Capítulo Único
Dez anos. Não são dez dias ou dez semanas. São 3.650 dias. Ou seja, muito tempo.
Não sou a mesma garota que almejava seu emprego dos sonhos, hoje eu sou a mulher que conquistou tudo aquilo que sempre quis. Sou professora na universidade que sempre sonhei em estudar e lecionar. Minha vida financeira é estável, tenho meu próprio apartamento, um carro. De bens materiais estou bem, mas falta uma parte muito importante e que eu pensei que jamais me faria falta, entretanto, faz.
Respiro fundo. Minhas mãos batem nervosamente no volante e meu coração parece que vai sair do meu peito.
“, vou ir estudar na Califórnia.”; “E tem mais… Fui convidada para iniciar o programa de estágio que sempre sonhei.” Mil coisas passavam na minha cabeça, porém nenhuma delas imaginou o que realmente aconteceu.
Meia hora mais tarde, adentrou meu carro com seu sorriso e depositou um beijo em meus lábios.
— ,— sorriu e puxou algo do bolso do casaco — eu amo seus olhos, amo esse sorriso lindo que só você tem, amo todas as suas qualidades e especialmente esses seus defeitos. Mas eu odeio acordar todos os dias e não ver você ao meu lado…
— …
Por favor, não me peça em casamento, por favor.
— Eu quero nossa vida — ele abre a caixa veluda e vejo um lindo anel — eu quero me casar com você. E você, quer se casar comigo?
Uma pessoa normal em sã consciência diria não. Explicaria que passaria os próximos cinco anos estudando na Califórnia e após o final do curso faria meu estágio. O que eu fiz? A maior besteira da minha vida. Na tentativa de poupar o pior quem sempre me fez bem.
— Aceito! — Ele coloca o anel no meu dedo e me arrependo no seguinte.
— Eu vou apoiar você na sua carreira, nas suas escolhas e em tudo. E juntos vamos realizar todos nossos sonhos. Eu te amo muito.
Ignoro meus pensamentos e me arrumo para ir à universidade. Sou professora de arquitetura e por mais que meu foco sempre foi lecionar, de vez em quando eu também gosto de fazer alguns projetos por fora. Estou projetando no momento a nova sede de um importante banco.
Deixo o meu carro no estacionamento, paro algumas vezes no caminho por alguns alunos com dúvidas, os esquecidos que sempre deixam pra entregar os trabalhos no último segundo e quando chego à sala de professores ainda faltam quarenta minutos para minha primeira aula do dia.
— ! — Sunny sorri enquanto revira sua bolsa.
— Sunny! — Sorrio para minha colega de trabalho.
— Café! — Ela sorri sacudindo a carteira — Vamos?
— Por que não? — Sorrio e pego minha carteira na bolsa.
Sunny é professora de economia, tem uma família linda e acolhedora. Uma das poucas pessoas que eu confio e gosto entre todos meus colegas de trabalho. Digamos que a maioria não faz questão de ter no mínimo educação.
Pegamos nossos cafés e não resistimos aos melhores cookies do mundo. Não que os outros sejam ruins, mas os da padaria em frente à universidade consegue superar qualquer outro.
— Senhora — um homem me entrega um cartão de visita — tenha um bom dia.
— Obrigada! — Sorrio.
Olho para o nome no cartão “ Advocacia” e meu mundo para por alguns segundos até sentir minha colega me chamando.
— Tudo bem, ?
— Sim… Eu acho.
Guardo o cartão no bolso da calça, e não paro de pensar pelo restante do dia por que justamente tinha que receber aquele cartão no mesmo dia que me lembrei do .
O que ele está fazendo aqui? Ele não odiava a Califórnia?
. . .
— Você é um cara bem chato, sabia? — Sorri e me joguei na cama com .
— Eu te amo — beijou meus lábios — odeio ser trocado por esses livros.
