Fechei a porta do quarto bem devagar, para não fazer barulho. Talvez o fato dos meus pais sempre insistirem no fato de que eu não podia fazer aquilo, que eu deveria ficar longe dele, não só dele, mas de todos, tivesse sido um combustível para o fogo que me consumia por dentro. Até então tinha sido fácil, mas ele chegou. Com sua voz sedutora, seus olhos misteriosos e o sotaque francês que fazia minhas pernas fraquejarem só de lembrar. Eu não conseguia mais resistir. Mas a grande questão era que ninguém podia me ver saindo, silenciosamente, do meu quarto de madrugada, ainda mais indo na direção proibida. Sim, porque havia algumas partes da minha casa que eram proibidas em algumas épocas do ano. Meu pai era professor universitário, historiador e pesquisador da Columbia, só isso poderia ser legal, dependendo do ponto de vista, mas, além disso, nós recebíamos intercambistas. Muitos intercambistas.
Vivíamos dessa forma há cerca de dez anos. Eu tinha onze anos quando o primeiro intercambista chegou. Era um italiano, Gianlucca, ele tinha 32 anos de idade e uma filha de três anos. E eu lembro bem disso, porque ele carregava a foto da menina na carteira e mostrava pra todo mundo, o tempo todo. Eu já me sentia amiga dela de tanto que tinha visto e ouvido falar sobre. Desde então, talvez umas cinquenta pessoas diferentes já passaram pela minha casa. Italianos, franceses, alemães, argentinos, brasileiros, gregos, até mesmo um croata. Acho que foi uma das línguas mais estranhas e difíceis de pronunciar que já ouvi na vida.
No começo até que era legal, mas depois se tornou comum. As pessoas chegavam, passavam seis semanas, ajudavam meu pai na pesquisa, coletavam material para as suas próprias, e depois iam embora. Nós não ouvíamos mais nada daquelas pessoas. Não era uma experiência tão enriquecedora, pelo menos não pra mim. Lembro de ter ouvido horas e mais horas de sermão sobre como eu não poderia me aproximar muito das pessoas que chegassem, principalmente se fossem homens. Que eu deveria me resguardar, me dar ao respeito... Enfim, todas aquelas coisas que os pais falam para tentar jogar um sentimento de culpa caso acontecesse alguma coisa. Só que nunca foi muito necessário, porque, geralmente, recebíamos mulheres, sempre mais velhas que eu, inteligentes, maduras e, principalmente, com a mente evoluída. Adorava sentar para conversar com cada uma delas, ouvir suas histórias de vida, o que elas fizeram até chegar ali e, sobretudo, o que elas poderiam me ensinar. Eu posso dizer que aprendi muito com cada uma delas, principalmente na forma de ver o mundo. Mas agora eu tinha 21 anos e tudo isso parecia entediante demais. Era sempre apenas mais uma pessoa. Bem, pelo menos até ele chegar... Digamos que eu fui pega totalmente despreparada, talvez seja por isso que eu tenha ficado tão vulnerável.
Ele, no caso, é , um intercambista francês, que chegou na minha casa três semanas atrás. Meu pai me avisou que chegaria um estudante novo, mas eu estava tão concentrada estudando, que mal prestei atenção na data ou em qualquer coisa. Então quando cheguei em casa e me deparei com ele na minha cozinha, fiquei totalmente sem reação. Ele é um dos homens mais lindos que eu já vi na vida. Posso estar exagerando? Talvez, mas é o que eu acho. Ele tinha os olhos , o cabelo escuro cortado de forma irregular, com alguns cachos meio disformes nas pontas. O rosto fino, os traços marcantes e a voz... sua voz grossa, porém suave, era a trilha sonora dos meus sonhos proibidos. A forma que ele falava o meu nome, o modo como ele soava bonito, quase como um elogio em sua boca, fazia todos os pelos do meu corpo se arrepiarem, meu coração acelerar e o pouco controle que eu ainda tinha sobre mim, se acabar de vez. Lembro da primeira vez que o vi, como estava despreparada, distraída, sem ter noção nenhuma de como a presença dele iria mexer comigo.
DUAS SEMANAS ANTES
Esperei todos dormirem e fui até a cozinha fazer um lanche. Eram duas da manhã, eu tinha certeza que ninguém estava acordado. Mas me enganei, como sempre. Assim que passei pela porta, vi a silueta do rapaz atravessar o outro lado do cômodo, para se sentar à mesa. Eu não podia nem dar meia volta e sair, porque ele já tinha me visto. Até mesmo sorriu na minha direção, totalmente simpático. Respirei fundo, entrando na cozinha, pensando em como eu poderia sair dali o mais rápido possível. Parei de costas para ele, pegando um pedaço do bolo que estava em cima da bancada. Estava distraída e não percebi sua aproximação até que fosse tarde demais.
- , certo? – sua voz era mais rouca do que eu me lembrava. Seu sotaque era extremamente carregado, o que o tornava ainda mais sexy. Fechei os olhos e só imaginei seus lábios se mexendo, dizendo meu nome incessantemente, naquele sotaque. Senti todos os pelos do meu corpo se arrepiarem e meu coração acelerar. Eu estava perdida. Me virei lentamente, tentando evitar olhar diretamente para ele, mas foi impossível, pois tudo o que eu via eram seus olhos brilhando na minha frente. Deus, por que ele tinha que ser tão maravilhoso?
- Sim. – me forcei a responder, de forma que minha voz não denunciasse meu nervosismo. – E você é o ? – perguntei quase afirmando, devido ao meu nervosismo. Ele apenas sorriu, afirmando com a cabeça.
- Desculpe falar com você a essa hora, mas eu ainda não tive a oportunidade de me apresentar de forma correta. Seus pais comentaram que você é muito atarefada. – ele comentou, apoiando uma das mãos na bancada ao meu lado, ficando um pouco perto demais. – Mas como eu estou na sua casa, acreditei que seria a coisa certa a se fazer. – na minha cabeça, tinham várias outras coisas certas, ou não, que ele poderia fazer comigo, mas que ficariam apenas na minha imaginação. Por hora, talvez...
- Ah, claro. Muita gentileza da sua parte. – comentei, passando a mão pelo cabelo, completamente sem jeito.
- Espero que a gente possa conversar um pouco mais qualquer dia desses. Adoraria saber um pouco mais sobre a cidade e tem coisas que seus pais não souberam me falar. – ele deu de ombros, como se quisesse ser simpático. – Mas agora eu sei que tá muito tarde...
- Não. – falei rapidamente, me arrependendo logo depois. Mordi o lábio inferior, já arrependida, mas disfarcei quando ele me olhou novamente. – Se você quiser nós podemos conversar, não tenho nada para fazer amanhã de manhã.
Imaginei que seria melhor conversar só com ele, apenas nós dois, mas foi a pior ideia que tive. Porque eu não conseguia tirar meus olhos dele, que, com certeza, estava me achando uma louca. Só conseguia ficar encarando seus lábios se mexendo, enquanto ele falava quase sem parar, mas não prestava atenção numa só palavra. Desci os olhos para os seus ombros, marcados pela camisa fina que usava, pelos braços, chegando às mãos grandes, que estavam apoiadas na mesa. Até que percebi que ele me encarava com um sorriso no canto dos lábios, como se esperasse que eu falasse alguma coisa.
- Oi, desculpa, eu me distraí. – falei rapidamente, vendo-o acenar com a cabeça, como se compreendesse. – Você disse alguma coisa?
- Só perguntei se você poderia me indicar alguns programas legais, algo para conhecer a cidade. Lugares diferentes, nada turístico, não gosto desse tipo de programa.
- Eu posso te levar... – me arrependi de ter dito a frase no momento em que ela saiu dos meus lábios, mas não tinha mais volta. Um sorriso fraco ocupou seu rosto e ele olhou em meus olhos rapidamente antes de responder.
- Seria um prazer.
