01. Ruin

FANFIC FINALIZADA

Capítulo Único

"Minha cabeça estava à mil e eu não conseguia pensar em nada, em uma desculpa, um motivo, qualquer coisa que a fizesse ficar. Nada me vinha à cabeça naquele momento. Era como se tudo ao meu redor estivesse desmoronando à medida em que ela ia pegando suas coisas no armário e colocando na mala, tudo em câmera lenta.
Ela fechou a mala e me olhou impassível, seu rosto estava sem qualquer emoção. Nada de lágrimas ou expressão triste. Parecia que ela estava pronta para tirar uma fotografia de documento com sua cara mais neutra.
Todos seus movimentos foram em câmera lenta, como se fosse para eu guardar aquilo como minha última memória dela. Ela veio até mim e beijou meu rosto, sorrindo triste e virando de costas em seguida, caminhando até a porta do quarto.
Eu queria correr até ela e fazê-la ficar, mas meus pés estavam colados no chão e a única coisa que consegui fazer foi tocar minha bochecha como um idiota apaixonado de filme que tinha ganhado um beijo da garota mais linda do colégio, a única diferença era que não estávamos em um filme, mas o restante era tudo verdade. Eu era um idiota apaixonado.
Tomei controle do meu corpo em um movimento automático assim que ouvi a porta da frente bater e corri até lá. Ela caminhava com dificuldade carregando a mala pesada nas mãos e uma mochila nas costas.
Novamente meus pés ficaram presos e perdi o controle de mim. Que diabos estava acontecendo comigo? Minha garota estava indo embora, tudo ao meu redor estava desmoronando e ficando em ruínas e eu não conseguia nem sair do lugar.
Ela colocou as coisas no banco traseiro do carro e olhou para mim com um sorriso triste antes de dar a volta e entrar no automóvel, pronta para sair da minha vida de uma vez por todas como ela mesma tinha dito exatos vinte minutos atrás.
Fiquei parado na entrada de casa até que eu não conseguisse mais ver seu carro e entrei para dentro.
Os porta-retratos estavam no chão por ela tê-los jogado em mim. O sofá fora do lugar por ela ter me empurrado nele quando segurei seu braço tentando fazê-la me ouvir. Pisei por cima dos cacos de vidro na sala e fui até a cozinha. Abri a geladeira e encontrei lá o bolo todo decorado que encomendei para pedi-la em noivado.
Peguei o maldito bolo e me sentei no chão, encostado na geladeira. Ela não gostava do convencional, então um bolo como "anel de noivado" seria muito engraçado pelo o que ela tinha dito três semanas atrás, porém a graça agora era eu sentado igual um idiota encarando um bolo com a massa de arco-íris e um maldito unicórnio feito de pasta americana no topo dele.
Tirei o unicórnio de cima e enfiei a mão bem no meio do bolo, retirando de lá uma mão cheia de massa colorida e recheio de brigadeiro. Comecei a comê-lo descontroladamente, eu ia descontar minha raiva naquele maldito bolo até meu estômago dizer chega, e quando ele fizesse isso eu ia continuar.
Metade do bolo e todo o unicórnio já tinham ido embora quando a campanha tocou. Levantei correndo sem nem me importar com o restante caindo no chão e corri até a porta.
Eu não ia esconder minha cara de decepção quando abri a porta e vi ali me olhando com um sorriso no rosto.
- Por que você está com a cara cheia de bolo? – ele passou a mão pela minha bochecha e olhou para o dedo sujo de glacê.
- Ela foi embora. Ela me deixou e agora eu estou afogando as magoas na porra de um bolo de unicórnio.
- ...
- Estou bem. – falei irônico – Eu estou no fundo do poço, minha namorada foi embora e agora eu estou comendo nosso bolo de noivado. Está tudo perfeito. – gritei".


Sentei-me assustado na cama e com a respiração ofegante. O suor escorria pela minha testa e peito, que bombeava o ar rapidamente.
Quem dera aquilo fosse realmente um maldito pesadelo.
Olhei para o lado e vi uma massa de cabelo loiros espalhadas no travesseiro. Passei os olhos por todo o corpo dela até chegar em sua cintura, que do restante para baixo estava coberta com um lençol preto.
Ela odiava aqueles lençóis. "Lençol preto esconde a sujeira, , e você precisa ver a sujeira para criar vergonha na cara e colocá-los para lavar". Desde que ela se foi tudo o que eu fazia eram coisas que costumavam irrita-la. De lençóis pretos até beber leite direto da garrafa.
- Para de me olhar, . – uma voz manhosa e meio sonolenta disse.
- Como você sabe que eu estou te olhando? – falei enquanto procurava minha cueca no chão.
- Você sempre faz isso. – ela se virou para mim com os braços na frente de seus seios.
- Hum. – murmurei.
- Você deveria parar com isso. Eu sou e ela é morena.
- Não sei do que você está falando. – respondi enquanto vestia minha cueca.
Deixei-a sozinha com suas verdades que eu gostava de negar para ela e para mim mesmo, e fui para cozinha fazer algo para comer.
Quebrei alguns ovos na frigideira e amassei as cascas nas minhas mãos, espalhando-as dentro da pia. "Fica tudo preso no ralo depois, ". Ela não estava mais ali para limpar o ralo depois de fazer comida. Eu estava ali, apenas eu, todos os dias, ou pelo menos o que restou de mim.
Fritei várias tiras de bacon e coloquei-as em um prato junto com os ovos. Peguei na geladeira uma caixa de suco de laranja e a coloquei no balcão.
- Que cheiro bom. – apareceu na minha frente vestindo apenas uma camiseta velha minha. Nada de calcinha ou qualquer outra coisa, apenas a boa e velha camiseta.
- Você não está com frio não? – apontei para seu corpo e ela o olhou inocentemente.
- Não. – ela deu de ombros – Você quer que eu vista algo que faça você parar de olhar para mim, ? – ela disse de um jeito sexy.
- Só estou preocupado com você. – menti.
- Aham. – ela mordeu o lábio e se sentou na banqueta.
- Quais seus planos para hoje? – sentei-me na sua frente e coloquei um punhado de ovos e bacon na boca.
- Por enquanto nenhum. – ela pegou o garfo da minha mão e se serviu – Por quê?
- Quer ficar por aqui hoje? – falei baixinho. Eu queria, mas também não queria que ela ficasse e sabia disso. Era por isso que nos dávamos tão bem, porque ela me conhecia do mesmo jeito que ela.
- Qual a porcentagem? – ela apoiou a cabeça na mão direita.
- Cinquenta... e cinco? – fiz careta e ela revirou os olhos.
- É preciso mais do que isso para me fazer ficar, .
- A gente pode ver um filme, ou fazer alguma coisa que você queira.
- Você tem que querer que eu fique. Menos de sessenta ainda é pouco para me fazer ficar. – ela disse com a boca cheia.
- A gente faz isso – apontei para nós dois – Tem uns nove meses. Desses nove meses quando foi que passou de sessenta?
- Um ano, , a gente faz isso – ela apontou para nós dois – Tem um ano.
- Caramba. – cocei a nuca – Eu nem percebi.
- Quando foi que você percebeu alguma coisa durante esse um ano? – ela me olhou séria.
- O que você quer dizer com isso?
- Quis dizer que você está muito alheio a tudo e com um ano eu quero dizer o tempo em que a gente anda transando casualmente, mas você sabe que faz mais de um ano.
- Hum. – murmurei.
- Então, você quer que eu fique ou não? – ela me encarou – Responda com a verdade.
- Pode ser. – dei de ombros.
- Pode ser. – ela fez uma voz afetada com uma careta.
Eu realmente achava que ela não ficaria por ser menos de sessenta por cento, uma quantia que ela estipulou quando percebeu que eu ficava meio dividido sobre as coisas sobre ela, mas ela ficou.
Assistimos os três primeiros filmes de Star Wars e pulamos o prequel, indo direto para o episódio sete.
Eu gostava de , mas não era amor e ela sabia disso. Ela também gostava de mim, mas não era amor e eu sabia disso. Nós éramos amigos fazia tanto tempo que eu já nem me lembrava mais quantos anos de amizade tínhamos, mas nossa amizade com benefícios começou uns dois meses depois que ela foi embora e eu achei que seria legal ficar extremamente bêbado na festa de aniversário de um amigo nosso.
Quando estávamos a fim de sexo era só ligar para o outro e pronto, e quando estávamos afim de conversar também, mas essas conversas eram sempre as dela, pois eu preferia guardar meus sentimentos para mim e não falar para ninguém que depois de mais de um ano, eu ainda amava minha (ex)namorada da qual eu não tinha notícias já fazia um tempão.
Ela realmente sumiu da minha vida, do jeitinho que ela disse que iria fazer. Seus pais não me diziam sobre ela, seu número de telefone tinha sido trocado, as redes sociais desativadas e nossos amigos em comum não tocavam no nome dela e também fugiam do assunto sempre que eu perguntava dela.
- No que você está pensando? – olhou para mim curiosa.
- Nada. – dei de ombros.
- Compondo mentalmente?
- Talvez. – sorri de lado.
- Eu adoro suas músicas.
- Você sempre fala isso. – acariciei seus cabelos jogados pelo meu peito e ombros.
- Porque eu quero que você saiba o qual boas são suas músicas.
- Mas eu sei. – falei convencido.
- Você já escreveu sobre mim? – ela me encarou um pouco tímida.
- Como?
- Você escreve sobre tudo na sua vida e eu queria saber se você já escreveu alguma coisa sobre mim. – ela mordeu o lábio.
- Sim. – confessei – Bad Reputation é sobre você.
- Sério? – ela disse com os olhos brilhando e eu assenti – Não acredito que você escreveu em uma música sobre mim. – ela disse rindo.
- Escrevi ela logo que a gente... começou a... você sabe... – semicerrei os olhos e ela deu uma risadinha.
- A transar.
- Sim. – assenti – Todo mundo conhecia a sua fama durante a escola.
- Qual é, só porque eu não me importava com o que as pessoas falavam e transava com quem eu queria?
- Eu até fui gentil e falei que só te viram nua.
- Obrigada? – ela riu.
- Depois só precisei acrescentar aquela história sobre o cara que você gostava, mas gostava de outra.
- Então você poderia ser o único a me tratar como uma dama? – ela se sentou no meu colo e mordiscou o próprio lado.
- Você entendeu o que eu quis dizer com a música. – encolhi os ombros – Eu simplesmente não te trato como muitos outros que você conheceu, mas eu precisava colocar isso de um jeito mais romântico para as menininhas se apaixonarem por mim.
- Hum. – ela murmurou em meu ouvido – E quantas garotas você já conseguiu com a minha música?
- Algumas. – falei convencido e ela rebolou em cima de mim – Eu preciso continuar ativo porque as pessoas começaram a pensar que eu tinha virado celibatário.
- É porque eles não sabem das coisas que a gente anda fazendo. – ela mordiscou o lóbulo da minha orelha e senti meu membro se enrijecer – Bad Reputation é uma das minhas favoritas, assim como Mercy. – ela disse enquanto trilhava beijos pelo meu pescoço.
- Você está tentando me deixar excitado, ? – arfei e ela deu uma risadinha.
- Se você está perguntando... – ela passou a mão pelo meu peito até chegar em meu membro duro e o apertou levemente – ... é porque eu consegui.
- Com certeza. – segurei seu rosto e a beijei.

