Desesperada pela dor que sentia, Princesa olhava para o céu e observava a chuva cair, pensando se tudo aquilo acabaria um dia. Seu vestido pesava pelas enormes camadas e sua respiração ofegava, a mão esquerda apegava a lateral do grosso vestido, segurando suas forças concentradas ali.
“Quando as estações mudarem” a frase que rondava sua mente em desespero, a mesma frase que eles insistiam em dizer a ela.
Ela sabia, na mudança nada mudaria além do tempo.
Era como se ela tivesse aberto uma caixa de Pandora apenas para sua própria vida e o caos fosse gerado apenas para ela, o mundo continuava existindo e todo mundo parecia bem ao redor dela, menos ela, era aquele sentimento que a consumia e por esses mesmo sentimentos, ela sentia-se culpada por absolutamente tudo e por se culpar por tudo, ela se reclusou.
Ela não entendia absolutamente nada do que estava aconteceu e muito menos do que ia acontecer, ela quase não lembrava o próprio nome, talvez ela devesse ser a famosa Pandora da antiguidade nos dias atuais, a mesma que havia aberto aquela caixa proibida e instalado o caos indesejado, ela sofreu por anos com tantas coisas que havia esquecido a sensação de estar sob a chuva enquanto ela lava sua alma, misturando com suas lágrimas.

— Vossa majestade precisa entrar — foi o que ela ouviu de um dos criados, exposto à chuva junto dela.
Agora, sentada no campo encharcado, sua lágrimas não eram percebidas por fluírem junto das gotas de chuva.
— O rei está morto — ela murmurou.
O rei, seu pai estava morto e mesmo que ela soubesse que isso aconteceria um dia, ela não queria aceitar pois seu inferno começaria.
— Vossa majestade…
— O rei está morto! — dessa vez ela gritou.
— E nada mudará, vossa majestade sempre foi rainha para esse trono — um voz, vindo de trás de si, disse a fazendo virar-se bruscamente.
— Mas, foi minha culpa eu…
— Você o empurrou do cavalo? Negou cuidados? — a voz anterior que vinha da própria conselheira real pronunciou mais uma vez.
Princesa negou com a cabeça.
— Então não foi culpa sua que em um momento de lazer algo trágico aconteceu com o rei, não foi culpa sua por tanto, deixe de se culpar por isso — como na história, a conselheira real parecia como aquele ser de luz e asas que representava a esperança. Tirando um peso de seus ombros com aquelas palavras.
— Então levante e olhe para cima de maneira superior porque nos próximos dias você estará pronta para receber uma coroa na cabeça e um novo título.
Sua mãe nunca haveria permitido sua sucessão se fosse viva, mas como morreu antes mesmo de poder gerar outro herdeiro, ela teria que aguentar que seja onde ela estivesse.
No final, talvez era como Pandora quando abriu a caixa misteriosa, tando por ter gerado um caos e pedido para que seu pai fosse cavalgar com ela naquela manhã de domingo, causando o acidente que o levou a morte, mas talvez, se tornar a rainha de seu reino foi aquela pequena criatura que sentou nos ombros de Pandora com suas asas, talvez assumir o trono seria sua esperança e rendição.
— Torne-se a rainha de que eles, seu súditos precisam!

Nota da autora: a Intro era curta e eu achei que seria legal não usar a história direta de Pandora para essa já que na intro é praticamente isso que acontece. Então aqui temos a futura rainha Aliana, que começa sua jornada de muitas incertezas no meio de um caos e a ponta de uma esperança.




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