Prólogo
Ele não conseguia mais negar o seu desejo, ele simplesmente não conseguia esquecer aquela mulher com aqueles olhos escuros, o olhando tão demoradamente, ela o olhava com fome, como se dissesse "Não importa se você tem alguém porque, na verdade, você é meu". Ele sabia que era errado, sabia que aquela seria a pior ideia que ele já teve na vida, mas ele precisava dela, Deus, como precisava. Suas mãos estavam suadas e, por mais que as limpasse na calça social, parecia que não adiantava nada e, na verdade, não adiantava mesmo. Ele estava dentro daquela sala escutando o seu chefe por uma hora, mas tudo entrava por um ouvido e saía por outro. O pé batia nervosamente no chão, fazendo um barulho irritante que todos os colegas já tinham percebido e o olhavam com ódio, como se dissessem "Pelo amor de Deus, homem, preste atenção no homem que está falando, o homem que paga o seu salário. O dono da maldita empresa". Ele sabia que deveria prestar atenção, mas então tudo voltava a sua mente, o corpo cheio de curvas da mulher se mexendo com a batida da música, sua pele suada de tanto dançar e os seus cabelos soltos, grudados em seu rosto. Ele só conseguia pensar em como seria a sensação de segurar os cabelos dela enquanto ela gritava o seu nome, ficando rouca de desejo. Aquilo era tortura, como que uma mulher que ele tinha visto apenas uma noite, em uma saída não ensaiada. Primeira vez na vida dele que ele fazia uma loucura que não fosse: de casa para o trabalho e do trabalho para casa. E o que aconteceu? Ele decidiu ir a uma boate de strip-tease e acabou se apaixonando por uma mulher que ele viu uma vez na sua vida. UMA VEZ. E ela estava apenas de lingerie, se esfregando em todos os caras que ofereciam dinheiro para que ela fizesse um lap dance. Mas o que mais intrigava esse homem era que ela não havia tirado o olho dele nem por um momento, ela dançava com os outros caras, mas o olhando com fogo nos olhos, como se estivesse dançando para ele... E, de fato, ela estava. Então ele se sentiu tão desconcertado que não aguentou a pressão daquela bela mulher e acabou fugindo, ele entrou no primeiro táxi e foi embora. Fazia uma semana que isso tinha acontecido e a maldita mulher não saía da cabeça dele. Ele não aguentava mais aquilo, e aquela reunião estava só o deixando mais nervoso. Ele levantou, deixando todos perplexos na sala de reuniões, e caminhou para fora das portas duplas da empresa, pensando “Qual foi o maldito feitiço que essa mulher misteriosa lançou?”
Capítulo 1 - I put a spell on you, ‘cause you’re mine...
Não era para isso que ela estava estudando para ser uma dançarina de ballet contemporâneo, com certeza. Tudo bem que era óbvio que teriam aulas teóricas, ela sabia disso, mas uma palestra sobre como ser bem-sucedida em sua vida empresarial não tinha nada a ver com ela e muito menos com o curso. O fato de todos os alunos serem obrigados a ouvir aquela conversa chata a deixava muito mais relaxada e até mesmo conformada. Ela olhou ao redor da sala e notou que todos os alunos estavam sentados com uma expressão entediada, provavelmente tendo os mesmos pensamentos que ela. O que raios um empresário estaria fazendo na Joffrey Academy of Dance?
- Bom dia, queridos alunos! – Sr. Rahm falou do palco, com sua barriga protuberante na camisa social que era uma marca já conhecida, ele mostrou uma fileira de dentes brancos em um sorriso mais feliz do que o normal. – Eu entendo que vocês estejam um pouco confusos com o porquê de ter essa palestra, mas quem virá hoje aqui é o braço direito do Sr. Robin Wildes, que é um dos patrocinadores e beneméritos da nossa tão amada escola.
Oh, isso explicava muita coisa.
- Quero que vocês prestem a devida atenção e façam as perguntas que quiserem em relação a qualquer assunto empresarial, ele saberá responder. – Sr. Rahm continuou divagando sobre o quanto, aquele cara era inteligente e extremamente importante, a voz dele já estava sumindo da minha mente, sua boca se mexia com palavras desconexas que chegavam ao meu ouvido com apenas um som: “blá blá blá”.
Depois daquele discurso todo, respirei profundamente e certa de que aquilo não poderia ser tão chato. Com certeza, já enfrentei coisas muito piores na minha vida, e com o meu trabalho noturno era um motivo e tanto para não me importar com palestras do tipo: “ZzzzZ”. Na minha mente, vieram todos aqueles velhos pegajosos e nojentos, me olhando com desejo, imaginando e falando coisas obscenas em meu ouvido.
Uh, era repugnante.
Eu só esperava que esse empresário não fosse um careca de setenta anos falando sobre assuntos da idade medieval, sobre como, para ser bem-sucedido, você precisa trabalhar em qualquer outra coisa que não seja a dança. Bem, isso era o que meus pais diriam, eles sempre foram rígidos e super protetores. Sr. Protetor achava que o fato de ser meu pai lhe dava o direito de decidir que estudar dança e ser uma dançarina era uma atividade de, como é que ele dizia mesmo? Ah, sim! Meretriz! Existe algo mais cafona que isso?
Viver em uma cidade pequena, onde seus pais queriam vê-la como freira, era algo um tanto quanto desafiador para mim. Confesso que nos dias de hoje, depois de eu ter fugido de casa para seguir a porra do MEU sonho, meus pais provavelmente não iriam querer me ver perto deles nem que fosse com um vestido longo preto, terço na mão e um lenço na cara.
Bem, foda-se! Eu não ligava para isso.
- Muito bem! – Sr. Rahm estalou a língua em uma tentativa de silenciar os alunos, o que acabou sendo muito engraçada por sinal, mas (in)felizmente todos se calaram. – Vamos nos comportar, sim? – Acabou por não adiantar muito já que todos os alunos voltaram a conversar sem dar importância alguma.
- E aí, garota! – chegou, dando um beijo estalado na minha bochecha e sentando ao meu lado. Ela era muito mais alta do que a maioria dos alunos, mas tinha a delicadeza e graciosidade de uma dançarina. – O que eu perdi?
- Até agora, nada! – Falei, entediada, enquanto fazia um coque com o meu cabelo, que curiosamente estava solto. – Rahm está enrolando há uns trinta minutos, já que o tão famoso e importante braço direito de um dos patrocinadores ainda não chegou. – Olhei para ela e dei um sorriso sarcástico.
- Por que ele está estalando a língua? – Ela perguntou com uma sobrancelha arqueada enquanto encarava um Sr. Rahm vermelho de raiva, estalando a língua sem parar, sem obter sucesso algum.
- CHEGA! ISSO É UMA ESCOLA DE RESPEITO, E EU EXIJO RESPEITO! – Sr. Rahm gritou com os olhos tão esbugalhados que eu achei que fossem saltar de seu rosto. – Sr. já está aqui e vai entrar a qualquer momento por aquela porta, e eu quero todos quietos!
Acho que alguém aqui precisa transar urgentemente, pensei.
Olhei o relógio e percebi que ainda tinha uma hora dentro dessa sala, só queria que aquela tortura passasse logo para que eu pudesse sair dali, correr para a sala e dançar um pouco. Dançar ballet, eu queria dizer!
Estava entretida em uma conversa com sobre como estávamos cansadas de trabalhar naquele lugar imundo, imaginando uma vida perfeita cheia de viagens com academias de dança e zero remelexo em um queijo. Até que finalmente a porta se abriu e um cara de ombros largos entrou, usando um terno azul marinho. Ele parecia extremamente desconfortável por ser o centro das atenções, continuava arrumando os óculos de grau no nariz e passando as mãos na calça social repetidas vezes.
- Ele é gato! – Escutei minha amiga falando em meu ouvido. – Acho nerds tão sexy!
Sim, ele era gato. Na verdade, ele era deslumbrante, exalava masculinidade sem ao menos se dar conta disso, mas não foi isso que me chamou a atenção. O que me chamou a atenção foi o fato de que eu já o tinha visto há semanas. Aqueles olhos tímidos e escondidos nos óculos de grau já tinham me encarado antes, só que com desejo. Desejo cru e carnal.
Assim como eu tinha o encarado aquela noite, e assim como o encarava agora.
Mais uma noite de trabalho tranquila e sem graça, soltei uma risada descontente enquanto pensava no quão mentira era aquilo. Eu não aguentava mais esse trabalho de esfregar minha “deusa interior” como diria E.L James em um pole, não que fosse desconfortável. Ok, era sim.
Eu não estava fazendo isso por prazer, caso contrário seria diferente. O fato é que eu era uma stripper, não por opção! Tudo o que eu queria era pagar o apartamento, contas e comprar comida, já que a minha bolsa cobria apenas o curso de ballet contemporâneo que eu fazia em uma das mais conhecidas academias de dança de Chicago. Você deve estar se perguntando o porquê eu não fui trabalhar de garçonete ou algo do tipo, e eu te respondo. Quem quer trabalhar horas e horas a fio, de segunda a domingo e não ganhar o salário suficiente para pagar o aluguel? Eu que não! Eu já não tinha a ajuda dos meus pais, não precisava de mais críticas.
- Candy, cadê a Violet? – Fanny perguntou com os lábios pintados de um rosa pálido, que deixava os seus lábios com um tom parecido com o de sua pele, deixando-a com um ar medonho.
Virei a cadeira em que estava sentada, no camarim onde todas as garotas se encontravam, a encarei por um tempo pensando em várias formas de a matar. Eu odiava Fanny, ela sabia disso porque também me odiava. Vivíamos em um arranca rabo sem fim, mas nos suportávamos porque Violet era amiga de nós duas, o que complicava nossas tentativas falhas de ignorar uma a outra.
- Hoje é a folga dela. Esqueceu? – Perguntei com um sorriso nos lábios e levantei, tirando a minha roupa e ficando apenas de calcinha e sutiã. Estava acostumada.
- Bem, por que outro motivo eu estaria perguntando se lembrasse? – Fanny me encarou enquanto levantava uma sobrancelha.
- Para me irritar. É claro. – Respondi.
Fanny apenas revirou os olhos e saiu rebolando em direção a boate já “vestida” com uma lingerie vermelha. Fanny fazia muito mais do que a dança do queijo, eu não ligava, cada um ganhava o pão da sua maneira.
Candy era o meu nome de stripper, ridículo eu sei. Acredite, muitos caras já cantaram “Candy Shop” do 50 cent vezes demais para me fazer arrepender de ter escolhido esse nome, na hora parecia uma boa ideia. Devia ter feito que nem a , Violet não é um nome ruim.
Tirei minhas roupas intimas e troquei por uma lingerie preta que tinha uma cinta liga, estava com saltos pretos altíssimos, nem eu mesma sabia como conseguia andar, dançar e fazer contorcionismo com aquela coisa. Pintei meus olhos com um preto esfumaçado e meu cabelo estava solto com ondas. Trotei em direção a boate, que já estava consideravelmente cheia, com uma expressão entediada. Aturar todos aqueles homens tarados sem do meu lado seria mil vezes pior. Quando “Toxic” da Britney Spears começou a tocar, eu sabia que era minha deixa, Neon, uma das strippers que estava fazendo o seu número, saiu do palco com os seus enormes seios plastificados à mostra e uma calcinha cheia de notas de dinheiro. Isso aí, garota.
Vários homens pularam para o banco da frente, alguns assíduos que já me conheciam. Eles sabiam que comigo não era só tirar a roupa, mostrar os peitos e mexer a bunda. Eu fazia um show. Eu dançava, era a única coisa que eu sabia fazer. Quando eu subia naquele palco, tudo o que eu fazia era fechar os olhos e imaginar que tudo aquilo era um espetáculo de ballet contemporâneo, um ballet de puta, mas ainda assim um ballet. Pelo menos na minha cabeça, e isso bastava.
Eu estava dançando há algum tempo, o palco estava cheio de notas de dinheiro e eu tinha um sorriso safado no rosto, embalada por todas as músicas sensuais possíveis. Ainda estava com a lingerie e ninguém parecia se importar, os homens me olhavam com desejo e expectativa, o sutiã era a última coisa que eu tirava antes de sair de palco. Devia valer a pena, já que eles esperavam ansiosamente.
Quando eu estava disposta a ser uma boa garota e dar fim à expectativa, eu percebi que tinha um homem totalmente deslocado naquele lugar, ele ficava ajeitando os óculos de grau no rosto e suas bochechas estavam coradas enquanto ele me encarava, desviando o olhar para qualquer outro lado que não fosse... Eu
. Mas seus olhos sempre voltavam para mim. Até que ele me pegou o encarando e suas bochechas ficaram em um tom ainda mais escarlate. Aquilo estava me excitando, afinal não era todo dia que um homem extremamente sexy que se quisesse poderia ter qualquer mulher do planeta. Afinal, ele era bonito.
Muito bonito, por sinal.
Continuei o encarando enquanto ele me olhava, tomando um drink de cor âmbar, deduzi ser whisky. Ele afrouxou a gravata, como se ela estivesse o sufocando, e eu sorri, rebolando e segurando no mastro de metal com toda a força dos meus braços, levantando as minhas pernas no ar e ficando de cabeça pra baixo. Então desci lentamente até que estivesse totalmente deitada no chão e me virei, engatinhando até um dos homens que estava na frente, decidi brincar um pouquinho com ele. Sem tirar o olho do misterioso e sexy homem de óculos de grau, eu comecei a fazer um lap dance no homem que eu tinha escolhido como alvo para seduzir outro homem. Tudo o que eu conseguia pensar era “Eu quero você” e ele me olhava com uma cara do tipo “Meu Deus, o que eu faço?”.
Aquilo poderia ser divertido.
Continuei rebolando contra o estranho, sem nem olhar nos olhos dele, pois meus olhos estavam completamente focados no belo homem nerd que estava sentado no bar, me encarando com desejo, porém receio.
Do que você tem medo? Eu pensei.
Fechei os olhos pelo que pareceu um minuto e quando os abri, meu homem misterioso de gravata afrouxada no pescoço e óculos de grau havia sumido. Levantei, irritada, pegando as notas do chão do palco e saí bufando em direção ao camarim, deixando vários homens bufando por não terem visto meus seios. Fodam-se eles.
- Ei, o que foi aquilo? – Fanny perguntou, entrando no camarim e me olhando com curiosidade.
- Aquilo o quê? – Bufei.
Sentei na cadeira e comecei a tirar a maquiagem e limpar o suor com um lencinho úmido, tudo o que eu queria era ir embora. Meu trabalho estava feito.
- Você dançando toda sensual enquanto olhava para aquele nerd sexy que estava no bar! – Ela falou, sorrindo maliciosa.
- Não foi nada! – Falei, irritada, e comecei a tirar a roupa, ficando completamente nua, depois coloquei minhas roupas íntimas, que estavam dentro da bolsa juntamente com a calça jeans e uma camiseta.
- Hum, tudo bem. – Fanny deu de ombros e, quando ela estava saindo do camarim, eu gritei e pedi para que ela esperasse. Ela parou e me olhou com os braços cruzados, impaciente.
- Ele era real? – Perguntei, me sentindo como uma criancinha de sete anos que pergunta se ainda existe papai Noel.
- Sim, e muito gostoso! – Ela respondeu, rindo, e me deixando sozinha.
Enquanto eu deixava a boate nas ruas vazias de Chicago em direção a meu apartamento, eu só conseguia pensar: “Será que ele existe mesmo, ou foi fruto da minha imaginação?”.
Agora eu sabia que ele era real, ele estava ali, todo sexy e tímido, com uma pasta na mão, olhando nervosamente para qualquer lugar menos o rio de alunos que estavam à sua frente. Sorri, vitoriosa por ter escolhido a primeira fileira para sentar, a princípio foi porque ficava mais perto da porta, mas agora estava feliz porque ficava mais perto dele.
- Bom dia, dançarinos da Joffrey Academy of Dance! Meu nome é – Ele cumprimentou com seriedade, como se estivesse atuando e aquele empresário que faz palestras para salas cheias de alunos fosse alguém totalmente diferente. – Sei que provavelmente, bem, na verdade... Tenho certeza de que isso não seja a praia de vocês, mas aparentemente meu chefe acha que se ele ajuda essa Academia financeiramente, então, todos vocês devem conhecer a empresa dele. – Ele falou, revirando os olhos, e todos riram, principalmente as meninas. Vadias. Ele continuou falando sobre como a empresa funcionava e perguntou se alguém tinha alguma pergunta, e confesso que fiquei surpreendida com a enxurrada de perguntas que ele recebeu. Claro que o bom humor dele contribuiu com toda aquela lengalenga e o fato de ele ser muito gostoso também ajudava, as meninas estavam babando e meus olhos já doíam de tanto que eu os revirava.
- Eu tô apaixonada! Ele é tão fofo e tããããão linduuuuuuh! – falou com uma voz melosa, e eu a olhei com uma cara tão feia que ela chegou a recuar e sentar ereta. – Nossa, o que foi?
- Nada! – Falei, sorrindo diabolicamente. Isso mesmo, fica na sua.
- Aí tem coisa... – Ela arqueou a sobrancelha e me olhou com os olhos semicerrados, ela estava me encarando por pelo menos uns dez segundos com uma expressão de dor e os olhos totalmente abertos.
- Você está tentando entrar na minha mente de novo? – Perguntei, fingindo irritação e segurando uma risada.
- Quê? – Ela sorriu, envergonhada. – Eu? Puff... Imagina!
Soltei uma gargalhada estrondosa, alta demais!