Bati na porta apenas duas vezes, de forma leve, apenas para que ele pudesse ouvir. Escutei uma movimentação na parte de dentro, até que vi uma sombra pela fresta da parte debaixo. Ele estava do outro lado. Ficamos parados, um de cada lado da porta, cientes da presença um do outro, mas eu precisava que ele tivesse a coragem de me deixar entrar. Eu conseguia vê-lo pensando e repensando, tentando chegar a uma conclusão se deveria abrir a porta, porque ele sabia muito bem o que aconteceria ali. A escolha era totalmente dele, a minha parte já estava feita, a decisão estava tomada. Na verdade, ela estava tomada desde o momento em que coloquei meus olhos nele.
- . – falei, mal ouvindo minha própria voz. – É a .
Falei, como se isso pudesse ajudá-lo a se decidir. Não é como se ele tivesse muita escolha, de qualquer forma. Era apenas uma questão de tempo até que ele não conseguisse mais evitar ou se segurar. Ele queria aquilo tanto quanto eu. Podia ver em seus olhos. Demorou cerca de dois minutos até que ele pudesse, finalmente, abrir a porta. Talvez ele estivesse se decidindo ou também tomando coragem. Ou ele apenas percebeu que eu não sairia dali e desistiria tão fácil dessa vez.
- O que você está fazendo aqui? – o tom grave de sua voz fez meu coração acelerar e eu precisei controlar meus impulsos para não pular nele ali mesmo.
- Eu acho que você sabe. – respondi, sem rodeios. Ele me encarou nos olhos, sem nenhum vestígio de vergonha ou incerteza. Ele também queria, eu sabia disso desde o começo.
- Pensei que tivéssemos esclarecido isso ontem. Você sabe que não podemos, seus pais... – coloquei um dedo sobre os seus lábios, o calando momentaneamente. Senti sua respiração falhar, enquanto ele olhava fundo em meus olhos. Ali eu soube que enquanto ele mentia, dizendo que não podia, seu corpo só dizia que sim. Ele travava uma batalha interna e eu só podia torcer para que ele se deixasse levar.
- Aqui, agora, não se trata dos meus pais. Somos só nós dois. Só você e eu... – deixei a frase morrer no final, vendo seu olhar preso ao meu de uma forma que eu sentia meu corpo queimar. Me aproximei um pouco, dando um passo em sua direção. Estávamos tão perto, que eu podia sentir sua respiração bater contra o meu rosto, podia sentir o calor emanando do seu corpo. Respirei fundo, sentindo o aroma suave do seu perfume, vendo-o fechar os olhos por alguns segundos. – Mas a grande questão é: você me quer?
- Que tipo de pergunta é essa? – falou, com a voz baixa, como se estivesse controlando suas próprias ações. – Pensei que tinha sido claro sobre as coisas que eu devo e também sobre as coisas que eu quero fazer. – ele mudou a entonação para deixar claro a sua posição. Então, ele queria tanto quanto eu, e provavelmente nenhum motivo seria o bastante para evitar qualquer coisa.
- Então não pense em nada, apenas deixe acontecer. Tem coisas que você não pode e nem deve controlar e essa é uma delas. Eu não quero passar a minha vida imaginando como teria sido, quero passar a vida lembrando como foi. Como foi sentir sua mão tocando a minha pele. – falei, enquanto levantava uma das mãos e tocava seu peito, na região onde a blusa não cobria. – Como foi sentir seu corpo junto ao meu. – me aproximei o máximo que podia, ficando com o rosto a poucos centímetros do dele. – Como foi sentir sua boca colada à minha. – juntei nossos lábios por uma curta fração de segundos, molhando-os em seguida. Vi seus olhos presos a ele e sorri de lado, vendo que ele estava tão perdido quanto eu. Levei meus lábios até perto de seu ouvido, sussurrando pausadamente. – Como foi sentir você, completamente, dentro de mim. – assim que minhas palavras o atingiram, senti suas mãos pesadas agarrarem minha cintura, me puxando para um beijo longo e intenso. E, antes que eu percebesse, estava dentro de seu quarto, com o corpo imprensado entre e a porta.
DOIS DIAS ANTES
Era sexta à noite, madrugada para ser mais exata. Coisa de quase quatro da manhã e eu estava chegando em casa. Tinha saído com alguns amigos para um bar, falei com os meus pais e dormiria fora, mas acabei decidindo voltar para casa mesmo. Falei sobre a noite quase toda, tanto que as meninas não aguentavam mais ouvir o nome dele. Elas me disseram que eu estava meio obcecada. Mas só porque eu só falava, pensava e imaginava coisas com ele? É, talvez eu estivesse mesmo. Mas o problema é que quando eu fico interessada em alguém dessa forma, eu tendo a fazer alguma coisa, não apenas a deixar acontecer, só que com ele era diferente. Eu não podia fazer nada, ele não me dava nenhuma abertura e tinha todas as questões com os meus pais. Então ficava apenas imaginando tudo o que queria fazer com ele, mas certa que ficaria apenas na minha imaginação.
Tínhamos saído na semana passada, eu tinha me oferecido para levá-lo a algum lugar diferente e ele quis conhecer uma galeria de arte que comentavam muito no seu círculo de amizades, mas que ficava totalmente fora do circuito comum de visitação. Ficava no Queens, bem longe de onde eu morava, mas fiz o esforço de acompanhá-lo. era um cara muito diferente, quase o total oposto dos que eu conhecia e acabava me envolvendo. Ele era sensível, tinha uma visão muito boa e positiva das coisas. Sempre que falava sobre algo que gostava, você conseguia sentir o entusiasmo em sua voz e isso acabava te contagiando. De forma que ao longo da nossa visita à galeria, eu me vi totalmente imersa naquele mundo artístico do qual eu não fazia parte. Eu estudava Direito, arte não era algo que fazia parte da minha vida. Mas enquanto ele falava sobre o artista, ou das idas dele ao Louvre, sobre as experiências dele na Itália, em Madrid, eu me vi totalmente encantada, e perdida. Depois daquele dia eu vi que não tinha mais salvação, ele tinha me conquistado de verdade e que eu precisava arrumar uma forma de fazê-lo perceber. Foram dias e mais dias tentando ser sutil, dando alguns sorrisos a mais, sendo um pouco mais atenciosa, mostrando mais interesse do que o normal, mas ele parecia não notar ou realmente não queria. E isso estava praticamente me matando. Porque eu não tinha uma resposta concreta e aquela vontade de tê-lo mais perto só crescia a cada dia.
Foi com isso em mente que eu cheguei em casa naquela madrugada, completamente bêbada. Errei a chave na fechadura algumas vezes e quase derrubei um vaso que ficava na entrada. Xinguei, um pouco alto demais, pelo barulho que fez, porque eu não queria acordar ninguém, mas era tarde demais. Ouvi passos na cozinha e depois alguém surgir no fundo do corredor. Eu estava sem óculos e a bebida não ajudava em nada, então só enxerguei quando ele estava bem perto. Ele me olhou com a expressão engraçada, como se estivesse prendendo o riso.
- Tentando entrar silenciosamente? – ele perguntou, com o sotaque carregado na última palavra.
- Acredito que eu não tenha me saído muito bem. – respondi, fazendo uma careta. – Te atrapalhei?
- Não, eu estava só lendo um livro. – ele deu de ombros. – Eu não consigo dormir muito à noite, insônia...
- Hmm... – murmurei, tentando caminhar em linha reta, mas fazendo uma curva acentuada para a esquerda e quase caindo, só não fui ao chão porque ele me agarrou. Suas mãos seguraram em meus braços e se mantiveram ali, como se ele quisesse ter certeza que eu estava equilibrada. Quando me coloquei de pé, percebi que estava muito perto dele, perto até demais. Conseguia ver as ondinhas de seu cabelo caindo em seu rosto, bem na frente de seus olhos . Conseguia ver as pequenas sardas que ele tinha, o que lhe dava um ar totalmente angelical e que contrastava completamente com as coisas que eu estava pensando no momento. Olhei em seus olhos por um instante e jurei ver algo ali, a resposta que eu tanto buscava, porque ele não se afastou. A forma que eu o encarava era bem clara e minhas intenções também, até porque eu não estava nem fazendo esforço para esconder. Então se ele não quisesse, ele já teria se afastado. Mas ele estava ali ainda, a poucos centímetros de mim, com suas mãos grandes em minha pele, com seus olhos presos aos meus, com seus lábios... Ah, os seus lábios. Eu só conseguia pensar neles. Seriam macios, será que o contato deles com os meus seria gentil? Seria urgente? Qual gosto eles teriam?
