Capítulo Único
I look out the window, all by myself
You’re coming all the way from there
It looks like a movie scene
In the moment that has stopped, i walk in
If we happen to meet inside”
O que o rapaz, já no final de seus vinte e tantos anos, não esperava era que assim que colocasse seus olhos na grande janela da cafeteria que tomava seu café, o sol brilharia e seu coração quase saltaria ao ver aquele moletom amarelo, que pertencia ao par de olhos mais apaixonados que já havia visto.
Seus passos pareciam lentos, como se a cena toda estivesse em slow motion e ele pudesse acompanhar a cada fio de cabelo dela que voava com o vento. Suas mãos balançavam ao lado do seu corpo com leveza e assim que ela se aproximou de uma criança perto dele, porém do lado de fora da cafeteria, ele prendeu a respiração. Seu pescoço exposto pelo repentino ato de afeto com a criança que abraçava sua perna, o deixou com uma extrema vontade de se cobrir, ele podia sentir de onde estava o frio que lá fora soprava, mas ainda sim, se conteve, afinal, ele não a conhecia ou sim?
A pergunta rondou por sua mente, afinal, não era normal uma reação tão física e sentimental; ela havia dado calafrios nele assim que colocou os olhos nela, seu coração se manifestou tão rápido que ele sequer soube como reagir, apenas pode respirar fundo para tentar controlá-lo.
— Bin, mil perdões pelo atraso — ele ouviu a voz que esperou por longos minutos para ouvir.
Ele assistiu com atenção a cena, ele a viu passar pela porta, o sino que anunciou sua entrada soou e ela sorriu se desculpando com a outra pessoa atrás do balcão, que lhe jogou um avental com uma expressão tranquila no rosto.
— Não se preocupe — a outra pessoa disse — vai se trocar, você começa em dez minutos.
parecia confuso com o que aquilo significava, ela trabalhava ali? mas ele tinha certeza que todos esses anos frequentando aquele lugar, nunca havia visto a garota de olhos apaixonados ali.
trabalhava ali, mas não era sempre.
Os empregos de se dividiam, ela tinha vários na verdade e ela ajudava no café, mas apenas quando era sua vez na música ao vivo, que aconteciam todas as quartas à noite.
— Posso ajudá-lo? — a atendente disse a assim que ele se aproximou do balcão, ele procurava por e a viu arrumando alguns instrumentos no palco, enquanto conversava sorridente com outras pessoas.
— Hm...— ele disse olhando o cardápio desesperado por uma desculpa — um chocolate quente, por favor.
, nunca, em hipótese alguma, pedia por um chocolate quente.
Seu café preto e amargo tem sido seu melhor amigo e companheiro por anos, até mesmo a barista ali que o conhecia por ser um cliente regular, se assustou.
— Não sabia que vocês tinham música ao vivo — ele comentou tentando puxar assunto, mas sem tirar os olhos da garota que agora não trazia mais seu moletom amarelo e sim, uma blusa de cor mint, junto de um casaco mais fino e da mesma cor.
— Todos os dias — ela respondeu sorrindo — as quartas são dela.
O sorriso orgulhoso que brotou nos lábios da atendente foi algo fofo de se ver, podia-se notar o quão próximas elas eram.
— Como ela se chama? — ele perguntou indiscretamente, não se importando se ela acharia estranho.
— — ela disse entregando a xícara com o chocolate quente — é bom procurar um lugar se quiser assistir ao show de forma confortável, ela costuma lotar esse lugar de olhos curiosos.
Your eyes and my eyes
The moment they bump into each other, time stops
Hold my cold hands”
— Boa noite, pessoal! — a voz de surgiu mais uma vez — já faz um tempo, certo?
conhecia alguns rostos ali, sabia que tinha uma clientela específica e se sentia incrível de perceber isso, afinal ela amava aquilo, amava cantar.
— Eu separei uma boa setlist para hoje, mas como muitos aqui já sabem — ela disse animada — a caixinha de recomendação está a suas ordens.
ficou curioso que a voz dela já soava como os céus aos seus ouvidos apenas falando, ele mal podia esperar para vê-la cantando.
Love is melody
I want to share it with you all day long
That is what i can give to you
That’s all i have”
Ela, com os dedos passando pelo violão enquanto tocava alguma melodia desconhecida aos ouvidos do rapaz, permaneceria em sua memória. Aquilo era como um filme, ele se perguntava se realmente era real ou se ele apenas estava delirando ou sonhando.
Mas, quando seus olhos se deram de encontro com os dela e ela sorriu simpática, ele decidiu que era ali que ficaria por um tempo.
Sounds like a line from a movie
In the moment that has stopped, i walk in
If we happen to meet inside
Show me your eyes full of love
Your eyes and my eyes
The moment they bump into each other, time stops
Hold my cold hands”
— O que achou do show? — perguntou enquanto guardava seu violão e já que ele era o único que seguia sentado na mesa de frente para o pequeno palco, sabia que era com ele, que ela falava.
— F-foi ótimo — ele se praguejou por gaguejar na frente dela — foram ótimas escolhas de músicas, você é linda — ele arregalou os olhos ao dizer aquilo por impulso — digo, sua voz, sua voz é linda.