Quando olhei para o palco, ele estava me encarando, os olhos estavam semicerrados e ele me olhava com uma interrogação no meio da testa, como se tentasse lembrar de onde me conhecia. Eu não o culpava, afinal, aquele dia eu estava praticamente nua e agora aqui estava eu, sentada em uma palestra com um coque bagunçado, um vestido florido e sem maquiagem.
Seus olhos brilharam em reconhecimento e depois se arregalaram, ele bateu com o joelho na mesa que estava do seu lado, onde ele tinha colocado a pasta e praguejou baixinho.
- É... Bem, foi... Hum... Um prazer... Mas, eu... Tenho, eu d-devo ir... – Ele começou a arrumar a pasta e colocar todos os papéis dentro da mesma, puxando o cabelo dos olhos e arrumando os óculos de grau repetidas vezes. – Porra! – Gritou quando a pasta ficou presa na porta enquanto ele tentava fechá-la e, quando finalmente conseguiu, a sala ficou em um silêncio ensurdecedor. Depois todos começaram a conversar sem dar muita bola para o comportamento do “Sr. ”.
- O que foi isso? – , sempre muito observadora, perguntou.
- Lembra sobre aquele nerd que foi na boate no dia que você estava de folga? – Perguntei, mordendo o lábio.
- NÃO! – Ela gritou e depois abaixou a voz quando viu que chamou atenção. – É ele?
Confirmei com um aceno de cabeça.
- Então o que você está fazendo aqui, ? Vai até lá!
- Você acha que eu devo?
- Claro. – Respondeu, me olhando como se eu fosse uma idiota.
Levantei, apressada, soltando o cabelo e abrindo um sorriso malicioso, então saí da sala, que mal percebeu minha escapada, e corri até a saída da Academia.
Assim que cheguei na saída, notei que não tinha ninguém lá. Corri apressada em direção a garagem e sorri quando o vi olhando para o chão como se estivesse procurando por algo, ele parecia nervoso.
- Acho que você deixou cair isso aqui! – Falei, pegando a chave que estava próxima a ele no chão.
- Ah, obrigado. – Ele falou, encarando a chave e, então, levantou os olhos para mim. – Erm, eu... Eu tenho que ir!
- Venha me ver hoje! Mordi o lábio e o encarei com um olhar nada inocente.
- Te v-ver? O-onde? – Ele gaguejou.
- Você sabe muito bem onde! – Falei, sorrindo e, então, cheguei perto dele e dei uma apalpada na sua bunda. Infantil? Talvez.
Ele ficou ali, me encarando, petrificado enquanto eu entrei novamente na Academia, sorrindo e esperando que as minhas mãos fossem capazes de lançar o feitiço que o meu olhar não foi quando o vi naquela noite, na boate.
Aquele homem era meu, ele só não sabia disso.
Ainda.
- Bom dia, queridos alunos! – Sr. Rahm falou do palco, com sua barriga protuberante na camisa social que era uma marca já conhecida, ele mostrou uma fileira de dentes brancos em um sorriso mais feliz do que o normal. – Eu entendo que vocês estejam um pouco confusos com o porquê de ter essa palestra, mas quem virá hoje aqui é o braço direito do Sr. Robin Wildes, que é um dos patrocinadores e beneméritos da nossa tão amada escola.
Oh, isso explicava muita coisa.
- Quero que vocês prestem a devida atenção e façam as perguntas que quiserem em relação a qualquer assunto empresarial, ele saberá responder. – Sr. Rahm continuou divagando sobre o quanto, aquele cara era inteligente e extremamente importante, a voz dele já estava sumindo da minha mente, sua boca se mexia com palavras desconexas que chegavam ao meu ouvido com apenas um som: “blá blá blá”.
Depois daquele discurso todo, respirei profundamente e certa de que aquilo não poderia ser tão chato. Com certeza, já enfrentei coisas muito piores na minha vida, e com o meu trabalho noturno era um motivo e tanto para não me importar com palestras do tipo: “ZzzzZ”. Na minha mente, vieram todos aqueles velhos pegajosos e nojentos, me olhando com desejo, imaginando e falando coisas obscenas em meu ouvido.
Uh, era repugnante.
Eu só esperava que esse empresário não fosse um careca de setenta anos falando sobre assuntos da idade medieval, sobre como, para ser bem-sucedido, você precisa trabalhar em qualquer outra coisa que não seja a dança. Bem, isso era o que meus pais diriam, eles sempre foram rígidos e super protetores. Sr. Protetor achava que o fato de ser meu pai lhe dava o direito de decidir que estudar dança e ser uma dançarina era uma atividade de, como é que ele dizia mesmo? Ah, sim! Meretriz! Existe algo mais cafona que isso?
Viver em uma cidade pequena, onde seus pais queriam vê-la como freira, era algo um tanto quanto desafiador para mim. Confesso que nos dias de hoje, depois de eu ter fugido de casa para seguir a porra do MEU sonho, meus pais provavelmente não iriam querer me ver perto deles nem que fosse com um vestido longo preto, terço na mão e um lenço na cara.
Bem, foda-se! Eu não ligava para isso.
- Muito bem! – Sr. Rahm estalou a língua em uma tentativa de silenciar os alunos, o que acabou sendo muito engraçada por sinal, mas (in)felizmente todos se calaram. – Vamos nos comportar, sim? – Acabou por não adiantar muito já que todos os alunos voltaram a conversar sem dar importância alguma.
- E aí, garota! – chegou, dando um beijo estalado na minha bochecha e sentando ao meu lado. Ela era muito mais alta do que a maioria dos alunos, mas tinha a delicadeza e graciosidade de uma dançarina. – O que eu perdi?
- Até agora, nada! – Falei, entediada, enquanto fazia um coque com o meu cabelo, que curiosamente estava solto. – Rahm está enrolando há uns trinta minutos, já que o tão famoso e importante braço direito de um dos patrocinadores ainda não chegou. – Olhei para ela e dei um sorriso sarcástico.
- Por que ele está estalando a língua? – Ela perguntou com uma sobrancelha arqueada enquanto encarava um Sr. Rahm vermelho de raiva, estalando a língua sem parar, sem obter sucesso algum.
- CHEGA! ISSO É UMA ESCOLA DE RESPEITO, E EU EXIJO RESPEITO! – Sr. Rahm gritou com os olhos tão esbugalhados que eu achei que fossem saltar de seu rosto. – Sr. já está aqui e vai entrar a qualquer momento por aquela porta, e eu quero todos quietos!
Acho que alguém aqui precisa transar urgentemente, pensei.
Olhei o relógio e percebi que ainda tinha uma hora dentro dessa sala, só queria que aquela tortura passasse logo para que eu pudesse sair dali, correr para a sala e dançar um pouco. Dançar ballet, eu queria dizer!
Estava entretida em uma conversa com sobre como estávamos cansadas de trabalhar naquele lugar imundo, imaginando uma vida perfeita cheia de viagens com academias de dança e zero remelexo em um queijo. Até que finalmente a porta se abriu e um cara de ombros largos entrou, usando um terno azul marinho. Ele parecia extremamente desconfortável por ser o centro das atenções, continuava arrumando os óculos de grau no nariz e passando as mãos na calça social repetidas vezes.
- Ele é gato! – Escutei minha amiga falando em meu ouvido. – Acho nerds tão sexy!
Sim, ele era gato. Na verdade, ele era deslumbrante, exalava masculinidade sem ao menos se dar conta disso, mas não foi isso que me chamou a atenção. O que me chamou a atenção foi o fato de que eu já o tinha visto há semanas. Aqueles olhos tímidos e escondidos nos óculos de grau já tinham me encarado antes, só que com desejo. Desejo cru e carnal.
Assim como eu tinha o encarado aquela noite, e assim como o encarava agora.
Mais uma noite de trabalho tranquila e sem graça, soltei uma risada descontente enquanto pensava no quão mentira era aquilo. Eu não aguentava mais esse trabalho de esfregar minha “deusa interior” como diria E.L James em um pole, não que fosse desconfortável. Ok, era sim.
Eu não estava fazendo isso por prazer, caso contrário seria diferente. O fato é que eu era uma stripper, não por opção! Tudo o que eu queria era pagar o apartamento, contas e comprar comida, já que a minha bolsa cobria apenas o curso de ballet contemporâneo que eu fazia em uma das mais conhecidas academias de dança de Chicago. Você deve estar se perguntando o porquê eu não fui trabalhar de garçonete ou algo do tipo, e eu te respondo. Quem quer trabalhar horas e horas a fio, de segunda a domingo e não ganhar o salário suficiente para pagar o aluguel? Eu que não! Eu já não tinha a ajuda dos meus pais, não precisava de mais críticas.
- Candy, cadê a Violet? – Fanny perguntou com os lábios pintados de um rosa pálido, que deixava os seus lábios com um tom parecido com o de sua pele, deixando-a com um ar medonho.
Virei a cadeira em que estava sentada, no camarim onde todas as garotas se encontravam, a encarei por um tempo pensando em várias formas de a matar. Eu odiava Fanny, ela sabia disso porque também me odiava. Vivíamos em um arranca rabo sem fim, mas nos suportávamos porque Violet era amiga de nós duas, o que complicava nossas tentativas falhas de ignorar uma a outra.
- Hoje é a folga dela. Esqueceu? – Perguntei com um sorriso nos lábios e levantei, tirando a minha roupa e ficando apenas de calcinha e sutiã. Estava acostumada.
- Bem, por que outro motivo eu estaria perguntando se lembrasse? – Fanny me encarou enquanto levantava uma sobrancelha.
- Para me irritar. É claro. – Respondi.
Fanny apenas revirou os olhos e saiu rebolando em direção a boate já “vestida” com uma lingerie vermelha. Fanny fazia muito mais do que a dança do queijo, eu não ligava, cada um ganhava o pão da sua maneira.
Candy era o meu nome de stripper, ridículo eu sei. Acredite, muitos caras já cantaram “Candy Shop” do 50 cent vezes demais para me fazer arrepender de ter escolhido esse nome, na hora parecia uma boa ideia. Devia ter feito que nem a , Violet não é um nome ruim.
Tirei minhas roupas intimas e troquei por uma lingerie preta que tinha uma cinta liga, estava com saltos pretos altíssimos, nem eu mesma sabia como conseguia andar, dançar e fazer contorcionismo com aquela coisa. Pintei meus olhos com um preto esfumaçado e meu cabelo estava solto com ondas. Trotei em direção a boate, que já estava consideravelmente cheia, com uma expressão entediada. Aturar todos aqueles homens tarados sem do meu lado seria mil vezes pior. Quando “Toxic” da Britney Spears começou a tocar, eu sabia que era minha deixa, Neon, uma das strippers que estava fazendo o seu número, saiu do palco com os seus enormes seios plastificados à mostra e uma calcinha cheia de notas de dinheiro. Isso aí, garota.
Vários homens pularam para o banco da frente, alguns assíduos que já me conheciam. Eles sabiam que comigo não era só tirar a roupa, mostrar os peitos e mexer a bunda. Eu fazia um show. Eu dançava, era a única coisa que eu sabia fazer. Quando eu subia naquele palco, tudo o que eu fazia era fechar os olhos e imaginar que tudo aquilo era um espetáculo de ballet contemporâneo, um ballet de puta, mas ainda assim um ballet. Pelo menos na minha cabeça, e isso bastava.
Eu estava dançando há algum tempo, o palco estava cheio de notas de dinheiro e eu tinha um sorriso safado no rosto, embalada por todas as músicas sensuais possíveis. Ainda estava com a lingerie e ninguém parecia se importar, os homens me olhavam com desejo e expectativa, o sutiã era a última coisa que eu tirava antes de sair de palco. Devia valer a pena, já que eles esperavam ansiosamente.
Quando eu estava disposta a ser uma boa garota e dar fim à expectativa, eu percebi que tinha um homem totalmente deslocado naquele lugar, ele ficava ajeitando os óculos de grau no rosto e suas bochechas estavam coradas enquanto ele me encarava, desviando o olhar para qualquer outro lado que não fosse... Eu
. Mas seus olhos sempre voltavam para mim. Até que ele me pegou o encarando e suas bochechas ficaram em um tom ainda mais escarlate. Aquilo estava me excitando, afinal não era todo dia que um homem extremamente sexy que se quisesse poderia ter qualquer mulher do planeta. Afinal, ele era bonito.
Muito bonito, por sinal.
Continuei o encarando enquanto ele me olhava, tomando um drink de cor âmbar, deduzi ser whisky. Ele afrouxou a gravata, como se ela estivesse o sufocando, e eu sorri, rebolando e segurando no mastro de metal com toda a força dos meus braços, levantando as minhas pernas no ar e ficando de cabeça pra baixo. Então desci lentamente até que estivesse totalmente deitada no chão e me virei, engatinhando até um dos homens que estava na frente, decidi brincar um pouquinho com ele. Sem tirar o olho do misterioso e sexy homem de óculos de grau, eu comecei a fazer um lap dance no homem que eu tinha escolhido como alvo para seduzir outro homem. Tudo o que eu conseguia pensar era “Eu quero você” e ele me olhava com uma cara do tipo “Meu Deus, o que eu faço?”.
Aquilo poderia ser divertido.
Continuei rebolando contra o estranho, sem nem olhar nos olhos dele, pois meus olhos estavam completamente focados no belo homem nerd que estava sentado no bar, me encarando com desejo, porém receio.
Do que você tem medo? Eu pensei.
Fechei os olhos pelo que pareceu um minuto e quando os abri, meu homem misterioso de gravata afrouxada no pescoço e óculos de grau havia sumido. Levantei, irritada, pegando as notas do chão do palco e saí bufando em direção ao camarim, deixando vários homens bufando por não terem visto meus seios. Fodam-se eles.
- Ei, o que foi aquilo? – Fanny perguntou, entrando no camarim e me olhando com curiosidade.
- Aquilo o quê? – Bufei.
Sentei na cadeira e comecei a tirar a maquiagem e limpar o suor com um lencinho úmido, tudo o que eu queria era ir embora. Meu trabalho estava feito.
- Você dançando toda sensual enquanto olhava para aquele nerd sexy que estava no bar! – Ela falou, sorrindo maliciosa.
- Não foi nada! – Falei, irritada, e comecei a tirar a roupa, ficando completamente nua, depois coloquei minhas roupas íntimas, que estavam dentro da bolsa juntamente com a calça jeans e uma camiseta.
- Hum, tudo bem. – Fanny deu de ombros e, quando ela estava saindo do camarim, eu gritei e pedi para que ela esperasse. Ela parou e me olhou com os braços cruzados, impaciente.
- Ele era real? – Perguntei, me sentindo como uma criancinha de sete anos que pergunta se ainda existe papai Noel.
- Sim, e muito gostoso! – Ela respondeu, rindo, e me deixando sozinha.
Enquanto eu deixava a boate nas ruas vazias de Chicago em direção a meu apartamento, eu só conseguia pensar: “Será que ele existe mesmo, ou foi fruto da minha imaginação?”.
Agora eu sabia que ele era real, ele estava ali, todo sexy e tímido, com uma pasta na mão, olhando nervosamente para qualquer lugar menos o rio de alunos que estavam à sua frente. Sorri, vitoriosa por ter escolhido a primeira fileira para sentar, a princípio foi porque ficava mais perto da porta, mas agora estava feliz porque ficava mais perto dele.
- Bom dia, dançarinos da Joffrey Academy of Dance! Meu nome é – Ele cumprimentou com seriedade, como se estivesse atuando e aquele empresário que faz palestras para salas cheias de alunos fosse alguém totalmente diferente. – Sei que provavelmente, bem, na verdade... Tenho certeza de que isso não seja a praia de vocês, mas aparentemente meu chefe acha que se ele ajuda essa Academia financeiramente, então, todos vocês devem conhecer a empresa dele. – Ele falou, revirando os olhos, e todos riram, principalmente as meninas. Vadias. Ele continuou falando sobre como a empresa funcionava e perguntou se alguém tinha alguma pergunta, e confesso que fiquei surpreendida com a enxurrada de perguntas que ele recebeu. Claro que o bom humor dele contribuiu com toda aquela lengalenga e o fato de ele ser muito gostoso também ajudava, as meninas estavam babando e meus olhos já doíam de tanto que eu os revirava.
- Eu tô apaixonada! Ele é tão fofo e tããããão linduuuuuuh! – falou com uma voz melosa, e eu a olhei com uma cara tão feia que ela chegou a recuar e sentar ereta. – Nossa, o que foi?
- Nada! – Falei, sorrindo diabolicamente. Isso mesmo, fica na sua.
- Aí tem coisa... – Ela arqueou a sobrancelha e me olhou com os olhos semicerrados, ela estava me encarando por pelo menos uns dez segundos com uma expressão de dor e os olhos totalmente abertos.
- Você está tentando entrar na minha mente de novo? – Perguntei, fingindo irritação e segurando uma risada.
- Quê? – Ela sorriu, envergonhada. – Eu? Puff... Imagina!
Soltei uma gargalhada estrondosa, alta demais!
Quando olhei para o palco, ele estava me encarando, os olhos estavam semicerrados e ele me olhava com uma interrogação no meio da testa, como se tentasse lembrar de onde me conhecia. Eu não o culpava, afinal, aquele dia eu estava praticamente nua e agora aqui estava eu, sentada em uma palestra com um coque bagunçado, um vestido florido e sem maquiagem.
Seus olhos brilharam em reconhecimento e depois se arregalaram, ele bateu com o joelho na mesa que estava do seu lado, onde ele tinha colocado a pasta e praguejou baixinho.