Como que de forma casual, porém inconsequente, umedeceu levemente os lábios, como se fosse falar alguma coisa, mas aquele gesto, aquele simples gesto, foi o suficiente para acabar com o meu controle e o meu juízo. Coloquei minhas mãos em sua nuca e puxei sua boca contra minha num movimento rápido, sem nem pensar muito. Não demorou mais do que um segundo para que me beijasse de volta, suas mãos desceram para a minha cintura e ele empurrou meu corpo na parede, pressionando o dele contra o meu. Eu nem pensava em nada, só aproveitava aquele momento, porque ele era exatamente como imaginava. Suas mãos não eram suaves contra a minha pele, elas eram pesadas e me apertavam como se quisessem tirar um pedaço, como se quisessem me manter ali perto para sempre. E eu não me importaria. Seus lábios tinham um gosto doce, sabor que eu tinha certeza que ficaria para sempre em minha boca. Desci minhas mãos pelos seus ombros, tentando imaginar e decorar o seu corpo com a ponta dos meus dedos. Cada curva, cada volta. Passando pelos seus ombros largos, chegando aos seus braços, voltando e descendo pelas suas costas. Aproveitando todo o trajeto para aconchegar o meu próprio corpo ao dele.
Como se tivesse acordado repentinamente, tentou se afastar suavemente, primeiro afrouxando suas mãos em meu corpo, depois, pouco a pouco, deixando que elas caíssem ao lado do seu próprio corpo, e depois separando seus lábios dos meus de forma quase dolorosa. Senti como se tivesse sido cedo demais, tinha perdido totalmente a noção do tempo, espaço, certo e errado. Eu queria apenas continuar o beijando, continuar em seus braços.
- A gente não podia ter feito isso. – ele murmurou, mais para si mesmo do que para mim. Deu um passo para trás, como se quisesse fugir, mas eu acompanhei, mantendo a mesma distância.
- Por que não? – perguntei, com a voz baixa, ainda completamente envolvida em tudo o que tinha acontecido. Olhei em seus olhos, mas ele desviou o olhar assim que eu o fiz, dando outro passo para trás, mas dessa vez eu não acompanhei.
- Eu não vim aqui para isso, eu não podia ter deixado as coisas chegarem a esse ponto. – sua voz mostrava como ele se sentia culpado, como se tivesse feito algo moralmente errado, sendo que tinha sido eu que tinha o beijado.
- Mas fui eu que te beijei, . – falei, com o peso da vergonha começando a dominar ao dizer isso em voz alta. – Você não precisa se sentir mal.
- Você pode ter começado, mas eu não parei. – ele respirou fundo algumas vezes, encarando seus próprios pés. – Não vamos deixar isso atrapalhar o bom convívio que temos, ok? Se os seus pais...
- Eles não vão saber de nada, se é isso que te preocupa. Eu não vou contar, não vou criar nenhuma situação difícil pra você. Só não queria que ficasse nenhuma situação difícil entre a gente. – comentei, vendo-o levantar os olhos rapidamente, olhando nos meus.
- Isso nunca. – ele disse, rápido, quase se embolando nas palavras. – Nada vai mudar entre nós.
Foi difícil demais dormir naquela noite, porque todas as vezes que fechava os olhos, conseguia sentir, perfeitamente, seu toque em minha pele, seu gosto em meus lábios. E a vontade de continuar o beijando não passava, muito pelo contrário, só aumentava. Eu imaginei que meu interesse poderia diminuir um pouco se eu conseguisse ao menos um beijo, mas estava totalmente enganada. Eu estava ainda mais envolvida, e perdida.
Na manhã seguinte, me arrastei para fora de cama, desesperada por um café forte, para espantar todas as ressacas: a da bebida e a moral. Sentei à mesa com os meus pais e me mantive em silêncio, apenas concentrada na minha dor de cabeça, mas meu pai parecia interessado em conversar.
- Você esteve com o ontem? – ele perguntou, com a voz alegre, como se a sua pergunta não tivesse diversos sentidos, pelo menos para mim. Num primeiro momento, me sobressaltei, imaginando que ele pudesse saber de tudo, mas a forma leve e relaxada que falava, já demonstrava que tinha sido apenas coincidência. Até porque se soubesse de qualquer coisa, já estariam ouvindo os gritos do outro quarteirão.
- Não, ontem eu sai com umas amigas e nem o encontrei quando voltei. – falei, sem dar muitas explicações e ele apenas acenou com a cabeça, como se tivesse entendido.
- Temos que dar andamento numa pesquisa, estou com medo que atrase. Você pode chamá-lo pra mim? – perguntou e eu o encarei, com os olhos meio arregalados. Eu realmente não queria ir até o quarto dele, não queria vê-lo novamente, não apenas nós dois. Eu não era mais confiável.
- Pode ser quando eu voltar para o quarto? Só vou terminar o café. – falei e ele afirmou. Então eu respirei fundo, eu conseguiria ser forte.
Subi as escadas e caminhei até o quarto de hóspedes, que ficava do outro lado do corredor, totalmente o oposto do meu. Parei na frente da porta, tomando coragem para bater na porta, mas antes que eu pudesse, a mesma se abriu e me encarou, assustado e surpreso. Imaginei que ele pudesse pensar algo errado, como se eu estivesse correndo atrás dele, mas logo tratei de corrigir qualquer mal entendido.
- Não precisa se preocupar, eu só vim aqui para avisar que meu pai quer falar com você, ele tá na cozinha. – falei, já girando o corpo para seguir para o meu quarto, mas ele segurou em meu braço, fazendo com que eu voltasse e o olhasse.
- Não me trata dessa maneira, por favor. – ele pediu, com a voz baixa, deixando os braços caírem ao lado do corpo. – Eu não queria que você se afastasse de mim, que as coisas fiquem estranhas e... Eu não posso complicar as coisas, não posso perder essa oportunidade. Estar aqui, estudar com o seu pai, não é algo simples, muitas pessoas sonham com isso e eu consegui. Seus pais me disseram, eles me pediram para ficar longe de você. Só que você é... – ele suspirou, passando a mão pelos cabelos, como senão soubesse o que fazer.
- Pode ficar tranquilo, , tá tudo certo. – falei, dando de ombros, como se não tivesse nenhum pouco mexida com as coisas que ele tinha dito. – Nada vai mudar entre nós... – disse, deixando a frase morrer. E voltei para o meu quarto, deixando-o preso nos diversos sentidos que aquela frase poderia ter.
Seu corpo se chocou contra o meu e eu só me recordo de tentar manter a concentração no beijo e respirar. tentava equilibrar nossos corpos, porque eu não era a pessoa mais atenta quando a minha atenção estava voltada para outra coisa. Suas mãos desceram para as minhas pernas, puxando-as para envolver sua cintura. Ele caminhou meio cambaleante pelo quarto até se aproximar da cama, enquanto eu traçava beijos pelo seu pescoço e puxava o cabelo de sua nuca. Senti uma superfície lisa e macia roçar minhas costas, e vi que estava me deitando em sua cama. Quando voltei a prestar atenção em seus movimentos, ela estava a poucos passos de mim, segurando a barra de sua blusa, que tirou e jogou ao lado da cama. Ele me olhava com desejo, como se eu fosse algo que se ele quisesse há muito tempo e que finalmente tivesse conseguido. Só o seu olhar era capaz de fazer o meu corpo esquentar, meus pelos se arrepiarem completamente e me deixar completamente molhada. Ele caminhou até a cama, se aproximando de mim. Suas mãos tocaram minha perna e vieram traçando o caminho até em cima, avançando pela parte interna da coxa, tocando minha intimidade ainda coberta, quase que involuntariamente. O pequeno gemido que escapou de meus lábios serviu como estímulo e permissão para que continuasse. Enquanto fazia seu corpo cair sobre o meu, ele deixava seus lábios deslizarem pelo caminho, concentrando grande parte de sua atenção ao meu colo ainda coberto. Eu mantinha os olhos fechados e as mãos agarradas fortemente ao lençol. Estava a ponto de perder o controle.