Coloquei o violão no case e levei-o até o carro, voltando o mais rápido possível para dentro antes que eu morresse congelado lá fora.
Cumprimentei alguns conhecidos e desconhecidos enquanto ia até o bar, atrás dos meus amigos. Duas garotas me pararam no meio do caminho para dizer que tinham adorado minhas músicas e perguntar onde elas poderiam encontrar mais. Entreguei meu cartão para elas e dispensei-as logo. Tudo o que eu queria naquele momento era alguma bebida que me esquentasse.
Eles estavam sentados nos bancos em frente ao balcão rindo e estava sentada de lado olhando para mim com um copo na mão e o canudo entre os lábios em um sorriso malicioso.
- Groupies, hein? – ela disse rindo.
- Fica quieta. – sorri de lado e peguei o copo da sua mão. Tirei o canudo e tomei um longo gole que fez minha garganta queimar – Caramba. – falei fazendo careta – O que é isso?
- Caipirinha. – ela riu – É do Brasil.
- Quantos desse você já tomou? – entreguei-a o copo.
- Alguns. – ela deu de ombros – Vocês perderam o sendo parado por groupies.
- Sério? - Sonny me olhou surpreso e neguei com a cabeça.
- Eram apenas algumas garotas querendo saber onde encontrar mais músicas.
- Você podia ter dito que na sua casa era o lugar mais fácil e pronto, sua noite estaria completa. – Peter disse rindo – , você perde umas cantadas tão geniais. – ele deu um tapinha no meu ombro.
- Essa cantada foi uma bosta, Peter. – disse rindo – E você não sabe que é uma bosta porque não é um músico e nunca testou ela.
- E eu é que não vou testar. – me debrucei no balcão e acenei para o barman – Porque toda vez que eu toco em algum lugar vocês acham que toda garota que fala comigo quer sexo?
- Nem toda garota. – disse um pouco na defensiva – Eu ainda falo com você porque suas músicas me rendem entrada grátis nos lugares. – ela sorriu largamente – Mas elas são péssimas.
- Minhas músicas são péssimas? Até Bad Reputation? – falei malicioso e ela gargalhou alto.
- Principalmente essa.
- Qual é a da piada interna aí? – Sonny disse – A próxima rodada é por sua conta, .
- Quatro cervejas. – falei para o barman e ele logo colocou as canecas enormes no balcão e as encheu – Vocês deveriam pagar as bebidas, eu paguei as entradas.
- Não gaste sua voz para argumentar com a gente. – Peter disse – Guarde ela para conquistar as garotas cantando.
Entre uma cerveja e outras eles continuaram a me provocar, mas depois passou a ser que teve que fingir que Sonny era seu namorado porque um cara tinha simplesmente decidido a não aceitar ‘não’ como resposta.
- Vocês homens são uns imbecis. – ela disse irritada.
- Nem todo homem. – Sonny colocou a mão no peito de forma dramática – Eu fui seu namorado por cinco minutos, então não me ofenda.
- Piores cinco minutos da minha vida. – ela deu um sorrisinho de lado – Porque vocês simplesmente não aceitam um ‘não’ de alguma mulher?
- Isso afeta a masculinidade de alguns. – falei antes de beber o restante da cerveja – Esses foram os melhores cinco minutos que o Sonny já teve na vida dele.
- Vai se foder. – ele disse rindo – Você é uma mulher bonita, , os caras te querem.
- Eu sei que sou bonita, obrigada, Sonny. – ela sorriu convencida – Agora dá para vocês pararem de falar de mim?
- Se não de você, sobre quem? – Peter apertou a bochecha dela – O Sonny é todo frágil e o ainda está depressivo. Você é a mais durona de todos nós.
- Imbecis.
Eles continuaram discutindo sobre a masculinidade frágil de alguns homens e recostei-me no balcão e fiquei olhando as pessoas sentadas nas mesas ou apenas em pé conversando e bebendo. Uma garota perto do palco me chamou bastante atenção e ela se virou rapidamente e meu coração disparou. Não podia ser ela.
Continuei encarando sem nem disfarçar e quando ela se virou novamente percebi que não era quem a minha mente deturpada de saudade tinha feito eu acreditar.
- O que foi? – Sonny perguntou baixinho para mim e olhou para a mesma direção que eu.
- Nada. – murmurei.
- Eu também achei que fosse ela quando vi a primeira vez. – ele disse.
- Quem? – fingi desentendimento.
- Você sabe de quem estou falando, cara. – ele deu um tapinha no meu ombro – Nós dois nunca paramos para conversar sobre isso, mas você tem que seguir em frente.
- Eu sei disso. – suspirei.
- Quando você contou que ela tinha ido embora, eu quis muito procura-la e perguntar o porquê dela estar fazendo isso, mas na época eu achava que vocês só iam terminar e não que ela fosse sumir do mapa.
- Eu também achei. – olhei para ele – E eu também tenho vontade de perguntar, mas ninguém mais tem contato com ela, então... – encolhi os ombros.
- No começo eu achava que você fosse adotar o celibatarismo. – ele disse rindo – Você ficava todo depressivo e não transava com garota nenhuma porque nenhuma era ela.
- Sim. – assenti olhando para , que ria de algo que Peter estava falando.
O que meus amigos falariam se soubessem que eu mantinha uma amizade colorida com a melhor amiga da minha ex-namorada? Eu sabia que as mulheres, assim como nós homens, tinham aquela de não ficar com ex da amiga e por isso nós dois resolvemos esconder aquilo de todo mundo e manter como algo apenas nosso.
No começo eu ficava pensando nisso e em como era errado transar com e ela também pensava nisso, mas com o passar do tempo as coisas foram se ajeitando e eu não tinha mais a sensação estranha de estar fazendo algo errado ou proibido.
- Até esqueci de falar para vocês. – Peter disse acordando-me dos meus pensamentos.
- O quê? – perguntou empolgada.
- está vindo para cidade por alguns dias.
- Caramba, faz tanto tempo que eu não vejo ele. – falei rindo.
- Vocês ainda se falam? – me olhou.
- Sim. – dei de ombros – Nós trocamos algumas mensagens vez ou outra.
- Precisamos marcar de sair, como nos velhos tempos. – Sonny disse contente.
Não seria tão assim como nos velhos tempos quando saiam meus três melhores amigos, e minha (ex)namorada.
- É, nós precisamos marcar. – se levantou – E eu preciso ir embora. Já está ficando tarde.
- Fica mais um pouco, vai que aparece mais um cara querendo ficar contigo, vai privar o Sonny de ter cinco minutos felizes com você? – Peter disse rindo e ela deu um soquinho em seu ombro.
- Você quer que eu te leve? – encarei-a de um jeito tentando demonstrar minhas segundas intenções e ela mordeu o lábio e me olhou com uma expressão pensante.
- Pode ser. – ela deu de ombros.
- Você está aproveitando isso para se livrar de nós, . – Peter disse.
- Mas é claro que estou. – dei um tapinha em seu ombro – Se você falar com o , diga que nós realmente vamos sair no momento em que ele colocar os pés na cidade.
- Pode deixar. – ele assentiu – Dirija com cuidado e não fique prestando atenção na belezura do seu lado.
- Você é muito idiota. – disse rindo – Tchau para vocês dois e façam a noite valer a pena.
- Pode deixar. – Sonny disse.
- A gente se vê.
Peguei algumas notas da carteira e deixei em cima do balcão junto com as de . Quando me virei para trás ela já estava no meio das pessoas, seguindo caminho até a saída.
- Por que a pressa? – falei para ela assim que chegamos na calçada.
- Nada. – ela deu de ombros e ficou encarando o celular.
- O que tem de tão interessante aí? – olhei por cima do seu ombro e ela bloqueou a tela.
- Xereta. – ela me empurrou com o quadril – Sua casa ou na minha?
- Você tem algo para fazer amanhã? – coloquei uma mão em sua cintura e a trouxe para perto.
- Nop. – ela sorriu – Podemos ir direto para sua casa.
- Só preciso passar na farmácia. – fiz uma careta e ela deu uma risadinha.
- Então vamos logo. – ela deu um tapinha na minha bunda e correu até o estacionamento.
Corri atrás dela que começou a rir alto quando a alcancei e a peguei no colo, girando-a no ar. Abri a porta para que ela entrasse e dei a volta no carro. Coloquei meu cinto e olhei para o lado e estava novamente no celular, dessa vez digitando algo rapidamente.
- Com quem você tanto fala? – falei enquanto ligava o carro e saia do estacionamento – Algum namoradinho? – olhei rapidamente e ela me mostrou o dedo do meio ainda com os olhos no aparelho.
- Eu não tenho namoradinhos, .
- Porque não?
- Não quero nenhum. – ela disse descontraída.
- Tem algum motivo para isso? – perguntei curioso.
era uma garota bonita e todo mundo dizia isso, e eu sabia que vários caras que conhecia eram loucos por ela, mas ela estava sempre recusando a maioria deles ou tendo apenas casos de uma noite só, chutando-os no dia seguinte. Na sua vida sexual, eu era a exceção.
- Eu gosto da minha liberdade. De poder sair com meus amigos homens idiotas e podermos falar bobagens sem que eu tenha um namorado do lado tentando colocar um filtro nas coisas que eu falo ou que vocês dizem sobre mim.
- Posso te perguntar uma coisa? – olhei-a assim que o sinal fechou.
- Claro.
- Eu fazia isso... com ela?
- Você sabe que não, . – ela acariciou minha perna – E também não é todo namorado que faz isso, só estou meio que generalizando as coisas baseado em relacionamentos anteriores que eu tive.
- Vamos supor que você arrume um namorado. O que você acha que ele falaria se soubesse da gente?
- Primeiro que eu não iria falar desse assunto totalmente do nada para ele, apenas se surgisse um momento, e segundo que homem nenhum manda em mim, então independente do que ele achasse, nós dois continuaríamos sendo amigos. – ela disse imponente.
- , toda independente.
- Como sempre. – ela disse convencida.
Parei na primeira farmácia aberta no caminho de casa e quando desci do carro pude ouvir a porta sendo aberta e fechada. Olhei para trás e vi correndo até mim com seus cabelos quase todo em seu rosto por causa do vento.
- Eu quero escolher. – ela disse maliciosa.
Nós dois entramos na farmácia que estava vazia naquela hora da noite e fomos até as gôndolas com preservativos. Eu apenas ia pegar a marca de sempre e pronto, mas ficou escolhendo sabores como se fosse algo que realmente contasse na hora do sexo.
- Morango e hortelã? – olhei para ela com um sorriso no rosto quando ela me entregou as embalagens.
- São as melhores.
- Como você sabe? – arqueei uma sobrancelha e ela revirou os olhos.
- Não sei se você sabe, mas você não é o primeiro cara com quem eu transo, . – ela ficou na ponta dos pés e sussurrou em meu ouvido – Eu vou te esperar no carro.
Andei até o caixa e ela saiu da loja. Assim que coloquei as duas embalagens no balcão a atendente ficou me olhando enquanto trabalhava. Eu tinha perdido a vergonha em comprar preservativos lá pelos meus dezesseis anos, mas ter aquela senhora de uns cinquenta anos ali na minha frente olhando para mim enquanto eu estava a minutos de fazer sexo me deixava bastante desconcertado como se eu estivesse pronto para fazer algo errado.
Entreguei o dinheiro para ela e peguei a sacolinha de suas mãos esperando que ela me devolvesse o troco logo. Sorri agradecido quando ela o fez e saí quase que correndo de dentro da farmácia.
- O que foi? – perguntou quando entrei no carro.
- A senhora lá dentro ficou me olhando. – falei rindo – Parecia que eu estava cometendo um crime.
- Seu único crime é ser bonito demais. – ela disse rindo – Vamos logo.
- Está com pressa? – olhei para ela assim que liguei o carro.
- Muita. – ela jogou algo em mim e quando o peguei vi que era sua calcinha.
- Se eu tomar alguma multa...
- Eu serei a culpada. – ela disse num gemido e meu membro se endureceu um pouco.
Tentei dirigir o mais rápido possível, mas também dentro dos limites de velocidade, porém tudo o que eu queria era chegar logo em casa.
Assim que estacionei o carro na garagem saiu correndo até a porta de entrada. Peguei a sacolinha com os preservativos e a calcinha dela e coloquei no bolso da jaqueta, indo até ela que estava se contorcendo e rindo.
- O que você está fazendo?
- Isso. – ela tirou seu sutiã por debaixo da blusa e colocou em meu ombro – Agora abre logo essa porta antes que eu tire o restante aqui mesmo.
- Parece convidativo. – falei enquanto destrancava a porta.
- Sim. – ela puxou sua blusa de frio para cima e seus seios nus ficaram à mostra.
Abracei-a contra mim e olhei para os lados checando se ninguém estava passando por ali uma hora dessas ou na janela cuidando da vida dos vizinhos. Ela empurrou a porta e me puxou abraçado com ela para dentro, fechando-a e depois correndo até o meu quarto.
Quando entrei no cômodo, a vi deitada sem roupa alguma na cama com os lençóis pretos que eu ainda não tinha trocado. Não tirei os olhos de seu corpo contrastando com a cor do tecido preto enquanto me desfazia das minhas roupas.
Peguei os pacotinhos de preservativo no bolso da jaqueta e joguei na cama para ela, que se virou de barriga para baixo e ficou encarando as embalagens. Deitei-me por cima dela e coloquei seu cabelo todo para um lado, beijando seu ombro e pescoço. gemeu baixou quando cheguei em seu ouvido e meu pênis latejou de excitação ao ouvi-la.
- Menta. – ela me virou na cama e se sentou em minha virilha – E depois morango.
- Menta, morango, menta, morango? – sorri de lado e ela mordeu o lábio.
- Sim. – ela segurou meu membro e desceu sua mão para baixo e para cima, fazendo-me arfar e fechar os olhos com força.