- É... Bem, foi... Hum... Um prazer... Mas, eu... Tenho, eu d-devo ir... – Ele começou a arrumar a pasta e colocar todos os papéis dentro da mesma, puxando o cabelo dos olhos e arrumando os óculos de grau repetidas vezes. – Porra! – Gritou quando a pasta ficou presa na porta enquanto ele tentava fechá-la e, quando finalmente conseguiu, a sala ficou em um silêncio ensurdecedor. Depois todos começaram a conversar sem dar muita bola para o comportamento do “Sr. ”.
- O que foi isso? – , sempre muito observadora, perguntou.
- Lembra sobre aquele nerd que foi na boate no dia que você estava de folga? – Perguntei, mordendo o lábio.
- NÃO! – Ela gritou e depois abaixou a voz quando viu que chamou atenção. – É ele?
Confirmei com um aceno de cabeça.
- Então o que você está fazendo aqui, ? Vai até lá!
- Você acha que eu devo?
- Claro. – Respondeu, me olhando como se eu fosse uma idiota.
Levantei, apressada, soltando o cabelo e abrindo um sorriso malicioso, então saí da sala, que mal percebeu minha escapada, e corri até a saída da Academia.
Assim que cheguei na saída, notei que não tinha ninguém lá. Corri apressada em direção a garagem e sorri quando o vi olhando para o chão como se estivesse procurando por algo, ele parecia nervoso.
- Acho que você deixou cair isso aqui! – Falei, pegando a chave que estava próxima a ele no chão.
- Ah, obrigado. – Ele falou, encarando a chave e, então, levantou os olhos para mim. – Erm, eu... Eu tenho que ir!
- Venha me ver hoje! Mordi o lábio e o encarei com um olhar nada inocente.
- Te v-ver? O-onde? – Ele gaguejou.
- Você sabe muito bem onde! – Falei, sorrindo e, então, cheguei perto dele e dei uma apalpada na sua bunda. Infantil? Talvez.
Ele ficou ali, me encarando, petrificado enquanto eu entrei novamente na Academia, sorrindo e esperando que as minhas mãos fossem capazes de lançar o feitiço que o meu olhar não foi quando o vi naquela noite, na boate.
Aquele homem era meu, ele só não sabia disso.
Ainda.
Capítulo 2 - You better stop the things you do, I ain't lyin'...
.
Eu estava fodido.
Eu estava completamente fodido, inegavelmente fodido. Isso só podia ser perseguição. O que eu fiz para merecer isso? Sempre fui um cara honesto, trabalhador, celibatário (até certo ponto), tratava as mulheres com respeito, ajudava velhinhas indefesas a atravessar a rua e só não tirava gatos do telhado porque tinha medo de alturas.
E o que eu ganhava em troca?
Uma mulher extremante gostosa, provocadora, cheia de curvas e com um sorriso inocente (só que não). Bem, obrigado cara lá de cima. Você realmente deve me odiar.
– ... Por isso que eu acho que isso seria extremamente importante para a empresa! E você, , o que acha? – Fui tirado dos meus pensamentos pela voz de , que trabalhava comigo.
- Sim! – Respondi, sorrindo, mas acho que, pela expressão que me olharam, eu talvez estivesse fazendo uma careta.
- Sim, o quê? – perguntou, confuso.
- Desculpa... E-eu não prestei atenção.
Foco, eu precisava me focar no meu trabalho. Eu tinha me deslocado um pouco nessas últimas semanas, confesso. Estava sempre aéreo lembrando daquela bela mulher que vi na boate e, então, quando eu estava “melhorando”, o que aconteceu? Ela simplesmente surgiu das cinzas, toda inocente, completamente diferente da mulher sedutora que me enfeitiçou. Era como se ela tivesse duas caras. Não que ela estive cem por cento inocente, até porque seu olhar dizia totalmente o contrário.
- Cara, o que tá acontecendo com você? – perguntou assim que saímos da sala de reuniões. Meu amigo, ao contrário de mim, era super ligado em boates de strip-tease, ele sempre tentou me levar. Dizia que era um barato.
- Isso tudo é culpa sua! – Falei, apontando o dedo na cara dele assim que saímos nas ruas de Chicago, um vento gelado nos recebeu enquanto eu afrouxava minha gravata como se estivesse sendo sufocado. – Eu sempre fui um cara quieto, a espera de uma garota bacana para casar e você sempre falando. – Pigarrei. – “, meu amigo, você precisa relaxar. Vamos a uma boate comigo”, “, chega de ser certinho, homem, você precisa sair”. – Continuei imitando meu amigo enquanto andávamos em direção ao restaurante que sempre almoçávamos.
- Ok... Pera aí, o que eu fiz? – Ele perguntou, confuso.
- Você estragou a minha vida! – Resmunguei enquanto entrávamos no restaurante.
Bati os pés no momento em que fomos encaminhados a uma mesa mais afastada por uma morena que nos encarou com um sorriso sedutor, e assim que já estávamos sentados aguardando nossos pedidos, me encarou com uma expressão confusa.
- O que tá acontecendo? – Ele perguntou.
- Eu... eufuiemumaboatedestriptese! – Despejei tudo como se tivesse tirado um band-aid. Rápido e indolor.
- Você o quê? Não entendi nada!
- Eufuiemumaboatedestripp... – Repeti.
- Fala direito! – esbravejou.
- EU FUI EM UMA BOATE DE STRIPTEASE! PRONTO! SATISFEITO? – Gritei.
Assim que começou a gargalhar, eu me dei conta de que havia gritado essa informação dentro de um ambiente público e todos me olhavam boquiabertos e com expressões de nojo nos rostos. Senti meu rosto ficando vermelho.
- Me explica isso aí. Como assim VOCÊ senhor “não vou a boates de strip-tease” foi a uma? – Indagou depois de se recuperar das gargalhadas, uma lágrima escorria do seu olho e ele estava ofegante como se tivesse corrido uma maratona.
O olhei, pensando em como fui virar amigo de um cara como ele, que era totalmente o meu oposto. Eu sempre fora taxado como o certinho e bem-comportado, já ele nunca parava com uma garota e tudo o que ele queria era curtir a vida adoidado, a história dele deveria ser muito mais divertida que a minha.
- Há umas semanas, eu decidi “quebrar a rotina” e fiz o impensável. – Respirei fundo enquanto lembrava daquela noite, do corpo dela se mexendo na batida da música e do seu olhar queimando em minha pele através das roupas, como se estivesse me despindo. – Então, eu passei pela boate que você sempre vai e pensei “por que não?” E, então, eu entrei...
Assim que terminei de contar toda a história para o meu amigo, que me olhava boquiaberto, como se não acreditasse em nada do que eu havia dito, disse para ele que havia a reencontrado na palestra do dia anterior e falei também do pedido que ela havia feito. Ele me encarou por alguns minutos, piscando os olhos e coçando a barba por fazer.
- Então você está me dizendo que foi uma única vez a uma boate de stripp e que a dançarina gostosa quer que você vá vê-la de novo? - Ele ergueu os olhos e me olhou, sorrindo.
- S-sim. – Gaguejei.
- Filho da puta, sortudo! – Meu amigo falou, socando a mesa. – Por que essas coisas não acontecem comigo?
- Cara, o que eu faço? – Perguntei com os olhos sem foco, eu sabia que não devia ir, mas eu queria. Ah, eu queria.
- Como assim? – perguntou, incrédulo, enquanto enfiava um enorme pedaço de carne na boca, já que os nossos pedidos já haviam chegado. – Você vai lá ver a mulher, é claro! – Respondeu como se fosse óbvio.
A boate estava barulhenta e agitada, luzes neons por toda a parte, mudando de cores repetidas vezes, um misto de verde, azul, amarelo e vermelho. Eu não costumava gostar desse tipo de lugar, não costumava nem mesmo ir àquele tipo de lugar. Aquela garota só podia ser um ser de outro mundo, sei lá, ela devia ter um bonequinho meu de pano e espetar alfinetes na minha bunda, porque era a única explicação para eu estar lá, fazendo coisas que semanas atrás nunca passariam pela minha cabeça. Ela me lançou um feitiço tão intenso que eu tinha medo do que seria capaz de fazer quando a visse de novo.
- Ora, ora... Olha só quem resolveu voltar! – Uma loira bonita, que estava usando uma lingerie e saltos altos, falou comigo. Pera aí, comigo?
- Ahm, v-você deve estar me confundindo com outra pessoa... – Arrumei os óculos de grau no nariz e olhei para os meus próprios pés, sem querer encarar a mulher seminua na minha frente, seria rude.
- Eu nunca esqueço um rosto bonito e você é um belo colírio para os olhos, mesmo tímido desse jeito... – Ela mordeu o lábio inferior. - Só me dá vontade de arrancar toda essa sua rou...
- Fanny, querida... Tudo bem? – apareceu do meu lado com dois copos de whisky, me oferecendo um. Salvo pelo mongo, digo, gongo.
- , quanto tempo! – A mulher falou sorrindo sedutoramente, pelo olhar que os dois trocaram, eu tinha certeza que eles já haviam trocado muito mais que meras palavras. – Já estava com saudades!
- Pois é... Estive ocupado nesse último mês, querida! – Meu amigo falou com um sorriso no canto dos lábios, que julgava eu, ele achava ser sedutor. – Ahm... E a Violet... E-ela, está aí? – Ele estava gaguejando? Soltei uma risada pelo nariz ao que ele me fuzilou com o olhar. Então queria dizer que ele estava de quatro por alguma dançarina? Bom saber que não sou o único, pensei, irônico.
- Sim, já vou chamar ela! – Fanny bufou, irritada, e saiu batendo os pés.
Assim que estávamos os dois sozinhos, eu passei o olhar pelo lugar novamente; vários homens de terno e gravata estavam sentados na mesa, sendo servidos por mulher seminuas, eles cochichavam no ouvido delas, ao mesmo tempo que elas respondiam com sorrisos sedutores e maliciosos. Um cara chegou a dar um tapinha na bunda de uma das garçonetes e ela apenas riu. Meu Deus, onde eu vim parar? Isso definitivamente não fazia o meu tipo. Eu nem lembrava qual tinha sido a última vez que fiz sexo, acho que estava voltando a ser virgem! Bem, que merda.
Balancei a cabeça para os lados tentando afastar os pensamentos, como se eles fossem uma mera nuvem de fumaça na minha cabeça, e me foquei no meu amigo, que encarava ansioso a porta pela qual a loira, a tal de Fanny, entrou. Ele aparentava estar nervoso e isso seria até cômico se eu não estivesse da mesma forma.
- Então... – Falei, chamando a atenção de para mim. – Quem é Violet? – Decidi ir direto ao ponto, não adiantava ficar divagando ou falando algo do tipo “por que você nunca me falou que está tendo uma paixãozinha por uma stripper?” Mas, com certeza, era porque ele não tinha admitido isso para si mesmo.
- Só uma garota. – Falou, carrancudo.
- Hm... Sei! – Decidi encerrar o assunto, pelo menos por hora.
Isso foi uma má ideia, eu não sabia o que estava fazendo ali ainda. sumiu desde que uma moça alta e muito bonita apareceu com uma cara furiosa, acho que devia ser Violet, ele deve ter aprontado alguma.
Por mais que eu estivesse com a camisa dobrada até o cotovelo, vestindo um jeans um pouco mais despojado do que o terno habitual, eu ainda assim estava sentindo um suor de nervosismo se formando na minha testa. A sensação era a mesma de quando eu tinha doze anos e me masturbava no quarto, assistindo qualquer pornô barato e ficava com o cu na mão achando que minha mãe iria aparecer a qualquer momento pela porta.
Eu era patético. Eu ainda sou.
- Você veio. – Uma voz feminina e sedutora sussurrou no meu ouvido, e, por mais que eu tivesse ouvido aquela voz somente uma vez na minha vida, e ela tenha assoprado não mais que apenas dez palavras para mim, era como se ela já estivesse na minha cabeça e nos meus sonhos tempo suficiente para eu reconhecê-la em qualquer lugar que eu fosse. Engoli em seco. – Você está bonito.
- Hm... Obrigado... Erm, v-você também! – Pigarrei, e ela deu uma risada gostosa.
- Você nem olhou pra mim. Como sabe que eu estou bonita? – Falou enquanto passava os dedos por toda a extensão do meu braço, e eu senti como se a minha pele estivesse sendo queimada onde ela tocava.
- Eu... Só sei. - Disse enquanto criava coragem e olhava, agora diretamente, pra ela. Arregalei os olhos quando me deparei com aquela bela mulher usando uma lingerie azul escura na minha frente, seus olhos com um delineado preto e a boca pintada de vermelho. Ela estava completamente diferente de quando a vi mais cedo, antes ela parecia uma menina indefesa naquela vestido florido e recatado e agora o indefeso era eu.
- Candy, sua vez gata! - Uma peituda plastificada falou, passando por nós e dando um tapinha na bunda da mulher que ocupava meus pensamentos durante semanas.
- Já estou indo, Neon. - Ela respondeu e espantou a loira com um balançar de mãos.
Candy?
- Candy? - Quando dei por mim, meu pensamento tinha sido exposto em voz alta e tudo o que eu queria era engolir essa pergunta e ir embora. Mas ela apenas me olhou, sorrindo sedutoramente e aproveitando que os saltos a deixavam muito mais alta, só foi preciso que ela ficasse na ponta dos pés com a graciosidade da bailarina que ela era, que, quando dei por mim, sua boca estava encostada na minha orelha, sussurrando:
- Pra você é !
Então, tão rápido como ela apareceu, ela sumiu junto com as luzes neon em direção ao palco.
Sentei em um banco afastado do palco, um cantinho escuro onde eu não seria notado e perto do bar, muito perto do bar. Achei que estaria salvo ali, eu não precisaria ir embora porque queria ver ela dançando e também porque meu amigo tinha me abandonado e tínhamos vindo com o carro dele, acho que ele fez de propósito para que eu não fugisse.
- Ei, gatinho, uma beleza como a sua não deveria ficar escondida em um espaço como esse! - Neon, a garota que tinha chamado mais cedo, disse enquanto sentava ao meu lado, pressionando os seios no meu braço.
Puta merda.
- Am... Oi. - Pigarrei. - Eu estou bem aqui, obrigado! - Sorri educadamente, mas tudo o que recebi em troca foi um sorriso malicioso cheio de segundas intenções.
Ela levantou e agarrou meu braço, me puxando. Eu não poderia me soltar e sair correndo porque não seria educado, então eu apenas a segui muito contra a gosto.
Não.
Ela não pode estar fazendo isso comigo.
- Não! - Exclamei baixinho como uma súplica, achei que tinha falado baixo suficiente, mas Neon apenas sorriu, olhando pra mim e murmurando um. - Oh, sim.
E, então, quando dei por mim, dois caras com o dobro do meu tamanho me puxaram para o palco e me colocaram sentado em uma cadeira.
Uma cadeira em cima do palco com uma luz em cima de mim, igual a um holofote. Eu queria correr dali e ir pra casa, deitar no sofá e me masturbar pensando em . Porém, não seria possível já que todas as luzes se apagaram por 5 segundos e, quando se acenderam, Candy entrou ao som de "I Put Spell On You" e eu só conseguia pensar, o quão irônico era essa música.
As batidas sensuais da música e o olhar malicioso que ela me lançava, fizeram com que eu começasse a suar frio. Minha boca estava seca e eu engolia sem parar, nunca me senti tão nervoso em toda a minha vida. Quando eu perdi a virgindade, eu estava mais relaxado, apesar de não totalmente, Jade era uma menina que eu conhecia desde pequeno, nós estudamos juntos por toda a vida e acabamos por namorar. Ela foi minha melhor amiga e namorada por grande parte da minha vida, foi com ela que eu dei meu primeiro beijo e perdi a virgindade, ela foi a primeira e única em tudo, mas, então, ela disse que precisava de outras experiências na vida amorosa e me largou. Então, eu tinha todo o direito de estar nervoso, eu não transava com uma mulher fazia dois anos, sem contar com os amassos bêbados em bares que me obrigou a ir, e devo dizer que não foram muitas as vezes.
O mastro de metal estava na minha frente e /Candy andou lentamente até ele, sem nunca tirar seus olhos de mim. Ela agarrou o metal com uma mão e deu a volta lentamente, depois se encostou de costas e desceu até o chão, sempre mexendo os quadris. Não acreditei quando ela pegou no salto e levantou a perna até a cabeça, me lembrando que ela, na verdade, era uma bailarina talentosa. Apertei as laterais da cadeira até deixar meus dedos brancos com a força que eu depositava, já sentia meu pau semi-duro apontando na calça jeans e me senti um adolescente na puberdade ficando excitado dessa forma só de ver aquela bela mulher se esfregando em um mastro de metal sem nunca tirar os olhos de mim.
Oh, meu Deus! Eu estava fodido.
Quando eu achei que nada poderia ficar pior, piorou. Aquela mulher sem coração decidiu que era uma boa hora para vir até mim e sentar no meu colo, meu pau com certeza gostou disso. Ela sorriu maliciosamente quando me sentiu totalmente duro e piscou marota no mesmo momento que começou a rebolar contra ele, levantando e descendo, mexendo os quadris. Nunca, em toda a minha vida, eu me imaginei sentado em uma cadeira no palco de uma boate de striptease com uma mulher seminua fazendo um lap dance em mim.
Candy/ levantou, e eu suspirei, aliviado, achando que aquela tortura tinha acabado, inocência a minha. Engoli em seco quando ela caminhou lentamente até o mastro novamente e, de costas para todos, começou a desabotoar o sutiã azul e ficando com os seios redondos e naturais com os mamilos arrebitados pra mim. Excitava saber que só eu estava tendo aquela visão e eu me sentia um pervertido por isso. Balancei a cabeça e fechei os olhos, me recusando a continuar vendo aquilo. Eu queria minha casa.