Quando seu rosto chegou à altura do meu, puxou uma de minhas pernas e fez com que ela ficasse ao redor do seu corpo. Mantendo seu olhar preso ao meu, ele deixou seu corpo cair sobre o meu. Movimentando-se levemente, ele não me beijava, apenas observava minhas reações, sorrindo pervertidamente quando gostava. Desceu uma de suas mãos e tocou exatamente onde eu ansiava. Meu corpo todo se curvou, completamente enlouquecido e fora do controle. Alternando a velocidade, manteve os movimentos circulares de forma constante e intensa. Meus pensamentos estavam desconexos, embaralhados. Eu queria gritar, ignorando completamente o fato de que estávamos na minha casa, que os meus pais estavam no mesmo andar, apenas a alguns metros de distância. Senti minhas pernas começarem a tremer involuntariamente, assim como também senti alguns espasmos em lugares diversos, enquanto voltava a brincar com meu clitóris com uma habilidade impressionante. Seus dedos deslizaram de forma mais profunda, fazendo com que meu corpo se contorcesse quase que por completo, desejando um contato mais intenso. Joguei a cabeça para trás, soltando o ar de forma pesada, e tentando respirar. Respirei fundo e trinquei os dentes, contendo qualquer som que poderia emitir. Eu estava completamente entregue e vulnerável. Ergui o corpo de volta para frente, caçando seus lábios de forma sedenta. Sentindo o ápice se aproximando, pousei minha mão em seu pescoço e o trouxe para bem perto, deixando nossos narizes colados. Ele ainda não me beijava, só me encarava intensamente. Seus olhos foram as últimas coisas que vi antes de fechar os meus, sentindo meu corpo relaxar. Beijando várias partes do meu rosto, ele murmurou em meu ouvido:
- Seja uma boa menina e não faça barulho, ou então não poderemos continuar... – sussurrou em meu ouvido, com um ar de riso em sua voz.
Ele se sentou e me colocou sobre ele. Forcei minhas unhas por toda a extensão de seu tronco, enquanto ele apertava fortemente meus quadris. Parei minhas mãos na barra de sua calça, que abri rapidamente, colocando minha mão dentro da mesma. Eu queria que ele sentisse tudo o que eu senti, que ficasse tão vulnerável como eu estava. Sorri, sentindo-o estremecer com o meu mais suave toque. Com seus lábios perto do meu ouvido, comecei a movimentar minha mão, enquanto ele sussurrava coisas desconexas. Talvez frases soltas em francês, porque tudo soava sexy. Alternava a intensidade, o tipo de movimentação e pressão. Seu rosto se contorcia numa expressão de intenso prazer. tirou as mãos do meu quadril e as colocou de cada lado do meu rosto, fazendo com que não perdêssemos o contato visual. De longe, aquela era a relação mais viva que já tive. Ele começou a estremecer e eu intensifiquei os movimentos, fazendo com que ele soltasse leves gemidos, alguns não tão baixos. Deixei um sorriso vitorioso escapar dos meus lábios, enquanto ele chegava ao seu ápice. Com o mesmo olhar superior que ele me dirigiu antes, eu me aproximei, deixando nossos lábios bem próximos e disse:
- Você não foi um bom menino, ...
Depois que quase todo o restante de nossas roupas foi parar no chão do quarto, sentei novamente em seu colo, forçando meu corpo para baixo e aumentando a fricção e o contato entre nós dois. Minha respiração acelerou e eu me agarrei a ele, ignorando qualquer machucado que minhas unhas pudessem fazer. Ele roçava seus lábios nos meus e, às vezes, movia seu corpo de outras maneiras, fazendo com que a forma de contado e a pressão mudassem, assim como o prazer provocado. desceu sua boca para o meu colo e dirigiu sua atenção para os meus seios, enquanto suas mãos agarram um, seus lábios traçavam beijos languidos pelo outro. Joguei minha cabeça para trás, aproveitando o máximo de todas aquelas sensações. Segurando novamente minha cintura, ele puxou meu corpo para baixo, fazendo com que uma onda de calor me percorresse por completo. Sem alternativas ou controle, aproximei-me de seu ouvindo mais uma vez, falando:
- Eu preciso de você agora.
Entendendo rapidamente o que eu queria dizer, ele me afastou um pouco e procurou sua carteira, de onde tirou uma camisinha e a colocou. Puxando-me para perto de novo, ele me beijou intensamente. Ele me deitou na cama, apoiando seu corpo no meu, fechei os olhos e agarrei fortemente em seus cabelos quando o senti dentro de mim pela primeira vez. Ele movia o corpo lentamente, parecendo um martírio muito prazeroso, e repetiu isso algumas vezes. Parecia que todas as partes do meu corpo, até mesmo as menores, sabiam que eu estava ali com ele, que era ele, finalmente, porque uma onda de calor absurda passou por mim, fazendo com que todo o meu corpo ficava quase fervendo. E eu só estava sentindo essas coisas quando estava perto dele. Enquanto ele se movimentava num ritmo intenso, intercalando movimentos rápidos e lentos, porém sem perder o vigor, eu estava à beira da loucura, a cada estocada eu me via mais perto do céu, mais ensandecida. Em nenhum momento nós parávamos de nos mover, enquanto investia, apertava firmemente diversas partes do meu corpo, sem conseguir focar a atenção ou escolher apenas um. Eu puxava seus cabelos, arranhar suas costas e ombros, rebolava quase que inconscientemente. Ele o ritmo, passando a se mover ritmadamente, enquanto eu forçava o corpo para frente, aumentando o contato e a fricção. Senti meu corpo começar a esquentar e um arrepio subiu pela espinha. Deixei nossos lábios de tocarem mais uma vez, mas não nos preocupávamos em nos beijos, apenas deixando os dois juntos.
levantou uma das minhas pernas e me penetrou profundamente, fazendo com que eu apertasse minhas unhas em seus ombros e ele tomou isso como um incentivo. Fechei meus olhos com força e mordi os lábios de uma forma que os debaixo estavam quase brancos, tudo para não gritar. Porque eu queria gritar. Ele se movimentou de forma mais intensa, fazendo com que um gemido escapasse de meus lábios e depois mais outro. Então ele me calou com um beijo, daqueles que de tirar todo o fôlego, que te faz suplicar por ar e por outro beijo logo em seguida. Meu corpo começou tremer, a respiração acelerou e eu me agarrei a ele, querendo-o o mais perto de mim o possível, enquanto ele me proporcionava um dos orgasmos mais intensos da minha vida. Quando meus espasmos começaram, já dava sinais de seu ápice também. Intensificamos os movimentos, fazendo com que gemidos baixos saíssem descontroladamente por nossos lábios. Deixei os meus próximos ao seu ouvido, para que ele pudesse ouvir cada gemido abafado que ele estava conseguindo arrancar de mim. Meu corpo começou a tremer de prazer intenso e cheguei ao meu limite, sentindo mais algumas investidas antes dele cair ao seu lado, com os olhos fechados e a expressão beirando a exaustão. Ambos respirávamos fundo e tentando controlar nossas respirações. Procurei por seus lábios, dando-lhe um beijo calmo. Ele sorriu durante o mesmo, passando as mãos pelas minhas costas. Apoiei-me em seu peito, desejando poder ficar ali para sempre. Mas eu sabia que não poderia e nem deveria ficar ali com ele, naquela cama, tendo momentos fofos, carinhosos, muito além do sexo que fizemos. Porque as consequências seriam trágicas. Então me levantei e comecei a pegar minhas roupas, para me vestir.
- Espero que você tenha repensado sobre nós dois. – falei, depois de muito tempo de silêncio. Coloquei minha blusa e virei meu rosto na direção do seu, para o olhar. – Porque isso foi... muito bom para você falar que não deveria ter acontecido. – me levantei, vendo sua expressão quase indecifrável. – Porém, meu quarto é no final do corredor, você ficará aqui por mais um mês. Eu já fiz minha parte, agora é com você. – sorri de lado, antes de mandar um beijo em sua direção e caminhar até a porta.