O abracei forte e o beijei. Suas mãos percorriam por toda extensão do meu corpo, as minhas seguravam firme seus cabelos. Nossas bocas, nossos corpos, tínhamos uma química única e perfeita.
— Eu amo você, ! — E ele sorriu levantando minha blusa.
Não sei como aconteceu, mas simplesmente nossos corpos já se pertenciam.
Reviro a minha calça até encontrar o cartão e sem pensar duas vezes ligo para que atende no terceiro toque.
— Olá! — Minha voz falha um pouco.
A ligação fica muda.
— Sou eu… — Não consigo concluir.
— O que você quer? — Ele é rude.
— Me formei, leciono, tenho tudo que sempre quis — sorrio — mas por que sempre me faltou algo?
— , não sei por que me ligou, mas eu tenho coisas mais importantes pra fazer — ele é rude — enquanto você esteve conquistando tudo isso, me dediquei a cuidar da minha filha porque eu insisti nesse lance de “amor” e fui abandonado com uma criança. E o que eu menos tenho agora é tempo pra você, ‘tô retomando minha carreira e minha vida.
— …
— Agora quem não tem e não quer ter tempo pra você sou eu.
. . .
— , eu te amo — gritava no quintal da minha casa — eu te amo.
Gargalhávamos sem nos importarmos que já passava das duas da manhã.
— Vai me amar quando eu estiver velhinha?
— Velhinha, com rugas e usando dentadura. — sorriu.
O abracei forte e ele fez o mesmo. Nossas bocas se encontraram, nossas línguas travavam uma guerra entre si.
— Piscina! — Gritei já correndo e tirando minha blusa.
Nossos corpos tinham uma afinidade fora do normal, sabíamos todos os pontos certos a serem tocados e causar momentos maravilhosos. Namorávamos há tanto tempo que já não conseguia imaginar como era minha vida antes de chegar.
Sunny me olhava perplexa enquanto contava todos os detalhes do meu término com . E era bom poder desabafar depois de tanto tempo guardando tudo aquilo comigo e me culpando por todas as coisas que aconteceram e as que deixaram de acontecer.
— Você não foi a melhor pessoa do mundo — Sunny foi sincera — mas todos nos cometemos erros, certo?
Ela me encarou por alguns segundos antes de se pronunciar.
— Vai. — Disse e não entendi.
— Aonde, criatura? — Sorri e dei um gole no meu suco.
— Atrás dele — limpou a boca da filha — eu sei que você está pensando nisso.
— Não estou, não. — Menti.
— Por favor, — sorriu — vai logo atrás desse cara.
— Acha mesmo que é uma boa ideia?
Sunny sorriu e eu entendi. Dei um beijinho na filha dela e corri em direção ao meu carro. E no caminho pensei em tantas coisas, como pedir desculpas e minhas mãos até soavam de tamanho nervoso.
Minhas mãos soavam e já tinha me olhado no espelho incontáveis vezes. E meu estômago parecia um carrossel de tanto que girava e tudo isso piorou umas cem vezes mais quando adentrou minha casa com um buquê de rosas vermelhas.
— Senhora , são pra senhora. — sorriu e minha mãe agradeceu pelo presente.
Quando passamos pelo portão da minha casa pegou na minha mão e uniu à sua. E caminhamos por alguns minutos até chegarmos ao cinema. E ele deixou que eu escolhesse o filme e fiz questão de escolher um filme bem chato para poder ter a oportunidade de conversar mais com ele e também queria que meu primeiro beijo fosse com ele.
— Você fez de propósito, né? — disse próximo ao meu ouvido.
— O quê? — Sorri.
Suas mãos foram descendo pelo meu rosto, seus dedos tocaram meus lábios e suas mãos, enfim, pararam em meu pescoço. Nossos rostos cada vez se aproximavam mais e lembram do carrossel na minha barriga? Estava girando a cem quilômetros por hora. Nossos lábios tocaram-se pela primeira vez, se movimentavam com calma, tinha gosto de chiclete de menta e era uma sensação muito boa.