- Não se esconda de mim. - Ela sussurrou no meu ouvido e senti um arrepio por todo o meu corpo. - Eu quero que você continue me olhando, quero que se deixe levar pelo momento.
Como raios aquela mulher tinha ido tão próxima a mim sem eu ao menos perceber?
Abri os olhos e pisquei algumas vezes, tentando manter o foco. Ela sorriu inocentemente como se o fato de estar com os seios à mostra para todo mundo fosse completamente normal. Ela tirou os óculos de grau do meu rosto e colocou em si mesma, voltando a dançar e, pronto, tudo acabou pra mim.
Eu estava profundamente entregue àquela mulher, enfeitiçado assim como dizia a música.
Assim que ela voltou a dançar toda sensual com os meus óculos de grau, eu senti que algo iria acontecer, fechei os olhos tentando me segurar, mas estava sendo completamente impossível.
Não.
Por favor, não.
Oh, merda.
Assim que senti minha calça molhada do prazer que ela tinha me proporcionado apenas dançando, um constrangimento se apossou de mim e tudo o que eu fui capaz de fazer foi sair correndo do palco, em direção ao banheiro, fazendo o máximo pra esconder a bagunça que minha calça jeans se encontrava.
Eu estava fodido.
Eu estava completamente fodido, inegavelmente fodido. Isso só podia ser perseguição. O que eu fiz para merecer isso? Sempre fui um cara honesto, trabalhador, celibatário (até certo ponto), tratava as mulheres com respeito, ajudava velhinhas indefesas a atravessar a rua e só não tirava gatos do telhado porque tinha medo de alturas.
E o que eu ganhava em troca?
Uma mulher extremante gostosa, provocadora, cheia de curvas e com um sorriso inocente (só que não). Bem, obrigado cara lá de cima. Você realmente deve me odiar.
– ... Por isso que eu acho que isso seria extremamente importante para a empresa! E você, , o que acha? – Fui tirado dos meus pensamentos pela voz de , que trabalhava comigo.
- Sim! – Respondi, sorrindo, mas acho que, pela expressão que me olharam, eu talvez estivesse fazendo uma careta.
- Sim, o quê? – perguntou, confuso.
- Desculpa... E-eu não prestei atenção.
Foco, eu precisava me focar no meu trabalho. Eu tinha me deslocado um pouco nessas últimas semanas, confesso. Estava sempre aéreo lembrando daquela bela mulher que vi na boate e, então, quando eu estava “melhorando”, o que aconteceu? Ela simplesmente surgiu das cinzas, toda inocente, completamente diferente da mulher sedutora que me enfeitiçou. Era como se ela tivesse duas caras. Não que ela estive cem por cento inocente, até porque seu olhar dizia totalmente o contrário.
- Cara, o que tá acontecendo com você? – perguntou assim que saímos da sala de reuniões. Meu amigo, ao contrário de mim, era super ligado em boates de strip-tease, ele sempre tentou me levar. Dizia que era um barato.
- Isso tudo é culpa sua! – Falei, apontando o dedo na cara dele assim que saímos nas ruas de Chicago, um vento gelado nos recebeu enquanto eu afrouxava minha gravata como se estivesse sendo sufocado. – Eu sempre fui um cara quieto, a espera de uma garota bacana para casar e você sempre falando. – Pigarrei. – “, meu amigo, você precisa relaxar. Vamos a uma boate comigo”, “, chega de ser certinho, homem, você precisa sair”. – Continuei imitando meu amigo enquanto andávamos em direção ao restaurante que sempre almoçávamos.
- Ok... Pera aí, o que eu fiz? – Ele perguntou, confuso.
- Você estragou a minha vida! – Resmunguei enquanto entrávamos no restaurante.
Bati os pés no momento em que fomos encaminhados a uma mesa mais afastada por uma morena que nos encarou com um sorriso sedutor, e assim que já estávamos sentados aguardando nossos pedidos, me encarou com uma expressão confusa.
- O que tá acontecendo? – Ele perguntou.
- Eu... eufuiemumaboatedestriptese! – Despejei tudo como se tivesse tirado um band-aid. Rápido e indolor.
- Você o quê? Não entendi nada!
- Eufuiemumaboatedestripp... – Repeti.
- Fala direito! – esbravejou.
- EU FUI EM UMA BOATE DE STRIPTEASE! PRONTO! SATISFEITO? – Gritei.
Assim que começou a gargalhar, eu me dei conta de que havia gritado essa informação dentro de um ambiente público e todos me olhavam boquiabertos e com expressões de nojo nos rostos. Senti meu rosto ficando vermelho.
- Me explica isso aí. Como assim VOCÊ senhor “não vou a boates de strip-tease” foi a uma? – Indagou depois de se recuperar das gargalhadas, uma lágrima escorria do seu olho e ele estava ofegante como se tivesse corrido uma maratona.
O olhei, pensando em como fui virar amigo de um cara como ele, que era totalmente o meu oposto. Eu sempre fora taxado como o certinho e bem-comportado, já ele nunca parava com uma garota e tudo o que ele queria era curtir a vida adoidado, a história dele deveria ser muito mais divertida que a minha.
- Há umas semanas, eu decidi “quebrar a rotina” e fiz o impensável. – Respirei fundo enquanto lembrava daquela noite, do corpo dela se mexendo na batida da música e do seu olhar queimando em minha pele através das roupas, como se estivesse me despindo. – Então, eu passei pela boate que você sempre vai e pensei “por que não?” E, então, eu entrei...
Assim que terminei de contar toda a história para o meu amigo, que me olhava boquiaberto, como se não acreditasse em nada do que eu havia dito, disse para ele que havia a reencontrado na palestra do dia anterior e falei também do pedido que ela havia feito. Ele me encarou por alguns minutos, piscando os olhos e coçando a barba por fazer.
- Então você está me dizendo que foi uma única vez a uma boate de stripp e que a dançarina gostosa quer que você vá vê-la de novo? - Ele ergueu os olhos e me olhou, sorrindo.
- S-sim. – Gaguejei.
- Filho da puta, sortudo! – Meu amigo falou, socando a mesa. – Por que essas coisas não acontecem comigo?
- Cara, o que eu faço? – Perguntei com os olhos sem foco, eu sabia que não devia ir, mas eu queria. Ah, eu queria.
- Como assim? – perguntou, incrédulo, enquanto enfiava um enorme pedaço de carne na boca, já que os nossos pedidos já haviam chegado. – Você vai lá ver a mulher, é claro! – Respondeu como se fosse óbvio.
A boate estava barulhenta e agitada, luzes neons por toda a parte, mudando de cores repetidas vezes, um misto de verde, azul, amarelo e vermelho. Eu não costumava gostar desse tipo de lugar, não costumava nem mesmo ir àquele tipo de lugar. Aquela garota só podia ser um ser de outro mundo, sei lá, ela devia ter um bonequinho meu de pano e espetar alfinetes na minha bunda, porque era a única explicação para eu estar lá, fazendo coisas que semanas atrás nunca passariam pela minha cabeça. Ela me lançou um feitiço tão intenso que eu tinha medo do que seria capaz de fazer quando a visse de novo.
- Ora, ora... Olha só quem resolveu voltar! – Uma loira bonita, que estava usando uma lingerie e saltos altos, falou comigo. Pera aí, comigo?
- Ahm, v-você deve estar me confundindo com outra pessoa... – Arrumei os óculos de grau no nariz e olhei para os meus próprios pés, sem querer encarar a mulher seminua na minha frente, seria rude.
- Eu nunca esqueço um rosto bonito e você é um belo colírio para os olhos, mesmo tímido desse jeito... – Ela mordeu o lábio inferior. - Só me dá vontade de arrancar toda essa sua rou...
- Fanny, querida... Tudo bem? – apareceu do meu lado com dois copos de whisky, me oferecendo um. Salvo pelo mongo, digo, gongo.
- , quanto tempo! – A mulher falou sorrindo sedutoramente, pelo olhar que os dois trocaram, eu tinha certeza que eles já haviam trocado muito mais que meras palavras. – Já estava com saudades!
- Pois é... Estive ocupado nesse último mês, querida! – Meu amigo falou com um sorriso no canto dos lábios, que julgava eu, ele achava ser sedutor. – Ahm... E a Violet... E-ela, está aí? – Ele estava gaguejando? Soltei uma risada pelo nariz ao que ele me fuzilou com o olhar. Então queria dizer que ele estava de quatro por alguma dançarina? Bom saber que não sou o único, pensei, irônico.
- Sim, já vou chamar ela! – Fanny bufou, irritada, e saiu batendo os pés.
Assim que estávamos os dois sozinhos, eu passei o olhar pelo lugar novamente; vários homens de terno e gravata estavam sentados na mesa, sendo servidos por mulher seminuas, eles cochichavam no ouvido delas, ao mesmo tempo que elas respondiam com sorrisos sedutores e maliciosos. Um cara chegou a dar um tapinha na bunda de uma das garçonetes e ela apenas riu. Meu Deus, onde eu vim parar? Isso definitivamente não fazia o meu tipo. Eu nem lembrava qual tinha sido a última vez que fiz sexo, acho que estava voltando a ser virgem! Bem, que merda.
Balancei a cabeça para os lados tentando afastar os pensamentos, como se eles fossem uma mera nuvem de fumaça na minha cabeça, e me foquei no meu amigo, que encarava ansioso a porta pela qual a loira, a tal de Fanny, entrou. Ele aparentava estar nervoso e isso seria até cômico se eu não estivesse da mesma forma.
- Então... – Falei, chamando a atenção de para mim. – Quem é Violet? – Decidi ir direto ao ponto, não adiantava ficar divagando ou falando algo do tipo “por que você nunca me falou que está tendo uma paixãozinha por uma stripper?” Mas, com certeza, era porque ele não tinha admitido isso para si mesmo.
- Só uma garota. – Falou, carrancudo.
- Hm... Sei! – Decidi encerrar o assunto, pelo menos por hora.
Isso foi uma má ideia, eu não sabia o que estava fazendo ali ainda. sumiu desde que uma moça alta e muito bonita apareceu com uma cara furiosa, acho que devia ser Violet, ele deve ter aprontado alguma.
Por mais que eu estivesse com a camisa dobrada até o cotovelo, vestindo um jeans um pouco mais despojado do que o terno habitual, eu ainda assim estava sentindo um suor de nervosismo se formando na minha testa. A sensação era a mesma de quando eu tinha doze anos e me masturbava no quarto, assistindo qualquer pornô barato e ficava com o cu na mão achando que minha mãe iria aparecer a qualquer momento pela porta.
Eu era patético. Eu ainda sou.
- Você veio. – Uma voz feminina e sedutora sussurrou no meu ouvido, e, por mais que eu tivesse ouvido aquela voz somente uma vez na minha vida, e ela tenha assoprado não mais que apenas dez palavras para mim, era como se ela já estivesse na minha cabeça e nos meus sonhos tempo suficiente para eu reconhecê-la em qualquer lugar que eu fosse. Engoli em seco. – Você está bonito.
- Hm... Obrigado... Erm, v-você também! – Pigarrei, e ela deu uma risada gostosa.
- Você nem olhou pra mim. Como sabe que eu estou bonita? – Falou enquanto passava os dedos por toda a extensão do meu braço, e eu senti como se a minha pele estivesse sendo queimada onde ela tocava.
- Eu... Só sei. - Disse enquanto criava coragem e olhava, agora diretamente, pra ela. Arregalei os olhos quando me deparei com aquela bela mulher usando uma lingerie azul escura na minha frente, seus olhos com um delineado preto e a boca pintada de vermelho. Ela estava completamente diferente de quando a vi mais cedo, antes ela parecia uma menina indefesa naquela vestido florido e recatado e agora o indefeso era eu.
- Candy, sua vez gata! - Uma peituda plastificada falou, passando por nós e dando um tapinha na bunda da mulher que ocupava meus pensamentos durante semanas.
- Já estou indo, Neon. - Ela respondeu e espantou a loira com um balançar de mãos.
Candy?
- Candy? - Quando dei por mim, meu pensamento tinha sido exposto em voz alta e tudo o que eu queria era engolir essa pergunta e ir embora. Mas ela apenas me olhou, sorrindo sedutoramente e aproveitando que os saltos a deixavam muito mais alta, só foi preciso que ela ficasse na ponta dos pés com a graciosidade da bailarina que ela era, que, quando dei por mim, sua boca estava encostada na minha orelha, sussurrando:
- Pra você é !
Então, tão rápido como ela apareceu, ela sumiu junto com as luzes neon em direção ao palco.
Sentei em um banco afastado do palco, um cantinho escuro onde eu não seria notado e perto do bar, muito perto do bar. Achei que estaria salvo ali, eu não precisaria ir embora porque queria ver ela dançando e também porque meu amigo tinha me abandonado e tínhamos vindo com o carro dele, acho que ele fez de propósito para que eu não fugisse.
- Ei, gatinho, uma beleza como a sua não deveria ficar escondida em um espaço como esse! - Neon, a garota que tinha chamado mais cedo, disse enquanto sentava ao meu lado, pressionando os seios no meu braço.
Puta merda.
- Am... Oi. - Pigarrei. - Eu estou bem aqui, obrigado! - Sorri educadamente, mas tudo o que recebi em troca foi um sorriso malicioso cheio de segundas intenções.
Ela levantou e agarrou meu braço, me puxando. Eu não poderia me soltar e sair correndo porque não seria educado, então eu apenas a segui muito contra a gosto.
Não.
Ela não pode estar fazendo isso comigo.
- Não! - Exclamei baixinho como uma súplica, achei que tinha falado baixo suficiente, mas Neon apenas sorriu, olhando pra mim e murmurando um. - Oh, sim.
E, então, quando dei por mim, dois caras com o dobro do meu tamanho me puxaram para o palco e me colocaram sentado em uma cadeira.
Uma cadeira em cima do palco com uma luz em cima de mim, igual a um holofote. Eu queria correr dali e ir pra casa, deitar no sofá e me masturbar pensando em . Porém, não seria possível já que todas as luzes se apagaram por 5 segundos e, quando se acenderam, Candy entrou ao som de "I Put Spell On You" e eu só conseguia pensar, o quão irônico era essa música.
As batidas sensuais da música e o olhar malicioso que ela me lançava, fizeram com que eu começasse a suar frio. Minha boca estava seca e eu engolia sem parar, nunca me senti tão nervoso em toda a minha vida. Quando eu perdi a virgindade, eu estava mais relaxado, apesar de não totalmente, Jade era uma menina que eu conhecia desde pequeno, nós estudamos juntos por toda a vida e acabamos por namorar. Ela foi minha melhor amiga e namorada por grande parte da minha vida, foi com ela que eu dei meu primeiro beijo e perdi a virgindade, ela foi a primeira e única em tudo, mas, então, ela disse que precisava de outras experiências na vida amorosa e me largou. Então, eu tinha todo o direito de estar nervoso, eu não transava com uma mulher fazia dois anos, sem contar com os amassos bêbados em bares que me obrigou a ir, e devo dizer que não foram muitas as vezes.
O mastro de metal estava na minha frente e /Candy andou lentamente até ele, sem nunca tirar seus olhos de mim. Ela agarrou o metal com uma mão e deu a volta lentamente, depois se encostou de costas e desceu até o chão, sempre mexendo os quadris. Não acreditei quando ela pegou no salto e levantou a perna até a cabeça, me lembrando que ela, na verdade, era uma bailarina talentosa. Apertei as laterais da cadeira até deixar meus dedos brancos com a força que eu depositava, já sentia meu pau semi-duro apontando na calça jeans e me senti um adolescente na puberdade ficando excitado dessa forma só de ver aquela bela mulher se esfregando em um mastro de metal sem nunca tirar os olhos de mim.
Oh, meu Deus! Eu estava fodido.
Quando eu achei que nada poderia ficar pior, piorou. Aquela mulher sem coração decidiu que era uma boa hora para vir até mim e sentar no meu colo, meu pau com certeza gostou disso. Ela sorriu maliciosamente quando me sentiu totalmente duro e piscou marota no mesmo momento que começou a rebolar contra ele, levantando e descendo, mexendo os quadris. Nunca, em toda a minha vida, eu me imaginei sentado em uma cadeira no palco de uma boate de striptease com uma mulher seminua fazendo um lap dance em mim.
Candy/ levantou, e eu suspirei, aliviado, achando que aquela tortura tinha acabado, inocência a minha. Engoli em seco quando ela caminhou lentamente até o mastro novamente e, de costas para todos, começou a desabotoar o sutiã azul e ficando com os seios redondos e naturais com os mamilos arrebitados pra mim. Excitava saber que só eu estava tendo aquela visão e eu me sentia um pervertido por isso. Balancei a cabeça e fechei os olhos, me recusando a continuar vendo aquilo. Eu queria minha casa.
- Não se esconda de mim. - Ela sussurrou no meu ouvido e senti um arrepio por todo o meu corpo. - Eu quero que você continue me olhando, quero que se deixe levar pelo momento.
Como raios aquela mulher tinha ido tão próxima a mim sem eu ao menos perceber?
Abri os olhos e pisquei algumas vezes, tentando manter o foco. Ela sorriu inocentemente como se o fato de estar com os seios à mostra para todo mundo fosse completamente normal. Ela tirou os óculos de grau do meu rosto e colocou em si mesma, voltando a dançar e, pronto, tudo acabou pra mim.
Eu estava profundamente entregue àquela mulher, enfeitiçado assim como dizia a música.