— Obrigada — respondeu sorrindo para ele.
— Você, hm — ele hesitou, mas respirou fundo e decidiu dizer do mesmo jeito, já que um não ele já tinha — gostaria de sair para jantar um dia?
Sua pergunta tinha um tom puro e ela podia sentir, por isso o sorriso que brotou em seus lábios também foi sincero.
— Claro — ela respondeu sorrindo — porque, não?
***
Quando duas pessoas “nascem” para ser uma da outra, mesmo que não tenham a conexão de almas que normalmente ouvimos falar, vindas de outras vidas, é possível observar isso de longe quem eles são e como são afetados um pelo outro é transparente. trouxe cores aos olhos de em um dia cinza e sem graça onde um café preto e amargo foi substituído por um chocolate quente e doce, assim como ela.
Normalmente, se duvidaria de uma aproximação tão repentina e rápida, mas não daqueles dois. Todos poderiam notar o quanto suas energias batiam, o quanto seus gostos se completavam e como cheios de amor seus olhos foram enchendo a cada dia que passava.
, desde o primeiro dia havia decidido, que ela era a única pessoa que lhe daria arrepios de ansiedade daquela forma, que ela seria a única a quem seu coração pertenceria, porque ele queria que os olhos apaixonados que ela tinha, fossem apenas dele e de mais ninguém. Assim como ela por completo, como seus sentimentos, suas frustrações, alegrias, tristezas, e principalmente, seu amor.
Ele queria seu amor, assim como ela tinha o dele.
No primeiro encontro que tiveram foi estranho para ambos, pois não sabiam o que sairia dali, mas ainda assim, tinham suas expectativas altas um sobre o outro.
daquele dia gravou o sorriso dela em sua memória como um lembrete de que aquele com certeza seria o primeiro de muitos ao lado dela, daquela que o fazia se sentir em um filme patético e clichê de romance, toda vez que andava em sua presença.
No terceiro mês já estavam praticamente inseparáveis, ele a levava para casa, a acompanhava ao café quando podia, eles até mesmo almoçavam juntos regularmente. O sorriso dela era bem mais leve e tranquilo com ele, ela sabia disso e gostava da sensação quente que seu coração sentia.
Ambos os corações estavam aquecidos.
No quarto mês, não hesitava mais nada entre ele e , ele realmente estava disposto a arriscar tudo, seus sentimentos não podiam mais ser contidos.
Foi por isso que, enquanto eles estavam sentados em uma das mesas perto da grande janela, do mesmo café em que se conheceram, depois de escutá-la dizer que alguém de sua faculdade a chamou para sair, mas ela havia recusado, ele achou que no fundo poderia existir uma chance entre eles.
E de fato, havia! Ela esperava para que ele desse um passo à frente primeiro, mas já não suportava mais a espera.
— Escuta — os dois disseram ao mesmo tempo.
Sorrindo, ambos se sentiram estranhos por falarem ao mesmo tempo e sequer sabiam por quê.
— Você primeiro — ele disse tomando um gole do seu chocolate quente, lançando um sorriso de canto de lábios para a mulher.
— Okay — ela disse respirando fundo — hm, já faz um tempo que eu queria dizer algo mas hesitei até agora.
— Sim? — ele disse colocando atenção nela, preocupado — está tudo bem?
— Não — ela disse arregalando os olhos ao ver que ele colocou uma expressão séria no rosto, endireitando sua postura em seguida — quer dizer, sim, de forma física e mental, está tudo certo, eu só…
— Aquele cara do ano passado voltou a te incomodar? Eu já disse que se ele…
— Eu gosto de você — ela disse alto e claro, diminuindo sua voz depois — eu gosto de você, , de fato, eu não sei se é muito cedo para dizer algo do tipo mas eu realmente acho que me apaixonei por você — o pânico tomou sua mente quando ela viu ele se levantar — tudo bem se você não retribui meus sentimentos, nós podemos continuar amigos, eu apenas…
Ela não esperava por aquilo, mas, ele pegou seu queixo com delicadeza, ele de pé e ela sentada, naquele mesmo café, naquela mesma mesa em que ele a viu pela primeira vez, ele lhe roubou o tão esperado beijo que ambas as partes haviam esperado por tanto tempo
— Precisava dizer — ela completou sua frase de forma eufórica.
— Eu também gosto de você — ele respondeu ainda com o rosto perto do dela — na realidade, eu precisamente posso dizer que a amo, desde o primeiro dia em que coloquei meus olhos sobre você atravessando aquela mesma avenida.
Finalmente, dois corações de inverno se aqueceram, desabrochando com seus sentimentos, uma primavera floral.
FIM
Nota da autora:Curtinha, eu sei! Mas a música para mim, mostrava o comecinho de algo, então esse pequeno, mas fofo plot surgiu na minha cabeça. Espero que tenham gostado, porque foi uma experiência muito boa pro meu coração depois da ultima fic que eu escrevi hahahha era muito triste, mas eu sobrevivo.
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Xoxo Caleonis
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