Vivíamos dessa forma há cerca de dez anos. Eu tinha onze anos quando o primeiro intercambista chegou. Era um italiano, Gianlucca, ele tinha 32 anos de idade e uma filha de três anos. E eu lembro bem disso, porque ele carregava a foto da menina na carteira e mostrava pra todo mundo, o tempo todo. Eu já me sentia amiga dela de tanto que tinha visto e ouvido falar sobre. Desde então, talvez umas cinquenta pessoas diferentes já passaram pela minha casa. Italianos, franceses, alemães, argentinos, brasileiros, gregos, até mesmo um croata. Acho que foi uma das línguas mais estranhas e difíceis de pronunciar que já ouvi na vida.
No começo até que era legal, mas depois se tornou comum. As pessoas chegavam, passavam seis semanas, ajudavam meu pai na pesquisa, coletavam material para as suas próprias, e depois iam embora. Nós não ouvíamos mais nada daquelas pessoas. Não era uma experiência tão enriquecedora, pelo menos não pra mim. Lembro de ter ouvido horas e mais horas de sermão sobre como eu não poderia me aproximar muito das pessoas que chegassem, principalmente se fossem homens. Que eu deveria me resguardar, me dar ao respeito... Enfim, todas aquelas coisas que os pais falam para tentar jogar um sentimento de culpa caso acontecesse alguma coisa. Só que nunca foi muito necessário, porque, geralmente, recebíamos mulheres, sempre mais velhas que eu, inteligentes, maduras e, principalmente, com a mente evoluída. Adorava sentar para conversar com cada uma delas, ouvir suas histórias de vida, o que elas fizeram até chegar ali e, sobretudo, o que elas poderiam me ensinar. Eu posso dizer que aprendi muito com cada uma delas, principalmente na forma de ver o mundo. Mas agora eu tinha 21 anos e tudo isso parecia entediante demais. Era sempre apenas mais uma pessoa. Bem, pelo menos até ele chegar... Digamos que eu fui pega totalmente despreparada, talvez seja por isso que eu tenha ficado tão vulnerável.
Ele, no caso, é , um intercambista francês, que chegou na minha casa três semanas atrás. Meu pai me avisou que chegaria um estudante novo, mas eu estava tão concentrada estudando, que mal prestei atenção na data ou em qualquer coisa. Então quando cheguei em casa e me deparei com ele na minha cozinha, fiquei totalmente sem reação. Ele é um dos homens mais lindos que eu já vi na vida. Posso estar exagerando? Talvez, mas é o que eu acho. Ele tinha os olhos , o cabelo escuro cortado de forma irregular, com alguns cachos meio disformes nas pontas. O rosto fino, os traços marcantes e a voz... sua voz grossa, porém suave, era a trilha sonora dos meus sonhos proibidos. A forma que ele falava o meu nome, o modo como ele soava bonito, quase como um elogio em sua boca, fazia todos os pelos do meu corpo se arrepiarem, meu coração acelerar e o pouco controle que eu ainda tinha sobre mim, se acabar de vez. Lembro da primeira vez que o vi, como estava despreparada, distraída, sem ter noção nenhuma de como a presença dele iria mexer comigo.
DUAS SEMANAS ANTES
Esperei todos dormirem e fui até a cozinha fazer um lanche. Eram duas da manhã, eu tinha certeza que ninguém estava acordado. Mas me enganei, como sempre. Assim que passei pela porta, vi a silueta do rapaz atravessar o outro lado do cômodo, para se sentar à mesa. Eu não podia nem dar meia volta e sair, porque ele já tinha me visto. Até mesmo sorriu na minha direção, totalmente simpático. Respirei fundo, entrando na cozinha, pensando em como eu poderia sair dali o mais rápido possível. Parei de costas para ele, pegando um pedaço do bolo que estava em cima da bancada. Estava distraída e não percebi sua aproximação até que fosse tarde demais.
- , certo? – sua voz era mais rouca do que eu me lembrava. Seu sotaque era extremamente carregado, o que o tornava ainda mais sexy. Fechei os olhos e só imaginei seus lábios se mexendo, dizendo meu nome incessantemente, naquele sotaque. Senti todos os pelos do meu corpo se arrepiarem e meu coração acelerar. Eu estava perdida. Me virei lentamente, tentando evitar olhar diretamente para ele, mas foi impossível, pois tudo o que eu via eram seus olhos brilhando na minha frente. Deus, por que ele tinha que ser tão maravilhoso?
- Sim. – me forcei a responder, de forma que minha voz não denunciasse meu nervosismo. – E você é o ? – perguntei quase afirmando, devido ao meu nervosismo. Ele apenas sorriu, afirmando com a cabeça.
- Desculpe falar com você a essa hora, mas eu ainda não tive a oportunidade de me apresentar de forma correta. Seus pais comentaram que você é muito atarefada. – ele comentou, apoiando uma das mãos na bancada ao meu lado, ficando um pouco perto demais. – Mas como eu estou na sua casa, acreditei que seria a coisa certa a se fazer. – na minha cabeça, tinham várias outras coisas certas, ou não, que ele poderia fazer comigo, mas que ficariam apenas na minha imaginação. Por hora, talvez...
- Ah, claro. Muita gentileza da sua parte. – comentei, passando a mão pelo cabelo, completamente sem jeito.
- Espero que a gente possa conversar um pouco mais qualquer dia desses. Adoraria saber um pouco mais sobre a cidade e tem coisas que seus pais não souberam me falar. – ele deu de ombros, como se quisesse ser simpático. – Mas agora eu sei que tá muito tarde...
- Não. – falei rapidamente, me arrependendo logo depois. Mordi o lábio inferior, já arrependida, mas disfarcei quando ele me olhou novamente. – Se você quiser nós podemos conversar, não tenho nada para fazer amanhã de manhã.
Imaginei que seria melhor conversar só com ele, apenas nós dois, mas foi a pior ideia que tive. Porque eu não conseguia tirar meus olhos dele, que, com certeza, estava me achando uma louca. Só conseguia ficar encarando seus lábios se mexendo, enquanto ele falava quase sem parar, mas não prestava atenção numa só palavra. Desci os olhos para os seus ombros, marcados pela camisa fina que usava, pelos braços, chegando às mãos grandes, que estavam apoiadas na mesa. Até que percebi que ele me encarava com um sorriso no canto dos lábios, como se esperasse que eu falasse alguma coisa.
- Oi, desculpa, eu me distraí. – falei rapidamente, vendo-o acenar com a cabeça, como se compreendesse. – Você disse alguma coisa?
- Só perguntei se você poderia me indicar alguns programas legais, algo para conhecer a cidade. Lugares diferentes, nada turístico, não gosto desse tipo de programa.
- Eu posso te levar... – me arrependi de ter dito a frase no momento em que ela saiu dos meus lábios, mas não tinha mais volta. Um sorriso fraco ocupou seu rosto e ele olhou em meus olhos rapidamente antes de responder.
- Seria um prazer.
Bati na porta apenas duas vezes, de forma leve, apenas para que ele pudesse ouvir. Escutei uma movimentação na parte de dentro, até que vi uma sombra pela fresta da parte debaixo. Ele estava do outro lado. Ficamos parados, um de cada lado da porta, cientes da presença um do outro, mas eu precisava que ele tivesse a coragem de me deixar entrar. Eu conseguia vê-lo pensando e repensando, tentando chegar a uma conclusão se deveria abrir a porta, porque ele sabia muito bem o que aconteceria ali. A escolha era totalmente dele, a minha parte já estava feita, a decisão estava tomada. Na verdade, ela estava tomada desde o momento em que coloquei meus olhos nele.
- . – falei, mal ouvindo minha própria voz. – É a .
Falei, como se isso pudesse ajudá-lo a se decidir. Não é como se ele tivesse muita escolha, de qualquer forma. Era apenas uma questão de tempo até que ele não conseguisse mais evitar ou se segurar. Ele queria aquilo tanto quanto eu. Podia ver em seus olhos. Demorou cerca de dois minutos até que ele pudesse, finalmente, abrir a porta. Talvez ele estivesse se decidindo ou também tomando coragem. Ou ele apenas percebeu que eu não sairia dali e desistiria tão fácil dessa vez.