Assim que ela voltou a dançar toda sensual com os meus óculos de grau, eu senti que algo iria acontecer, fechei os olhos tentando me segurar, mas estava sendo completamente impossível.
Não.
Por favor, não.
Oh, merda.
Assim que senti minha calça molhada do prazer que ela tinha me proporcionado apenas dançando, um constrangimento se apossou de mim e tudo o que eu fui capaz de fazer foi sair correndo do palco, em direção ao banheiro, fazendo o máximo pra esconder a bagunça que minha calça jeans se encontrava.
Capítulo 3 - You know I can't stand it, you're runnin' around, you know better daddy, I can't stand it cause you put me down...
.
A música acabou no exato momento em que saiu correndo como se tivesse visto uma assombração. E, bem, eu até que entendia a sua reação... Não devia ser nada legal para um cara gozar na calça sem que ao menos tivesse um pequeno contato de pele com pele. Coloquei os óculos de grau dele, que ainda se encontravam comigo, no topo da cabeça e saí correndo, ao mesmo tempo que pegava meu sutiã do chão e o abotoava, sem dar a mínima aos protestos masculinos que me acompanhavam enquanto eu saía.
- FANNY! - gritei assim que a vi passando por mim.
- O que você quer? - Ela perguntou, entediada, enquanto mascava um chiclete sem classe alguma, parecia uma vaca comendo relva... Pensando bem, isso até que combinava com ela.
- Você por acaso viu a Violet? – Perguntei, ansiosa, enquanto olhava para os lados. Eu precisava encontrar a porque sabia que ela, de alguma forma, conhecia o cara que veio com o meu nerd.
- Vi... Ela se fechou no camarim com o ! - Fanny respondeu, bufando, e saiu rebolando nos saltos altíssimos, assim como os meus.
Eu lembrava perfeitamente que minha amiga conhecia esse tal de , até porque, por mais que eu estivesse certa de que voltaria, eu ainda não tinha certeza. Então quando ele chegou acompanhado do amigo, eu estava prontamente escondida em um canto onde eu tinha a perfeita visão da porta, o que fez com que eu visse quando ele chegou e vi também quando o amigo bonitão saiu com pra algum canto.
- , SUA PUTA! – Gritei, e comecei a rir assim que abri a porta do camarim e vi minha amiga se atrapalhar toda pra arrumar o sutiã, que minutos antes estava afastado do seio, onde o amigo do meu nerd atrapalhado chupava avidamente, ele, com certeza, era o oposto de . – Olá, .
- Oi... - Ele respondeu com um sorriso sedutor e logo fechou a cara assim que minha amiga lhe deu uma cotovelada.
- O que você quer, ? - perguntou com irritação, estávamos tão concentradas em falar uma com a outra que nem percebemos que estávamos usando nossos verdadeiros nomes.
- Preciso falar com o ! - respondi.
- Comigo?
- Com ele?
Os dois perguntaram, surpresos, e eu apenas assenti.
Depois de uma crise exagerada de risos, finalmente entrou no banheiro masculino e começou a bater em uma das portas, que estava trancada pelo o que parecia uma eternidade. Eu e estávamos do lado, seminuas e praticamente sem respirar de tão vidradas na espera e expectativa.
- Menina do céu, tu tem poder, ein! - comentou enquanto abafava o riso com a mão. De acordo com , não podia sonhar que estávamos ali ou ele não sairia daquele banheiro.
- Eu sei! - Respondi sem modéstia alguma, depois abafei o riso na palma da mão junto com minha amiga.
olhou pra nós duas de cara feia e ficamos quietas na hora. Por mais que eu estivesse rindo, confesso que estava preocupada que eu tivesse estragado o sexo incrível que ainda iríamos ter e um pingo de mim - ainda que não quisesse admitir - queria muito mais do que um sexo casual e isso me assustava pra caralho, porque não combinava nem um pouco comigo.
- , abre essa porta, homem! - falou enquanto batia sem parar.
- Nunca! Quero morar aqui para sempre! - A voz abafada pela porta veio do outro lado, e quando olhei pra , ela estava roxa, quase tendo uma síncope enquanto fazia o máximo pra segurar o riso. - Você não faz ideia do que aconteceu lá fora, estou mortificado!
- Para de agir que nem uma mulherzinha! Eu sei, sim, o que aconteceu!
- Você sabe? - perguntou, sua voz soando surpresa e, então, um riso parecendo incrédulo. - Amanhã vai aparecer no jornal desse jeito!
- Não duvido muito! - falou e, então, começou a rir em uma crise quase que descontrolada. - Você tem o quê? Ejaculação precoce?
- Cala a boca, seu idiota! - falou enquanto abria a porta e pulava em seu amigo, os dois caíram no chão em uma lutinha como se tivessem dez anos de idade.
Depois do que pareceram horas, pareceu lembrar da nossa presença e nos olhou, o que acabou chamando a atenção de , que arregalou os olhos e voltou correndo pro banheiro, fechando a porta novamente.
- Ele disse que vai sair depois que tirar o pau do secador! - falou assim que saiu do banheiro.
- O quê? - Eu e perguntamos ao mesmo tempo.
- Ele ta com a calça jeans grudada naquelas coisas de secar a mão e disse que, assim que terminar, ele sai.
- Ah, ok! - Respondi, e então sorri, olhando maliciosamente para os dois.
- O que foi? - , que já me conhecia, perguntou assim que notou minha expressão.
- Da onde vocês dois se conhecem?
- Daqui mesmo! Eu costumava pagar por uma dança só pra mim e uma coisa levou a outra... - respondeu, parecendo envergonhado pela primeira vez. - E tava indo tudo bem, até...
- Eu ficar sabendo que em uma das minhas folgas, ele tinha transado com a Fanny! - respondeu entre dentes.
- Ah, então é você o cara! – Falei, entediada, enquanto lembrava da minha amiga triste pelos cantos por causa de um suposto babaca que tinha quebrado seu coração.
- Em minha defesa, foi bem no começo que começamos a nos ver, nós não tínhamos nada naquela época, e mesmo assim... Eu estou arrependido! - Ele falou parecendo sincero, e quase virou uma poça na minha frente.
- Por que vocês não vão transar e me deixam cuidar do nerd atrapalhado? - Perguntei com os olhos brilhando em expectativa.
- Tudo bem, mas, , não faça joguinhos com o . Ele é um cara legal. - Me surpreendi com as palavras de , principalmente por ele ter prestado atenção o suficiente pra saber o meu nome e também pela preocupação repentina com o amigo. Naquela hora, eu entendi que e eram que nem e .
Aproveitei enquanto ainda estava no banheiro e troquei minha lingerie por um moletom confortável. Meus cabelos estavam com um rabo de cabelo despojado e um tênis completava o look. Eu estava totalmente diferente da garota de antes, praticamente irreconhecível, e eu percebi isso assim que ele saiu do banheiro olhando para os lados como se procurasse alguém, não percebendo que era eu que estava ali.
- Ele foi embora. - Falei enquanto me aproximava dele.
- Ele foi o q-que? - gaguejou e começou a andar pra trás até bater com as costas na parede. - Não acredito que ele me deixou aqui!
- Fui eu que pedi! - Arrumei o cabelo atrás da orelha e dei um sorriso culpado, ou não tão culpado assim. - Quero que você dê uma volta comigo!
- U-u-ma v-volta? - Deus, seria possível que ele fosse gaguejar toda vez que estivesse na minha presença?
- Isso! Uma volta... Agora, por favor, será que você pode relaxar? Eu não vou morder você.
- Tudo bem!
- A não ser que você queira! - Completei e não pude deixar de dar uma gargalhada quando ele engoliu em seco.
Eram quase seis horas da manhã, o sol estava começando a iluminar o dia que estava por vir, nós estávamos andando sem dizer uma só palavra a algumas quadras e aquele silêncio estava me matando.
- Então...
- Então...
Falamos ao mesmo tempo e começamos a rir, estávamos sendo patéticos um com o outro e isso tinha quebrado o gelo, pelo menos por enquanto.
- Você primeiro! - Ele falou cordialmente como um cavalheiro.
- Eu estava pensando, a gente podia ir tomar um café... Aproveitar que o dia está amanhecendo! - Sugeri.
- Por mim tudo bem... Era isso mesmo que eu ia perguntar!
O vento gelado batia no meu rosto a medida que andávamos pelas ruas de Chicago. tinha pernas longas então era um pouco difícil acompanhar, mas ele sempre parava e fingia coçar a cabeça ou olhar um prédio com falso interesse para que eu o alcançasse. Toda vez que nossos olhares se encontravam, suas bochechas ficavam vermelhas e eu balançava a cabeça, rindo daquele cara alto, óculos de grau, em roupas casuais e despojadas com um porte masculino de dar inveja e tímido igual um adolescente em seu primeiro encontro.
Entramos em um café onde a porta fazia o barulho de um sininho, indicando quando cada cliente chegava. Era quente, pequeno e aconchegante. Os cheiros de panquecas e café invadiram minhas narinas e só então eu percebi que realmente estava com fome.
- Eu sempre venho tomar café aqui, se você quiser ir pra outro lugar... Por mim, tudo bem! - falou, tirando minha atenção das panquecas de uma senhora, que me olhava assustada como se eu fosse pular em sua comida, ela estava certa em estar com medo.
- Aqui está ótimo! Vamos comer logo porque esse cheiro está me matando! - Falei enquanto corria e me sentava em uma mesa escondida no canto, riu baixinho e me seguiu, sentando na minha frente. E, pela primeira vez, eu me senti atrapalhada com o quanto ele era bonito.
Depois que ambos devoramos um prato enorme de panquecas recheadas de chocolate e bebemos um copo enorme de café, a conversa foi fluindo e ele pareceu relaxar com a minha presença. Tivemos um assunto confortável sobre minha faculdade e a empresa em que ele trabalhava, falamos sobre sonhos, viagens, família. Ele não tocou no assunto "stripper" e não foi por falta de tentativa minha, eu queria falar sobre meu trabalho, sobre os meus motivos de fazer o que faço, mas sua expressão endurecia e ele mudava de assunto, então, eu preferi deixar pra lá.
- Adorei a sua companhia, ! - falou, sorrindo envergonhado assim que estávamos na porta da minha casa.
- Eu também, ! – Falei, sorrindo abertamente. - Gostaria de entrar para uma xícara de chá?
- Oh... N-n-não acho uma boa ideia!
- Então quando eu vou te ver novamente? – Perguntei, morrendo de medo de sua resposta. Pela primeira vez, a minha postura de durona sedutora tinha balançado.
Ele passou a mão no queixo parecendo pensar e, então, sorriu quando respondeu.
- Eu te busco para um café amanhã!
E ele voltou... Durante três semanas, todos os dias, sempre depois que eu saia da boate. Eu podia estar suada e cansada, com a maquiagem borrada e a pior roupa possível, mas ele sempre vinha e nós sempre tomávamos nosso enorme copo de café e comíamos as panquecas recheadas de chocolate. E foi então que eu percebi que talvez o feitiço estivesse virando contra o feiticeiro.
Depois de quase um mês, eu finalmente havia conseguido convencer a vir jantar na minha casa em uma das minhas folgas, ele estava relutante, mas acabou aceitando. Eu achava engraçado o fato de que ele ainda ficava tímido perto de mim, e que talvez por isso tenha demorado tanto pra aceitar meu convite, acho até que tive uma pequena ajuda de , que inclusive estava vendo a mais do que eu, que fazia faculdade e trabalhava com ela.
Corri tomar um banho e coloquei um vestido estampado, solto no corpo, deixei os cabelos soltos, ainda úmidos, e corri abrir a porta assim que ouvi três batidas educadas.
- Posso entrar? - perguntou, pigarreando, e, Oh, meu Deus, ele estava com um terno cinza, todo elegante e gostoso pra jantar em uma casa minúscula com uma mulher de vestido simples e descalça. Ele era um fofo. Eu assenti e indiquei com a mão, fazendo um gesto pra que ele entrasse.
- Eu fiz macarronada, minha especialidade. - Na verdade, era minha única especialidade, mas ele não precisava saber disso.
- Acho que eu estou arrumado demais. - Ele falou, corando, e então sorriu, culpado. - É que eu vim direto da empresa.
- Eu gosto de ver você de terno! – Falei, sorrindo maliciosamente. - Preferia sem...
arregalou os olhos, e eu pude ver ele engolindo seco a medida que sua garganta se mexia. E, por mais esquisito que pudesse parecer, eu estava vendo tudo sexualmente. Só conseguia pensar naquela boca maravilhosa me beijando e lambendo em um ponto de prazer que pulsava por ele, mas tudo o que eu fiz foi mudar de assunto pra que ele não ficasse tão constrangido.
- Então... Finalmente você resolveu aceitar meu convite!
- Bem... S-sim! - Ele respondeu enquanto me seguia até a cozinha.
Conversamos bastante durante a refeição e acabamos com uma garrafa de vinho inteira, outra já estava aberta e pela metade. Eu havia bebido pouco e, considerando que era forte para bebida, estava, bem, um pouco alterada, mas, bem... Eu já não podia dizer o mesmo de , ele estava sem o blazer e com a gravata solta ao redor do pescoço, suas bochechas estavam coradas do álcool e ele estava sorrindo muito mais que o habitual.
- Ficar bêbado te faz bem. – Comentei, rindo, e bebi mais um gole do vinho, minhas pernas estavam cruzadas enquanto estávamos sentados no sofá e peguei olhando várias vezes para a minha perna, seus olhos pegando fogo.
- Já me disseram isso antes! - Ele riu. - Você é tão...
Ele olhou para o chão e pareceu pensar um pouco, apesar do álcool o deixar mais à vontade, sua personalidade educada e tímida não o deixava falar o que queria.
- Eu... O quê? – Perguntei, sentando mais perto dele, olhou para minha boca e então sorriu.
- Você é linda! - Ele falou, sorrindo sem constrangimento nenhum. Meu sorriso ficou maior no meu rosto e, quando eu percebi o que fazia, meus lábios já estavam grudados nos dele.
Sua boca se abriu e então nossas línguas entraram em contato, eu não sabia se ficava feliz por ele estar correspondendo ou se esperava ele me empurrar, mas não foi isso que aconteceu. mordeu meu lábio e então soltou um grunhido de prazer. Ele me deitou no sofá e, então, por cima de mim enquanto continuava me beijando, com desejo e sem pudor algum, suas mãos seguravam e apertavam minhas coxas e eu puxava o cabelo dele, cheia de tesão.
Oh, meu Deus!
Se esse beijo continuasse do jeito que estava, eu iria ovular em 3...2...
- UAU! - Ele falou quando me soltou de repente, sua feição mudou totalmente quando ele percebeu o que estávamos fazendo. - Talvez... Fosse melhor eu ir embora!
- NÃO! - Gritei e, então, pigarreei, sentando e arrumando o vestido. - Quer dizer... Você bebeu, não pode dirigir desse jeito!
- Hm, você tem razão! Acho melhor eu esperar um pouco.
- Posso te pedir uma coisa?
olhou pra mim, suas íris estavam escuras, mostrando o desejo escondido. Ele estava tentando se conter, mas eu sabia que não duraria muito tempo até eu conseguir aquele selvagem de novo.
- Pode.
- Eu quero que você fale uma coisa suja que você quer fazer comigo... Ou que eu faça em você! – Falei, sorrindo maliciosamente.
- Eu não acho que seja uma boa ideia... - Ele falou, mordendo o lábio em seguida, demonstrando que tudo o que ele queria era responder aquela pergunta.
- Nós dois estamos bêbados, provavelmente nem vamos nos lembrar disso amanhã. - Mentira, eu iria lembrar.
- Foda-se! - Ele falou e, então, fechou os olhos como se tivesse travando uma batalha consigo mesmo, depois sorriu... Um sorriso diferente, um sorriso que transbordava luxúria e, ainda de olhos fechados, como se tivesse imaginando algo ele falou, tudo o que eu esperava ouvir. - Eu quero sua boca envolta do meu pau como se ela tivesse nascido para estar lá, quero você me chupando como se tivesse com fome de mim desde que me viu, quero sua língua me lambendo, lambendo e lambendo sem parar. Então eu quero ver você, me olhando através dos cílios enquanto engole todo o prazer que me proporcionou.
Ele abriu os olhos e me encontrou chocada e cheia de desejo. Meu sexo pulsava e eu podia sentir que minha excitação tinha molhado toda a minha calcinha, então fez algo que deixou nós dois surpresos. Ele me beijou novamente.
Na manhã seguinte, acordei já no meu quarto, deve ter me colocado na cama, pensei, sorrindo feliz. Mas meu sorriso logo morreu assim que eu encontrei um bilhete no travesseiro ao meu lado.
"Talvez fosse melhor nós esquecermos da noite passada. Eu gosto da sua companhia e confesso que estou completamente enfeitiçado por você... Mas não sei se consigo continuar dividindo a Candy com todos os outros."
Então, toda a felicidade e tudo aquilo que eu achei que nós tínhamos construído foi simplesmente por água abaixo.
A música acabou no exato momento em que saiu correndo como se tivesse visto uma assombração. E, bem, eu até que entendia a sua reação... Não devia ser nada legal para um cara gozar na calça sem que ao menos tivesse um pequeno contato de pele com pele. Coloquei os óculos de grau dele, que ainda se encontravam comigo, no topo da cabeça e saí correndo, ao mesmo tempo que pegava meu sutiã do chão e o abotoava, sem dar a mínima aos protestos masculinos que me acompanhavam enquanto eu saía.
- FANNY! - gritei assim que a vi passando por mim.