“Minhas mãos estavam suando e eu não conseguia ficar completamente parado. Eu estava ansioso demais para que ela chegasse e eu finalmente pudesse lhe mostrar o bolo incrível que eu tinha comprado. Era o mesmo que tínhamos visto uma vez na confeitaria e ela gostou, até mesmo o recheio.
Já estava na minha quarta garrafa de cerveja e nada dela chegar. Tinha perdido as contas de quantas vezes liguei e mandei mensagens em seu celular e suas amigas, principalmente , já estavam de saco cheio de receber ligações minhas a cada cinco minutos querendo saber onde
ela estava.
No momento em que a porta da frente abriu, eu corri até lá com o maior sorriso do rosto pronto para leva-la à cozinha e perguntar se ela queria casar comigo, mas a expressão que ela tinha acabou com toda a minha felicidade.
- Precisamos conversar, . – ela suspirou.
- Aconteceu alguma coisa, amor? – segurei seu rosto e ela negou com a cabeça – Por que você está com essa cara? Você está... triste.
- A gente precisa conversar. – ela insistiu.
- Tudo bem. – assenti – Mas antes eu quero te mostrar uma coisa. – segurei sua mão e a puxei até a cozinha.
- ...
Abri a geladeira e ela olhou para o bolo de um jeito triste e respirou fundo.
- Você quer casar comigo?
- Eu quero terminar, . – ela disse num suspiro.
- O quê? – olhei-a surpreso.
- Eu quero terminar. – ela disse convicta.
- Você não pode estar falando sério. – encarei-a e ela me olhou sem qualquer expressão no rosto – Você está falando sério. – afastei-me – Eu... eu acabei de te pedir em casamento. – falei exasperado.
- Desculpa, , mas eu não posso.
- Como assim você não pode? – fechei a geladeira com força e ela revirou os olhos.
Ela deu as costas para mim e caminhou até a sala.
- Tudo bem, você não quer casar comigo, ok.
- Eu não quero mais ficar com você. – ela gritou – Eu não quero mais.
- De uma hora para outra você decidiu isso?
- Não.
- Então quando foi?
- Já tem um tempo.
- Um tempo quanto? – gritei.
- Alguns meses. – ela suspirou.
- Meses? Já tem alguns meses que você quer terminar comigo?
- Sim.
- Por que você não falou isso antes então?
- Eu estava esperando o momento certo.
- Nós falamos de casamento tem umas duas ou três semanas. Por que você não mentiu para mim dizendo que não estava pronta e depois metia o pé na minha bunda?!
- Porque não era o momento certo.
- Você esperou eu comprar a porra de um bolo para depois me chutar?
- Para de drama, caramba. – ela gritou.
- Por que você está fazendo isso? Por que está terminando comigo? Eu pelo menos mereço saber.
- Cala a boca. – ela rosnou e foi em direção ao quarto.
Corri até ela e tentei segurar seu braço, mas ela me empurrou contra o sofá e começou a andar de um lado para o outro.
- Eu mereço saber o porquê. – falei chorando – Você está fazendo isso sem mais nem menos.
- Eu pensei bastante sobre isso, . – ela passou a mão pelos cabelos – E eu não quero mais.
- São quase seis anos...
- Sei disso. – ela suspirou – Fica tranquilo. Eu vou embora da sua vida e você nem vai mais se lembrar de mim.
- Você não pode ir embora da minha vida desse jeito...
- Claro que posso, . Eu posso e vou. Você não manda em mim.
- Eu sei que não, só estou dizendo que não tem como você fazer isso. Você não precisa fazer isso. – caminhei até ela – Não se afasta de mim desse jeito.
- Não começa. – ela respirou fundo – Por favor não começa.
- Eu te amo.
- ...”