Talvez, tenhamos repetido mais algumas vezes durante todo o filme.
Estacionei e fiquei alguns minutos procurando a coragem que precisava adquirir para encará-lo. E adentro o escritório e vejo uma mulher de meia idade organizando alguns papéis e deduzo ser a sua secretária.
— Bom dia! — Sorrio.
— Bom dia — a mulher responde — em que posso ajudá-la?
— Sou uma amiga do senhor — sorrio — e soube que ele chegou há pouco tempo e vim fazer uma surpresa.
A mulher sorriu e apontou para uma porta branca quase ao fim do corredor e sorri para a mesma.
Não bati na porta, respirei fundo e girei a maçaneta. E ele estava de costas com uma xícara de café em mãos e ele havia envelhecido alguns anos, mas tinha sido muito para ele. Seus músculos estavam visíveis, e estava mais alto e os cabelos estavam mais curtos do que da última vez que o vi.
E o sorriso que tinha em seu rosto morreu no momento em que me viu, a xícara de café escorregou de suas mãos se espatifando no chão e sua camisa ficou toda molhada. E por impulso fui até a ele e o ajudei a tirar a camisa entregando a outra blusa social que estava em um cabide próximo a um banheiro.
Cuidadosamente ele se afastou ficando o mais longe possível.
— Vai embora! — Não fez questão de olhar pra mim.
— Não.
— Eu estou pedindo para se retirar.
— E eu dizendo que não vou…
— Tenho um presente pra você — me entrega um vidro de lustrar moveis — pra essa sua cara de pau.
Começo a rir da atitude de e percebo que ele está por um fio, a qualquer momento vai me chutar da sua sala, do seu escritório.
E meu humor muda completamente as risadas e substituída por lágrimas quentes e grossas que molham todo o meu rosto. E me vejo devastada pela culpa que carrego comigo, por lembrar o dia que ele descobriu tudo e me implorou para dizer que era tudo mentira. Por toda a dor que vi em seu rosto quando jogou a caixa com o anel no chão e pisoteava o objeto. Eu me senti a pior pessoa do mundo por não ter contado, por ter aceitado aquele compromisso, por devolver aquele anel e por ver o estado que havia deixado aquele cara, incrível que o único erro foi se apaixonar por mim.
— Desculpa. De verdade, eu sinto muito por tudo. Principalmente por você.
passava as mãos pelos cabelos e ele estava muito nervoso. Eu também estava. Remexer na nossa história despertava muitas coisas em mim. Um misto de arrependimento com uma dor que jamais vou superar.
— Por dois anos eu fiquei recluso — sua voz estava amarga — da faculdade pra casa. Sem festas, sem amigos, sem diversão. E você mais do que ninguém sabe o quanto tudo isso fazia parte de mim, mas você me arrancou a alegria de todas as coisas que eu gostava de fazer.
— , eu sinto muito.
— Eu sinto muito, ou melhor, eu senti muito desde a vontade de me matar por te amar! A dor de dormir chorando e acordar, pior ainda. Mas eu superei, .
Olhava para sua mão e a sua aliança ainda estava ali.
— Casei depois de três anos e um ano depois veio a minha filha — apontou para a foto em sua mesa — e se ainda tinha qualquer resquício de dor referente ao sentimento “amor”, morreu no dia em que a peguei no colo pela primeira vez.
— Eu me arrependo — as lágrimas caiam por todo meu rosto — eu tinha dezoito anos, era a minha faculdade e emprego dos sonhos e…
— E em momento algum chegou a cogitar a ideia de que apoiaria você? — ele grita — porque eu apoiaria, teria pedido você em casamento, nos casaríamos, transferia a faculdade pra Califórnia e seriamos muito felizes.
Nunca pensei na possibilidade de me apoiar e pensar nela fez um filme passar em minha cabeça. Tantos momentos que poderíamos ter tido juntos. O casamento. A vida juntos. Eu poderia ter sido a mãe da filha dele e de todos os outros filhos que poderíamos ter tido.