- O que você quer? - Ela perguntou, entediada, enquanto mascava um chiclete sem classe alguma, parecia uma vaca comendo relva... Pensando bem, isso até que combinava com ela.
- Você por acaso viu a Violet? – Perguntei, ansiosa, enquanto olhava para os lados. Eu precisava encontrar a porque sabia que ela, de alguma forma, conhecia o cara que veio com o meu nerd.
- Vi... Ela se fechou no camarim com o ! - Fanny respondeu, bufando, e saiu rebolando nos saltos altíssimos, assim como os meus.
Eu lembrava perfeitamente que minha amiga conhecia esse tal de , até porque, por mais que eu estivesse certa de que voltaria, eu ainda não tinha certeza. Então quando ele chegou acompanhado do amigo, eu estava prontamente escondida em um canto onde eu tinha a perfeita visão da porta, o que fez com que eu visse quando ele chegou e vi também quando o amigo bonitão saiu com pra algum canto.
- , SUA PUTA! – Gritei, e comecei a rir assim que abri a porta do camarim e vi minha amiga se atrapalhar toda pra arrumar o sutiã, que minutos antes estava afastado do seio, onde o amigo do meu nerd atrapalhado chupava avidamente, ele, com certeza, era o oposto de . – Olá, .
- Oi... - Ele respondeu com um sorriso sedutor e logo fechou a cara assim que minha amiga lhe deu uma cotovelada.
- O que você quer, ? - perguntou com irritação, estávamos tão concentradas em falar uma com a outra que nem percebemos que estávamos usando nossos verdadeiros nomes.
- Preciso falar com o ! - respondi.
- Comigo?
- Com ele?
Os dois perguntaram, surpresos, e eu apenas assenti.
Depois de uma crise exagerada de risos, finalmente entrou no banheiro masculino e começou a bater em uma das portas, que estava trancada pelo o que parecia uma eternidade. Eu e estávamos do lado, seminuas e praticamente sem respirar de tão vidradas na espera e expectativa.
- Menina do céu, tu tem poder, ein! - comentou enquanto abafava o riso com a mão. De acordo com , não podia sonhar que estávamos ali ou ele não sairia daquele banheiro.
- Eu sei! - Respondi sem modéstia alguma, depois abafei o riso na palma da mão junto com minha amiga.
olhou pra nós duas de cara feia e ficamos quietas na hora. Por mais que eu estivesse rindo, confesso que estava preocupada que eu tivesse estragado o sexo incrível que ainda iríamos ter e um pingo de mim - ainda que não quisesse admitir - queria muito mais do que um sexo casual e isso me assustava pra caralho, porque não combinava nem um pouco comigo.
- , abre essa porta, homem! - falou enquanto batia sem parar.
- Nunca! Quero morar aqui para sempre! - A voz abafada pela porta veio do outro lado, e quando olhei pra , ela estava roxa, quase tendo uma síncope enquanto fazia o máximo pra segurar o riso. - Você não faz ideia do que aconteceu lá fora, estou mortificado!
- Para de agir que nem uma mulherzinha! Eu sei, sim, o que aconteceu!
- Você sabe? - perguntou, sua voz soando surpresa e, então, um riso parecendo incrédulo. - Amanhã vai aparecer no jornal desse jeito!
- Não duvido muito! - falou e, então, começou a rir em uma crise quase que descontrolada. - Você tem o quê? Ejaculação precoce?
- Cala a boca, seu idiota! - falou enquanto abria a porta e pulava em seu amigo, os dois caíram no chão em uma lutinha como se tivessem dez anos de idade.
Depois do que pareceram horas, pareceu lembrar da nossa presença e nos olhou, o que acabou chamando a atenção de , que arregalou os olhos e voltou correndo pro banheiro, fechando a porta novamente.
- Ele disse que vai sair depois que tirar o pau do secador! - falou assim que saiu do banheiro.
- O quê? - Eu e perguntamos ao mesmo tempo.
- Ele ta com a calça jeans grudada naquelas coisas de secar a mão e disse que, assim que terminar, ele sai.
- Ah, ok! - Respondi, e então sorri, olhando maliciosamente para os dois.
- O que foi? - , que já me conhecia, perguntou assim que notou minha expressão.
- Da onde vocês dois se conhecem?
- Daqui mesmo! Eu costumava pagar por uma dança só pra mim e uma coisa levou a outra... - respondeu, parecendo envergonhado pela primeira vez. - E tava indo tudo bem, até...
- Eu ficar sabendo que em uma das minhas folgas, ele tinha transado com a Fanny! - respondeu entre dentes.
- Ah, então é você o cara! – Falei, entediada, enquanto lembrava da minha amiga triste pelos cantos por causa de um suposto babaca que tinha quebrado seu coração.
- Em minha defesa, foi bem no começo que começamos a nos ver, nós não tínhamos nada naquela época, e mesmo assim... Eu estou arrependido! - Ele falou parecendo sincero, e quase virou uma poça na minha frente.
- Por que vocês não vão transar e me deixam cuidar do nerd atrapalhado? - Perguntei com os olhos brilhando em expectativa.
- Tudo bem, mas, , não faça joguinhos com o . Ele é um cara legal. - Me surpreendi com as palavras de , principalmente por ele ter prestado atenção o suficiente pra saber o meu nome e também pela preocupação repentina com o amigo. Naquela hora, eu entendi que e eram que nem e .
Aproveitei enquanto ainda estava no banheiro e troquei minha lingerie por um moletom confortável. Meus cabelos estavam com um rabo de cabelo despojado e um tênis completava o look. Eu estava totalmente diferente da garota de antes, praticamente irreconhecível, e eu percebi isso assim que ele saiu do banheiro olhando para os lados como se procurasse alguém, não percebendo que era eu que estava ali.
- Ele foi embora. - Falei enquanto me aproximava dele.
- Ele foi o q-que? - gaguejou e começou a andar pra trás até bater com as costas na parede. - Não acredito que ele me deixou aqui!
- Fui eu que pedi! - Arrumei o cabelo atrás da orelha e dei um sorriso culpado, ou não tão culpado assim. - Quero que você dê uma volta comigo!
- U-u-ma v-volta? - Deus, seria possível que ele fosse gaguejar toda vez que estivesse na minha presença?
- Isso! Uma volta... Agora, por favor, será que você pode relaxar? Eu não vou morder você.
- Tudo bem!
- A não ser que você queira! - Completei e não pude deixar de dar uma gargalhada quando ele engoliu em seco.
Eram quase seis horas da manhã, o sol estava começando a iluminar o dia que estava por vir, nós estávamos andando sem dizer uma só palavra a algumas quadras e aquele silêncio estava me matando.
- Então...
- Então...
Falamos ao mesmo tempo e começamos a rir, estávamos sendo patéticos um com o outro e isso tinha quebrado o gelo, pelo menos por enquanto.
- Você primeiro! - Ele falou cordialmente como um cavalheiro.
- Eu estava pensando, a gente podia ir tomar um café... Aproveitar que o dia está amanhecendo! - Sugeri.
- Por mim tudo bem... Era isso mesmo que eu ia perguntar!
O vento gelado batia no meu rosto a medida que andávamos pelas ruas de Chicago. tinha pernas longas então era um pouco difícil acompanhar, mas ele sempre parava e fingia coçar a cabeça ou olhar um prédio com falso interesse para que eu o alcançasse. Toda vez que nossos olhares se encontravam, suas bochechas ficavam vermelhas e eu balançava a cabeça, rindo daquele cara alto, óculos de grau, em roupas casuais e despojadas com um porte masculino de dar inveja e tímido igual um adolescente em seu primeiro encontro.
Entramos em um café onde a porta fazia o barulho de um sininho, indicando quando cada cliente chegava. Era quente, pequeno e aconchegante. Os cheiros de panquecas e café invadiram minhas narinas e só então eu percebi que realmente estava com fome.
- Eu sempre venho tomar café aqui, se você quiser ir pra outro lugar... Por mim, tudo bem! - falou, tirando minha atenção das panquecas de uma senhora, que me olhava assustada como se eu fosse pular em sua comida, ela estava certa em estar com medo.
- Aqui está ótimo! Vamos comer logo porque esse cheiro está me matando! - Falei enquanto corria e me sentava em uma mesa escondida no canto, riu baixinho e me seguiu, sentando na minha frente. E, pela primeira vez, eu me senti atrapalhada com o quanto ele era bonito.
Depois que ambos devoramos um prato enorme de panquecas recheadas de chocolate e bebemos um copo enorme de café, a conversa foi fluindo e ele pareceu relaxar com a minha presença. Tivemos um assunto confortável sobre minha faculdade e a empresa em que ele trabalhava, falamos sobre sonhos, viagens, família. Ele não tocou no assunto "stripper" e não foi por falta de tentativa minha, eu queria falar sobre meu trabalho, sobre os meus motivos de fazer o que faço, mas sua expressão endurecia e ele mudava de assunto, então, eu preferi deixar pra lá.
- Adorei a sua companhia, ! - falou, sorrindo envergonhado assim que estávamos na porta da minha casa.
- Eu também, ! – Falei, sorrindo abertamente. - Gostaria de entrar para uma xícara de chá?
- Oh... N-n-não acho uma boa ideia!
- Então quando eu vou te ver novamente? – Perguntei, morrendo de medo de sua resposta. Pela primeira vez, a minha postura de durona sedutora tinha balançado.
Ele passou a mão no queixo parecendo pensar e, então, sorriu quando respondeu.
- Eu te busco para um café amanhã!
E ele voltou... Durante três semanas, todos os dias, sempre depois que eu saia da boate. Eu podia estar suada e cansada, com a maquiagem borrada e a pior roupa possível, mas ele sempre vinha e nós sempre tomávamos nosso enorme copo de café e comíamos as panquecas recheadas de chocolate. E foi então que eu percebi que talvez o feitiço estivesse virando contra o feiticeiro.
Depois de quase um mês, eu finalmente havia conseguido convencer a vir jantar na minha casa em uma das minhas folgas, ele estava relutante, mas acabou aceitando. Eu achava engraçado o fato de que ele ainda ficava tímido perto de mim, e que talvez por isso tenha demorado tanto pra aceitar meu convite, acho até que tive uma pequena ajuda de , que inclusive estava vendo a mais do que eu, que fazia faculdade e trabalhava com ela.
Corri tomar um banho e coloquei um vestido estampado, solto no corpo, deixei os cabelos soltos, ainda úmidos, e corri abrir a porta assim que ouvi três batidas educadas.
- Posso entrar? - perguntou, pigarreando, e, Oh, meu Deus, ele estava com um terno cinza, todo elegante e gostoso pra jantar em uma casa minúscula com uma mulher de vestido simples e descalça. Ele era um fofo. Eu assenti e indiquei com a mão, fazendo um gesto pra que ele entrasse.
- Eu fiz macarronada, minha especialidade. - Na verdade, era minha única especialidade, mas ele não precisava saber disso.
- Acho que eu estou arrumado demais. - Ele falou, corando, e então sorriu, culpado. - É que eu vim direto da empresa.
- Eu gosto de ver você de terno! – Falei, sorrindo maliciosamente. - Preferia sem...
arregalou os olhos, e eu pude ver ele engolindo seco a medida que sua garganta se mexia. E, por mais esquisito que pudesse parecer, eu estava vendo tudo sexualmente. Só conseguia pensar naquela boca maravilhosa me beijando e lambendo em um ponto de prazer que pulsava por ele, mas tudo o que eu fiz foi mudar de assunto pra que ele não ficasse tão constrangido.
- Então... Finalmente você resolveu aceitar meu convite!
- Bem... S-sim! - Ele respondeu enquanto me seguia até a cozinha.
Conversamos bastante durante a refeição e acabamos com uma garrafa de vinho inteira, outra já estava aberta e pela metade. Eu havia bebido pouco e, considerando que era forte para bebida, estava, bem, um pouco alterada, mas, bem... Eu já não podia dizer o mesmo de , ele estava sem o blazer e com a gravata solta ao redor do pescoço, suas bochechas estavam coradas do álcool e ele estava sorrindo muito mais que o habitual.
- Ficar bêbado te faz bem. – Comentei, rindo, e bebi mais um gole do vinho, minhas pernas estavam cruzadas enquanto estávamos sentados no sofá e peguei olhando várias vezes para a minha perna, seus olhos pegando fogo.
- Já me disseram isso antes! - Ele riu. - Você é tão...
Ele olhou para o chão e pareceu pensar um pouco, apesar do álcool o deixar mais à vontade, sua personalidade educada e tímida não o deixava falar o que queria.
- Eu... O quê? – Perguntei, sentando mais perto dele, olhou para minha boca e então sorriu.
- Você é linda! - Ele falou, sorrindo sem constrangimento nenhum. Meu sorriso ficou maior no meu rosto e, quando eu percebi o que fazia, meus lábios já estavam grudados nos dele.
Sua boca se abriu e então nossas línguas entraram em contato, eu não sabia se ficava feliz por ele estar correspondendo ou se esperava ele me empurrar, mas não foi isso que aconteceu. mordeu meu lábio e então soltou um grunhido de prazer. Ele me deitou no sofá e, então, por cima de mim enquanto continuava me beijando, com desejo e sem pudor algum, suas mãos seguravam e apertavam minhas coxas e eu puxava o cabelo dele, cheia de tesão.
Oh, meu Deus!
Se esse beijo continuasse do jeito que estava, eu iria ovular em 3...2...
- UAU! - Ele falou quando me soltou de repente, sua feição mudou totalmente quando ele percebeu o que estávamos fazendo. - Talvez... Fosse melhor eu ir embora!
- NÃO! - Gritei e, então, pigarreei, sentando e arrumando o vestido. - Quer dizer... Você bebeu, não pode dirigir desse jeito!
- Hm, você tem razão! Acho melhor eu esperar um pouco.
- Posso te pedir uma coisa?
olhou pra mim, suas íris estavam escuras, mostrando o desejo escondido. Ele estava tentando se conter, mas eu sabia que não duraria muito tempo até eu conseguir aquele selvagem de novo.
- Pode.
- Eu quero que você fale uma coisa suja que você quer fazer comigo... Ou que eu faça em você! – Falei, sorrindo maliciosamente.
- Eu não acho que seja uma boa ideia... - Ele falou, mordendo o lábio em seguida, demonstrando que tudo o que ele queria era responder aquela pergunta.
- Nós dois estamos bêbados, provavelmente nem vamos nos lembrar disso amanhã. - Mentira, eu iria lembrar.
- Foda-se! - Ele falou e, então, fechou os olhos como se tivesse travando uma batalha consigo mesmo, depois sorriu... Um sorriso diferente, um sorriso que transbordava luxúria e, ainda de olhos fechados, como se tivesse imaginando algo ele falou, tudo o que eu esperava ouvir. - Eu quero sua boca envolta do meu pau como se ela tivesse nascido para estar lá, quero você me chupando como se tivesse com fome de mim desde que me viu, quero sua língua me lambendo, lambendo e lambendo sem parar. Então eu quero ver você, me olhando através dos cílios enquanto engole todo o prazer que me proporcionou.
Ele abriu os olhos e me encontrou chocada e cheia de desejo. Meu sexo pulsava e eu podia sentir que minha excitação tinha molhado toda a minha calcinha, então fez algo que deixou nós dois surpresos. Ele me beijou novamente.
Na manhã seguinte, acordei já no meu quarto, deve ter me colocado na cama, pensei, sorrindo feliz. Mas meu sorriso logo morreu assim que eu encontrei um bilhete no travesseiro ao meu lado.
"Talvez fosse melhor nós esquecermos da noite passada. Eu gosto da sua companhia e confesso que estou completamente enfeitiçado por você... Mas não sei se consigo continuar dividindo a Candy com todos os outros."
Então, toda a felicidade e tudo aquilo que eu achei que nós tínhamos construído foi simplesmente por água abaixo.
Capítulo 4 - I love you anyhow, and I don't care if you don't want me, I'm yours right now
.
- Você o quê? - perguntou, incrédulo. Estávamos os dois sozinhos na sala de reuniões depois que todos haviam saído, e eu finalmente tinha ganhado coragem, depois de três dias, de contar o que havia acontecido no meu jantar com .
- Eu já disse! - Falei enquanto ajeitava os óculos de grau no nariz. - Nós jantamos, bebemos demais, nos beijamos, falamos... Am, falamos coisas... E, bem... Eu meio que...
- Você falou que ela era uma puta por bilhete e a abandonou. - completou, revirando os olhos.
- Eu não falei que ela era uma puta! - Protestei.
- Mas deve ter sido isso que ela entendeu! Seu burro.
- Cala a boca! O que você entende sobre isso?
- Você esqueceu que eu estou saindo com a stripper melhor amiga dela? - me olhou com a sobrancelha levantada e tudo o que eu fiz foi sentar na cadeira e finalmente cair em mim.
Oh!
Porra
O que foi que eu fiz?
- Você percebeu que fez merda, não foi? - Meu amigo perguntou, parecendo realmente preocupado.
- ! E agora, cara? - Perguntei sem saber o que fazer. Eu era um cara inexperiente quando o assunto eram mulheres, eu só namorei e transei com uma única mulher na minha vida, e nós nunca tínhamos conversado sujo, e muito menos havíamos tido a química que eu tenho ou tinha com .
- Agora, meu amigo - levantou, andou até mim e, com a mão no meu ombro, me deu o melhor conselho que ele podia. - Você conserta!
Depois da minha conversa com , eu peguei meu carro e fui direto para a Joffrey Academy of Dance, já que nesse horário estaria na aula. Fui recebido muito bem pelo Sr. Rahm, que disse ficar muito contente com a minha presença e que faria questão de me levar onde eu quisesse. Então assim que eu disse quem queria ver, ele me olhou com um sorriso cheio de segundas intenções e me levou até ela, finalmente me deixando sozinho.
