinar por mais de cinco dias campo a fora com eles.
— Meu irmão realmente é um filho da… — ele arregalou os olhos, tapando a boca da garota com cuidado e a colocando com pressa para dentro do quarto que estavam próximos.
— O que faz aqui, capitão? — um de seus soldados apareceu, apavorado com a situação de fora. espiava pela fresta, tentando analisar se era algum aliado ou não.
— Inspecionando o local. Pedido do próprio príncipe para checar se a princesa não está escondida por estas habitações — ele respondeu, mantendo sua postura.
— Certo — o soldado retribuiu. — Estarei tentando ajudar com o controle de fora, está um caos enorme pela distribuição de comida e pela liberação dos trabalhadores.
— Sim, siga o protocolo quinze — o outro disse, se referindo ao controle de caos das regras que eles tinham entre eles.
— Onde está ? — perguntou, saindo e andando ao lado de , com seu pano cobrindo seus cabelos e boca, deixando apenas seus olhos à vista.
— Foi designado para acompanhar o conselheiro à muralha sagrada junto de seu esquadrão — Ele respondeu. — está monitorando as câmeras e rádios da estação. E está com os outros supervisionando a entrada do velho muro.
— Certo. — ela respondeu — Vamos!
No mundo daqueles tempos, coberto por terra e ondas de calores absurdas, era comum que a maioria das pessoas usassem panos que as protegessem do clima árido, então seria muito difícil que alguém reconhecesse a princesa. Se não fosse pelo guarda real que a garota havia nocauteado mais cedo.
— Desertores! — o guarda, com seu uniforme azul, gritou com o dedo apontado para a sua direção, saindo das portas do palácio principal com o rádio de comunicação direta com seu irmão em mãos.
— Droga! — grunhiu, andando um pouco mais rápido até o carro que estavam indo.
— Vamos! — disse alto enquanto corria por causa de alguns soldados que vinham atrás deles.
— , você será nossos olhos — o garoto disse assim que sincronizou o rádio do carro e deu partida — A neblina está muito forte e eles estão bem atrás de nós.
, do outro lado, escutava com atenção, monitorando todas as telas à sua frente.
— Certo — ele respondeu. — Eles estão exatamente a noventa graus. A entrada do oriente está a quatro quilômetros e eles não podem saber onde ela está — entendeu o recado imediatamente, desviando o carro para o leste, onde as construções dos shoppings do velho mundo ficavam. — Você precisa levá-los para a entrada momento cinco, os garotos estão com as armadilhas prontas.
— Certo! — ele disse, acelerando o carro assim que escutou as indicações.
— Tenho uma tarefa para a princesa e melhor atiradora desse país — ele disse, rindo, e sentiu falta do amigo. Ela havia ajudado ele a fugir há alguns meses com os outros e não entraram em contato desde então para que não tivessem pistas dele.
— Já está na mão — a princesa respondeu, ajustando o cartucho da arma.
— Você sempre foi a mais inteligente de todos nós — disse, ainda rindo. — Óculos com visão precisa estão embaixo do seu assento. E amarre bem o pano entre o nariz e a boca ou comerá terra, assim como quando éramos crianças.
— A única pessoa que eu lembro que comia terra aqui é você — ela respondeu, rindo também, e amarrando bem o pano em seu rosto. — Deseje-me sorte — disse, beijando as armas que tinha em mãos.
então passou para o branco de trás, fazendo com que abrisse o capô do carro para que ela pudesse fazer o que fosse necessário. Ela apontou sua MK 12, mirou ela precisamente no motorista do carro mais próximo deles e acertou em cheio uma bala no meio de sua testa. Isso fez com que o carro capotasse com todos que estavam dentro dele, mas, óbvio, a princesa não comemorou. Havia outros para atrasar até chegarem nas ruínas dos antigos shoppings.
— Estou ficando sem munição, quanto tempo temos? — ela disse, voltando sua atenção a ele por segundos — Ah, droga! — exclamou de dor quando sentiu um tiro atingindo seu braço direito.
