Capítulo 1
13 anos antes
– Billy! Já para cima, querido. - Ela disse como se fosse a coisa mais importante da sua vida. Eu era tão pequeno para entender que quando ele chegava bêbado demais, era hora de ir para o meu quarto e deitar, porque ele seria a pior pessoa no cômodo de baixo. Escutei os gritos da minha mãe ficarem agudos e baque surdo se fez ouvir logo depois. O meu corpo tremia de medo e eu apertava o meu ursinho de pelúcia como se ele pudesse me tirar dali. Todos os dias era o mesmo ringue e eu só conseguia ficar ali do jeito que ela me mandou ficar. Ele a xingava de todos os nomes e quebrava as coisas como se não se importasse com nada além da sua ira. Por que ele era assim? Por que ele era tão mau?
Algum tempo depois o silêncio se estabeleceu e eu escutei passos no corredor em direção ao último quarto. A brutalidade nos movimentos era tão grande que eu já sabia quem poderia ser e estremeci com a possibilidade de encará-lo se por um acaso entrasse no meu quarto, mas ele não o fez. Minutos depois, quando eu estava conseguindo pegar no sono, escutei a porta abrir devagar e fechar logo depois. A minha mãe sentou na ponta da minha cama e acariciou os meus cabelos. Ela dizia alguma coisa, mas eu estava sonolento demais para entender. Senti seu corpo quente me envolver num abraço amoroso e me aconcheguei ali, pedindo que todo aquele pesadelo passasse e nós dois fossemos embora para bem longe do meu pai.
7 anos antes
Nada tinha mudado e mais um dia eles discutiam. Ela tentava não falar muito para não despertar a ira dele, mas era tarde demais, pois ele sempre estava zangado o suficiente para estragar tudo e ser o pior. Escutei seus gritos tomarem o corredor e saí correndo em direção às escadas. Ele socava o rosto da mulher que me dava tanto amor como se não fosse nada. Senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto e os nossos olhares se cruzaram naquele momento. Eu não conseguia entender como ela suportava tanto. “Saia” ela sussurrou enquanto aguentava firme os golpes no seu corpo. Eu saí como ela mandou, mas meu coração batia forte e eu tinha a impressão que a qualquer momento ele pudesse explodir no meu peito. A sensação de fraqueza e insuficiência me consumiram e eu me encolhi ao lado da cama, enquanto esperava tudo passar mais uma vez.
2 anos antes
Cheguei em casa depois de mais um dia cansativo entre colégio e trabalho. Estranhei o silêncio na casa e então eu logo constatei que não tinha ninguém. Fui para a cozinha e me sentei a fim de comer sem pressa o bolo que minha mãe tinha feito antes de eu sair pela manhã, era o meu favorito e ela sabia: laranja. Há um tempo eu vinha juntando dinheiro para poder me mudar com minha mãe, mas ela parecia ainda resistir, me dizia para ir para faculdade e usar o dinheiro no futuro, quando precisasse me bancar no campus, mas era muito difícil pensar nisso. Eu não teria coragem de deixá-la sozinha com ele, isso era muito para mim. Com o passar dos anos, as oscilações de humor e toda violência tinham dado uma pausa, mas eu não acreditava que ele tinha mudado ou estava mudando, ele ainda era um monstro sem coração para mim. A porta da frente se abriu e um falatório se iniciou. Eram os dois.
– O que aquela enfermeira queria? - ele perguntou para minha mãe.
– Nada. Ela só queria ser gentil. - Ela respondeu num fio de voz.
– Eu mandei você dizer que tinha escorregado da escada, não me escutou? Só era ter dito isso. Não quero ver você conversando com ninguém.
– Oi mãe! Tá tudo bem? - eu apareci depois de alguns segundos.
O semblante dela era de dor e o seu olhar estava nos seus pés. O monstro que ela chamava de marido me olhou dos pés à cabeça e saiu. Depois que eu fiz dezoito anos, ele começou a me evitar e sempre que podia tentava me humilhar de alguma forma, o que era inútil. Ela concordou com a cabeça sem me olhar nos olhos e tentou subir as escadas com cuidado.
– Foi ele que fez isso, não foi? Podemos sair daqui, dar um jeito. - Eu disse baixo, mas de modo que ela escutasse bem.
– Não querido, não diga isso.
– Sim mãe, eu tenho que dizer. Você não pode continuar a se submeter a isso, olha o que ele fez com você. - eu apontei para o rosto e braço enfaixado. Ele tinha ido longe demais.
– O que você tá falando aí moleque? - ele nos interrompeu e minha mãe me olhou assustada. Ela negou com a cabeça e eu respirei fundo.