- O que você está fazendo aqui? – o tom grave de sua voz fez meu coração acelerar e eu precisei controlar meus impulsos para não pular nele ali mesmo.
- Eu acho que você sabe. – respondi, sem rodeios. Ele me encarou nos olhos, sem nenhum vestígio de vergonha ou incerteza. Ele também queria, eu sabia disso desde o começo.
- Pensei que tivéssemos esclarecido isso ontem. Você sabe que não podemos, seus pais... – coloquei um dedo sobre os seus lábios, o calando momentaneamente. Senti sua respiração falhar, enquanto ele olhava fundo em meus olhos. Ali eu soube que enquanto ele mentia, dizendo que não podia, seu corpo só dizia que sim. Ele travava uma batalha interna e eu só podia torcer para que ele se deixasse levar.
- Aqui, agora, não se trata dos meus pais. Somos só nós dois. Só você e eu... – deixei a frase morrer no final, vendo seu olhar preso ao meu de uma forma que eu sentia meu corpo queimar. Me aproximei um pouco, dando um passo em sua direção. Estávamos tão perto, que eu podia sentir sua respiração bater contra o meu rosto, podia sentir o calor emanando do seu corpo. Respirei fundo, sentindo o aroma suave do seu perfume, vendo-o fechar os olhos por alguns segundos. – Mas a grande questão é: você me quer?
- Que tipo de pergunta é essa? – falou, com a voz baixa, como se estivesse controlando suas próprias ações. – Pensei que tinha sido claro sobre as coisas que eu devo e também sobre as coisas que eu quero fazer. – ele mudou a entonação para deixar claro a sua posição. Então, ele queria tanto quanto eu, e provavelmente nenhum motivo seria o bastante para evitar qualquer coisa.
- Então não pense em nada, apenas deixe acontecer. Tem coisas que você não pode e nem deve controlar e essa é uma delas. Eu não quero passar a minha vida imaginando como teria sido, quero passar a vida lembrando como foi. Como foi sentir sua mão tocando a minha pele. – falei, enquanto levantava uma das mãos e tocava seu peito, na região onde a blusa não cobria. – Como foi sentir seu corpo junto ao meu. – me aproximei o máximo que podia, ficando com o rosto a poucos centímetros do dele. – Como foi sentir sua boca colada à minha. – juntei nossos lábios por uma curta fração de segundos, molhando-os em seguida. Vi seus olhos presos a ele e sorri de lado, vendo que ele estava tão perdido quanto eu. Levei meus lábios até perto de seu ouvido, sussurrando pausadamente. – Como foi sentir você, completamente, dentro de mim. – assim que minhas palavras o atingiram, senti suas mãos pesadas agarrarem minha cintura, me puxando para um beijo longo e intenso. E, antes que eu percebesse, estava dentro de seu quarto, com o corpo imprensado entre e a porta.
DOIS DIAS ANTES
Era sexta à noite, madrugada para ser mais exata. Coisa de quase quatro da manhã e eu estava chegando em casa. Tinha saído com alguns amigos para um bar, falei com os meus pais e dormiria fora, mas acabei decidindo voltar para casa mesmo. Falei sobre a noite quase toda, tanto que as meninas não aguentavam mais ouvir o nome dele. Elas me disseram que eu estava meio obcecada. Mas só porque eu só falava, pensava e imaginava coisas com ele? É, talvez eu estivesse mesmo. Mas o problema é que quando eu fico interessada em alguém dessa forma, eu tendo a fazer alguma coisa, não apenas a deixar acontecer, só que com ele era diferente. Eu não podia fazer nada, ele não me dava nenhuma abertura e tinha todas as questões com os meus pais. Então ficava apenas imaginando tudo o que queria fazer com ele, mas certa que ficaria apenas na minha imaginação.
Tínhamos saído na semana passada, eu tinha me oferecido para levá-lo a algum lugar diferente e ele quis conhecer uma galeria de arte que comentavam muito no seu círculo de amizades, mas que ficava totalmente fora do circuito comum de visitação. Ficava no Queens, bem longe de onde eu morava, mas fiz o esforço de acompanhá-lo. era um cara muito diferente, quase o total oposto dos que eu conhecia e acabava me envolvendo. Ele era sensível, tinha uma visão muito boa e positiva das coisas. Sempre que falava sobre algo que gostava, você conseguia sentir o entusiasmo em sua voz e isso acabava te contagiando. De forma que ao longo da nossa visita à galeria, eu me vi totalmente imersa naquele mundo artístico do qual eu não fazia parte. Eu estudava Direito, arte não era algo que fazia parte da minha vida. Mas enquanto ele falava sobre o artista, ou das idas dele ao Louvre, sobre as experiências dele na Itália, em Madrid, eu me vi totalmente encantada, e perdida. Depois daquele dia eu vi que não tinha mais salvação, ele tinha me conquistado de verdade e que eu precisava arrumar uma forma de fazê-lo perceber. Foram dias e mais dias tentando ser sutil, dando alguns sorrisos a mais, sendo um pouco mais atenciosa, mostrando mais interesse do que o normal, mas ele parecia não notar ou realmente não queria. E isso estava praticamente me matando. Porque eu não tinha uma resposta concreta e aquela vontade de tê-lo mais perto só crescia a cada dia.
Foi com isso em mente que eu cheguei em casa naquela madrugada, completamente bêbada. Errei a chave na fechadura algumas vezes e quase derrubei um vaso que ficava na entrada. Xinguei, um pouco alto demais, pelo barulho que fez, porque eu não queria acordar ninguém, mas era tarde demais. Ouvi passos na cozinha e depois alguém surgir no fundo do corredor. Eu estava sem óculos e a bebida não ajudava em nada, então só enxerguei quando ele estava bem perto. Ele me olhou com a expressão engraçada, como se estivesse prendendo o riso.
- Tentando entrar silenciosamente? – ele perguntou, com o sotaque carregado na última palavra.
- Acredito que eu não tenha me saído muito bem. – respondi, fazendo uma careta. – Te atrapalhei?
- Não, eu estava só lendo um livro. – ele deu de ombros. – Eu não consigo dormir muito à noite, insônia...
- Hmm... – murmurei, tentando caminhar em linha reta, mas fazendo uma curva acentuada para a esquerda e quase caindo, só não fui ao chão porque ele me agarrou. Suas mãos seguraram em meus braços e se mantiveram ali, como se ele quisesse ter certeza que eu estava equilibrada. Quando me coloquei de pé, percebi que estava muito perto dele, perto até demais. Conseguia ver as ondinhas de seu cabelo caindo em seu rosto, bem na frente de seus olhos . Conseguia ver as pequenas sardas que ele tinha, o que lhe dava um ar totalmente angelical e que contrastava completamente com as coisas que eu estava pensando no momento. Olhei em seus olhos por um instante e jurei ver algo ali, a resposta que eu tanto buscava, porque ele não se afastou. A forma que eu o encarava era bem clara e minhas intenções também, até porque eu não estava nem fazendo esforço para esconder. Então se ele não quisesse, ele já teria se afastado. Mas ele estava ali ainda, a poucos centímetros de mim, com suas mãos grandes em minha pele, com seus olhos presos aos meus, com seus lábios... Ah, os seus lábios. Eu só conseguia pensar neles. Seriam macios, será que o contato deles com os meus seria gentil? Seria urgente? Qual gosto eles teriam?
Como que de forma casual, porém inconsequente, umedeceu levemente os lábios, como se fosse falar alguma coisa, mas aquele gesto, aquele simples gesto, foi o suficiente para acabar com o meu controle e o meu juízo. Coloquei minhas mãos em sua nuca e puxei sua boca contra minha num movimento rápido, sem nem pensar muito. Não demorou mais do que um segundo para que me beijasse de volta, suas mãos desceram para a minha cintura e ele empurrou meu corpo na parede, pressionando o dele contra o meu. Eu nem pensava em nada, só aproveitava aquele momento, porque ele era exatamente como imaginava. Suas mãos não eram suaves contra a minha pele, elas eram pesadas e me apertavam como se quisessem tirar um pedaço, como se quisessem me manter ali perto para sempre. E eu não me importaria. Seus lábios tinham um gosto doce, sabor que eu tinha certeza que ficaria para sempre em minha boca. Desci minhas mãos pelos seus ombros, tentando imaginar e decorar o seu corpo com a ponta dos meus dedos. Cada curva, cada volta. Passando pelos seus ombros largos, chegando aos seus braços, voltando e descendo pelas suas costas. Aproveitando todo o trajeto para aconchegar o meu próprio corpo ao dele.