— Eu pensei que não ia aceitar, que não ia entender…
— Mas eu ia — ele me olhou pela primeira vez — mas você nunca me perguntou isso, fez o que achou que tinha que ser feito e parabéns por tudo que conseguiu. E eu sinto muito por tudo que perdeu pra ganhar o que você tem.
— Não existe pessoa no mundo que não sinta mais do eu sinto por tudo que perdi. — O olho e vejo um homem triste e sozinho.
— Eu sei que não tem nada a ver o que eu vou falar, mas eu, , jamais abandonaria meu marido e minha filha.
Ele não disse mais nada e eu me retirei da sua sala e escutei o barulho de algo ser arremessado na porta.
Só o tempo poderia curar tudo.
— Mãe… então… eu sou adotada — me olhava assustada e seus olhos estavam vermelhos pelas lágrimas.
— Eu ganhei você de presente — enxugava as lágrimas que rolavam pelo seu rosto — nenhuma conquista que eu tive na minha vida supera a emoção que é ter seu amor em minha vida.
— Minha mãe me abandonou — gritou — ela não me quis.
— Mas eu te quis — a abracei — no momento que seu pai me deu uma segunda chance, no momento que eu a vi pela primeira vez eu te quis como se você tivesse ficado nove meses na minha barriga e você é a minha filha, minha princesa. E não importa que não tenha meu sangue, porque nosso amor é mais forte que qualquer coisa. Não fica triste porque a outra não quis ser sua mãe, porque eu sou a sua mãe.
— Mãe, eu te amo — me abraçou — você é minha mãe.
— E nada nunca vai mudar isso — acariciava seus cabelos — eu te quero por toda a minha vida, eu quero estar com você em todos seus momentos porque você é minha filha e sempre será.
Não sou a mesma garota que almejava seu emprego dos sonhos, hoje eu sou a mulher que conquistou tudo aquilo que sempre quis. Sou professora na universidade que sempre sonhei em estudar e lecionar. Minha vida financeira é estável, tenho meu próprio apartamento, um carro. De bens materiais estou bem, mas falta uma parte muito importante e que eu pensei que jamais me faria falta, entretanto, faz.
Respiro fundo. Minhas mãos batem nervosamente no volante e meu coração parece que vai sair do meu peito.
“, vou ir estudar na Califórnia.”; “E tem mais… Fui convidada para iniciar o programa de estágio que sempre sonhei.” Mil coisas passavam na minha cabeça, porém nenhuma delas imaginou o que realmente aconteceu.
Meia hora mais tarde, adentrou meu carro com seu sorriso e depositou um beijo em meus lábios.
— ,— sorriu e puxou algo do bolso do casaco — eu amo seus olhos, amo esse sorriso lindo que só você tem, amo todas as suas qualidades e especialmente esses seus defeitos. Mas eu odeio acordar todos os dias e não ver você ao meu lado…
— …
Por favor, não me peça em casamento, por favor.
— Eu quero nossa vida — ele abre a caixa veluda e vejo um lindo anel — eu quero me casar com você. E você, quer se casar comigo?
Uma pessoa normal em sã consciência diria não. Explicaria que passaria os próximos cinco anos estudando na Califórnia e após o final do curso faria meu estágio. O que eu fiz? A maior besteira da minha vida. Na tentativa de poupar o pior quem sempre me fez bem.
— Aceito! — Ele coloca o anel no meu dedo e me arrependo no seguinte.
— Eu vou apoiar você na sua carreira, nas suas escolhas e em tudo. E juntos vamos realizar todos nossos sonhos. Eu te amo muito.
Ignoro meus pensamentos e me arrumo para ir à universidade. Sou professora de arquitetura e por mais que meu foco sempre foi lecionar, de vez em quando eu também gosto de fazer alguns projetos por fora. Estou projetando no momento a nova sede de um importante banco.