Empurrei o carrinho do supermercado contra a bunda de e ela me olhou brava, voltando sua atenção novamente para sua lista de compras.
Desde que seu carro quebrou, há duas semanas, eu estava sendo mais ou menos seu motorista particular. Com exceção do trabalho, eu a levava para qualquer lugar que ela queria.
- O que você prefere: – ela virou para mim com dois pacotes de macarrão diferentes – Parafuso ou espaguete?
- Pra mim é tudo a mesma coisa. – falei entediado.
- Você é um chato. – ela fez biquinho.
- , eu não fico escolhendo. É macarrão.
- Chato. – ela mostrou a língua e colocou os dois pacotes no carrinho.
Já estávamos lá fazia uma hora e nem metade do carrinho estava cheia das coisas que ela colocou na lista.
Eu sempre odiei fazer compras, até mesmo quando era pequeno e meus pais me deixavam pegar o que eu quisesse. Quando comecei a namorar era ela quem fazia as compras para mim e depois que ela foi embora começou a fazer. Eu apenas ia no supermercado e comprava o que queria, não tinha paciência para ficar olhando na casa atrás do que faltava.
Quando chegamos na parte de hortifrúti, encostei-me em uma gôndola e esperei que escolhesse as frutas que ela queria enquanto eu jogava no celular.
- Oi, . – ouvi a voz de toda empolgada e me virei para ela.
estava ali na minha frente depois de um ano e sabe-se lá quantos meses. Eu não conseguia acreditar naquilo. Ela realmente estava ali, exatamente como eu me lembrava, sem nada de diferente, com exceção do cabelo que agora estava bem mais comprido.
O mundo ao meu redor parou e fiquei mudo e surdo. Eu devia estar encarando-a como um lunático.
Ela não tinha percebido que eu estava ali, pois conversava animadamente com , mas eu a tinha notado. Eu tirei aqueles poucos segundos para analisar cada detalhe dela.
Caminhei lentamente até as duas e elas olharam para mim. normal, como se não fosse minha ex-namorada de longa data ali na minha frente, e assustada, como se tivesse visto um monstro ou coisa pior.
- Oi. – falei com dor.
- . – ela disse com a voz sufocada.
- Como você...
- Vocês estão juntos? – ela olhou para com os olhos meio... marejados?
- Não. – falei exasperado – Não. Não. Não.
- Entendi. – ela disse baixinho – Como você está?
- Bem. – meu coração parecia que ia pular para fora do meu peito – E você?
- Estou ótima. – ela sorriu falsa.
- Nós precisamos marcar de sair, . Quando você vai embora?
- Eu voltei para ficar. – ela sorriu. Onde ela tinha estado todo esse tempo?
- Não acredito. – disse empolgada – Nós precisamos sair urgente.
- Sim, sim. Você me liga?
- Claro.
- Você tem... o número dela? – olhei surpreso para que apenas assentiu – Isso é sério?
- ...
- Não. – falei irritado – Onde você ficou todos esses meses? – olhei para que estava com uma expressão assustada – Eu fiquei louco atrás de você querendo saber se você estava viva.
- Se algo tivesse acontecido comigo você saberia, ...
- Não saberia caralho nenhum.
- Não faz escândalo. – rosnou para mim, olhando para os lados.
- Escândalo? Eu não estou fazendo escândalo nenhum, , só que você não pode sair da vida de uma pessoa desse jeito, sabia?
- Não só pude como saí. – ela cruzou os braços – É por causa disso que eu não deixei que ninguém falasse de mim para você...
- Vocês duas... – olhei-as com raiva – Vocês... estavam conversando esse tempo todo nas minhas costas?
- , ela é minha melhor amiga. – disse magoada.
- Ótimo. – falei alto e algumas pessoas olharam – Você contou para ela? – encarei que estava com uma expressão confusa no rosto.
- Eu estou transando com a sua melhor amiga, o que você acha disso? – olhei para com ódio e ela me encarou surpresa – Vocês conversaram sobre isso também?
olhou surpresa para que estava boquiaberta olhando para mim. Eu tinha feito uma grande merda, eu deveria ter pensado melhor sobre isso, mas agora já tinha acontecido e tudo o que eu podia fazer era sair dali antes que elas se matassem ou me matassem.
Marchei até meu carro no estacionamento e fiquei sentado com a cabeça no volante, pensando no quanto as duas deveriam estar me odiando e se odiando naquele momento. Eu poderia ter falado outra coisa ou ignorado, mas naquele momento falar sobre estar transando com parecia a coisa a certa a se fazer para magoá-la do jeito que ela tinha me magoado.
Não conseguia acreditar que tinha conversado todo esse tempo com e nunca me disse nada. Sempre que eu perguntava ela dizia que não tinha o novo número da amiga e que talvez ela quisesse se afastar de todo mundo que me conhecia. melhor do que ninguém viu o quanto eu sofri quando foi embora e o quão aflito fiquei por não ter nenhuma notícia dela.
Continuei sentado no carro por mais uma meia hora, eu não iria embora e largar ali sozinha com as compras, esse seria o meu jeito de começar a me redimir por ter falado aquilo.
- Dá para abrir a porta, ?
Olhei para o lado do acompanhante e estava ali com um olhar irritado para mim. Respirei fundo me preparando para o que estivesse por vir, mas ela apenas abriu a porta e colocou a bolsa dela no banco, indo para a traseira do carro. Abri o porta-malas e fiquei tentando através do vidro. Minutos depois ela bateu a porta com força e entrou no carro.
- Eu sinto muito. – suspirei – Eu não queria...
- Esquece. – ela colocou o cinto e me olhou com um sorriso triste.
- , eu não queria ter falado aquilo, só que eu fiquei muito puto em saber que você escondeu ela de mim esse tempo todo.
- Fiz isso para não te magoar, . – ela tocou meu rosto – Eu poderia falar para você o quão maravilhosa estava a vida de em outro estado e tudo o que estava acontecendo, mas isso só te deixaria pior do que você já está. – ela acariciou minha bochecha.
- Me desculpa. – falei triste.
- É claro que eu te desculpo. – ela beijou meu queixo – Eu também tenho que te pedir desculpas. Devia ter te falado que ela estava bem, mas eu preferi mentir pelo seu bem.
- Obrigado. – sorri fraco – Obrigado por ter pensado em mim.
- Se te deixa feliz... – abriu um sorriso maldoso – Ela parecia ter ficado com bastante ciúmes.
- Jura? – perguntei esperançoso e ela assentiu.
- Mas não crie esperanças, . – ela colou sua testa na minha – Ela apenas disse que jamais imaginaria que eu e você fossemos ter alguma coisa.
- Eu também não, mas isso é porque eu sempre imaginei passar o resto da minha vida com ela.
- é minha melhor amiga desde criança, , mas eu não vou mentir: Você merece coisa melhor que ela.
- Por que você acha isso? – perguntei magoado. Eu queria ficar pelo resto da minha vida com e não me importava se eu merecia alguma coisa melhor ou não.
- Eu só acho. – ela mordeu o lábio e se afastou.
- Você sabe de alguma coisa que eu não sei? – olhei-a sério e ela negou com a cabeça – Você já mentiu para mim uma vez.
- Vamos logo embora, , eu tenho mais o que fazer.
Não consegui tirar da cabeça durante todo o caminho que sabia algo sobre e não ia me contar por mais que eu insistisse. Tentei imaginar diversas coisas que ela poderia estar escondendo, mas ela sempre pareceu tão perfeita para mim que nada do que imaginei se encaixava com quem era, ou pelo menos com a que eu costumava conhecer.
Ajudei a guardar as compras e quando estava para ir embora ela pediu que eu ficasse por lá mais um pouco.
- Como você está se sentindo? – se sentou ao meu lado e entregou-me uma garrafa de cerveja.
- Não sei nem colocar em palavras. – falei antes de beber um gole – Achei que meu coração ia explodir.
- Você nunca vai deixar de amá-la, não é? – ela bebeu sua cerveja e me encarou.
- Sei lá. – suspirei – Ela simplesmente me deixou, sabe? Ela não fez nada para mim que me fizesse deixar de amá-la. Ela só foi embora.
- Ninguém é perfeito igual você acha que ela é.
- Eu achava que ela era perfeita para mim, mas não sei se eu a achava perfeita como pessoa o tempo todo. – tomei mais um gole – Nós ficamos juntos por uns seis anos, , seis anos, eu não vou deixar de amar ela de um dia para o outro.
- Mas já se passaram mais de um ano, , você precisa seguir em frente. – ela acariciou minha perna.
- Acho que já segui em frente o suficiente quando toda essa coisa nossa começou. – falei rindo.
- Você sabe que não é o bastante. – ela disse triste – Eu me preocupo contigo. Você não é mais quem costumava ser.
- E quem eu costumava ser? – encarei-a – Eu tento, mas eu não consigo. Você não faz ideia do quão culpado me senti quando acordei naquele dia e encontrei você deitada na minha cama. – suspirei – Era como se eu tivesse traído ela.
- E agora? – ela se afastou um pouco – Você ainda sente que está traindo ela?
- Não. – neguei com a cabeça – Só que, sei lá, é como se eu sempre esperasse que... que fosse ela ali.
- Você precisa esquecer disso. – ela se levantou – Não tome isso como uma obrigação
- Eu não tomei. – cruzei os braços e encarei-a.
- ... mas como um conselho de amiga.
- Esse conselho está sendo dado como minha amiga, ou como a amiga da que quer o melhor para a amiga?
- Você vai ficar jogando isso na minha cara? – ela rosnou – Já falei que fiz o que fiz pelo seu bem, caramba.
- Fala logo, , o que você sabe que eu não sei? – coloquei a garrafa em cima da mesa e me aproximei dela – Você sabe de algo, é claro que você sabe. As duas são melhores amigas, não foi o que você disse?
- Nada, , eu não sei de nada, ok?
- E mesmo que soubesse você não me contaria. – falei irritado – Por que a gente está tendo essa conversa? – passei a mão pelos cabelos – Nós não podemos ficar sentados tomando uma cerveja e conversar sobre algo que não seja a ?
- Não, porque agora que ela voltou eu sei que você vai correr atrás dela feito o cachorrinho que você sempre foi.
- E qual o problema nisso? – gritei.
- Que ela não está nem aí para você, . – ela disse andando de um lado para o outro – De todas as vezes que nós conversamos, sabe quantas ela perguntou de você? – ela colocou as mãos na cintura e me olhou brava – Nenhuma. Ela nunca perguntou de você. A única vez que ela falou de você foi para me pedir para não te falar nada sobre ela.
- Eu não acredito em você. – falei incrédulo.
- Alguma vez eu já te dei motivo para não acreditar em mim? – ela gritou – Se eu te contasse que nós ainda mantínhamos contato, você ia querer saber se ela perguntava de você e o que eu iria falar? Não, , ela não perguntou de você. Ou teria que mentir e te iludir mais do que suas próprias músicas iludiam. – ela me olhou com os olhos marejados.
- Eu não sou iludido. – falei irritado.
- É sim. – ela gritou – Ela não te ama mais, , entenda isso.
- Não vou correr atrás dela igual você está pensando, então pode parar de tentar me fazer lavagem cerebral. – sentei-me no sofá e peguei a cerveja em cima da mesa tomando todo o conteúdo.
- A gente vai sair no sábado. – ela se sentou ao meu lado e ficou me encarando, triste.
- Isso é um convite, um pedido de permissão, o que é? – suspirei.
- Só estou te falando para depois você não dizer que estou escondendo as coisas de você. – ela colocou a mão no meu ombro.
- Tudo bem. – sorri forçado.
- Desculpa ter explodido com você desse jeito, não sei o que deu em mim. – ela deitou a cabeça no meu ombro e passei a mão em volta da sua cintura, trazendo-a para perto.
- Está tudo bem. – beijei o topo de sua cabeça e apoiei o queixo nela – Você tem certeza?
- Sobre? – ela sussurrou.
- Ela não me amar mais.
- Absoluta. – ela suspirou.
não mentiria para mim sobre isso. Ela parecia realmente ter feito tudo aquilo pelo meu bem, para evitar que eu ficasse em cima dela querendo saber sobre . Passou pela minha cabeça que se ela tivesse contado para mim sobre , nós dois nem estaríamos ali agora fazendo o que costumávamos fazer sempre que tínhamos vontade e agora sem remorso algum por estar transando com a melhor amiga da minha ex-namorada e ela por estar com o ex-namorado da melhor amiga.
Seu celular começou a tocar na cozinha e ela correu até ele. Olhei por cima do ombro enquanto ela falava baixinho com alguém, mas não consegui entender nada do que ela falava. Alguns minutos depois ela voltou para o meu lado e me encarou com um meio sorriso.
- Quem era?
- Peter. O está na cidade.
- Finalmente. – falei empolgado – O que mais ele disse? Vamos sair hoje à noite?
- Semana que vem. – ela encostou a cabeça no braço do sofá e colocou os pés em cima da minha perna – Ele tem umas coisas para fazer e disse que vamos sair na semana que vem.
- Ótimo. Agora vamos esquecer todo esse papo de ... – deitei-me por cima dela e beijei sua bochecha.
- Não estou afim, . – ela fez uma careta.
- Por quê? – deitei-me ao seu lado e coloquei sua cabeça em meu peito.
- Só não estou no clima para isso depois dessa conversa sobre ela.
- Você está pensando que é errado tudo isso e....
- Não. – ela negou com a cabeça – Eu só não quero que... que você... Esquece. – ela suspirou.
- Ei. – segurei seu rosto e olhei fundo em seus olhos – Fala o que foi.
- Você disse que sempre fica esperando que seja ela no meu lugar. – ela disse magoada – Eu não quero transar contigo se for para você ficar imaginando ela.
- , eu não... eu não fico imaginando ela ali, eu disse que fico esperando que seja ela, apenas isso.
- Talvez você não devesse ter dito. – ela se virou de costas para mim.
- O que está acontecendo com você? – beijei seu ombro – Você está naqueles dias e agora está meio emotiva?
- Não, . – ela rosnou – Eu só não quero, ok? Dá para você entender?
- Tudo bem, tudo bem. – falei na defensiva – Você ainda quer que eu fique por aqui com você?
- Se você quiser. – ela deu de ombros.
- Eu quero saber o que você quer. – tirei seus cabelos do rosto e beijei sua bochecha – Eu sinto muito. – falei contra a pele de seu rosto – Me perdoa, eu não falei por mal.
- Você ama ela, , e não tem nada que eu possa fazer para mudar isso. – ela sussurrou – Eu sei como é dormir com alguém esperando que seja outra pessoa.
- Prometo que vou tentar me redimir, ok? – abracei-a contra mim e respirei fundo o cheiro gostoso de seus cabelos – Vou até esquecer que você mentiu para mim.
- Você é um idiota. – ela deu uma risadinha.
- Agora sim estou feliz. – virei-a de frente para mim – Consegui um sorriso. – passei a mão por baixo de sua blusa e comecei a acariciar suas costas.
parecia diferente, seu rosto tinha um sorriso que eu nunca tinha visto antes e seus olhos estavam pregados nos meus, como se tentasse enxergar através de mim.
Tirei a mão de suas costas e passei pela lateral de seu corpo por cima da blusa até chegar em seu rosto. Passei meu polegar pelos seus lábios, contornando-os, e ela continuou me olhando de um jeito diferente que eu não sabia explicar.
Suas pálpebras foram se fechando lentamente à medida que me aproximava de seu rosto e toquei meus lábios nos seus, sugando os inferiores e depois aprofundando em um beijo calmo. Eu sabia que ela não queria nada naquele momento e eu também não queria mais, porém a forma que ela estava me olhando fez com que eu sentisse uma imensa vontade de beija-la sem qualquer segunda intenção, apenas um beijo.