— Você está bem? — ele perguntou, preocupado, e ela balançou a cabeça positivamente, mirando na pessoa ao lado de seu irmão no carro apenas para assustá-lo. — Atravessamos em dois minutos precisamente.
— Okay — ela gritou, tirando a arma de onde estava apoiada e voltando para a posição original ao lado de , pegando o comunicador — , se prepare.
— Dez — ele começou a contar — nove, oito, sete, seis — ele foi contando junto dos outros, que esperavam pela passagem — cinco, e a princesa passaram, preparem-se — ele disse olhando o monitor — AGORA!
A explosão podia ser escutada a quilômetros e as pedras caíram, formando um paredão, que fez com que os outros carros não conseguissem passar. Era a cena mais raivosa para o príncipe, que via a irmã sorrir de longe, fugindo.
O povo nobre não sabia, mas havia uma cidade e uma comunidade sendo construídas a horas dali, além das muralhas. E era exatamente para lá que eles estavam indo. A entrada do Oriente era a única escondida que levaria o seu povo a essa comunidade assim que eles pegassem todos os suprimentos na confusão que criaram na cidade.
Ela queria seu povo livre, confortável e com esperança de vida, mesmo que aquele já fosse o final do mundo.
Foi por isso que, nas ruínas, ela deixou com que liderasse o caminho. imaginava que aquele poderia ser o momento dele protegendo o futuro de um povo, pois sabia que seu irmão não desistiria.
E teve a certeza quando ouviu o grande estrondo atrás de si depois de passar de uma janela para a outra, a deixando por último. Aquelas instalações não eram confiáveis o suficiente, por isso passavam de um prédio para o outro até chegarem na saída secreta para o outro lado da muralha. Seus pés tocaram a madeira apressadamente assim que o alto barulho veio atrás de si e começou a aumentar.
Pareciam passos raivosos, que ela imaginava de quem seriam.
— Chega de fugir, Irmãzinha — ele falou, vendo ela no meio da travessia. — Você não vai mais conseguir seguir com seu planinho sem fundamento. No final, eu ganhei e você perdeu, fim de conversa — ele disse, apontando sua arma. Todos olhavam assustados do outro lado, sabiam o quão irracional era o príncipe herdeiro.
— Vão! — ela disse, olhando na direção deles — Vocês ainda tem muitas coisas para fazer e sabem o que são.
— Não vamos deixar você — , que durante toda a viagem permaneceu calado, disse, dando um passo à frente.
— É uma ordem! — retrucou em tom autoritário. Sabia que eles não seriam loucos de desobedecer uma ordem, afinal, ela era uma princesa e mesmo que fossem amigos, a respeitavam.
— Temos que obedecer — disse, tocando o ombro do amigo, que parecia raivoso no momento. Eles trocaram um olhar sincero, no qual silenciosamente ordenava que eles deveriam se reencontrar em poucos minutos. Ele sabia que poderia ganhar por ser mais inteligente.
— Diga a que comeremos dumplings juntos em breve — ela disse antes de se virar de frente para o irmão, que trazia um sorriso irônico no rosto.
— Sempre soube que você era um traidor — ele disse a , que não ficou para escutar suas lamentações — Ah, o amor jovem… — o mais velho comentou debochado ao ver a última troca de olhares entre e — Ele é tão devastador.
Seu irmão era narcisista. Ele gostava de falar de si mesmo, o que deu tempo suficiente para que ela pensasse no que faria. era inteligente; ela sabia que o irmão viria atrás dela e, por isso, durante o caminho, pegou escondido o dispositivo que ativava as bombas que havia deixado pela trajetória.
— Sabe, irmão, você deveria se esforçar mais — ela disse, olhando ele e seus capangas, que haviam chegado e se acomodado atrás dele. Ela sorriu para alguém no andar de baixo e ele ficou confuso.
A verdade era que ela tinha aliados que realmente eram fiéis a ela, fazendo papéis de traidores. Ótimos atores, por sinal.
— Agora! — ela disse alto, e ele viu a figura de roupas azuis atravessar de uma janela para a outra no andar de baixo — Você precisa parar de confiar em pessoas que aceitam seu comportamento egocêntrico e narcisista, irmão.