Deixo o meu carro no estacionamento, paro algumas vezes no caminho por alguns alunos com dúvidas, os esquecidos que sempre deixam pra entregar os trabalhos no último segundo e quando chego à sala de professores ainda faltam quarenta minutos para minha primeira aula do dia.
— ! — Sunny sorri enquanto revira sua bolsa.
— Sunny! — Sorrio para minha colega de trabalho.
— Café! — Ela sorri sacudindo a carteira — Vamos?
— Por que não? — Sorrio e pego minha carteira na bolsa.
Sunny é professora de economia, tem uma família linda e acolhedora. Uma das poucas pessoas que eu confio e gosto entre todos meus colegas de trabalho. Digamos que a maioria não faz questão de ter no mínimo educação.
Pegamos nossos cafés e não resistimos aos melhores cookies do mundo. Não que os outros sejam ruins, mas os da padaria em frente à universidade consegue superar qualquer outro.
— Senhora — um homem me entrega um cartão de visita — tenha um bom dia.
— Obrigada! — Sorrio.
Olho para o nome no cartão “ Advocacia” e meu mundo para por alguns segundos até sentir minha colega me chamando.
— Tudo bem, ?
— Sim… Eu acho.
Guardo o cartão no bolso da calça, e não paro de pensar pelo restante do dia por que justamente tinha que receber aquele cartão no mesmo dia que me lembrei do .
O que ele está fazendo aqui? Ele não odiava a Califórnia?
— Você é um cara bem chato, sabia? — Sorri e me joguei na cama com .
— Eu te amo — beijou meus lábios — odeio ser trocado por esses livros.
O abracei forte e o beijei. Suas mãos percorriam por toda extensão do meu corpo, as minhas seguravam firme seus cabelos. Nossas bocas, nossos corpos, tínhamos uma química única e perfeita.
— Eu amo você, ! — E ele sorriu levantando minha blusa.
Não sei como aconteceu, mas simplesmente nossos corpos já se pertenciam.
Reviro a minha calça até encontrar o cartão e sem pensar duas vezes ligo para que atende no terceiro toque.
— Olá! — Minha voz falha um pouco.
A ligação fica muda.
— Sou eu… — Não consigo concluir.
— O que você quer? — Ele é rude.
— Me formei, leciono, tenho tudo que sempre quis — sorrio — mas por que sempre me faltou algo?
— , não sei por que me ligou, mas eu tenho coisas mais importantes pra fazer — ele é rude — enquanto você esteve conquistando tudo isso, me dediquei a cuidar da minha filha porque eu insisti nesse lance de “amor” e fui abandonado com uma criança. E o que eu menos tenho agora é tempo pra você, ‘tô retomando minha carreira e minha vida.
— …
— Agora quem não tem e não quer ter tempo pra você sou eu.
— , eu te amo — gritava no quintal da minha casa — eu te amo.
Gargalhávamos sem nos importarmos que já passava das duas da manhã.
— Vai me amar quando eu estiver velhinha?
— Velhinha, com rugas e usando dentadura. — sorriu.
O abracei forte e ele fez o mesmo. Nossas bocas se encontraram, nossas línguas travavam uma guerra entre si.
— Piscina! — Gritei já correndo e tirando minha blusa.
Nossos corpos tinham uma afinidade fora do normal, sabíamos todos os pontos certos a serem tocados e causar momentos maravilhosos. Namorávamos há tanto tempo que já não conseguia imaginar como era minha vida antes de chegar.
Sunny me olhava perplexa enquanto contava todos os detalhes do meu término com . E era bom poder desabafar depois de tanto tempo guardando tudo aquilo comigo e me culpando por todas as coisas que aconteceram e as que deixaram de acontecer.
— Você não foi a melhor pessoa do mundo — Sunny foi sincera — mas todos nos cometemos erros, certo?
Ela me encarou por alguns segundos antes de se pronunciar.