Meus amigos e estavam sentados em uma mesa bem para o fundo do bar enquanto eu estava no palco terminando de tocar a penúltima música. ainda não tinha chegado e eu ainda não sabia porque estava ali para me ver cantar. Ela poderia ter combinado de sair com seus amigos para qualquer outro lugar, mas ela parecia ter sentido a necessidade de ir exatamente naquele bar onde eu cantaria músicas sobre ela ter ido embora ou sobre o quanto eu a amava.
Nós dois ainda não tínhamos conversado depois daquele dia do mercado e por mais curioso que eu estivesse a respeito de sua nova vida, me segurei para não fazer um interrogatório para , a única ali que parecia realmente contente com a volta da melhor amiga.
Terminei os últimos acordes de Bad Reputation e tinha um sorriso enorme no rosto. Era assim que ela ficava agora toda vez que eu tocava a sua música.
- Essa última música é para uma pessoa que foi muito especial para mim um dia. – falei olhando para – E foi embora do nada e me deixou em ruínas, acabando comigo.
Ela olhou para os lados e todos nossos amigos estavam olhando para ela com sorrisos tristes no rosto. Comecei a tocar os primeiros acordes sem tirar meus olhos dela. Essa era a música que compus logo depois que foi embora de casa ao meu encontrar destruindo nosso bolo de noivado. Ninguém nunca tinha ouvido ela então apenas a deixei guardada, mas eu não sabia quando teria outra oportunidade de cantar essa música para ela, então apenas aproveitei o momento.
- Do ya. Do you think about me? And do ya, do you feel the same way, yeah? And do ya. Do you remember how we felt? 'Cause I do, so listen to me, babe. não parava de olhar para mim também, porém eu não conseguia saber se ela estava com raiva, triste ou qualquer outra coisa – And I'm not tryina ruin your happiness, but darling don't you know that I'm the only one for ya. And I'm not tryina ruin your happiness, baby, but darling don't you know that I'm the only one.
Pelo canto do olho pude ver entrando no bar e depois olhando para mim em cima do palco e acenando. Ele olhou por todo o bar até encontrar a mesa onde nosso pessoal estava sentado e puxou uma cadeira do lado de e passou o braço ao redor de seus ombros. Que porra era aquela?
- Do ya. Do you think about me at all? And do you, do you feel the same way? Ooh, tell me, baby. And do ya. Do you remember how we felt? 'Cause I do, so listen to me, now. falou algo no ouvido de que sorriu apaixonada para ele e logo voltou sua atenção para mim – And I'm not tryina ruin your happiness, but darling don't you know that I'm the only one for ya. And I'm not tryina ruin your happiness, baby, but darling don't you know that I'm the only one. Do I ever cross your mind? Do I ever cross your mind?
Eu terminei a música com um gosto amargo na boca e uma dor tremenda no peito que não conseguia quão forte era. Por que minha ex-namorada estava sorrindo apaixonada para o meu melhor amigo e por que ele estava com a porra do braço ao redor dos ombros dela?
Saí do palco sem nem agradecer e coloquei o violão com as outras coisas de qualquer jeito na bolsa, correndo até meu carro para guardar. Fechei a porta com força e encostei a testa no automóvel gelado. O ar sumiu de meus pulmões e comecei a respirar fundo tentando entender o que eu tinha acabado de ver ali.
Aquilo era coisa da minha cabeça, eu com certeza estava vendo coisas erradas e imaginando o que não era. nunca ficaria com e nem ele com ela. Ele sabia o quanto eu a amava e não jogaria nossa amizade de mais de quinze anos no lixo apenas para poder ficar com a minha namorada; ou ele faria isso?
Não sabia por quanto tempo fiquei ali fora no vento, que parecia querer cortar meu rosto ao meio, mas o som da voz de parecia tão perto que comecei a imaginar que eu estava sonhando ou coisa do tipo. Olhei para trás e eles estavam ali. Todos. Sonny, , Peter, e , os últimos dois abraçados.
- . – se enfiou por baixo de meus braços e segurou meu rosto – , fala comigo.
- O que está acontecendo? – sussurrei baixinho e ofegante. Meu peito ainda subia e descia descontroladamente e eu não conseguia normalizar minha respiração.
- Vai ficar tudo bem, ok? – ela acariciou minhas bochechas – Respira fundo. – ela colocou meus cabelo para trás e começou a respirar fundo – Vamos, , junto comigo.
Imitei-a e ela abriu um sorriso enorme, o que acabou fazendo com que eu relaxasse. Ela ficou na ponta dos pés e passou a ponta do seu nariz pelo meu e deu um beijo em meu queixo, segurando meu rosto depois e fazendo eu me virar.
Olhei para , que estava parada como se nada tivesse acontecido, e ao seu lado me olhava sem entender nada. Eu queria socar a cara dele até que ele ficasse irreconhecível. Como ele pode fazer isso comigo sabendo o quanto eu a amava e tinha sofrido por aquela mesma garota.
- Vocês dois. – apontei eles com nojo – O que está acontecendo entre vocês dois?
- Nós estamos juntos. – ela se afastou de e deu um passo para frente.
- Você não contou para eles? – perguntou confuso. Sonny, Peter e estavam agora encarando , que parecia não se importar com porcaria nenhuma que estava acontecendo ali.
- Achei melhor contarmos juntos. – ela sorriu carinhosa para ele.
- Quando isso aconteceu? – rosnei – Por quê?
- . – se aproximou e dei um passo para cima dele, mas me segurou.
- Você cala a porra da sua boca, entendeu? Eu quero saber isso dela. – apontei para .
- Eu estava gostando do já tinha um tempo e aí ele ia se mudar e eu achei que seria uma boa fazer o mesmo, já que assim não teríamos ninguém lá para me lembrar de você.
- Você o quê? – gritei – Simples assim? Você começa a gostar do meu melhor amigo e aí resolve mudar de estado junto com ele?
- Ele não sabia que eu ia, . – ela revirou os olhos – Eu só fui depois de algumas semanas que ele foi.
- E você aceitou isso numa boa? – olhei para – Você achou que era legal ficar com a namorada do seu melhor amigo?
- Eu não era mais sua namorada, . – ela rosnou – Eu tinha terminado com você e eu teria feito isso antes.
- Por que não fez? – dei um passo para cima dela – Por que você não me chutou antes?
- Eu... eu fiquei com dó de você. – ela disse triste. Finalmente alguma emoção por mim.
- Dó? – falei com a voz esganiçada – Por que você fez isso comigo, ?
- Cara, eu não tinha a intenção, eu juro. – ele suspirou – A gente acabou ficando mais próximo e ela contou que estava afim de mim...
- E você não se importou comigo nem uma porcaria de segundo?
- Claro que me importei, , você é meu melhor amigo...
- Vai se foder. – gritei – Você sabia, , você sabia o quanto eu a amava e que eu ia pedi-la em casamento... como você pode fazer isso comigo?
- Eu queria te contar, , eu queria mesmo te contar e perguntar se estava tudo bem para você...
- Não ia estar tudo bem e não está tudo bem, seu filho da puta.
- Por que você está fazendo isso? – veio até mim e me empurrou contra o carro – Por que você não pode simplesmente aceitar nossa decisão?
- Eu te amava, . – segurei seu rosto com força – Eu te amava mais do que tudo nesse mundo e você não teve nem coragem de me dizer o que eu estava fazendo errado ou porquê você ia embora, você simplesmente sumiu da minha vida.
- Eu não queria que você ficasse com raiva do por minha culpa...
- Raiva? – gritei – Raiva é pouco perto do que estou sentindo. – afastei-me dela.
- Nós vamos casar. – ela disse num suspiro – Foi por isso que a gente voltou. Nós vamos casar.
Parecia que eu estava caindo em um poço profundo que fazia com que eu sentisse sensações estranhas de dor e outras coisas. Eu ainda estava ali, em pé, com meus amigos olhando para mim preocupados e em pé ao meu lado como se aquela conversa não estivesse me afetando de forma alguma.
Corri até e soquei seu rosto com o máximo de força que consegui. Acertei mais dois socos rápidos nele antes que Sonny e Peter me puxassem para trás. correu até ele e o abraçou com força. me empurrou contra o carro enquanto meus amigos me seguravam com força para que eu não o agredisse mais.
- Qual o seu problema? – olhou para mim com os olhos marejados – Você é um imbecil.
- Eu vou acabar com você. – gritei para e tentei me soltar.
- Você fica fazendo todo esse drama como se o fosse o único errado dessa história, como se nós dois juntos fosse um pecado. – ela gritou – Mas e vocês dois? – ela apontou para – Você não se importou em trepar com a minha melhor amiga logo depois que eu fui embora, não é mesmo?
- O quê? – Sonny olhou confuso para mim.
- Viu, nós dois não fomos os únicos a esconder as coisas de vocês. – falou com nojo – Eles estão dormindo juntos desde que eu fui embora e nunca contaram para vocês. – ela olhou para Peter e Sonny.
- , não foi logo depois que você foi embora, para com isso. – disse chorosa.
- Você ficou com o meu ex-namorado, , você transa com ele e eu não posso ser feliz com outra pessoa?
- Eles eram melhores amigos. – ela disse com a voz embargada.
- Nós duas também éramos. – veio até – Nós também éramos e isso não impediu você. – ela empurrou para trás, que começou a soluçar – Se vocês puderam fazer isso, por que eu não?
- Eu não transei com a enquanto estava com você. – relaxei meus braços e os dois me soltaram – Eu nunca dormi com outra pessoa enquanto estávamos juntos.
- Eu também não, então você pare de nos crucificar como se fossemos os únicos errados.
- Eu não fiz nada de errado. – cuspi – Eu não te deixei para ficar com a sua melhor amiga.
- Mas agora você é livre e desimpedido para ficar com ela – olhou com nojo – Você poderia ao menos ter me contado que isso estava acontecendo.
- Por que você não começou contando para mim sobre o ? Sobre amá-lo? Por que eu deveria contar alguma coisa da minha vida para você novamente depois do que você fez comigo? – deu um passo para cima de .
- Nós éramos amigas e você escondeu de mim que estava ficando com o meu ex-namorado. – empurrou e segurei seu braço com força. Ela olhou para mim assustada e a olhei com raiva.
- Se você colocar a mão nela mais uma vez... – falei entredentes - ... eu vou acabar com o . Eu mato ele aqui mesmo. – soltei seu braço.
- Vocês falam tanto de amizade que nunca contaram para o Sonny e o Peter que estavam dormindo juntos.
- E de todas as vezes que nós conversamos, você nunca me contou que estava apaixonada pelo . – disse com nojo – Você é uma vadia, , é isso o que você é. Você nunca amou o , nunca.
- Não é minha culpa se ele preferiu ficar comigo do que com você. – disse com um sorriso triste – Eu não fiquei com ele para te provocar, ele simplesmente quis ficar comigo...
- E você aceitou. – disse chorosa.
- Eu gostava dele, . Eu sinto muito se te magoei, mas eu gostava dele.
- Do que vocês estão falando? – Sonny perguntou confuso – Você...? – ele apontou – Não. – ele colocou a mão na boca.
- O que está acontecendo aqui? – olhei para e sem entender.
- Cara... – Peter deu um tapinha nas minhas costas – Vamos embora, ok? Não vamos ficar discutindo sobre isso hoje quando todo mundo está de cabeça quente.
- , é melhor nós irmos. – passou o braço pela cintura de e eu o fuzilei com os olhos – Eu sinto muito, , espero que um dia você possa entender.
- Você nunca contou para ele? – disse com um tom de voz meio culpado e negou com a cabeça – Meu Deus. – ela abraçou a amiga e não retribuiu – Eu sinto muito, me desculpa. – ela segurou o rosto da outra – Me perdoa, ok? Eu estou feliz com o e vocês... – ela olhou para mim rapidamente – Vocês podem ser felizes assim também.
- Ele te ama. – se afastou – Mesmo depois disso. – ela apontou – Ele ainda vai te amar. – ela suspirou. – Eu não tenho chances, sou apenas a amiga que transa com ele enquanto ele fica imaginando que é você no meu lugar. – me olhou triste.
Eu não estava entendendo mais nada daquilo ali. De repente as duas começaram a discutir e aí pediu desculpas por uma coisa que eu não fazia ideia do que era.
saiu andando pelo estacionamento e foi até seu carro. Eu não sabia o que fazer. Não sabia se corria até ela ou aproveitava que todo mundo estava com a guarda-baixa e acabava com a vida do ali mesmo, na frente da namoradinha dele.
Continuei ali parado e o carro de saiu do estacionamento. Quando me virei e já estávamos indo embora como se nada tivesse acontecido. Olhei para Peter e Sonny que estavam ao meu lado me olhando meio que esperando uma resposta ou apenas esperando que eu surtasse.
- Você está bem? – Sonny perguntou preocupado e eu assenti.
- Você sabia deles? – perguntei para Peter, que de todos nós era o único que mais mantinha contato com .
- Eu te juro que não, cara. Ele nunca nem mencionou a . – ele disse com pesar e eu assenti – Por que vocês não contaram para gente que estavam juntos?
- Porque nós não estamos. É só sexo casual.
- É isso que você acha? – Sonny perguntou e eu o olhei sem entender.
- Não é o que eu acho, é o que é. – dei de ombros.
- Aham. – ele murmurou – É melhor nós irmos, a noite já deu por hoje.
- O que você quer dizer com esse “aham”? – olhei-o desconfiado e ele encolheu os ombros.
- Não sou eu quem tenho que falar isso, é ela. – ele começou a caminhar até seu carro.
- ?
- É claro, . Onde você estava quando elas duas estavam discutindo? – ele perguntou rindo – Você é mesmo um panaca. A gente se vê.
- Tchau. – falei meio aéreo e ainda sem entender o que estava acontecendo.
Entrei no meu carro e fiquei encarando o volante como se ele pudesse dar as respostas que eu precisava. Repassei toda a discussão na minha cabeça várias e várias vezes e finalmente me toquei sobre o que Sonny queria dizer.
Dirigi correndo até a casa de , esperando que ela confirmasse ou negasse o que tinha acontecido naquela noite. Aquilo ficou mais preso na minha cabeça do que o fato da minha ex-namorada, a garota que eu ia pedir em casamento meses atrás, agora ia se casar com o meu melhor amigo de infância.
Quando cheguei não encontrei seu carro na garagem e comecei a me perguntar se ela tinha ido para a casa dos seus pais ou qualquer outro lugar. Mesmo sabendo que ela não estava, comecei a tocar a campainha feito um louco. Aquilo estava me consumindo, eu precisava de respostas e só ela poderia me dar o que eu queria naquele momento.
Ouvi o barulho de um carro se aproximando e ele entrou na garagem de , com ela descendo em seguida e me olhando surpresa.
- O que você está fazendo aqui? – ela veio até mim e abriu a porta.
- Eu preciso de perguntar uma coisa. – a segui para dentro da casa.
- ... – ela suspirou – Eu estou cansada, ok? Eu quero tomar um banho e descansar.
- Não vou conseguir dormir sem te perguntar...
- Tudo bem, só espera eu tomar um banho.
- Tá. – assenti nervoso – Eu vou te... vou te esperar aqui. – apontei para o sofá e fui até ele me sentar.
Fiquei remexendo as pernas e batucando os dedos nos joelhos tentando conter minha ansiedade. Eu não sabia o porquê de estar me importando mais com isso do que com . Eu amava e não ia me conformar que ela tinha me deixado para ficar com o meu melhor amigo, mas aquela coisa de parecia que ia me comer vivo se eu não tivesse uma resposta.
Tentei pensar em qual tipo de resposta eu queria que ela desse, se era uma positiva ou negativa, e setenta por cento de mim berrava por uma resposta positiva. Setenta era um número bom. não gostava que as coisas fossem para baixo do sessenta e setenta era um número bem alto.
Peguei meu celular no bolso e olhei as horas. Eu não ia aguentar. Eu precisava da resposta, já estava cansado de ser mantido no escuro, da minha ex-namorada ter escondido que estava noiva do meu melhor amigo ou que largou de mim porque amava ele. Eu queria a porra da minha resposta para poder ir para casa e apenas ter minha mente pensando em e não e .
Caminhei até o banheiro e ela estava dentro do box transparente com os olhos fechados e o cabelo molhado colado nas costas e em boa parte dos seus seios. Fiquei parado igual um idiota olhando a espuma escorrer dos cabelos por todo seu corpo, passando pela curva do quadril, coxas e terminando em suas pernas.
Ajeitei meu pênis já duro na minha calça e respirei fundo tentando me concentrar e tirar minha atenção do corpo dela.
- ... – chamei-a e ela deu um gritinho e colocou a mão no peito.
- Você quer me matar? – ela disse ofegante e continuou se enxaguando – Eu pedi para você esperar um pouquinho.
- Eu não estou mais aguentando. – confessei.
- Pergunta logo então. – ela se virou de costas para mim e encarei sua bunda. Respirei fundo novamente e balancei a cabeça. Foco, .
- Você me ama? Ou gosta de mim?
- Claro que sim. – ela deu uma risadinha nervosa – Nós somos amigos, , é claro que eu gosto de você.
- Eu também gosto de você, mas eu quero dizer de um jeito... – mordi o lábio tentando encontrar a palavra certa.
Eu nunca sabia fazer esse tipo de pergunta do mesmo jeito que também nunca consegui perceber que uma garota gostava de mim. era simplesmente o pior ser humano para saber quando alguém sentia algo a mais por ele e também o pior em colocar isso em palavras, por isso eu cantava, pois era o único jeito que eu achei para me expressar melhor.
- De um jeito... puta merda. – resmunguei – Você me ama? Não como amigo, como... algo mais do que isso?
- Oi? – ela saiu do box e se enrolou numa toalha, enrolando o cabelo na toalha em seguida.
- Vou tomar sua confusão como um não. – falei exasperado e quando me virei para sair ela veio até mim segurou meu braço.
tocou meu rosto lentamente com um sorrisinho tímido nos lábios e olhei fundo em seus olhos. Ela ficou na ponta dos pés e trilhou beijos leves desde meu queixo até chegar na minha boca. Passei as mãos por sua cintura e a trouxe para mais perto de mim. Nossos lábios estavam apenas colados um no outro e ela apenas ficou me analisando a curta distância.
- Eu te amo desde a primeira vez que eu te vi. – ela afastou um pouco o rosto – Eu te amo mais do que como amigo, , se é isso que você realmente quer saber.
- Por que você não falou nada? – sussurrei.
- Não tinha coragem. – ela suspirou – Na época eu achava que você fosse me dar um fora ou coisa do tipo e só contei para a , e aí ela... vocês começaram a sair algumas semanas depois e aí a namorar.
- Por isso que você tinha tanta certeza que ela não me amava? – acariciei seu rosto e ela assentiu.
- Ela dizia que gostava de você, mas algo em mim dizia que ela só estava com você porque eu te amava, para mostrar para mim que ela tinha você e eu não.
- Você sempre ficava com vários caras, eu não...
- Isso era na época da escola, . – ela deu uma risadinha – E também porque na minha cabeça eu tinha você como bem fora do meu alcance.
- Mas você também fazia isso depois que saímos da escola...
- É a mesma coisa com vocês homens. Vocês não conseguem a garota que quer, e aí vão transando com várias. Foi assim comigo. – ela sorriu de lado.
- Por que você nunca me disse isso depois? Você me contou que gostava de um cara e ele de outra, eu até coloquei isso na música. – colei minha testa na dela.
- Só que não ia adiantar nada, , você ama a . Eu ia falar que te amava e você não ia mais querer que a gente ficasse, porque você ia pensar que estava me iludindo...
- Eu não ia querer te magoar...
- Mas eu não me magoei. – ela se afastou – Eu também não me iludi. Eu sempre soube que você a amava e que eu não tinha a menor chance, então eu apenas aproveitava o sexo, que era a única coisa que eu ia conseguir.
- Você também nunca demonstrou...
- , eu não sou idiota. – ela jogou os braços no ar – Você sabe que eu não sou do tipo que fica demonstrando o que sente, eu nunca fui. Se você fosse descobrir um dia que eu te amava era porque eu te contei, não porque fiquei te encarando apaixonada ou porque escrevia nossos nomes no caderno. – ela passou por mim e a segui – Eu nunca fiz essas coisas, tanto é que a só soube porque eu falei e ela disse que nunca pensou que eu te amava porque eu não demonstrava. – ela gritou frustrada.
- Ei, relaxa. – andei até ela e massageei seus ombros.
- Agora você sabe. – ela se virou para mim – Agora você sabe que Bad Reputation é sobre nós dois, e não só sobre mim, e agora eu também sei Ruin é sobre ela, sobre você ainda amá-la e querer ficar com ela.
- Foi antes dela acabar comigo desse jeito...
- Você vai dizer que me ama? – ela disse incrédula – Eu não caio nessa, foi mal. Você não pode chegar aqui e dizer que de uma hora para outra começou a me amar e quer ficar comigo.
- Não é isso, , eu apenas precisava saber se era realmente isso.
- Pronto, você sabe que é. Eu te amo, , agora você pode ir embora. – ela caminhou até seu quarto e bateu a porta.
Eu não ia dizer que a amava desse jeito simplesmente do nada, eu também não era nenhum idiota. Apenas queria saber se era realmente isso que eu tinha entendido daquela discussão e porque ela nunca me contou antes e deixou que fizesse aquilo com ela, consequentemente fazendo merda comigo anos mais tarde.
Fiquei exatas uma hora sentado no sofá da casa dela esperando que ela saísse do quarto, mas ela não saiu e quando tentei abrir a porta não consegui. Chamei-a algumas vezes, mas ela apenas pediu que eu fosse embora e respeitei seu pedido.
Durante a semana tentei conversar com ela, liguei no seu celular, fui até sua casa, no trabalho, mas ela não atendia, não aparecia e falava para as pessoas me dizerem que ela estava ocupada. Comecei a pensar se eu tinha feito algo errado e tentando descobrir o quê, mas Sonny, que do nada virou um expert amoroso, disse que ela talvez estivesse envergonhada por eu saber dos sentimentos dela por mim e que eu precisava dar tempo ao tempo e deixar que as coisas se ajeitassem.
Na terceira semana eu já não aguentava mais, eu precisava saber como ela estava e se ela estava bem. Toda aquela história tinha me feito esquecer da raiva que eu estava de e e focar totalmente em .
Fiquei de tocaia atrás de uma árvore da vizinha dela no horário em que ela saia do trabalho e quando ela chegou e foi para abrir a porta de sua casa, eu corri até ela.
- , que susto. – ela me deu um tapa no peito.
- Eu precisava te ver. – confessei – Você me ignorou por três semanas e eu nem sabia o porquê. Qual o problema de vocês mulheres em dizer o porquê estão fazendo o que fazem?
- Pronto, já me viu. – ela abriu a porta – Feliz?
- O que foi? Eu te fiz alguma coisa? – perguntei preocupado e ela revirou os olhos.
- Não, , você não fez nada para mim.
- Então porque você está assim comigo?
- Entra logo. – ela deu espaço para que eu passasse.
Fui até o sofá e ela se sentou na mesinha de centro de frente para mim. Ficamos nos encarando por alguns segundos e ela respirou fundo antes de falar.
- Quis te dar um tempo para processar a informação.
- Tudo bem, já processei. Podemos voltar as coisas como antes?
- Como antes você quer dizer...?
- Igual eram antes de eu saber sobre seu crush em mim. – sorri de lado e ela deu uma risadinha.
- Você tem vinte e nove anos, não use vocabulário de adolescente.
- Foi mal.
- Você quer voltar do mesmo jeito que era antes como? – ela semicerrou os olhos.
- Sendo amigos, transando, você ficando em casa comigo quando eu estiver sessenta por cento afim...
- Então tudo o que eu te disse... você meio que jogou aquilo no lixo?
- Eu não vou te amar do dia para a noite, . – aproximei-me dela – Eu gosto de você como amiga, gosto dessa relação que a gente tem.
- Entendi. – ela mordeu o lábio.
- Mas eu posso te amar. – confessei.
- O quê? – ela me olhou surpresa.
- Eu amo você como uma amiga, mas eu posso te amar do mesmo jeito que você me ama. – toquei sua bochecha – Eu quero que a seja passado na minha vida. Você tinha razão, ela não me merece.
- Calma. – ela afastou minha mão – Eu não estou entendendo o que está acontecendo.
- Eu quero ficar contigo, . A gente não precisa namorar...
- Você não sabe o que está falando. – ela se levantou.
- Claro que sei. – fui até ela – Você me deu três semanas para processar a informação, eu processei e agora eu sei o que eu quero.
- ...
- A gente pode parar com o sexo se você quiser. – segurei seu rosto com as duas mãos – Nós podemos sair em um encontro, eu te trago para casa, te dou um beijo antes de você entrar... – passei meus lábios nos seus – Depois no segundo encontro você diz que ainda é muito cedo para transarmos e eu espero... – suguei seu lábio inferior – No terceiro a gente vêm para sua casa... – desci minhas mãos até seu quadril – ... e aí você sabe.
- E se você nunca me amar do mesmo jeito? – ela sussurrou.
- Eu vou te deixar saber que eu não consegui. – colei seu corpo no meu – Eu quero que isso dê certo.
- Por quê?
- Se você não quiser é só me dizer que não, do contrário pare de tentar me fazer explicar tudo. – sorri de lado.
- Você não está fazendo isso por dó de mim, está? – ela perguntou triste.
- , eu jamais faria isso com você, jamais. – falei convicto – A ficou comigo por dó e agora eu sei o quão ruim é ter alguém que fica com a gente por dó. Eu jamais faria isso com você, entendeu? – ela assentiu – Quarta, depois do trabalho. – me afastei e ela ficou me olhando confusa.
- O que tem quarta?
- Nosso primeiro encontro. – falei com um sorriso vitorioso enquanto ia até a porta – Eu venho te buscar às sete.
- Tudo bem. – ela deu uma risadinha.
- Até quarta. – falei antes de sair.