Como se tivesse acordado repentinamente, tentou se afastar suavemente, primeiro afrouxando suas mãos em meu corpo, depois, pouco a pouco, deixando que elas caíssem ao lado do seu próprio corpo, e depois separando seus lábios dos meus de forma quase dolorosa. Senti como se tivesse sido cedo demais, tinha perdido totalmente a noção do tempo, espaço, certo e errado. Eu queria apenas continuar o beijando, continuar em seus braços.
- A gente não podia ter feito isso. – ele murmurou, mais para si mesmo do que para mim. Deu um passo para trás, como se quisesse fugir, mas eu acompanhei, mantendo a mesma distância.
- Por que não? – perguntei, com a voz baixa, ainda completamente envolvida em tudo o que tinha acontecido. Olhei em seus olhos, mas ele desviou o olhar assim que eu o fiz, dando outro passo para trás, mas dessa vez eu não acompanhei.
- Eu não vim aqui para isso, eu não podia ter deixado as coisas chegarem a esse ponto. – sua voz mostrava como ele se sentia culpado, como se tivesse feito algo moralmente errado, sendo que tinha sido eu que tinha o beijado.
- Mas fui eu que te beijei, . – falei, com o peso da vergonha começando a dominar ao dizer isso em voz alta. – Você não precisa se sentir mal.
- Você pode ter começado, mas eu não parei. – ele respirou fundo algumas vezes, encarando seus próprios pés. – Não vamos deixar isso atrapalhar o bom convívio que temos, ok? Se os seus pais...
- Eles não vão saber de nada, se é isso que te preocupa. Eu não vou contar, não vou criar nenhuma situação difícil pra você. Só não queria que ficasse nenhuma situação difícil entre a gente. – comentei, vendo-o levantar os olhos rapidamente, olhando nos meus.
- Isso nunca. – ele disse, rápido, quase se embolando nas palavras. – Nada vai mudar entre nós.
Foi difícil demais dormir naquela noite, porque todas as vezes que fechava os olhos, conseguia sentir, perfeitamente, seu toque em minha pele, seu gosto em meus lábios. E a vontade de continuar o beijando não passava, muito pelo contrário, só aumentava. Eu imaginei que meu interesse poderia diminuir um pouco se eu conseguisse ao menos um beijo, mas estava totalmente enganada. Eu estava ainda mais envolvida, e perdida.
Na manhã seguinte, me arrastei para fora de cama, desesperada por um café forte, para espantar todas as ressacas: a da bebida e a moral. Sentei à mesa com os meus pais e me mantive em silêncio, apenas concentrada na minha dor de cabeça, mas meu pai parecia interessado em conversar.
- Você esteve com o ontem? – ele perguntou, com a voz alegre, como se a sua pergunta não tivesse diversos sentidos, pelo menos para mim. Num primeiro momento, me sobressaltei, imaginando que ele pudesse saber de tudo, mas a forma leve e relaxada que falava, já demonstrava que tinha sido apenas coincidência. Até porque se soubesse de qualquer coisa, já estariam ouvindo os gritos do outro quarteirão.
- Não, ontem eu sai com umas amigas e nem o encontrei quando voltei. – falei, sem dar muitas explicações e ele apenas acenou com a cabeça, como se tivesse entendido.
- Temos que dar andamento numa pesquisa, estou com medo que atrase. Você pode chamá-lo pra mim? – perguntou e eu o encarei, com os olhos meio arregalados. Eu realmente não queria ir até o quarto dele, não queria vê-lo novamente, não apenas nós dois. Eu não era mais confiável.
- Pode ser quando eu voltar para o quarto? Só vou terminar o café. – falei e ele afirmou. Então eu respirei fundo, eu conseguiria ser forte.
Subi as escadas e caminhei até o quarto de hóspedes, que ficava do outro lado do corredor, totalmente o oposto do meu. Parei na frente da porta, tomando coragem para bater na porta, mas antes que eu pudesse, a mesma se abriu e me encarou, assustado e surpreso. Imaginei que ele pudesse pensar algo errado, como se eu estivesse correndo atrás dele, mas logo tratei de corrigir qualquer mal entendido.
- Não precisa se preocupar, eu só vim aqui para avisar que meu pai quer falar com você, ele tá na cozinha. – falei, já girando o corpo para seguir para o meu quarto, mas ele segurou em meu braço, fazendo com que eu voltasse e o olhasse.
- Não me trata dessa maneira, por favor. – ele pediu, com a voz baixa, deixando os braços caírem ao lado do corpo. – Eu não queria que você se afastasse de mim, que as coisas fiquem estranhas e... Eu não posso complicar as coisas, não posso perder essa oportunidade. Estar aqui, estudar com o seu pai, não é algo simples, muitas pessoas sonham com isso e eu consegui. Seus pais me disseram, eles me pediram para ficar longe de você. Só que você é... – ele suspirou, passando a mão pelos cabelos, como senão soubesse o que fazer.
- Pode ficar tranquilo, , tá tudo certo. – falei, dando de ombros, como se não tivesse nenhum pouco mexida com as coisas que ele tinha dito. – Nada vai mudar entre nós... – disse, deixando a frase morrer. E voltei para o meu quarto, deixando-o preso nos diversos sentidos que aquela frase poderia ter.
Seu corpo se chocou contra o meu e eu só me recordo de tentar manter a concentração no beijo e respirar. tentava equilibrar nossos corpos, porque eu não era a pessoa mais atenta quando a minha atenção estava voltada para outra coisa. Suas mãos desceram para as minhas pernas, puxando-as para envolver sua cintura. Ele caminhou meio cambaleante pelo quarto até se aproximar da cama, enquanto eu traçava beijos pelo seu pescoço e puxava o cabelo de sua nuca. Senti uma superfície lisa e macia roçar minhas costas, e vi que estava me deitando em sua cama. Quando voltei a prestar atenção em seus movimentos, ela estava a poucos passos de mim, segurando a barra de sua blusa, que tirou e jogou ao lado da cama. Ele me olhava com desejo, como se eu fosse algo que se ele quisesse há muito tempo e que finalmente tivesse conseguido. Só o seu olhar era capaz de fazer o meu corpo esquentar, meus pelos se arrepiarem completamente e me deixar completamente molhada. Ele caminhou até a cama, se aproximando de mim. Suas mãos tocaram minha perna e vieram traçando o caminho até em cima, avançando pela parte interna da coxa, tocando minha intimidade ainda coberta, quase que involuntariamente. O pequeno gemido que escapou de meus lábios serviu como estímulo e permissão para que continuasse. Enquanto fazia seu corpo cair sobre o meu, ele deixava seus lábios deslizarem pelo caminho, concentrando grande parte de sua atenção ao meu colo ainda coberto. Eu mantinha os olhos fechados e as mãos agarradas fortemente ao lençol. Estava a ponto de perder o controle.
Quando seu rosto chegou à altura do meu, puxou uma de minhas pernas e fez com que ela ficasse ao redor do seu corpo. Mantendo seu olhar preso ao meu, ele deixou seu corpo cair sobre o meu. Movimentando-se levemente, ele não me beijava, apenas observava minhas reações, sorrindo pervertidamente quando gostava. Desceu uma de suas mãos e tocou exatamente onde eu ansiava. Meu corpo todo se curvou, completamente enlouquecido e fora do controle. Alternando a velocidade, manteve os movimentos circulares de forma constante e intensa. Meus pensamentos estavam desconexos, embaralhados. Eu queria gritar, ignorando completamente o fato de que estávamos na minha casa, que os meus pais estavam no mesmo andar, apenas a alguns metros de distância. Senti minhas pernas começarem a tremer involuntariamente, assim como também senti alguns espasmos em lugares diversos, enquanto voltava a brincar com meu clitóris com uma habilidade impressionante. Seus dedos deslizaram de forma mais profunda, fazendo com que meu corpo se contorcesse quase que por completo, desejando um contato mais intenso. Joguei a cabeça para trás, soltando o ar de forma pesada, e tentando respirar. Respirei fundo e trinquei os dentes, contendo qualquer som que poderia emitir. Eu estava completamente entregue e vulnerável. Ergui o corpo de volta para frente, caçando seus lábios de forma sedenta. Sentindo o ápice se aproximando, pousei minha mão em seu pescoço e o trouxe para bem perto, deixando nossos narizes colados. Ele ainda não me beijava, só me encarava intensamente. Seus olhos foram as últimas coisas que vi antes de fechar os meus, sentindo meu corpo relaxar. Beijando várias partes do meu rosto, ele murmurou em meu ouvido:
- Seja uma boa menina e não faça barulho, ou então não poderemos continuar... – sussurrou em meu ouvido, com um ar de riso em sua voz.