Assim que eu abri a porta, tive a melhor visão que eu podia ter, estava com uma daquelas roupas de bailarina e dançava sozinha por todo o salão, a música forte demonstrava raiva. Ela rodopiava furiosamente, jogando as pernas para o ar em saltos bem articulados e precisos, girava, girava e girava... Depois voltava calmamente ao som da música e tudo se repetia, fiquei olhando pra ela, sem reação, até o final da música, até o momento em que ela pegou a garrafa d'água e sentou no chão, olhando em um ponto fixo. Sua expressão era de pura tristeza e, antes que eu visse lágrimas em seus olhos, eu me aproximei.
- ! – Falei, ao mesmo tempo que sentava no chão ao seu lado, pouco me importando se estava de terno. Ela endureceu no momento em que ouviu minha voz e ficou calada por alguns momentos. Eu estava quase tendo um ataque e, se ela não falasse nada no próximo instante, eu estava preparado para sair correndo dali, mas ambos sabíamos que eu não iria fazer isso.
Não dessa vez.
- O que você está fazendo aqui? - Ela falou com a voz fraca, sem olhar na minha direção.
- Eu vim te ver... ! - Peguei na sua mão relutantemente e respirei aliviado quando ela não a soltou, finalmente olhando pra mim. - Eu fiz merda, eu falei merda... Mas, porra, você me deixa nervoso... Muito nervoso!
- Você me chamou de puta! - Ela falou, soltando sua mão da minha e levantando do chão.
- Não, eu não chamei! Você interpretou tudo errado... O que eu quis dizer foi que não gostava de ver você com outros, ver você na boate como Candy... Eu... – Levantei, indo em sua direção e segurei seu queixo. - Eu queria que você fosse só minha... Eu ainda quero! Você não sai da minha cabeça desde a primeira vez que eu te vi!
- Você não aceita o meu trabalho, ! - falou com a voz embargada. - Querendo ou não... Aquilo é o meu trabalho!
- Eu sei, desculpa... - Falei enquanto arrumava os óculos no nariz. - Sobre isso... Nós podemos dar um jeito!
- Você tem certeza sobre isso?
- Nunca tive tanta certeza na minha vida, .
- Nerd, atrapalhado... - Ela falou, sorrindo.
- Candy ! – Completei, rindo junto com ela.
Ficamos nos olhando por alguns momentos até ela ficar com uma expressão séria e mordendo os lábios, falar algo que me deixou completamente desconcertado.
- Eu quero você dentro de mim!
Engoli em seco, sem reação e dei dois passos para trás.
- Aqui? - Perguntei.
- Agora! - Ela respondeu, andando até mim novamente.
Assim que ela estava na minha frente, com as íris escuras embebidas de desejo, foi como se outra pessoa tivesse se apossado de mim. Tudo o que eu queria era aquela mulher.
Aqui e agora!
- Me beija, ! - Ela falou enquanto tirava meu blazer. - Me mostra o quanto você me quer.
E eu a beijei, encostei nossos lábios um no outro em um selinho demorado, que foi se tornando em algo muito maior, nossas línguas se encontraram e tudo se tornou uma confusão de mordidas e peças de roupas pelo chão. Eu de calça social e ela ainda com o colan e o maiô preto.
- Eu quero você e não tô nem aí se você não me quiser. - Sussurrei em seu ouvido e, então, mordi sua orelha enquanto puxava o maiô do seu corpo, assim que ela estava apenas de colan, com os seios arrebitados à mostra, eu não consegui me segurar e rasguei a peça que faltava, como se um novo nascesse com aquela mulher, para aquela mulher. - Eu sou seu agora!
gemeu meu nome e arranhou minhas costas enquanto me beijava novamente, ela ficou de joelhos e abriu meu zíper lentamente, nunca tirando seus olhos dos meus. Assim que minhas calças e minha boxer estavam no chão, pegou no meu membro duro e pronto para ela. Só ela.
- Isso aqui é meu! - falou enquanto depositou um selinho no meu pau ereto.
- S-sim! - Gemi com a voz falha, peguei em seus cabelos com delicadeza e fiz um rabo de cavalo improvisado com as mãos.
- O que você quer que eu faça? - Ela perguntou enquanto me masturbava em movimentos lentos e tortuosos.
- L-lambe. - Falei entre dentes, puxando seu cabelo.
- O que você quiser... - Ela respondeu enquanto lambia toda a extensão ao mesmo tempo que massageava minhas bolas, ela continuou com esse movimento por algum tempo até que, sem aviso algum, abocanhou todo meu membro e começou a sugá-lo sem pudor algum. Sua boca quente parecia que tinha sido feita para estar ali.
- Você é linda! - Falei enquanto olhava para ela, de olhos fechados me chupando como se sua vida dependesse disso. - Chega, meu amor! Eu preciso de você.
Levantei-a pelos ombros e a beijei fervorosamente, cheio de desejo por aquela bela mulher. Deitamos no chão em um misto de pernas entrelaçadas, a música, que antes ela dançava, ainda tocava no fundo como se tivesse sido colocada para repetir.
- Eu quero você por cima, quero te ver! - Falei com os olhos brilhando de desejo.
- Você está bem saidinho hoje, ein, senhor ! - falou, sorrindo, e eu ri com ela, totalmente descontraído. Eu sentia que com ela eu poderia ser eu mesmo sem medo algum.
- Culpa sua! – Respondi, sorrindo.
montou em cima de mim, colocando suas mãos sobre meu peito e, então, eu a senti por inteiro, sua carne quente, apertada e molhada por mim. Eu estava dentro dela, finalmente dentro dela.
Ela começou a se mexer lentamente, ela rebolava sobre meu pau e nós dois gemíamos de prazer, entorpecidos de tesão. Ela parou por um instante para me beijar e eu não me aguentei, agarrei sua bunda, me apoiando em meus pés e comecei a estocar nela sem parar, tão rápido que a sala foi preenchida apenas pelos nossos gemidos de prazer e pela música que parecia acompanhar nosso ritmo.
- E agora? - perguntou quando estávamos nos vestindo às pressas pra que ninguém nos pegasse nus na faculdade depois de fazermos sexo em uma das salas de dança.
- Agora o quê? - Falei enquanto fechava o zíper da calça social.
- Você rasgou minha roupa, como que eu vou sair daqui assim?
- Ah, isso! – Falei, sorrindo, culpado. Senti minhas bochechas ficarem vermelhas, lembrando de tudo o que falei e fiz com ela minutos antes.
- Não acredito que você vai ficar envergonhado justo agora? - disse, gargalhando.
- Para, ! – Resmunguei, sentindo minhas bochechas pegando fogo.
acabou por entrar no carro com o meu blazer, que cobria até um pouco acima do seu joelho, e fomos em direção a sua casa, repetir tudo de novo.
- Você o quê? - perguntou, incrédulo. Estávamos os dois sozinhos na sala de reuniões depois que todos haviam saído, e eu finalmente tinha ganhado coragem, depois de três dias, de contar o que havia acontecido no meu jantar com .
- Eu já disse! - Falei enquanto ajeitava os óculos de grau no nariz. - Nós jantamos, bebemos demais, nos beijamos, falamos... Am, falamos coisas... E, bem... Eu meio que...
- Você falou que ela era uma puta por bilhete e a abandonou. - completou, revirando os olhos.
- Eu não falei que ela era uma puta! - Protestei.
- Mas deve ter sido isso que ela entendeu! Seu burro.
- Cala a boca! O que você entende sobre isso?
- Você esqueceu que eu estou saindo com a stripper melhor amiga dela? - me olhou com a sobrancelha levantada e tudo o que eu fiz foi sentar na cadeira e finalmente cair em mim.
Oh!
Porra
O que foi que eu fiz?
- Você percebeu que fez merda, não foi? - Meu amigo perguntou, parecendo realmente preocupado.
- ! E agora, cara? - Perguntei sem saber o que fazer. Eu era um cara inexperiente quando o assunto eram mulheres, eu só namorei e transei com uma única mulher na minha vida, e nós nunca tínhamos conversado sujo, e muito menos havíamos tido a química que eu tenho ou tinha com .
- Agora, meu amigo - levantou, andou até mim e, com a mão no meu ombro, me deu o melhor conselho que ele podia. - Você conserta!
Depois da minha conversa com , eu peguei meu carro e fui direto para a Joffrey Academy of Dance, já que nesse horário estaria na aula. Fui recebido muito bem pelo Sr. Rahm, que disse ficar muito contente com a minha presença e que faria questão de me levar onde eu quisesse. Então assim que eu disse quem queria ver, ele me olhou com um sorriso cheio de segundas intenções e me levou até ela, finalmente me deixando sozinho.
Assim que eu abri a porta, tive a melhor visão que eu podia ter, estava com uma daquelas roupas de bailarina e dançava sozinha por todo o salão, a música forte demonstrava raiva. Ela rodopiava furiosamente, jogando as pernas para o ar em saltos bem articulados e precisos, girava, girava e girava... Depois voltava calmamente ao som da música e tudo se repetia, fiquei olhando pra ela, sem reação, até o final da música, até o momento em que ela pegou a garrafa d'água e sentou no chão, olhando em um ponto fixo. Sua expressão era de pura tristeza e, antes que eu visse lágrimas em seus olhos, eu me aproximei.
- ! – Falei, ao mesmo tempo que sentava no chão ao seu lado, pouco me importando se estava de terno. Ela endureceu no momento em que ouviu minha voz e ficou calada por alguns momentos. Eu estava quase tendo um ataque e, se ela não falasse nada no próximo instante, eu estava preparado para sair correndo dali, mas ambos sabíamos que eu não iria fazer isso.
Não dessa vez.
- O que você está fazendo aqui? - Ela falou com a voz fraca, sem olhar na minha direção.
- Eu vim te ver... ! - Peguei na sua mão relutantemente e respirei aliviado quando ela não a soltou, finalmente olhando pra mim. - Eu fiz merda, eu falei merda... Mas, porra, você me deixa nervoso... Muito nervoso!
- Você me chamou de puta! - Ela falou, soltando sua mão da minha e levantando do chão.
- Não, eu não chamei! Você interpretou tudo errado... O que eu quis dizer foi que não gostava de ver você com outros, ver você na boate como Candy... Eu... – Levantei, indo em sua direção e segurei seu queixo. - Eu queria que você fosse só minha... Eu ainda quero! Você não sai da minha cabeça desde a primeira vez que eu te vi!
- Você não aceita o meu trabalho, ! - falou com a voz embargada. - Querendo ou não... Aquilo é o meu trabalho!
- Eu sei, desculpa... - Falei enquanto arrumava os óculos no nariz. - Sobre isso... Nós podemos dar um jeito!
- Você tem certeza sobre isso?
- Nunca tive tanta certeza na minha vida, .
- Nerd, atrapalhado... - Ela falou, sorrindo.
- Candy ! – Completei, rindo junto com ela.
Ficamos nos olhando por alguns momentos até ela ficar com uma expressão séria e mordendo os lábios, falar algo que me deixou completamente desconcertado.
- Eu quero você dentro de mim!
Engoli em seco, sem reação e dei dois passos para trás.
- Aqui? - Perguntei.
- Agora! - Ela respondeu, andando até mim novamente.
Assim que ela estava na minha frente, com as íris escuras embebidas de desejo, foi como se outra pessoa tivesse se apossado de mim. Tudo o que eu queria era aquela mulher.
Aqui e agora!
- Me beija, ! - Ela falou enquanto tirava meu blazer. - Me mostra o quanto você me quer.
E eu a beijei, encostei nossos lábios um no outro em um selinho demorado, que foi se tornando em algo muito maior, nossas línguas se encontraram e tudo se tornou uma confusão de mordidas e peças de roupas pelo chão. Eu de calça social e ela ainda com o colan e o maiô preto.
- Eu quero você e não tô nem aí se você não me quiser. - Sussurrei em seu ouvido e, então, mordi sua orelha enquanto puxava o maiô do seu corpo, assim que ela estava apenas de colan, com os seios arrebitados à mostra, eu não consegui me segurar e rasguei a peça que faltava, como se um novo nascesse com aquela mulher, para aquela mulher. - Eu sou seu agora!
gemeu meu nome e arranhou minhas costas enquanto me beijava novamente, ela ficou de joelhos e abriu meu zíper lentamente, nunca tirando seus olhos dos meus. Assim que minhas calças e minha boxer estavam no chão, pegou no meu membro duro e pronto para ela. Só ela.
- Isso aqui é meu! - falou enquanto depositou um selinho no meu pau ereto.
- S-sim! - Gemi com a voz falha, peguei em seus cabelos com delicadeza e fiz um rabo de cavalo improvisado com as mãos.
- O que você quer que eu faça? - Ela perguntou enquanto me masturbava em movimentos lentos e tortuosos.
- L-lambe. - Falei entre dentes, puxando seu cabelo.
- O que você quiser... - Ela respondeu enquanto lambia toda a extensão ao mesmo tempo que massageava minhas bolas, ela continuou com esse movimento por algum tempo até que, sem aviso algum, abocanhou todo meu membro e começou a sugá-lo sem pudor algum. Sua boca quente parecia que tinha sido feita para estar ali.
- Você é linda! - Falei enquanto olhava para ela, de olhos fechados me chupando como se sua vida dependesse disso. - Chega, meu amor! Eu preciso de você.
Levantei-a pelos ombros e a beijei fervorosamente, cheio de desejo por aquela bela mulher. Deitamos no chão em um misto de pernas entrelaçadas, a música, que antes ela dançava, ainda tocava no fundo como se tivesse sido colocada para repetir.
- Eu quero você por cima, quero te ver! - Falei com os olhos brilhando de desejo.
- Você está bem saidinho hoje, ein, senhor ! - falou, sorrindo, e eu ri com ela, totalmente descontraído. Eu sentia que com ela eu poderia ser eu mesmo sem medo algum.
- Culpa sua! – Respondi, sorrindo.
montou em cima de mim, colocando suas mãos sobre meu peito e, então, eu a senti por inteiro, sua carne quente, apertada e molhada por mim. Eu estava dentro dela, finalmente dentro dela.
Ela começou a se mexer lentamente, ela rebolava sobre meu pau e nós dois gemíamos de prazer, entorpecidos de tesão. Ela parou por um instante para me beijar e eu não me aguentei, agarrei sua bunda, me apoiando em meus pés e comecei a estocar nela sem parar, tão rápido que a sala foi preenchida apenas pelos nossos gemidos de prazer e pela música que parecia acompanhar nosso ritmo.
- E agora? - perguntou quando estávamos nos vestindo às pressas pra que ninguém nos pegasse nus na faculdade depois de fazermos sexo em uma das salas de dança.
- Agora o quê? - Falei enquanto fechava o zíper da calça social.
- Você rasgou minha roupa, como que eu vou sair daqui assim?
- Ah, isso! – Falei, sorrindo, culpado. Senti minhas bochechas ficarem vermelhas, lembrando de tudo o que falei e fiz com ela minutos antes.
- Não acredito que você vai ficar envergonhado justo agora? - disse, gargalhando.
- Para, ! – Resmunguei, sentindo minhas bochechas pegando fogo.
acabou por entrar no carro com o meu blazer, que cobria até um pouco acima do seu joelho, e fomos em direção a sua casa, repetir tudo de novo.
Capítulo 5 - You hear me? I put a spell on you because you're mine
.
Desde que eu e nos acertamos, ele sempre vinha me ver na boate. Ainda se sentava naquele mesmo canto afastado onde eu o vi pela primeira vez, com a mesma cara de desejo e timidez e, então, quando eu saía do palco, eu ia até ele e o beijava, tirando todas aquelas incertezas que rondavam sua cabeça, nós saímos pelas ruas de Chicago e tomávamos café no lugar de sempre. Depois íamos para a minha casa, ou a dele, e fazíamos amor até cairmos no sono e voltarmos com a nossa rotina de sempre.
Era assim e foi assim por dois meses, até aquele dia! Bem, eu não sabia como seria a partir de agora. havia sido promovido na empresa, e teria que fazer muitas viagens, o que significava que, por causa do meu trabalho, nós não nos veríamos com tanta frequência, mas isso também não era o pior de nossos problemas, até porque eu não tinha mais aquele trabalho.
- Eu vim pedir demissão! - Falei para Carmen, que era uma mulher mais velha e ainda assim muito bonita. Ela era dona da boate e era a pessoa para quem eu trabalhava já há quase quatro anos.
- Demissão? Como assim, Candy? - Ela perguntou, e eu torci o nariz quando ouvi aquele apelido, tudo parecia tão diferente depois que eu havia conhecido . - Não vai me dizer que é por causa daquele seu namoradinho.
- O não tem nada a ver com isso! - Mentira, ele tinha algo a ver, mas também não era o único motivo. - Aconteceu uma coisa na minha vida, uma coisa maravilhosa, e eu preciso agarrar essa oportunidade!
Depois de explicar para Carmen meus motivos, ela sorriu, me abraçou e me desejou felicidades. A primeira parte já estava feita, agora eu teria que falar com .
- Pronto amiga, já falei com a Carmen! - falou assim que chegou na Jofrey e sentou ao meu lado do lado de fora.
- Você já falou com o ? - Perguntei enquanto olhava em um ponto fixo na minha frente.
- Sim! - Ela respondeu e segurou minha mão. - Você sabe que entre eu e ele sempre foi algo mais carnal, nós quase nem conversávamos, mas ficou feliz por nós e disse que entenderia...