Fiquei ansioso pelos cinco dias que se seguiram até quarta. Eu estava muito ansioso para o nosso encontro e queria que fosse tudo perfeito. Fiz reserva em um restaurante legal e não contei para ela onde iriamos. Nos cinco dias que se passaram até o encontro, nós conversamos apenas por telefone ou mensagens porque fiquei com medo de contar para ela sobre meus planos.
A única coisa que disse era que ela não precisava se arrumar muito, apenas roupas em que ela ficasse confortável. De início eu tinha pensado em um desses restaurantes chiques, mas gostava de lugares assim, gostava de qualquer lugar que tivesse uma boa comida, ambiente aconchegante e preços que não fossem exorbitantes.
Quando chegamos na frente do restaurante, o manobrista abriu a porta para que ela descesse e corri até ela, entrelaçando nossos braços.
A moça da recepção do restaurante nos guiou até nossa mesa que ficava no canto do lugar em uma das partes com menos movimento. No curto caminho, ficou observando a decoração do lugar com um sorriso no rosto e agradeceu a moça antes dela sair.
- É um lugar bonito. – ela falou olhando para as flores no centro da mesa.
- Sim. – sorri para ela – Você também está bonita.
- Eu sou bonita. – ela disse rindo – Você não está nada mal para um cantorzinho de bar.
- Muito obrigado. – falei convencido.
O garçom logo apareceu e fizemos nossos pedidos. Pedimos coisas simples e não me deixou beber uma gota de álcool, pois ela me queria extremamente sóbrio no nosso primeiro encontro.
Não tocamos por um segundo sequer no nome de , na nossa amizade com benefícios e qualquer coisa do tipo, apenas ficamos falando sobre nossas vidas, o trabalho dela, o meu trabalho e quando eu ia começar a focar profissionalmente na música.
Depois do jantar a levei para casa, exatamente como disse que faria e a acompanhei até a porta. Ela ficou me encarando com um sorrisinho malicioso e eu não sabia por qual dos vários motivos aquilo poderia ser.
- Qual é a do sorriso?
- Você está realmente seguindo o combinado.
- Mas é claro que estou. – falei contente – Agora eu vou te beijar. – segurei seu rosto e me aproximei – E depois eu vou embora.
- Tudo bem. – ela deu uma risadinha.
Beijei-a lentamente e ela entrelaçou os dedos em meus cabelos, acariciando-os enquanto nos beijávamos. Dei alguns passos até que ela estivesse encostada na porta e segurei sua cintura com força, trazendo-a para mais perto de mim ainda e ela gemeu baixo. Meu pênis se enrijeceu e apertei minha ereção contra ela, fazendo-a gemer novamente.
- Vamos entrar. – ela falou contra os meus lábios.
- Eu tenho que ir. Foi o combinado, lembra? – sussurrei.
- Foda-se isso, . – ela me olhou séria.
- Quero fazer tudo direitinho.
- E eu quero transar com você. – ela disse gemendo, meu membro começou a ficar dolorido de tanta excitação.
- Sexo é só no terceiro encontro.
- Sexo... – ela disse enquanto tateava a porta até a fechadura – É para ser feito... – ela abriu a porta – Quando está com vontade. – ela me puxou para dentro e bateu a porta – E nós dois.... – ela levantou a blusa enquanto tirava os sapatos - ... estamos morrendo de vontade. – ela segurou minha mão e colocou em seu seio nu.
- Você está sem sutiã por que tinha algum propósito para isso?
- Adiantar a parte em que você fica brigando com o fecho dele e partir direto para a parte boa. – ela mordeu o lábio e não tirou os olhos de mim enquanto abaixava a calça junto com a calcinha.
- Na próxima... – peguei-a no colo e fui caminhando para o seu quarto – Vá de vestido e sem roupas de baixo.
- Pode deixar. – ela gemeu em meu ouvido.