— Vai. — Disse e não entendi.
— Aonde, criatura? — Sorri e dei um gole no meu suco.
— Atrás dele — limpou a boca da filha — eu sei que você está pensando nisso.
— Não estou, não. — Menti.
— Por favor, — sorriu — vai logo atrás desse cara.
— Acha mesmo que é uma boa ideia?
Sunny sorriu e eu entendi. Dei um beijinho na filha dela e corri em direção ao meu carro. E no caminho pensei em tantas coisas, como pedir desculpas e minhas mãos até soavam de tamanho nervoso.
Minhas mãos soavam e já tinha me olhado no espelho incontáveis vezes. E meu estômago parecia um carrossel de tanto que girava e tudo isso piorou umas cem vezes mais quando adentrou minha casa com um buquê de rosas vermelhas.
— Senhora , são pra senhora. — sorriu e minha mãe agradeceu pelo presente.
Quando passamos pelo portão da minha casa pegou na minha mão e uniu à sua. E caminhamos por alguns minutos até chegarmos ao cinema. E ele deixou que eu escolhesse o filme e fiz questão de escolher um filme bem chato para poder ter a oportunidade de conversar mais com ele e também queria que meu primeiro beijo fosse com ele.
— Você fez de propósito, né? — disse próximo ao meu ouvido.
— O quê? — Sorri.
Suas mãos foram descendo pelo meu rosto, seus dedos tocaram meus lábios e suas mãos, enfim, pararam em meu pescoço. Nossos rostos cada vez se aproximavam mais e lembram do carrossel na minha barriga? Estava girando a cem quilômetros por hora. Nossos lábios tocaram-se pela primeira vez, se movimentavam com calma, tinha gosto de chiclete de menta e era uma sensação muito boa.
Talvez, tenhamos repetido mais algumas vezes durante todo o filme.
Estacionei e fiquei alguns minutos procurando a coragem que precisava adquirir para encará-lo. E adentro o escritório e vejo uma mulher de meia idade organizando alguns papéis e deduzo ser a sua secretária.
— Bom dia! — Sorrio.
— Bom dia — a mulher responde — em que posso ajudá-la?
— Sou uma amiga do senhor — sorrio — e soube que ele chegou há pouco tempo e vim fazer uma surpresa.
A mulher sorriu e apontou para uma porta branca quase ao fim do corredor e sorri para a mesma.
Não bati na porta, respirei fundo e girei a maçaneta. E ele estava de costas com uma xícara de café em mãos e ele havia envelhecido alguns anos, mas tinha sido muito para ele. Seus músculos estavam visíveis, e estava mais alto e os cabelos estavam mais curtos do que da última vez que o vi.
E o sorriso que tinha em seu rosto morreu no momento em que me viu, a xícara de café escorregou de suas mãos se espatifando no chão e sua camisa ficou toda molhada. E por impulso fui até a ele e o ajudei a tirar a camisa entregando a outra blusa social que estava em um cabide próximo a um banheiro.
Cuidadosamente ele se afastou ficando o mais longe possível.
— Vai embora! — Não fez questão de olhar pra mim.
— Não.
— Eu estou pedindo para se retirar.
— E eu dizendo que não vou…
— Tenho um presente pra você — me entrega um vidro de lustrar moveis — pra essa sua cara de pau.
Começo a rir da atitude de e percebo que ele está por um fio, a qualquer momento vai me chutar da sua sala, do seu escritório.
E meu humor muda completamente as risadas e substituída por lágrimas quentes e grossas que molham todo o meu rosto. E me vejo devastada pela culpa que carrego comigo, por lembrar o dia que ele descobriu tudo e me implorou para dizer que era tudo mentira. Por toda a dor que vi em seu rosto quando jogou a caixa com o anel no chão e pisoteava o objeto. Eu me senti a pior pessoa do mundo por não ter contado, por ter aceitado aquele compromisso, por devolver aquele anel e por ver o estado que havia deixado aquele cara, incrível que o único erro foi se apaixonar por mim.