– Se precisar de alguma coisa, estarei no meu quarto.
Subi as escadas com rapidez e fechei meu quarto assim que entrei. Até quando eu conseguiria me segurar para não encher a cara daquele merda de porrada? Ela era uma mulher tão doce e ele não a merecia, nem com todos os pecados perdoados.
Dias atuais
Desde quando eu saí do trabalho naquele dia, uma sensação estranha me consumiu e tudo me levava a uma coisa; eu tinha que chegar em casa o mais rápido possível. Resolvi não ir para a universidade naquele ano e estava trabalhando dobrado para tirar minha mãe daquela casa. Então tudo desmoronou quando eu cheguei. A gritaria na cozinha dava para ser notada bem antes de chegar na sala de fato e naquele momento eu soube que tudo que poderia dar errado, daria. Abri a porta da frente com rapidez e corri para a cozinha, encontrando aquele filho da puta em cima da minha mãe tentando acertá-la com uma faca.
Meu sangue ferveu e naquele momento toda a barreira que ainda existia, caiu aos meus pés. Entramos numa luta corpo a corpo muito intensa e ele sentou na minha barriga no momento em que ficou por cima, aproveitando a vantagem para desferir vários golpes no meu rosto. Ao longe eu poderia escutar minha mãe gritando desesperada para que ele me largasse, mas ele não o fazia. Ela tentou fazer isso com as próprias mãos, mas ele a empurrou para longe a fazendo ir de encontro com o armário da cozinha. Aquilo era como o meu maior pesadelo tomando forma e então eu escutei um som agudo e o corpo do homem que um dia foi meu genitor, caiu sobre mim. Olhei para além dele e pude ter a visão da minha mãe segurando uma pistola totalmente carregada. Ela tinha o enfrentado finalmente.
***
A polícia não demorou a chegar e a vizinhança em peso tinha saído de suas casas para ver o espetáculo. Onde estavam todas aquelas pessoas quando ela batia na minha mãe e ela gritava. Abracei a mulher que me deu a luz, o mais forte que eu conseguia enquanto dois policiais faziam várias perguntas. Então eu vi o corpo passando coberto por um saco preto. Ele iria para um lugar bem melhor; o inferno. A minha mãe estava livre e por mais que tudo tivesse finalmente passado, eu não sairia do lado dela. Nunca mais ele a machucaria.
– Billy! Já para cima, querido. - Ela disse como se fosse a coisa mais importante da sua vida. Eu era tão pequeno para entender que quando ele chegava bêbado demais, era hora de ir para o meu quarto e deitar, porque ele seria a pior pessoa no cômodo de baixo. Escutei os gritos da minha mãe ficarem agudos e baque surdo se fez ouvir logo depois. O meu corpo tremia de medo e eu apertava o meu ursinho de pelúcia como se ele pudesse me tirar dali. Todos os dias era o mesmo ringue e eu só conseguia ficar ali do jeito que ela me mandou ficar. Ele a xingava de todos os nomes e quebrava as coisas como se não se importasse com nada além da sua ira. Por que ele era assim? Por que ele era tão mau?
Algum tempo depois o silêncio se estabeleceu e eu escutei passos no corredor em direção ao último quarto. A brutalidade nos movimentos era tão grande que eu já sabia quem poderia ser e estremeci com a possibilidade de encará-lo se por um acaso entrasse no meu quarto, mas ele não o fez. Minutos depois, quando eu estava conseguindo pegar no sono, escutei a porta abrir devagar e fechar logo depois. A minha mãe sentou na ponta da minha cama e acariciou os meus cabelos. Ela dizia alguma coisa, mas eu estava sonolento demais para entender. Senti seu corpo quente me envolver num abraço amoroso e me aconcheguei ali, pedindo que todo aquele pesadelo passasse e nós dois fossemos embora para bem longe do meu pai.
7 anos antes
Nada tinha mudado e mais um dia eles discutiam. Ela tentava não falar muito para não despertar a ira dele, mas era tarde demais, pois ele sempre estava zangado o suficiente para estragar tudo e ser o pior. Escutei seus gritos tomarem o corredor e saí correndo em direção às escadas. Ele socava o rosto da mulher que me dava tanto amor como se não fosse nada. Senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto e os nossos olhares se cruzaram naquele momento. Eu não conseguia entender como ela suportava tanto. “Saia” ela sussurrou enquanto aguentava firme os golpes no seu corpo. Eu saí como ela mandou, mas meu coração batia forte e eu tinha a impressão que a qualquer momento ele pudesse explodir no meu peito. A sensação de fraqueza e insuficiência me consumiram e eu me encolhi ao lado da cama, enquanto esperava tudo passar mais uma vez.