Quatro meses tinham se passado e as coisas estavam tão perfeitas e incríveis que eu fiquei com medo de que a qualquer momento alguma coisa fosse dar errado e acabar com a minha felicidade.
e tinham se casado, e mesmo eles tendo me convidado, eu me recusei a ir. Ninguém insistiu para que eu fosse e ninguém também falou sobre isso. Sonny e Peter foram, e foi madrinha. As duas voltaram a amizade e ela não falava da minha ex para mim.
As raras vezes em que tocamos no nome de , era me contando que ela tinha perguntado sobre mim e ela respondendo de um jeito grosseiro que se ela queria saber sobre mim ela deveria vir me perguntar e não ficar enchendo o saco das pessoas querendo saber sobre o ex-namorado.
Algumas pessoas perguntavam se nós dois estávamos juntos, mas era rápida em responder que estávamos apenas saindo. Ela não colocava rótulos em nós dois e eu também não. Ela ainda saia para as festas e dormia com alguém, e eu também fazia o mesmo. Segundo ela, nós não estávamos em um relacionamento sério e podíamos fazer o que bem entendêssemos e sem ter que nos explicar.
Com e de volta na cidade, acabou que eles voltaram a sair com a gente, mas eu me limitava a falar com eles apenas o necessário. Meus sentimentos por foram sumindo à medida que eu via o quão feliz ela era com de um jeito que ela pareceu nunca ter sido comigo e eu não senti nada quando percebi isso.
Olhei para os meus amigos de cima do palco e me preparei para tocar minha última música. estava olhando para a porta algumas vezes durante a noite e logo o que ela queria apareceu. Um cara alto com jaqueta de couro no maior estilo Sons of Anarchy chegou e ela correu até ele. Eles conversaram rapidamente e depois ela o levou para a mesa.
Senti uma sensação estranha ao vê-la com outro. Eu sabia que era ciúmes, eu já tinha sentido aquilo antes, mas nunca de . Ela finalmente voltou sua atenção para mim quando comecei a tocar Ruin, a música que escrevi para , mas agora fazia todo o sentido tocar para que estava toda sorridente com um cara qualquer.
- Do ya. Do you think about me? And do ya, do you feel the same way, yeah? And do ya. Do you remember how we felt? 'Cause I do, so listen to me, babe. – notei olhar para mim um pouco surpresa, mas ela logo percebeu que eu estava olhando para a garota do seu lado que tinha uma expressão triste quando comecei a música – And I'm not tryina ruin your happiness, but darling don't you know that I'm the only one for ya. And I'm not tryina ruin your happiness, baby, but darling don't you know that I'm the only one.
pareceu não perceber que eu estava cantando para ela até que o desconhecido que ela tinha esperado a noite toda disse algo em seu ouvido. Ela olhou para o cara e depois para mim, abrindo um sorrisinho tímido que me fez sorrir para ela.
- Do ya. Do you think about me at all? And do you, do you feel the same way? Ooh, tell me, baby. And do ya. Do you remember how we felt? 'Cause I do, so listen to me, now. – Peter e Sonny começaram a cutucar , que abaixou a cabeça com um sorriso envergonhado e depois voltou a olhar para mim. O cara disse algo para ela em seu ouvido e senti meu sangue ferver – And I'm not tryina ruin your happiness, but darling don't you know that I'm the only one for ya. And I'm not tryina ruin your happiness, baby, but darling don't you know that I'm the only one. Do I ever cross your mind? Do I ever cross your mind?
Eu não ia negar nem para mim e nem para ninguém que estava sim com ciúmes de ter um motoqueiro sussurrando coisas em seu ouvido enquanto eu cantava para ela. Nós tínhamos nossa amizade com benefícios totalmente aberta, mas depois que descobri os sentimentos dela por mim, nunca mais fiquei com nenhuma garota na frente dela e agora lá estava ela, de conversinha com um idiota que não era eu.
- And I'm not tryina ruin your happiness, but darling don't you know that I'm the only one for ya. And I don't wanna, I don't wanna ruin your happiness, baby, but darling don't you know that I'm the only one.
Sorri triste para ela antes de agradecer o pessoal e sair do palco. Comecei a guardar minhas coisas e quando fui para a saída lateral ouvi a voz de com uma voz masculina conversando animadamente. Eu não acreditava que ela tinha trazido o namoradinho para a parte de trás do palco.
- . – ela me chamou e me virei para os dois – Esse é o Anthony.
- Prazer. – estendi minha mão e ele me cumprimentou.
Olhei para e ela estava com um sorriso enorme no rosto e eu não fazia ideia do porquê ela estar tão feliz. Será que ela percebeu que fiquei com ciúmes e agora estava feliz com isso?
- A me falou muito bem de você e eu precisava te ver ao vivo, nem que fosse apenas para ser só uma música. – ele falou empolgado.
- Falou é? – olhei para ela meio desconfiado.
- Eu vou falar com ele, Anthony, sobre aquilo que você me falou e depois a gente entra em contato, ok?
- Claro. – ele assentiu – Você tem meu número, vou ficar esperando sua ligação. – ele sorriu para ela.
- Pode deixar.
- Foi um prazer te conhecer e te ver tocar, . – ele deu um tapinha nas minhas costas e se despediu de com um beijo no rosto.
Ficamos os dois olhando ele sair e depois peguei minhas coisas e saí para o estacionamento. Pude ouvir o som dos passos de me seguindo e continuei meu caminho até o carro. Guardei as coisas no porta-malas e ela estava encostada na porta do motorista encarando seus próprios pés.
- Ei. – ela segurou meu braço quando passei por ela indo de volta para o bar.
- Quê?
- O que você tem?
- Nada. – dei de ombros.
- Você está estranho. – ela me analisou – Você cantou Ruin para mim?
- Sim. – suspirei.
- Você está estranho. O que aconteceu?
- Não leve para o lado pessoal, , só que poxa, você precisava trazer um cara que você está saindo para me ver tocar?
Ela ficou me olhando com um sorriso doce nos lábios e depois me beijou apaixonadamente. Peguei a no colo e dei alguns passos até o capô do carro e a coloquei sentada ali.
- Você ficou com ciúmes.
- É óbvio que fiquei. – falei magoado – Eu não esperava que você fosse trazer um cara para me ver. – suspirei – Ele sabe da gente?
- Sabe. – ela assentiu.
- E mesmo assim você trouxe ele?
- Qual o problema? – ela sorriu de lado – Eu não estou saindo com ele.
- Não está? – perguntei confuso e negou sorrindo – Então quem é ele?
- Ele é um produtor musical e empresário, . – ela disse empolgada – Ele também tem uma gravadora e quer assinar com você.
- O quê? O que você está falando? – perguntei incrédulo.
- Ele quer assinar contigo, .
- Como você conheceu ele?
- Um amigo do meu pai disse que o filho dele tinha uma gravadora e estava procurando novos músicos, meu pai falou de você para ele, mas como ele não tinha seu número, ele passou o meu e aí nós fomos conversando sobre você.
- Tem quanto tempo isso?
- Algumas semanas. – ela deu de ombros – Ele andou muito ocupado para vir até a cidade, mas ouviu suas músicas e vídeos na internet e aí hoje ele conseguiu alguns minutos para vir te ver.
- Você não pode estar falando sério. – segurei seu rosto e ela alargou o sorriso.
- Você não vai mais ser músico de bar, . – ela disse rindo – Agora as suas groupies vão ser coisa séria.
- Eu não quero groupies. – sorri de lado – Eu quero você.
- O quê? – ela me olhou surpresa.
- Eu fiquei com ciúmes porque achei que vocês estavam juntos e até o momento eu não tinha me dado conta, acho que eu precisava de um empurrãozinho para perceber.
- Perceber o quê? Que me ama? – ela perguntou inocentemente e eu assenti.
- Não vou falar que te amo, mas eu não quero mais você com outros caras e também não quero outras mulheres que não sejam você.
- Isso é sério?
- Seríssimo.
- Eu fico com você. – ela abriu um sorriso – Vamos ser exclusivos, mas tem uma condição?
- Qual?
- Você vai ter que assinar o contrato com ele se a proposta que ele tiver te interessar.
- Isso é chantagem. – acariciei sua bochecha e ela encolheu os ombros.
- Tudo bem, não precisa ser isso, mas...
- Só fala logo que você quer ficar comigo. – beijei seu pescoço e ela deu uma risadinha.
- Você sabe que eu quero ficar com você. – ela entrelaçou suas pernas na minha cintura – Isso é meio que um pedido de namoro? – ela falou meio gemendo quando chupei seu pescoço de leve.
- Você quer que seja? – olhei-a sério e ela mordeu o lábio.
- Sim, mas você também tem que querer. – ela disse manhosa.
- Eu quero. – falei sério.
- Quantos por cento?
- Noventa.
- Por que só noventa?
- Os outros dez eu vou guardar para as groupies. – sorri de lado e ela me beijou rápido.
- Besta. – ela sorriu de lado – Agora vamos entrar porque está meio frio. – ela me abraçou e a tirei de cima do carro.
Abracei-a de lado e entramos assim no bar. ficou nos olhando e quando percebeu que Peter a estava olhando ela parou. Puxei a cadeira para que se sentasse e dei um beijo no topo de sua cabeça.
- A próxima rodada é por minha conta. – falei empolgado.
- Vocês deram uma rapidinha lá atrás, é? – Sonny perguntou rindo e deu um soquinho em seu braço – Você está muito feliz para o meu gosto, , estou ficando com medo.
- Cala a boca. – falei rindo – Vem me ajudar a pegar as cervejas.
Pegamos seis canecas de cerveja e quando voltamos para a mesa e estavam conversando animadas sobre algo, mas assim que me sentei parou e se virou para .
Já estava na minha sexta caneca de cerveja enquanto parou na sua segunda, porque depois ela não conseguiria ir dirigindo embora. estava conversando animado com todos na mesa enquanto eu apenas o ouvia, sem responde-lo quando não era necessário. ao seu lado parecia incomodada com algo e apenas a ignorei.
Um cara apareceu e se ofereceu para pagar uma bebida para que recusou e ele facilmente se mandou. Peter e Sonny ficaram tirando sarro de dizendo que ela deveria ter aceitado a bebida e ainda feito ele pagar a nossa conta.
- Por que você não arruma uma garota que pague nossa conta? – ela o provocou.
- Porque nenhuma garota quer ele. – Sonny disse rindo – Você precisa parar de fazer jogo duro e começar a aceitar as bebidas grátis, .
- Vocês são uns idiotas. – ela disse rindo – Estão praticamente me vendendo por bebida grátis.
- É por uma boa causa, docinho. – ele apertou a bochecha dela.
- Por isso que vocês não têm namoradas. – ela disse maliciosa – Vocês ficam mais focados em me fazer conseguir bebida para vocês, do que arrumarem alguém para passar a noite.
- A gente até usaria a , mas ela tem o ... – Peter disse.
- Então precisamos arrumar alguma outra mulher para nos conseguir bebida grátis. – passei o braço pelo ombro de e ela sorriu para mim.
- Como assim? – Peter perguntou confuso.
- Por isso você estava todo feliz. – Sonny disse contente como se tivesse achado a cura para uma doença – está fora do mercado.
- Do que vocês estão falando? – perguntou curiosa.
- Vocês... vocês estão namorando? – Peter me olhou surpreso.
- Sim. – disse com um sorriso enorme no rosto – Isso significa que vocês dois estão segurando vela.
- Eu vou me matar. – Sonny disse dramático – Quando isso aconteceu? Por que todo mundo esconde as coisas da gente? – ele choramingou.
- Foi lá fora. – ela respondeu – Para de drama, se os caras continuarem a aparecer eu ainda vou fingir que sou sua namorada.
- Ufa, isso faz de você o único solteiro, Peter.
- Eu odeio vocês.
Continuei prestando atenção disfarçadamente em a noite inteira e ela parecia fuzilar com os olhos. Eu não sabia qual era a dela, o marido dela estava ali com ela e ela não podia nem fingir um sorriso e felicidade pela amiga que finalmente estava namorando com o cara que ela sempre amou?
Chegou uma hora durante a noite que fiquei extremamente incomodado com os olhares dela para e sussurrei em seu ouvido para irmos embora. Expliquei para ela no caminho sobre os olhares de e ela simplesmente não pode acreditar que sua amiga ia resolver ficar com ciúmes de nós dois juntos quase dois anos depois de termos nos separado e ela estando casada com outro.