— Não, não, não, não — ele disse, gritando a última palavra — Não o meu melhor soldado, !
Ela sorriu vitoriosa por saber que ele preservava tanto aquele que acabara de finalmente passar para o seu lado.
O soldado , o mesmo que havia supostamente nocauteado logo quando invadiu a reunião entre seu pai, irmão e os conselheiros, era parte de todo o plano - e, ele era tão fiel a seu irmão que ninguém desconfiaria. Foi por isso que ele a acompanhou em uma de suas saídas do palácio para o povoado e descobriu a verdade escondida na escassez do povo fora do palácio, se propondo a ajudá-la com o que fosse preciso.
Ela não podia confiar nele de início, mas fez o possível para testar sua lealdade e ela foi aprovada quando ele ajudou e outros a fugirem.
Nesse dia em que tudo estava preparado, ela sabia que ele estaria na porta do grande salão. Eles haviam treinado por semanas a cena dele desmaiando depois de um golpe dela. Nem sabia que aquilo era um plano, porque eles tinham noção de que seu irmão colocaria espiões ao redor do palácio e que alguém iria presenciar aquela cena.
E foi o que aconteceu.
não estava preparada para o plano C entrar em ação, já que era o mais perigoso de todos, mas ainda sim precisava. Como aquela rota não era a do oriente, a original passagem em direção ao outro povoado, ela poderia fazer aquilo sem problemas, contanto que realizasse tudo de forma meticulosa. Para isso, ela contava com a ajuda de . Dispositivos foram espalhados pelo lado oposto do prédio, havia muitas plantas que cresceram sobre as paredes dos prédios, então não eram visíveis. atravessaria uma das janelas mais próximas do andar de baixo e ela determinaria aquele como o momento. Por isso, seu olhar sínico ao irmão.
— Adeus, irmão! — ela disse, apertando o botão ligado à pulseira que estava em seu pulso e fazendo com que ele arregalasse os olhos em sua direção.
A intenção não era uma grande explosão, mas sim uma explosão que os assustasse e soltasse fumaça pelo local. E foi o que aconteceu.
O gás era forte, por isso ela e , que já estava no andar de cima a esse ponto, usavam máscaras de gás. Seu irmão ficou confuso aos poucos, o gás fazia isso com quem o inalava. Para alguns, servia como entorpecente e para outros, como uma bela borracha em suas memórias. Normalmente, usados em soldados da guerra quando o mundo havia colapsado e todas as nações se colocavam uns contra os outros.
Mas ele não desistiu. Mesmo com sua confusão mental, ele atirou como louco por todos os lados, acertando um dos dispositivos e provocando uma explosão maior ainda, fazendo com que saísse correndo pelo pedaço de madeira que ainda estava em cima entre os dois prédios.
— Você está bem? — perguntou e ela ignorou sua pergunta. Sabia que deveriam sair dali primeiro ou seriam mortos. Não apenas pelos tiros, mas também por futuras explosões provocadas pelos tiros.
Por isso, foram em direção à grande rachadura que servia como saída do local - onde a luz do sol era dolorosa de tão quente que estava, mas era, de alguma forma suportável.
— Vocês conseguiram! — A voz de ecoou em sua mente.
Sua visão turva não deixava com que ela visse nenhum deles direito, mas, ela pôde reconhecer a voz do seu amigos de infância, que amava como muito mais que apenas um amigo. Sua máscara embaçava com a hiperventilação que estava tendo pela repentina dor no abdômen.
— ? — ele segurou o rosto da princesa, sentindo seu corpo desfalecer de repente em seus braços — , me diga o que está acontecendo!
Ele tirou com pressa a máscara de seu rosto e ela pôde respirar melhor. Ao sentir seus pulmões encherem, a princesa percebeu o quanto doía.
— Eu — ela pausou a fala pela dor — eu não sei.
colocou a mão sobre seu abdômen e pôde sentir o líquido quente sobre suas mãos.