Ele se sentou e me colocou sobre ele. Forcei minhas unhas por toda a extensão de seu tronco, enquanto ele apertava fortemente meus quadris. Parei minhas mãos na barra de sua calça, que abri rapidamente, colocando minha mão dentro da mesma. Eu queria que ele sentisse tudo o que eu senti, que ficasse tão vulnerável como eu estava. Sorri, sentindo-o estremecer com o meu mais suave toque. Com seus lábios perto do meu ouvido, comecei a movimentar minha mão, enquanto ele sussurrava coisas desconexas. Talvez frases soltas em francês, porque tudo soava sexy. Alternava a intensidade, o tipo de movimentação e pressão. Seu rosto se contorcia numa expressão de intenso prazer. tirou as mãos do meu quadril e as colocou de cada lado do meu rosto, fazendo com que não perdêssemos o contato visual. De longe, aquela era a relação mais viva que já tive. Ele começou a estremecer e eu intensifiquei os movimentos, fazendo com que ele soltasse leves gemidos, alguns não tão baixos. Deixei um sorriso vitorioso escapar dos meus lábios, enquanto ele chegava ao seu ápice. Com o mesmo olhar superior que ele me dirigiu antes, eu me aproximei, deixando nossos lábios bem próximos e disse:
- Você não foi um bom menino, ...
Depois que quase todo o restante de nossas roupas foi parar no chão do quarto, sentei novamente em seu colo, forçando meu corpo para baixo e aumentando a fricção e o contato entre nós dois. Minha respiração acelerou e eu me agarrei a ele, ignorando qualquer machucado que minhas unhas pudessem fazer. Ele roçava seus lábios nos meus e, às vezes, movia seu corpo de outras maneiras, fazendo com que a forma de contado e a pressão mudassem, assim como o prazer provocado. desceu sua boca para o meu colo e dirigiu sua atenção para os meus seios, enquanto suas mãos agarram um, seus lábios traçavam beijos languidos pelo outro. Joguei minha cabeça para trás, aproveitando o máximo de todas aquelas sensações. Segurando novamente minha cintura, ele puxou meu corpo para baixo, fazendo com que uma onda de calor me percorresse por completo. Sem alternativas ou controle, aproximei-me de seu ouvindo mais uma vez, falando:
- Eu preciso de você agora.
Entendendo rapidamente o que eu queria dizer, ele me afastou um pouco e procurou sua carteira, de onde tirou uma camisinha e a colocou. Puxando-me para perto de novo, ele me beijou intensamente. Ele me deitou na cama, apoiando seu corpo no meu, fechei os olhos e agarrei fortemente em seus cabelos quando o senti dentro de mim pela primeira vez. Ele movia o corpo lentamente, parecendo um martírio muito prazeroso, e repetiu isso algumas vezes. Parecia que todas as partes do meu corpo, até mesmo as menores, sabiam que eu estava ali com ele, que era ele, finalmente, porque uma onda de calor absurda passou por mim, fazendo com que todo o meu corpo ficava quase fervendo. E eu só estava sentindo essas coisas quando estava perto dele. Enquanto ele se movimentava num ritmo intenso, intercalando movimentos rápidos e lentos, porém sem perder o vigor, eu estava à beira da loucura, a cada estocada eu me via mais perto do céu, mais ensandecida. Em nenhum momento nós parávamos de nos mover, enquanto investia, apertava firmemente diversas partes do meu corpo, sem conseguir focar a atenção ou escolher apenas um. Eu puxava seus cabelos, arranhar suas costas e ombros, rebolava quase que inconscientemente. Ele o ritmo, passando a se mover ritmadamente, enquanto eu forçava o corpo para frente, aumentando o contato e a fricção. Senti meu corpo começar a esquentar e um arrepio subiu pela espinha. Deixei nossos lábios de tocarem mais uma vez, mas não nos preocupávamos em nos beijos, apenas deixando os dois juntos.
levantou uma das minhas pernas e me penetrou profundamente, fazendo com que eu apertasse minhas unhas em seus ombros e ele tomou isso como um incentivo. Fechei meus olhos com força e mordi os lábios de uma forma que os debaixo estavam quase brancos, tudo para não gritar. Porque eu queria gritar. Ele se movimentou de forma mais intensa, fazendo com que um gemido escapasse de meus lábios e depois mais outro. Então ele me calou com um beijo, daqueles que de tirar todo o fôlego, que te faz suplicar por ar e por outro beijo logo em seguida. Meu corpo começou tremer, a respiração acelerou e eu me agarrei a ele, querendo-o o mais perto de mim o possível, enquanto ele me proporcionava um dos orgasmos mais intensos da minha vida. Quando meus espasmos começaram, já dava sinais de seu ápice também. Intensificamos os movimentos, fazendo com que gemidos baixos saíssem descontroladamente por nossos lábios. Deixei os meus próximos ao seu ouvido, para que ele pudesse ouvir cada gemido abafado que ele estava conseguindo arrancar de mim. Meu corpo começou a tremer de prazer intenso e cheguei ao meu limite, sentindo mais algumas investidas antes dele cair ao seu lado, com os olhos fechados e a expressão beirando a exaustão. Ambos respirávamos fundo e tentando controlar nossas respirações. Procurei por seus lábios, dando-lhe um beijo calmo. Ele sorriu durante o mesmo, passando as mãos pelas minhas costas. Apoiei-me em seu peito, desejando poder ficar ali para sempre. Mas eu sabia que não poderia e nem deveria ficar ali com ele, naquela cama, tendo momentos fofos, carinhosos, muito além do sexo que fizemos. Porque as consequências seriam trágicas. Então me levantei e comecei a pegar minhas roupas, para me vestir.
- Espero que você tenha repensado sobre nós dois. – falei, depois de muito tempo de silêncio. Coloquei minha blusa e virei meu rosto na direção do seu, para o olhar. – Porque isso foi... muito bom para você falar que não deveria ter acontecido. – me levantei, vendo sua expressão quase indecifrável. – Porém, meu quarto é no final do corredor, você ficará aqui por mais um mês. Eu já fiz minha parte, agora é com você. – sorri de lado, antes de mandar um beijo em sua direção e caminhar até a porta.
Fim.
Nota da autora: Finalmente coloquei parte do meu amor por Timothée Charmalet para fora.
Sério, tô apaixonada nesse boy desde que vi Call Me By Your Name (inclusive recomendo) e fiquei totalmente tentada a fazer uma fanfic inspirada no final para esse ficstape e ainda usei meu boyzinho. Olha, sou muito ruim em fic restrita, então não me xinguem.
É isso, beijo da That.
Até a próxima.
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Sério, tô apaixonada nesse boy desde que vi Call Me By Your Name (inclusive recomendo) e fiquei totalmente tentada a fazer uma fanfic inspirada no final para esse ficstape e ainda usei meu boyzinho. Olha, sou muito ruim em fic restrita, então não me xinguem.
É isso, beijo da That.
Até a próxima.
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»Shortfics«
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Raining in Paris - Especial da Saudade
Untangle Me - Especial da Equipe
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What Goes Around... Comes Around - Restritas/Finalizadas
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Pretty Hurts - Restritas/Em Andamento
»Finalizadas«
Enchanted - McFLY/Finalizadas
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