Acordei assustado com uma gritaria que parecia ser dentro de casa e olhei para o lado na cama atrás da minha namorada que não estava. Ela sempre acordava depois de mim, onde ela se meteu? Quanto tempo eu dormi?
Abri a porta do quarto e encontrei com um bolo em cima da mesa de centro e uma garrafa de champanhe nas mãos. A sala estava toda decorada com balões e ela estava com um sorriso enorme no rosto. Andei até ela sem entender o porquê daquilo e ela pulou em meu colo enchendo meu rosto de beijos.
- Noite passada foi tão boa que você resolveu comemorar? – falei convencido e ela gargalhou alto.
- Foi maravilhosa, mas essa festa é porque... calma aí. – ela pulou para o chão e pegou seu celular – O álbum de estréia do cantor canadense é disco de platina no Canadá, Estados Unidos e México. – ela leu toda empolgada e olhou para mim.
- Não. – falei incrédulo e peguei o celular da sua mão.
Olhei para o que estava escrito na tela e não conseguia acreditar. O álbum ainda estava na sua terceira semana de vendas, como isso era possível?
- Parabéns. – ela me abraçou com força – Você conseguiu, , agora você é um cantor mundialmente conhecido e não mais cantor de bar.
- Foi você. – peguei a garrafa da sua mão e abri sem nem me importar em derrubar no chão. Ela pegou duas taças em cima da mesa e as enchi.
- A você. – ela falou quando me entregou uma taça.
- Não teria nada disso sem você. – beijei sua testa.
- Claro que teria. – ela disse envergonhada.
- Foi você quem começou tudo isso, . Você contou para a sobre mim, depois você quem ficou do meu lado quando ela me chutou e você conseguiu esse contrato para mim. – segurei seu rosto – Tudo o que eu consegui foi graças a você. – ergui minha taça – Então vamos brindar à namorada maravilhosa que você é.
Ela ergueu sua taça e a tocou na minha. Bebi tudo de uma vez e coloquei nossas taças com a garrafa na mesa e a puxei para o sofá comigo.
- Por que a gritaria toda? – sussurrei contra seus cabelos.
- Eu acordei de madrugada e vi que você era disco de platina no México e resolvi acordar cedo para comprar coisas e comemorarmos, aí eu comecei a gritar porque li a notícia de que você tinha sido também no Canadá e nos Estados Unidos. – ela falou orgulhosa – Eu estou muito feliz por você, meu amor. – ela acariciou meu rosto.
- Obrigado por tudo. – beijei sua bochecha – Você sabe que sem você nada disso teria acontecido.
- Eu sei, mas deixa eu ser um pouquinho humilde antes de começar a falar para o mundo que meu namorado maravilhoso é disco de platina em três países. – ela se deitou em cima de mim.
- Não deixe a fama subir à cabeça, .
- Será que se a gente tivesse ficado juntos anos atrás isso estaria acontecendo agora? – ela acariciou meu peito – Se tivesse sido eu no lugar dela.
- Eu não sei e também não quero pensar no passado, . – beijei sua testa – Eu só quero pensar no agora e no nosso futuro juntos.
- Nosso futuro juntos? – ela me olhou com um sorrisinho travesso nos lábios e eu assenti.
- A não ser que você não queira, mas, por favor, avisa antes de eu pedir, ok? – falei rindo.
- Pode deixar, . – ela subiu mais para cima e me beijou.
- Você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida. – segurei seu rosto.
- Eu sei. – ela deu uma risadinha – Tem certas coisas em que não se pode ser humilde. – ela deu uma piscadela – Como você quer comemorar?
- Aqui em casa, champanhe, bolo, balões. Só eu e você.
- Por quê? – ela fez biquinho – Não vai querer uma super festa?
- Tudo o que eu preciso está aqui na minha frente neste exato momento. – beijei seu queixo – Tudo o que eu preciso é você, .
Ela juntou nossos lábios em um beijo apaixonado e uma explosão de felicidade invadiu meu peito. Eu era feliz com de um jeito que eu não sabia explicar, mas era incrível.
Eu amava dormir e acordar ao seu lado, carregar suas sacolas no shopping e tinha aprendido até a gostar de empurrar o carrinho para ela no supermercado. Um ano, foi preciso um ano para que eu percebesse que eu era tão mais feliz com ela do que eu jamais tinha sido com .
Foi preciso que uma amiga roubasse o garoto de outra e depois desse um pé na bunda dele e aparecesse um ano depois namorando o melhor amigo dele para que eu achasse a verdadeira mulher da minha vida, alguém em quem eu pudesse confiar, apoiar e amar de uma forma inexplicavelmente maravilhosa.


Fim.



Nota da autora: Pensei muito que não ia conseguir escrever essa história a tempo, porque peguei ela quase perto do prazo final, mas acabou que escrevi ela em um dia e agora já é minha nova favorita e espero que seja a de vocês também.
Essa é a minha primeira (espero que de muitas) ficstape e gostei bastante de fazer e espero que vocês também gostem dela.

Outras histórias minhas no Obsession:
Graciously (shortfic): /fobs/g/graciously.html
Sound & Color (shortfic) : /fobs/s/soundecolor.html
Where I Leave You (shortfic) : /fobs/w/whereileaveyou.html
22 (Vingt Deux) (longfic finalizada) : /ffobs/number/22vingtdeux.html




Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.




CAIXINHA DE COMENTARIOS:

O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.


comments powered by Disqus