— Eu acho que ele me acertou — ela disse lentamente a , que sabia o que havia acontecido — Escute, , você precisa continuar essa jornada! Precisa levar o povo para frente e torná-los um povo digno. Eles merecem o melhor. Você sabe que pode fazer isso com a ajuda de todos.
tossiu. O sangue dessa vez subiu a sua boca e ela se apavorou um pouco quando viu, porque se lembrou de cenas assim nos filmes que via quando era menor. Sabia que não era um bom sinal.
— Aguenta firme — ele disse enquanto eles colocavam-na no banco de trás e um dos carros — Uma princesa não pode abandonar seu posto e muito menos seu povo, eles não irão aceitar.
Ela riu do comentário dele. Sabia que todos eram teimosos, mas ela e sua missão haviam acabado. Seu irmão não teria mais um povo para escravizar, porque a esse ponto todos já haviam esvaziado a cidade com os suplementos rumo a um novo mundo.
Foi por isso que suspirou aliviada, deixou uma lágrima cair e sentiu sua visão escurecer.
Com o sentimento de que sua missão havia sido comprida.
Epílogo
— Café? — a voz de surgiu do nada — Cabeça cheia?
— Sentindo o frio noturno — a princesa respondeu ao pegar a caneca de sua mãos, deixando um sorriso brotar em seu rosto, o que fez com que ele sorrisse junto.
— , eu tenho que te dizer uma coisa — ele disse olhando para frente, chamando sua atenção de repente. — Eu não sei se é o momento, mas eu vou dizer mesmo assim.
Ela balançou sua cabeça positivamente, prestando atenção.
— Eu amo você — ele disse em um suspiro. — Antes do fim do mundo, depois do fim do mundo, sempre foi você.
— Obrigada, divino ser, que me deixou viver — ela disse de repente, fazendo com que ele desse risada confusa.
— Achei que você acreditava que Deus nos havia abandonado — ele brincou, fazendo ela rir.
— Ainda acredito — ela respondeu, rindo. — Mas depois de escutar meu crush de anos se declarando assim, do nada, acho que pode ser um sinal de que minhas orações apenas estão chegando atrasadas ao céu.
De todas as coisas naquele momento, eles dividiam um pôr do sol, sorrisos e duas canecas de café quente. De cima das montanhas de uma nova vida, com a vista de uma nova sociedade sendo moldada, depois do fim do mundo.
— Sentindo o frio noturno — a princesa respondeu ao pegar a caneca de sua mãos, deixando um sorriso brotar em seu rosto, o que fez com que ele sorrisse junto.
— , eu tenho que te dizer uma coisa — ele disse olhando para frente, chamando sua atenção de repente. — Eu não sei se é o momento, mas eu vou dizer mesmo assim.
Ela balançou sua cabeça positivamente, prestando atenção.
— Eu amo você — ele disse em um suspiro. — Antes do fim do mundo, depois do fim do mundo, sempre foi você.
— Obrigada, divino ser, que me deixou viver — ela disse de repente, fazendo com que ele desse risada confusa.
— Achei que você acreditava que Deus nos havia abandonado — ele brincou, fazendo ela rir.
— Ainda acredito — ela respondeu, rindo. — Mas depois de escutar meu crush de anos se declarando assim, do nada, acho que pode ser um sinal de que minhas orações apenas estão chegando atrasadas ao céu.
De todas as coisas naquele momento, eles dividiam um pôr do sol, sorrisos e duas canecas de café quente. De cima das montanhas de uma nova vida, com a vista de uma nova sociedade sendo moldada, depois do fim do mundo.
Fim.
Nota da autora: Que perrengue dar um final para essa fanfic que claramente eu iria gostar de fazer uma long hahaha obrigado se você leu até aqui, espero que tenha gostado!
Não esqueça de comentar no link aqui embaixo, incentiva bastante!
Xoxo, Caleonis!
Nota da beta: Que coisa mais corajosa é essa princesa, minha gente! A maneira como ela liderou todo esse movimento - meu coração quase parou quando pensei que ela não veria o resultado da sua bravura. Mas, ainda bem, deu tudo certo! <3 Espero mais momentos entre a Lila e o Yunho, de verdade!
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