2 anos antes
Cheguei em casa depois de mais um dia cansativo entre colégio e trabalho. Estranhei o silêncio na casa e então eu logo constatei que não tinha ninguém. Fui para a cozinha e me sentei a fim de comer sem pressa o bolo que minha mãe tinha feito antes de eu sair pela manhã, era o meu favorito e ela sabia: laranja. Há um tempo eu vinha juntando dinheiro para poder me mudar com minha mãe, mas ela parecia ainda resistir, me dizia para ir para faculdade e usar o dinheiro no futuro, quando precisasse me bancar no campus, mas era muito difícil pensar nisso. Eu não teria coragem de deixá-la sozinha com ele, isso era muito para mim. Com o passar dos anos, as oscilações de humor e toda violência tinham dado uma pausa, mas eu não acreditava que ele tinha mudado ou estava mudando, ele ainda era um monstro sem coração para mim. A porta da frente se abriu e um falatório se iniciou. Eram os dois.
– O que aquela enfermeira queria? - ele perguntou para minha mãe.
– Nada. Ela só queria ser gentil. - Ela respondeu num fio de voz.
– Eu mandei você dizer que tinha escorregado da escada, não me escutou? Só era ter dito isso. Não quero ver você conversando com ninguém.
– Oi mãe! Tá tudo bem? - eu apareci depois de alguns segundos.
O semblante dela era de dor e o seu olhar estava nos seus pés. O monstro que ela chamava de marido me olhou dos pés à cabeça e saiu. Depois que eu fiz dezoito anos, ele começou a me evitar e sempre que podia tentava me humilhar de alguma forma, o que era inútil. Ela concordou com a cabeça sem me olhar nos olhos e tentou subir as escadas com cuidado.
– Foi ele que fez isso, não foi? Podemos sair daqui, dar um jeito. - Eu disse baixo, mas de modo que ela escutasse bem.
– Não querido, não diga isso.
– Sim mãe, eu tenho que dizer. Você não pode continuar a se submeter a isso, olha o que ele fez com você. - eu apontei para o rosto e braço enfaixado. Ele tinha ido longe demais.
– O que você tá falando aí moleque? - ele nos interrompeu e minha mãe me olhou assustada. Ela negou com a cabeça e eu respirei fundo.
– Se precisar de alguma coisa, estarei no meu quarto.
Subi as escadas com rapidez e fechei meu quarto assim que entrei. Até quando eu conseguiria me segurar para não encher a cara daquele merda de porrada? Ela era uma mulher tão doce e ele não a merecia, nem com todos os pecados perdoados.
Dias atuais
Desde quando eu saí do trabalho naquele dia, uma sensação estranha me consumiu e tudo me levava a uma coisa; eu tinha que chegar em casa o mais rápido possível. Resolvi não ir para a universidade naquele ano e estava trabalhando dobrado para tirar minha mãe daquela casa. Então tudo desmoronou quando eu cheguei. A gritaria na cozinha dava para ser notada bem antes de chegar na sala de fato e naquele momento eu soube que tudo que poderia dar errado, daria. Abri a porta da frente com rapidez e corri para a cozinha, encontrando aquele filho da puta em cima da minha mãe tentando acertá-la com uma faca.
Meu sangue ferveu e naquele momento toda a barreira que ainda existia, caiu aos meus pés. Entramos numa luta corpo a corpo muito intensa e ele sentou na minha barriga no momento em que ficou por cima, aproveitando a vantagem para desferir vários golpes no meu rosto. Ao longe eu poderia escutar minha mãe gritando desesperada para que ele me largasse, mas ele não o fazia. Ela tentou fazer isso com as próprias mãos, mas ele a empurrou para longe a fazendo ir de encontro com o armário da cozinha. Aquilo era como o meu maior pesadelo tomando forma e então eu escutei um som agudo e o corpo do homem que um dia foi meu genitor, caiu sobre mim. Olhei para além dele e pude ter a visão da minha mãe segurando uma pistola totalmente carregada. Ela tinha o enfrentado finalmente.
A polícia não demorou a chegar e a vizinhança em peso tinha saído de suas casas para ver o espetáculo. Onde estavam todas aquelas pessoas quando ela batia na minha mãe e ela gritava. Abracei a mulher que me deu a luz, o mais forte que eu conseguia enquanto dois policiais faziam várias perguntas. Então eu vi o corpo passando coberto por um saco preto. Ele iria para um lugar bem melhor; o inferno. A minha mãe estava livre e por mais que tudo tivesse finalmente passado, eu não sairia do lado dela. Nunca mais ele a machucaria.
Fim.
Nota da autora: Sem nota.
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