— Desculpa. De verdade, eu sinto muito por tudo. Principalmente por você.
passava as mãos pelos cabelos e ele estava muito nervoso. Eu também estava. Remexer na nossa história despertava muitas coisas em mim. Um misto de arrependimento com uma dor que jamais vou superar.
— Por dois anos eu fiquei recluso — sua voz estava amarga — da faculdade pra casa. Sem festas, sem amigos, sem diversão. E você mais do que ninguém sabe o quanto tudo isso fazia parte de mim, mas você me arrancou a alegria de todas as coisas que eu gostava de fazer.
— , eu sinto muito.
— Eu sinto muito, ou melhor, eu senti muito desde a vontade de me matar por te amar! A dor de dormir chorando e acordar, pior ainda. Mas eu superei, .
Olhava para sua mão e a sua aliança ainda estava ali.
— Casei depois de três anos e um ano depois veio a minha filha — apontou para a foto em sua mesa — e se ainda tinha qualquer resquício de dor referente ao sentimento “amor”, morreu no dia em que a peguei no colo pela primeira vez.
— Eu me arrependo — as lágrimas caiam por todo meu rosto — eu tinha dezoito anos, era a minha faculdade e emprego dos sonhos e…
— E em momento algum chegou a cogitar a ideia de que apoiaria você? — ele grita — porque eu apoiaria, teria pedido você em casamento, nos casaríamos, transferia a faculdade pra Califórnia e seriamos muito felizes.
Nunca pensei na possibilidade de me apoiar e pensar nela fez um filme passar em minha cabeça. Tantos momentos que poderíamos ter tido juntos. O casamento. A vida juntos. Eu poderia ter sido a mãe da filha dele e de todos os outros filhos que poderíamos ter tido.
— Eu pensei que não ia aceitar, que não ia entender…
— Mas eu ia — ele me olhou pela primeira vez — mas você nunca me perguntou isso, fez o que achou que tinha que ser feito e parabéns por tudo que conseguiu. E eu sinto muito por tudo que perdeu pra ganhar o que você tem.
— Não existe pessoa no mundo que não sinta mais do eu sinto por tudo que perdi. — O olho e vejo um homem triste e sozinho.
— Eu sei que não tem nada a ver o que eu vou falar, mas eu, , jamais abandonaria meu marido e minha filha.
Ele não disse mais nada e eu me retirei da sua sala e escutei o barulho de algo ser arremessado na porta.
Só o tempo poderia curar tudo.
— Mãe… então… eu sou adotada — me olhava assustada e seus olhos estavam vermelhos pelas lágrimas.
— Eu ganhei você de presente — enxugava as lágrimas que rolavam pelo seu rosto — nenhuma conquista que eu tive na minha vida supera a emoção que é ter seu amor em minha vida.
— Minha mãe me abandonou — gritou — ela não me quis.
— Mas eu te quis — a abracei — no momento que seu pai me deu uma segunda chance, no momento que eu a vi pela primeira vez eu te quis como se você tivesse ficado nove meses na minha barriga e você é a minha filha, minha princesa. E não importa que não tenha meu sangue, porque nosso amor é mais forte que qualquer coisa. Não fica triste porque a outra não quis ser sua mãe, porque eu sou a sua mãe.
— Mãe, eu te amo — me abraçou — você é minha mãe.
— E nada nunca vai mudar isso — acariciava seus cabelos — eu te quero por toda a minha vida, eu quero estar com você em todos seus momentos porque você é minha filha e sempre será.
Fim.
Nota da autora: Mais um pra conta… Agradeço ao convite em poder participar desse projeto tão especial que eu amo fazer(já foram tantos né?) Agradeço ao carinho de cada leitora que está sempre comigo em meus projetos e do fundo do coração espero que gostem dessa história que eu amei escrever e espero que gostem.
Até o próximo.
Beijos.
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Até o próximo.
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