- Eu sei que ele vai entender, eu já o conheço mesmo que faça apenas três meses. - Disse enquanto olhava para minha amiga. - Eu só queria que as coisas tivessem sido diferentes.
- Não, você não queria! Esse é o seu sonho e o é louco por você, dá pra ver na cara dele! - Ela sorriu boba, e eu a acompanhei. - Ele simplesmente não consegue olhar pra nada que não seja você!
- Você está certa... Obrigada, !
- Estou aqui para isso, ! - Minha amiga falou enquanto me abraçava.
Passei o resto do dia divagando em pensamentos. Quando eu cheguei em casa e finalmente fui capaz de arrumar minhas malas, uma coisa me ocorreu e talvez aquilo fosse o melhor para ambos. Agora tudo o que eu precisava era falar com .
Fiz a famosa macarronada enquanto esperava por , apreensiva sobre como seria nossa conversa, mas cheia de expectativa. Corri abrir a porta quando ele chegou e tivemos uma ótima noite juntos, cheia de brincadeiras, conversas sobre o dia-a-dia, até que ele notou minha expressão, eu sabia que não demoraria.
- , o que aconteceu? - perguntou enquanto fazia um carinho em minha bochecha. - Você parece um pouco distante.
- Nós precisamos conversar... É importante!
- Você está me assustando! - Ele falou, soltando um riso nervoso.
- Eu vou falar tudo rápido, porque não quero divagar sobre isso... Quero simplesmente soltar tudo de uma vez!
- Deus, então fala de uma vez.
- Eu fui uma das escolhidas para viajar com a Academia de dança, vamos nos apresentar por toda a Europa! – Falei, sorrindo, a primeira parte não era ruim.
- Sério, ? Nossa, estou tão feliz por você. - falou e então me abraçou apertado.
- Mas, tem um porém.
- Como assim? - perguntou, seu sorriso morrendo.
- Eu ficarei dez meses fora, sem voltar nenhuma vez pra Chicago!
- Como assim? Eu posso te visitar, você sabe que agora eu vivo viajando, talvez nossas viagens deem certo e nós possamos nos ver. - falou, rindo nervoso. Ele levantou da mesa e começou a andar de um lado para o outro enquanto tentava achar uma solução para nós dois.
- Não, ! Você não está entendendo. - Falei em protesto. - Você foi promovido e está em uma fase ótima da sua vida, e eu da minha.
- O que você ta querendo dizer com isso?
- Que eu acho melhor a gente terminar tudo por aqui! - Falei com lágrimas nos olhos.
parou no meio da cozinha e me olhou com os olhos arregalados, completamente sem reação.
- Na verdade, eu queria te propor uma coisa, mas não sei se você vai concordar comigo. – Disse, mordendo o lábio, ergueu a sobrancelha como se pedisse pra que eu continuasse. - Nós nos conhecemos há pouco tempo e foi tudo tão intenso, então... Eu queria que nós combinássemos uma coisa!
- Que coisa? - Ele perguntou, se aproximando de mim.
- Que, daqui um ano, nesse mesmo dia, se você ainda sentir que gosta de mim e se tudo o que nós temos for realmente verdadeiro, e se eu me sentir assim também... - Respirei profundamente. - Nós vamos nos encontrar no lugar onde nos vimos pela primeira vez, na mesma hora, nesse mesmo dia!
- Se isso for o preço que eu tiver que pagar para te ter de novo, então, tudo bem, ! - Ele falou, levantando meu queixo em sua direção. - Também acho que foi tudo muito intenso, mas tenho certeza que daqui um ano, nesse mesmo dia, você ainda vai ser o meu primeiro e último pensamento do meu dia.
Eu sorri, aliviada, e parecia, de certa forma, aliviado também.
Naquela noite, nós fizemos amor calmamente como se estivéssemos decorando cada traço um do outro, beijando cada parte do corpo com carinho e possessividade. A saudade já estava presente horas antes da separação acontecer e, na manhã seguinte, quando acordamos, me levou até a Joffrey e nos despedimos com um beijo doloroso, mas cheio de expectativas para o futuro que estaria para vir.
Desde que eu e nos acertamos, ele sempre vinha me ver na boate. Ainda se sentava naquele mesmo canto afastado onde eu o vi pela primeira vez, com a mesma cara de desejo e timidez e, então, quando eu saía do palco, eu ia até ele e o beijava, tirando todas aquelas incertezas que rondavam sua cabeça, nós saímos pelas ruas de Chicago e tomávamos café no lugar de sempre. Depois íamos para a minha casa, ou a dele, e fazíamos amor até cairmos no sono e voltarmos com a nossa rotina de sempre.
Era assim e foi assim por dois meses, até aquele dia! Bem, eu não sabia como seria a partir de agora. havia sido promovido na empresa, e teria que fazer muitas viagens, o que significava que, por causa do meu trabalho, nós não nos veríamos com tanta frequência, mas isso também não era o pior de nossos problemas, até porque eu não tinha mais aquele trabalho.
- Eu vim pedir demissão! - Falei para Carmen, que era uma mulher mais velha e ainda assim muito bonita. Ela era dona da boate e era a pessoa para quem eu trabalhava já há quase quatro anos.
- Demissão? Como assim, Candy? - Ela perguntou, e eu torci o nariz quando ouvi aquele apelido, tudo parecia tão diferente depois que eu havia conhecido . - Não vai me dizer que é por causa daquele seu namoradinho.
- O não tem nada a ver com isso! - Mentira, ele tinha algo a ver, mas também não era o único motivo. - Aconteceu uma coisa na minha vida, uma coisa maravilhosa, e eu preciso agarrar essa oportunidade!
Depois de explicar para Carmen meus motivos, ela sorriu, me abraçou e me desejou felicidades. A primeira parte já estava feita, agora eu teria que falar com .
- Pronto amiga, já falei com a Carmen! - falou assim que chegou na Jofrey e sentou ao meu lado do lado de fora.
- Você já falou com o ? - Perguntei enquanto olhava em um ponto fixo na minha frente.
- Sim! - Ela respondeu e segurou minha mão. - Você sabe que entre eu e ele sempre foi algo mais carnal, nós quase nem conversávamos, mas ficou feliz por nós e disse que entenderia...
- Eu sei que ele vai entender, eu já o conheço mesmo que faça apenas três meses. - Disse enquanto olhava para minha amiga. - Eu só queria que as coisas tivessem sido diferentes.
- Não, você não queria! Esse é o seu sonho e o é louco por você, dá pra ver na cara dele! - Ela sorriu boba, e eu a acompanhei. - Ele simplesmente não consegue olhar pra nada que não seja você!
- Você está certa... Obrigada, !
- Estou aqui para isso, ! - Minha amiga falou enquanto me abraçava.
Passei o resto do dia divagando em pensamentos. Quando eu cheguei em casa e finalmente fui capaz de arrumar minhas malas, uma coisa me ocorreu e talvez aquilo fosse o melhor para ambos. Agora tudo o que eu precisava era falar com .
Fiz a famosa macarronada enquanto esperava por , apreensiva sobre como seria nossa conversa, mas cheia de expectativa. Corri abrir a porta quando ele chegou e tivemos uma ótima noite juntos, cheia de brincadeiras, conversas sobre o dia-a-dia, até que ele notou minha expressão, eu sabia que não demoraria.
- , o que aconteceu? - perguntou enquanto fazia um carinho em minha bochecha. - Você parece um pouco distante.
- Nós precisamos conversar... É importante!
- Você está me assustando! - Ele falou, soltando um riso nervoso.
- Eu vou falar tudo rápido, porque não quero divagar sobre isso... Quero simplesmente soltar tudo de uma vez!
- Deus, então fala de uma vez.
- Eu fui uma das escolhidas para viajar com a Academia de dança, vamos nos apresentar por toda a Europa! – Falei, sorrindo, a primeira parte não era ruim.
- Sério, ? Nossa, estou tão feliz por você. - falou e então me abraçou apertado.
- Mas, tem um porém.
- Como assim? - perguntou, seu sorriso morrendo.
- Eu ficarei dez meses fora, sem voltar nenhuma vez pra Chicago!
- Como assim? Eu posso te visitar, você sabe que agora eu vivo viajando, talvez nossas viagens deem certo e nós possamos nos ver. - falou, rindo nervoso. Ele levantou da mesa e começou a andar de um lado para o outro enquanto tentava achar uma solução para nós dois.
- Não, ! Você não está entendendo. - Falei em protesto. - Você foi promovido e está em uma fase ótima da sua vida, e eu da minha.
- O que você ta querendo dizer com isso?
- Que eu acho melhor a gente terminar tudo por aqui! - Falei com lágrimas nos olhos.
parou no meio da cozinha e me olhou com os olhos arregalados, completamente sem reação.
- Na verdade, eu queria te propor uma coisa, mas não sei se você vai concordar comigo. – Disse, mordendo o lábio, ergueu a sobrancelha como se pedisse pra que eu continuasse. - Nós nos conhecemos há pouco tempo e foi tudo tão intenso, então... Eu queria que nós combinássemos uma coisa!
- Que coisa? - Ele perguntou, se aproximando de mim.
- Que, daqui um ano, nesse mesmo dia, se você ainda sentir que gosta de mim e se tudo o que nós temos for realmente verdadeiro, e se eu me sentir assim também... - Respirei profundamente. - Nós vamos nos encontrar no lugar onde nos vimos pela primeira vez, na mesma hora, nesse mesmo dia!
- Se isso for o preço que eu tiver que pagar para te ter de novo, então, tudo bem, ! - Ele falou, levantando meu queixo em sua direção. - Também acho que foi tudo muito intenso, mas tenho certeza que daqui um ano, nesse mesmo dia, você ainda vai ser o meu primeiro e último pensamento do meu dia.
Eu sorri, aliviada, e parecia, de certa forma, aliviado também.
Naquela noite, nós fizemos amor calmamente como se estivéssemos decorando cada traço um do outro, beijando cada parte do corpo com carinho e possessividade. A saudade já estava presente horas antes da separação acontecer e, na manhã seguinte, quando acordamos, me levou até a Joffrey e nos despedimos com um beijo doloroso, mas cheio de expectativas para o futuro que estaria para vir.
Epílogo
Oh, merda.
Ele estava atrasado, mesmo depois de todos esses meses contando os meses, dias e as poucas horas que faltavam, ele conseguiu se atrasar. Tudo bem que foi por causa da dor de barriga que lhe deu assim que ele notou que, se tudo desse certo, ele a veria em menos de uma hora.
Agora ele só poderia torcer para que, se ela tivesse ido, ela não tivesse ido embora! Ele correu feito um louco até finalmente entrar pelas portas duplas da boate e ser invadido pelo som alto da música e as cores neons tão conhecidas, assim com também a peituda plastificada com o nome das luzes coloridas que sorriu feliz demais em vê-lo novamente.
- Olha só quem voltou! - Ela disse, dando palminhas e pulando, movimentando seus grandes seis para todos os lados.
- Olá, Neon! - respondeu educadamente olhando fixamente em sua testa.
- Oh... Sempre educado! - Ela respondeu com uma risadinha e se retirou depois que disse que não queria nenhuma bebida por enquanto.
Meia hora.
Uma hora.
Duas horas.
Duas horas e vinte e sete minutos.
E nada de ela aparecer, já tinha perdido a luta contra seu ser que não se permitia beber em ocasiões como aquelas e estava em seu segundo copo de wisky. Seu coração estava despedaçado, ele sentia-se um completo tolo por estar ali e ter a certeza de que ela nem sequer apareceria, mesmo sendo ela a dona dessa ideia estúpida.
Então, como se o destino quisesse dar um soco em sua cara, "I Put Spell On You" começou a tocar. Ele mexeu a cabeça para os lados, indignado com o que estava acontecendo e bebeu todo o conteúdo que ainda restava no copo. Quando ele finalmente tinha criado coragem para sair dali e chorar com a cabeça no travesseiro, uma figura chamou sua atenção.
Ele estava louco.
Só podia ser isso, pensou. coçou os olhos tentando entrar em algum foco, mas tudo continuou o mesmo, realmente tinha uma mulher em cima do palco, uma mulher de vestido florido e cabelos soltos, descalça... E ela estava olhando pra ele.
Era ela.
sorriu pra ele e começou a tirar o vestido ao som da música. Ele estava com um sorriso tão enorme no rosto que nem se importou com os homens gritando para a sua amada, ela ficou apenas com a lingerie azul que ele tanto amava e, então, saiu do palco, correndo em sua direção. envolveu suas pernas em volta da sua cintura e a apertou com toda a força, murmurando em seu ouvido o quanto sentiu sua falta.
- Você veio! - Ele falou, sorrindo e colocando uma mexa do cabelo dela atrás da orelha.
- Você me esperou! - Ela disse, gargalhando, feliz, e então o beijou com saudade e a certeza de que o amava.
- Não me diga que vai trabalhar aqui de novo. - perguntou, brincalhão.
- Nao, eu sou só sua agora! Eu prometo. - respondeu com um sorriso e, então, como se precisasse confirmar, ela falou as três palavras mágicas. - Eu amo você, .
paralisou por um momento, suas bochechas ganhando um tom rosado de vergonha, e então um sorriso lento se espalhou por seu rosto.
- Eu também te amo! - Ele falou, depositando um selinho em sua bela mulher e então sussurrando em seu ouvido. - Claro que eu te esperei... Você me enfeitiçou!
Ele estava atrasado, mesmo depois de todos esses meses contando os meses, dias e as poucas horas que faltavam, ele conseguiu se atrasar. Tudo bem que foi por causa da dor de barriga que lhe deu assim que ele notou que, se tudo desse certo, ele a veria em menos de uma hora.
Agora ele só poderia torcer para que, se ela tivesse ido, ela não tivesse ido embora! Ele correu feito um louco até finalmente entrar pelas portas duplas da boate e ser invadido pelo som alto da música e as cores neons tão conhecidas, assim com também a peituda plastificada com o nome das luzes coloridas que sorriu feliz demais em vê-lo novamente.
- Olha só quem voltou! - Ela disse, dando palminhas e pulando, movimentando seus grandes seis para todos os lados.
- Olá, Neon! - respondeu educadamente olhando fixamente em sua testa.
- Oh... Sempre educado! - Ela respondeu com uma risadinha e se retirou depois que disse que não queria nenhuma bebida por enquanto.
Meia hora.
Uma hora.
Duas horas.
Duas horas e vinte e sete minutos.
E nada de ela aparecer, já tinha perdido a luta contra seu ser que não se permitia beber em ocasiões como aquelas e estava em seu segundo copo de wisky. Seu coração estava despedaçado, ele sentia-se um completo tolo por estar ali e ter a certeza de que ela nem sequer apareceria, mesmo sendo ela a dona dessa ideia estúpida.
Então, como se o destino quisesse dar um soco em sua cara, "I Put Spell On You" começou a tocar. Ele mexeu a cabeça para os lados, indignado com o que estava acontecendo e bebeu todo o conteúdo que ainda restava no copo. Quando ele finalmente tinha criado coragem para sair dali e chorar com a cabeça no travesseiro, uma figura chamou sua atenção.
Ele estava louco.
Só podia ser isso, pensou. coçou os olhos tentando entrar em algum foco, mas tudo continuou o mesmo, realmente tinha uma mulher em cima do palco, uma mulher de vestido florido e cabelos soltos, descalça... E ela estava olhando pra ele.
Era ela.
sorriu pra ele e começou a tirar o vestido ao som da música. Ele estava com um sorriso tão enorme no rosto que nem se importou com os homens gritando para a sua amada, ela ficou apenas com a lingerie azul que ele tanto amava e, então, saiu do palco, correndo em sua direção. envolveu suas pernas em volta da sua cintura e a apertou com toda a força, murmurando em seu ouvido o quanto sentiu sua falta.
- Você veio! - Ele falou, sorrindo e colocando uma mexa do cabelo dela atrás da orelha.
- Você me esperou! - Ela disse, gargalhando, feliz, e então o beijou com saudade e a certeza de que o amava.
- Não me diga que vai trabalhar aqui de novo. - perguntou, brincalhão.
- Nao, eu sou só sua agora! Eu prometo. - respondeu com um sorriso e, então, como se precisasse confirmar, ela falou as três palavras mágicas. - Eu amo você, .
paralisou por um momento, suas bochechas ganhando um tom rosado de vergonha, e então um sorriso lento se espalhou por seu rosto.
- Eu também te amo! - Ele falou, depositando um selinho em sua bela mulher e então sussurrando em seu ouvido. - Claro que eu te esperei... Você me enfeitiçou!
Fim.
Nota da autora: Primeiramente queria agradecer as meninas que participaram do Ficstape, que conseguiram enviar a fic e não me deixar na mão e pelas amizades que fiz. Depois queria pedir desculpas porque não tive o resultado que queria com essa fic, mas mesmo assim esse pp se tornou meu xodó e eu espero que quem leu ame ele tanto quanto eu! E um especial agradecimento a Mari Montenegro, minha beta e melhor pessoa desse mundo, que se virou em trinta pra me ajudar e também a Lavi que fez essas capas lindas.
Não se esqueçam de ler as outras fics desse álbum maravilhoso e claro... Comentar muito! Beijos e até a próxima.
Outras Fanfics:
Love is not a sin - Especial de Agosto
Can't Fight With You - Atualização especial do dia do sexo
Bônus: Wild Ones - Ficstape #007
07. Bloodstream - Ficstape #009
13. I'll Be Okay - Ficstape #011
11. Right Here, Right Now - Ficstape #012
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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11. Right Here, Right Now - Ficstape #012
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